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Scheila Maria 2016 1 GASTRO – ANATOMIA E HISTOLOGIA Esôfago CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS: Tubo musculoesquelético com aproximadamente 25cm de comprimento e 2cm de diâmetro que se estende da faringe ao estômago (óstio cárdico). É dividido anatomicamente em 3 partes. A primeira é a cervical que se inicia na margem inferior da cartilagem cricóidea (nível da vértebra C-VI). Essa região se chama junção faringoesofágica e produz a constrição cricofaríngea (esfíncter esofágico superior, 16cm da ADS*). A segunda porção do esôfago é a torácica que se inicia no mediastino superior entre a traqueia e a coluna vertebral, situando-se anteriormente às vértebras T-I a T-IV. Em seguida desce pelo mediastino posterior passando posteriormente ao arco da aorta, pericárdio e átrio esquerdo (Obs¹). Desvia-se então para a esquerda e passa através do hiato esofágico formado pela musculatura do diafragma e que funciona como um esfíncter esofágico inferior fisiológico. O hiato localiza-se no nível da vértebra T-X e anteriormente a aorta. Ao passar pelo hiato, inicia sua terceira porção, a abdominal que tem um curto trajeto. Possui mais três constrições na parte torácica, formando um total de 4 constrições: arco da aorta, brônquio principal esquerdo (ambas ± 24cm da ADS), e diafragmática (38cm da ADS) – além da cricofaríngea já citada. O esôfago termina, então, na junção esofagogástrica, na qual a substância ingerida entra no óstio cárdico do estômago. No seu curto trajeto abdominal é retroperitoneal. Obs1. Principal relação posterior da base do coração. *ADS: Arcada Dentária Superior ANATOMIA HISTOLÓGICA: O esôfago é constituído por epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado na camada mucosa. Possui uma submucosa com glândulas mucosas esofágicas propriamente ditas. Uma camada muscular externa, sendo uma circular interna e outra longitudinal externa, compostas por fibras musculares esqueléticas e lisas. Sendo que no terço superior do esôfago há principalmente músculo esquelético; o terço médio possui músculo esquelético e liso; e o inferior tem apenas fibras musculares lisas. Há ainda a camada adventícia no esôfago torácico e cervical e, serosa na porção abdominal. Possui dois plexos: o submucoso (de Meissner) e o Scheila Maria 2016 2 de Auerbach, entre as camadas musculares. A junção gastroesofágica é marcada pela transição abrupta da túnica mucosa do esôfago para a do estômago (região da linha Z). IRRIGAÇÃO, INERVAÇÃO E DRENAGEM: A irrigação é feita pelas artérias tireoidea inferior (porção cervical), brônquicas e diafragmáticas (porção torácica) e gástrica e frênica esquerdas (porção abdominal). A drenagem da porção torácica é para a v. ázigo e da porção abdominal para a v. gástrica esquerda e posteriormente sistema porta. A drenagem linfática é feita para os linfonodos paratraqueais e cervicais profundos (porção cervical); mediastinais posteriores (porção torácica); e celíacos (porção abdominal). A inervação é feita pelo nervo vago que forma o plexo esofágico e na sua porção mais inferior, pelos nervos esplâncnicos. OBSERVAÇÕES DA AULA: Obs1. É nas constrições que se alojam a maioria das doenças Obs2. É importante saber a distância de cada constrição ao dente incisivo superior para interpretar a localização da lesão a partir da endoscopia (pois está nos dá a distância da lesão). -> A distância referida de algum ponto ou lesão é medida em relação a arcada dentária superior (ADS) Obs3. O esôfago, particularmente, pode ter metástase intra-órgão da parte cervical para a demais devido a comunicação que existe entre seus nódulos linfáticos (NÃO GÂNGLIOS!!!). Obs4. Como o pH do esôfago é neutro e do estômago, ácido, a análise de pH pode ser útil para avaliar refluxo, hérnias... Obs5. No Chagas há destruição do plexo mioentérico (de Auerbach) e o esôfago paralisa e começa a alargar. Visualizado por contraste de bário. Solução: abrir esfíncter inferior (dilatação pneumática da cárdia e criar uma válvula anti-refluxo). Obs6. Balão de Blakemore: utilizado para estancar sangramento por varizes esofágicas (por até 48H). Obs7. Hérnia hiatal por deslizamento: mais de 90% dos casos. A parte abdominal do esôfago, a cárdia e partes do fundo gástrico deslizam superiormente pelo hiato esofágico até o tórax, especialmente quando a pessoa se deita ou se curva pra a frente. Pode ocorrer refluxo. Obs8. Hérnias paraesofágicas: A cárdia permanece em sua posição normal. No entanto, uma bolsa de peritôneo, muitas vezes contendo o fundo gástrico, estende-se pelo hiato esofágico, Scheila Maria 2016 3 anteriormente ao esôfago. Nesses casos geralmente não há refluxo, pois o óstio cárdico está em sua posição normal. _________________________________________________________________________________ Estômago CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS: Inicia na junção esôfago-gástrica e vai até o duodeno. Possui formato variável, quatro partes e duas curvaturas. A cárdia é a parte que circunda o óstio cárdico (abertura do esôfago para o estômago). O fundo gástrico é a parte superior, dilatada e relacionada com a cúpula diafragmática esquerda. O corpo é a parte principal e situa-se entre o fundo e o antro. O antro é a porção mais larga da parte pilórica, que leva ao canal pilórico e por fim, ao piloro – esfíncter distal formado pelo espessamento da camada circular de m. liso e controla a saída do conteúdo gástrico através do óstio pilórico para o duodeno. As curvaturas maior e menor formam as margens côncava e convexa respectivamente. O estômago é recoberto por peritôneo exceto onde passam os vasos, ao longo das curvaturas e ao redor do óstio cárdico. Anteriormente está relacionado com diafragma, lobo esquerdo do fígado e parede abdominal anterior. Posteriormente relaciona-se com a bolsa omental e o pâncreas. ANATOMIA HISTOLÓGICA: Apresenta rugas ou dobras longitudinais da mucosa e submucosa em toda sua extensão. Além disso, o epitélio forma invaginações na mucosa formando fossetas que se aprofundam em direção ao piloro e aumentam a superfície de absorção. É formado por epitélio colunar simples em sua mucosa além de grande variedade de células e glândulas. Em sua submucosa apresenta o plexo e rede linfática e possui ainda a muscular externa que é constituída por três camadas de músculo liso: a oblíqua interna, a circular média e a longitudinal externa. Por fim, todo o estômago está recoberto por uma serosa. Scheila Maria 2016 4 IRRIGAÇÃO, INERVAÇÃO E DRENAGEM: Suprimento arterial originado de ramos do tronco celíaco (a. gástricas e gastromentais direitas e esquerdas), a. gastroepiplóicas irrigam a maior parte do corpo e, ramos da artéria esplênica (a. gástricas curtas e posterior) irrigam a região do fundo. A drenagem venosa se dá por veias de mesmo nome e são tributárias do sistema porta ou de suas tributárias (veias esplênica e mesentérica superior). A drenagem linfática é feita via linfonodos gástricos e gastromentais que seguem para os linfonodos celíacos. Por fim, a inervação parassimpática é feita pelo tronco vagal e a simpática por segmentos da T6-T9 que passam para o plexo celíaco via nervos esplâncnicos. OBSERVAÇÕES DA AULA: Obs2. Possui 2 curvaturas, 2 faces (ant e post), 2 omentos, 2 esfíncteres (da cárdia e pilórico), produz o quimo, ácido e tem capacidade de 1,5L a 2L. Obs3. É a única porção do TG com 3 camadas musculares. Obs4. Possui 4 porções anatômicas e 3 histológicas: Cárdia, fundo, corpo e antro anatomicamente e cárdia, fundo e piloro histologicamente. Obs5. Em casos de HP, os vasos curtosque vem do baço podem causar varizes de fundo gástrico. Obs6. Pata de ganso: inervação do esfíncter pilórico. ___________________________________________________________________________________________ Intestino Delgado CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS: Consiste em duodeno, jejuno e íleo e se estende do piloro do estômago até a junção ileocecal, onde o íleo une-se ao ceco. O duodeno: É a primeira, mais larga, mais fixa e menor parte do ID, mede cerca de 25cm. Começa no piloro, no lado direito e termina na flexura duodeno-jejunal, no lado esquerdo. Possui quatro partes: A primeira, ou superior possui 5cm, é horizontal e situa-se a nível de L1. A segunda parte, ou descendente é a mais longa, com 7-10cm e segue inferiormente ao longo do lado direito da L2 e L3, curvando-se em torno da cabeça do pâncreas. Os ductos: colédoco e pancreático principal via ampola hepatopancreática, entram na parede posteromedial. A terceira parte (horizontal ou inferior) tem 6-8cm, cruza anteriormente a cava inferior e aorta e posteriormente as mesentéricas. A quarta parte, ou ascendente tem 5cm e começa a esquerda da L3 e sobe até o fim da L2, passando ao lado esquerdo da aorta e alcançando a margem inferior do pâncreas. Por fim, curva-se anteriormente para unir-se ao jejuno na junção jejunoduodenal formando uma flexura que é sustentada pela fixação do músculo suspensor do duodeno (ligamento de Treitz). Scheila Maria 2016 5 Obs1. Os primeiros 2cm da parte superior do duodeno tem mesentério e é móvel. É denominada ampola. Os 3cm restantes bem como as outras partes não tem mesentério e são imóveis pois são retroperitoneais. O jejuno e íleo: O jejuno começa na flexura duodenojejunal e o íleo termina na junção ileocecal. Juntos medem cerca de 6-7 metros variáveis. O jejuno constitui aprox. 2/5 do comprimento e o restante é formado pelo íleo. Não há uma demarcação clara entre as duas partes, porém apresentam características distintas. O jejuno possui cor vermelho-vivo, parede espessa e pesada, vasos longos em poucas arcadas, menos gordura e pregas maiores. Já o íleo é cor rosa-claro, com parede fina e leve, vasos curtos em várias arcadas, menos gorduras e pregas baixas e esparsas. ANATOMIA HISTOLÓGICA: A mucosa do i. delgado é formada por epitélio colunar simples, possui pregas circulares que multiplicam sua superfície mais ainda formando vilosidades que por sua vez formam microvilosidades. A submucosa é fibroelástica, possui o plexo de Meissner e é a principal responsável pelo suprimento sanguíneo das anastomoses cirúrgicas. A camada muscular é dividida em circular interna e longitudinal externa e abriga os plexos mioentéricos (de Auerbach). Por fim, há a serosa. IRRIGAÇÃO, INERVAÇÃO E DRENAGEM: A irrigação do duodeno provém do tronco celíaco, pelas a. pancreáticoduodenais. O suprimento do jejuno e íleo deriva da a. mesentérica superior que emite ramos que se anastomosam formando as arcadas. A drenagem venosa é feita pela v. mesentérica superior. Já a drenagem linfática é realizada pelos numerosos linfonodos submucosos das placas de Peyer e pelos ductos linfáticos do mesentério que terminam na cisterna do quilo. A drenagem linfática tem papel importante no transporte de lipídios absorvidos na circulação, disseminação cancerígena e defesa imunológica. ___________________________________________________________________________________________ Intestino Grosso CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS: É formado pelo ceco, colos (ascendente, transverso, descendente e sigmoide), reto e canal anal. Distingue-se do i. delgado por possuir as tênias do colo (três faixas espessadas de fibras musculares lisas longitudinais); saculações do colo (bolsas entre as tênias); apêndices omentais (pequenas projeções gordurosas do colo) e pelo calibre (o diâmetro interno é muito maior). O ceco: É a primeira parte, contínua com o colo ascendente e é uma bolsa cega situada na fossa ilíaca direita. É quase totalmente envolvido por peritôneo, é levantado livremente, porém não tem mesentério. O apêndice: É um divertículo intestinal cego que se estende da face posteromedial do ceco. Varia de comprimento e tem um mesoapêndice. Normalmente sua posição é retrocecal mas pode variar. Scheila Maria 2016 6 O colo: Possui quatro partes que formam um arco. A parte ascendente vai do ceco até o lobo hepático direito onde se curva para esquerda (flexura direita) e é retroperitoneal. A parte transversa é larga e móvel, cruza o abdome da flexura direita à esquerda (anterior a porção inferior do rim esquerdo e fixa ao diafragma) e possui um mesocolo transverso. O colo descendente começa na flexura esquerda, é retroperitoneal e se continua com o sigmoide. Este vai da fossa ilíaca até o reto. A terminação das tênias indica a junção retossigmóide. Possui um mesocolo sigmoide. O reto: É a parte terminal, fixa, no nível da S3 e contínuo inferiormente com o canal anal. ANATOMIA HISTOLÓGICA: São formados, em sua mucosa por epitélio colunar simples com células caliciformes e glândulas. Uma submucosa, camada muscular externa subdividida em circular interna e longitudinal externa que se modifica para formar as tênias. Por fim, possui serosa e adventícia. IRRIGAÇÃO, INERVAÇÃO E DRENAGEM: A vascularização respeita a divisão embriológica do intestino primitivo. A a. mesentérica superior irriga ceco, cólon ascendente e 2/3 proximais do transverso. A mesentérica inferior leva sangue para o ângulo esplênico, cólon descendente, sigmoide e reto, pelas retais superiores. O reto também é irrigado pelas retais inferiores derivadas de vasos ilíacos. A drenagem venosa é feita pelas veias de mesmo nome. A v. mesentérica inferior drena para a esplênica que forma o sistema porta juntamente com a v. mesentérica superior. As v. retais drenam para o sistema ilíaco-cava. A drenagem linfática se dá para os linfonodos epiplóicos, paracólicos, intermediário e principal e, posteriormente, para a cisterna quilosa via linfonodos paraórticos. A drenagem do reto é para os mesentéricos e paraórticos e do canal anal, em sua parte superior, para os ilíacos internos e mesentéricos e, em sua parte inferior, para o inguinais. ___________________________________________________________________________________________ Baço Órgão linfático, ovoide, móvel, intraperitoneal, totalmente envolvido por peritôneo, exceto em seu hilo. Repousa na flexura esquerda do colo. Relaciona-se com o diafragma, parede posterior do estômago (ligamento gastroesplênico), rim esquerdo (ligamento esplenorrenal). Irrigação pela a. esplênica (maior ramo do tronco celíaco) e drenagem pela v. esplênica que forma posteriomente a porta. Drenagem linfática via linfonodos pancreáticos e esplênicos e inervação por nervos esplênicos, originados do plexo celíaco. Pâncreas Glândula acessória, alongada, retroperitoneal e que cruza a parede abdominal posterior, atrás do estômago. É dividido em 4 partes: cabeça (parte Scheila Maria 2016 7 expandida envolvida pela curvatura do duodeno); colo (se estende sobre os vasos mesentéricos superiores); corpo (contínuo com o colo, a esquerda da a. e v. mesentéricas superiores); e cauda (relacionada com o hilo esplênico e flexura esquerda do colo). Emite o ducto pancreático, que se une ao ducto colédoco para formar a ampola hepatopancreática que se abre na parte descendente do duodeno, no ápice da papila maior do duodeno. O ducto pancreático acessório drena o processo uncinado e parte inferior da cabeça do pâncreas e se abre no duodeno, na papila menor. Irrigação pelas a. pancreáticas,ramos da esplênica, e a. pancreáticoduodenais. Drenagem pelas veias pancreáticas e drenagem linfática para linfonodos pancreáticos e esplênicos. Fígado Relaciona-se com estômago, duodeno, omento menor, vesícula biliar, flexura direita do colo, colo transverso, rim direito e glândula suprarrenal. É dividido, para fins cirúrgicos em 8 segmentos, cada um com seu próprio suprimento sanguíneo intrassegmentar e drenagem biliar. Recebe sangue da artéria hepática e da veia porta. Seus vasos linfáticos drenam para os linfonodos hepáticos, no omento menor e celíacos, que por fim drenam para a cisterna do quilo.
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