ESPÉCIES DE BENS PÚBLICOS

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ESPÉCIES DE BENS PÚBLICOS
Terras Devolutas
“Terras Públicas”
De início todas pertenciam a Coroa Portuguesa (direito de conquista);
Necessidade de legitimação – terras públicas e privadas – legitimação de posse;
Conceito
“Terras devolutas são as áreas que, integrando o patrimônio das pessoas federativas, não são utilizadas para quaisquer finalidades públicas específicas”
José dos Santos Carvalho Filho
Decreto-lei nº 9.760/46
Inclusão das faixas de fronteira;
Não possui serventia para o poder público.
A CF atribui a União as terras devolutas indispensáveis à defesa de fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental (art. 20, II)
Conflitos diante da forma de transferência das propriedades.
Lei nº 6.383/76 – prevê fase administrativa prévia e ação discriminatória (definir linhas demarcatórias)
Provas – dificuldade – título hábil – indeterminação das áreas
Caso concreto
USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO. AÇÃO JULGADA PROCEDENTE. Prova testemunhal e documental a demonstrar a origem da posse, o tempo necessário e o animus domini dos autores. Existência de requisitos ad usucapionem. Ausência de provas a afastar a pretensão dos autores, disposição do artigo 333, II, do Código de Processo Civil. A ausência de transcrição no registro imobiliário, por si só, não significa tratar-se de terras devolutas, competindo ao Estado o ônus da prova. Sentença mantida. APELO DESPROVIDO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70047237904, Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rubem Duarte, Julgado em 04/04/2012)
Terrenos de Marinha
“Terrenos de marinha são as áreas que, banhadas pelas águas do mar ou dos rios navegáveis, em sua foz, se estendem à distância de 33 metros para a area terrestre, contados da linha do preamar médio de 1831”.
Terras pertencentes a União (artigo 20, VII da CF);
		- BASE LEGAL (DL 9760/46) 
ART. 2º SÃO TERRENOS DE MARINHA, EM UMA PROFUNDIDADE DE 33 (TRINTA E TRÊS) METROS, MEDIDOS HORIZONTALMENTE, PARA A PARTE DA TERRA, DA POSIÇÃO DA LINHA DO PREAMAR-MÉDIO DE 1831:
A) OS SITUADOS NO CONTINENTE, NA COSTA MARÍTIMA E NAS MARGENS DOS RIOS E LAGOAS, ATÉ ONDE SE FAÇA SENTIR A INFLUÊNCIA DAS MARÉS; […]
B) OS QUE CONTORNAM AS ILHAS SITUADAS EM ZONA ONDE SE FAÇA SENTIR A INFLUÊNCIA DAS MARÉS.
[…]
	- UTILIZAÇÃO PRIVATIVA POR PARTICULARES – ENFITEUSE OU AFORAMENTO
	- O DOMÍNIO ÚTIL (OU DIREITO REAL DE USO) REPRESENTA 83% DO DOMÍNIO PLENO, E 17% DOMÍNIO DIRETO (NUA PROPRIEDADE PERMANECE COM A UNIÃO).
	- DEMARCAÇÃO – Cadastramento - Serviço de Patrimônio da União (SPU) (DL 9760/46, ART. 9) 
Após discriminados os terrenos de marinha do SPU, com base na legislação, somente por ação judicial podem ser descaracterizados;
STJ considerou exigível a taxa de ocupação;
Titularidade segue sendo da União;
Possibilidade de transferência no direito de uso.
DIREITO PÚBLICO NÃO ESPECIFICADO E PROCESSUAL CIVIL. LEGITIMIDADE RECURSAL APENAS DA PESSOA JURÍDICA, AFETADA PELA CONCESSÃO DA SEGURANÇA, E NÃO PELA AUTORIDADSE COATORA, NOTIFICADA SOMENTE PARA PRESTAR INFORMAÇÕES. EDIFICAÇÃO SOBRE TERRENO DE MARINHA. REGULAR INSCRIÇÃO DE OCUPAÇÃO, PROCEDIDA PELO SERVIÇO DE PATRIMÔNIO DA UNIÃO NO RGS. RESSAI EVIDENTE A ILEGALIDADE DO MUNICÍPIO À MEDIDA EM QUE, A PRETEXTO DE EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA AMBIENTAL, PRETENDE DEMOLIR QUIOSQUE EXPLORADO HÁ VÁRIOS ANOS. CABE Á MUNICIPALIDADE TOMAR AS MEDIDAS LEGAIS PARA IMPEDIR O FUNCIONAMENTO DOS BARES, MAS EVENTUAL DEMOLIÇÃO DEVE OBEDIÊNCIA ÀS PRESCRIÇÕES DE LEI. DIREITO LÍQUIDO E CERTO VIOLADO. RECURSO CONHECIDO,EM PARTE, DESPROVIDO. SENTENÇA CONFIRMADA EM REEXAME NECESSÁRIO. (Apelação e Reexame Necessário Nº 70003113248, Terceira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Ari Azambuja Ramos, Julgado em 06/12/2001)
Terrenos Acrescidos
Pertencentes a União Federal;
Aqueles que, por aluvião (acréscimo insensível) ou avulsão (descolamento repentino), se incorporam aos terrenos de marinha ou terrenos marginais.
Bens dominicais se não estiverem destinados ao uso comum;
Propriedade assiste ao titular do terreno	 a que aderirem (INCLUSIVE O PARTICULAR, POR FORÇA DO ARTIGO 16, §1º, DO CÓDIGO DE ÁGUAS). 
Terrenos Reservados
Terrenos marginais: aqueles que, banhados pelas correntes navegáveis, fora do alcance das marés, se estendem até a distância de 15 metros para a parte da terra, contados desde a linha média das enchentes ordinárias.
SÃO TERRENOS MARGINAIS (DOMINICAIS)
	- PERTENCENTES A UNIÃO EM RIOS, INTERNOS E EM FAIXAS DE FRONTEIRA (CF/88)
	- PERTENCENTES AOS ESTADOS EM RIOS E LAGOS DE SEU DOMÍNIO (CF/88)
	- CONCEITO – DEC. 24643/34 (COD. DAS ÁGUAS)
ART. 14. OS TERRENOS RESERVADOS SÃO OS QUE, BANHADOS PELAS CORRENTES NAVEGÁVEIS, FORA DO ALCANCE DAS MARÉS, VÃO ATÉ A DISTÂNCIA DE 15 METROS PARA A PARTE DE TERRA, CONTADOS DESDE O PONTO MÉDIO DAS ENCHENTES ORDINÁRIAS.
BASE LEGAL (DL 9760/46)
ART. 1º INCLUEM-SE ENTRE OS BENS IMÓVEIS DA UNIÃO:
[…]
B) OS TERRENOS MARGINAIS DOS RIOS NAVEGÁVEIS, EM TERRITÓRIOS FEDERAIS, SE, POR QUALQUER TÍTULO LEGÍTIMO, NÃO PERTENCEREM A PARTICULAR;
C) OS TERRENOS MARGINAIS DE RIOS E AS ILHAS NESTES SITUADAS NA FAIXA DA FRONTEIRA DO TERRITÓRIO NACIONAL E NAS ZONAS ONDE SE FAÇA SENTIR A INFLUÊNCIA DAS MARÉS;
[…]
	- SÚMULA 479 DO STF:
“AS MARGENS DOS RIOS NAVEGÁVEIS SÃO DOMÍNIO PÚBLICO, INSUSCETÍVEIS DE EXPROPRIAÇÃO E, POR ISSO MESMO, EXCLUÍDAS DE INDENIZAÇÃO.”
	- SE NÃO ESTIVEREM DESTINADOS A USO COMUM SÃO BENS DOMINICAIS
Ilhas
	- PERTENCEM DA UNIÃO EM REGRA (CF/88, ART. 20, IV)
	- NÃO SE INCLUEM NO PATRIMÔNIO DA UNIÃO AS ILHAS QUE TENHAM SEDE DE MUNICÍPIOS
	
	- PERTENCEM AOS ESTADOS E MUNICÍPIOS QUE ESTIVEREM SOB SEU DOMÍNIO (ART. 26, II, CF/88)
	- PODEM SER OBJETO DE CONCESSÃO, PERMISSÃO OU AUTORIZAÇÃO DE USO
Faixas de Fronteira
	- DEFINIÇÃO (CF/88, ART. 20) 
§ 2º - A FAIXA DE ATÉ CENTO E CINQÜENTA QUILÔMETROS DE LARGURA, AO LONGO DAS FRONTEIRAS TERRESTRES, DESIGNADA COMO FAIXA DE FRONTEIRA, É CONSIDERADA FUNDAMENTAL PARA DEFESA DO TERRITÓRIO NACIONAL, E SUA OCUPAÇÃO E UTILIZAÇÃO SERÃO REGULADAS EM LEI.
	
	- INCLUEM TERRAS DEVOLUTAS E TERRAS PARTICULARES SUJEITAS A RESTRIÇÕES LEGAIS 
     
	- RESTRIÇÕES – LEI 6.634/79
ÁGUAS PÚBLICAS
	- PERTENCEM DA UNIÃO EM REGRA (CF/88, ART. 20, III E VI)
	- PERTENCEM AOS ESTADOS: ÁGUAS SUPERFICIAIS OU SUBTERRÂNEAS, FLUENTES, EMERGENTES E EM DEPÓSITO (CF/88, ART. 26, I)
	- PODEM SER OBJETO DE USO COMUM OU PRIVATIVO
	- USO PRIVATIVO – MEDIANTE AUTORIZAÇÃO OU CONCESSÃO 
Jazidas
	- CONCEITO (DL 227/67 – CÓDIGO DE MINERAÇÃO):
ART. 4º CONSIDERA-SE JAZIDA TODA MASSA INDIVIDUALIZADA DE SUBSTÂNCIA MINERAL OU FÓSSIL, AFLORANDO À SUPERFICIE OU EXISTENTE NO INTERIOR DA TERRA, E QUE TENHA VALOR ECONÔMICO; E MINA, A JAZIDA EM LAVRA, AINDA QUE SUSPENSA.
 	- CONSTITUEM PROPRIEDADE DISTINTA DO SOLO E PERTENCEM A UNIÃO (ART. 176 CF/88)
PARTICIPAÇÃO NO RESULTADO DA EXPLORAÇÃO PELOS ESTADOS E MUNICÍPIOS (ART. 20 CF/88)
§ 1º - É ASSEGURADA, NOS TERMOS DA LEI, AOS ESTADOS, AO DISTRITO FEDERAL E AOS MUNICÍPIOS, BEM COMO A ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO DIRETA DA UNIÃO, PARTICIPAÇÃO NO RESULTADO DA EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO OU GÁS NATURAL, DE RECURSOS HÍDRICOS PARA FINS DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA E DE OUTROS RECURSOS MINERAIS NO RESPECTIVO TERRITÓRIO, PLATAFORMA CONTINENTAL, MAR TERRITORIAL OU ZONA ECONÔMICA EXCLUSIVA, OU COMPENSAÇÃO FINANCEIRA POR ESSA EXPLORAÇÃO.
PESQUISA DE LAVRA – DEPENDE DE AUTORIZAÇÃO OU CONCESSÃO DA UNIÃO POR PARZO DETERMINADO (CF/88, ART. 176):
§ 1º A PESQUISA E A LAVRA DE RECURSOS MINERAIS E O APROVEITAMENTO DOS POTENCIAIS A QUE SE REFERE O "CAPUT" DESTE ARTIGO SOMENTE PODERÃO SER EFETUADOS MEDIANTE AUTORIZAÇÃO OU CONCESSÃO DA UNIÃO, NO INTERESSE NACIONAL, POR BRASILEIROS OU EMPRESA CONSTITUÍDA SOB AS LEIS BRASILEIRAS E QUE TENHA SUA SEDE E ADMINISTRAÇÃO NO PAÍS, NA FORMA DA LEI, QUE ESTABELECERÁ AS CONDIÇÕES ESPECÍFICAS QUANDO ESSAS ATIVIDADES SE DESENVOLVEREM EM FAIXA DE FRONTEIRA OU TERRAS INDÍGENAS. 
§ 2º - É
ASSEGURADA PARTICIPAÇÃO AO PROPRIETÁRIO DO SOLO NOS RESULTADOS DA LAVRA, NA FORMA E NO VALOR QUE DISPUSER A LEI.
§ 3º - A AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA SERÁ SEMPRE POR PRAZO DETERMINADO, E AS AUTORIZAÇÕES E CONCESSÕES PREVISTAS NESTE ARTIGO NÃO PODERÃO SER CEDIDAS OU TRANSFERIDAS, TOTAL OU PARCIALMENTE, SEM PRÉVIA ANUÊNCIA DO PODER CONCEDENTE.
Florestas
	- SÃO BENS DE INTERESSE COMUM (DE DOMÍNIO PÚBLICO); EXERCÍCIO DE DIREITO DE PROPRIEDADE COM LIMITAÇÕES LEGAIS
	- SEGUEM A SORTE DAS TERRAS A QUE ADEREM. O SEU REGIME JURÍDICO É ESTABELECIDO PELO CÓDIGO FLORESTAL. 
	- COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR SOBRE FLORESTAS É CONCORRENTE (CF/88 ART. 24, VI), E PARA A SUA PRESERVAÇÃO, COMUM (CF/88 ART. 23, VII) 
Espaço Aéreo
	- CONCEITO: O ESPAÇO AÉREO QUE SE SUPERPÕE AO TERRITÓRIO NACIONAL, INCLUINDO ÁGUAS TERRITORIAIS E JURISDICIONAIS, BEM COMO O ESPAÇO AÉREO QUE SE SUPERPÕE AO ALTO MAR QUE TIVER SIDO OBJETO DE ACORDOS INTERNACIONAIS. 
	- DISCIPLINA: CÓDIGO BRASILEIRO DE AERONÁUTICA (LEI 7.565/86).
ART. 11. O BRASIL EXERCE COMPLETA E EXCLUSIVA SOBERANIA SOBRE O ESPAÇO AÉREO ACIMA DE SEU TERRITÓRIO E MAR TERRITORIAL.
Terras Indígenas e Quilombolas
Busca da preservação do habitat natural dos índios;
Caráter protetivo do Estado;
Manutenção da tradição e costumes para o prosseguimento da descendência genética;
	
- POSSE PERMANENTE DOS INDÍGENAS; USUFRUTO EXCLUSIVO DAS RIQUEZAS EXISTENTES
	- INALIENÁVEIS, INDISPONÍVEIS E IMPRESCRITÍVEIS
	- LEGITIMIDADE DOS ÍNDIOS PARA INGRESSO EM JUÍZO
- DEMARCAÇÃO DE TERRAS INDÍGENAS – DEC. 1775/96
	- BASE LEGAL – CF/88:
ART. 231. SÃO RECONHECIDOS AOS ÍNDIOS SUA ORGANIZAÇÃO SOCIAL, COSTUMES, LÍNGUAS, CRENÇAS E TRADIÇÕES, E OS DIREITOS ORIGINÁRIOS SOBRE AS TERRAS QUE TRADICIONALMENTE OCUPAM, COMPETINDO À UNIÃO DEMARCÁ-LAS, PROTEGER E FAZER RESPEITAR TODOS OS SEUS BENS.
SÃO TERRAS OCUPADAS POR REMANESCENTES DAS COMUNIDADES DOS QUILOMBOS 
	- DEC. 4887/03 REGUALMENTA O RECONHECIMENTO DAS TERRAS:
“GRUPOS ÉTNICO-RACIAIS, SEGUNDO CRITÉRIOS DE AUTO-ATRIBUIÇÃO, COM TRAJETÓRIA HISTÓRICA PRÓPRIA, DOTADOS DE RELAÇÕES TERRITORIAIS ESPECÍFICAS, COM PRESUNÇÃO DE ANCESTRALIDADE NEGRA RELACIONADA COM A RESISTÊNCIA À OPRESSÃO HISTÓRICA SOFRIDA.” 
- DIREITO DE PROPRIEDADE (BASE LEGAL – CF/88)
Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.