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SFVC 
Nº 70052995362 
2013/CÍVEL 
 
 1
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL 
PODER JUDICIÁRIO 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
ECA. TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO. PROVA. 
MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO. ADEQUAÇÃO. 
1. Restando cabalmente comprovadas a autoria, a 
materialidade e o nexo causal da tentativa de homicídio, 
imperioso o juízo de procedência da representação, com a 
aplicação da medida socioeducativa compatível com a 
gravidade dos fatos e com as condições pessoais do infrator. 
2. Ficando comprovado que o adolescente acompanhou o co-
autor, que é imputável, e também invadiu a casa da vítima, 
que havia desrespeitado sua namorada, com o claro 
propósito de vingar-se, fica demonstrada a sua participação 
no gravíssimo ato infracional, ainda que o outro agente tenha 
sido o autor dos disparos. 3. Como o adolescente não 
apresenta antecedentes, justifica-se o abrandamento da 
medida socioeducativa, mostrando-se mais adequada a de 
semiliberdade. 4. Ainda que o jovem não tenha recebido 
medida socioeducativa anteriormente, ficou claro o seu 
envolvimento no gravíssimo ato infracional, que resultou 
graves seqüelas para a vítima, devendo ele ser reeducado a 
fim de tomar consciência de que deve respeitar a integridade 
física e a vida dos seus semelhantes, aprendendo a conter 
seus ímpetos. Recurso provido em parte. 
 
 
APELAÇÃO CÍVEL 
 
SÉTIMA CÂMARA CÍVEL 
Nº 70 052 995 362 
 
COMARCA DE PORTO ALEGRE 
E.N. 
.. 
APELANTE 
M.P. 
.. 
APELADO 
 
A CÓ R DÃO 
 
Vistos, relatados e discutidos os autos. 
Acordam os Desembargadores integrantes da Sétima Câmara 
Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, dar parcial 
provimento ao recurso. 
Custas na forma da lei. 
 
 
 
 
 
 
 
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Nº 70052995362 
2013/CÍVEL 
 
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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL 
PODER JUDICIÁRIO 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
Participaram do julgamento, além do signatário, as eminentes 
Senhoras DES.ª LISELENA SCHIFINO ROBLES RIBEIRO E DES.ª 
SANDRA BRISOLARA MEDEIROS. 
Porto Alegre, 27 de fevereiro de 2013. 
 
 
DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES, 
Relator. 
 
 
 
 
 
R E L AT Ó RI O 
 
DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES (RELATOR) 
 
Trata-se da irresignação de EDEMILSON N. com a r. sentença 
que julgou parcialmente procedente a representação que lhe move o 
MINISTÉRIO PÚBLICO pela prática do ato infracional tipificado no art. 121, 
§2º, inc. II e IV, comb. com art. 14, inc. II, do Código Penal e aplicou-lhe a 
medida socioeducativa de internação sem atividades externas. 
 
Sustenta o recorrente que a prova coligida é frágil e insuficiente 
para agasalhar o juízo de procedência da representação, não restando 
comprovada a autoria por parte do adolescente. Pretende a improcedência 
da representação. Pede o provimento do recurso. 
 
Intimado, o agente ministerial ofereceu as suas contra-razões e 
pede o desprovimento do recurso. 
 
 
 
 
 
 
 
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2013/CÍVEL 
 
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PODER JUDICIÁRIO 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
A sentença foi mantida e os autos subiram. 
 
Com vista dos autos, a douta Procuradoria de Justiça lançou 
parecer opinando pelo desprovimento do recurso. 
 
É o relatório. 
 
V O TO S 
 
DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES (RELATOR) 
 
Estou acolhendo, em parte, a pretensão recursal, apenas para 
abrandar a medida socioeducativa que foi aplicada. 
 
Com efeito, mostra-se rigorosamente correta a análise da 
prova contida na sentença e tenho os doutos argumentos expendidos pelo 
ilustre julgador a quo como integrantes do meu voto. 
 
Assim, restando cabalmente comprovadas a autoria, a 
materialidade e o nexo causal da tentativa de homicídio, imperioso o juízo de 
procedência da representação, com a aplicação da medida socioeducativa 
compatível com a gravidade dos fatos e com as condições pessoais do 
infrator. 
 
No caso em exame, ficou cabalmente comprovado que o 
adolescente acompanhou o co-autor, que é imputável, e também invadiu a 
casa da vítima, que havia desrespeitado sua namorada, com o claro 
propósito de vingar-se, fica demonstrada a sua participação no gravíssimo 
ato infracional, ainda que o outro agente tenha sido o autor dos disparos. 
 
 
 
 
 
 
 
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No entanto, como o adolescente não apresenta antecedentes e 
tem bom vínculo familiar, morando com seus pais e irmãos, justifica-se o 
abrandamento da medida socioeducativa, mostrando-se mais adequada a 
medida de semiliberdade, de forma a permitir que o jovem desenvolva 
atividade laboral e, inclusive, possa estudar. 
 
Destaco que, ainda que o jovem não tenha recebido medida 
socioeducativa anteriormente, ficou claro o seu envolvimento no gravíssimo 
ato infracional, que resultou graves seqüelas para a vítima, devendo ele ser 
reeducado a fim de tomar consciência de que deve respeitar a integridade 
física e a vida dos seus semelhantes, aprendendo a conter seus ímpetos. 
 
Com tais considerações, e provendo apenas em parte a 
pretensão recursal, estou acolhendo também os doutos argumentos postos 
no lúcido parecer do Ministério Público, de lavra da ilustre PROCURADORA 
DE JUSTIÇA JUANITA RODRIGUES TERMIGNONI, que peço vênia para 
transcrever, in verbis: 
 
O Ministério Público ofereceu representação contra o apelante 
pela prática dos atos infracionais análogos aos delitos de homicídio 
qualificado (duas vezes), homicídio qualificado tentado e associação 
para o tráfico, tendo sido, ao final, julgada parcialmente procedente, 
reconhecendo-se somente a prática do homicídio qualificado tentado, 
com aplicação da medida de internação sem possibilidade de 
atividades externas. 
 
O conjunto probatório colhido nos autos é seguro para impor a 
procedência parcial da representação, devendo ser mantida a 
sentença. 
 
No ensejo da análise probatória, foram abrangentes os 
fundamentos postos pelo eminente Promotor de Justiça, Doutor Edes 
Ferreira dos Santos Cunha em suas contrarrazões de recurso (fls. 
340/342v.), razão pela qual seguem reproduzidos ao fim de evitar-se 
tautologia, (fls. 341/342v.), verbis: 
 
 
 
 
 
 
 
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Exordialmente, vale destacar que o conjunto fático-probatório 
coligido é mais do que suficiente para condenação do apelante. A 
autoria do adolescente no ato infracional é indubitável, conforme se 
fará mostrar: 
 
O adolescente, em Juízo (fls.202/207), disse que acredita que o 
estão acusando porque um dia antes do fato, Márcio tentou dar um 
beijo em sua namorada. Márcio é comparsa de Bruno, o "Mezenga". 
Disse que foi parado na rua por "Mezenga", o qual lhe disse que 
haviam tentado agarrar sua namorada, formou-se um "bolo" e eles 
tentaram lhe bater. 
 
A vítima Márcio Ricardo da Silva Lopes (fls. 297/300) afirmou 
que elogiou uma garota, a qual não gostou, xingou-lhe e disse que 
iria contar o fato para o namorado e saiu, depois, ela voltou e 
apareceu um monte de garotos brigando na rua e perguntando quem 
era que havia mexido com a garota, mas o declarante não estava ali 
naquele momento, foi a um baile e no dia seguinte, estava em sua 
casa dormindo, quando invadiram sua casa e atiraram nele. Não 
sabia quem era o namorado da garota. Estava em casa deitado, sua 
mãe lavava roupa na rua e, de repente, Bruno disse "ah, tá aqui ele, 
não sei o que" para Edemilson e atirou. Conhecia Edemilson de vista. 
Em uma ocasião Bruno foi ao hospital e conversou com sua mãe 
pedindo desculpas e dizendo que se não tivesse atirado no 
declarante,Edemilson o mataria junto com o declarante. Enquanto 
Bruno atirou, Edemilson estava no portão, olhando. Enquanto era 
carregado por seu irmão para ir ao hospital, ainda estava acordado e 
viu Edemilson no muro, do lado da outra casa. Sua mãe viu 
Edemilson parado na porta. Ficou com sequelas dos tiros que levou. 
Chamada a fazer reconhecimento, reconheceu Edemilson como o 
indivíduo que viu na saída de sua casa. 
 
A testemunha Rosa Helena da Silva Lopes, mãe da vítima, em 
Juízo (fls. 300/303), relatou que ficou sabendo que os fatos se deram 
porque seu filho Márcio chamou uma menina de "bonita". Informou 
que por volta da meia-noite apareceram alguns indivíduos e 
perguntaram por seu filho e disseram para avisá-lo que "de hoje ele 
não passa, ele bancou o malandro, hoje ele não passa", mas não 
conseguiu ver seus rostos. No outro dia seu filho Márcio foi para casa 
e estava deitado, enquanto a declarante lavava a louça e de repente 
ouviu um grito de sua filha dizendo "não sei meu, pergunta para a 
mãe ali, não sei, ele deve estar em casa dormindo" e, neste instante, 
um deles pulou o portão e foi para o lado da casa de sua filha, a 
declarante abriu o portão e imediatamente, "Mezenga" entrou em sua 
casa e com um aro de bicicleta e disse "desculpa aí, meu" e deu com 
o aro no olho de Márcio e em seguida atirou, sendo que o outro 
menino ficou na rua. Viu Edemilson, meio de lado, ele ia pular para 
 
 
 
 
 
 
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entrar em sua casa quando "Mezenga" lhe disse "tá deu, deu, já era, 
vamos largar", os dois pularam e saíram correndo. "Mezenga" 
conversou com a declarante no hospital e lhe pediu perdão dizendo 
que se não fizesse aguilo para o Márcio, eles fariam para ele. 
Chamada a fazer reconhecimento, reconheceu Edmilson com 70% 
de certeza. 
 
A testemunha Marcos Roberto da Silva Lopes, irmão da vítima, 
em Juízo (fls. 308/309v), relatou que ficou sabendo, pelas conversas 
que ouviu dos vizinhos e conhecido, que os autores foram "Mezenga" 
e Edmilson, porque seu irmão havia mexido com a namorada de 
Edemilson e havia tido uma briga. 
 
A testemunha Maycon César da Silva Lopes, irmão da vítima, 
em Juízo (fls. 310v312), disse que estava na casa de sua irmã, ao 
lado, no mesmo pátio e viu os dois pulando o muro. "Mezenga" 
entrou na casa de sua mãe e Edemilson ficou perto da porta. 
Reconheceu Edemilson por foto na Delegacia. Chamada a fazer 
reconhecimento, teve um pouco de dúvida, mas reconheceu o 
adolescente como um dos autores. 
 
A testemunha Carine da Silva Lopes, irmã da vítima, em Juízo 
(fls. 312/314), disse que os rapazes chegaram na sua casa 
perguntando por Márcio, então lhes disse que eles moravam ao lado. 
Os dois entraram no pátio, mas só "Mezenga" entrou na casa. 
Estudou com Edemilson, mas nunca mais o tinha visto. Soube que o 
ocorrido foi devido a uma briga por causa de uma menina. Viu bem 
Edemilson, pois ele ficou perto de sua porta. Reconheceu o 
adolescente por foto, no computador. Chamada a efetuar o 
reconhecimento, reconheceu Edemilson, sem nenhuma dúvida. 
 
A testemunha Daiane S. L., namorada de Edemilson, em Juízo 
(fls. 319/320), disse que estava descendo a rua e vinham vários 
rapazes, dentre eles Márcio, o qual tentou beijá-la, então o empurrou 
e Edmilson estava chegando e perguntou o que houve, contou-lhe e 
ele foi perguntar quem havia tentado beijá-la e eles tentaram agredi-
lo. "Mezenga" era amigo de Márcio e não de Edemilson. Não ouviu 
comentários sobre os motivos que Márcio levou tiros. 
 
Assim, constata-se que toda a prova converge para a autoria 
do ato infracional pelo adolescente Edmilson. 
 
Efetivamente, ao contrário do que afirmou a Defesa, a vítima e 
as testemunhas da acusação, todas prestaram depoimentos 
absolutamente coerentes e harmônicos entre si, relatando os fatos da 
forma como efetivamente se deram, tendo, inclusive, o cuidado de 
não apontar Edmilson como autor do ato infracional indevidamente, 
 
 
 
 
 
 
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tanto que a testemunha Rosa Helena, disse possuir 70% de certeza 
e a testemunha Maicon, relatou possuir quase certeza acerca do 
reconhecimento. Contudo, do cotejo de seus depoimentos e 
reconhecimentos parciais, aliado ao reconhecimento inequívoco 
efetuado pela testemunha Carine, com os fatos narrados pelo próprio 
apelante, exsurge a certeza acerca da prática do ato infracional. 
 
Com efeito, a testemunha Carine, a qual reconheceu o 
adolescente de forma inequívoca, tanto na delegacia de polícia, por 
foto, como em Juízo, foi quem primeiro viu o adolescente e 
"Mezenga", os quais apareceram em sua casa atrás de Márcio, sendo 
que tal testemunha referiu que viu bem Edmilson, pois ele parou em 
frente a sua porta. Da mesma forma, a testemunha Maycon, que 
estava na mesma casa de Carine, viu os dois pulando o muro, sendo 
que Edmilson teria ficado na porta e "Mezenga" ingressado na casa. 
A testemunha Rosa Helena, viu a sequência, após eles terem ido na 
casa de sua filha Carine e ido em direção a sua casa, que era ao 
lado, local em que Márcio estava deitado, tendo visto Edmilson 
apenas de lado, contudo, mesmo assim conseguiu reconhecê-lo pela 
compleição física. Por fim, a própria vítima viu, enquanto estava 
sendo carregada, pois ainda estava acordada, Edmilson no muro 
próximo de sua casa. Assim, constata-se que todas as testemunhas 
viram Edmilson quando ele chegou na casa juntamente com 
"Mezenga", o qual entrou na residência e alvejou Márcio. 
 
Ademais, todas as testemunhas e inclusive o próprio 
adolescente e sua namorada, narraram a ocorrência de uma briga 
ocorrida um dia antes do fato, entre vários indivíduos, incluindo 
Edmilson, tudo motivado pelo fato de Márcio ter elogiado ou beijado a 
namorada de Edmilson, fato este que é mais um indicativo de que 
Edmilson foi até a casa da vítima com "Mezenga", alvejá-la, devido à 
briga ocorrida no dia anterior. Alem disso, a mãe da vítima relatou que 
"Mezenga" lhe pediu desculpas pelo ocorrido, aduzindo que se assim 
não o fizesse Edmilson o mataria, tudo a demonstrar que Edmilson, 
no mínimo persuadiu "Mezenga" a ir atirar na vítima por desforra pelo 
fato ocorrido no dia anterior. 
 
A jurisprudência desse egrégio Tribunal de Justiça do Rio 
Grande do Sul tem sido creditante com relação ao depoimento 
prestado pelas vítimas, entendendo suficientes para a comprovação e 
reprovação da infração, verbis: 
 
APELAÇÃO CÍVEL. APURAÇÃO DE ATO INFRACIONAL EQUIPARADO AO 
ARTIGO 157, § 2º, INCISOS I E II, DO CÓDIGO PENAL. AUTORIA E 
MATERIALIDADE COMPROVADAS. MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE 
INTERNAÇÃO SEM POSSIBILIDADE DE ATIVIDADES EXTERNAS. 
ADEQUAÇÃO. DA NULIDADE DO INTERROGATÓRIO. INOCORRÊNCIA. 
Nos termos dos arts. 171 e seguintes do Estatuto da Criança e do 
 
 
 
 
 
 
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Adolescente, na apuração de ato infracional, o interrogatório do adolescente 
constitui o primeiro ato a ser realizado, não havendo qualquer óbice à 
produção de prova pelo magistrado que preside a solenidade. Ademais, a 
interpretação do art. 212 do CPP não retira do juiz o direito de inquirir as 
partes ou testemunhas, na busca da verdade real. Preliminar rejeitada. DO 
RECONHECIMENTO PELA VÍTIMA. Não configura nulidade do 
reconhecimento pela vítima a inobservância ao disposto no art. 226, inciso II, 
do CPP, quando ausente indicativo de eventual induzimento da vítima na 
prática do ato. Precedente. DA AUTORIA E DA MATERIALIDADE. 
Comprovadas autoria e materialidade do ato infracional - roubo duplamente 
majorado peloconcurso de agentes e emprego de arma -, impõe-se a 
procedência da representação. Depoimento da vítima e do policial militar, 
que merece valor idêntico ao de outra testemunha, devendo prevalecer, 
até prova idônea em contrário. (...) REJEITADAS AS PRELIMINARES E 
DESPROVIDAS AS APELAÇÕES. (SEGREDO DE JUSTIÇA) (Apelação Cível 
Nº 70041099839, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: 
André Luiz Planella Villarinho, Julgado em 08/06/2011) 
 
APELAÇÃO CÍVEL. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ATO 
INFRACIONAL. ROUBO MAJORADO. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. 
AUSÊNCIA DE LAUDO PELA EQUIPE INTERDISCIPLINAR. NULIDADE. 
INOCORRÊNCIA. INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA. DESCABIMENTO. 
AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. ADEQUAÇÃO DA MEDIDA 
SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO, FACULTADAS ATIVIDADES 
EXTERNAS. SENTENÇA MANTIDA. (...) Caso em que, restaram 
demonstradas a autoria e materialidade do ato infracional. A medida 
socioeducativa de internação é a mais adequada para permitir a reeducação e 
ressocialização dos adolescentes no caso concreto. São suficientes como 
meio de prova os depoimentos coerentes e uníssonos da vítima e do 
policial militar que apreendeu os adolescentes. APELAÇÕES 
DESPROVIDAS. (Apelação Cível Nº 70041397902, Sétima Câmara Cível, 
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Roberto Carvalho Fraga, Julgado em 
08/06/2011) 
 
APELAÇÃO CÍVEL. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. ATOS 
INFRACIONAIS. ROUBO MAJORADO E TRÁFICO DE DROGAS. 
INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA E ATENUANTE DE CONFISSÃO. 
DESCABIMENTO. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. 
NEGATIVA DE AUTORIA SUPERADA PELO DEPOIMENTO DAS VÍTIMAS. 
ADEQUAÇÃO DA MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO SEM 
POSSIBILIDADES DE ATIVIDADES EXTERNAS CUMULADA COM MEDIDA 
DE PROTEÇÃO. SENTENÇA MANTIDA. Cuidando-se de ato infracional, e 
dado o fim pedagógico e ressocializador das medidas socioeducativas, não há 
falar em aplicação subsidiária de princípios e institutos do Direito Penal, dentre 
eles a atenuante da confissão. Demonstradas a materialidade e a autoria dos 
atos infracionais praticado pelo adolescente, aliado ao fato de que o 
adolescente possui antecedentes infracionais e que o tráfico de substância 
entorpecente é equiparado a crime hediondo, necessária se faz aplicação de 
medida socioeducativa de internação sem possibilidades de atividades 
externas, bem como de medida e proteção, pois o intuito da medida é 
reeducar e ressocializar o jovem. São suficientes como meio de prova os 
depoimentos coerentes e uníssonos das vítimas e dos policiais militares 
que apreenderam o adolescente. RECURSO DESPROVIDO. (Apelação 
Cível Nº 70039749759, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, 
Relator: Roberto Carvalho Fraga, Julgado em 11/05/2011) 
 
 
 
 
 
 
 
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Neste contexto delineado, considerando a gravidade do ato 
infracional, bem como por estar suficientemente demonstrada a 
prática do fato pelo adolescente, merece ser mantida a procedência 
da representação. 
 
Finalmente, destaco que, embora a pretensão do apelante seja 
apenas a de improcedência da representação, nada obsta que, em sede 
recursal, a Câmara, mantendo o juízo de procedência da representação, 
reexamine a medida socioeducativa aplicada, como estou fazendo. 
 
ISTO POSTO, dou parcial provimento ao recurso para aplicar 
ao infrator a medida socioeducativa de semiliberdade. 
 
DES.ª LISELENA SCHIFINO ROBLES RIBEIRO (REVISORA) - De acordo 
com o(a) Relator(a). 
 
DES.ª SANDRA BRISOLARA MEDEIROS - De acordo com o(a) Relator(a). 
 
DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES (RELATOR) - 
PRESIDENTE - Apelação Cível nº 70052995362, Comarca de Porto Alegre: 
 
"PROVERAM EM PARTE O RECURSO PARA APLICAR AO INFRATOR A 
MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE SEMILIBERDADE. UNÂNIME." 
 
 
Julgador(a) de 1º Grau: PATRICIA FRAGA MARTINS

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