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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química COEQ APOSTILHA DE ESCOAMENTO EM LEITOS EMPACOTADOS DISCIPLINA: OPERAÇÕES UNITÁRIAS I AUTOR: PROFESSOR DR. HARVEY ALEXANDER VILLA VÉLEZ COORDENAÇÃO DO CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIAS UNIVERSIDADE FEDERAL DE MARANHÃO SÃO LUÍS 2016 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 1 | P á g i n a COEQ 1. INTRODUÇÃO Um sistema de importância na engenharia química e outras áreas de processo é o leito empacotado ou a coluna empacotada que se usa para um reator catalítico de leito fixo, para adsorção de um soluto, absorção simples, leito de filtração, etc. O material que se empacota no leito pode consistir em esfera, partículas irregulares, cilindros ou vários tipos de pacotes comerciais. A análise desse sistema deve supor que o empacotamento é uniforme em todos os lados e, se houver encanamento, este é mínimo. A razão entre o diâmetro da torre e o diâmetro do empacotamento deve ser de um mínimo de 8:1 a 10:1 para que os efeitos das paredes sejam pequenos. 2. FLUXO LAMINAR EM LEITOS EMPACOTADOS Nas deduções do fluxo são usadas certas relações geométricas para as partículas dos leitos empacotados. A fração vazia de um leito empacotado (ε) se define como: volumeespaços no leito volume total do leito (1) A superfície específica de uma partícula (av) em m -1 define-se como: p v p S a v (2) onde: Sp – é a área superficial de uma partícula [m 2 ]; vp – é o volume de uma partícula em [m 3 ]. Para uma partícula esférica, temos que: 6 v p a D (3) onde: Dp – é o diâmetro em [m], sendo que para um leito empacotado de partículas que não são esféricas, o diâmetro efetivo de partículas Dp é definido como: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 2 | P á g i n a COEQ 6 p v D a (4) Portanto, supondo que (1 – ε) é a fração do volume de partículas no leito, temos que: 6 1 1v p a a D (5) onde: a – é a razão entre a área superficial total do leito e o volume total do leito (volume vazio mais o volume de partículas) [m -1 ]. 2.1. EXEMPLO DE ÁREA SUPERFÍCIAL NO LEITO EMPACOTADO DE CILÍNDROS Um leito empacotado está composto por cilindros que tem um diâmetro D= 0,02 m e um comprimento h = D. A densidade total do leito empacotado é de 962 kg/m 3 e a densidade dos cilindros sólidos é de 1600 kg/m 3 . Calcular: a) A fração vazia ε; b) O diâmetro efetivo Dp das partículas; c) O valor da razão entre a área superficial do leito e o volume total do leito. Solução: a) Inicialmente toma-se como referência 1 m 3 do leito empacotado como base. Desta forma, a massa do total do leito é calculada da seguinte forma: 3 3 962 1 962total leito leito leito kg m V m kg m A massa total do leito corresponde também à massa dos cilindros. Assim, o volume dos cilindros é: 3 3 962 0,601 1600 cilindros cilindros cilindros m kg V m kg m Desta forma, usando a Eq. (1), temos: 1 0,601 0,399 1 volumeespaços no leito volume total do leito UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 3 | P á g i n a COEQ b) Para um cilindro onde h = D, a área superficial da partícula é: 2 232 4 2 p D S extremos lados D D D E seu volume é: 2 3 4 4 p D D v D Substituindo esses termos na Eq. (2), tem-se: 2 3 3 62 4 p v p D S a Dv D Por último, substituindo na Eq. (4), temos que: 6 6 0,02 6p v D D m a D Em consequência, o diâmetro efetivo que se deve usar é Dp = D = 0,02 m. c) Aplicando a Eq. (5), obtemos: 1 6 6 1 1 0,399 180,3 0,02p a m D 3. VELOCIDADE INTERSTICIAL MÉDIA A velocidade intersticial média no leito (u) [m/s] relaciona-se com a velocidade superficial q [m/s], baseada no corte transversal do recipiente vazio, através de: q u (6) Já, o raio hidráulico rH [m] para o fluxo é definido como: Hr a (7) Assim, combinando as Eqs. (6) e (7), temos que: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 4 | P á g i n a COEQ 6 1H p r D (8) Supondo que o diâmetro equivalente D para um canal é D = 4rH, o número de Reynolds para um leito empacotado é: 4 4 4 Re 6 1 6 1 pH p D qr u q D (9) Autores como Ergun (EI), definem o número de Reynolds para leitos empacotados como: ´ Re 1 1 p pD q D G (10) onde: G´=qρ – é uma constante de fluxo [kg m/m3 s]. Para um fluxo laminar, a Eq. (10) pode combinar-se com a Equação de Hagen- Poiseuille e a Eq. (6) para dar: 2 22 3 2 32 72 132 4 pH q L q Lu L P D Dr (11) onde: P – pressão nos dois extremos do leito, entra e saída [Pa]; – é a viscosidade dinâmica [Pa.s]; L – é a altura do leito empacotado [m]. O verdadeiro ΔL é mais cumprido devido à trajetória tortuosa e, o uso do raio hidráulico que prediz uma q muito grande. Dados experimentais demonstram que a constante deve ser 150, que da entre a Equação de Blake-Kozeny para o fluxo laminar, as frações de vazio de menos de 0,5, o diâmetro de partícula efetivo Dp e Re < 10. 2 2 2 3 150 132 p q Lu L P D D (12) Para o fluxo turbulento, usa-se o mesmo procedimento, obtendo-se como resultado a equação: 2 3 3 1 p f q L P D (13) UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 5 | P á g i n a COEQ Para um regime totalmente turbulento, o fator de fricção (f) pode aproximar-se a um valor constante. Além, supõe-se que todos os leitos empacotados devem ter a mesma rugosidade relativa. Os dados experimentais indicam que 3f = 1,75. Portanto, a equação final para o regime turbulento para Re > 1000, chamada de Equação de Burke- Plummer, se converte em: 2 3 1,75 1 p q L P D (14) Ao somar a Eq. (12) para regime laminar e a Eq. (14) para fluxo turbulento, Ergun (EI) propus a seguinte equação geral para números de Reynolds baixos, intermediários e altos, verificados experimentalmente: 2 2 2 3 3 150 1 1,75 1 p p q L q L P D D (15) Reescrevendo a Eq. (15) em termos sem dimensões, temos: 3 2 150 1,75 1 Re´ pDP LG (16) A Eq. (16) ou Equação de Ergun pode ser usada em gases empregando a densidade do gás como a média aritmética das pressões de entrada e de saída. A velocidade superficial muda em todos os os pontos do leito, para uma fluido compressível, sendo que G´ é uma constante. Para valores altos de Reynolds, as Eqs. (15) e (16) se reduzem à Eq. (14) e, à Eq. (12) para valores baixos de Reynolds. Para grandes quedas de pressão em gases, a Eq. (15) pode ser escrita em forma diferencial (P2 – P1). 4. FATORES DE FORMA Nos leitos empacotados, muitas partículas são de forma irregular. O diâmetro equivalente de uma partícula define-se como o diâmetro de uma esfera que tivesse o mesmo volume que essa partícula. Assim, o fator de esfericidade s de uma partícula é a razão entre a área superficial de essa esfera (que tem o mesmo volume de partícula) e a área superficial real da partícula. Para uma esfera, a área superficial é Sp = πD 2 p e o UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 6 | P á g i n a COEQ volume é vp = πD 3 p/6. Portanto, para toda partícula, s = πD 2 p/ Sp é a área superficial real da partícula e Dp é o diâmetro (diâmetro equivalente) da esfera que tem o mesmo volume da partícula. Então: 2 3 6 6 p p s p p s p S D v D D (17) Partindo da Eq. (2): 6p v p s p S a v D (18) A Eq. (5) transforma-se: 6 1v s p a D (19) Tabela 1. Fatores de forma. Forma s Esfera 1,0 Cilindro 0,874 Cubo 0,806 Material triturado 0,6 – 0,7 Aneis raschig 0,3 Carvão em pó 0,73 Areia 0,75 Vidro triturado 0,65 5. MISTURAS DE PARTÍCULAS Para as misturas de partículas de vários tamanhos podemos definir uma superfície específica média avm como: vm i via x a (20) onde: xi – é a fração do volume. Combinando as Eqs. (18) e (20) temos: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 7 | P á g i n a COEQ 6 6 1 6 pm vm i s pi i s pi D a x D x D (21) onde: Dpm – é o diâmetro efetivo médio da mistura. 6. LEI EMPÍRICA DE DARCY PARA FLUXO LAMINAR A Eq. (11) para fluxo laminar em leitos empacotados mostra que o gasto é proporcional a ΔP é inversamente proporcional à viscosidade μ e ao comprimento ΔL. Essa é a base da Lei de Darcy que é apresentada a continuação, sobre as condição de fluxo viscoso em um meio poroso consolidado: Q k P q A L (22) onde: q – é a velocidade superficial baseada no corte transversal vazio em cm/s; Q – é a vazão [cm3/s]; A – é a área de corte transversal vazia [cm2]; μ – e a viscosidade [cp, Pa.s]; ΔP – é a queda de pressão [atm]; ΔL – é a longitude [cm]; k – é a permeabilidade [(cm3/s).(cp).(cm/cm2).(atm)]; As unidades de cm 2 .cp/s.atm usadas para k com frequência são em darcys ou em milidarcys. Portanto, se um meio poroso tem uma permeabilidade de 1 darcy, um fluido com viscosidade de 1 cp fluirá a 1 cm 3 /s por um corte transversal de 1 cm² com uma ΔP de 1 atm por centímetro de comprimento. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Fundação Instituída nos termos da Lei nº 5.152, de 21/10/1966 – São Luís - Maranhão. Coordenação do Curso de Engenharia Química 8 | P á g i n a COEQ 7. REFERÊNCIAS GEANKOPLIS, C. J. Processos de transporte e operações unitárias. 3. Ed. Cidade de México: Companhia Editorial Continental, 1998. 993 p. BADGER, W. L.; BANCHERO, J. T. Introduction to Chemical Engineering. Nueva York: McGraw-Hill Book Company, 1955. BLAKEBROUGH, N. Biochemical and Biological Engineering Science. Vol. 2. Nueva York: Academic Press, Inc., 1968. 1. INTRODUÇÃO 2. FLUXO LAMINAR EM LEITOS EMPACOTADOS 2.1. EXEMPLO DE ÁREA SUPERFÍCIAL NO LEITO EMPACOTADO DE CILÍNDROS 3. VELOCIDADE INTERSTICIAL MÉDIA 4. FATORES DE FORMA 5. MISTURAS DE PARTÍCULAS 6. LEI EMPÍRICA DE DARCY PARA FLUXO LAMINAR 7. REFERÊNCIAS
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