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PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PROCESSUAL completo-2.docx

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PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PROCESSUAL
Direito material x Direito Processual
Uma pessoa insatisfeita diante de uma pretensão resistida, poderá provocar o Estado que desempenhará sua função jurisdicional, atuando conforme um método de trabalho estabelecido em normas adequadas. 
Assim, Direito Processual é “o complexo de normas e princípios que regem tal método de trabalho, ou seja, o exercício conjugado da jurisdição pelo Estado-juiz ou pelo árbitro, da ação pelo demandante e da defesa pelo demandado.”[1: CINTRA, Antônio Carlos de; GRINOVER, Ada Pelegrini; DINAMARCO. Cândido Rangel. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 64.]
Direito material é o corpo de normas que disciplinam as relações jurídicas referentes a bens, relações e utilidades da vida (direito civil, penal, administrativo, comercial, tributário, trabalhista etc).
O que distingue fundamentalmente direito material e direito processual é que este cuida das relações dos sujeitos processuais, da posição de cada um deles no processo, da forma de se proceder aos atos deste – sem nada dizer quanto ao bem da vida que é objeto do interesse primário das pessoas (o que entra na órbita do direito substancial).[2: “Os bens da vida (isto é, as coisas ou valores necessários ou úteis à sobrevivência do homem, bem como a seu aprimoramento) nem sempre existem em quantidade suficiente para atender, com sobra, às exigências de todos os indivíduos (tal como se passa com a luz do sol e o ar atmosférico). Daí que, com frequência, os mesmos objetos são utilizados ou disputados por mais de uma pessoa. Assim, o dono e o inquilino utilizam, simultaneamente, o mesmo bem da vida, mas a título e modo distintos. O dono obtém uma renda e o locatário, um lugar onde morar. Logra-se, por acordo de vontade, uma harmonização de interesses concorrentes. Há conflito de interesses quando mais de um sujeito procura usufruir o mesmo bem. Mas o contrato, por exemplo, é uma das fontes de compor esse conflito, justamente porque concilia os interesses concorrentes, acomodando-os de acordo com as conveniências recíprocas. Há litígio quando o conflito surgido na disputa em torno do mesmo bem não encontra uma solução voluntária ou espontânea entre os diversos concorrentes. Aí o primeiro persistirá na exigência de que o segundo lhe entregue o bem e este resistirá, negando cumprir o que lhe é reclamado.” THEODORO JÚNIOR, Humberto. Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. Rio de Janeiro: Forense, 2011, v. 1, p. 47.]
Normas processuais - regras e princípios
O processo é regido por normas processuais que, na concepção de Ronald Dworkin e Robert Alexy, compreendem as regras e os princípios (N = R e P).[3: DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 16. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Altas, 2012, p. 82.]
	PRINCÍPIOS
	REGRAS
	Mais genéricos/abstratos
	Menos genéricas/abstratas
	Têm densidade axiológica (tem maior carga valorativa; carregam/positivam valores)
	As regras se esgotam em si mesmas, descrevendo o que se deve e o que não se deve, o que se pode e o que não se pode fazer.
	Explicam os motivos, fundamentam/justificam as regras (consigo entender o sentido da regra a partir do princípio)
	São um mandado de definição (é a lógica do tudo ou nada; o que é permitido ou proibido fazer.
	Exercem função integrativa ao colmatar (fechar) as lacunas do ordenamento jurídico (onde há ausência de regras). O princípio vem para fechar um vazio.
	São aplicadas através de subsunção (que é o encaixe perfeito). Ex.: estrangeiros são inalistáveis (regra ao caso concreto)
	Têm função interpretativa (garantem a existência do sistema jurídico).
	Quando há contradição entre regras, há a antinomia (conflito): aonde uma será válida e a outra inválida. Não valem juntas. Uma exclui a outra.
	Os princípios são mandamentos de otimização, normas que ordenam que algo seja cumprido na maior medida possível, dentro das possibilidades jurídicas e fáticas de cada caso concreto, dentro do próprio sistema (sistema jurídico é um conjunto de normas).[4: DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 16. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Altas, 2012, p. 82.]
	
	São aplicados através da ponderação/balanceamento.
	
	Quando houver antinomia (conflito) entre princípios há o que se chama de colisão e se resolve mediante ponderação/ balanceamento no caso concreto. Não existe uma hierarquia entre os princípios. O princípio de maior peso vai prevalecer sobre o outro que vai ceder. 
	
A regra básica do Direito Processual Civil é o CPC. Entretanto, há princípios que regem o processo, como já se tem visto.
O processo é um só! Seja civil, penal ou trabalhista.
Força normativa da Constituição
O Direito Processual mais do que nunca deve ser examinado e interpretado à luz da Constituição Federal, representada por princípios e garantias que devem nortear o processo, consideradas premissas superiores de todo o sistema em busca da sua máxima efetividade.[5: DINAMARCO, C. R.; LOPES, B. V. C. Teoria geral do novo processo civil. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 53.]
A Constituição tem FORÇA NORMATIVA e, portanto, os direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata (art. 5º., § 1º. CF).
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
O direito processual está incluído no ramo do direito público, eis que governa a atividade jurisdicional do Estado. Suas raízes principais prendem-se ao tronco do Direito Constitucional ao estabelecer as bases do direito processual, instituindo o Poder Judiciário, criando os órgãos jurisdicionais que o compõem, assegurando as garantias da Magistratura e fixando princípios de ordem política e ética que garantem o acesso à justiça e o devido processo legal (due process of law).[6: CINTRA, Antônio Carlos de; GRINOVER, Ada Pelegrini; DINAMARCO. Cândido Rangel. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 71.]
“A Constituição formula princípios, oferece garantias e impõe exigências em relação ao sistema processual com um único objetivo final, que se pode qualificar como uma garantia-síntese e é o acesso à justiça, mediante a concessão, ‘em tempo razoável’, de uma ‘decisão de mérito justa e efetiva’ (Const., art. 5º., incs. XXXV e LXXVIII – CPC, art. 6º.)
(...)
Ela quer um processo pluralista, de acesso universal, participativo, isonômico, liberal, transparente, conduzido com impessoalidade por agentes previamente definidos e observância das regras, sem excessos etc. – porque assim ela mesma exige que seja o próprio Estado e assim é o modelo político da democracia.”[7: DINAMARCO, C. R.; LOPES, B. V. C. Teoria geral do novo processo civil. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 54.]
Princípios gerais do Direito Processual
a) PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ 
b) PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU ISONOMIA
c) PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA
d) PRINCÍPIO DA AÇÃO – PROCESSOS INQUISITIVO E ACUSATÓRIO
e) PRINCÍPIOS DA DISPONIBILIDADE E DA INDISPONIBILIDADE
f) PRINCÍPIO DISPOSITIVO E PRINCÍPIO DA LIVRE INVESTIGAÇÃO DAS PROVAS - VERDADE FORMAL E VERDADE REAL
g) PRINCÍPIO DO IMPULSO OFICIAL
h) PRINCÍPIO DA ORALIDADE
i) PRINCÍPIO DA PERSUASÃO RACIONAL DO JUIZ
j) A EXIGÊNCIA DE MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS
k) PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
l) PRINCÍPIO DA LEALDADE PROCESSUAL
m) PRINCÍPIOS DA ECONOMIA E DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS 
n) PRINCÍPIO DA RECORRIBILIDADE E PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO
o) PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
p) PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL
r) PRINCÍPIO DA EFETIVIDADE
s) PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO E DA ADAPTABILIDADE DO PROCEDIMENTO
t) PRINCÍPIODA IMPRORROGABILIDADE
u) PRINCÍPIO DA INDECLINABILIDADE OU INAFASTABILIDADE 
v) PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO
w)PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE OU PRECLUSÃO
a) PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ
“A Declaração Universal dos Direitos do Homem prevê que ‘toda pessoa tem direito, em condições de igualdade, de ser ouvida publicamente e com justiça por um tribunal independente e imparcial, para a determinação de seus direitos e obrigações ou para o exame de qualquer acusação contra ela em matéria penal.’ (art. 10).”[8: A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), que delineia os direitos humanos básicos, foi adotada pela Organização das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948.][9: DINAMARCO, C. R.; LOPES, B. V. C. Teoria geral do novo processo civil. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 59.]
O juiz ou o árbitro, quando for o caso, deve se colocar entre as partes e acima delas, é a primeira condição para que possam exercer sua função dentro do processo. A imparcialidade do juiz é pressuposto para que a relação processual válida.[10: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 76.]
É a garantia de um julgamento proferido por um juiz equidistante das partes. [11: Está de igual distância uma coisa da outra.][12: BARROSO, Carlos Eduardo Ferraz de Mattos. Teoria geral do processo e processo de conhecimento. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 24.]
A isenção daquele que profere a decisão é uma das maiores preocupações da ciência processual.
A imparcialidade do juízo não se confunde com neutralidade ou passividade. 
“O juiz é sujeito ativo do processo, e tem o dever de zelar pela justa composição do litígio. Ao magistrado cabe esclarecer pontos obscuros, advertir as partes de suas condutas, requisitar provas e diligências, interpretar as normas e as especificidades de cada caso concreto, tudo com o objetivo de prestar adequadamente a tutela jurisdicional.”[13: DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 16. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Altas, 2012, p. 88.]
Para assegurar a imparcialidade do juiz, a Constituição estipula garantias e prescreve vedações (art. 95, CF) e proíbe juízos e tribunais de exceção (art. 5º., inciso XXXVII).[14: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 76.]
Art. 95 [CF] Os juízes gozam das seguintes garantias:
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado;[15: Os demais servidores detêm estabilidade: Art. 41 [CF]. São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)]
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII;
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. 
Parágrafo único. Aos juízes é vedado:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária.
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; 
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. 
Aos tribunais de exceção contrapõe-se ao juiz natural que consagra a norma de que só é juiz o órgão investido de jurisdição e impede a criação de tribunais ad doc e de exceção para o julgamento de causas penais ou civis.[16: PRINCÍPIO DO JUÍZO NATURAL (Elpídio). Proibição de juízo ou tribunal de exceção (art. 5º., XXXVII, CF) e observância às regras de competência. Todos têm direito ao julgamento por órgão investido de jurisdição (princípio da jurisdição chamado “investidura”), naturalmente competente segundo as regras prévia e democraticamente estabelecidas. Há nulidade absoluta se o processo for decidido por órgão incompetente. Ninguém pode ser privado do julgamento por juiz independente e imparcial.][17: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 76.]
Art. 5º. [CF] Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
A imparcialidade do juiz é uma garantia de justiça para as partes.
“(...) somente através da garantia de um juiz imparcial o processo pode representar um instrumento não apenas técnico, mas ético também, para a solução dos conflitos interindividuais com justiça (...).”[18: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 77.]
b) PRINCÍPIO DA IGUALDADE OU ISONOMIA
Da norma inscrita no art. 5º. da CF brota o princípio da igualdade processual, a partir do qual as partes e os procuradores devem merecer tratamento igualitário, para que tenham as mesmas oportunidades de fazer valer em juízo suas razões.
As partes devem poder estar no processo com paridade de armas.[19: DINAMARCO, C. R.; LOPES, B. V. C. Teoria geral do novo processo civil. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 62.]
Art. 5º. [CF] Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)
Colhe-se do CPC/2015:
Art. 139. [CPC/2015] O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
Essa garantia de igualdade ou isonomia levou ao delineamento dos traços iniciais do sistema de precedentes para o direito brasileiro, para que não se julgue diferentemente pessoas que estejam em situações idênticas. [20: RODRIGUES, H. W.; LAMY, E. de A. Teoria geral do processo. 4. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2016, p. 233.]
Atenção! A aparente quebra do princípio da isonomia, dentro e fora do processo obedece exatamente ao princípio da igualdade real e proporcional, que impõem tratamento desigual aos desiguais, justamente para que, supridas as diferenças, se atinja a igualdade substancial. 
Quando for justificável a lei poderá dar tratamento diferenciado às partes, principalmente quando elas não são iguais. Ex.: é o que acontece no processo do trabalho, em que o empregado não é igual ao empregador. No Direito do Consumidor, o consumidor é a parte mais fraca na relação de consumo e também deve ser tratado de forma diferenciada, inclusive com a inversão do ônus da prova.[21: DINAMARCO, C. R.; LOPES, B. V. C. Teoria geral do novo processo civil. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 62.]
O interesse público e supostas dificuldades extraordinárias para a defesa em juízo são as razões como verdadeiros privilégios no processo civil. Ex.: prazo em dobro para o MP – art. 180, CPC/2015;
c) PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA
O princípio do contraditório conduz à distribuição da justiça organizada.[22: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 79.]
A CF previu contraditório e ampla defesa num único dispositivo, aplicável expressamente aos litigantes, em qualquer processo, judicial ou administrativo,e aos acusados em geral (art. 5º., inc. LV). (Obs.: no inquérito há indiciado).[23: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 80.]
Art. 5º. [CF]
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
O princípio do contraditório consagra também duas dimensões (tal qual o devido processo legal): EM SENTIDO FORMAL e EM SENTIDO SUBSTANCIAL. [24: DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 16. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Altas, 2012, p. 90.]
Em sentido formal: é o direito de participar do processo, de ser ouvido.
Em sentido substancial significa dizer que essa manifestação tem que ser capaz de influenciar na formação da decisão, não adianta simplesmente ouvir a parte. É esta a orientação do NCPC.
O juiz, por força de seu dever de imparcialidade, coloca-se entre as partes, mas equidistante delas: ouvindo uma, não pode deixar de ouvir a outra; somente assim se dará a ambas a possibilidade de expor suas razões, de apresentar suas provas, de influir sobre o convencimento do juiz. Somente pela soma da parcialidade das partes (uma representando a tese e a outra, a antítese) o juiz pode corporificar a síntese, em um processo dialético. É por isso que se considera que as partes, em relação ao juiz, têm papel de “colaboradores necessários”: cada um dos contendores age no processo tendo em vista o próprio interesse, mas a ação combinada dos dois serve à justiça na eliminação do conflito ou controvérsia que os envolve.[25: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 79.]
Como as partes têm o direito de participar do processo, de saber previamente seu conteúdo, de influenciar na formação da decisão, o juiz não poderá julgar ou decidir além, aquém ou fora do que foi pedido. 
O processo atua mediante sequência de atos processuais formais, previstos em lei para garantir a igualdade das partes durante o transcorrer do “jogo” que se instaura perante o Judiciário e para possibilitar meios de efetiva defesa dos interesses em litígio.[26: BARROSO, Carlos Eduardo Ferraz de Mattos. Teoria geral do processo e processo de conhecimento. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 27.]
A violação do princípio do contraditório e da ampla defesa está ligada ao conceito de cerceamento de defesa que consiste na prolação de uma decisão prematura, sem que tenha sido facultada à outra parte a utilização de todos os recursos previstos em lei para a defesa de seu direito.[27: BARROSO, Carlos Eduardo Ferraz de Mattos. Teoria geral do processo e processo de conhecimento. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 27.]
No processo civil
“Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida (art. 9º., CPC), que caracteriza o contraditório. 
O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício (art. 10 do CPC).”[28: MARTINS, Sérgio Pinto. Teoria geral do processo. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 58.]
Entre nós a ciência dos atos processuais é dada mediante: citação, intimação ou notificação, conforme o caso.[29: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 80.]
Art. 238 [CPC/2015].  Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual.
Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo. De acordo com o NCPC, é facultado aos advogados promover a intimação do advogado da outra parte por meio de correio, juntando aos autos, a seguir, cópia do ofício de intimação e do aviso de recebimento. O ofício de intimação deverá ser instruído com cópia do despacho, da decisão ou da sentença.
Art. 269 [CPC/2015].  Intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo.
Art. 344 [CPC/2015].  Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor.
Será considerado revel, no novo processo civil, o réu quando as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante dos autos. 
Art. 345 [CPC/2015].  A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:
I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;
II - o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considere indispensável à prova do ato;
IV - as alegações de fato formuladas pelo autor forem inverossímeis ou estiverem em contradição com prova constante dos autos.
No novo CPC, o revel citado por edital ou com hora certa será defendido por um curador especial nomeado pelo juiz, enquanto não for constituído advogado e ao incapaz, sem representante, enquanto durar a incapacidade. O MP atuará quando houver interesse de incapaz. 
Art. 72 [CPC/2015].  O juiz nomeará curador especial ao:
I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses deste colidirem com os daquele, enquanto durar a incapacidade;
II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou com hora certa, enquanto não for constituído advogado.
Art. 178 [CPC/2015].  O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam:
II - interesse de incapaz;
Outros diplomas legais 
Na Consolidação das Leis do Trabalho e a Lei do Mandado de Segurança (Lei 12.016/2009) usam notificação onde deveriam dizer citação.[30: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 80.]
Art. 841[CLT] Recebida e protocolada a reclamação, o escrivão ou secretário, dentro de 48 (quarenta e oito) horas, remeterá a segunda via da petição, ou do termo, ao reclamado, notificando-o ao mesmo tempo, para comparecer à audiência do julgamento, que será a primeira desimpedida, depois de 5 (cinco) dias.
 § 1º - A notificação será feita em registro postal com franquia. Se o reclamado criar embaraços ao seu recebimento ou não for encontrado, far-se-á a notificação por edital, inserto no jornal oficial ou no que publicar o expediente forense, ou, na falta, afixado na sede da Junta ou Juízo.
§ 2º - O reclamante será notificado no ato da apresentação da reclamação ou na forma do parágrafo anterior.
Art. 7º. [Lei 12.016/2009 (MS)] Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: 
I - que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de 10 (dez) dias, preste as informações; 
Sendo indisponível o direito, o contraditório precisa ser efetivo e equilibrado, pois mesmo revel o réu em processo-crime, o juiz dar-lhe-á defensor (CPP, arts. 261 e 263).[31: “São os direitos dos quais a pessoa não pode abrir mão, como o direito à vida, à liberdade, à saúde e à dignidade. Por exemplo: uma pessoa não pode vender um órgão do seu corpo, embora ele lhe pertença.” Fonte: Câmara dos Deputados <http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/119440.html>. Acesso em 14jan2016.]
No processo penal
No processo penal o exercício do contraditório efetivo é obrigatório, tendo em vista a liberdade ser um direito indisponível e existir o impedimento de que qualquer pessoa seja condenada sem defesa.[32: RODRIGUES, H. W.; LAMY, E. de A. Teoria geral do processo. 4. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2016, p. 235.]
Ao réu revel é dado defensor público ou dativo (artigos 261 a 263, CPP,por exemplo).[33: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 77.]
Art. 261[CPP]. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor.
Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor público ou dativo, será sempre exercida através de manifestação fundamentada.
Art. 263 [CPP]. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação.
Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, será obrigado a pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz.
Feita uma defesa abaixo do padrão mínimo tolerável, o réu será dado por indefeso e o processo anulado. 
d) PRINCÍPIO DA AÇÃO – PROCESSOS INQUISITIVO E ACUSATÓRIO
Princípio da ação ou da demanda indica a atribuição da parte de provocar o exercício da função jurisdicional.[34: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 81.]
Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando requerida pela parte, não havendo, portanto, instauração de processo pelo juiz ex officio. [35: THEODORO JÚNIOR, Humberto. Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. 56. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. 1, p. 73.]
Art. 2o [CPC/2015] O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.
Ação é o direito (ou poder) de ativar os órgãos jurisdicionais, visando à satisfação de uma pretensão.[36: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 81-82.]
Ação é o meio de se provocar e requerer a tutela jurisdicional, a ser prestada pelo Estado-juiz. [37: DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 16. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Altas, 2012, p. 88-89.]
Diferente é a situação no processo inquisitivo em que a iniciativa ocorre de ofício pelo juiz e as funções de acusar, defender e julgar pertencem ao mesmo órgão.[38: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 82.]
São características do processo inquisitivo: é secreto, não contraditório e escrito. Desconhece as regras da igualdade ou da liberdade processuais; nenhuma garantia é oferecida ao réu (até torturas são admitidas no curso deste para obter a “rainha das provas”: a confissão).[39: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 82.]
Processo acusatório (adotado no processo penal brasileiro) prevaleceu em Roma e em Atenas, é um processo penal de partes, em que acusador e acusado se encontram em pé de igualdade. É um processo com as garantias da imparcialidade do juiz, do contraditório e da publicidade.[40: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 82.]
Quanto à fase prévia representada pelo inquérito policial, constitui processo administrativo, sem acusado, há um mero indiciado.
Após o indiciamento, com litigantes, as provas nele colhidas só podem servir à formação do convencimento do Ministério Público, mas não para embasar uma condenação.[41: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 82-83.]
O ordenamento brasileiro adota o princípio da demanda, tanto no processo civil, quanto no processo penal. Há exceções (em que o juiz pode tomar de ofício):
- A execução trabalhista:
Art. 878 [CLT] A execução poderá ser promovida por qualquer interessado, ou ex officio pelo próprio Juiz ou Presidente ou Tribunal competente, nos termos do artigo anterior.
Parágrafo único - Quando se tratar de decisão dos Tribunais Regionais, a execução poderá ser promovida pela Procuradoria da Justiça do Trabalho. 
- Decretação de falência de empresa sob regime de recuperação judicial:
Art. 73 [LRF 11.101/2005]. O juiz decretará a falência durante o processo de recuperação judicial:
I – por deliberação da assembléia-geral de credores, na forma do art. 42 desta Lei;
II – pela não apresentação, pelo devedor, do plano de recuperação no prazo do art. 53 desta Lei;
III – quando houver sido rejeitado o plano de recuperação, nos termos do § 4o do art. 56 desta Lei;
IV – por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação, na forma do § 1o do art. 61 desta Lei.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não impede a decretação da falência por inadimplemento de obrigação não sujeita à recuperação judicial, nos termos dos incisos I ou II do caput do art. 94 desta Lei, ou por prática de ato previsto no inciso III do caput do art. 94 desta Lei.
Art. 74 [LRF 11.101/2005]. Na convolação da recuperação em falência, os atos de administração, endividamento, oneração ou alienação praticados durante a recuperação judicial presumem-se válidos, desde que realizados na forma desta Lei.
O princípio da ação caracteriza-se pela iniciativa de provocar do autor de aparelho jurisdicional e vai além: “o que vale para o pedido do ator também vale de igual modo para o pedido que o réu pode formular em juízo contra o autor e que o põe na condição de verdadeiro autor.”[42: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 83.]
Trata-se do instituto da reconvenção, utilizada no processo civil. Algo bem diverso da defesa do réu. Ao reconvir, o réu move uma nova demanda ao autor, exercendo uma pretensão própria e autônoma, com relação à qual são invertidas as posições das partes no processo. 
Art. 343 [CPC/2015] Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.
§ 1o Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2o A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção.
§ 3o A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro.
§ 4o A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro.
§ 5o Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em face do substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de substituto processual.
§ 6o O réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer contestação.
É sabido que, em regra, o juiz não pode instaurar o processo por iniciativa própria e também não pode tomar providências que superem os limites do pedido. O juiz fica limitado ou adstrito a decidir a lide nos limites em que foi proposta a demanda, o que se denomina PRINCÍPIO DA CONGRUÊNCIA/ADSTRIÇÃO, que não é absoluto, pois questões de ordem pública podem ser conhecidas, apenas no limite necessário para solucionar o litígio descrito pelas partes.[43: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31 .ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 83-84.][44: THEODORO JÚNIOR, Humberto. Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. 56. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. 1, p. 73.]
No processo penal, em regra, ocorre a mesma situação, mas o juiz pode dar definição jurídica diversa ao fato delituoso em que se funda a acusação, ainda que daí derive a aplicação de pena mais grave.
 
Art. 383 [CPP] O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena mais grave. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o Se,em conseqüência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2o Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
Já quando se altera a configuração dos fatos (CPP, art. 384, § 1º.), o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa.[45: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 84.]
Art. 384 [CPP]. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 1o Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
e) PRINCÍPIOS DA DISPONIBILIDADE E DA INDISPONIBILIDADE
Trata-se do princípio da disponibilidade processual.[46: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 84.]
É o “poder dispositivo”, a liberdade que as pessoas têm de exercer ou não seus direitos, passando pelo seu crivo discricionário.
É a possibilidade de apresentar ou não sua pretensão em juízo, bem como renunciar a ela (desistir da ação) ou a certas situações processuais. 
No processo criminal prevalece o princípio da indisponibilidade (ou da obrigatoriedade), pois o crime é uma lesão irreparável ao interesse coletivo e a pena é para a restauração da ordem jurídica violada. O Estado tem o dever de punir. 
“Daí a regra de que os órgãos incumbidos da persecução penal oficial não são dotados de poderes discricionários para apreciarem a oportunidade ou conveniência da instauração, quer do processo penal, quer do inquérito policial.”[47: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 84.]
Se as infrações são tão insignificantes, a ponto de a ação penal tornar-se inconveniente, cabe ao legislador não configurar tais fatos como ilícitos penais. 
Uma vez enquadrado num tipo legal, nenhuma parcela de discricionariedade pode ser atribuída aos órgãos incumbidos da persecução. 
Nos crimes de ação pública a autoridade policial é obrigada a proceder às investigações preliminares e o órgão do Ministério Público deve apresentar a denúncia, quando presentes indícios de autoria e materialidade (salvo nas infrações de menor potencial ofensivo), art. 24 CPP. [48: Art. 24.  Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.]
O art. 28 do CPP exige, para o pedido de arquivamento do inquérito por parte do Ministério Público, a invocação de razões, que podem ser rechaçadas pelo juiz, com subsequente remessa dos autos ao Procurador-Geral. Se este insistir no arquivamento, o juiz será obrigado a atendê-lo, o que indica o risco de alguma mitigação do princípio da indisponibilidade.[49:   Art. 28.  Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.][50: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 85.]
Há exceções ao princípio da indisponibilidade:
Onde se admite alguma atenuação do princípio, em situações reguladas por lei, quando se tratar, por exemplo, de infrações penais de menor gravidade. 
A Constituição brasileira contempla a transação, em matéria penal, para as denominadas infrações de menor potencial ofensivo (art. 98, inc. I, CF), tratada pela lei n. 9.099/95.[51: Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau; ][52: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 85.]
O princípio da obrigatoriedade sofre algumas limitações: 
a) nos casos de ação penal privada, pois depende de queixa do ofendido ou a quem legalmente o represente, instaurando-se o processo somente se estes o desejarem (art. 44, CPP); [53:    Art. 44.  A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.]
b) nos crimes de ação penal pública condicionada à representação, os órgãos públicos ficam condicionados à manifestação da vontade da vítima ou de seu representante legal; 
c) assim também ocorre nos crimes cuja ação fica subordinada a requisição do Ministro da Justiça. Ex.: artigo 145, § ún, 1ª parte, CP c/c art. 141, I, CP – crimes contra honra do Presidente da República ou Chefe de Governo Estrangeiro.
d) nas infrações penais de menor potencial ofensivo, de ação condicionada à representação, a transação civil acarreta a extinção da punibilidade penal; 
e) o Ministério Público, ao invés de oferecer denúncia, pode propor a imediata aplicação de pena alternativa (restritiva de direitos ou multa) quando não houver transação civil ou a ação for pública incondicionada; 
f) nos crimes de média gravidade o Ministério Público pode propor a suspensão condicional do processo.[54: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 85-86.]
O art. 17 do CPP proíbe à autoridade policial, uma vez instaurado o inquérito, deixar de continuar suas investigações ou arquivá-lo; e o art. 42 dispõe que o MP não pode desistir da ação penal.[55: Art. 17.  A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.][56:     Art. 42.  O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.][57: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 86.]
Não poderá o MP desistir do recurso interposto (CPP, art. 576), mas poderá se manifestar favoravelmente à absolvição do réu (art. 385), muito embora o juiz possa proferir sentença condenatória.[58: Art. 576.  O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto.][59:     Art. 385.  Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenatória, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.]
O princípio da indisponibilidade também sofre exceções nos casos de crimes de ação privada, nos quais se admite renúncia, perdão e perempção (não dar andamento) (CPP, arts. 49, 51 ss e 60). 
A situação é diferente na ação pública dependente de representação, que se torna irretratáveldepois de oferecida a denúncia (art. 25 CPP), ou seja, depois de iniciada a ação (CP, art. 102).[60: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 87.]
Outra regra decorrente do princípio da indisponibilidade do processo penal é a regra pela qual os órgãos incumbidos da persecução penal devem ser estatais (regra de oficialidade).
A regra da oficialidade não impede que qualquer pessoa do povo provoque a iniciativa do MP, fornecendo-lhe informações sobre o fato e autoria nos crimes de ação pública.
Art. 27 [CPP].  Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção. 
E mesmo nos crimes de ação pública é admitida ação privada, se aquela não for intentada no prazo legal, embora sem privar o Ministério Público de seus poderes processuais (CPP, art. 29 – disposição alçada a nível constitucional pelo art. 5º. Inc. LIX, da CF).[61: Art. 29.  Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal.][62: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 86.]
Destaque-se:
“O processo civil assume maior disponibilidade quanto mais privado for o direito material discutido em juízo. Já quanto mais indisponível for o direito material versado nos autos (direitos difusos, coletivos ou de incapazes), mais o processo civil se aproxima de uma chamada indisponibilidade, inerente ao interesse público incidente na espécie.”[63: BARROSO, Carlos Eduardo Ferraz de Mattos. Teoria geral do processo e processo de conhecimento. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 31.]
f) PRINCÍPIO DISPOSITIVO E PRINCÍPIO DA LIVRE INVESTIGAÇÃO DAS PROVAS - VERDADE FORMAL E VERDADE REAL.
Princípio dispositivo é a regra de que o juiz depende, na instrução da causa, da iniciativa das partes quanto às provas e às alegações em que fundamentará a decisão.[64: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 88.]
A regra do processo civil sempre foi no sentido de que o juiz deve julgar segundo as alegações e provas produzidas pelas partes. Entretanto, com o NCPC passa-se a falar em cooperação.
Art. 6o [CPC/2015] Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
No processo civil, em princípio, o juiz pode se satisfazer com a verdade formal (ou seja, aquilo que resulta ser verdadeiro em face das provas carreadas aos autos).[65: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 88.]
Até o CPC/73 não se exigiu do juiz a busca da VERDADE REAL, como ocorre no processo penal. Na maioria dos casos [de processo civil] se tratando de direitos disponíveis pode o juiz se satisfazer com a verdade formal, limitando-se a decidir a partir do que as partes levam ao processo e eventualmente rejeitando a demanda ou a defesa por falta de elementos probatórios.[66: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 89.]
Na visão constitucional do processo justo, encontra-se a obrigação do juiz de perseguir a veracidade das versões apresentadas, dentro dos limites da capacidade humana, sem implicar na violação à imparcialidade ou à independência do Estado-juiz.[67: THEODORO JÚNIOR, Humberto. Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. 56. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. 1, p. 57.]
O juiz ao sentenciar deve formar seu convencimento valorando os elementos de prova segundo critérios lógicos e dando a fundamentação de sua decisão. Não será arbitrário, ex vi art. 371, CPC/2015.
Art. 371 [CPC].  O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento. 
“O convencimento a ser observado na sentença, previsto no art. 371 do CPC, haverá de se assentar nos fatos comprovados nos autos, e só na efetiva falta de prova é que se tornará legítimo o julgamento por presunções.”[68: THEODORO JÚNIOR, Humberto. Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. 56. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. 1, p. 58.]
No processo penal o juiz deve atender à averiguação e ao descobrimento da verdade real (ou verdade material), como fundamento da sentença.[69: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 88.]
No processo penal, é tão absoluto o princípio dispositivo que é impossível mover nova ação contra o réu absolvido, mesmo que outras provas apareçam depois.[70: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 89.]
O CPP permite ao juiz participar da colheita das provas necessárias ao completo esclarecimento da verdade, como também reforçou os poderes do magistrado (arts. 125, 130, 131, 330, 342 e 440).[71: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 90.]
Na justiça trabalhista, os poderes do juiz na colheita das provas também são amplos.
Art. 765 [CLT] Os Juízos e Tribunais do Trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.
g) PRINCÍPIO DO IMPULSO OFICIAL 
A jurisdição age mediante provocação da parte, porém, apresentada a petição inicial em juízo, cabe ao magistrado promover a continuidade dos atos procedimentais até a solução definitiva do litígio.
Art. 2o [CPC/2015] O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.
h) PRINCÍPIO DA ORALIDADE
A ideia surge da aproximação do julgador com as partes, possibilitando um processo mais justo e com maior força da pacificação social.[72: BARROSO, Carlos Eduardo Ferraz de Mattos. Teoria geral do processo e processo de conhecimento. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 19.]
A discussão oral da causa em audiência é fator de extrema importância, concentrando a instrução e o julgamento no menor número possível de atos processuais.[73: THEODORO JÚNIOR, Humberto. Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. 56. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. 1, p. 61.]
A oralidade [no CPC] com caráter cooperativo entre as partes e o juiz, se transformou em norma fundamental do processo justo.
Art. 6o [CPC/2015] Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
Exemplo de prestígio do princípio da oralidade é a norma que autoria o juiz a proceder ao saneamento do processo em audiência, nas causas de maior complexidade:
Art. 357 [CPC].  Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz, em decisão de saneamento e de organização do processo:
§ 3o Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito, deverá o juiz designar audiência para que o saneamento seja feito em cooperação com as partes, oportunidade em que o juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou esclarecer suas alegações.
i) PRINCÍPIO DA PERSUASÃO RACIONAL DO JUIZ
Tal princípio regula a apreciação e a avaliação das provas existentes nosautos, indicando que o juiz deve formar livremente sua convicção. [74: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 91.]
Assegura às partes o conhecimento das razões do convencimento do juiz e o porquê da conclusão exarada em sua decisão, outorgando ao seu ato maior força de pacificação social, possibilitando a interposição de recursos pela parte vencida.[75: BARROSO, Carlos Eduardo Ferraz de Mattos. Teoria geral do processo e processo de conhecimento. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 27.]
Origina do antigo processo germânico, onde a prova representava, na realidade, uma invocação a Deus. Ao juiz não competia a função de examinar o caso, mas somente a de ajudar as partes a obter a decisão divina: a convicção subjetiva do tribunal só entrava em jogo com relação à atribuição da prova.[76: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 91.]
j) A EXIGÊNCIA DE MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS
A fundamentação tem sido exigida até mesmo nas decisões das autoridades administrativas.[77: BARROSO, Carlos Eduardo Ferraz de Mattos. Teoria geral do processo e processo de conhecimento. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 28.]
A Constituição/88 exige dos órgãos da jurisdição a motivação explícita de todos os seus atos decisórios. 
Art. 93 [CF]. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Modernamente salientou-se a função política da motivação das decisões judiciais, cujos destinatários não são apenas as partes e o juiz competente para julgar eventual recurso, mas quisquis de populo (qualquer do povo), com a finalidade de aferir-se em concreto a imparcialidade do juiz e a legalidade e justiça das decisões. 
É um dever do julgador que deriva do devido processo legal (art. 5º., LIV, CF), e faz parte da resposta formal que o juiz tem que dar à parte.[78: THEODORO JÚNIOR, Humberto. Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. 56. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. 1, p. 95.]
Art. 11 [CPC/2015].  Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.
Art. 489[ CPC/2015].  São elementos essenciais da sentença:
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem.
§ 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
Além de um direito da parte, constitui um expediente necessário ao controle da regularidade e legitimidade do exercício dos deveres do juiz natural, coibindo abusos e ilegalidades.[79: THEODORO JÚNIOR, Humberto. Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. 56. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. 1, p. 95.]
k) PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
O princípio da publicidade do processo constitui uma preciosa garantia do indivíduo no tocante ao exercício da jurisdição. A presença do público nas audiências e a possibilidade do exame dos autos por qualquer pessoa representam o mais seguro instrumento de fiscalização popular sobre a obra dos magistrados, promotores e advogados. A responsabilidade das decisões judiciais assume outra dimensão, quando tais decisões hão de ser tomadas em audiência pública, na presença do povo.[80: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 93.]
Foi pela Revolução Francesa que se reagiu contra os juízos secreto e de caráter inquisitivo do período anterior.[81: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 93]
A Declaração Universal dos Direitos do Homem, proclamada pelas Nações Unidas em 1948, garante a publicidade popular dos juízos (art. 10º.) e a ordem jurídica brasileira outorga a esse princípio o status constitucional (art, 93, IX, red. EC n. 45, de 8.12.04).[82: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 93.]
Antes da CF/88, o princípio da publicidade era afirmado apenas em nível infraconstitucional (CPC/73, art. 155; CPP, art. 792 CLT, art. 770).[83: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 94.]
Art. 93 [CF]. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: 
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
Tal exigência constitucional diz respeito ao interesse público maior do que o privado, na prestação jurisdicional. É a garantia da paz e harmonia social, visando a manutenção da ordem jurídica. Aliás, a publicidade é exigência para toda a Administração Pública, em qualquer esfera dos Poderes institucionais.[84: THEODORO JÚNIOR, Humberto. Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. 56. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. 1, p. 93-94.]
Art. 37 [CF]. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Art. 11 [CPC/2015].  Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.
Mas atenção:
“Os modernos canais de comunicação de massa podem representar um perigo tão grande como o próprio segredo. As audiências televisionadas têm provocado em vários países profundas manifestações de protesto. Não só os juízes são perturbados por uma curiosidade malsã, como as próprias partes e as testemunhas veem-se submetidas a excessos de publicidade que infringem seu direito à intimidade, além de conduzirem à distorção do própriofuncionamento da Justiça através de pressões impostas a todos os figurantes do drama judicial. Publicidade não pode ser confundida com o sensacionalismo que afronta a dignidade humana. Cada à técnica legislativa encontrar o justo equilíbrio e dar ao problema a solução mais condizente em face da experiência e dos costumes de cada povo.”[85: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 94-95.]
Existe outro sistema chamado de publicidade para as partes ou restrita, pelo qual os atos processuais são públicos só com relação às partes e seus defensores, ou a um número reduzido de pessoas.[86: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 93.]
Não funciona em caráter absoluto, o sigilo não alcança as partes e seus advogados, aos quais é permitido o acesso a todos os atos do processo.
Art. 189 [CPC].  Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos:
I - em que o exija o interesse público ou social;
II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes;
III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.
§ 1o O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores.
§ 2o O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação.
ATENÇÃO! O Estatuto da Advocacia estabelece:
Art. 7º [EA – Lei 8.906/94] São direitos do advogado:
VI - ingressar livremente:
a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos cancelos que separam a parte reservada aos magistrados;
b) nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços notariais e de registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de expediente e independentemente da presença de seus titulares;
c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou outro serviço público onde o advogado deva praticar ato ou colher prova ou informação útil ao exercício da atividade profissional, dentro do expediente ou fora dele, e ser atendido, desde que se ache presente qualquer servidor ou empregado;
d) em qualquer assembléia ou reunião de que participe ou possa participar o seu cliente, ou perante a qual este deva comparecer, desde que munido de poderes especiais;
(...) XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital;         (Redação dada pela Lei nº 13.245, de 2016)
l) PRINCÍPIO DA LEALDADE PROCESSUAL
As partes devem tratar-se com urbanidade e atuar com boa-fé.
Sendo o processo, por sua índole, dialético, é reprovável que as partes se sirvam dele faltando ao dever de verdade, agindo de forma desleal e empregando artifícios fraudulentos.[87: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 95.]
O processo é um instrumento posto à disposição das partes não só para a eliminação de seus conflitos e para que possam obter resposta às suas pretensões, mas também para a pacificação geral da sociedade e para a atuação do direito.[88: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 95.]
Princípio da lealdade processual é aquele que impõe esses deveres de moralidade e probidade a todos aqueles que participam do processo (partes, juízes e auxiliares da justiça; advogados e membros do MP).[89: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 95.]
O desrespeito ao dever de lealdade processual traduz-se em ilícito processual (compreendendo o dolo e a fraude processual), ao qual correspondem sanções processuais.[90: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 96.]
Violação da boa-fé por uma das partes possibilita a aplicação da pena de litigância de má-fé (art. 16 a 18, CPC).
Pode haver dolo bilateral – causa simulada (art. 129, CPC. Ex.: justiça do trabalho).
Art. 14, CPC – todos devem agir de boa-fé.
Uma das preocupações fundamentais do CPP é a preservação do comportamento ético dos sujeitos do processo.
Advogados devem observar o Código de Ética da OAB (apenso ao Estatuto da Advocacia – Lei 8.906/94).
m) PRINCÍPIOS DA ECONOMIA E DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS [91: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 97-98.]
O processo deve-se inspirar no ideal de propiciar às partes uma justiça barata e rápida, ou seja, os atos processuais devem ser praticados de forma menos onerosa possível às partes.
Daí decorre a regra do aproveitamento dos atos processuais, de aplicação geral ao processo civil e ao penal.
Se o processo é um instrumento, não pode exigir um dispêndio exagerado com relação aos bens que estão em disputa.
Princípio da economia é aquele que preconiza o máximo de resultado na atuação do direito com o mínimo emprego possível de atividades processais.[92: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 97.]
A reunião de duas ou mais causas ou demandas num processo não se faz apenas com vista à economia, mas também para evitar decisões contraditórias.
O ideal seria o processo gratuito, com acesso facilitado a todos e em condições plenas de igualdade, o que não foi atingido nem por países mais adiantados, de modo que as despesas processuais são arcadas pelos litigantes, salvo os casos de assistência judiciária (Lei 1.060/50; CPC/2015: artigos 98 a 102).[93: THEODORO JÚNIOR, Humberto. Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. 56. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. 1, p. 95.]
O processo das pequenas causas civis (lei n. 9.099, de 26.9.95), elevado à estatura constitucional e estendido às pequenas causas penais (CF, arts. 24, X e 98, I), é mais um sistema de intensa aplicação do princípio econômico.
“Apesar da importância do princípio da economia processual, é inegável que deve ser dosado. A majestade da Justiça não se mede pelo valor econômico das causas e por isso andou bem o ordenamento brasileiro ao permitir que todas as pretensões e insatisfações dos membros da sociedade, qualquer que seja seu valor, possam ser submetidas à apreciação judiciária (CF, art. 5º., XXXV); e é louvável a orientação do CPC, que permite a revisão de das sentenças pelos órgãos da denominada jurisdição superior, em grau de recurso, qualquer que seja o valor e natureza da causa.”[94: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 98.]
n) PRINCÍPIO DA RECORRIBILIDADE e PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO[95: THEODORO JÚNIOR, Humberto. Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. 56. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. 1, p. 59.][96: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 98-101.]
Indica a possibilidade de revisão, por via de recuso, de causas já julgadas pelo juiz de primeiro grau (ou primeira instância), correspondente àjurisdição inferior.
Garante um novo julgamento por parte dos órgãos de “jurisdição superior”, ou de segundo grau (também denominada de segunda instância).
Funda-se na possibilidade de a decisão de primeiro grau ser injusta ou errada, daí decorrendo a necessidade de permitir sua reforma em grau de recurso.
“(...) a parte tem direito a que sua pretensão seja conhecida e julgada por dois juízos distintos, mediante recurso, caso não se conforme com a primeira decisão. Desse princípio decorre a necessidade de órgãos judiciais de competência hierárquica diferente: os de primeiro grau (juízes singulares) e os de segundo grau (Tribunais Superiores). Os primeiros são os juízos da causa, e os segundos, os juízos do recursos.”[97: THEODORO JÚNIOR, Humberto. Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. 56. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. 1, p. 59.]
O principal fundamento para a manutenção do princípio do duplo grau é de natureza política: nenhum ato estatal pode ficar imune aos necessários controles. 
O Poder Judiciário, onde seus membros não são sufragados pelo povo, é, dentro todos, o de menor representatividade. 
Não o legitimaram as urnas, sendo o controle popular sobre o exercício da função jurisdicional ainda incipiente em muitos ordenamentos, como o brasileiro.
O princípio não é garantido constitucionalmente de modo expresso, mas a própria Constituição incumbe-se de atribuir a competência recursal a vários órgãos da jurisdição (art. 102, II; art. 105, II; art. 108, II), prevendo expressamente, sob a denominação de tribunais, órgãos judiciários de segundo grau. Ademais o CPP, o CPC, a CLT, leis extravagantes e as leis de organização judiciária preveem e disciplinam o duplo grau de jurisdição.
O direito brasileiro, na esteira do norte-americano, atribui ao órgão de cúpula da jurisdição – o Supremo Tribunal Federal – certas atribuições que o colocam como órgão de superposição de terceiro ou até de quarto grau (art. 102, III). Por sua vez, o STJ e TST e TST podem funcionar como órgãos de terceiro grau (arts. 105, III, 111, I e 118, I).
Só excepcionalmente, em casos expressamente previstos em lei e tendo em vista interesses públicos relevantes, a jurisdição superior entra em cena sem provocação da parte (CPC, art. 475; CPP, art. 574, I e II, c/c art. 411 e art. 746). 
Tal é a devolução oficial, ou remessa necessária, que alguns textos legais ainda insistem em denominar “recurso de ofício”.
Qualquer que seja o valor econômico do benefício pleiteado ou a pena cominada para o ilícito penal, admite-se o duplo grau de jurisdição. 
Contudo, há causas trabalhistas consideradas irrecorríveis: as sentenças proferidas em causas de pequeno valor, salvo se versarem sobre matéria constitucional (2 Salários Mínimos).
Art. 2º. [Lei 5.584/70 (sumário)] Nos dissídios individuais, proposta a conciliação, e não havendo acôrdo, o Presidente, da Junta ou o Juiz, antes de passar à instrução da causa, fixar-lhe-á o valor para a determinação da alçada, se êste fôr indeterminado no pedido. 
§ 3º Quando o valor fixado para a causa, na forma dêste artigo, não exceder de 2 (duas) vêzes o salário-mínimo vigente na sede do Juízo, será dispensável o resumo dos depoimentos, devendo constar da Ata a conclusão da Junta quanto à matéria de fato. 
§ 4º - Salvo se versarem sobre matéria constitucional, nenhum recurso caberá das sentenças proferidas nos dissídios da alçada a que se refere o parágrafo anterior, considerado, para esse fim, o valor do salário mínimo à data do ajuizamento da ação. (Redação dada pela Lei nº 7.402, de 1985)
Já a Lei dos Juizados Especiais (9.099, de 26.9.95) instituiu o recurso a um órgão colegiado composto de juízes de primeiro grau.
Art. 41 [Lei 9.099/95] Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral, caberá recurso para o próprio Juizado.
§ 1º O recurso será julgado por uma turma composta por três Juízes togados, em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado.
(§ 2º No recurso, as partes serão obrigatoriamente representadas por advogado.)
Fica resguardado o duplo grau, que não deve ser necessariamente ser desempenhado por órgãos da denominada “jurisdição superior”.
o) PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE[98: CINTRA, A.C. de; GRINOVER, A. P; DINAMARCO. C. R. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015, p. 101-102.]
É um princípio constitucional, com ampla aplicação no processo. 
Em caso de colisão de princípios constitucionais, a solução é alcançada através da aplicação deste princípio, buscando o justo equilíbrio entre os meios empregados e os fins alcançados.
O STF o acolhe, denominando-o de razoabilidade, conforme terminologia norte-americana.
p) PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL 
É o princípio-garantia guarda-chuva.
São seus corolários (decorrentes): ampla defesa, contraditório, juiz natural. Só com a CF/88 houve a previsão expressa desse princípio.
Art. 5º. [CF].
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
O devido processo legal é o postulado fundamental do processo, a partir daí surgem e convergem todos os demais princípios e garantias fundamentais processuais.[99: DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 16. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Altas, 2012, p. 82.]
O devido processo legal é aplicável até mesmo nas relações entre particulares, adverte Elpídio Donizetti.
Ex.: “Consagrando a tese da aplicabilidade dos direitos fundamentais às relações privadas, o STF já teve oportunidade de anular ato de Sociedade Civil de Direito Privado que excluiu sócio de seus quadros sem prévio contraditório e ampla defesa, preceitos decorrentes do devido processo legal.” (STF, RE 201819/RJ, 2ª Turma, rel. Min. Ellen Gracie, rel. p/ acórdão Min. Gilmar Mendes, j. 11/10/2005, p. 27.10.2006).[100: DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 16. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Altas, 2012, p. 84.]
É a tal da eficácia horizontal dos direitos fundamentais.
Barroso lembra:[101: BARROSO, Carlos Eduardo Ferraz de Mattos. Teoria geral do processo e processo de conhecimento. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 24.]
“Para o processo civil é o devido processo legal princípio informativo que abrange e incorpora todos os demais princípios, a serem estudados, funcionando, juntamente com o contraditório, ampla defesa e imparcialidade, como o sistema de garantias processuais básicas de uma sociedade justa e democrática. Ninguém pode ser privado de sua liberdade ou de seus bens sem que tenha sido submetido a um julgamento prolatado com base no pertinente instrumento estatal previsto em lei para a solução daquele conflito específico de interesses.”
O devido processo legal apresenta duas dimensões: 
FORMAL e MATERIAL (substantiva).[102: DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 16. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Altas, 2012, p. 84.]
Na concepção formal: é o direito de processar e ser processado observadas as normas preestabelecidas para o processo.
Mas o art. 5º., LIV, da CF, vai além. 
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
Na perspectiva substancial (substantive due process of law): é a exigência e garantia de que as normas sejam razoáveis, adequadas, proporcionais e equilibradas. 
Não basta que a sentença seja formalmente regular, mas injusta, incorreta.
r) PRINCÍPIO DA EFETIVIDADE
Não está previsto expressamente na CF ou em lei infraconstitucional, mas decorre do devido processo legal.
“Àquele que tem razão, o processo deve garantir e conferir, na medida do possível, justamente o bem da vida a que ele teria direito se não precisasse se valer do processo. Por essa razão, o princípio da efetividade é também denominado de princípio da máxima coincidência possível.”[103: DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 16. ed. rev.,ampl. e atual. São Paulo: Altas, 2012, p. 85.]
Processo efetivo não é sinônimo de processo célere. 
O processo deverá durar o prazo compatível com a complexidade do direito discutido.
q) PRINCÍPIO DA CELERIDADE PROCESSUAL
Art. 5º. [CF]
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
A Emenda Constitucional 45/2004 fez incluir dentro do rol de garantias constitucionais do processo, a celeridade processual. 
Duas características: razoabilidade na duração do processo e celeridade na tramitação.
“Entretanto, evidencia-se esta garantia como norma constitucional de eficácia limitada, pois enquanto não promulgada lei complementar ou ordinária que lhe desenvolva a eficácia, fixando contornos objetivos quanto ao conceito de ‘razoável duração do processo’ e criando os meios processuais que garantam a sua celeridade, sua eficácia limitar-se-á a paralisar os efeitos de normas precedentes com ela incompatíveis e a impedir qualquer norma futura a ela contrária.”[104: BARROSO, Carlos Eduardo Ferraz de Mattos. Teoria geral do processo e processo de conhecimento. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 29.]
s) PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO E DA ADAPTABILIDADE DO PROCEDIMENTO [105: DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 16. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Altas, 2012, p. 86.]
Dirige-se ao legislador porque as normas devem ser adequadas aos direitos que serão tutelados, aos sujeitos envolvidos no processo e aos fins que se destinam.
Destina-se também ao juiz porque deve adequar as regras processuais às particularidades do caso concreto, a fim de melhor tutelar o direito material objeto de discussão.
t) PRINCÍPIO DA IMPRORROGABILIDADE
Os limites da jurisdição estão definidos na CF e não pode o legislador ordinário restringi-los nem ampliá-los.
u) PRINCÍPIO DA INDECLINABILIDADE OU INAFASTABILIDADE 
(alguns autores trabalham sobre este quando tratam dos princípios da jurisdição)
O órgão jurisdicional uma vez provocado não pode se recusar a dirimir os litígios.
O Estado-juízo não pode se furtar à prestação jurisdicional, podendo recorrer a outras fontes do direito que não a lei para solucionar o conflito.
Art. 4º, da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro - LINDB (Lei 12.376/2010, LICC – Decreto 4.657/1942).
Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.
v) PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO[106: THEODORO JÚNIOR, Humberto. Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. 56. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. 1, p. 65.]
A Emenda Constitucional n. 45, de 08.12.2004, incluiu mais um inciso no elenco dos direitos fundamentais:
Art. 5º [CF] 
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Sem efetividade do resultado processual garantido não se pode falar em processo justo.
Não há uma predeterminação do tempo qualificado como razoável para a conclusão de um processo, mas também não se pode aceitar a procrastinação injustificável. As partes devem agir com lealdade processual e o juiz deve estar atento para não se perder em questões secundárias.
w) PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE OU PRECLUSÃO
Significa dizer que “cada faculdade processual deve ser exercitada dentro da fase adequada, sob pena de se perder a oportunidade de praticar o respectivo ato.”[107: THEODORO JÚNIOR, Humberto. Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. 56. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. 1, p. 66.]
Preclusão é a perda da faculdade de praticar um ato processual, ou porque já foi exercitada no momento adequado ou porque a parte deixar de fazer no momento processual próprio.
O processo civil costuma ser dividido em 4 fases: 
- postulação: pedido do autor e resposta do réu;
- saneamento: solução das questões meramente processuais ou formais para preparar o ingresso na fase de apreciação do mérito;
- instrução: coleta dos elementos de prova.
- julgamento: solução do mérito da causa (sentença).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROSO, Carlos Eduardo Ferraz de Mattos. Teoria geral do processo e processo de conhecimento. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
CINTRA, Antônio Carlos de; GRINOVER, Ada Pelegrini; DINAMARCO. Cândido Rangel. Teoria geral do processo. 31.ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2015.
DINAMARCO, C. R.; LOPES, B. V. C. Teoria geral do novo processo civil. São Paulo: Malheiros, 2016.
DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. 16. ed. rev., ampl. e atual. São Paulo: Altas, 2012.
MARTINS, Sérgio Pinto. Teoria geral do processo. São Paulo: Saraiva, 2016.
RODRIGUES, H. W.; LAMY, E. de A. Teoria geral do processo. 4. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2016.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. 56. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, v. 1.

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