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Português III para Direito - UNISINOS

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	 UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS
CURSO DE DIREITO
	
	
LÍNGUA PORTUGUESA III
Profª Dra. Rafaela Janice Boeff de Vargas
Nome do(a) aluno(a): _____________________________
2016/1
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ARGUMENTAÇÃO: ASPECTOS TEÓRICOS
	Segundo Patrick Charaudeau (2008)�, quando pensamos o discurso argumentativo, é importante destacar que seu modo de organização é mais delicado de tratar do que o narrativo. Talvez porque o narrativo, dando conta das ações humanas, esteja mais relacionado a uma forma de realidade “visível e tangível”. O argumentativo, ao contrário, contata com o saber que tenta dar conta da experiência humana através de certas operações de pensamento. Aliás, não se pode anular uma narrativa. Pode-se dizer que é inexata ou inventada, mas sua contestação não é abolida. Em contraposição, uma argumentação pode ser negada em seu fundamento mesmo ou, em todo caso, anulada em sua validade. Ela desaparece sob a contestação se ela não a pode superar.
Isso porque a argumentação é uma prática humana que parte da divergência para chegar a uma convergência. Se a compararmos a uma flecha, o arco é a divergência e o alvo é a convergência. A divergência é o ponto de partida da ação de argumentar. Não se defende uma ideia se ela é aceita por todos. Se há pelo menos duas posições possíveis sobre um tópico, existe a possibilidade de alguém precisar construir um discurso argumentativo a respeito. Para essa possibilidade se transformar em realidade, o sujeito que argumenta precisa ter, antes de tudo, um desejo de convergência, um ideal de apagamento de diferenças, de construção de um consenso a partir da aceitação de sua ideia pelas outras pessoas. É para os outros que se argumenta: a atividade discursiva argumentativa tem o objetivo de mudar o pensamento e, muito frequentemente, as ações daqueles para os quais é dirigida. Essa ação sobre o outro é o ideal da conduta argumentativa, que se efetiva na medida em que o sujeito-alvo concorda com a tese que lhe é apresentada e modifica seu comportamento ou pelo menos percebe a racionalidade que sustenta esse posicionamento, argumentam Francisco Platão Savioli e José Luiz Fiorin (2006)�. 
Como realizar esse percurso? O que deve haver na argumentação para que a divergência inicial se transforme em convergência final? Charaudeau (2008)� afirma que é preciso que o sujeito da argumentação empreenda uma dupla busca: de racionalidade e de influência. Espera-se, de quem argumenta, que apresente razões que justifiquem sua tese, mas essas razões dependem não da lógica num sentido estrito, mas em grande parte dos conhecimentos e das crenças compartilhadas por seu auditório ou sujeito-alvo.
Essa racionalidade que não obedece necessariamente a uma lógica formal, mesmo quando se trata de uma decisão judicial, está, portanto, também à mercê da outra busca implicada no jogo argumentativo: quem argumenta busca exercer influência, atendendo ao ideal de fazer com que os outros compartilhem uma mesma opinião. Essas duas buscas precisam andar juntas para que se tenha uma conduta argumentativa. É por essa razão que não há argumentação quando, por exemplo, alguém se vale tão-somente da sedução ou da força para levar o outro a compartilhar sua convicção, sem apelo à racionalidade. É pela mesma razão que uma argumentação pode simplesmente não funcionar se ela, mesmo dispondo das mais lógicas razões, não levar em conta os valores, as crenças e os saberes de seu sujeito-alvo.
Conforme Charaudeau (2008)�, para que haja argumentação é preciso que exista:
- um propósito sobre o mundo que faça questão para alguém quanto a sua legitimidade;
- um sujeito que se engaja relativamente a esse questionamento (convicção) e desenvolve um raciocínio para tentar estabelecer uma verdade sobre esse propósito;
- um outro sujeito que, respeitado pelo mesmo propósito, questionamento e verdade, constitui o alvo da argumentação. Trata-se de uma pessoa à qual se dirige o sujeito que argumenta, no desejo de levar ao partilhamento da mesma verdade (persuasão), sabendo que ele pode aceitar (pró) ou refutar (contra) a argumentação.
	
De modo geral, segundo Marcos Goldnadel (2006)�, podemos considerar que uma conduta argumentativa tem as seguintes características:
Sujeito que argumenta / sujeito da argumentação – É aquele que produz a argumentação, que deseja agir sobre o outro, modificando sua maneira de pensar ou mesmo seu comportamento. Nem sempre há coincidência entre o falante e o sujeito da argumentação. Por exemplo, é comum que um presidente de sindicato fale por sua categoria e não em seu próprio nome.
Objetivo – Quem produz um discurso argumentativo não deseja simplesmente informar seu sujeito-alvo das diferentes opiniões acerca de um campo problemático. Quer convencer seu auditório a aceitar sua resposta ao problema. 
Interlocutor ou sujeito-alvo – Os dois termos podem designar o que a retórica chama de auditório: aquele(s) que se deseja convencer por meio da argumentação.
Campo problemático – Uma argumentação responde a um problema central, a uma questão polêmica. O campo problemático tende a preexistir ao discurso argumentativo, raramente sendo criado pelo sujeito da argumentação. Este, na verdade, constrói seu discurso como uma resposta a esse campo, procurando convencer seus interlocutores de que sua resposta ao problema é aceitável. 
Por exemplo, numa sentença em que o juiz decide que a guarda de uma criança (X) deve ficar com a mãe, o campo problemático poderia ser expresso na forma de uma pergunta: Quem deve ficar com a guarda da criança X?
Tese – É a posição do sujeito da argumentação em relação a um campo problemático. É a ideia que esse sujeito pretende ver aceita por seu auditório. 
Utilizando-se o mesmo exemplo da sentença, a tese defendida pelo juiz é a de que a guarda da criança X deve ficar com a mãe.
Argumentos – Argumento é uma razão apresentada para convencer os interlocutores da aceitabilidade da tese defendida. Um discurso argumentativo deve apresentar pelo menos um argumento; do contrário, não fará o apelo à racionalidade, essencial para caracterizar uma atitude argumentativa. A lógica da argumentação é importante, mas, como observado anteriormente, os discursos argumentativos cotidianos costumam não depender tanto de uma lógica estrita, mas sim da verossimilhança dos argumentos junto ao sujeito-alvo. 
No caso da sentença sobre a guarda da criança X, um argumento que poderia ser usado pelo juiz é o desejo expresso pela criança de que prefere ficar com a mãe ou o pouco interesse demonstrado pelo pai em relação a seu filho.
Ao produzirmos ou ao ouvirmos/lermos um texto argumentativo, todos esses itens se fazem presentes. Alguns na superfície do texto, outros escondidos nas suas entrelinhas. Afinal, para que um texto possa ser entendido, é preciso sempre ler tanto o que é dito como o que não é dito.
	
ATIVIDADES
I. Identifique as teses e os argumentos que as sustentam nos textos a seguir:
TEXTO 1
	No conceito de justa causa de indenização, insere-se também o pagamento dos juros compensatórios como forma de ressarcir os prejuízos decorrentes da antecipada imissão judicial na posse. Ao contrário do que supõe o Município-réu, o fato de o bem expropriado ser lote vago não subtrai do proprietário o direito aos juros compensatórios. Isso porque, pelo menos potencialmente, houve lucros cessantes, uma vez que o lote vago poderia, por exemplo, ser alugado e produzir renda. E, em decorrendo lucros cessantes, os juros compensatórios devem ser contados como forma de indenização. Aliás, a indenização a que faz juz o expropriado, para ser justa, há de recompor seu patrimônio com quantia que corresponda exatamente o desfalque produzido pela desapropriação. Indenizar somente o bem expropriado, sem levar em conta as perdas e danos sofridos pelo proprietário (incluídos nestes os danos emergentes e os lucros cessantes),tornaria insuficiente o ressarcimento, representando tal fato visível descrumprimento da norma constitucional que determina seja justa a indenização. (CR. Art. 5º, XXIV)
TEXTO 2
	Não há dúvida de que as prerrogativas conferidas ao Município pela Constituição de 88 foram consideravelmente ampliadas. Todavia, não se pode falar em autonomia municipal plena, absoluta. Tal como o Estado Membro, é o Município parte integrante da Federação e, em sendo assim, sua liberdade de ação encontra limites no “pacto federativo”. Sustentar a autonomia absoluta, sem qualquer restrição por parte do todo, equivale dizer que o Município é soberano, o que é absurdo. O município, nos termos do art. 1º da Constituição da República, constitui um ente federal, cujo fundamento se assenta nas normas ditadas pela República, normas estas que limitam a autonomia municipal.
TEXTO 3
	A motivação é, sem dúvida, a parte principal da sentença. Não pode haver sentença sem motivação, ainda que seja esta concisa, como permite o art. 165 do CPC. É justamente na motivação que se discutem os pontos controvertidos da demanda. É na motivação que o juiz estabelece o confronto das teses do autor e do réu, liga os fatos apreciados com as disposições legais; enfim, lança as bases que lhe permitirão definir-se por esta ou aquela solução. É nessa parte da sentença, construindo o silogismo, que o juiz mostrará sua lógica, seu bom-senso, sua cultura jurídica; dará tudo de si na busca das melhores ideias, dos argumentos mais consistentes para dirimir o litígio e convencer as partes e a opinião pública do acerto de sua decisão. Sendo a motivação parte essencial da sentença, claro está que decisão imotivada é decisão nula.
TEXTO 4
Não obstante as gritantes diferenças entre os dois institutos, pelo menos em um aspecto, a desapropriação se assemelha à compra e à venda. Na compra e venda, a manifestação da vontade das partes, entre outros fatores, se dá com a fixação de um preço equivalente ao valor da coisa alienada. Na desapropriação, o direito de propriedade é compulsoriamente substituído por uma indenização justa, prévia e em dinheiro, de modo a permitir sua afetação a um interesse público ou social. Em ambos os casos – e nessa parte é que reside a semelhança entre os dois institutos –, o preço ou a indenização, pelo menos em tese, há de corresponder ao efetivo valor do bem ou direito, de modo a representar aquilo que se obteria no mercado.
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TIPOS DE ARGUMENTO
Introdução� 
Um texto bem estruturado, construído com argumentos escolhidos segundo os objetivos do discurso, atua com maior intensidade no ânimo do destinatário.
E como se define a eficácia de um argumento? Isso dependerá sempre da solidez do raciocínio que o sustenta e de como ele é recepcionado pelo interlocutor.
A seguir, elencamos alguns argumentos que, de acordo com a finalidade almejada, podem ser empregados no discurso jurídico.
Não é demasiado alertar que a formação de argumentos é condicionada por fatores variáveis, como o contexto discursivo e a capacidade de criação de quem afirma determinado ponto de vista. Impossível, portanto, encerrá-los em uma listagem exaustiva. Sendo assim, neste material, trataremos de alguns tipos de argumento.
1. Argumento de autoridade
O argumento de autoridade consiste na citação de autores renomados, autoridades num certo domínio do saber, numa área da atividade humana, para corroborar uma tese, um ponto de vista. Na argumentação jurídica, o juízo de uma autoridade acerca do assunto, acolhendo a tese defendida, confere ao discurso maior confiabilidade e serve como meio de prova em favor de uma proposição.
Para que esse recurso tenha o efeito pretendido, é necessário que a pessoa invocada seja efetivamente uma autoridade respeitada pelo auditório. Por autoridade, entende-se aquele sujeito dotado de uma ascendência resultante de investidura acadêmica ou funcional, ou alguém que reconhecidamente possui grande competência em um assunto ou ofício. Nesse sentido, no âmbito jurídico,a autoridade pode ser uma instituição, professor universitário, teórico, legislador, juiz, advogado, promotor ou qualquer profissional possuidor de influência entre os juristas. 
Escrever e falar corretamente é um objetivo a ser perseguido por todos, não importa a área de atuação. Mas no campo jurídico o cuidado deve ser ainda maior, sob pena de comprometer, de forma irremediável,  não só a imagem do profissional, como o próprio resultado do seu trabalho. "O Direito é a profissão da palavra, e o operador do Direito, mais do que qualquer outro profissional, precisa saber usá-la com conhecimento, tática e habilidade", adverte Eduardo Sabbag [...]. 
Advogado e professor, doutor em Direito Tributário e doutorando em Língua Portuguesa pela PUC-SP, Eduardo Sabbag admite que a expressão "português jurídico" pode criar uma falsa impressão sobre o seu significado, como se a língua portuguesa fosse diferente para médicos, dentistas, engenheiros e advogados. "A língua é uma só, não importa quem dela faz uso", adverte, ressaltando que o “português jurídico” é a simples aplicação das regras gramaticais aos recursos expressivos mais usuais no discurso jurídico. Em outras palavras, de acordo com sua própria definição, "a exteriorização jurídica do sistema gramatical".�
Além da citação de autores renomados, a citação de doutrina também é comum como argumento de autoridade no discurso forense atual. 
2. Argumento baseado em prova(s) concreta(s)
	São fatos comprobatórios, que servem para justificar opiniões, apreciações, ponto de vista, julgamentos, etc. Os dados apresentados devem ser pertinentes, suficientes, adequados, fidedignos. As provas concretas podem ser cifras, estatísticas, dados históricos, fatos da experiência cotidiana, exemplo de um caso em particular, ilustração (caso concreto), etc. Esse argumento, "quando bem feito, cria sensação de que o texto trata de coisas verdadeiras e não apresenta opiniões gratuitas", defendem Savioli e Fiorin�. 
Esse dado é relevantíssimo, principalmente diante de um Judiciário sobrecarregado, moroso e que não propicia em tempo razoável as respostas demandadas pelo jurisdicionado. O Brasil possui 90 milhões de processo em tramitação, segundo o Conselho Nacional de Justiça. Foram ajuizadas em 2011 um total de 26,5 milhões de novas ações. O país conta com mais de 16 mil juízes, resultando na média de oito magistrados por 100 mil habitantes, uma situação similar a que encontramos em países europeus. Na Espanha, há dez juízes para cada 100 mil habitantes. Na Itália, onze por 100 mil.�
Deve-se tomar cuidado com argumentos que fazem apelo a uma totalidade indeterminada, pois basta um único caso em contrário, para derrubá-los. Se alguém diz "Todo político é ladrão", basta que se cite um que não seja, para que o argumento deixe de ter validade. Por outro lado, se alguém diz "Nenhum europeu toma banho todos os dias", basta que se cite um que o faça, para que o argumento deixe de ter validade. No geral, essas generalizações feitas com base em dados insuficientes revelam apenas nossos tabus e preconceitos. Cuidado, portanto, com generalizações do tipo: nunca, sempre, todos, ninguém, nada, entre outros.
3. Argumento baseado no raciocínio lógico
	Esse argumento diz respeito às relações entre duas ou mais proposições, das quais se extrai uma conclusão lógica.� 
Ora, se as autoridades brasileiras não conseguem garantir um mínimo de segurança ao brasileiro comum, papel que incumbe, legitimamente, ao Estado garantir, não pode querer deixá-lo indefeso frente à violência, coibindo-lhe o direito de ter uma arma, para impedir, por exemplo, que sua casa – espaço privado inviolável que todo ser humano tem direito de preservar – seja violada por um assaltante, papel efetivamente não realizado por quem deveria realizá-lo: o poder público.�
4. Argumento baseado no consenso
	É o uso, para fins de argumentação, de uma proposição evidente por si mesma ouaceita universalmente. Embora o consenso absoluto seja provavelmente uma utopia, o fato é que certas proposições são aceitas socialmente como "verdades inquestionáveis", não necessitando de comprovação quando enunciadas num discurso. O argumento de consenso é uma asserção indiscutível, evidente e universalmente aceita. 
	Desse modo, se alguém afirma que a função do direito é distribuir justiça ou, também, na mesma esteira, afirma que sem educação o país não vai adiante, está utilizando argumentos consensuais.
	
O mais recente caso de corrupção em obras públicas contém os ingredientes de praxe: empresas aliadas ilegalmente para superfaturar produtos e serviços, administrações públicas omissas ou coniventes com a rapina do dinheiro do contribuinte e órgãos fiscalizadores ineficazes e morosos. Nesse contexto de incúrias, até o papel do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) é controverso, uma vez que o órgão encarregado da fiscalização de empresas é subordinado ao Ministério da Justiça, sob o comando do petista José Eduardo Cardozo, até pouco tempo cotado para concorrer à sucessão paulista pelo PT .�
		
Se é verdade que qualquer ato de violência traumatiza o indivíduo em formação, também é válida a tese do limite que deve ser dado ao cidadão, particularmente nos primeiros anos de vida.�
5. Argumento da competência linguística
	O argumento da competência linguística é aquele em que conteúdo e forma misturam-se para levar à persuasão. Na medida em que todo discurso é constituído por meio de palavras, pode-se dizer que a escolha delas é também um tipo de argumento e, assim, tornam-se inseparáveis forma e sentido.�
Como o modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz, em muitas situações de comunicação (discurso político, jurídico, religioso, pedagógico, etc.) exige-se o uso da variante culta da língua, bem como da linguagem própria da profissão e, ainda,um vocabulário adequado à situação de interlocução.�
Pensemos em dois pareceres médicos, por exemplo: (a) "Com isso poderá receber na corrente sanguínea soluções de glicose, cálcio, vitamina C, produtos aromáticos - tudo isso sem saber dos riscos que corre pela entrada súbita deste produto na circulação”. Esta passagem tem mais força argumentativa do que (b) “Com isso poderá passar para o sangue um monte de drogas, sem noção de prejuízo que isso dá”.
No entanto, é preciso considerar que palavras difíceis não significam diretamente competência linguística, pois a boa argumentação é aquela que se transmite com fluência, com objetividade e não, ao contrário, com palavras que dificultam a compreensão.�
Destarte, como coroamento desta peça-ovo emerge a premente necessidade de jurisdição fulminante, aqui suplicada a Vossa Excelência. Como visto nas razões suso expostas com pueril singeleza, ao alvedrio da lei e com a repulsa do Direito, o energúmeno passou a solitariamente cavalgar a lei, este animal que desconhece, cometendo toda sorte de maldades contra a propriedade deste que vem às barras do Tribunal. Conspurcou a boa água e lançou ao léu os referidos mamíferos. Os cânones civis pavimentam a pretensão sumária, estribada no Livro das Coisas, na Magna Carta, na boa doutrina e nos melhores arestos deste sodalício. Urge sejam vivificados os direitos fundamentais do Ordenamento Jurídico, espeque do petitório que aqui se encerra. O apossamento solerte e belicoso deve ser sepultado ab initio e inaudita altera parte, como corolário da mais lídima Justiça.�
No Direito, competência linguística significa linguagem precisa, direta, culta e clara. O patamar da linguagem culta, entretanto, diferencia-se da linguagem “preciosa” – falsamente pomposa.�
Do que foi exposto acima, conclui-se que os fatos narrados nesta petição inicial são incontroversos e estão provados sumariamente por meio dos documentos aqui juntados. Tanto o Código Civil como a Constituição da República contêm regras claras que protegem a propriedade, observada sua função social – ou seja, exatamente a hipótese deste processo. Como nos ensinam a melhor doutrina e a jurisprudência, o pedido em exame contém todos os elementos que determinam a concessão imediata de reintegração de posse: há interesse econômico, os fatos estão provados e o direito do autor é indiscutível. A água potável existente no local está sendo poluída e as vacas leiteiras ficaram ao desabrigo, pelo que os prejuízos são evidentes. Assim, pede a concessão da liminar, por medida de direito e de Justiça.�
 
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ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS�
	Muitas vezes não é suficiente ter os melhores argumentos para alcançar o convencimento das outras pessoas; frequentemente é preciso empregar certas estratégias que, paralelamente à racional apresentação de provas e evidências, aumentam o poder persuasivo da argumentação.
	Entre as estratégias argumentativas, destacam-se as seguintes:
1. A definição
A estratégia de definição constitui-se em um recurso por meio do qual se procede à “Explicação do significado de uma palavra, expressão, frase ou conceito”. Trata-se de uma “Operação que procura determinar de maneira clara um conceito, um objeto”, aliando-se à “Capacidade de descrever (algo ou alguém), destacando suas características”.�
Mesmo no caso em que não se trata de uma verdadeira definição (ela toma a aparência de uma definição), ela serve para produzir um efeito de evidência e de saber para o sujeito que argumenta. Conforme Charaudeau�, “a definição não pode ser posta em causa, uma vez que é, por definição, consensual (saber popular) ou científica (saber de conhecimento)”. 
A barriga de aluguel, gestação de substituição ou cessão temporária do útero é entendida, por muitos doutrinadores, como o ato pelo qual uma mulher cede seu útero para a gestação do filho de outra, a quem a criança deverá ser entregue após o nascimento, assumindo a mulher desejosa ou fornecedora do material genético a condição de mãe.�
O princípio da razoabilidade, inserto no artigo 1.059 do Código Civil para a fixação do lucro cessante, pode e deve ser adotado pelo juiz no arbitramento do dano moral. Razoável é aquilo que é sensato, comedido, moderado; que guarda uma certa proporcionalidade. Importa dizer que o juiz, ao valorar o dano moral, deve arbitrar uma quantia que, de acordo com o seu prudente arbítrio, seja compatível com a reprovabilidade da conduta ilícita e a gravidade do dano por ela produzido. �
2. A comparação
No quadro da argumentação, a comparação, quando bem empregada, pode produzir um efeito pedagógico, ilustrando a tese e facilitando a compreensão da conclusão em favor da qual se argumenta. O desejo de alcançar a adesão do interlocutor leva o sujeito da argumentação a comparar uma ideia sobre a qual há divergência com um fato ou ideia sobre a qual ambos concordam. Por essa razão, a analogia é construída sobre premissas consensuais ou sobre as quais há grande probabilidade de haver concordância.
As marcas da comparação são diversas, conforme Charaudeau�:
- como, tal, tal como, assim, assim como, da mesma forma (que), mais que…, menos que…;
- assemelhar-se (semelhança entre x e y), parecer, corresponder (correspondência entre x e y), aproximar (aproximação entre x e y), comparar (comparável, comparação entre), ter em comum, ter de diferente, diferenciar (diferença), opor (oposição entre).
Os “rolezinhos” tornaram-se o assunto deste verão. Os encontros de um número expressivo de jovens em shoppings de São Paulo são considerados por muitos como uma espécie de continuação das manifestações de desencanto e indignação de junho passado. Há, de fato, aspectos em comum. Como as passeatas a céu aberto contra a péssima gestão do Estado brasileiro, os “rolezinhos” reúnem participantes que marcam o encontro previamente pelas redes sociais. Em ambos, grupos oportunistas de vários matizes ideológicos procuram pegar carona na notoriedade desses movimentos. No caso dos “rolezinhos”, comerciantes e frequentadores dos shoppings e, depois, a sociedade foram pegos de surpresa. Pois,assim como as manifestações de inverno, a moda do verão surgiu inesperadamente e se tornou o tema predominante das últimas semanas. [...]
A sociedade demanda códigos e padrões de comportamento para que os direitos de todos sejam assegurados. Da mesma forma que não se deve andar de skate em hospitais nem conversar durante um espetáculo, não é aceitável superlotar casas de eventos para não se repetirem tragédias como a da boate Kiss. Em recintos fechados, não é razoável dar margem a tumultos que ponham em risco a segurança das pessoas.�
Vejamos mais alguns exemplos:
Imagine a seguinte situação hipotética: um sujeito ingressa num prédio situado na Baker Street e lê distraidamente, numa pequena placa afixada na porta do elevador: “É proibido conduzir cigarros acesos”. Nada de anormal. Uma advertência cada vez mais recorrente na vida atual. No entanto, entra também no elevador Scherlok Homes ostentando o seu inseparável cachimbo. Enquanto o elevador sobe, no meio da incômoda fumaceira, o primeiro passageiro repreende a atitude do notável detetive, recebendo como resposta:
“ – Meu caro, a placa veda conduzir cigarros acesos. Isso eu não descumpri. O que tenho na mão é algo absolutamente diferente.”
Abre-se a porta e ele sai calmamente dando uma baforada no ar.
O que nos leva a concluir que a razão está com o indivíduo queixoso? O raciocínio por analogia. Através dele fixamos semelhanças entre as coisas diversas e essa proximidade impulsiona a aplicação de uma mesma solução.
Podemos ver em Do mesmo modo que os olhos do morcego ficam ofuscados pela luz do dia, também a inteligência da nossa alma fica ofuscada pelas coisas mais naturalmente evidentes, que a primeira oração compõe-se de uma afirmação sobre algo que o locutor pressupõe conhecido do interlocutor. Na sequência, vem a afirmação daquilo que se pretende aclarar pela associação. Não há uma intenção de estabelecer uma igualdade simétrica entre as duas relações, mas apenas uma correspondência entre elas. Essa é a função da analogia.
3. A narração exemplificativa
A narração dos fatos é pode ser compreendida como um momento de persuasão. Narrar fatos significa apresentá-los de acordo com sua ordem no tempo. Isso facilita a compreensão do interlocutor, que acompanha as ações narradas na mesma sequência em que ocorreram. Quando bem alinhavada, a narrativa pode transformar-se em importante estratégia de convencimento. Tendo em vista a melhor disposição do interlocutor, a narração dos fatos é, ainda, ocasião que permite a inserção de elementos introdutórios da tese que será/foi exposta na fundamentação.�
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4. A pergunta retórica
A pergunta retórica é aquela que é feita não com o objetivo de obter uma informação, mas, sim, com a intenção de envolver a audiência, de conduzi-la para um determinado raciocínio. Tem, portanto, um propósito persuasivo.
Veja-se, por exemplo, a questão da aplicação da pena. Embora as penas no Código Penal vigente tenham previsões que vão da mínima à máxima, criou-se jurisprudência tranquila, imutável, de que o cálculo da pena deve sempre partir do mínimo, com o que, na prática, raramente chega a seu termo médio e nunca ao máximo. Exemplo, para esclarecer o leitor, é do homicídio qualificado. A pena prevista em lei oscila entre 12 e 30 anos. O juiz aplica a pena sempre partindo dos 12, o que faz com que em situações muito graves chegue a algo em torno dos 18, 19, no máximo 20 anos.
Mas o máximo não é 30 anos? Por que nunca se aplica o máximo? Por que não se toma como ponto de partida o termo médio, 21 anos? Resposta: porque a interpretação é sempre através do criminoso e muitas vezes descriteriosa ou mal feita. Há juízes que sempre oscilam entre 12 e 13 anos, deixando de diferenciar situações muitas vezes bem diferentes. No Estado de São Paulo é que se tem visto nesses últimos júris de repercussão uma tímida reação no sentido de cumprir corretamente a lei, dando-se a réus que praticaram gravíssimos homicídios penas na casa dos 25 anos.�
5. A seleção vocabular
A escolha das palavras na argumentação pode servir para aumentar o poder de persuasão do discurso. Em um texto que se referisse ao evento que deu origem à ditadura militar em 1964, seria possível falar em “Revolução de 1964” (conotação positiva) ou “Golpe de 1964” (conotação negativa). Para um defensor da democracia, por exemplo, a palavra “golpe” designaria melhor o acontecimento histórico de 1964.
Como expõem Perelman e Olbrechts-Tyteca�, não existe escolha neutra, mas escolhas que parecem neutras. Assim, alguém poderia preferir a expressão “Movimento de 1964” a fim de se manter neutro em relação à ação dos militares, mas essa neutralidade seria também fruto da escolha de uma posição, provavelmente advinda do desejo de não se comprometer nem com a esquerda nem com a direita.
O panorama probatório coligido aos autos demonstrou claramente o dano ambiental [...] imputado aos demandados, consistente no corte de vegetação em Área de Preservação Permanente e depósito de resíduos no local, ocasionado pela ocupação da Fazenda Coqueiros por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais SEM-TERRA (MST) [...].�
A existência de danos morais é manifesta, face à gravidade do fato e por todos os reflexos decorrentes do trauma vivido pelos autores, que tiveram suas vidas expostas à mídia durante a invasão da Estância da Capivara, como denotam os vários recortes de jornais encadernados nos autos. [...]�
6. A citação
Esse procedimento participa do fenômeno linguístico chamado de discurso relatado.
A citação consiste em referir-se, o mais fielmente possível – ou pelo menos dando uma impressão de exatidão – às emissões escritas ou orais de um outro locutor, diferente daquele que cita, para produzir na argumentação um efeito de autenticidade.
Segundo Charaudeau�, “a citação funciona como uma fonte de verdade, testemunho de um dizer, de uma experiência, de um saber”. 
A saúde é direito consagrado pelo Texto Constitucional em seu artigo 196, que trata como “dever do Estado” e “direito de todos”, e que deve ser “garantida mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitária às ações e serviços para sua promoção proteção e recuperação”. Pois bem, avancemos. Na nova sistemática proposta, o ponto que causa maior polêmica é, sem dúvida, a extensão do curso de medicina, mediante autorização provisória para exercício de espécie de “residência reforçada” durante dois anos no SUS, o que, evidentemente, elevaria o tempo de formação dos médicos.�
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	Tarifa zero no transporte público para estudantes é praticamente inviável�
André Castro Carvalho�
Recentemente, veio à tona o debate quanto à possibilidade de se implantar uma política pública federal de “tarifa zero” no transporte público coletivo, em especial para os estudantes da rede pública de ensino.
A ideia é louvável sob o aspecto social, mas discutível sob o ponto de vista econômico e jurídico. O exemplo de Macaé, a “Dubai” brasileira, que oferece transporte público gratuito para os seus munícipes, nem de longe se assemelha à realidade dos demais municípios do país. Mas a perspectiva que se quer trazer aqui é outra: juridicamente, tarifa zero para estudantes, por si só, é inviável se conduzida e imposta unilateralmente pelo Poder Executivo federal, sendo necessária uma série de medidas acessórias a fim de se implementar essa proposta.
A Constituição Federal estabelece diversas regras para a prestação do serviço público de transporte coletivo: (i)a competência sobre a política tarifária pertence ao titular do serviço público (em outros termos, para definir os valores e as regras econômicas para a prestação do serviço público); (ii) a competência para disciplinar serviço público de transporte coletivo é exclusiva dos municípios; (iii) se não prestados diretamente pelo município ou delegado a empresas estatais, os serviços de transporte coletivo são prestados sob o regime de concessão e permissão, ou seja, por empresas privadas que tenham firmado um contrato administrativo; (iv) a iniciativa legislativa sobre esse serviço é do chefe do Poder Executivo municipal, ou seja, somente o prefeito poderia enviar um projeto de lei à Câmara dos Vereadores que altere as condições de exploração do serviço público, especialmente a compensação ao prestador do serviço, no caso de concessão ou permissão.
Tendo em consideração essas premissas constitucionais, qualquer interferência ou estabelecimento de obrigações por parte de um ente federativo, sem competência para tratar desse serviço público, é inconstitucional. Em outras palavras, a União não pode interferir na política tarifária estabelecida pelos Municípios, sob pena de violação do pacto federativo. E, ainda que se consiga convencer as Câmaras Municipais a levar esse assunto para discussão nos municípios, os vereadores não podem propor leis que interfiram na política tarifária, sob o risco de desrespeito à tripartição dos poderes. A competência para tanto é do Poder Executivo.
O Supremo Tribunal Federal, em discussão semelhante, declarou inconstitucional lei do Distrito Federal que estipulava “tarifa zero” para assinatura básica dos serviços de água, luz, gás, TV a cabo e telefonia, valendo-se, em parte, dos argumentos aqui levantados. Ou seja, qualquer lei federal que venha a interferir nos contratos de concessão ou permissão celebrados nos municípios poderá ser declarada inconstitucional — salvo se o STF alterar o seu entendimento, o que acredito que seja improvável à luz do debatido acima.
E qual seria a solução jurídica para esse impasse? A melhor delas seria a União não interferir nos contratos administrativos e nem na competência municipal, subsidiando diretamente os usuários (estudantes de escola pública) e contornando as inconstitucionalidades – algo como um “Bolsa Passe” que somente poderia ser utilizado para a compra de passagem de ônibus.
Em termos de transparência fiscal, seria uma solução melhor do que se criar um fundo federal que transferisse recursos aos municípios com a contrapartida de se implantar a tarifa zero, evitando a necessidade de se fiscalizar a aplicação dos recursos e o gasto em transporte nos 5.570 municípios.Ou seja, a melhor saída seria a primeira hipótese: ao invés de se subsidiar diretamente o município, passa-se a subsidiar o usuário e, portanto, indiretamente o município.
O problema é que ambas as sugestões ficam à mercê da existência de recursos federais, os quais podem ficar escassos a qualquer momento e levar a política de tarifa zero para ônibus ladeira abaixo.
Outra hipótese seria a União regulamentar algumas regras gerais de trânsito e transporte urbano (matéria de sua competência privativa) para que os municípios possam auferir mais receita e, dessa forma, por liberalidade própria, sejam capazes de conceder tarifa zero aos estudantes de acordo com suas disponibilidades orçamentárias. Por exemplo, municípios que implantassem programas de inspeção veicular, pedágio urbano ou rodízios para zonas centrais poderiam utilizar a receita obtida diretamente dos motoristas de automóvel (tanto com as taxas como com as multas aplicadas) para a concessão de subsídio governamental de forma vinculada ao custeio da tarifa zero. O problema, nesse caso, é que em alguns municípios isso pode ser viável economicamente, e em outros não, o que não eliminaria a necessidade de subsídio federal para que a proposta fique de pé.
Portanto, isso expõe que, além das dificuldades econômicas, as barreiras jurídicas para a proposta não tornam a política pública proposta de fácil implantação, mas sim praticamente inviável. E antes que se cogite alterar a Constituição para que isso seja mais facilitado, é importante salientar que todos esses “entraves” são garantias constitucionais a princípios basilares de nossa Nação, tais como a tripartição dos poderes, pacto federativo e respeito aos contratos.
QUESTÕES
1) Considerando que o texto argumentativo responde a uma questão polêmica, identifique o campo problemático ao qual o texto lido busca apresentar uma resposta.
	
	
	
2) Qual a “resposta” que o autor propõe para essa questão polêmica, isto é, qual a sua tese?
	
	
	
3) Identifique três argumentos empregados pelo autor para sustentar sua tese e resuma-os. Em seguida, nomeio-os, conforme os tipos de argumentos estudados.
	
	
	
	
	
	
	
4) Polifonia significa muitas vozes, vozes de diversos locutores. Identifique, no texto lido, pelo menos duas ocorrências de polifonia.
	
	
	
	
	
5) Como esse recurso (a polifonia) contribui para a construção da argumentação?
	
	
	
	
6) Observe as inserções de discurso alheio no texto de Carvalho e assinale os verbos introdutores de fala ou conectores de conformidade utilizados pelo autor.
	
	
	
	
7) Localize no texto as seguintes estratégias argumentativas:
a) comparação
	
	
b) pergunta retórica
	
	
8) Elabore um parágrafo em que você se posicione em relação à problemática discutida por Carvalho. 
	
	
	
	
	
	
	
	
ARTICULAÇÃO DAS IDEIAS NO TEXTO
Algumas palavras e expressões presentes nos textos exercem uma importante função: elas são responsáveis por estabelecer relações lógicas e argumentativas entre os segmentos textuais, articulando frases e parágrafos. Ao instaurarem essas conexões, contribuem para a construção do sentido global do texto, fazendo-o progredir tematicamente.
Essas expressões são objeto de estudo da Linguística, em especial da Linguística do Texto, e são denominadas articuladores (também chamados de nexos ou conectores). A seguir, serão explorados alguns importantes casos dessa relação, que podem auxiliar a leitura e a compreensão de textos e ajudar na produção escrita dos textos argumentativos.
AS CONEXÕES NA ELABORAÇÃO TEXTUAL�
1. Relação de Condicionalidade (se p então q)
	Essa relação é expressa pela combinação de duas proposições, uma das quais é a condição para que a outra seja verdadeira. Uma das orações se introduz pelo conector “se”, “caso”, e outra, pelo operador “então” (implícito, ou não). Nesse caso pode-se afirmar que, sendo o antecedente verdadeiro, o consequente também o será.
	Nexos: se, caso, desde que, contanto que etc.
	Exemplos:
	Se você anda sentindo fadiga, falta de concentração, (então) pode estar estressado.
	Caso você viaje hoje à noite, poderá descansar mais amanhã.
 Se aquecermos o ferro, ele derreterá.
 A testemunha será decisiva, se mantiver sua palavra e disser a verdade.
 A eutanásia poderia ser legalizada, caso tivesse como base um estudo muito sério e interdisciplinar sobre todos os aspectos com que se envolve.
2. Relação de causalidade (p porque q)
	É expressa pela combinação de duas proposições, uma das quais encerra a causa que implica uma determinada consequência. Assim, uma das orações indicará a causa que acarreta a consequência, esta expressa na outra.
	Nexos: porque, pois, como, já que, visto que, uma vez que, devido a, em virtude de, em consequência de, consequentemente, tão… que etc.
	Exemplos:
As reservas cambiais esgotam-se gradativamente, uma vez que as exportações têm sido, por alguns anos consecutivos, menores que as importações.
Em virtude dos dias de paralisação do magistério, as aulas se estenderão até o fim de janeiro.
Como são sólidase já têm caixa alto, as companhias japonesas conseguem tomar financiamentos a juros de 4% ao ano.
As intoxicações alimentares podem causar problemas tão grandes que acabam ocasionando a morte.
A menina chorou porque apanhou da mãe.
O torcedor gritou tanto que ficou rouco.
O torcedor gritou demais; então ficou rouco.
O torcedor ficou rouco porque gritou demais.
3. Relação de finalidade (de intenção)
	Uma das proposições do período explicita o(s) meio(s) para se atingir determinado fim expresso na outra.
	Nexos: a fim de, com o propósito de, com o intuito de, com a intenção de, propositadamente, intencionalmente etc.
	Exemplos:
Os órgãos do governo deveriam exercer maior fiscalização sobre os restaurantes a fim de diminuir o número de casos de intoxicação alimentar.
 	Com o intuito de reduzir o número de intoxicações alimentares neste verão, o governo aumentou em 30% o seu número de fiscais.
	Para que dissesse a verdade, foi preciso ameaçá-lo. 
 O advogado estudou criteriosamente o processo para ganhar a causa da sua vida.
4. Relação de disjunção
Esta relação pode ser tanto do tipo lógico quanto do tipo discursivo. Expressa-se pelo conectivo “ou”. Pode indicar inclusão ou exclusão, como se verifica nos casos:
No próximo feriado, você vai para a praia ou para a serra? (exclusivo)
Todos os congressistas deveriam usar crachás ou trajar camisas vermelhas (inclusivo: e/ou).
5. Relação de temporalidade
Por meio de duas orações, a relação de temporalidade indica localização no tempo, relacionando uma oração que expressa temporalidade a outras ações, eventos, estados de coisas etc., expressa em outra.
Tempo simultâneo: Quando o juiz entrou no recinto, todos se levantaram. (Ou: mal, nem bem, assim que, logo que, no momento em que);
Tempo anterior/posterior: Antes que o juiz entrasse no recinto, aquele familiar do réu desmaiou. Depois que aquele familiar do réu desmaiou, algumas pessoas ficaram preocupadas.
Tempo contínuo ou progressivo: Enquanto as testemunhas se preparavam para entrar na sala do júri, na rua, os jornalistas se amontoavam na porta do prédio.
6. Relação de conformidade
Expressa-se pela conexão entre duas orações nas quais se mostra a conformidade do conteúdo de uma com algo asseverado em outra.
O réu agiu conforme o advogado o havia orientado.
7. Relação de modo
Uma das orações expressa a maneira ou modo como se realizou um fato contido em outra oração.
Sem piscar, ele mentiu ao juiz descaradamente.
Como se fosse uma rainha, entrou na sala para assentar-se na cadeira de juíza.
8. Relação de adição ou de conjunção
Os conectores articulam sequencialmente frases cujas proposições se adicionam a favor de uma mesma conclusão.
Nexos: e, também, não só… mas (como) também, tanto… como, além de, além disso, ainda, nem (= e não) etc.
Exemplos:
Eu ingressei na Universidade e iniciei um trabalho novo.
Eu não só ingressei na Universidade mas também iniciei um trabalho novo.
Tanto ingressei na Universidade como iniciei um trabalho novo.
Ele é o melhor juiz que conheço. Estudou muito. Além disso, revela uma atuação impecável desde 2001.
 
9. Oposição 
Por meio dessa contrajunção, da oposição podem ser contrapostos enunciados de orientações argumentativas diferentes, prevalecendo a do enunciado introduzido pelo operador mas.
Nexos: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, etc.
Exemplo:
Tinha tudo para ser uma boa defesa. Mas o advogado não acreditou na sua força retórica.
10. Explicação ou Justificativa
Ocorre quando se encadeia, sobre um ato de fala inicial, um outro que justifica ou explica o anterior.
Exemplo:
Não levante, pois/que ainda tenho duas perguntas a fazer. (justificativa)
Devo ter falado muito mal, pois ninguém me entendeu. (explicação que justifica).
11. Comprovação
Um novo ato de fala acrescenta uma possível comprovação daquilo que a asserção anterior assevera (primeiro ato de fala):
Encontrei o famoso neurologista na reunião, tanto que ele estava com seus dois livros famosos debaixo do braço e com o crachá da Sociedade Americana de Neurologistas.
12. Conclusão
	Um enunciado (b) estabelece uma relação de conclusão em relação a algo dito (outros atos de fala que contêm premissas, uma das quais, geralmente, implícita e de consenso entre as partes interlocutoras) em um enunciado anterior (a).
	Nexos: pois, por isso, por conseguinte, portanto, assim, como resultado, logo, então etc.
	Exemplos: 
As grandes empresas de exploração de madeira extraem tudo o que conseguem da floresta amazônica; logo, os animais nativos estão ameaçados de extinção.
O réu é um indivíduo perigoso; portanto, deve ficar afastado do convívio pessoal.
Ingressei na Universidade; assim, daqui a algum tempo, estarei com o diploma na mão.
A equipe elaborou uma defesa desarticulada, portanto/por conseguinte/logo os resultados para o réu, que era comprovadamente inocente, não foram satisfatórios. 
13. Comparação
 
Estabelece, entre um termo comparante e um termo comparado, relação de igualdade, inferioridade ou superioridade. Koch� lembra que a comparação se faz com intenção de se argumentar em favor ou contra uma conclusão que se pretende. 
	Exemplos:
Esta sentença é tão justa quanto aquela que lemos na semana passada. 
	Esta petição é mais complexa do que a de Dr. Luís. 
	Este depoimento é tão verossímil quanto aquele. 
	Tal depoimento é mais duvidoso do que o anterior.
14. Especificação/ exemplificação
Ocorre quando o segundo enunciado particulariza ou exemplifica uma declaração mais geral do que se expressa no primeiro.
Exemplos:
Muitos dos advogados fazem Mestrados nesta faculdade, por exemplo, Joel Barros.
Os julgamentos do STF são interessantes, como tem sido este do Mensalão.
15. Correção ou redefinição
Um segundo enunciado corrige ou suspende ou redefine o conteúdo do primeiro, atenuando ou reforçando o comprometimento com a verdade do que foi veiculado. Ainda pode questionar-se a legitimidade da enunciação.
Exemplos: 
Pedro chega hoje para o início das aulas da faculdade de Psicologia. Ou melhor, eu penso/acredito que ele virá hoje...
Ele não é muito esperto. De fato, parece-me bastante bobo.
Vou a nossa reunião de estudos. Ou melhor, vou tentar comparecer a esse encontro.
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Principais relações estabelecidas pelos articuladores
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ATIVIDADES
Texto 1
1) Leia atentamente o texto abaixo.
2) Assinale palavras (expressões) que, em seu entendimento, são responsáveis por estabelecer relações de sentido que conectam/articulam frases ou parágrafos.
3) Em seguida, indique qual(is) o(s) sentido(s) que as expressões instauram.
Jornalismo político
Todo jornalismo é político, no sentido amplo da palavra. Se a política é a ciência dos fenômenos relacionados com o Estado, e se o Estado é a nação politicamente organizada, quando um repórter escreve sobre qualquer fato ocorrido no país, mesmo sobre um assassinato no morro da Mangueira, está fazendo jornalismo político. Ainda que passional, um assassinato sempre envolverá relações entre indivíduos e autoridade. Vale a imagem para o esporte, pois, ao reportar um jogo do Flamengo com o Vasco, o jornalista estará, antes de mais nada, referindo-se a uma prática regulada em leis e portarias, bem como a algo que a apaixona a população inteira.
Convencionou-se, no entanto, que jornalismo político deve referir-se apenas à atividade dos poderes constituídos, dos partidos, das associações influentes no meio social, dos governos, oposições e instituições jurídicas afins. E até dos militares, hoje em dia. Dentro desse jornalismo político restrito atua-se sob diversas formas. Fazem-se entrevistas. Reportagens. Descrevem-se reuniões, sejam as formais, como do Congresso, sejam as informais, tipo comíciose passeatas. Há a cobertura dos fatos específicos, como eleições, composição de governos, viagens de políticos, crises e até golpes e revoluções. Segue-se, também, o desenvolvimento de determinadas ideias, ou propostas, como a das eleições diretas ou a da convocação de uma assembleia nacional constituinte. 
(Carlos Chagas, Arte e artes da crônica política, 
Revista da Comunicação, n.1, p.12 apud Koch, 2014)
	
	
	
	
	
	
	
	
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Texto 2
No texto abaixo, são utilizados diversos articuladores a fim de explicitar as relações lógico-semânticas e discursivo-argumentativas que se instauram entre os segmentos textuais. Ao ler o texto, já circule os articuladores que estiverem presentes.
	
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	Toque de recolher�
Editorial do Jornal Zero Hora
25 de abril de 2014
É compreensível que, em decorrência da violência provocada por traficantes, uma comunidade adote medidas preventivas, a fim de reduzir os riscos em áreas conflagradas pela delinquência. Mas é inaceitável que escolas e postos de saúde tenham de ser fechados por imposição do poder de bandidos, como ocorreu nesta semana na Vila Cruzeiro. Suspender serviços essenciais por falta de segurança é admitir a rendição do Estado ao toque de recolher dos criminosos. O governo do Estado, como controlador da Brigada Militar, deveria fazer o contrário, por todos os meios disponíveis. É, portanto, nessas circunstâncias que o setor público deve se impor, mobilizando policiamento e equipamentos capazes de garantir a segurança em creches, escolas e postos de saúde.
Isso porque áreas das periferias das grandes cidades ficam ainda mais vulneráveis à ação de quadrilhas quando, como aconteceu na Cruzeiro, grupos rivais passam a se enfrentar de forma violenta. A explicação de autoridades da segurança, de que policiais foram acionados para repelir mais confrontos e tranquilizar os moradores, é contrariada pelos fatos. A percepção de quem mora na Cruzeiro certamente não era a de que poderia se sentir seguro, ou as direções das escolas e do posto não teriam tomado a medida extrema de suspender as aulas ou prestar atendimento com as portas trancadas. É evidente que a população não deve ser colocada em risco e que por isso mesmo a própria comunidade adota atitudes defensivas. Porém, é assustador que, para que tenham de fato alguma proteção, crianças e adultos deixem de frequentar serviços essenciais.
 É óbvio que esta é uma manifestação de total insegurança. O episódio da Cruzeiro agrava o cenário provocado pelo tráfico em Porto Alegre, com a repetição de práticas criminosas banalizadas no Rio de Janeiro. Além de proteger os moradores, em resposta a uma demanda específica, como é o caso citado, as autoridades têm um desafio bem mais grandioso. Logo, é preciso que o governo demonstre, com firmeza, capacidade de reação à ação dos traficantes, para que não tenhamos aqui o cenário de guerra que atormenta os cariocas.
Identifique uma ideia posta em relação de causa e consequência no Editorial (entre o primeiro e segundo parágrafos). Reescreva a parte do texto em que aparece e diga o que é causa e o que é consequência.
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Como essa relação causa-consequência contribui para instaurar o sentido global do texto?
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Identifique duas ideias postas em relação de oposição (no segundo parágrafo). Reescreva a(s) parte(s) do texto em que aparecem, assinalando as ideias em oposição e suas orientações argumentativas (as ideias com as quais o autor do texto se identifica).
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Como essas passagens que exprimem contraste direcionam o sentido global do texto?
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Identifique uma passagem que expresse a ideia de conclusão. Reescreva a parte do texto em que essa ideia aparece.
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Procure identificar os sentidos que os demais articuladores presentes expressam e observe como as “costuras” que eles estabelecem constroem a argumentação no texto. 
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MOVIMENTOS ARGUMENTATIVOS
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Referência: MORENO, Claúdio; MARTINS, Túlio. Português para convencer: comunicação e persuasão em direito. São Paulo: Ática, 2006.
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Movimentos argumentativos: síntese
O movimento argumentativo define o sentido geral de uma argumentação, isto é, a forma como o argumentador se situa em relação a um ponto de vista já enunciado. 
aprovar: ocorre quando o falante manifesta sua aprovação completa em relação ao que foi enunciado;
refutar: ocorre quando se marca um desacordo completo em relação ao que foi enunciado; 
conceder: ocorre quando, apesar de o falante marcar seu desacordo com o que foi enunciado, manifesta aceitação sobre um ponto particular da argumentação precedente.
Destes três movimentos, estudamos os dois últimos.
1. Refutar (refutação)
Refutar consiste em negar a pertinência do ponto de vista do adversário. 
(1) Pedro é inteligente (p), mas é incapaz de resolver seus problemas (q).
Em (1), temos um mas que, de um lado, coloca em confronto dois pontos de vista que argumentam em direções opostas e, de outro lado, fornece diretivas que permitem interpretar o ponto de vista do enunciador. 
No enunciado (1), a incapacidade de Pedro de resolver seus problemas (q) é argumento mais forte para uma dada conclusão do que sua inteligência (p). O texto progride na direção indicada por q. O conector “mas” nega argumentativamente o segmento que o antecede; rompe com a conclusão esperada e apresenta um outro aspecto para ser considerado. 
A estrutura p, mas q pode ser parafraseada da seguinte maneira: “Sim, p é verdadeiro; você teria a tendência de, em decorrência disso, concluir C, mas não deve fazê-lo, pois q é apresentado como um argumento mais forte para não-C do que p o é para C.” 
p = vai na direçãode uma conclusão C; 
q = vai na direção de uma conclusão não-C. 
Assim, a refutação: 
inverte a orientação argumentativa do enunciado; 
orienta argumentativamente para não-C. 
 
2. Conceder (concessão)
Consoante Oswald Ducrot�,
Concessão, no sentido retórico do termo, é a aceitação de um argumento do adversário, que não se refuta, mas que se faz seguir de um argumento em sentido inverso, a partir do qual se conclui. É um tipo de manobra que não custa caro e um meio persuasivo importante. Concordando com o adversário que seu ponto de vista é justo e pertinente, o indivíduo, de um lado, concilia-se com ele, de outro, torna-lhe menos penoso admitir os argumentos contrários a ele.
Nesse sentido, observe um possível diálogo interior de um professor: 
(1): A concessão é um assunto complexo. [logo, não se deve tratar desse assunto] 
(2): Embora a concessão seja um assunto complexo, caracteriza-se por ser uma estratégia essencial para quem quer aprender a argumentar. [logo, deve-se tratar desse assunto] 
O locutor, ao apresentar o primeiro enunciado, da perspectiva de (1), concede razão ao adversário, reconhecendo que “a concessão é um fenômeno complexo”; porém, na perspectiva (2), ele introduz um movimento argumentativo que conduz para a conclusão “logo deve-se tratar desse assunto”. 
Ao utilizar a concessão, o locutor se protege de uma possível contra argumentação. Se ele simplesmente dissesse “A concessão é uma estratégia essencial para quem quer aprender a argumentar”, poderia ouvir uma crítica do tipo “Você não deveria ter abordado o fenômeno da concessão, pois é um assunto muito complexo”. Antes que isso ocorresse, ou, para que isso não ocorresse, o locutor se valeu do enunciado concessivo. 
Dessa maneira, a concessão ocorre quando, apesar de o argumentador marcar seu desacordo com o que foi enunciado, manifesta aceitação sobre um ponto particular da argumentação de seu oponente. 
Para efetuar o movimento argumentativo da concessão, empregam-se os articuladores embora e ainda que. 
(2) Ele é irresponsável (p), embora inteligente (q).
As estruturas p, embora q; embora q, p têm funcionamento semelhante a p, mas q, com algumas especificidades. O conector “embora” nega o argumento do segmento em que aparece. Nesse caso, o texto progride na direção do segmento que não contém o conector “embora”. Dito de outro modo: os argumentos introduzidos por “embora” são argumentativamente negados. Os argumentos decisivos são apresentados no segmento onde não há o conector “embora”, segundo Ingedore Villaça Koch.
 
Exemplo
Imagine que um dos argumentos para acusarem seu cliente de ter cometido um assassinato é a inimizade entre este e a vítima. Negar essa hostilidade é impossível, pois há diversas evidências que a confirmam. Entretanto, você sabe e necessita provar que seu cliente é inocente. Um movimento concessivo em relação à argumentação contrária a seu cliente poderia ter a seguinte configuração: 
1. Na primeira etapa, apresenta-se um argumento que segue o mesmo sentido da argumentação apresentada previamente: admite-se, em relação a um ponto particular, que algum argumento precedente é aceitável: 
Realmente, meu cliente e a vítima eram inimigos. 
Esse enunciado, isoladamente, poderia ser favorável à seguinte conclusão implícita: 
Meu cliente tinha motivo para cometer o assassinato. 
Na segunda etapa, opõem-se argumentos que tomam sentido contrário e que têm um valor mais forte que o argumento precedente:
Porém, não há correlação direta entre inimizade e assassinato. Além disso, há diversas evidências de que meu cliente estava em outra cidade na hora do crime. Deve-se considerar também que ele jamais tentou agredir fisicamente a vítima ou qualquer outra pessoa em todos os seus 55 anos de vida.
Esses enunciados, por sua vez, conduzem a uma conclusão oposta: 
Meu cliente não cometeu o assassinato.
Essa segunda conclusão acaba prevalecendo em relação à primeira, caracterizando um movimento de concessão em relação ao discurso de quem acusou seu cliente de assassinato. 
ATIVIDADES
1. Vejamos, com mais calma, o uso das expressões “mas”, “porém”, “contudo”, “todavia”, “entretanto”, “no entanto”, que são chamadas de conjunções adversativas. Essas conjunções introduzem ideias que vão na direção contrária ao que se estava afirmando. Além disso, seu uso faz com que uma das ideias (aquela que vai no sentido pretendido pelo produtor do texto) seja destacada, ressaltada.
a) Em qual das duas orações se enfatiza mais o fato de Maria ser feinha?
Maria é feinha, mas é superlegal.
Maria é superlegal, mas é feinha.
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b) Você diria que o autor da frase a seguir é a favor ou contra a pena de morte?
Um assassino é alguém que cometeu um crime gravíssimo e, por isso, merece ser castigado. Mas condená-lo à pena de morte seria cometer um erro na tentativa de reparar um outro anterior.
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c) Escolha uma das alternativas. Os dois exemplos anteriores mostram que:
• quando usamos uma conjunção do tipo “mas” a ideia que vem depois da conjunção é a que é ressaltada.
• quando usamos uma conjunção do tipo “mas” a ideia que vem antes da conjunção é a que é ressaltada.
2. Imagine um deputado federal defendendo no Congresso Nacional a flexibilização das leis trabalhistas. Leia agora dois trechos possíveis para esse discurso:
Trecho
“Podemos admitir que alguns trabalhadores sairão perdendo com a flexibilização das leis trabalhistas, mas a grande maioria sairá ganhando, pois o alto custo de manter um trabalhador em regime de CLT impede as empresas de manter e/ou ampliar seu quadro de funcionários. Assim, o governo tem acertado em procurar flexibilizar essas leis, posto que, mais do que os direitos de alguns trabalhadores, o que está em jogo é o próprio emprego de outros tantos, sem o qual o princípio constitucional de garantia da dignidade da pessoa humana fica já de saída ameaçado.”
Trecho 2
“Com a flexibilização das leis trabalhistas a grande maioria dos trabalhadores sairá ganhando, pois o alto custo de manter um trabalhador em regime de CLT impede as empresas de manter e/ou ampliar seu quadro de funcionários. Assim, o governo tem acertado em procurar flexibilizar essas leis, posto que o que está em jogo é o próprio emprego da maioria da população, sem o qual o princípio constitucional de garantia da dignidade da pessoa humana fica já de saída ameaçado.”
a) Que diferenças você nota nesses dois trechos? Qual dos dois trechos traz uma ideia que vai na direção contrária a que se pretende defender?
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b) Levando em conta que o Congresso Nacional abriga políticos de vários partidos e de várias escolas de pensamento, qual dos trechos você considera mais convincente na direção pretendida pelo enunciador? Justifique.
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3. Agora imagine o seguinte trecho de um artigo de opinião que poderia ter sido escrito por um líder sindical para um jornal de grande circulação nacional:
Há certas ideias que vão sendo disseminadas por determinados gruposcom interesses específicos que acabam sendo aceitas como verdades por diferentes setores da sociedade. Uma delas é de que a legislação trabalhista brasileira é arcaica, inadequada para a ordem econômica atual e responsável por parte do desemprego. A tese é de que os encargos trabalhistas são caros e impossibilitam as empresas de contratar trabalhadores ou mesmo dificultam sua manutenção em postos de trabalho. Dito de outra forma, o principal motivo do desemprego deixa de ser a política monetária e tributária do governo federal e o crescente processo de reestruturação produtiva das empresas e passa a ser o décimo terceiro, as férias e o fundo de garantia do trabalhador. (...)
a) Qual é a tese (posição) defendida pelo autor do texto?
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b) Em vez de explicitar a tese que defende, o autor escolhe começar criticando uma tese contrária à dele. Você considera essa uma estratégia eficaz de argumentação? Em toda situação ou em algum(ns) tipo(s) específico(s) de situação?
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Podemos dizer, então, que três movimentos básicos dão conta da “arquitetura” da argumentação:
1) sustentação: só se leva em conta a posição que se pretende defender, através do encadeamento de indício(s), prova(s), argumento(s) que corrobore(m) o que se pretende afirmar;
2) refutação: busca-se a rejeição de uma tese defendida ou de argumentos apresentados que sejam contrários à opinião do autor. Nesse caso, usa-se o que chamamos de contra-argumento;
3) negociação (concessão): incorpora-se parte do ponto de vista do outro, num aparente esforço de entendimento, mas na verdade esse recurso é só uma estratégia de enfraquecimento do que se apresenta como contrário ao que se quer defender. 
O uso da negociação pode ser visto como uma aparente “diplomacia” no uso da linguagem, mas na verdade, na maior parte das vezes, o que a negociação visa não é exatamente um acordo entre as partes, mas sim um enfraquecimento de argumentos contrários aos defendidos pelo enunciador ou, no mínimo, uma concessão parcial que continua visando assegurar o que se pretende defender. 
Dessa forma, uma das construções típicas do movimento argumentativo de negociação seria a forma “é certo que x” (ou “podemos aceitar x”), mas y..... 
4. Transforme os enunciados abaixo utilizando o articulador concessivo "embora", sem que haja alteração no sentido pretendido pelo autor. Faça as adaptações necessárias. 
a. O Brasil sediará a Copa do Mundo de 2014, porém as obras dos estádios estão em fase preliminar. 
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b. A reprovação é dolorosa, todavia ela faz parte da realidade do ensino. 
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c. É preciso "subir a régua" que mede a qualidade de ensino, contudo isso deve ser feito com objetividade e ética. 
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d. O acordo para a reforma ortográfica foi assinado por todas as nações lusófonas, no entanto só o Brasil o colocou logo em prática. 
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e. O desejo dos estudantes de Direito hoje não se dirige mais tão somente às carreiras públicas, entretanto ainda há aqueles que preferem o trabalho lento, burocrático e pouco gratificante. 
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5. Reescreva os enunciados a seguir, utilizando o articulador MAS (ou outro de mesmo sentido), sem alterar o valor argumentativo pretendido pelo autor.
a. Embora o sigilo profissional não seja mais tão respeitado em se tratando de figuras públicas, ele ainda é característica de algumas atividades. 
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b. Embora os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário nos lembrem de que devemos cumprir com o dever, é a riqueza e a prosperidade dos integrantes do Estado que dão a ele força e segurança. 
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c. Ainda que, na guerra, a mentira seja figura estratégica, no Estado Democrático de Direito, a razão sempre verte da lei. 
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d. Embora os exames atuais que detectam anencefalia se valham de técnicas de última geração, o diagnóstico não está isento de erros de interpretação. 
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DOS ARGUMENTOS ÀS FALÁCIAS�
	Criar argumentos significa manejar os elementos linguísticos aptos a persuadir. A melhor argumentação é aquela que mais convence, e uma das características da argumentação convincente é que ela seja honesta. Não existe nada pior ao interlocutor que perceber que o argumento deliberadamente procura induzi-lo a erro.
	O que é argumentação honesta? 
Segundo quais critérios avaliar a honestidade de uma argumentação?
	Não se mede a honestidade de uma argumentação pela causa que defende. Existe, seguidores que apóiam incondicionalmente o posicionamento de um líder, porque acreditam ser ele boa fonte de pensamentos, sejam religiosos, políticos, etc. Mas isso não significa boa argumentação, pois esta somente é medida como boa ou má em seu percurso, e não previamente, o que no discurso jurídico implica prejulgamento.
A argumentação passa a ser desonesta quando tende à falácia – ao erro que prejudica a verossimilhança – desviando o percurso argumentativo da razoabilidade lógica.
	O percurso estruturado de forma aparentemente lógica e, portanto, aparentemente válido, denomina-se sofismo. Ele ocorre pelo desvio de sentido no percurso lógico, quando uma proposição não leva necessariamente a uma conclusão.
O réu alega que é pobre e nunca teve envolvimento no crime de tráfico de drogas, pois se o fizesse teria melhor condição econômica. Entretanto, contratou para defendê-lo um dos melhores advogados do país, e, sabe-se, bons advogados são caros. Um profissional como esse não seria contratado por umpobre e, por isso, não é verdade que o réu não tenha envolvimento com atividade criminosa, pois somente dela poderiam vir os proventos para os honorários do responsável defensor.
	A honestidade na argumentação passa, então, pela construção do discurso apto a conduzir a uma conclusão aceitável, sem que se desvirtuem conscientemente de uma razoabilidade, de uma probabilidade plausível, que faça com que o interlocutor deposite credito no discurso. Vale lembrar que uma informação propositadamente desvirtuada da verdade ou da verossimilhança pode fazer com que o interlocutor rejeite todo o discurso, pois, inevitavelmente, a desonestidade em um argumento contamina todos os demais.
	Vejamos alguns exemplos de falácias:
1. Generalização
	
	O argumento de senso comum é muito eficiente quando enuncia um preceito que não pode ser contestado, como quando se diz que um ser humano que passa fome não pode dar importância a questões intelectuais. Entretanto, o argumento perde força quando enuncia generalizações indevidas, como quando se diz que os moradores da favela são todos voltados ao crime.
	Esse tipo de falácia ocorre quando se constata alguma regularidade nos fatos a partir de um número reduzido de observações.
Concluí que todos os políticos são corruptos porque soube de casos de corrupção envolvendo meia dúzia deles.
2. Falácias ad hominem (envenenar o poço)
	Consiste no indevido ataque à pessoa do locutor que argumenta, sem que se enfrentem suas ideias, ou, neste último caso, suas qualificações.
3. Falácia ad misericordiam
	É aquela que apela à piedade como argumento em favor de uma causa, a exemplo do procurador que assume que seu cliente, pela lei, merece grave reprimenda penal, mas sua prisão deixará a família sem sustento.
O ex-diretor do DENATRAN deve ser absolvida no processo administrativo interno porque tem muitos anos de dedicação à instituição.
4. Argumento de autoridade falacioso
Recorre-se ao sentimento de respeito que as pessoas têm às pessoas famosas, utilização da opinião de uma pessoa famosa para reforçar um ponto de vista. Por exemplo, uma propaganda de computador que procura convencer o consumidor a comprar o produto apresentando um ator famoso que o tem. 
5. Falsa analogia
Trata-se da equiparação de uma situação específica a outra que difere em aspecto relevante para a argumentação. 
Se os militares retidos nos batalhões durante a semana podem visitar as famílias no fim de semana, então os presos retidos nas cadeias devem poder fazer o mesmo. 
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	Liberação das drogas deve ir além do debate de usar ou não
Recentemente, a sociedade brasileira foi surpreendida por uma decisão do Supremo Tribunal Federal, da lavra do ministro Luís Roberto Barroso, que determinou critérios objetivos para a abertura gradual da liberalização do uso da cannabis sativa, vulgarmente chamada de maconha. Por ocasião do julgamento, com repercussão geral reconhecida pela corte suprema, do Recurso Extraordinário 635659, o ministro se manifestou exclusivamente sobre o uso de maconha, não fazendo juízo de valor sobre outras drogas. Propôs, em seu voto, que o porte de 25 gramas de maconha ou a plantação de até seis plantas fêmeas da espécie sejam o parâmetro para diferenciar o consumo do tráfico de maconha. Outrossim, manifestou-se expressamente no sentido de que o uso da maconha deve ser descriminalizado. Com todo o respeito ao ministro, professor e jurista, um dos mais renomados constitucionalistas atuantes no Brasil, pedimos vênia para discordar, com veemência, de suas considerações e de seu posicionamento. Deixamos claro que não pretendemos esgotar o tema, tampouco impor nosso ponto de vista. Apenas objetivamos trazer outras questões a debate, em benefício à dialética e à dúvida.
Inicialmente, temos que ter em mente que o tráfico de drogas não é ilícito contra o patrimônio, mas crime contra a saúde pública. Logo, não atenta contra bens privados e disponíveis da pessoa, mas contra uma política sanitária de Estado. Independe, portanto, de quantidade ou manifestação de vontade. Basta que se faça uso ou porte uma substância que o Poder Público considera perniciosa para seu cidadão. Os efeitos prejudiciais à coletividade são vistos cotidianamente no Brasil e no mundo. A literatura e o cinema são ricos em narrar diversas experiências de pessoas que perderam suas vidas em virtude do uso de substâncias ilícitas. Por sua vez, a medicina é pródiga em afirmar e provar cientificamente os malefícios que a dependência química causa. Somente por essas premissas, que não temos espaço para exemplificar neste espaço, tampouco pretendemos entediar o leitor citando-as uma por uma, caem por terra, salvo melhor juízo, diversos argumentos pró-drogas.
Sob aspectos eminentemente jurídicos, a República Federativa do Brasil repudia, veementemente, o tráfico de drogas. A Constituição estabelece que “a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia (...) o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins” (artigo 5º, XLIII); nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins (artigo 5º, LI); “As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do país onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas (...) serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário (...) Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins (...) será confiscado” (artigo 243, p. único). Assim, não há como se reconhecer a juridicidade da campanha de liberalização das drogas, face ao texto constitucional. Talvez o ponto mais forte e gritante que não dá margem à opção do constituinte pelo combate as drogas seja a determinação de que a proteção especial a crianças e adolescentes abranja “programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins” (artigo 227, parágrafo 3º, VII). Ora, se a Constituição considera que o tráfico de drogas é crime inafiançável, insuscetível da concessão de graça ou anistia, eventual lei que promova a liberalização de drogas é de constitucionalidade duvidosa. Outrossim, norma penal em branco, que descriminalize o uso de eventual substância ilícita, reduzindo o campo de aplicabilidade da lei de entorpecentes, será, igualmente, de juridicidade extremamente duvidosa, não resistindo a um simples confronto com a Carta da República. Ora, se a lei não pode anistiar e o executivo não pode conceder graça ao crime de tráfico de drogas e substâncias afins, a decisão judicial que, na hierárquica pirâmide de Kelsen, lhe é inferior, muito menos pode, salvo melhor juízo e maior engano, descriminalizar.
Por fim, encerramos convidando a todos a uma reflexão. A dependência química reduz a capacidade de escolha do indivíduo, uma vez que tolhe seu livre arbítrio, levando-o a praticar atos que ferem a moral da coletividade, uma vez que violam as leis, bem como que atentam a dignidade da pessoa humana, uma vez que o rebaixam, não raro, à imoralidade. Uma breve visita às cracolândias que aumentam volumosamente em todo o país dá a ideia real, não romanceada, do que o uso de substâncias entorpecentes faz ao ser humano.
 
Leonardo Vizeu Figueiredo (Procurador Federal, Presidente da Comissão de Direito Constitucional da OAB/RJ, Diretor da Escola da Advocacia-Geral da União da 2ª Região, Escritor e Professor Universitário).
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