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Metodologia Jurídica

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Terça-feira, 8 de março de 2015
METODOLOGIA JURÍDICA
 – Marcus Boeira –
 Aula 1
- Do que se trata a disciplina?
Método, significa, no geral, mecanismo operativo. Meio pelo qual se realiza alguma coisa. Dentro do universo das ciências humanas e sociais, o método passa a trazer uma certa obscuridade de análise. A dificuldade está no fato de que o Direito como tal não apresenta um método exigível para leva-lo a cabo; não existe um método universal pelo qual se opera com o Direito. 
A disciplina, portanto, apresenta os debates acerca da questão do método. 
A metodologia jurídica pressupõe uma análise epistemológica. O Direito exige algum conhecimento diferente do das demais ciências humanas? Essa pergunta abre uma perspectiva epistemológica. Há uma digressão quase que interior. Não existe metodologia sem lógica. A lógica ocupa um papel considerável. Portanto, a disciplina de metodologia jurídica atravessa muitos pontos, questões e problemas. A epistemologia e a lógica estarão sempre presentes na análise de todo o semestre. 
Método e métodos
Produção de resultados
Controle/ limite dos resultados 
Existe uma metodologia própria/adequada para as ciências da natureza e para as ciências humanas (ou do espírito). 
Controle dos resultados em uma área com bioquímica, por exemplo, é uma questão vital.
- O que é o método? 
Do ponto de partida, o método pode ser encarado como uma direção da investigação aos resultados almejados. Desse conceito geral de método, nós extraímos, pelo menos, três pontos relevantes para encarar a futura distinção entre esses dois grupos. Primeiro: dirigir algo é contar com certos instrumentos. Sejam eles de que natureza for. Em suma, a palavra instrumento é propositadamente ampla. Porém, só os instrumentos não são suficientes. Investiga-se algo. Quando se fala em investigação, portanto, fala-se também de um objeto direto de conhecimento. Investigar algo é lidar com alguma área de delimitação. Quer-se extrair conclusões, resultados. A pergunta sobre o resultado é a pergunta sobre a utilidade da pesquisa, no sentido semântico, não filosófico. Quando se lida com o método enquanto conceito genérico e abrangente, tem-se que levar em consideração esses três pontos. 
Quando se fala em produção de resultados dentro da área de ciências da natureza, pressupõe-se que o teste empírico é um modelo ‘par excellence’ mais utilizado para extrair desse campo certos resultados. Com toda a complexidade que tem, pressupõe uma visão sobre o método que nos dá subsídios para o encontro de certos resultados uteis para a humanidade e para a preservação da natureza, mas também para a análise que mais nos interessa, no caso, o campo das ciências humanas.
Síntese: Dentre os vários conceitos possíveis de método, aquele que parece mais abrangente o toma como a direção da investigação aos resultados almejados. Disso, podemos extrair três elementos fundamentais. Instrumentos, objeto direto, resultados. 
Quando os instrumentos utilizados nas ciências da natureza são aplicados e custam certos resultados, qual seu grau de aplicação? Os resultados obtidos no campo das ciências da natureza geram resultados que são previsíveis e estes, muitas vezes, mudam o curso das ações humanas. O método nas ciências naturais é uma direção da investigação aos resultados almejados, tomando-os como previsíveis. 
Síntese: No campo das ciências naturais, os resultados conquistados pela utilização de instrumentos e objetos coincidentes são previsíveis. Exemplo: a análise da velocidade de uma cadeira num solo determinado em tempo e distância correspondentes gerará uma velocidade previsível. O dado da previsibilidade permite um número extraordinário de transformações na natureza e na humanidade. Quando se lida com as ciências humanas, qual o campo de estudos, objeto direto, campo de investigação? A sociedade. A ideia de sociedade é distinta da de biosfera. De algum modo, existe uma concordância no que diz respeito à uma sociedade tomada como objeto direto das ciências humanas. A quantidade de controle social que nasceu nos últimos 500 anos é assombrosa. Por exemplo, a noção de amor e sentimento no século XIX e a simbologia que isso gerou. As formas de controle social, no fundo, representam tipos de instrumentos que se aplicam a esse objeto em especial, que é a sociedade humana. O fator individual desse objeto é a liberdade, a imprevisibilidade das nossas ações. O número de variáveis com as quais lidamos nos dá uma enorme dificuldade para tornar a vida humana semelhante ao desenvolvimento de uma planta.
Nas ciências do espírito, os resultados são sempre imprevisíveis. A grande questão é que os instrumentos que são criados, o são para tentar tornar previsível o que é imprevisível. No campo das ciências humanas, os resultados são imprevisíveis, o objeto direto é a sociedade e os instrumentos utilizados são criações de técnicas para o controle social, que, em muitas vezes, são precários.
Síntese: No campo das ciências humanas, normalmente, os resultados são imprevisíveis, em razão do número de variáveis com as quais a complexa sociedade humana lida. O surgimento de instrumentos de controle social busca tornar a sociedade o mais previsível possível, embora sejam insuficientes nessa pretensão. 
Como as ciências sociais fizeram isso? Procuraram, no início, tratar a sociedade montando esquemas sociais explicativos.
Terça-feira, 15 de março de 2015 
Aula 2
METODOLOGIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
- Ciências da Natureza x Ciências Humanas: previsibilidade inerente aos resultados obtidos x imprevisibilidade
- Pressuposto Metodológico ‘clássico’ das ciências sociais (Marx, Comte, Durkheim)
- Método e Direito em Karl Marx
Nas ciências da natureza é possível encontrar certas regularidades nos fenômenos naturais. Dessas regularidades pode-se extrair resultados previsíveis. Enquanto que, no campo das ciências humanas, tem-se um conjunto de variações que dificultam ou impedem uma determinação dos resultados. No campo das ciências humanas, os resultados obtidos em pesquisas são submersos ao problema das variações. 
Síntese: Uma das distinções mais notáveis entre as ciências naturais e as ciências humanas pode ser vista a partir do método de cada qual. Na primeira, o emprego do método que lhe corresponde permite angariar resultados mais previsíveis do que imprevisíveis em razão da regularidade dos fenômenos. Nas ciências humanas, por outro lado, os resultados são, majoritariamente, imprevisíveis, dadas as variações sociais. 
O que os sociólogos procuraram fazer? Procuraram tornar as ciências humanas um campo de investigação semelhante ao campo de investigação das ciências da natureza. Em outras palavras, os clássicos das ciências sociais procuraram dar à sociologia um tratamento semelhante àquele que, normalmente, era empregado no mundo das ciências da natureza. Cria-se uma analogia entre a natureza e a sociedade e, a partir dela, consegue-se obter certas regularidades que explicam o fenômeno social, leis de explicação da sociedade assim como leis que governam a natureza. Se fôssemos ao cerne epistemológico do ponto, isso antecede esses sociólogos. De certo modo, Hume já havia detectado esse fenômeno. Nos cabe, então, verificar três questionamentos.
Como esses teóricos justificaram essa analogia?
Como resolveram o problema das leis/estruturas da sociedade? Como as leis explicam a sociedade humana?
Dada a existência da analogia e das leis, como essa sociedade produz elementos que são constantes, como é o caso do Direito? Quais instrumentos metodológicos (como o Direito, por exemplo) aparecem nessa explicação?
Síntese: Os teóricos clássicos da sociedade, no intuito de equiparar a estatura científica da sociologia àquela das ciências naturais, estabeleceram uma analogia entre sociedade e natureza, a partir da qual se pudesse extrair leis explicativas da sociedade, ou melhor, leis que explicassem a regularidade dos fenômenos sociais. 
Pressuposto Metodológico Clássico das CiênciasSociais
- Binômio: Sociedade e Teoria Social. Existe uma dicotomia aparente entre sociedade e teoria social. Determinação x Indeterminação. A sociedade, refletida pela teoria social, apresenta o problema primário de um horizonte indeterminado. Dada essa dicotomia, essa tensão entre sociedade e teoria social ou teoria e prática, como os príncipes da sociologia elegeram suas respectivas teorias sociais? Nos três, existem dois pressupostos metodológicos clássicos para explicar essa tensão inaugural. O primeiro é o princípio metodológico: precisa-se de um ponto de partida. Daí se pode discernir quais são as leis ou estruturas constantes que permitem explicar a sociedade. É preciso montar certos esquemas conceituais, esquemas sociais explicativos, modelos de pensamento dos quais se vale para montar a teoria social. Dentro desse ponto de partida, conjectura-se leis e estruturas que são constantes, permanentes nessa explicação e comuns à sociedade humana. Os dois pressupostos metodológicos seriam, portanto, em uma espécie de seleção. Para se ter uma noção do problema do método na sociologia, tem-se de ter bem presentes esses dois pressupostos. 
Síntese: A elaboração de uma teoria social, pressupõe o emprego de determinados esquemas conceituais. Os clássicos da sociologia lidaram com dois pressupostos metodológicos. O primeiro: princípio metodológico – ponto de partida da teoria social. E o segundo: leis e estruturas – constantes da explicação social. 
Não se tem como analisar todas as constantes levantadas por esses autores, portanto, o foco estará em algumas delas. 
Método e “Direito” em Karl Marx
Influências Teóricas
Pressupostos Metodológicos (princípio, constantes)
Teoria Social x Teoria da História
- Principais Influências Teóricas de Marx: David Ricardo, L. Feuerbach (perspectiva naturalista da produção e da troca) e Hegel. Em que esses autores, efetivamente, contribuíram para a elaboração da Teoria Social no pensamento marxista? 
Marx foi um leitor assíduo de Feuerbach e inspirou-se em Hegel para algumas questões. O modo como Hegel respondeu à sua filosofia da história é um ponto chave. Hegel dá uma resposta metafísica sobre o problema da filosofia da história. Discernir, sobretudo, o sentido da história. A resposta de Hegel foi a de que a filosofia da história não é exatamente uma filosofia histórica, mas ahistórica ou meta histórica, por ser relativa ao espírito absoluto, ou ainda ideia da história e razão da história. Todas as definições possuem o mesmo significado. 
O espírito absoluto tem um movimento que, aparentemente, é linear, mas tem uma dialética onde aliena-se e encontra-se consigo mesmo. Para Hegel, o espirito absoluto é a própria história, ele está fora da história. Pelos movimentos dialéticos, ele perde consciência de si e aliena-se em si mesmo e em outros momentos, toma plena consciência de si próprio. Essa dialética é tensionada por alienação e consciência. É um movimento sempiterno. O autor, segundo Hegel, é, portanto, o espírito absoluto. Esse princípio metodológico é tratado pela metafísica do Hegel com certas constantes. O espírito está acima da história, ele é uma entidade metafísica. Hegel nega a possibilidade de uma explicação teológica. É a partir desses pontos que Marx inicia sua teoria da História e sua teoria Social. O espírito absoluto seria então a própria história, tomada, em analogia ao espírito. Segundo Marx, a dialética está na própria história, a história é o palco dessas tensões e é nela que os indivíduos caminham para uma profunda consciência de si mesmos. 
Somos, aqui, tomados como agentes históricos, indivíduos históricos. Para discernir a história, é preciso considerar qual a natureza desses agentes históricos. O princípio metodológico está na investigação sobre quem é o agente histórico.
Síntese: Dentre as influências teóricas que Marx recebera, a filosofia da história de Hegel ocupa posição de destaque. A dialética do espírito é tornada uma dialética histórica e concreta em que a matéria, e não o espírito, é tomada como o objeto da teoria social. O princípio metodológico de Marx é esclarecido a partir da natureza dos indivíduos na história (agentes históricos), enquanto as constantes metodológicas (estruturas e leis sociais) são os elementos integrantes da dialética histórica como, por exemplo, consciência e alienação. 
Pressupostos Metodológicos em Marx
- Princípio metodológico
- Constantes
O ponto de partida de Marx está na consideração sobre a natureza desses indivíduos, do agente histórico. A natureza dos agentes históricos ou o que explica o nosso ser. Nós somos “animal laborans”. A palavra ‘laborans’ vem da língua grega ou latina ‘labor’, cujo significado é sobrevivência. Para a sobrevivência, é necessária matéria-prima, e dar à ela uma utilidade que transcende a coisa mesma, existente e materializada. Um uso condicionado ao seu valor econômico ou de troca (compra-se uma cadeira porque ela é útil). Nós nos objetivamos nessas coisas, que passam a ser uma extensão de nós. Ao mesmo tempo em que somos conscientes, há momentos na história nos quais a produção dessas coisas sofre um aperfeiçoamento tal que os atores envolvidos vão como que perdendo a consciência de si nesse processo. Vão alienando sua consciência dessa objetivação. O sistema capitalista é um sistema cujo sistema de produção mais aliena do que torna consciente os agentes históricos, tornando o homem um ‘homo faber’. Para Marx, nossa natureza é, portanto, econômica. Não somos nada mais, nada menos indivíduos alienados no seu grau de objetivação. Marx, para explicar isso de uma forma mais didática, separa a história em três etapas, como se ela tivesse uma direção que respeita essas categorias, essas constantes. A estrutura de alienação foi se aperfeiçoando durante o capitalismo. Portanto, a sociedade é uma estrutura de alienação. O ‘homo faber’ é o máximo de alienação humana ou do agente histórico que se pode conceber. Atacar essa estrutura, portanto, só é possível quando alguns indivíduos que padecem nesse processo optam por levar adiante uma estrutura de inversão, que não é uma fase final, mas necessária e transitória, que é o socialismo. Existe uma transição lenta e gradual do socialismo para a última fase, que é a emancipação do ‘animal laboran’, ele próprio passa a tomar conta dos processos de atribuição de valor às coisas. 
Constantes do processo: tensão consciência x alienação, aspecto da produção econômica, fases da história e o Direito. 
Para Marx, o grau de alienação é sempre perpendicular. É uma característica central de um processo. 
O processo econômico da etapa prévia ao capitalismo, existia uma identidade mais afetiva entre o valor do trabalho e a coisa, que desapareceu por completo com o advento da sociedade industrial. 
Síntese: Em Marx, o princípio metodológico do qual nasce a sua teoria social e as constantes metodológicas é de raiz antropológica: o indivíduo é um animal laborans, cuja realização histórica está atrelada ao modo como atribui valor às coisas que ele mesmo produz. Desde o momento em que ele não atribui mais valor às coisas que produz, sobrevem o problema da alienação. O capitalismo industrial aperfeiçoou de tal maneira as estruturas produtivas que criou um hiato entre o trabalho real e o valor das coisas. Para, por fim, a tamanha estrutura de alienação ir resgatar a consciência dos indivíduos históricos, a revolução passa a ser vista como um “instrumento de esclarecimento social”. A plenitude da existência histórica dos agentes está na emancipação e na retomada da consciência plena de sua natureza (comunismo). 
O Direito é a dimensão coercitiva dessa estrutura, seja ela de alienação, seja ela de esclarecimento. Quando o Direito será um ‘companheiro’ no esclarecimento social consciente? Desde o momento em que ele for um instrumento de transformação social. O direito, como tal, é uma constante no capitalismo e no socialismo, mas jamais no comunismo, uma vez que ele está atrelado a uma estrutura. Como no comunismonão há uma estrutura, portanto, não há de se falar em direito. 
Síntese: Para Marx, o Direito é a dimensão coercitiva da estrutura social, tanto no capitalismo (conservação da alienação) como no socialismo (estrutura de esclarecimento).
Terça-feira, 22 de março de 2016
Aula 3 - ÁUDIO
Terça-feira, 29 de março de 2016
Aula 4
Prova: 14 de junho 
Problema do Método na Sociologia de Max Weber – contrastes existentes na teoria do Método em Weber comparativamente aos autores clássicos estudados.
4 Perspectivas da Teoria do Método – W. Dilthey
Na obra de Weber, três análises são indispensáveis. A primeira delas é o tipo de análise sociológica que ele propõe. No segundo momento, se coloca qual o enquadramento a ação humana tem dentro dessa análise sociológica. Dado que a ação humana é cortejada dentro dessa particular análise sociológica, impõe-se um terceiro e último ponto: o da construção do tipo ideal da sociologia. 
Análise Sociológica de Weber
Existe uma primeira diferença entre o modo como Weber coloca os sistemas sociológicos e como os seus antecessores costumavam colocar. Marx, Comte e Durkheim tomavam a sociedade como objeto de totalidade (“a sociedade se comporta de tal forma” etc.), eles levam em conta a sociedade como um objeto fechado de análise. Weber rechaça esse tratamento [fechado da sociedade como objeto de análise], para dizer que a sociedade é um componente aberto de possibilidades que são, na maioria das vezes, indeterminadas. O mapeamento dessas condições sempre é algo complexo. Ao sociólogo não restaria outra coisa, senão descrever aquilo que ele empiricamente pode observar e dar conta. O que está em jogo é a autenticidade da observação experimental. 
O ponto de partida é, aqui, chamado de seleção de casos. A seleção de casos refere-se à delimitação do objeto de análise. A partir da seleção de casos, abrem-se duas considerações a respeito. 
De acordo com Weber, descrever analiticamente os fenômenos sociais, preenche-os ou enriquece-os com estudos de casos periféricos. Temos até aqui que estudar a sociedade pressupõe que selecionemos qual caso dentro dela queremos estudar. A descrição é feita por análise dos fenômenos empíricos observados. O que torna isso tão relevante é o fato de que ela esclarece de uma maneira empiricamente mais forte a fidelidade descritiva à realidade social. Não se supõe nenhuma teoria da sociedade por trás, é apenas uma descrição.
Síntese: Para Weber, a análise sociológica tem, como pretensão, descrever analiticamente o conjunto de fenômenos observados empiricamente de uma determinada área da experiência social. 
Há uma diferença substantiva entre as sociedades modernas e pré-modernas, o fenômeno da dessacralização: fundamento das conclusões teóricas em diversos campos estavam ancorados em argumentos de sacralidade. Na era moderna, há uma imanentização dos sentidos históricos e humanos na realidade empírica, ou seja, ocorreu uma dessacralização. O que acaba acontecendo é a tomada de posição por fundamentos daquilo que é observado empiricamente. Weber diz, portanto, que o que aconteceu no campo das ciências experimentais deve nortear também o campo da sociologia.
Um dos campos mais complexos de análise é o do tema da ação humana. No mínimo, quatro disciplinas nascem disso: a ciência política, a economia, o Direito e a ética. A Sociologia permeia esses quatro campos e, dependendo do observador, a análise pende mais para um campo ou outro. Tenta-se discernir a ação humana independentemente dessas áreas dentro de sua racionalidade interna. Foi exatamente essa a proposta de Weber. Na obra de Weber, o que está em jogo é a análise interior que a ação humana suscita. O que Weber propõe para essa análise? Tem-se que discernir o que Weber quer dizer com ‘racionalidade’ ou o que significa razão para Weber nessa definição. Para Weber, racionalidade quer dizer um cálculo de meios e fins. Com o fenômeno da dessacralização das sociedades modernas, o princípio não é mais o de adequação à ordem cósmica, mas o ideal da eficiência. Maximização da utilidade que vai desde o aspecto externo das ações cotidianas até o aspecto interno da nossa racionalidade. Para ser eficiente, o cálculo estabelecido entre os objetivos e o meio que se emprega é imprescindível. 
Levar em consideração, portanto, essa definição de racionalidade, significa muita coisa. A análise da sociedade e do comportamento dos indivíduos proposta por Weber é inteiramente formal, desprovida de juízos. Uma análise formal é aquela que, embora queira mapear a ação humana, mapeia-a principalmente pela articulação entre meios e fins que se colocam. A ação pode ser racional (quando busca a eficiência) ou irracional (quando não reflete esse cenário, ausência desse cálculo). A análise formal é aquela que procura uma explicação desprovida de valores. Weber seleciona, portanto, três tipos específicos de ação racional, dentro dessa definição. O último é extremamente complexo. 
O primeiro tipo de ação racional para Weber é a prática. Ação Racional Prática significa que, dada uma situação qualquer, alguns fins se impõem, logo, alguns meios também se impõem para a conquista da eficiência. A Ação Racional Prática é o cálculo de meios e fins em uma dada circunstância. 
O segundo é a Ação Racional Formal: um tipo de ação em que o cálculo de meios e fins é colocado por normas e instituições. O que está em jogo são ações humanas cujo cálculo de meios e fins não é realizado única e exclusivamente pelo agente, mas são ações determinadas por padrões de comportamento através de normas e instituições. Weber lança dois exemplos: as ações de natureza administrativa (ações burocráticas) e ações baseadas no sistema jurídico (direito positivo). No fundo, a burocracia e o Direito Positivo tentam mitigar (subtrair) a esfera de indeterminação na sociedade. 
Síntese: Em Weber, a Ação Racional Formal é aquela cujo cálculo de meios e fins é pré-determinado por normas e instituições. A burocracia e o Direito positivo desempenham funções importantíssimas de planejamento social, dentro de um horizonte indeterminado de ações. 
O terceiro é a Ação Racional Material. Para Weber, é uma ação que tem um cálculo de meios e fins, porém os fins presentes nesse tipo não são totalmente condicionados ao ideal da eficiência, mas levam em conta valores do agente. Pode-se entender essa expressão de uma maneira genérica e ampla. Vão de crenças pessoais até princípios. Em suma, é tudo aquilo que, de alguma maneira, transcende o ideal de eficiência e encontra fundamento para esse ideal. Dado que, para Weber, a expressão ‘valor’ tem um componente de eficiência amplo, pode-se encaixar o conceito de humanidade. 
Síntese: Em Weber, a busca pela descrição analítica e pelo apreço aos padrões formais permite a separação entre o campo dos fatos e o campo do observador. A utilização de tipos de ação humana para a análise dos comportamentos torna possível para o sociólogo o discernimento das causas e efeitos dos comportamentos humanos. 
Para Weber, o que é o tipo ideal? Ao observar a análise que Weber traz do caso central e dos casos periféricos, o que procuramos fazer foi mostrar como Weber delimita a análise social, como recorta a área de análise e estabelece um campo de delimitação de seu objeto. A questão que nos cabe então é: os argumentos que empregamos para designar as conclusões tiradas dessa análise são argumentos definitivos ou provisórios? 
Casos periféricos: background para o entendimento do caso central. Depois de aprofundar a análise, descreve-se o fenômeno. A descrição impõe o uso de argumentos, de conclusões a respeito dessas descrições. Essas conclusões são definitivas ou provisórias? 
Provisórias. Porque os elementos acidentais e a quantidade deles são em grau variado. O horizonte de consciência sobre o caso é limitado. As conclusões tomadas sobre o caso e os argumentos sempre serão precários e, portanto, provisórios. Nunca definitivos. Mesmo assim, é preciso tomar conclusões dealguma maneira, pois sem elas não se define absolutamente nada. É preciso formar alguns esquemas explicativos por mais precários e provisórios que possam ser. Para dizer qualquer coisa sobre o objeto de análise, é necessário fundamentar um esquema explicativo. O que Weber chama de ‘esquema explicativo’, o faz com a expressão ‘tipo ideal’. Tipo ideal é um esquema explicativo de natureza provisória. No fundo, só existe sociologia porque existem tipos ideais. Não é possível fazer sociologia sem tipos ideais. Os tipos ideais desempenham uma função imprescindível nesse intento. O tipo ideal é, portanto, o método do discurso sociológico. Não se tem como explicar nada sem a utilização desses esquemas sociais explicativos, ainda que se lhes reconheça o caráter provisório. O tipo ideal é o método dentro do qual se pode conceber o discurso social. 
Síntese: A descrição analítica dos fenômenos sociológicos pressupõe um grau de abstração de caráter linguístico. São necessários esquemas explicativos para narrar de maneira provisória alguns dos fenômenos observados. Tais esquemas correspondem ao que Weber chama de Tipo Ideal. Tipo Ideal é o método do discurso sociológico. 
Quatro Perspectivas Contemporâneas da Metodologia das Ciências Sociais
Primeira Perspectiva – Perspectiva Epistemológica 
Segunda Perspectiva – Perspectiva Histórica
Terceira Perspectiva – Perspectiva Político-social
Quarta Perspectiva – Perspectiva Fenomenológica (Tese de W. Dilthey)
O ponto de observação, o ponto de partida, ponto de vista do observador. Nenhuma delas predomina, cada uma delas possui sua importância. Segue-se a análise de cada uma delas. 
Epistemológica – A perspectiva epistemológica é aquela que entende a noção de método como uma condição presente na consciência do observador. Ela nos diz que a análise de qualquer objeto ou campo, as limitações ou condições para compreensão desse objeto não estão no próprio objeto, mas na mente do observador. É ela (a mente) que estabelece os modos adequados de compreensão de alguma coisa. No fundo, método não é um problema empírico, mas cognitivo ou psicológico. A questão não está em discernir se o objeto pode ou não pode ser compreendido, mas em saber como se compreende esse objeto. Existe algum modo adequado para compreendê-lo? A limitação está na coisa ou na mente? Segundo os adeptos dessa perspectiva, as limitações estão na mente e, portanto, há um método adequado para se conhecer o objeto. Então a questão não está mais em discernir como se delimita o objeto, mas em como se conhece-o. 
Três modalidades ou métodos de conhecimento dos objetos, cada um desses métodos implica em um tipo correspondente de racionalidade. Pode-se ter um conhecimento técnico das coisas, um conhecimento prático das coisas e um conhecimento teórico das coisas. A racionalidade técnica corresponde ao conhecimento técnico, e assim por diante.
 Conhecimento técnico: pode ser de dois tipos específicos, são eles produtivo ou instrumental. O produtivo é aquele que gera um bem/objeto externo ao seu produtor. Há níveis de complexidade de produção. A racionalidade técnica pressupõe uma escala de complexidade que vai do mais simples ao mais difícil. O conhecimento técnico pressupõe um outro tipo que é o da racionalidade técnica instrumental (quase operativa – metodologia operativa). O ponto central da questão é que a finalidade dessa metodologia transcende sua própria aplicação. 
Síntese: Racionalidade técnica – o conhecimento técnico apresenta um padrão metodológico em que a racionalidade técnica produz sempre um objeto externo ao agente (ao observador). O emprego dessa racionalidade pode ser feito sob dois modelos (1) o produtivo (das coisas mais simples às mais complexas) e (2) o instrumental (fidelidade às exigências operativas. A racionalidade técnica é um ‘saber fazer’. Saber fazer é uma característica dessa racionalidade técnica própria ao conhecimento técnico.
Terça-feira, 05 de abril de 2016
Aula 5
O que está em jogo na racionalidade prática é o saber agir: conceber sujeitos específicos, meios adequados e finalidades correspondentes. Ela lida com a ação ou com o agir humano. No fundo, o que ela quer discernir é um saber agir nas circunstâncias. O que está em jogo, em comparação com a técnica, é que o bem, o que a aperfeiçoa, não é algo externo à razão prática, é interno a ela. Está em jogo o fato de se estar agindo bem ou não – um modo adequado de agir em determinadas circunstâncias. Às vezes, esse meio de ação é disponibilizado na lei: a lei determina o modo correto de agir em dada circunstância. Segundo essa perspectiva, a noção de método não está atrelada à coisa em si, mas ao modo como nós encaramos as coisas. 
O cerne da racionalidade teórica é discernir se existe ou não um meio adequado para raciocinar. É a contemplação. A racionalidade teórica também suscita, portanto, um método (de produção, de ação, de pensamento). Normalmente, os autores dessa perspectiva dizem que o método da racionalidade teórica é o de princípios básicos da lógica. Ou seja, o método da racionalidade teórica deve respeitar os princípios básicos da lógica (princípio de não contradição: uma coisa não pode ser afirmada e negada simultaneamente e princípio da identidade: confere a algo uma natureza irredutível e irrepetível). A lógica atual pode violar esses princípios, mas, normalmente, o raciocínio tende a partir deles. 
Síntese: A racionalidade prática trabalha com quatro elementos básicos: sujeito (agentes analisados), meios (possibilidades de ação), fins (objetivos das ações) e objeto da ação (a circunstância que vincula o meio e o fim da atividade). De acordo com isso, o método adequado do conhecimento prático está em perseguir o meio mais adequado para os propósitos. A racionalidade teórica é puramente contemplativa e lida com meios exigidos para pensar adequadamente. Trabalha com o método do pensamento articulado dentro dos princípios básicos da lógica.
Histórica – pressupõe algo produzido na história. Para conhecer adequadamente um âmbito científico qualquer, tem-se que recorrer à tradição científica daquela área específica. A perspectiva história diz que a análise do método pressupõe um reconhecimento anterior do estado da questão e de um estado opositivo que as várias concepções possam ter dentro desse campo científico. Questiona-se, aqui, a produção, na história, de dados científicos. A perspectiva histórica, portanto, atrela à noção de método cientifico a noção que o estado da questão obteve ao longo de sua evolução científica. O problema que essa perspectiva abre é que, quando se mergulha na tradição científica de uma disciplina, depara-se com fontes primárias e secundárias. O primeiro grande dilema enfrentado é saber discernir (diferenciar) as fontes primárias das secundárias. A perspectiva histórica oferece, pelo menos, a resposta: quanto mais próximo se estiver das fontes primárias, melhor será. Fontes primárias: fontes que diretamente contribuíram para a produção de um resultado (pode ser científica). Exemplo de problema de fontes primárias: o das traduções – ler a tradução não surte o mesmo efeito de ler o original. Fontes primárias são fontes diretas e secundárias são fontes indiretas. Exemplo de fonte indireta: testemunha.
Síntese: A perspectiva histórica parte do pressuposto de que o conhecimento do método adequado para lidar com qualquer objeto científico exige do observador um recuo na história destinado a analisar os resultados científicos anteriores mediante o acesso a fontes primárias e secundárias. 
Político-Institucional-Social – geralmente, a perspectiva empregada para lidar com ciência política e temas/assuntos correlatos. Tem, como ponto de partida, a ideia de que a sociedade só existe porque é organizada por instituições. Assim como o mundo da natureza só é identificável porque existem instituições de pesquisa voltados para o estudo da natureza. Só há produção científica, em qualquer campo, porque há instituições com capacidade de tomada dedecisões. Essas decisões pressupõem a criação de uma comunidade científica. O pressuposto para a tomada de decisão deve estar, de alguma forma, ligado ao reconhecimento científico, o que acaba, por vezes, ocultando (camuflando) interesses. Muitas vezes, a modernidade está criando autoridades cuja base de sustentação é, apenas e tão somente, o acesso ao poder (econômico, político ou influenciável). 
Síntese: os métodos empregados para a produção de resultados no âmbito de qualquer ciência submetem-se à processos anteriores de decisão ancorados no reconhecimento da comunidade científica. Ainda que as decisões legitimem a investigação científica dando-lhe um método, passam a ser submetidos a prova quando um pesquisador rigoroso desconfia das justificativas apresentadas pela comunidade científica. Exemplo: indústria farmacêutica x laboratórios. A decisão política constitui o método – a decisão tomada ou reconhecida.
Fenomenológica – W. Dilthey em A Construção do Mundo Histórico nas Ciências Humanas. Análise sobre o entendimento do problema do método dentro do campo das ciências humanas em contraste com as ciências da natureza. O ponto de partida está em aceitar que, na relação entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecido, não existe uma prioridade entre um e outro. O conhecimento possível do objeto depende em parte da estrutura cognitivo-racional do objeto e em parte da natureza do objeto. Existe uma exigência de que o sujeito que conhece se envolva existencialmente com o objeto, de modo que esse envolvimento seja no sentido existencial, profundo, entre o sujeito e o objeto do conhecimento. Porém, Dilthey diz que nessa existência conectiva complexa entre o sujeito e o objeto, existem dois estados (condições) possíveis do sujeito. São eles: o estado físico e o estado psíquico. No nosso envolvimento com as coisas, os dois estados apresentam, por sua vez, diferenças de envolvimento com os objetos: o envolvimento físico (apreensão sensitiva dos objetos, é o primeiro contato) e o envolvimento psíquico. Há diferenças enormes entre esses dois estados: enquanto o físico é uma condição que leva à definição do objeto pelos seus limites. A partir da delimitação espacial do objeto, salta-se para um outro nível de experiência. Nesse salto, o que entra em cena é o elemento psíquico: a busca por sentido das coisas. O elemento psíquico pressupõe uma escala por sentido: na medida em que se busca discernir o objeto e extrair dele um sentido, o nível psíquico impõe uma escala de exigências e profundidade. Quanto mais se entra no objeto, maior sentido se extrai dele. Dilthey diz que o primeiro elemento dessa escala (o que vem logo depois do contato físico) é o que ele denomina vivência com o objeto. Existe o envolvimento narrativo e o temporal. O termo ‘vivência’ aqui tem a ver com o modo como os objetos passam a significar para a vida de determinado indivíduo. Vivência tem relação com a significação do objeto. Dilthey propõe que tudo nasce da experiência de um indivíduo com o mundo – a vivência. Entra em cena o aspecto memorativo do ser humano: o modo como se arquiva as coisas. A segunda escala é denominada expressão. Quanto mais alto for a escala, existe maior fenômeno porque mais consciente estarão os indivíduos da existência desse objeto. O terceiro é o nível da compreensão. O nível da compreensão é, no fundo, uma etapa mais rigorosa de investigação do objeto porque é a articulação do significado universal com outros significados possíveis. 
O mundo da vivência é o mundo da psicologia, o mundo da expressão é o da linguagem e o da compreensão, o da hermenêutica. É necessário interpretar e compreender determinada norma jurídica. Dilthey diz que as ciências da natureza pressupõem esse primeiro estado apenas, enquanto as ciências humanas pressupõem os três níveis da escala. A norma jurídica suscita uma expressão, possui um significado universal. Dilthey afirma que todas as ciências humanas padecem dessa escala. O que Dilthey apresenta, portanto, é uma distinção entre ciências da natureza e ciências humanas ou do espírito. Enquanto as ciências da natureza pressupõem um ato de conhecer, as humanas pressupõem um ato de compreender (busca de sentido). As ciências humanas, portanto, são mais exigentes para o sujeito psíquico. 
Síntese: Dilthey propõe uma distinção entre ciências da natureza e ciências humanas tomando por base os estados do sujeito. O estado físico supõe o contato com o objeto e o mero conhecimento de suas leis. O estado psíquico, por outro lado, exige, como método de análise, a experiência de três etapas no envolvimento com o objeto. Primeira escala: vivência – experiência pessoal do sujeito na busca por sentido (exemplo: ler uma norma jurídica para saber como agir). Segunda escala: expressão – o significado universal do objeto (exemplo: no caso da norma, ler a norma jurídica para ter ciência). Terceira escala: compreensão – a articulação de um significado com outros em busca de sentido (exemplo: o que essa norma quer dizer para todos os casos?). 
Terça-feira, 12 de março
Aula 6
2. Memória e Direito: Rudimentos Históricos da Metodologia Jurídica Clássica
- Direito e Método: história – direito na história – fontes primárias: o que foi o direito e o que não foi o direito (1) da sua história (2)
- Direito romano
É imprescindível o estudo das fontes primárias. As fontes primárias, de certo modo, persistem e evoluem na história ou são abandonadas em prol de outras fontes primárias. Essa breve constatação traz uma enorme dificuldade. Pois, no fundo, ter-se-ia que fazer um mergulho nas fontes antigas para descobrir quais delas trazem o direito. Porém, tem-se que selecionar a parte da história que é mais decisiva para o Direito que se tem hoje. A civilização de maior importância e influência para a atualidade em detrimento das outras. No caso brasileiro, a romana. Análise de como os romanos formaram sua concepção de Direito, quais suas fontes primárias e como os romanos entenderam a concepção de método para o Direito segundo suas próprias fontes.
Síntese: Quando se estuda metodologia jurídica, é imperioso que se comece o estudo pela análise histórica. A história do Direito procura apresentar a variedade de fontes do Direito a partir da análise comparativa das civilizações antigas. O historiador do Direito deve considerar o conjunto das fontes primárias como método inicial de seus estudos, para então articular o conteúdo dessas fontes com as instituições e os costumes da sociedade analisada. Por fim, deve igualmente observar o modo como as fontes primárias se prolongaram ou decaíram na história de uma civilização. A história do Direito é a origem dos estudos de todo jurista. 
Os romanos constituíram uma civilização extraordinárias para os padrões da antiguidade. São os criadores das principais funções políticas e sociais da ‘cidade antiga’, segundo Fustel de Coulanges, ou seja, o antigo modelo de organização social. E, neste sentido, nenhuma civilização foi tão longe em tempo e espaço como os romanos. Roma passou por, pelo menos, três fases na antiguidade: Monarquia, república e império. E uma das principais características dessas mudanças é que se teve uma criação e um aperfeiçoamento de funções sociais e políticas. A história de Roma, portanto, é riquíssima. É claro que também o Direito e suas fontes subjacentes também foram evoluindo enormemente. Existe um dado comum na história de Atenas e de Roma: o aperfeiçoamento das funções políticas na história dessas duas cidades foi acompanhado pelo desenvolvimento das fontes do Direito. A percepção dessa evolução das fontes do direito e das funções sociais e políticas, é que, de fato, o crescimento vertiginoso das fontes do Direito permitiu que o direito romano fosse, cada vez mais, sintetizado e ordenado. As fontes do Direito romano sofreram um longo, lento e gradual processo de racionalização. Isso culminou já quando o Império Romano do Ocidente não existia mais, era o Império Bizantino. No Império Bizantino, o Imperador Justinianoordenou que os servos de sua corte estudassem e fizessem uma racionalização do Direito romano, o que resultou no Digesto.
Síntese: As fontes do Direito Romano eram, ao tempo de sua produção, enormemente inarticuladas. A racionalização dessas fontes foi lenta e gradual culminando no Império de Justiniano, com a formulação do Digesto. 
Concepção do Direito em Roma
Toda base do Direito romano está assentada em uma visão primária sobre o que é a ordem da civilização romana. Claro que Roma foi uma civilização fundada por mitos. Existem diversos mitos que narram a fundação de Roma (à exemplo da Eneida, de Virgílio). Mas, tomando isso como base, existe uma outra consideração decisiva para que se possa entender a concepção originária do Direito. Os romanos têm para si que Roma é a fundação de uma ordem a ser expandida no tempo e no espaço, propagar-se no tempo e no espaço. Roma é a ‘civitat eterna’ e, do ponto de vista espacial, Roma é a autoridade sobre o mundo ‘auctoritas’. De qualquer forma, os romanos têm claro que a fundação de Roma é um projeto de fundação social que materializa na história uma concepção de ordem. A fundação da cidade de Roma condiciona sua história. As relações entre seus indivíduos e as ações entre esses indivíduos. Roma é o contrário do caos. A concepção de ordem está na base da civilização romana. Para os romanos, existem duas maneiras de se comportar em relação à isso: ou alguém de comporta de acordo com a ordem, ou fora da ordem. Os romanos lançaram uma distinção entre dois campos de ação humana possíveis. Foram criados dois campos: actio e exceptio. Actio significa um ‘mover-se dentro da ordem’ é o campo onde os indivíduos agem de acordo com a ordem. Exceptio: ‘agir em desacordo’ ou desordem. 
	Actio
	Exceptio
	Agem de acordo com a ordem
	Desordem
	Instituições
	Campo reparador ou reparativo para que a ação volte para o campo da Actio
	Voluntária/ involuntária
	
Os que agem de maneira involuntária são relevantes pois as instituições se empenham de maneira fundamental para que ajam de acordo. As instituições vão dirigir esses indivíduos (derectum – origem de um ato que é reto em relação à ordem), cuja tradução mais próxima é o Direito. Nascem daqui as fontes do Direito e as instituições políticas. 
Síntese: A base do Direito Romano está ancorada na concepção fundacional de ordem, segundo a qual, o tempo da cidade e a autoridade de suas primeiras instituições perpetuam a história dessa civilização como uma ordem social em expansão. A manutenção dessa ordem na história de Roma depende do Direito, entendido aqui como conjunto das fontes que dirigem os indivíduos a comportarem-se em adequação à essa ordem, mantendo-se no campo da actio. Quando não, o Direito é vertido para reparar a situação anterior de modo a restaurar a posição do agente dentro da actio. 
Primeira Parte do Digesto – Ulpiano 1.1.10: “Iuris praecepta sunt haec: honeste vivere, alterum non laedere, suum cuique tribuere.” - (são os preceitos do Direito: viver honestamente, não causar dano a outrem e dar a cada um o que lhe é próprio (devido).). Dentro desse conceito existe uma escala que explica o que significa actio para o Direito. 
Primeiro nível: vida honesta – em relação ao próprio indivíduo: articulação entre moral estoica e direito (envolvimento do sujeito com a vida pressupõe um engajamento moral visto como a própria natureza humana). Para o Direito Romano, o ponto de partida é a constatação de que o sujeito de Direito para ser direito necessita ter uma vida honesta. 
Segundo nível: não causar dano a outrem – o sujeito de Direito que tem a vida honesta não causa dano a outrem. Quando ordena seus atos à Ordem, essa ordenação está pautada no Direito. Manter-se dentro da actio. É o indivíduo em uma relação indireta com os outros. 
Terceiro nível: dar a casa um o que lhe é devido – o indivíduo de direito é cotejado em relação à outros, de maneira direta. A noção de direito passa a ter uma importância que leva em conta a ideia de relação direta.
Terça-feira, 19 de abril
Aula 7
Memória e Direito – Método jurídico a partir das fontes históricas
Fontes do direito romano – Digesto (sistematização das fontes do direito romano)
Situação Histórica da Europa entre os séculos VI e X (desenvolvimento de suas instituições jurídicas)
Common Law – Método do Direito x Civil Law (romano-germânica) – Método do Direito
As fontes do Direito Romano até, pelo menos, a queda do IROC, eram caóticas e sem qualquer processo de racionalização, completamente dispersas. Não havia uma racionalização das fontes que pudesse dar clareza ou sistematização de conhecimento para aqueles que quisessem estudar o Direito. Esse era o estado de coisas até, aproximadamente, 580. 
Em 525 – quando o IROC desaba, ele é restaurado em Bizâncio, funda-se a cidade de Constantinopla e o IROR ressurge com toda força, para durar mais ou menos ainda mil anos. O Imperador Justiniano convoca alguns funcionários de sua corte para fazer todo o trabalho de restauração e organização do Direito Romano. Forma-se o Digesto ou Corpus Iuris Civilis. É o ponto culminante da sistematização do Direito. Respeitou sempre a articulação (fontes normativas e fontes doutrinárias). No início do Digesto, tem-se definições sobre justiça, direito, contrato, obrigação. O Digesto é, no fundo, uma apresentação sistemática das fontes normativas romanas. Qual a influência do Digesto no desenvolvimento das fontes posteriores do Direito ou nas que nasceram depois dele e se desenvolveram na história europeia? O Digesto teve enorme importância nesses tempos. Todas as fontes do Codex Canoni foram feitas respeitando a mesma base de sistematização do Digesto. A força doutrinal e científica que o Digesto teve foi algo absolutamente notável nesse período. 
A interpretação do Digesto não é uma atividade intelectual determinada. Pelo contrário. Há um alto nível de confusão e indeterminação. Como interpretar o Digesto? Os primeiros intérpretes do Digesto, na Universidade de Bolonha, quando elaboraram os glossários (por isso chamados Glosadores), disseram que existiam, pelo menos, quatro maneiras de interpretar o Digesto. São os quatro cânones de interpretação.
Toda interpretação tem de ser, acima de tudo, literal. Interpretação restritiva do texto.
Cânone ‘atempora seculum’, ou seja, sociológico. Interpretação de acordo com o tempo histórico em que se vive. 
‘Ad principiun finen’: teleológico. Qual o objetivo buscado pela interpretação?
Cânone sistemático – não se pode interpretar uma parte sem levar em conta as demais. 
Como as aulas eram feitas em Bolonha? As aulas eram desenvolvidas da seguinte forma: todos liam as partes do Digesto. As aulas possuíam duração de oito a dez horas. O professor lançava uma proposição e os alunos deviam dar sua visão. E os pontos de vista eram anotados. E depois abria-se uma nova rodada para as refutações. As posições não eram arbitrárias, mas fruto de estudo e análise dos estudantes. Assim era feita a ciência jurídica no passado, a jurisprudência. 
Síntese: O Digesto atravessou séculos de aperfeiçoamento científico tanto no campo da gramática como no da iurisprudentia. As contribuições dos glosadores foram fundamentais para o desenvolvimento dos movimentos e escolas de direito posteriores, como para os métodos de interpretação que nasceram e aperfeiçoaram a análise das fontes dos Direito. Os quatro cânones despontam de maneira peculiar. 
SITUAÇÃO HISTÓRICA NA EUROPA ENTRE DOS SÉCULOS VI E X 
A Europa, no século VI, vivia uma situação bastante caótica em termos de segurança jurídica e reconhecimento da autoridade legítima para tomar decisões. Enquanto o Império Bizantino continuava impávido colosso, o Oeste da Europa vivia um momento de grande insegurança jurídica. Em suma, foi observado um caldeirão de conflitos entre feudos, reinos, principados e saqueadores (usurpadores). Esse período foi extremamente conturbado na história. Como foi possível que o Direito evoluísse e ganhasse novase atuais instituições mesmo em um período de caos? O Digesto influenciou decisivamente a continuação e o desenvolvimento do Direito no Ocidente. Para enxerga-lo, é necessário centrar a observação em duas instituições medievais: O rei (monarquia) e o parlamento (estados do reino). 
Síntese: quando Bizâncio esteve no topo da força civilizacional, o Ocidente encontrava-se em verdadeira situação de conflito e guerra entre comunidades e reinos. Normalmente, em sociedades onde o Direito e as Instituições carecem de eficácia, há uma tendência para atrelar os fatores de dominação às condições territoriais. Na maior parte dos reinos medievais, os senhores feudais têm mais poder do que o rei. 
Nesse período, portanto, tem-se a formação dessas duas grandes instituições. Um órgão deliberativo (discute e toma decisões), o parlamento e o rei que, em princípio, possui a função de organização, transmissão de segurança e paz para o reino e, por fim, decidir os conflitos com base nas decisões do parlamento. Duas instituições com métodos e operações funcionais distintas. Essa constatação era comum tanto à Europa continental como ao Reino Unido. Todavia, com o desenvolvimento dos séculos e de algumas técnicas econômicas da sociedade medieval, a sociedade foi enormemente modificada em seus padrões se a comparássemos ao século VI e X. Essa mudança social exigiu das instituições uma forma mais condizente com o tempo de operar. O que acabou acontecendo, portanto, foi que no Reino Unido, houve um desenvolvimento das relações rei-parlamento que se distanciou dessa mesma na Europa continental. Essa diferença de relação foi fundamental para a origem e o desenvolvimento do sistema de common law em um lado e o sistema romano-germânico no outro. 
No continente, os conflitos sociais se transformaram em conflitos políticos. O modo de resolve-los é a busca por consenso entre as classes, de modo que as decisões tomadas afetem a todas as classes do reino. Desde esse momento, o parlamento se torna poder legislativo. A origem do parlamento como poder legislativo ocorre quando as três partes do reino passam a compô-lo. O meio é a busca por consenso, que pressupõe atos de consenso, são as leis aprovadas para todo o reino (leis fundamentais do reino). As leis fundamentais do reino têm uma origem política, como se no continente, o Direito tivesse uma origem e um fundamento predominantemente político. 
Síntese: Na Europa continental, o surgimento e a evolução das fontes do Direito devem-se, em grande parte, à nova configuração que os parlamentos obtiveram. As três classes do reino que sintetizam um estágio mais avançado do que era a primitiva sociedade medieval passa a compor o âmbito interno dessa instituição. Os conflitos que eram sociais tornam-se políticos e, para resolve-los, o caminho é a lei (fruto de consenso ou da maioria). O conjunto das leis fundamentais do reino forma o Direito escrito e normativo, apto a ser sistematizado de forma semelhante àquela realizada pelos juristas do Digesto. No continente, o fundamento do Direito é predominantemente político. 
No Reino Unido, o Parlamento continuou sendo uma casa Aristocrática até, pelo menos, o século XVI. O parlamento britânico não era um órgão deliberativo. Era, no fundo, um órgão muito mais ocupado com assuntos políticos ‘interna corporis’, no caso, o grupo dos Lordes, a nobreza. As decisões não eram compartilhadas pelo clero, nem pela burguesia e, muitas vezes, nem pelo próprio rei. Os ingleses ratificaram um princípio basilar relativo à soberania do parlamento. As decisões tomadas eram entendidas como precedentes para os casos futuros. A formação de uma decisão pressupunha um conflito entre as duas partes. Os precedentes impõem um tipo específico de comportamento e hábito nesses casos. O conjunto das condutas habituais formam o costume social, de onde nasceram esses precedentes. O termo ‘costume’ significa que é o costume tal como compartilhado pelos precedentes e levados adiante pelas cortes reais. É um Direito inteiramente produzido por um contato direto e cabal entre a própria sociedade e os tribunais reais. O fundamento do Direito não é predominantemente político, mas social. Os ingleses costumam designa-lo como ‘moral sense’ ou ‘common sense’. Somente em 1701 os tribunais ganham autonomia. 
Síntese: Diferentemente do continente, no mundo britânico, a origem do Direito está ancorada nos costumes e nos precedentes. Os tribunais do rei tiveram enorme importância em discernir padrões de solução de conflitos tomando por critério o senso comum (concepção moral típica dos países de fala inglesa). Nas origens do common Law, o Direito tem um fundamento predominantemente moral.
	Common Law 
	
	Romano-Germânico
	Casos (cases)
	Método Jurídico
	Solução de conflitos: prescrição de comportamentos sociais
	Tribunais
	Autoridade Produtora do Direito
	Parlamentos
	Precedentes
	Fonte Mais Forte do Direito
	Leis (ordenamento jurídico)
	Fundamento Moral (‘moral rights)
	Fundamento Predominante
	Fundamento Político
Terça-feira, 26 de abril
Aula 8
A linguagem deve ser abordada como um método científico e/ou racional.
DIREITO E LINGUAGEM
- Linguagem, discurso, “signo”
- Gêneros de discurso
- Linguagem jurídica e lógica
LINGUAGEM, DISCURSO, SIGNO
A linguagem é o método das ciências em geral, não existe ciência ou pensamento humano sem linguagem. Para o bom entendimento da linguagem como método do e para o Direito é necessária sua compreensão em totalidade. Para bem compreender a natureza da linguagem, deve-se primeiro cotejar os aspectos formais dela. Em seguida, adentrar os gêneros de discurso. E então, a linguagem jurídica e a lógica.
Existe uma distinção clássica que já estava presente nos oradores e escritores romanos, como Cicero e Quintiliano. Essa distinção partia da diferença entre De Rebus Et De Signis (das coisas e dos signos). Coisas são propriedades que possuem referência no tempo e no espaço. Signos são também coisas, todavia, os signos são espécies particulares de coisas, que têm, como objetivo, a representação de outras coisas. Signos são coisas no sentido imaginativo que não são em si propriedades materiais, como são as demais coisas. O signo procura representar algo à faculdade cognoscitiva dos interlocutores. Os signos contêm muitas espécies: existem diversos tipos de signos. Essas espécies podem ser analisadas sob dois ângulos: (1) o ponto de partida interno – o signo é uma mera imagem ou um conceito mental. Essa é a dimensão mental. (2) o ponto de partida externo – dimensão externa do signo. É aquilo que torna o signo explícito para os demais. É o que se designa com a expressão ‘palavra’. É o que permite que toda a comunidade tenha acesso ao que é representado pelo signo. A palavra é um signo convencional, de modo que isso nos permite dizer que toda criação dos gêneros discursivos e da linguagem como representação humana são frutos, no fundo, de uma convenção.
Todavia, apesar do signo possuir essa dúplice dimensão, a sua colocação no âmbito externo por meio da palavra pressupõe uma classificação de suas estruturas. A palavra ou o signo podem ser vistos sob três aspectos estruturais (1) sintático (2) semântico (3) pragmático – segundo C.S. Pierce. 
Dimensão sintática é o esqueleto simbólico somado às regras estabelecidas por convenção. Toda língua tem um esqueleto simbólico (alfabeto) e o encaixe entre letras e regras. Nenhuma língua prescinde dessa estrutura sintática. Dimensão estruturante-formal.
Dimensão semântica é, justamente a ponte entre as dimensões externa e interna do signo. É o significado. Uma palavra significa algo porque ao lê-la ou ouvi-la, entender-se-á.
Dimensão pragmática é o emprego social do signo ou da palavra. A língua desempenha uma função social.
Síntese: os signos são coisas que representam algo à faculdade cognoscitiva. O signo apresenta duas dimensões: a interna (a imagem ou conceito formulados na mente) e externa (a palavra, ou seja, aquilo que designa algopara além de si mesmo). A palavra forma a linguagem. Esta, por sua vez, possui uma divisão estrutural: sintática, semântica e pragmática.
GÊNEROS DE DISCURSO
O que são discursos? São tipos de linguagem. Tipos de empregos de palavras e, portanto, de signos. Quatro grandes tipos de discurso: (1) discurso poético (2) discurso retórico (3) discurso dialético ou ‘lógica material’ (4) discurso analítico ou ‘campo da lógica formal’. Há uma grande importância nisso para a Metodologia e para a linguagem normativa.
Discurso Poético – Toda poesia, que é no fundo uma arte produtiva, nasce da mimese, ou seja, da imitação conjugada com a invenção. A imitação e a invenção têm uma finalidade, um objetivo: o retrato de experiências humanas universalmente compartilhadas em todos os tempos e por todas as sociedades. A poesia tem caráter universal. O teatro é universal porque é um discurso sempre possível por estar aberto à todas as civilizações. Aristóteles traz uma subclassificação do discurso poético em dois tipos: o de tipo dramático (drama) e o de tipo narrativo (narrativa). O drama é quando, no discurso poético, apenas os personagens falam. No drama, só se enxerga os personagens porque eles pululam no texto. A autoridade do drama está nos interlocutores. Ao passo que na narrativa existe uma terceira voz oculta que articula o envolvimento dos personagens. Essa voz oculta narra. O maior exemplo moderno que se tem do gênero narrativo é Dostoievski. 
Síntese: No discurso poético, lidamos com a faculdade mimética, ou seja, com a produção imitativa e inventiva de experiências humanas universais. A poética é marcada pela universalidade, isto é, por ser um tipo de discurso possível para todo o ser humano na história. Seja no modo dramático em que os personagens falam durante quase todo o tempo ou no modo narrativo, quando uma voz implícita conduz o leitor, percebe-se que, na poética, elogios, hinos, odes e etc. retratam “indivíduos universais”.
Discurso Retórico – Normalmente, se emprega essa expressão sem cuidado. Segundo Aristóteles: “Entendemos por retórica a faculdade de teorizar o que é adequado em cada caso para convencer. ” A retórica não se confunde com nenhum outro gênero e tem, como método, a arte de convencer. Aristóteles faz uma distinção entre o ato de convencer partindo do pressuposto de que quem fala está convencido daquela verdade e o ato de convencer daquele que não está convencido daquela verdade mas sabe que o emprego do conhecimento se dá para garantir uma vantagem individual. A retórica é um dos modos de conhecimento. Um outro é o Sofisma. Na retórica, quer-se convencer o interlocutor porque se acredita, de maneira sincera, no que se diz, de modo que a retórica pressupõe uma intenção reta. Ao passo que na sofistica, a intenção daquele que tenta convencer não é reta, mas voltada para enganar o interlocutor. Aristóteles diz que a retórica é um gênero específico porque de todos os gêneros cotejados, nenhum outro é tão sustentado na importância intencional do agente. O que está em jogo é o modo como se emprega o discurso para persuadir o interlocutor. A característica da retórica é a persuasão. Pode-se persuadir alguém das formas mais variadas possíveis, mas sempre que se procede de tal maneira, o campo de certeza sobre o que se quer dizer é muito precário e insuficiente, algo que carece de demonstração. Razão pela qual o objeto da retórica são os juízos de verossimilhança. A retórica trabalha muito com verbos transitivos, que dizem respeito à ação. Quais são os tipos de discurso retórico que existem? Aristóteles cita três tipos: (1) discurso epidítico ou monológico (2) discurso deliberativo ou legislativo (3) discurso judiciário. 
- Discurso Epidítico: quando alguém persuade a outros salientando a si mesmo e qualidades de si mesmo. É um discurso de louvor a si mesmo, fato muito comum na Antiguidade. 
- Discurso Legislativo: emprego de uma persuasão pró-futuro. 
- Discurso judiciário: olha para o passado. O ponto central são as provas. Do ponto de vista processual, as provas pressupõem um itinerário, um caminho a percorrer. A zona de verossimilhança no âmbito probatório é sempre muito presente. O discurso probatório estará embasado, no mais das vezes, na memória do que aconteceu, no que pareceu ser. 
O discurso retórico, mais do que qualquer outro, é o predominante no direito. 
Síntese: O discurso retórico visa persuadir o interlocutor de coisas e fatos verossímeis para o agente que o profere e para a comunidade que o recebe. Segundo Cícero: “A arte retórica produz convencimentos sob a tutela de uma desconfiança de fundo. ” Na retórica, três são os modos de persuadir: o epidítico, o legislativo e o judiciário.
Terça-feira, 3 de maio
Aula 9
Discurso poético (possibilidade), retórico (verossimilhança, aparência de verdade- verbos transitivos que designam a ação humana), dialético, analítico.
Discurso dialético - para ser construído, pressupõe sempre um interlocutor. Para toda tese, existe uma antítese e delas resulta uma síntese. O discurso dialético, pelo fato mesmo de ter antítese, é um discurso muito mais rigoroso do que os analisados anteriormente. O discurso dialético está muito mais próximo da verdade do que o retórico, por exemplo. Por estar mais próximo da verdade, contém graus de certeza igualmente mais sofisticados se comparado com o discurso retórico. Portanto, é um tipo de discurso que lida com probabilidades. Não é um discurso certo e absoluto, mas provável. O provável é muito mais próximo da certeza do que a verossimilhança. Existe uma tendência nesses discursos. No poético, tudo é possível. No retórico, verossímil. No dialético, provável. O discurso dialético sofre um juízo restritivo maior do que os demais. O discurso dialético sofre uma depuração e, por essa razão, é provável: porque seus contrários já foram resolvidos até ali. O discurso dialético possui uma estrutura que os gregos chamavam de silogismos. O discurso poético não tem silogismo, o retórico possui silogismo precário e o silogismo dialético já pode ser considerado estrutural, apesar de possuir um determinado grau de precariedade.
Estrutura: silogismo
A palavra silogismo significa vínculo entre premissas e conclusões. Existe o silogismo quando se apresenta premissas e conclusões a essas premissas. Tanto no discurso dialético como no discurso analítico, possui-se uma estrutura definida da seguinte maneira: premissa universal (premissa maior), premissa condicional (menor) e uma conclusão a partir do emprego/cálculo dessas premissas. 
	Exemplo 1
	
	Exemplo 2
	“Alguns papagaios são verdes”
	PREMISSA MAIOR
	“Todo ser humano é mortal”
	“Louro é um papagaio”
	PREMISSA MENOR
	“Sócrates é um ser humano”
	“Louro é verde”
	CONCLUSÃO
	“Sócrates é mortal”
Exemplo 2: a proposição inicial é universal. De acordo com ela, todos os que pertencem à espécie humana são mortais. A premissa menor é condicional. A conclusão é necessária se a aplicarmos às premissas utilizadas? É verdadeira absolutamente de acordo com as premissas? Pode-se afirmar de forma absoluta que Sócrates é mortal. Quando as conclusões são sempre certas e verdadeiras em relação às premissas, estamos diante de um raciocínio lógico e analítico, assim como o discurso empregado. No discurso lógico e analítico, a conclusão é certa e verdadeira em todos os sentidos, dadas as premissas.
Exemplo 1: Não se pode afirmar que a conclusão é certa e absoluta porque nem todos os papagaios são verdes. No entanto, é provável que louro seja verde? Sim. Razão pela qual lida-se, aqui, com probabilidade. O foco do raciocínio dialético está implícito na premissa: a antítese encontra-se na própria tese. 
Os discursos com os quais se lida na vida jurídica transitam enormemente entre esses quatro tipos. A comparação do discurso analítico com o dialético permite dizer que o silogismo analítico é demonstrativo e o analítico é provável, não é demonstrado, mas demonstrado. Existe uma última regra no discurso retórico: é um discursoque trabalha com premissa maior e conclusão, costuma-se abolir a premissa menor. Ou seja, não se tem nem ao menos um vínculo da premissa maior com a conclusão.
Síntese: O discurso dialético tem, como pretensão, estabelecer proposições indicativas de probabilidades. Na estrutura implícita do discurso dialético, há uma tríade: tese, antítese, síntese. O que significa dizer que a premissa universal da qual nasce o discurso dialético contém os seus contrários. Exemplo: “a maioria dos papagaios é verde” contém a minoria. O raciocínio dialético conduz a um silogismo em que as conclusões não são necessárias em relação às premissas. O discurso dialético, portanto, tem, como finalidade, expor probabilidades. 
Por outro lado, o discurso analítico parte de uma premissa universal tomada como condição para conclusões necessárias. O raciocínio lógico-analítico gera um silogismo demonstrativo cuja finalidade é a exposição de certezas e, assim, proposições verdadeiras. 
Quando sacamos a premissa menor de dentro de um silogismo, cria-se um hiato entre premissa maior e conclusão. Chama-se de Entimema. O Entimema é a estrutura típica do discurso retórico. 
	
	INTENÇÃO
	FUNCIONALIDADE/OBJETO
	Analítica
	Verdade Demonstrativa
	Certeza
	Dialética
	Verdade Material
	Probabilidade
	Retórica
	Persuasão
	Verossimilhança
	Poética
	Produção
	Possibilidade
Trata-se de uma escala potencial. Esses discursos expressam (1) modos de raciocínio (2) gêneros de conhecimento. Discernir a intenção e o objeto não fornece todas as ferramentas. Os raciocínios poéticos lidam muito com a imaginação, os retóricos com as percepções, os dialéticos com a prática e os analíticos com a teoria.
Síntese: Os tipos de discursos fazem alusão a gêneros de conhecimento e a modos de raciocínio. No primeiro, os discursos correspondem a camadas científicas, como a literatura, as artes e opiniões, ciências práticas e ciências demonstrativas. No segundo, os discursos condizem com as camadas de inteligibilidade. Imaginação, percepções e intuições, os raciocínios práticos e raciocínios teóricos. 
LINGUAGEM JURÍDICA E LÓGICA
Dado o que se viu, quais são os tipos de discurso predominantes para o Direito? 
O Direito é um campo cuja atividade lida efusivamente com discursos retóricos e discursos dialéticos. Por outro lado, o Direito pode lidar com certezas? Existe espaço para certezas e proposições verdadeiras no campo do Direito?
Supondo que se tenha uma norma x, essa norma, em si, é uma sentença ou enunciado que possui um campo de significado. O campo de significado da regra pressupõe uma compreensão anterior sobre suas exigências. É necessário haver um background: pano de fundo no qual se possa conceber o significado de uma norma. A partir do acesso ao campo de significado, pode-se predicar interpretações ou soluções diversas a partir desse mesmo campo de significado. O fato de se poder, a partir da leitura da norma, pressupor esse campo de significado significa que se possa descreve-la. A norma, como tal, impõe proibições, obrigações ou permissões. Toda norma possui uma proposição normativa em sentido jurídico. A proposição é o significado da norma, o campo semântico. O campo de significado de uma norma jurídica é limitado e todas as interpretações ou soluções que se pode dar com base nessa norma dependem desses limites. Só se pode predicar juridicamente a interpretação/solução de uma regra na medida em que se restringe essa interpretação ao campo de significado.
Pode-se então estabelecer discursos analíticos? Sem dúvida. Existe um enorme espaço para a lógica e, portanto, para o discurso analítico. Discursos analíticos se operam dentro de proposições normativas. O discurso analítico serve, entre outros, para o preenchimento de lacunas ou para a solução de antinomias, utilizando-se o campo da lógica analítica. Toda lógica jurídica nasce no vínculo aos limites do significado de uma proposição normativa. Todo aquele que quer fazer lógica jurídica precisa estar sedimentado nas noções do limite do campo de significado. O campo da lógica e a forma como ela tem sido cada vez mais implementada e utilizada na área jurídica demonstra sua importância. 
Síntese: Apesar da popularidade do discurso retórico e do discurso dialético na vida do Direito, o discurso analítico vem, cada vez mais, sendo utilizado sobretudo nos tribunais. O raciocínio dedutivo de aplicar uma regra a partir da hipótese de sua incidência pressupõe uma demarcação no campo de significado da sentença normativa. O espaço de significação corresponde à dimensão semântica, ou seja, à proposição normativa. Todas as predicações extraídas do campo semântico, para serem predicações lógicas, necessitam estar adstritas ao interior do campo de significado. Por exemplo, uma interpretação da lei restrita à proposição normativa é uma interpretação lógica. 
A norma, a sentença, o enunciado, lidam com ações humanas indeterminadas. 
Perguntas gerais de orientação para a avaliação: 
Qual o método sociológico de Augusto Comte?
Explique o que é compreender para N. Dilthey.
Método e instituições de Direito Romano. Explique.
Apresente algumas distinções metodológicas entre o sistema romano-germânico e o modelo anglo-saxônico. 
Quais os tipos existentes de discurso retórico?
Há espaço para a lógica no Direito? Explique. 
Terça-feira, 10 de maio
Aula 10
MODERNIDADE, MÉTODO E DIREITO I
Racionalidade e racionalismo (razão e método)
Metodologias jurídicas surgidas na era moderna (1) cientificista (2) tecnicista (3) sistematizadora. Chama-se de modernidade o período compreendido entre o século XV e o século XXI. Problema da racionalidade do método: quais são as metodologias que nascem atreladas a essa perspectiva?
Como se deu a passagem do pensamento clássico grego e medieval (filosofia) para o pensamento moderno (cultura, filosofia, ciência, arte)? 
 Introdução
Comparativo entre dois modelos de cultura e de civilização. Síntese das duas culturas pelos seguintes termos: 
Ciência Tradicional Aristotélica 
Modo de Pensar – Cultura
Toda filosofia antiga parte de uma consideração sobre o ser e dentro do ser, a natureza (physys). O foco da observação era dado, sobretudo em Aristóteles, no plano metafísico de investigação sobre o ser. No fundo, todo pensamento antigo parte de uma metafísica do ser para extrair daqui considerações a respeito de todo o resto, inclusive proposições sobre a natureza. De maneira que o foco da atenção, do conhecimento estava não em observar os fenômenos da natureza, mas em desvelar princípios intelectuais abstratos para, a partir dele, erigir-se afirmações sobre todo o resto. A natureza jamais era compreendida fora da noção de ser. Portanto, a natureza não era o foco central das ocupações intelectuais, mas um elemento acidental no foco central que era o aspecto metafísico do ser. 
Dado isso, as disciplinas e atividades humanas sociais destinadas à contemplação dos princípios metafísicos e abstratos era sempre preferida àquelas atividades que lidavam, de algum modo, com a natureza. A hierarquia era levada para todos os níveis e modos de forma de vida. Enquanto a classe aristocrática dedicava-se às atividades contemplativas ou lúdicas, a classe dos artesãos e camponeses destinava-se às atividades próprias da natureza. Como não havia divisão de saberes, o que restava era observar a natureza e manipula-la sem um conhecimento técnico aprimorado para tanto. A não divisão de saberes impedia o desenvolvimento metódico adequado. O campo da natureza é apenas observável, mas nunca é fonte de verdade científica. Esse impedimento gerou um atraso no desenvolvimento de um método objetivo. 
Síntese: a comparação entre o modelo científico tradicional e o modelo moderno exige, para bem compreender o método jurídico na modernidade, que tracemos uma distinção entre a matriz aristotélica e a matriz newtoniana sobre os modos de pensar.
A matriz tradicional parte da tese de que o foco do conhecimento racional tem de estarna dimensão metafísica do ser, em detrimento da dimensão da natureza. Na dimensão metafísica, estabelecemos verdades a partir do aprofundamento nos princípios elementares da abstração, em contraste com a análise da natureza. No mundo antigo a filosofia, a retórica e a poética ganhavam destaque por serem disciplinas contemplativas, enquanto as atividades naturais eram desprezadas social e cientificamente. O campo da natureza era apenas observável, não gerando nenhuma divisão racional dos saberes e, assim, nenhuma concepção de método.
Ciência Moderna Newtoniana-Galileana
Modo de Pensar – Cultura
No mundo moderno, a grande aspiração é a produção criativa. Ela pressupõe uma atividade de manipulação da natureza. Logo, o foco da atenção é deslocado desde as disciplinas metafísicas para o mundo da ciência da natureza. Os produtos criados pelos artesãos e camponeses (trabalhadores ou produtores) passam a definir os modos de vida. Todos os modos de vida hoje estão em sintonia total com o mercado de consumo. O foco da atenção é dado agora ao trabalho, que passa a adquirir uma importância significativa na sociedade moderna. A mera observação da natureza já não é mais capaz de gerar isso. É necessária também uma busca de experimentos regulares com a natureza. Os experimentos regulares geram as leis e essas, a divisão dos saberes. Para aperfeiçoar a produção criativa e aprimorar o trabalho e seu significado, há uma exigência de uma divisão racional dos saberes. Para aperfeiçoar o trabalho, é necessário tomar por base as leis de cada uma dessas áreas. Os procedimentos utilizados na aplicação das leis atinentes a um campo científico específico são denominados métodos. Isso nasceu quando se deslocou o foco da atenção da metafísica para a natureza, na era moderna.
Síntese: A matriz da ciência moderna desloca o foco da atenção desde a metafísica para as ciências da natureza. Isso se deve, em grande medida, à importância que o trabalho passou a ter na sociedade moderna, pois a força produtiva passou a desempenhar a condição para o surgimento de formas de vida cada vez mais complexas.
A produção exige a manipulação da natureza, assim, a mera observação não basta, são necessários também experimentos regulares de onde se extraem leis e, portanto, a divisão dos saberes científicos. Em cada área do conhecimento há um conjunto de leis que pressupõe, para a sua aplicação, um procedimento adequado, ao qual chamamos método. O método é o procedimento científico da modernidade.
Método Cientificista – o primeiro dos métodos modernos: o cientificismo se origina no campo das ciências da natureza, é o objeto primário e mais relevante da modernidade. O método cientificista tem dever com os procedimentos que empregamos para uma determinada observação experimental (não é apenas observação, mas o procedimento que também é experimental). O método cientificista, portanto, é, em primeiro lugar, um método experimental que tem a ver com tentativas (erros e acertos). Experimentar significa tentar: lidar com erros e acertos. O método cientificista somente logra êxito quando o experimento se conecta com as leis que lhe são correspondentes. O acerto significa a coincidência entre o experimento e a lei. O horizonte é sempre dotado de incertezas. É uma postura científica que duvida do desconhecido. Dimensão experimental.
Síntese: O Método Cientificista é próprio das ciências naturais. É o método experimental, ou seja, parte da tentativa de se obter resultados certos tendo em vista a aplicação rigorosa de procedimentos com base nas leis correspondentes. 
Existe uma tensão primordial no Método Cientificista que se dá entre certezas e incertezas. Como o Direito lida com isso? O sistema jurídico lida, no fundo, com uma prescrição antecipada de comportamentos sociais desejados, ou seja, enxergar a sociedade pelo sistema jurídico, é possuir uma certeza. Os comportamentos humanos, no entanto, violam as regras. Um dos meios de se tentar diminuir o horizonte de certeza dos comportamentos humanos é analisa-los dentro de uma sociedade específica: experimento social. As experiências ou os experimentos sociais jamais esgotam o todo, mas podem dar certos resultados que, articulados com o sistema jurídico, fazem toda a diferença. 
Síntese: O Método Cientificista oferece ao Direito enormes contribuições pois permite o diagnóstico de determinados comportamentos sociais típicos e de seus resultados para que o sistema jurídico possa abarca-los. Para o Direito, a importância do método cientificista deve-se à dimensão experimental da sociedade.
Método Tecnicista – Lida com o aspecto técnico, relacionado à produção. É o Método Produtivo e também Criativo. Duas áreas que dependem diretamente desse fenômeno: trabalho e economia. A economia depende da produção. A força-matriz da produção é o trabalho. Trabalho e economia são duas áreas amplamente dependentes do método científico. Trabalho pressupõe transferência de recursos, mobilidade de força (mãos e indústria). Um método criativo é um procedimento pelo qual aceitamos ou não aceitamos determinados objetos e as razões para aceitar ou não aceitar são as mais variadas possíveis. Os objetos são fruto da aplicação de um método. Dimensão produtiva/criativa.
Síntese: A técnica é o princípio da civilização humana. Na modernidade, contudo, a técnica transforma-se em método produtivo. A história da economia moderna ocidental demonstra que nem sempre o método produtivo refreou-se perante certos direitos humanos básicos. Com o avanço do esclarecimento sobre Direitos fundamentais irredutíveis, a técnica produtiva moderna foi submetida ao Direito e suas especialidades, como o Direito do Trabalho e o Direito Econômico.
Método Sistematizador – Dimensão lógica. Sistematizar significa criar uma unidade na diversidade, proposições que sejam condicionantes para outras proposições. Articula-se pontos divergentes sob a regência de princípios uniformes. Um sistema tem de ser capaz de solucionar contradições. O que é implícito no sistema é uma estruturação lógica de suas partes, gerando uma total articulação com o direito. Jurisprudência dos conceitos x jurisprudência dos interesses: escolas do Século XIX que lidavam com a possibilidade de sistematizar todos os conceitos do Direito. O limite do sistema jurídico importou a teoria e a filosofia do Direito. O método sistematizador tem cabimento, em primeiro lugar, na lógica moderna. Quando se emprega a expressão ciência moderna, fala-se de ciência experimental, ciência produtiva ou ciência lógica. No fundo, o Método Sistematizador tem uma base rigorosamente fundamentada na ciência moderna, tal como preconizada por seus idealizadores. 
Síntese: O método sistematizador tem, como ponto de partida, a lógica moderna, entendida como matriz estrutural de racionalização de diferenças específicas sob a tutela de princípios uniformes. Juridicamente, a ideia de sistema é uma condição lógica necessária para o correto entendimento do objeto do direito (sistema jurídico) e de seus limites.
Terça-feira, 17 de maio
Aula 11
MODERNIDADE, MÉTODO E DIREITO II
Cognitivismo Jurídico (objeto e método)
A ocupação nesse ponto é a seguinte: quais as possibilidades de se conhecer o direito? Somos capazes de conhece-lo? Em que medida estamos capacitados para o conhecimento jurídico? A temática principal desse ponto diz respeito ao cognitivismo jurídico. Lida-se com o problema dentro da teoria da metodologia jurídica. Esse ponto de partida é teórico, mas esse tipo de problema possui um efeito e uma necessidade prática de grande valia. Por exemplo: em que medida o juiz pode conhecer o conjunto probatório dentro de um processo? As questões que envolvem o cognitivismo jurídico são imensas e, por vezes, extremamente complexas. 
As metodologias atuais no Direito que lidam diretamente com o cognitivismo jurídico são inúmeras. Seleciona-se, aqui, três metodologias que são rivais, contraditórias entre si. A primeira delas é a proposta por Kelsen, depois dela, a originada de

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