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Trabalho de Direito Civil for ilhas aluviao avulsao

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Campus de Direito
Direito Civil IV
Professor Ricardo Gomes Menezes
Curso Noturno Campus de Jequié 
Trabalho do Grupo: Ana Rosa; Ciclea Verde; Dayane Vieira Vasconcelos; Guilherme Santos Ribas; Paloma Rizzuto; Samuel Araújo; Willian Nascimento; Wilson Luiz Midlej Silva.
Acessão por Formação de Ilhas 
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, doutrinadora do Direito Administrativo, em consonância com a Constituição Federal de 1988, não haveria mais águas particulares, e, portanto, rios particulares, impossibilitando, assim, a concepção de ilhas privadas.
Considerando tal dispositivo constitucional e sob a égide da Lei 9.433/97, especialmente em seu artigo 1º, inciso I, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, a agua, sob tal entendimento, é um bem de domínio público. Diante desse posicionamento doutrinário, corroborado por outros conceitos em que se baseia essa política nacional, levamos em conta que a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.
Nesse sentido, destacamos a afirmativa da citada doutrinadora: “sendo o Direito Administrativo de elaboração pretoriana, ou seja, oriunda dos tribunais e não codificado, os princípios representam papel relevante nesse ramo do direito, permitindo à Administração e ao Judiciário estabelecer o necessário equilíbrio entre os direitos dos administrados e as prerrogativas da Administração”. 
Neste trecho a jurista destaca a importância dos princípios no âmbito do Direito Administrativo. Em nosso grupo evidenciamos o princípio da função social da propriedade, para concordar com a doutrinadora no que tange ao instituto da acessão nos direitos reais, principalmente no que tange à acessão por formação de ilhas. 
Da Acessão por Formação de Ilhas
Enumerada pelo Código Civil vigente, em seu artigo 1.248, I, como forma de acessão, a formação de ilha no leito de rio, considerado pela legislação pátria como não navegável, dá ensejo à propriedade dos titulares das margens ribeirinhas, na proporção de suas testadas. É denominado como insula in flumine nata (nasceu na ilha do rio). No mais, saliente-se, por oportuno, que a formação da ilha só terá o condão de beneficiar um particular quando, em decorrência de fenômeno natural, surgir um pedaço de terra, em rio não navegável. 
Segundo Venosa (2005, p.138), 
O fenômeno pode decorrer da sedimentação paulatina que faz nascer a ilha ou pelo rebaixamento das águas que coloca o solo à mostra no leito do rio. As ilhas formadas no meio do rio são consideradas acréscimos aos terrenos ribeirinhos. Divide-se o rio pela linha da metade do álveo, fracionando-se a ilhas em duas partes.
Há, ainda, duas situações passíveis de ocorrerem, em se tratando de formação de ilhas. A primeira dá conta da possibilidade que, em surgindo a ilha entre a linha mediana do rio e uma das margens, a formação não beneficiará os ribeirinhos que tenham propriedade do lado oposto à acessão, aproveitando tão somente os do mesmo lado do surgimento. Outra hipótese dá conta de que, em abrindo o braço do rio a terra, a ilha resultante continuará a pertencer aos proprietários cujas áreas derem ensejo a acessão. Todavia, tal situação não vigorará, caso o rio seja público, eis que a ilha passará a pertencer ao domínio público, sendo devidamente indenizado o proprietário, nos termos que dispõe o parágrafo único do art. 24 do Código de Águas.
Assim, diante da possibilidade de se adquirir, originalmente, a propriedade de uma ilha, bem como de uma aluvião, avulsão ou álveo abandonado que surja no limite da testada do respectivo imóvel, como advogados, adotaremos o entendimento manifestado por Maria Sylvia Zanella di Pietro.
Ademais, diante de tais estudos, estamos convictos que configurada a formação de ilha em rio navegável, a acessão ocorrente aproveitará pessoa jurídica de Direito Público, uma vez que as águas navegáveis são consideradas pública, conforme a redação do art. 2º do Código das Águas. De igual modo, o art. 20, inc. IV, da Constituição Federal de 1988, que as ilhas fluviais e lacustres que estejam localizadas em zona fronteiriça com outros países, assim como as ilhas oceânicas, são consideradas como pertencentes à União.
Acessão Natural – Aluvião 
Positivada no artigo 1.250 do Código Civil, a aluvião consiste no aumento lento e paulatino da margem do terreno mediante acumulo natural de detritos e sedimentos. Insta salientar que não é considerado aluvião o acréscimo decorrente de atividade humana, pois esses acréscimos sempre decorrerão de força natural. O doutrinador Pablo Stolze afirma que nem sempre a situação se mostrará clara, requerendo exame técnico-pericial para apuração de eventual indenização. 
Art. 1.250 - Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização.
A aluvião pode ser própria ou imprópria. De acordo com Cristiano Chaves de Farias, aluvião própria é o acréscimo de terra que o rio deixa naturalmente nos terrenos ribeirinhos. Quanto a imprópria, o autor salienta que é o acréscimo que se forma quando parte do álveo descobre-se em razão do afastamento das águas correntes. 
Para exemplificar a aluvião própria, imaginemos que o senhor João tem um imóvel à beira de um rio - destinado a pescarias -, porém sua propriedade começa a aumentar, paulatinamente, pois o movimento das águas traz terra para a sua margem. No caso de aluvião imprópria, o senhor João observa que a sua propriedade aumentou, pois o rio recuou, surgindo, desta forma, um espaço maior para construir. 
Parágrafo único: O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem.
A jurista Maria Helena Diniz ressalta que em algumas situação de aluvião imprópria não se considera como terreno aluvial o solo descoberto por retração de águas dormentes. A doutrinadora embasa a sua afirmação citando o artigo 539 do revogado Código Civil que disciplinava que os donos dos terrenos confinantes não os adquiriam, como não perdiam os que as águas invadissem, salvo se o lago ou lagoa fosse pertencente ao domínio particular. 
AVULSÃO
É o contrário do que acontece com Aluvião.
É quando uma grande proporção de terra se desprende abruptamente de uma propriedade e adere a outra propriedade. Para se falar em direito de propriedade, essa parte deslocada tem que aderir na outra propriedade.
Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.
Imaginemos que se tem um rio onde de um lado temos uma propriedade A e do outro lado do rio uma propriedade B e um pedaço de terra vai se destacar da propriedade de B e passa a integrar a propriedade A, de maneira rápida, abrupta e violenta.
Como acontece de forma repentina, haverá direito a indenização, porque de uma hora pra outra o ribeirinho que tinha aquele pedaço de terra passou a não ter mais. O prazo para requerer uma indenização é de 01 ano, contado a partir do momento em que ocorreu essa ruptura violenta da terra. Se aquele que perdeu o pedaço de terra não requerer dentro do prazo de 01 ano, perderá o direito a terra e também não terá a indenização.
Dentro desse período de 01 ano, a terra continua sendo de B, e B poderá ir até a propriedade de A alimentar algo que caso tenha nesse pedaço de terra que se separou. 
Se o proprietário B que perdeu parte de sua terra requerer a indenização e o proprietário A que ganhou o acréscimo não quiser pagar, o proprietário A terá que aquiescer que se remova esse pedaço de terra que foi parar na margem dele, conforme o parágrafo único do Art. 1.251/CC. 
Parágrafo único. Recusando-seao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida.
ÁLVEO ABANDONADO
Fenômeno do rio que seca de forma definitiva. Esse rio que seca definitivamente pertence aos ribeirinhos nas duas margens sem haver algum tipo de indenização para os donos dos terrenos por onde o rio abriu um novo curso.
Os ribeirinhos do rio que secou passam a ter parte dessa terra. Traça-se uma linha mediana no rio, e o proprietário tem direito até o limite dessa linha mediana, podendo utilizá-la e se agregando a propriedade já existente.
Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo.
O art. 1.249 do Código Civil disciplina a questão do surgimento de ilhas que se formam em “correntes comuns ou particulares”. Apesar de não ser a expressão mais adequada, em razão de os cursos d’água não serem passíveis de apropriação por particulares, mas pertencerem ao domínio público, conforme dispõe a Lei 9.433/97, o Código visou distinguir o curso d’agua que corta uma ou mais propriedades daquela oriundas de rios navegáveis, os quais pertencem ao domínio do Estado. Nesse sentido, as ilhas surgidas em cursos d’agua não navegáveis que cortam propriedades particulares e que não pertencerem à União, Estados, Distrito Federal ou aos Municípios, implicará, naturalmente, aumento das propriedades ribeirinhas fronteiriças. Somente nesse caso estaremos diante de acessão natural, sob a qual se aplicarão as regras previstas nos incisos do art. 1.249 do CC/02. As propriedades sobre a ilha terão como fator determinante a linha invisível que separa as propriedades a qual se estenderá até o centro do curso d’água.
Muito embora concordemos com a premissa da festejada jurista retro citada discordamos da conclusão apontada. Isso porque muito embora não se possa falar em águas particulares, por ser este um bem de domínio público, nos termos do Inciso I do art. 1 da Lei 9.433/97, pode-se falar em terras particulares, especialmente no tocante à aquisição por acessão natural. Assim, as “ilhas” surgidas em rios não navegáveis não estaria em desacordo com a política nacional de recursos hídricos, mas sendo acréscimos de terra se incorpora à propriedades das quais tem maior proximidade. Ademais, o próprio Código Civil, instituído sob a égide da Constituição Federal de 1988 expressamente admite a aquisição de acréscimo da propriedade por acessão natural no caso de surgimento de ilha em curso d’agua que lhe tangencia. Sendo exceção a esta regra aquelas ilhas que pertencerem a qualquer das pessoas políticas, pois, em regra, todos os bens que não forem públicos são particulares.
Estamos de comum acordo com a afirmação feita pela administrativista Maria Sylvia Zanella di Pietro, que não haveria mais, sob a égide da Constituição Federal de 1988 e da Lei nº 9.433/97, águas particulares e, portanto, rios particulares, o que impossibilitaria a concepção de ilhas particulares, a impedir a aquisição da propriedade de eventual porção de terra que surja em razão da acessão natural. Tomando como base a Constituição e Doutrina da referenciada.
Constituição Federal de 1988
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Art. 20. São bens da União:
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais.
Para obtenção de clareza, segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro;
“a Constituição de 1988 trouxe inovação que implicou em revogação tácita de dispositivos do Código de Águas. Com efeito, no artigo 20, III, inclui os terrenos marginais no domínio da União. Com isso, deixaram de existir terrenos marginais de propriedade dos Municípios ou dos particulares, como deixaram de existir águas particulares. Todos os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de domínio da União ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais, se incluem entre os bens da União, conforme consta expressamente do referido dispositivo constitucional.” (p. 1583).
Na lição de José Afonso da Silva (2005:256), “todas as correntes de água são públicas, de sorte que a Constituição reparte o domínio das águas entre a União e os Estados, modificando profundamente o Código de Águas, eliminando as antigas águas municipais, as comuns e as particulares. Logo os terrenos reservados, que são sempre os banhados por correntes navegáveis, serão de domínio público da União se a corrente navegável a ela pertencer, ou de domínio público do Estado a que pertencer a corrente navegável”.(p 1584).
Os terrenos acrescidos, como se verifica por esse dispositivo, tanto se formam para o lado do mar, em acréscimo aos terrenos de marinha, como para o lado do rio, em acréscimo aos terrenos reservados. Os primeiros pertencem à União (art. 20, VII, da Constituição). Os segundos podem pertencer ao particular ou constituir patrimônio público. Pelo artigo 538 do Código Civil de 1916, “os acréscimos formados por depósitos e aterros naturais ou pelo desvio das águas, ainda que estes sejam navegáveis, pertencem aos donos dos terrenos marginais”. 
O artigo 1.250 do novo Código Civil altera um pouco a redação, ao estabelecer que “os acréscimos formados, sucessivamente e ininterruptamente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização”.
Os terrenos acrescidos são formados por aluvião ou artificialmente; o artigo 16 do Código de Águas define aluvião como “os acréscimos que sucessiva e imperceptivelmente se formarem para a parte do mar e das correntes, aquém do ponto a que chega o preamar médio, ou do ponto médio das enchentes ordinárias, bem como a parte do álveo que se descobrir pelo afastamento das águas”.
Conforme ensina Antônio de Pádua Nunes (1980, v. 1:66), o dispositivo permite distinguir entre a aluvião própria, resultante dos acréscimos, e a aluvião imprópria, decorrente do afastamento das águas.
Síntese de Maria Sylvia Zanella di Pietro “Ilhas: art. 20, IV, da CF define as de propriedade da União; o art. 26, II e III, define as de propriedade dos Estados; pertencem aos Municípios as ilhas onde está situada a sua sede; são bens dominicais ou bens de uso comum do povo (art. 25 do Código de Águas). g) Águas públicas: art. 20, III e VI, da CF (define as águas de propriedade da União); art. 26, I (define as águas estaduais); não mais existem águas particulares nem águas de propriedade dos Municípios; – competência da União para legislar sobre águas: art. 21, XIX, e 22, IV, da CF; Lei no 9.433, de 8-1-97 (Política Nacional de Recursos Hídricos); podem Estados estabelecer normas de proteção (art. 24, VI, da CF);” (p. 1621).
Referencias
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 32ª ed., São Paulo: Editora Forense, Gen, 2019. ______
NUNES, Antonio de Pádua. Código de águas. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 1980.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2003.
Referência:
VENOSA, Sílvio de Salvo.Direito civil. v. V. São Paulo: Atlas, 2005, p. 168.

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