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Universidade Federal de São João Del Rey Campus Alto Paraopeba Curso de Engenharia Química Disciplina Laboratório de Fenômenos Mecânicos COLISÕES INELÁSTICAS Alessandra Carvalho Mariana Simões Gualberto Nahiara Kamila Gonzaga Nathália Morais Correa de Novaes Ouro Branco, 28 de Abril de 2016. 1. INTRODUÇÃO As colisões são acontecimentos presenciados em diversas formas no cotidiano, sendo a colisão entre automóveis uma das mais frequentes. Utiliza-se das leis de conservação da energia cinética e momento linear, para estudar melhor cada tipo de colisão. Em uma colisão, dois corpos se aproximam mutuamente, interagem fortemente e depois se afastam. Antes da colisão, os corpos se deslocam com velocidades constantes. Depois da colisão, movem-se com velocidades constantes, porém diferentes das inicias. Quando a energia cinética de dois corpos depois da colisão for igual à energia cinética total antes da colisão, tem-se a colisão elástica. Na colisão elástica, ocorre conservação da energia e do momento linear dos corpos envolvidos. Já as colisões inelásticas são caracterizadas pela perda da energia cinética dos corpos envolvidos, ou seja, a energia cinética do sistema antes da colisão é maior que a energia cinética depois. Isso ocorre em função de parte da energia cinética do sistema se transformar em outras formas de energia (calor, energia sonora, deformação). Dessa forma, apenas o momento linear é conservado. Se após uma colisão os dois ficarem juntos, temos a situação onde há maior perda de energia cinética possível. As colisões inelásticas podem ser classificadas de duas formas: perfeitamente inelásticas e parcialmente inelásticas. Nas colisões perfeitamente inelásticas quando ocorre a perda máxima de energia cinética. Após esse tipo de colisão, os objetos seguem unidos como se fossem um único corpo com massa igual à soma das massas antes do choque. Nas colisões parcialmente inelásticas, ocorre conservação de apenas uma parte da energia cinética de forma que a energia final é menor do que a energia inicial. Nesse caso, após o choque, as partículas separam-se, e a velocidade relativa final é menor do que a inicial. Vale ressaltar que em situações cotidianas, no mundo macroscópico, as colisões são sempre inelásticas, pois sempre há perda de energia cinética. Contudo, algumas colisões podem ser consideradas elásticas, quando essa perda for desprezível. Já no mundo das partículas subatômicas as colisões são quase que sempre consideradas elásticas. Define-se como coeficiente de restituição (e) de um choque o quociente entre a velocidade relativa de afastamento e a velocidade relativa de aproximação (velocidades antes e depois do impacto). No choque perfeitamente elástico, não havendo deformações permanentes, a velocidade de afastamento será igual à de aproximação e, portanto, o coeficiente de restituição será e = 1. No choque perfeitamente inelástico, os corpos permanecem unidos, portanto não se afastam um do outro. A velocidade de afastamento é zero e, portanto, o coeficiente de restituição será e = 0. Nos choques parcialmente elásticos, que é o caso demonstrado no experimento, a velocidade de afastamento será sempre menor que a de aproximação. Portanto, de maneira geral, teremos um valor do coeficiente de restituição compreendido entre zero e um, ou 0 < e < 1. 2. OBJETIVOS Analisar o movimento de um carro sobre um trilho de modo a verificar as leis de conservação de energia e conservação de momento. E através do gráfico Distância vs. Tempo, calcular o coeficiente de restituição para o choque entre o carrinho e a base. 3. MÉTODO 3.1 MATERIAIS • Carrinho • Trilho • Sensor de movimento • Interface • Software LabPro 3.2 PROCEDIMENTOS Para a realização do experimento, montou-se o equipamento conforme a figura. Figura 1: Representação esquemática do experimento Parte 1: Para primeira parte do experimento, o carrinho foi posicionado com o imã para o lado contrário da descida. Segurou-se o carrinho no trilho a uma distância de cerca de 2,00 m da base. Em seguida liberou-se o carrinho, de modo que ele descesse o trilho suavemente até se chocar com a base e retornar pelo trilho em movimento de subida até parar. Os dados foram coletados pelo sensor de movimento e o Software LabPro gerou os gráficos de posição versus tempo e velocidade versus tempo. Os gráficos encontram-se em anexo. Parte 2: Diferença de massas constante Nesta parte do experimento, o carrinho foi posicionado com o imã para o lado da descida. Segurou-se o carrinho no trilho a uma distância de cerca de 1,00 m da base. Em seguida o carrinho foi liberado dessa vez deixando ele se chocar várias vezes até parar. Os dados foram coletados pelo sensor de movimento e o Software LabPro gerou os gráficos de posição versus tempo e velocidade versus tempo. Os gráficos encontram-se em anexo. 4. RESULTADOS Os gráficos gerados pelo programa LabPro para as duas partes do experimento estão representados a seguir: Gráfico 1: Resultado da parte 1, posição vs. tempo e velocidade vs. tempo. Gráfico 2: Resultado da parte 2, posição vs. tempo e velocidade vs. tempo. 5. DISCUSSÃO - PARTE 1 Para calcularmos a energia potencial do carrinho no ponto de lançamento consideramos a fórmula (1): 𝑈 = 𝑚. 𝑔. ℎ (1) Onde, U refere-se à variação da energia potencial, m a massa do carrinho e h a altura do trilho. A medida do trilho correspondendo a 2 metros, utiliza-se o teorema de Pitágoras para encontrar a altura h. 22 = ℎ2 + 𝑦2 (2) ℎ = √4 − 𝑦2 Considerando que y é a medida d da superfície onde se apoiou o trilho, podemos calcular seu valor partimos do princípio da segunda lei de Newton, onde temos: 𝐹𝑟𝑒𝑠 = 𝑚. 𝑎 (3) Fazendo-se o somatório das forças exercidas sobre o carrinho no momento da descida, obtivemos (4): 𝐹𝑟𝑒𝑠 = 𝐹𝑝𝑒𝑠𝑜 − 𝑓𝑠 (4) Logo: 𝑚. 𝑎 = 𝑚. 𝑔. seno 𝜃 − 𝑓𝑠 Como o atrito pode ser considerado desprezível e cortando as massas chegamos a (5): 𝑎 = 𝑔. seno 𝜃 (5) Além disso, temos que aceleração é a variação da velocidade pela variação do tempo, logo temos: 𝑎 = 𝑑𝑣 𝑑𝑡 ⇒ ∫ 𝑑𝑣 𝑣2 𝑣1 = ∫ 𝑎. 𝑑𝑡 𝑡2 𝑡1 (6) Substituindo a função velocidade encontrada (6) e considerando que o carrinho tem uma velocidade inicial nula, obtemos: 𝑣(𝑡) = 𝑣0 + 𝑔. seno 𝜃 . 𝑡 𝑣(𝑡) = 𝑔. 𝑠𝑒𝑛𝑜 𝜃 . 𝑡 (7) Logo: 𝑡 = 𝑣 𝑔. seno 𝜃 Considerando que a velocidade corresponde à variação da posição dividida pela variação do tempo: 𝑣 = 𝑑𝑥 𝑑𝑡 ⇒ ∫ 𝑑𝑥 𝑥2 𝑥1 = ∫ 𝑣. 𝑑𝑡 𝑡2 𝑡1 (8) Integrando, fazendo os cortes e substituições para a fórmula de velocidade anteriormente encontrada, obtém-se: 𝑥 − 𝑥0 = 1 2 𝑔. 𝑠𝑒𝑛𝑜 𝜃. 𝑡2 (9) Substituindo-se 𝑡2 por 𝑣2 𝑔2 (𝑠𝑒𝑛𝑜 𝜃)2 , 𝑑 = 1 2 𝑔.𝑠𝑒𝑛𝑜 𝜃.𝑣2 𝑔2 (𝑠𝑒𝑛𝑜 𝜃)2 ⇒ 𝑑 = 1 2 𝑣2 𝑔.𝑠𝑒𝑛𝜃 (10) Porconsequência temos que a medida d da base varia proporcionalmente à velocidade V2. Considerando a base do trilho como o ponto onde a energia potencial U(x) = 0, e o carrinho partindo do repouso a uma distância x = 2, 00 m da base, m=0,5136kg e g=9,81m/s2 e h= altura da rampa até a bancada, a energia potencial do carrinho nesse ponto será dada ela equação (1): U=0,49J Percebe-se pela análise do primeiro gráficos que, a velocidade do carrinho varia durante o percurso de forma que antes da colisão ele tem valor positivo, mas após a colisão seu valor torna-se negativo. Pela análise gráfica, conclui-se também que no instante imediatamente antes da colisão, a velocidade do carrinho era equivalente a 0,319 m/s. O valor dessa velocidade do carrinho também poderia ser calculado pela lei da física da Conservação de Energia Mecânica: ∆𝐸𝑚 = ∆𝐸𝑘 + ∆U = 0 (11) 𝐸𝑘𝐹 -𝐸𝑘𝑖 = - (𝑈𝐹- 𝑈𝑖) Como no momento do lançamento do carrinho 𝐸𝑘𝑖 = 0 e no ponto mais baixo da trajetória 𝑈𝐹 = 0, temos que: 𝐸𝑘𝐹 = 𝑈𝑖 = 𝑚𝑔ℎ , então: 𝑚𝑣2 2 = 𝑚𝑔ℎ (12) 𝑉 = √ 2𝑚𝑔ℎ 𝑚 = √(2𝑔ℎ) 𝑉 = √(2)(9,81)(0,095) 𝑉 = 1,365 𝑚/𝑠 Deve-se ressaltar que para o cálculo da velocidade final do carrinho pela lei da conservação de Energia Mecânica, considerou-se um movimento sem atrito. Entretanto, no valor obtido graficamente, que é o valor real, tem-se interferência das forças de atrito no trilho, portanto, a diferença entre os valores obtidos se deve a este fato. Como a diferença entre os valores encontrados foi significante, pode- se concluir que não podemos desconsiderar o atrito para este caso. -PARTE 2: Na segunda etapa do experimento, o carrinho chocou-se várias vezes antes de parar. Obteve-se os gráficos de velocidade e de posição em função do tempo analisando todo o movimento do carrinho. O Impulso é a grandeza física que mede a variação da quantidade de movimento, podemos calcular o impulso referente ao movimento no primeiro choque do carrinho: 𝐼 = 𝑚 × ∆𝑉 (13) 𝐼 = 𝑚 × (𝑉𝐹 − 𝑉𝑖), 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑉𝑖 = 0 𝐼 = 𝑚 × 𝑉𝐹 Observa-se pelo gráfico 2 que a VF do carrinho antes do primeiro choque é igual a 0,321 m/s e a massa do carrinho é de 513,6 g, portanto, o impulso é igual a: 𝐼 = 0,16 𝐾𝑔 . 𝑚/𝑠 O coeficiente de restituição é definido por uma fração, que representa a razão entre o módulo das velocidades do objeto antes e depois do impacto, segundo a fórmula: 𝑒 = 𝑣𝐹 𝑣𝑖 (14) O coeficiente de restituição pode ser utilizado como um indicativo de quão elástico é o choque entre o corpo e a superfície. Nos choques parcialmente elásticos o valor do coeficiente de restituição está compreendido entre zero e um (0 < e < 1). É possível calcular os valores deste coeficiente de outras maneiras, como por exemplo, a partir da distância máxima atingida pelo carrinho antes e depois da colisão, como demonstrado a seguir: Sabe-se pela equação de Torricelli que: 𝑉𝐹 2 = 𝑉0 2 + 2. 𝑎∆𝑆 (15) 𝑉𝐹 2 = 𝑉0 2 + 2. 𝑔. (𝑥𝐹 − 𝑥𝑖) Como 𝑉0 = 0 𝑉𝐹 2 = 2. 𝑔. (𝑥𝐹 − 𝑥𝑖) Substituindo, tem-se que: 𝑒 = √2𝑔𝑥𝐹 √2𝑔𝑥𝑖 = √ 𝑥𝐹 √𝑥𝑖 (16) Gerou-se a tabela abaixo a partir dos dados do gráfico (posição vs. Tempo), os valores de Xi correspondem à posição inicial do carrinho antes da colisão e os valores de XF correspondem à posição final do carrinho imediatamente antes da colisão. Tabela 1: A variação da posição do carrinho em cada choque. Choque 𝑥𝑖 (𝑚) 𝑥𝐹 (𝑚) 1 0,228 1,21 2 0,758 1,289 3 0,968 1,272 4 1,102 1,296 5 1,173 1,286 Com os valores de posição da tabela calculou-se o coeficiente de restrição para os 5 choques analisados através da equação (16). Gerou-se também um gráfico com os valores de posição e a partir dele obteve-se através da linearização dos pontos o valor do coeficiente de restituição teórico. Todos os valores encontrados foram colocados na tabela abaixo. Gráfico 3: Coeficiente de restituição Tabela 2: A variação da posição do carrinho, o coeficiente de restituição calculado e o teórico. Choque 𝑥𝑖 (𝑚) 𝑥𝐹 (𝑚) Coeficiente de restituição. Coeficiente de restituição teórico 1 0,228 1,21 2,303696496 1,2009 2 0,758 1,289 1,304042831 3 0,968 1,272 1,146320019 4 1,102 1,296 1,08445542 5 1,173 1,286 1,047059781 Média - - 1,377115 Desvio - - 0,5007 Calculou-se a média dos coeficientes de restituição encontrados pela formula e o desvio associado pelas formulas (3) e (4) respectivamente: �̅� = (2,303696496 + 1,304042831 + 1,146320019 + 1,08445542 + 1,047059781) 5 (3) �̅� = 1,377115 𝑆 = √ ∑ (𝑋𝑖 − �̅�)2 𝑁 𝑖 𝑁 − 1 = 0,5007 (4) y = 0,0824x + 1,2009 1,2 1,22 1,24 1,26 1,28 1,3 1,32 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 X F XI XF VS. X I A média para o coeficiente de restrição encontrada foi igual a 1,377115 com desvio de 0,5007. O valor obtido pela linearização do gráfico foi de 1,2009. . 6. CONCLUSÃO Diante do que foi exposto, evidencia-se o sucesso do experimento, uma vez que a análise dos dados obtidos experimentalmente fornece uma interpretação condizente com a teoria envolvida. Os valores encontrados não foram totalmente satisfatórios, mas considerando erros experimentais como incerteza nas medidas; nas aproximações; o trilho com mínimo atrito, mas não completamente sem o mesmo, ainda assim, podemos concluir que a fórmula base é verdadeira. Sendo assim, a pratica verificou uma colisão inelástica em que constatou a conversação do momento linear. REFERÊNCIAS Young, H. D e Freedman, R. A. – Sears e Zemansky, Física I: Mecânica. São Paulo; Editora Pearson Addison Wesley, 12ª edição, 2008. HALLIDAY, David. RESNICK, Robert. WALKER Jearl. Fundamentos de física I. Rio de Janeiro Vol. 1, 8ª Edição, LTC, 2009 Web artigos Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/relatorio-sobre- colisoes-as-condicoes-iniciais-da-colisao/91423/#ixzz48OTmjJjd> Acesso em 10/05/2016 UFPB Disponível em: < http://www.fisica.ufpb.br/~romero/gpea/nadilson/colisao%20inelastica.htm> Acesso em: 10/05/2016.
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