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Direito Romano

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Sexta-feira, 11 de março de 2016
Direito Romano – Dalva – Aula 1
Monitores: giandvecchia@gmail.com e vitoria1601@hotmail.com 
Avaliação: dois exercícios (primeiro será na próxima aula 18/03, segundo no dia 15/04) e uma prova no final do semestre (08/07). 
Bibliografia: As Institutas de Gaio, o Digesto de Justiniano Livro 1 e as Institutas de Justiniano (Xerox).
Sexta-feira, 18 de março de 2016
Aula 2
Corpus Iuris Civilis
Manuseio das fontes de conhecimento do direito romano. Base de ação popular vem do Direito Romano. A base da demonstração é o Digesto e as Institutas de Gaio. Existem outras, porém menos relevantes. O Direito romano se conhece pelo Corpus Iuris Civilis, fonte de direito de toda a civitas romana. Os romanos nunca deram esse nome às leis, tudo isso foi reunido em livros que, na Idade Média, foram impressos juntos e ganharam o título de Corpus Iuris Civilis. Coincidindo com o nascimento da imprensa. Dentro do CIC, tem-se o Digesto, Código, Institutas e Novelas.
Digesto
Compilação de iurisprudentia: interpretação das normas jurídicas, porém, sem monopólio. Qualquer um que conhecesse o material era um iurisperito ou iurisprudente e estava autorizado a interpretar o Direito. A matéria foi recolhida em 530 por Justiniano e organiza o material no Digesto, publicado em 533. O Digesto é uma obra em 50 livros que pega toda a interpretação e a organiza por matéria. Os jurisperitos eram funcionários do Império, professores oficiais dos cursos de Direito, juízes (julgadores) e os ‘advogados’ foram as pessoas responsáveis pela compilação do Digesto. Selecionavam qual matéria ia para dentro do livro que seria, a partir de agora, o livro do Direito Romano. O sistema jurídico acaba migrando e contaminando também países eslavos e a Rússia. 
Código
Conjunto das Constituições imperiais, dos príncipes e imperadores. Basicamente, os decretos imperiais. É dito que o povo dá ao imperador/príncipe o direito de legislar. Os decretos do imperador vêm do auxílio de um conselho técnico de juristas que o orienta a elaborar normas/constituições. O Código possui a vontade do imperador. A obra foi feita em 530. 12 livros compõem o Código. A ordem é do Edito do Pretor. Também os 12 livros são separados por matérias. Dentro de cada título, além da ordem de matéria, há também a ordem cronológica. O Digesto, por sua vez, tenta manter uma ordem lógica da matéria. 
Institutas
Os professores de Direito possuíam os manuais com base nos quais era ensinado o Direito. Ordem de exposição dirigida ao aprendizado. Destinado não à aplicação do Direito, mas a seu ensinamento. Há duas Institutas: a de Gaio, jurista clássico das províncias na área helênica e escreveu o manual em 138 d.C., depois Justiniano pediu a atualização das Institutas de Gaio, que se tornaram as Institutas de Justiniano (531). 4 livros. Os civilistas e humanistas franceses, depois, reorganizam as obras para compor o Código. As institutas: sujeito (pessoa), coisa (objeto), obrigações & sucessões, ação (processo).
Novelas
Novas Constituições. Todas as Constituições de Justiniano que foram feitas depois do Código, sem organização, somente por ordem cronológica. 
O Digesto se lê: 1.1.1.pr – Livro 1, título 1, fragmento 1, princípios. São as coordenadas. 
Esse fragmento estava no começo do manual de Instituições de Ulpiano.
Código se lê: 4.32.3 – Livro 4º, título 32, Constituição Imperial 3. 
As Institutas se lêem: Gaio - G.1.2. – Comentário 1, fragmento 2. 
 Justiniano – J.1.2. – Comentário 1, fragmento 2.
A Constituição
O povo, organizado sob um mesmo território, começa a sentir necessidade de resolver problemas comuns. Um dos principais é que um outro povo venha e queira tomar o território. A defesa é a primeira necessidade sentida pelos povos, quando se organizam, então, os primeiros exércitos. A primeira organização observada é o exército. Os primeiros não são nada mais do que uma grande Assembleia. Havia deliberação sobre o chefe, etc. A partir de então existe essa organização e aproveita-se dela para resolver outras questões. Quanto mais simples as demandas da sociedade, menor seu grau de institucionalização. A constituição é o modo como o povo se institucionaliza, as estruturas que ele cria para cumprir essas funções (judicial, deliberativa, defensiva). Deliberar é julgar algo para o futuro (lei na Assembleia). Julgar é deliberar algo que aconteceu no passado. A Constituição romana é empírica: vai dependendo das necessidades que o povo romano tem. A evolução da Constituição será analisada predominantemente em relação ao Direito. De onde nasce o Direito, quem cria a regra jurídica etc. 
Há uma primeira fase monárquica, na qual havia um rei, SPQR (Senatus Populus Que Romanus – o Senado e o povo de Roma). SPQR é uma das instituições básicas e mais duradouras de Roma. Escolhe-se um rei, o único cidadão romano que pode apelar ao senado e ao povo de Roma e criar leis para o futuro. O rei junta todas as funções.
A segunda fase é a Res Publica, que se inicia com a deposição do rei de Roma pelos plebeus. De 509 até 27 a.C.
A terceira fase é o Principado, com Augusto. Segue atuando o Senado e a Assembleia. Consolida-se o Império Romano e, com o aumento da população, a Assembleia não consegue mais se reunir. Pela Lex de Imperio Vespasiani, o povo dá ao príncipe o Direito de legislar. O príncipe está acima da lei, ele é a Constituição, possui o poder em última instância. Entre 285 e 375 tem-se a progressiva concentração do poder.
A quinta fase é o Dominato, na qual o príncipe se torna imperador e governa independente do senado. 
Fonte é a origem. O termo latino fons significa o orifício de onde se origina a água. A fonte do Direito é a fonte de produção do Direito e também a maneira como ele aparece na superfície, circunstância na qual ele se mostra. A fonte remota da lei é uma Assembleia deliberante. A fonte da doutrina são os peritos em Direito. A jurisprudência tem origem nos tribunais. 
A iurisprudentia vem espontaneamente de membros da sociedade que se especializam em matéria jurídica ou de órgãos da sociedade (Legislativo, administrativo, Judiciário). 
Lei Hortênsia: equipara plebiscito à lei somente se o Senado confirmar. 
Edito do Pretor: plano de ação jurídica do pretor. 
Modos da Técnica
- Casuísmo problemático e sistematização
- Problema, Direito, respostas, questões, regras
- Sistema, comentários (Digesto, instituições, definições).
Sexta-feira, 1 de abril de 2016
Aula 3
DR. Ius ars boni et aqui
Direito (princípios, regras e conceito) vigente em Roma de 753 aC até 565 dC – Vários Iura 1 só Ius.
Divisões: Ius/Fas (limite ao poder D.1.8.8.pr, fç dos sacerdotes (áugures, pontífices, etc)
DR arcaico – jurisdição (aplicação) e jurisprudência (interpretação) dos pontífices (processo, ações da lei, como chegar à regra: racional x irracional) (D.1.2.2.6)
Ius – Iupiter (divindade dos pactos, acordos e confiança) – Iustitia 
Laicização (XII Tábuas 450 aC, Pretura 367 aC) – D.1.2.2.7 – Ius Flavianum: jurisdição civil, jurisprudência democrática.
DR civil/natural/gentes (co-vigência virtual)
DN D.1.1.1.3/ G 2.6.5 e 66 – homens/animais? / só homens? / ordem cósmica/Antígona
DG D.1.1.1.4 pretor peregrino (242 aC) – povos humanos (religião, resistência LD, guerra. Escravidão, manumissão. Patronato, domínio, contratos – D.1.8.2.1 coisas comuns).
DC – do povo de Roma – contingente
Civil x Honorário D.1.1.6.1 + D.1.3 (cost x hese)
Honorário – D.1.1.7.1 e D.1.2.2.10
Público x Privado – D.1.1.1.2 – Res Romana – sacra/ sacerdotes / magistrados (Império)
Privado – utilidade particular (potestas)
Conceito de Direito Romano e as divisões do Direito – Síntese do Corpus Iuris Civilis 
O material estudado é uma síntese de normas. Os etruscos, os latinos e sabinos formam Roma. Era uma cidade multiétnica com a união de valores distintos. 
As religiões politeístas antigas cristalizavam em deuses valores queo povo cultuava. Prestar homenagem à divindade era, portanto, honrar determinado valor. Atualmente, traduz-se ius como direito, conjunto de normas. ‘Direito é o sistema’ nesse sentido, ‘arte’, tem a ver com ‘artífice’, ou seja, a pessoa que cria. Os romanos, portanto, desvinculam a origem do direito de divindades, entendem que o direito é criado pelos humanos. O bom é um conceito de justiça absoluta e o equitativo é um conceito relativo. Portanto, ius (o direito romano) é um conjunto de normas boas em absoluto e (quando não) dependem de um critério de equidade. Logo, o direito romano é um sistema aberto. São normas que têm uma forte perenidade, não são eternas. Os romanos identificaram que tinham que endeusar a deusa Fides (deusa da confiança) – portanto, proteger o valor da confiança. Os egípcios e cartagineses possuíam sistemas internacionais de cartórios. Os romanos evitam definir e optam por criar regras adaptáveis a determinada situação. 
Os romanos fazem a ampliação e assimilação da cidadania a outros povos residentes em Roma. Vários sistemas se interpenetram e as sistematizações que levam ao Corpus Iuris Civilis tentam fazer a eliminação de diversos sistemas para transforma-lo em um único. Isso é produto de um longo período de tempo.
Divisões 
Algo que já havia acontecido na Grécia: separação do direito divino e do direito humano. Em Roma, o direito nasce ligado à religião. Antes de se chegar no Direito, há a necessidade de outras normas de base. Em Roma, não é um direito de cunho religioso, embora nasça com o embrião da religião. Os sacerdotes que começam a aplicar o Direito não criam, apenas aplicam costumes sociais. 
A primeira divisão do Direito Romano é a do Ius e Fas: direito e religião – representação do limite ao poder. A religião romana endeusa valores e tem, por finalidade, unir os clãs que darão origem às civitas. Até um determinado momento, as famílias eram mais poderosas do que a cidade. A associação de clãs à religião acarreta a formação das cidades. Os cultos eram organizados pelos sacerdotes, são criados vários sacerdócios: uma doação para a cidade, é uma maneira de manter as famílias unidas, noção de coletividade. Os áugures eram os sacerdotes que diziam quais eram os dias fastis e nefastis (factíveis e não factíveis) de assembleias e etc. Estudavam uma ciência de observação de sinais e esses sinais diziam qual era o momento propício para que determinados eventos acontecessem. Havia nisso um aspecto irracional, mas também pode ser observada uma função de controle do todo. Os pontífices são os sacerdócios mais importantes de Roma, escreviam os anais (lista de acontecimentos importantes em Roma seguida de análise dos pontífices sobre se a conduta estava correta ou não). O direito é julgar as condutas certa e errada e criar normas que premiem isso, pode-se observar esse início. 
Basicamente, o digesto separa as coisas em divinas e humanas. Ou seja, coloca duas esferas: a de controle dos homens e as de controle dos deuses. Por exemplo, fontes ou bosques eram tornados divinos no âmbito de que ninguém se aproximasse daqueles lugares, é uma espécie de proteção aos recursos naturais, isso estava nas mãos dos sacerdotes. Nem o povo de Roma tinha poder de mudar isso, era matéria religiosa. 
Os pontífices vão desenvolver as primeiras técnicas de processos. Criam cinco ações, dividem o processo entre cognição e execução. Eles deviam dizer qual era a regra e conferiam uma ação para quem achavam que tinha maior direito. Criam assim o reconhecimento de um direito e assim se criam, progressivamente, as regras materiais.
Cognição – processo de conhecimento: saber ou identificar, dentro do conflito, quem tem o direito. 
Execução – como cobrar o cumprimento do direito.
Segundo ponto: A diferença entre direitos reais e pessoais (relações de pessoa x pessoa e pessoa x coisa). 
Os pontífices se reúnem secretamente para debater sobre os processos, esse sistema cria o direito material. O grande drama do colégio dos pontífices é de que ninguém sabia como eles chegavam à norma. A Instituição Jurisdicional da Roma Arcaica torna-se o Colégio de Pontífices. Isso incomodava a plebe de Roma, uma vez que o Colégio era formado por patrícios. A defesa era feita pelo próprio indivíduo, em Roma não havia o conceito de representação de uma pessoa. Era um sistema religioso, mas não necessariamente se chegava às regras por meios irracionais. Inicia-se o processo de laicização do direito romano, separação entre religião e justiça. 
A jurisdição é, então, separada da interpretação. A interpretação é dada a partir de então por qualquer um e o pontífice aplica. Inicia-se o processo de especialização em auxílio a defesa. Outro processo de laicização são as Doze Tábuas. Nesse período, os que governam Roma são os Decênviros. Há uma revolta em Roma e os plebeus exigem leis. São nomeados dez varões romanos para produzir as primeiras leis escritas e divulgadas publicamente. Há vários elementos de Hamurabi melhorados. Para os plebeus, era um elemento de grande igualdade civil. Em 450 a.C. tem-se então, essas Leis das XII Tábuas. A interpretação torna-se democrática. 
Em 367 a.C. é constituído um cargo público cuja função é de aplicação do direito, é o cargo de pretor. As leis se desvencilham então completamente da religião. O pretor está somente abaixo do consulado. A pretura é um cargo apenas jurisdicional, não subordinado a ninguém e autônomo. Seria análogo ao STF atual. Caso os Cônsules fossem para a guerra, o pretor era chamado provisoriamente para governar. 
O Direito Romano também cita três grandes fontes de normas: o Direito Civil, Natural e o Direito das Gentes. O único coercivo dentro da cidade de Roma é o direito Civil. O direito natural é o mínimo denominador comum jurídico que obriga todos os seres humanos. A crença do direito natural é a de que existe na matéria biológica um poder mínimo de identificação entre certo e errado. Então, a liberdade ou arbítrio consegue ir além do direito contingente. 
Direito biológico e Direito Civil (direito definido por assembleia para a civitas, valendo contingencialmente naquele espaço, por costume e por lei). Os romanos identificam também um terceiro setor: o direito das gentes. Que, até então, não havia sido identificado por nenhum povo. É um direito identificado em diversos povos. Os romanos conseguem identificar o direito das gentes pela transformação em império. Toda vez que Roma anexa um território, é criado um Pretor Peregrino, enviado para esse. Os povos do local podem escolher entre utilizar o Direito do pretor peregrino (romano) e o direito estrangeiro. Surge a necessidade de criação de um Direito que satisfaça a nova circunstância. Os romanos identificam como características comuns para o direito das gentes a religião, a injusta opressão (direito de legítima defesa), a escravidão (vários povos reconhecem a escravidão), a manumissão (mobilidade da condição de escravo para homem livre), patronato (relações recíprocas de proteção entre o patrono e o liberto), domínio (direito cultural), contratos (idem). Também a divisão das coisas comuns à todos (mar, água corrente, ar). Quem cria o sistema de regras denominado Direito Das Gentes é o pretor peregrino, ele cria as normas pela identificação de regras compatíveis. Identifica dois modos de pensar distintos. 
Direito civil é o direito contingente – a vontade, as circunstâncias e os fatos determinaram que assim fosse. Os romanos olham para outros povos e tentam buscar sistemas com o poder de melhorar o direito civil. A busca pelos melhoramentos se dá pela análise natural no tempo e nos direitos alheios. Se a união é de casamento, o filho segue a condição do pai. Se não há casamento civil, apenas união, o filho segue a condição da mãe. 
Pelo senatusconsulto Claudiano, foi determinado que se houvesse uma relação natural entre uma mulher romana e um escravo sem autorização do dono do escravo, e se essa relação gerasse um filho, esse filho seria escravo. Com a sucessão de Adriano, soba alegação de que o direito do senatusconsulto é deselegante e iníquo, essa regra é revogada. O direito romano questiona os fundamentos das regras e tem mecanismos para modifica-las. Registrar o direito e organiza-lo permite fazê-lo. 
Outra divisão é entre Direito Civil e Honorário. Leis, costumes, plebiscitos, senatusconsultos, jurisprudência, constituições dos príncipes. Em Roma, o desuso revogava a lei, o que não acontece no Brasil atual. O edito do Pretor era o chamado edito honorário. O pretor é um dos mecanismos de correção. Sâo dois sistemas: o direito civil e o sistema honorário. O direito do pretor só é válido durante o período em que ele está no cargo, sendo um cargo anual, o direito é válido por um ano apenas. O pretor adjetiva, agrega o direito civil. Ele tem poder de criar regras e mesmo corrigir as leis romanas (evidentemente com restrições). Havia possibilidade de reeleição. As regras dos pretores acabam ganhando permanência por identificação das [regras] dos pretores posteriores às dos anteriores. 
Enquanto existiu o cargo de pretor, havia uma diferença entre esses dois sistemas. O Direito pretoriano passa a fazer parte do Direito Civil e ganha igualdade de Condições no Corpus Iuris Civilis. 
Ainda, há a divisão entre direito público (do povo romano) e direito privado. Todas as regras que dizem respeito à coletividade estão acima das que se referem aos direitos particulares. Portanto, direito privado é o conjunto de regras que regem as relações entre dois particulares em igualdade de relações. As regras de direito público são indisponíveis, as do direito privado são disponíveis, podem ser escolhidas pelas partes. Se chegarem a um acordo, podem usar uma regra diferente da que estava prevista pela civitas. 
Tudo isso vai convergir em um direito único que se dá totalmente apenas na compilação do direito escrito por Justiniano no Corpus Iuris Civilis.
Sexta-feira, 08 de abril 
Aula 4
Jurisprudência romana: encontra/interpreta organiza as normas. Constrói o sistema. D.I.2.2.4.I Q. Múcio
Direito das pessoas e família – atualidades (1) bioética (2) PJ (3) Sujeito de Direito x Ser Humano – dignidade humana
Direito romano 
a) Conceito (significado técnico-jurídico – homines/persona indistintos (G.19/D.1.5) – etimologia: Gell 5.7 ‘personare’ (máscara). 
b) Ordem Sistemática: D.I.5.2 (pretor), G.1.2, I.1.3, D.1.5.1 – princípio fundamento do sistema
c) Pessoa Natural: 3 critérios de atribuição de direitos/deveres (liberdade, cidadania e família)
Gai.1.9 – summa divisiopersonarum: livres, escravos, (liberdade). Livres: ingênuos (cidadãos), libertos (cidadãos, latinos, diditícios, cidadania). Sui iuris x alieni iuris (G.1.48) (família).
Livres: (1) ingênuos – cidadãos – titularidades de direitos civis (homens e mulheres D.1.5.9) e de direitos políticos (homens: auctoritas – senado, voto – assembleia, império – cargo) ou (2) libertos até 212 d.C. – cidadãos/ latinos (sem testamenti factio)/dedictícios (sem direitos)
Escravos: condição única – coisificação imperfeita (1) regime jur. Coisa: direito civil – deixa-se vender (livre) / filho da escrava (quase fruto x usufruto). (2) sem capacidade jurídica: agir válido e processo x pecúlio. (3) maus tratos: república: censura, principado: vender (G.1.5.3). (4) morte: XII Tábuas – indeniza, Constantino (319).
Para os romanos, o termo lei é utilizado genericamente para se referir a qualquer norma jurídica. A norma jurídica pré existe e deve ser objetivada. Os mediadores de transformação das normas são: sociedade + costume, assembleia + lei, pretor + jurisdição, jurista + doutrina ou ciência jurídica. Em sentido romano, lei é um consenso expresso da cidade na assembleia. O costume é o consenso tácito da sociedade sobre regra jurídica. O edito do pretor ou a jurisdição era o programa criado pelos pretores, votado e aprovado, no qual explicavam as normas que aplicariam nos julgamentos. Para o direito romano, jurista é todo interprete douto que pode intervir e contribuir (mesmo indiretamente) para o direito romano.
Sujeitos do Direito Romano – Gaio divide em sujeito, objeto e verbo. 
A família é a célula-máter da sociedade romana. 
Sexta-feira, 15 de abril 
Aula 5
Gai 1.4.8 No Direito romano, os ‘sui iuris’ não estão submetidos ao poder de mando de ninguém. Os ‘alieniiuris’ estão submetidos ao poder de alguém: podem ter direito, podem exercer atos válidos até o momento em que a outra parte não questione a validade desses atos; não pode, também, postular direitos em juízo (buscar direitos próprios). A diferença reside nisso: ambos possuem Direitos, mas podem exercer mais ou menos. Estavam sob poder do pater-familias todos os filhos (naturais ou adotivos), a mulher, os escravos, os mancipes (pessoa vendida pelo pater-familias, porém, com preservação de sua liberdade, havia cláusula de devolução ao final do contrato).
Pessoa na família
Família – D.50.16.195.2
Criada por Ulpiano, quando comentou o edito do pretor: família são as várias pessoas que, por direito ou natureza, estão sob poder de um pater-familias. O poder do pater-familias cessa somente com a morte. Três poderes do pater-familias: pátrio poder, manus e auctoritas (poder sobre os curatelados – aconselhamento). 
A menor sociedade da civitas romana é a família. Ela se instaura no casamento (união homem/mulher). O poder que existe no âmbito da família chama-se potestas e é baseado nele que se cria normas. No primeiro momento, o contrato de sociedade advém dos primórdios de Roma e não é uma razão de poder. Há um acordo sobre quais são os papéis de cada um, e depois disso converte-se em uma monarquia, na qual o pai de família é o chefe absoluto. A maior sociedade é o povo. O poder que corresponde à potestas na família, na sociedade chama-se império (poder de mando). Os chefes ou administradores da sociedade gerenciam o império. O poder de conselho na sociedade refere-se à relação do Senado com o povo. 
Pátrio poder: poder do chefe da família sobre seus subordinados, nesse caso, o do pai sobre os filhos. Com a morte do pater ou com sua escravidão, seu poder se extingue. Também há a possibilidade de os filhos serem emancipados. No entanto, os filhos emancipados igualmente deixavam de fazer parte da família, não integrando a partir de então a linha sucessória, a não ser por determinação expressa. Nos primórdios do Direito romano, era um poder de vida e morte. 
Sexta-feira, 29 de abril
Aula 10
Há cinco ações gerais da lei: três de conhecimento (ciência do Direito) e duas executivas. Analisar-se-á o processo de mudança do Direto processual. A criação das cinco ações da lei surge no âmbito religioso, o primeiro aplicador é o pontífice. Os romanos passam a detestar as ações da Lei. Todas as ações estavam previstas em leis. Há uma nova tipologia que surge não interna entre a civilização. Ela surge extramuros da cidade, pelo pretor peregrino. O pretor peregrino era enviado para dizer o direito entre cidadãos romanos e não romanos e também para quem quisesse. Ele vai detectando, portanto, um direito supranacional que passa a ser de identificação tanto dos direitos romanos como dos não romanos. Ocorre que os romanos não podem litigar pelo processo que surge com o pretor peregrino, que surge em 242: no Direito entre romanos dentro de Roma, o pretor urbano, segundo o direito da cidade de Roma, é quem diz a lei. Os romanos passam a achar mais interessante o novo processo criado pelo pretor peregrino.
Em 120 aC, a lei Ebusia autorizou os cidadãos romanos e litigar pelo processo do pretor peregrino. É uma evolução processual. Há certos questionamentos sobre a incidência total dessa lei sobre os processos. Em 17 aC é proibido aos cidadãos romanos litigar pelo processo do pretor peregrino. Em 342, uma Constituição Imperial sepulta o processo formular. 
PRETOR
 
Ele é basicamente o titular da jurisdição. Na república romana nasce a jurisdição. Há dois cônsules titulares do Império: poder de mando e poder político em Roma. Eles têm podertotal de ação e veto em relação um ao outro. Entenderão que não têm tempo para questões jurisdicionais. Não interessa a eles o poder de jurisdição, porém sente-se que se deve tirar da religião esse poder. Cria-se, então, o pretor. O pretor é criado pela competência de dizer o direito entre as partes e de dirigir o processo de aplicação desses direitos. A única situação em que o pretor realiza funções que não são as suas é quando os dois cônsules saem da cidade. Como hoje o presidente do STF assumiria na ausência do presidente da república, do vice e dos presidentes da câmara e do senado. Vê-se que, nessa circunstância, os cônsules nunca invadem a competência do pretor, portanto, pode-se dizer que ela está em igual posição da função consular. Durante o período republicano, então, pode-se assemelhar a situação jurídica como caracterizando um Estado de Direito. O pretor é titular do Império Menor. Ele coordena a aplicação das normas e dirige o processo. 
Pretor Urbano: Julga na cidade de Roma e até 100 milhas da cidade. Aplica o Direito Civil: conjunto dos costumes, das leis, dos plebiscitos, dos senatusconsultos e dos editos dos pretores. Possibilidade de suprir as lacunas, corrigir os defeitos e melhorar, assim, o Direito civil. A norma jurídica é resultado de seu acolhimento e repetição continuamente durante várias preturas, assim se torna fonte de Direito: só as coisas constantemente julgadas e sempre aplicadas do mesmo modo se tornam regra. Cada fórmula produzida pelo pretor no processo formulário substituirá os entendimentos do pontífice. O nome da fórmula em latim é iudicium (juízo), sua função era reconhecer a existência de um direito devido ou não. Uma ação para cada tipo de direito se formará no processo formular. O pretor pode criar ações fictícias no objetivo de corrigir o Direito civil. (Gaio 4:36). Ele cria Direito através do processo: primeiro pensou-se na ação para efetivar o Direito. 
Para que o processo comece, é necessária a citação do chamado em juízo. Existe um Direito ou interesse juridicamente relevante que se quer proteger. Em Iuri se decide a norma, o direito, sendo, hoje, basicamente o papel do STJ e do STF. Quem analisa os fatos no direito romano é o juiz ou o árbitro. O juiz analisa as provas para ver quem é o titular do direito e quem é a parte que lesou o direito alheio: é basicamente uma análise probatória. Em seguida, dá a sentença. 
Sexta-feira, 06 de maio
Aula 11
Invenções pretorianas surgidas dentro do processo formulário incorporadas: são instrumentos que o pretor sente necessidade de criar para conseguir aplicar o processo formulário e que serão mantidas de modo permanente. Têm por objetivo conceder objetividade ao processo.
Interdito (função cautelar): ditos durante o processo. São eficazes e deve-se tentar preservá-los. Tipos: (1) proibitório – vin fieri veto. Proíbe-se que se utilize a força. No curso do processo, o pretor sente a necessidade de emanar essa proteção e veta sob pena de multas e etc. (2) restitutivo – determinação da restituição da posse da coisa para garantir o resultado final do processo. (3) exibitórios – ordem para exibir documentos, provas etc (origem do Habeas corpus). 
Restitutio In Integrum – retorno da coisa integralmente à situação anterior motivada pela invalidez do ato (exemplo: contrato feito mediante dolo, fraude, coação, lesão – atualmente denominados “vícios da vontade”). São identificadas as causas pelo pretor.
Missio In Bona (colocar alguém em posse da totalidade do patrimônio de outro) e Missio In Possessionem (trocar o titular do direito de uma única coisa). O segundo é um progresso do primeiro.
Estipulações Pretorianas – promessa que o pretor determina para a parte no caso de descumprimento (multas etc.). 
Todos esses poderes estão nas mãos do pretor, não cabe aos juízes sua determinação.
Terceira e Última Fase do Processo Romano
Aproximação do processo atual
Em 17 a.C. cria-se um tipo de processo que se inicia restrito a duas situações e estende-se, progressivamente, a todos os casos. Antes disso, surge os principados, nos quais o príncipe está acima de todos, ele reúne todo o poder. Ele destaca uma fração da jurisdição de seu império total criando dois tipos de pretores (além dos já existentes): (1) os de tutela e (2) os de fideicomisso. O príncipe reconhece uma figura de interesse relevante: comissão de confiança - entregar ao herdeiro o poder de administração do patrimônio após a morte do então titular, através de testamento (basicamente). Nada no Direito civil obrigava o herdeiro a cumprir esses votos, era simplesmente uma comissão de confiança. As demandas começam a chegar ao príncipe e ele, então, cria o pretor fideicomissário através de uma constituição, no objetivo de fazer cumprir as atribuições que o falecido deixou ao herdeiro. Essa categoria de pretor representa um braço administrativo do príncipe, portanto, subordinado a ele. 
Da metade para o final do principado, estabelece-se a decadência da republica, com o Dominato.
O Edito Pretoriano faz com que o pretor urbano perca autonomia: o pretor não pode mais criar regras novas, apenas utilizar as que constam no edito. O juiz da Cognição Extraordinária é a longa manus do imperador. Progressivamente todos os pretores passam a ser chamados de juízes funcionários. Ao final, todos os cargos resumiam-se como corpo da administração pública cumprindo as ordens do Imperador (cabeça). Por volta de 130 d.C., institui-se o processo principal. Apenas em 342 d.C. o processo formulário será totalmente abolido, ainda que não haja mais sentido em litigar por ele desde muito tempo antes.
Muda-se para um processo monofásico controlado pelo juiz oficial desde a citação até a execução da sentença. Antes, havia o pretor e o juiz. Tem-se a ideia de hierarquia, que não existia na República. As partes são submetidas ao juiz oficial (ele tem parte do poder que possuía o pretor durante a República). O Juiz Oficial coordena todo o processo, porém está subordinado ao príncipe. O Juiz Oficial não possui autonomia funcional e o que garante sua imparcialidade é a possibilidade de a parte recorrer à Instância Superior (príncipe) reclamando de julgamento parcial. A proteção das partes frente ao juiz é a possibilidade de recorrência ao príncipe. O Conselho de Juristas faz com que os temas surgidos sejam debatidos com o Imperador: os juristas relatavam os casos e explicavam seu parecer e o príncipe concordava ou argumentava com os juristas, mas a palavra final é do Imperador. Imagina-se que desses conselhos nasceram os princípios basilares e mais importantes do Direito Romano. O conselho possui somente auctoritas, cabendo ao príncipe o Imperio ou Potestas. 
No processo formulário havia a litiscontestatio – as partes comprometiam-se a obedecer a sentença do juiz. Aqui já não ocorre mais essa necessidade, uma vez que as partes estão submetidas. Agora, a conotação da litiscontestação passa a ser a de função de resposta do réu. (litiscontestatio: testemunhar junto à lide). Uma outra função é a de sentença: a preclusão ou consumação da ação só pode ocorrer no momento da sentença. 
Processo: 
Citação Oficial – progressivamente o autor só informa a ação contra a parte. A diferença é de que antes, se o chamado em juízo não estivesse presente, o processo não poderia se iniciar. Agora, se o réu citado não comparece, ele é tratado como revel (revelia). Se o autor não comparece, a tendência é de que o réu seja absolvido. 
Defesa – Antes, a defesa do réu era a exceção. Agora, qualquer afirmação do réu é válida e demanda prova, até o momento da sentença. 
Provas – Durante todo o processo formulário, vigorava o livre convencimento do juiz. A partir de Diocleciano, ocorre uma maior rigidez determinando qual as provas prioritárias (perícia, documentos públicos, documentos privados confirmados, testemunhas e juramento). As provas passam a ter uma ordem de valor. A confissão não substitui a sentença. Essas definições surgem por decreto com base no Conselho de Juristas.Diocleciano é o grande centralizador do poder. Apesar de haver um tabelamento de provas, caso haja confissão, ela não substitui a sentença. 
Sentença – passa a ser escrita e lida. No século V, começa-se a ter a demanda apresentada por Libelo (Petição Inicial). A sentença poderia possuir qualquer conteúdo, não necessariamente contendo valor monetário. A sentença determina a preclusão: não se pode mais entrar com o mesmo objeto pelas mesmas partes. Ela institui Coisa Julgada. Existe um prazo para cumprimento voluntário da sentença podendo varias de 2 a 4 meses.
Recurso – diretamente para o juiz que elaborou a sentença. O Juiz pode fazer um relatório alegando os motivos ou reconsidera-la. O recurso suspende o prazo de execução voluntária.
Execução Patrimonial – (1) geral: missio in bona (coloca-se alguém na plenitude do que perdeu a ação) e vendito bonorum-hasta (venda de todos os bens em hasta pública) controlada por um oficial (2) específica: coisas determinadas (oficial retira à força) ou dinheiro (o oficial pode penhorar bens – primeiro se vende os bens móveis, seguidos de imóveis e, em último caso, direitos). 
Sexta-feira, 20 de maio
Aula 12
DIREITOS REAIS
Conceito-coisa: porção do mundo real – utilidade –P = fim/C = meio
Summa divisio gaiana clássica (corpóreas/incorpóreas) – G.2.1 (1) Direito Divino – invioláveis/extra commercium (sagradas, religiosas, santas). (2) Direito Humano – entre os bens de alguém (públicas: uso público x in pecúnia Populi e privadas: dos particulares).
Pré-clássica: mancipi x nec mancipi
Pós-clássica: (1) no patrimônio – corpóreas x incorpóreas (2) extra patrimônio – comuns DN (ar, água corrente, mar); comuns DG (vias, portos, rios); universalidades (teatros, estádios); de ninguém (religião, sagradas/santas). 
DR propriedade 
- Amplo/ exclui terceiros/ ilimitado x limitação. Ação reivindicatória/negatória e exceção de justo domínio.
- 3 sistemas (cidadão, solo italiano/coisas móveis, ações): (1) Quiritário (2) Pretoriano (regras civis + pretorianas, ação publiciana, exceção de coisa vendida/entregue) (3) Justinaneu (uniforme x posse x DR sobre coisas alheias).
Outras: consum/inconsum.; principais/acessórias; simples/compostas...
Sexta-feira, 27 de maio
Aula 13
Sexta-feira, 03 de junho
Aula 14
OBRIGAÇÕES
A antítese da obrigação voluntária é a involuntária, que independe da vontade de pelo menos uma das partes. O Direito Romano não possui clareza no aspecto de como foi o desenvolvimento do contrato, que é uma obrigação voluntária. Atualmente, quem determina que a vontade obriga é a lei. Em Roma, não, é apenas em análise posterior que se constrói essa conclusão. A obrigação voluntária é apenas uma parte do Direito das Obrigações.
História
Obrigações Voluntárias
Na análise histórica, divide-se as obrigações do Direito Romano entre voluntárias e involuntárias. Na história de Roma, qual das duas poderia ter surgido antes? Segundo os romanistas, o foco da análise reside na discussão da proveniência de cada uma. As voluntárias são obrigações assumidas com base na própria vontade. Na história, analisa-se que a vontade de assumir uma obrigação voluntariamente não era juridicamente regulamentada, se dava na base da confiança (fides), sendo possível, portanto, ter sido uma das primeiras formas. À exemplo dos empréstimos: aquele que recebeu está sujeito/subordinado/subjugado, pois tem o dever de restituir, não havendo garantia desse dever exceto a confiança (fides). O Direito surge na sociedade através do processo, regulando as ações, garantindo o Direito ou a ausência dele. Esse direito, portanto, não existia no início das obrigações.
A figura do nexum era uma tentativa de equilibrar essas relações, não sendo um contrato, mas apenas uma garantia do Direito real. O nexii adicti era um penhor, podendo ser uma pessoa (hipotecável) utilizada como garantia em caso de não pagamento (por meio do trabalho do indivíduo até que se equivalha ao valor devido). O penhor é tratado, na prática, dentro de uma condição semelhante à de um escravo. Há uma suspensão temporária de seus direitos de cidadania. Posteriormente, a dívida já não incidia sobre o corpo da pessoa e sim sobre seu patrimônio, finalizando esse sistema de garantia real baseado no corpo da pessoa. Por isso não se fala no nexum como obrigação, ele é apenas o gérmen da obrigação, é propriamente um direito real. Em 326 aC. O nexum foi proibido. 
Em 450, as XII tábuas preveem uma ação que teria originado o sentido atual de obrigação voluntária. Legis Actio Iuris Periodis Postulationi Arbitrivi – ação da lei para postulação de árbitro ou juiz. Primeira ação no objetivo de garantir uma promessa verbal (sponsio). O que obriga não é a vontade, mas a forma. Tem-se, então, uma ação. Caso a promessa não seja cumprida, o credor tem o direito sobre essa ação, ele pode buscar de volta a dívida, a sociedade legitima o ato, disponibilizando um instrumento de cobrar a dívida por meio de um pontífice/juiz. Isso era regulado apenas pelo direito, não existindo mais relação de direito real baseada no penhor. A LAIAP é uma tentativa de proteger a vontade das pessoas mantendo suas liberdades em plenitude. É um modo criado pela sociedade de não impactar na liberdade do sujeito, tratando-se apenas de uma sujeição jurídica. Na execução, é possível negociação sem obrigar as pessoas a se escravizarem para pagar suas dívidas. O equilíbrio das partes garante que elas possam ter mais proteção, assegurada pela sociedade, sem ficarem à mercê uma da outra. 
Obrigações Involuntárias
Quando o Direito impõe uma obrigação sem base na vontade. É a figura do dano (quando alguém causa dano a outrem a sociedade a obriga a reparar), obrigando a indenização. Nos primórdios, entretanto, não foi assim. Um dos princípios do direito romano é o de não lesar a ninguém: pode-se ter poder de produzir dano a outrem, mas não se tem o Direito de fazê-lo. Quando o dano gera a obrigação? Se alguém produz dano a outrem, a sociedade instrumentaliza uma reparação. As obrigações involuntárias em Roma surgem ligadas a uma forte ideia de pena e, ao final, enfocam-se apenas na noção de reparação. Na sociedade pré-direito, o modo de reparação era a vingança. 
No primeiro momento de intervenção, a sociedade obriga a pactuação (pactio), excluindo a vingança como forma de reparação. Para que não haja vingança, há pagamento. Para determinadas tipos de dano, a sociedade obriga determinados tipos de reparação. São esses danos os que serão reconhecidos como delitos/danos privados. Nos públicos, há uma outra linha de desenvolvimento. Exclui-se aqui também o ramo de Direito penal, no qual a reparação é a pena. Apenas os Direitos Privados entram para o Direito das Obrigações. 
A sociedade obriga à composição pecuniária: pactuação. São danos que não afetam a sociedade no geral, mas uma pessoa. Os danos que afetam a sociedade como um todo não são passíveis de pactuação, sendo classificados no ramo de penais. Para os romanos, furto, roubo, injuria e dano eram os casos referentes a pactuação compulsória.
Há a criação de uma pena pecuniária para delitos privados que, em um primeiro momento, admitem ‘e/ou’. Essa divisão é gradual. Em outras situações, há a definição de pena corporal, que era tida como uma modalidade de pactuação. Ao final do processo, a pena é somente pecuniária. Ao final, a pena corporal ficará restrita ao direito público e a pecuniária ao privado. Apenas em Justiniano observa-se no delito privado uma mera neutralização do dano. 
Conceito
O melhor conceito de obrigação é dado por Justiniano: a obrigação é um vínculo (corrente) jurídico por estar protegido/amarrado/obrigado (ob ligatum – estar ligado) a algo. Não se trata de uma corrente física como ocorria no nexum, é uma garantia jurídica. Ela é fundada nas regras do direito romano, através do qual constringe-se alguém a dar, fazer ou prestar algo. O Direito pessoal existe apenas limitado a dar, fazer ou prestar a outrem. 
Vínculo
De início, tem-seo vínculo jurídico, que é a causa, a razão pela qual se está obrigado. Em Roma, as causas são, na obrigação voluntária, por exemplo, a sponsio (promessa verbal protegida pela ação da lei). A promessa só é cobrada quando se tem a ação, porém, a ação é apenas fator de garantia. O que verdadeiramente obriga é a ação. Atualmente, o vínculo jurídico é a lei, por meio do contrato. Não se fala, hoje, em causa. O Direito Romano não diz que a vontade obriga, mas que a causa obriga – obrigação causal. 
Sujeitos
Como outro elemento da obrigação, têm-se os sujeitos: o credor – titular do crédito, protegido por ação; e o devedor – titular da dívida. Podem terceiras pessoas intervirem pelo devedor, são as chamadas garantes: praes ou vindex. Atualmente, os garantes traduzem-se na figura dos fiadores. 
Objeto
O objeto da obrigação: dar, fazer ou prestar. Dar refere-se a bem de terceiros. O fazer refere-se à realização ou à não realização dessa ação (abster-se de fazer). Prestar traduz-se pela garantia (em última instância, pelo patrimônio). Quando não se pode buscar o objeto, tem-se o Direito a buscar-se uma indenização. O objeto deve ser lícito, possível e não contrário aos costumes. 
Conjunto da obrigação = vínculo + sujeitos + objeto.
Classificação
Gaio divide-as em obrigação por contrato ou por delito. Justiniano (530 dC) divide-as em contrato, quase contrato, delito e quase delito. Tanto em Justiniano como em Gaio, as obrigações de contrato são as mesmas. Além da causa voluntária, têm-se quatro categorias: 
O verbo (manifestação verbal) nos casos de sponsio (obrigação do ius civile) e stipulatio (contrato correspondente à sponsio no ius gentium). O contrato verbal tem ação.
O escrito. 
O real, subdividido em três tipos de contrato real: (1) mútuo – entrega de uma coisa (tradere res) fungível, consumível que seja de propriedade do entregador. A obrigação do contrato mútuo é de devolver algo na mesma qualidade, na mesma quantidade no prazo convencionado. O mútuo transfere a propriedade da coisa. O direito de quem recebe é de consumir e o dever é de devolver uma outra coisa. (2) comodato – tradere res não consumível ou que não será consumida. É transferido o direito de uso ou fruição da coisa, devendo ser devolvida a coisa em si. (3) depósito – entrega da coisa por transferência de detenção, direito de guardar/armazenar/cuidar a coisa pelo período determinado. 
Apenas esses tipos possuem ação. Nasce, aqui, uma única ação, para quem não possui mais a coisa (o credor), no objetivo de poder busca-la. 
O Consensual, no qual basta o consenso, acordo de vontades, para definir a obrigação. É subdividido em quatro tipos: (1) compra e venda – debate em Gaio acerca das delimitações circunstanciais e características de compra e venda. Fixa-se que compra e venda sempre deve utilizar a medida do dinheiro, padrão de troca universal. (2) locação (locatio conductio) – entrega de algo pertencente à primeiro contra pagamento de parcela mensal/anual: o valor do aluguel. O contrato de locação romano era semelhante a um contrato de trabalho atual, como se estivesse-se alugando um serviço. (3) mandato – comissiona-se alguém a realizar determinada tarefa: relação entre o comissionado, o mandatário e a terceira parte. A ação para o mandante é a de obrigação de fazer, a ação do comissionado é de ressarcimento das despesas pelo mandante. Nasce também uma potencial ação de cobrir eventual prejuízo. O benefício trazido pela comissão tem que ser vantajoso para o mandante e para um terceiro ou para o mandante e para o mandatário. O benefício não pode ser apenas do mandatário ou apenas do comissionado. (4) sociedade – acordo em que duas ou mais pessoas associam-se para realizar determinada atividade no qual todos os associados envolvidos dividem as vantagens e os prejuízos/desvantagens (divisão de ônus e bônus) da associação. 
Nesse caso, nascem ações duplas/múltiplas: o consenso traz a vontade de duas ou mais pessoas e gera proteção para ambas/todas as partes.
Pactos
Quando não se enquadrava nessas tipicidades, não havia ação. No entanto, podia haver defesa. Pactuava-se. O acordo que não possui proteção de ação gera o pacto: o pacto protege apenas uma das partes, a beneficiada, que possui direito de defesa. À exemplo de pactos para viagens náuticas: o dono se responsabiliza por perdas e danos de todos os tripulantes. Não há necessidade de acordo explicito, não há contrato, configurando o fato como um pacto. Pode-se entrar com reivindicação, nesse caso, com o Pacto de Transporte. O pretor e a lei vão criando defesas e exceções de pacto, para protege-los. O pacto é um acordo não respaldado por ação.
Pactos – (1) sem ação (2) pretorianos – receptae arbitrii e nautarum (3) legítimos – promessa de doação, dote, compromisso.
Ação Geral
Justiniano – ação geral (praescripti verbis), no objetivo de proteger todos os contratos atípicos, os que não são definidos por lei, mas também devem ser protegidos. Quaisquer prestações ou entregas convencionadas de coisas devem ser protegidas por ações gerais. A vontade está na base de todos os contratos, motivo pelo qual se dá uma ação geral para todos os casos em que não há especificidade. – (1) do ut des (2) docit facias (3) facio ut des (4) facto ut faciar.
Segunda-feira, 06 de junho
Aula 15
Para furto: Não pode haver vingança privada (guerra), há de ser concordância/pacto entre as duas partes. A pena vai gradualmente deixando de fazer parte do direito romano, no entanto, está nas XII tábuas. O pretor é praticamente o que hoje chamamos de jurisprudência ou o judiciário como um todo. No furto não manifesto, ele obriga a composição em quatro vezes. Hoje, é chamado basicamente de furto noturno. Composição em duas vezes no caso de furto manifesto. Se o furto for noturno, a pena é maior: o castigo é maior quanto mais grave a conduta. Não apenas ressarcimento, a ideia de pena está no número de vezes que se deve ressarcir o valor da coisa. O receptador recebe uma pena de composição em três vezes o valor da coisa. A pena pecuniária tem essa função de ressarcimento e ‘indenização’ ou de lesão ao patrimônio daquele que lesou o patrimônio alheio. 
O Direito é um conjunto de normas que tenta prevenir e reprimir conflitos. 
Roubo é a subtração da coisa alheia móvel com uso de violência. O pretor fixa quatro vezes se a reclamação é feita durante o ano. Se é feita no ano posterior, em uma só vez. O ano relaciona-se com a duração do cargo do pretor, de um ano. ‘O Direito não socorre os que dormem’. 
Injúria é qualquer lesão à integridade física ou moral da pessoa. Nas XII tábuas, tinha-se a previsão: se resultasse em osso quebrado, a consequência era o Talião (autorizava-se que se fraturasse quem havia feito isso). Injúrias menores, que não resultassem em fraturas: 300 aces, se fosse uma pessoa livre e 150 se fosse um escravo. O pretor modifica esse regime, ele fala de ‘estimação do dano’: condena-se o quanto estima-se o dano. O dano moral atual é resquício da injúria moral. É um dos resquícios de pena do Direito Civil atual. A lesão à integridade física ou moral atualmente corresponde ao dano moral.
Dano patrimonial (material): toda lesão ou prejuízo ao patrimônio que alguém voluntariamente causasse a outrem. Lex Aquilia: é uma lei que aprova em assembleia uma solução que havia sido criada por um pretor. Ela leva para o Direito civil uma criação pretoriana. Essa aprovação era feita no intuito de perpetuar a lei. Essa lei traz uma ação para se determinar a estimação do dano. Ela traz também responsabilização pelo dano causado por animais. O juiz que dará a sentença deve estimar o dano. 
O que não se encaixa como obrigação de quase delito fica em uma categoria residual de outras causas. 
O quase delito trata de uma vontade originariamente lícita, mas cuja consequência é ilícita. Tipos: 
(1) árbitro parcial: o árbitro, na hora de julgar, revela-se parcial, sem neutralidade, fora da formula etc. 
(2) posto e suspenso: da coisa que foi colocada suspensa(tudo o que gera risco), coisas penduradas em sobrados (vasos de planta, placas). Trata-se de um risco dentro da normalidade, não de fenômenos. O simples fato de estar em situação de risco, dá o direito à cobrança de dez moedas de ouro a qualquer um que se sinta colocado em risco. Se a coisa produziu efetivamente dano, tem-se a estimação dele. O dano refere-se às consequências: abrange despesas médicas, lucros cessantes etc. 
(3) das coisas líquidas e sólidas lançadas: não necessariamente se quis machucar alguém. Elas são lançadas (exemplo: abrir a janela e jogar água quente na rua). Chega-se aqui, também, à obrigação de ressarcir o dano. 
O pretor criou também determinados tipos de delito: dolo (utilizando algum artifício, induz-se alguém a fazer algo que beneficiará ao indutor. Restitutio in integro: desfazimento do negócio. A medida punitiva é de duas vezes o valor do prejuízo que foi dado), metus (vem de medo: ameaça, coação, uso da violência para se conseguir algo), e árbitro parcial (quando o árbitro é parcial, desfaz-se a sentença, invalidando-a e coloca-se o valor de duas vezes o valor.). Todas elas são também ações infamantes: nunca mais poderá testemunhas, etc. Atualmente, resolve-se o dolo e a coação como vícios da vontade. 
Extinção da Obrigação
- Pagamento: significa dar o que devia ser dado, fazer o que devia ser feito ou prestar (indenizar). Se há consenso de que o pagamento satisfaz a outra parte, está quitada a obrigação. Em última instância, o pagamento é o meio de extinção (pagamento ou dação em pagamento). Progressivamente passa-se a considerar mais o acordo, o consenso entre as partes. Se satisfez o credor, está extinta a obrigação, independente dos meios. Os contratos consensuais passam a reger todas as obrigações voluntárias.
- Novação: decide-se a contração de uma nova obrigação que engloba a anterior. Por exemplo, a estipulação. 
- Contestação da lide/ sentença. Na última fase processual, a partir do momento que se tem uma sentença, a dívida se funda nela e não mais na obrigação (inclusive não se fala mais em contestação).
Sexta-feira, 17 de junho 
Aula 16
SUCESSÕES
Sucessões (1) inter vivos: a. universal: advogação, bonorum emptio; b. singular: mancipação, cessão in iure, tradição (2) causa mortis: a. universal: herança; b. singular: legados, fideicomisso
Sucessão mortis causa
Hereditas x Bonorum Possessio (posse dos bens hereditários protegida pelo autor)
Em Justiniano, há uma fusão dos dois sistemas, e reconhece-se como sucessão. O primeiro requisito é haver a morte de alguém.
Sucessão (1) morte – real ou presumida (2) vocação hereditária (chamamento dos herdeiros): a. testamentária; b. legítima (de acordo com as leis): XII tábuas – pretor – Justiniano
Herdeiros (G.2.157es.) – (1) sui (herdam de si mesmos) (2) necessários – não pode rejeitar – pós-clássico – aquele que tem direito à legítima (3) estranhos
Delação/aquisição (1) automática – sui e escravos (test.) – Pretor: a. direito de abstenção; b. benefício da separação (apenas ao escravo) (2) não automática – cretio (cem dias) – adição (expressa ou tácita) ou pedido a suceder
Benefício do Inventário – pós-clássico – ‘vives hereditárias’ I.2.196
Ação divisória – quotas
Capacidade – cidadãos romanos livres/escravo no test. Liberado/municípios: república, deuses
Incapacidade – mulheres 1ª classe/ filhos solteiros/ indignos (1) ascendente (2) ato – herança jacente ao fisco

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