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Scheila Maria 2016 1 INFECTO - ANTIMICROBIANOS - LACTÂMICOS Formado pelas penicilinas, cefalosporinas, carbapenenêmicos, monobactâmicos. Caracterizados pela presença de um anel betalactâmico de ação bactericida Possui espectro de ação definido pela cadeia lateral. Mecanismo de ação: Agem inibindo a síntese da parede bacteriana através da interação com as Proteínas Ligadoras de Penicilina (PBP) que são necessárias à síntese dos peptidioglicanos da parede bacteriana. Para que consigam agir com sucesso os -lactâmicos precisam: 1. Penetrar na bactéria através das porinas presentes na membrana externa da parede celular bacteriana (ver obs1) 2. Não serem destruídos pelas ß-lactamases produzidas pelas bactérias; 3. Devem ligar-se e inibir as PBP Obs1: Essa parede não existe nas Gram+, portanto os -lactâmicos penetram mais facilmente. Mecanismos de resistência: A. Produção de uma -lactamase – capaz de clivar o anel -lactâmico (ver obs 2 e 3) B. PBP com baixa afinidade pelo antibiótico – não ocorre ligação (ver obs 4) C. Porinas que dificultam ou impedem a passagem nas Gram – (ver obs 5 e 6) Obs2: Os S. aureus produzem penicilinase e, portanto são resistentes a todas as penicilinas exceto oxacilina. Como não produz cefalosporinases são também sensíveis às cefalosporinas 1ª geração. Obs3: A associação de antibióticos -lactâmicos com inibidores da -lactamase (clavulanato, sulbactam, tazobactam) tem ampliado significativamente o espectro desses ATB. Obs4: Mecanismo de ação do MRSA. Obs5: Penicilina G e oxacilina são ineficazes contra a maioria dos Gram – justamente por não conseguirem atravessar as porinas, o que não ocorre com aminopenicilinas e penicilinas de nova geração, por isso têm espectro ampliado para Gram - . Obs 6: Pseudomonas aeruginosa, devido a esse mecanismo é resistente à maioria dos - lactâmicos excetuando-se penicilinas antipseudomonas (penicilinas de espectro estendido), cafelosporinas antipseudomonas e carbapenêmicos. Scheila Maria 2016 2 1. PENICILINAS São divididas em: penicilinas naturais (benzilpenicilinas), resistentes a penicilinase, aminopenicilinas e amplo espetro. Mecanismos de resistência: Alteração estrutural da PBP (principal relacionado aos Gram +) e inativação enzimática (penicilinases pelas Gram + e beta-lactamases pelas Gram -) A. PENICILINAS NATURAIS Fazem parte desse grupo: penicilinas cristalina ou aquosa, G procaína, G benzatina e V. PENICILINA G: Seu espectro de ação inclui (1) cocos Gram + como S. pyogenes, agalactiae, viridans e pneumoniae; (2) bacilos Gram + como L. monocytogenes; (3) cocos Gram – como N. meningitidis; (4) anaeróbios de boca e faringe exceto Bacteroides fragilis; (5) espiroquetas como T. pallidum e Leptospira interrogans. Penicilina cristalina ou aquosa: Uso exclusivo IV, meia vida curta (30-40min), eliminação rápida (4h), distribui-se amplamente alcançando concentrações terapêuticas em praticamente todos os tecidos e, por fim é a única benzilpenicilina que ultrapassa a barreira hematoencefálica em concentrações terapêuticas (somente quando há inflamação). É necessário internamento para uso, portanto em situações menos graves optar por outro. ESPECTRO DE AÇÃO: (1) S. pyogenes [infecções de partes moles, impetigo, erisipela, celulite, faringoamigdalites, abcessos periamigdalianos, escarlatina]; (2) S. agalactiae [meningite em RN]; (3) S. viridans [endocardites]. OUTROS: N. meningitidis [meningites meningocócicas]; Leptospira interrogans [Leptospirose]; Treponema pallidum [neurosífilis]. RESISTÊNCIA: S. aureus, N. gonorrheae, C. perfringens, enterococcos Penicilina G procaína: Apenas para uso IM, associado com procaína retarda o pico máximo e aumenta os níveis séricos e teciduais por um período de 12 horas. Não recomendada em infecções graves. Não são muito utilizadas. Penicilina G benzatina: Uso exclusivo IM, penicilina de depósito, pouco hidrossolúvel, níveis séricos podem permanecer por 15-30 dias, porém em níveis baixos. Não são indicadas para infecções graves. Droga de escolha para Sífilis primária e secundária (N. gonorrheae). Utilizada na profilaxia de febre reumática. Penicilina V (penVoral): Uso exclusivo VO, níveis séricos 2 – 5x maiores que os obtidos com penicilina G. Pode ser utilizada como terapêutica sequencial oral na substituição das penicilinas parenterais, exceto contra Neisseria spp. e Haemophilus spp. B. AMINOPENICILINAS São semissintéticas, de espectro de ação mais amplo e com boa absorção oral e parenteral. As disponíveis no Brasil são: amoxicilina e ampicilina Scheila Maria 2016 3 Ampicilina: meia vida de 1,2 horas, ampla distribuição, atinge concentrações terapêuticas no LCR, líquido pleural, articulações e fluidos peritoneais na presença de inflamação e após administração parenteral. Droga de escolha para meningite por L. monocytogenes. Amoxacilina: Absorção VO melhor que da ampicilina, porém níveis inferiores no LCR. Droga de escolha para infecções de trato respiratório superior [otite média, sinusite, bronquite, faringoamigdalite] Indicação: para enterococcos e infecções de vias biliares ESPECTRO DE AÇÃO: Gram +, semelhante às penicilinas G; Gram – [E. coli, P. mirabilis, H. influenzae, Salmonella, Shigella, N. meningitidis, Fusobacterium ITU em grávidas, meningite em crianças, infecções TGI, infecções orais] C. PENICILINAS RESISTENTES A PENICILINASE No Brasil, atualmente, o único representante disponível é a oxacilina. Resistentes à ação de penicilinases intrínsecas aos estafilococos, por isso são também chamadas de penicilinas antiestafilocócicas. Oxacilina: Uso IV, metabolização hepática, excreção renal. Atinge concentrações liquóricas satisfatórias quando na presença de processos inflamatórios, meia vida curta. Droga de escolha para todos os Stapphylococcus meticilino-sensíveis (MSSA) – geralmente são as infecções adquiridas em comunidade. Indicações: Infecções de partes moles, abscessos, osteomielite aguda, espondilodiscites, meningite secundária a TCE aberto, pneumonias graves e agudas ou com pneumatocele. Não indicada para infecções adquiridas no ambiente hospitalar D. PENICILINAS DE AMPLO ESPECTRO Surgiram para ampliar a cobertura contra os bacilos gram-negativos (drogas antipseudomonas) Carbenicilina, ticarcilina, mezlocilina, piperacilina e azlocilina. E. PENICILINAS ASSOCIADAS A INIBIDORES DE -LACTAMASE Os inibidores de ß–lactamases, quando em associação com antimicrobianos ß-lactâmicos, ligam-se às ß-lactamases. Dessa forma, evitam a hidrólise do anel ß–lactâmico e potencializam sua atividade. Amoxacilina + clavulanato Ampicilina + sulbactam: Ticarcilina + clavulanato Piperacilina + tazobactam: ativa contra anaeróbios inclusive Bacteroidis – infecções abdominais, Pseudomonas, E. coli e Klebsiella. Droga de escolha para tratamento de infecções abdominais. INDICAÇÕES CLÍNICAS DAS PENICILINAS Scheila Maria 2016 4 PNEUMONIAS o Agente mais comum: S. pneumoniae o Droga de escolha: penicilinas o Obs: não têm atividade contra agentes intracelulares (atípicos) e devem ser avaliadas com cuidado em regiões com alta resistência à penicilina. o Outro agente: H. influenzae (idosos e crianças) OTITES E SINUSITES o H. influenzae e S. pneumoniae o Drogas de escolha: aminopenicilinas geralmente em combinação com ácido clavulânico o Obs: Em processos crônicos podem estar presentes os estafilococos, bacilos gram-negativos e anaeróbios, – utilizarpenicilinas anti-estafilocócicas e anti- pseudomonas. FARINGITES o Agente mais comum: S. pyogenes o Drogas de escolha: penicilinas G e V ou aminopenicilinas. [ampicilina com inibidor de beta-lactamase ou cefalosporina de terceira geração está indicado] o Outro agente: H. influenzae INFECÇÕES CUTÂNEAS o Agente mais comum: estreptococcos ou estafilococcos (profundas ou em pctes diabéticos o Oxacilina nos casos de estafilococcos. MENINGITES BACTERIANAS o Agentes mais comuns: N. meningitides, S. pneumoniae e H. influenzae o Droga de escolha: penicilina cristalina em altas doses APARELHO REPRODUTOR o Agente mais comum: N. gonorrhoeae o Sífilis: penicilina benzatina ENDOCARDITES o Agente mais comum: Streptococcos viridans e Enterococcos spp o Droga de escolha: penicilina benzatina REAÇÕES ADVERSAS DAS PENICILINAS Hipersensibilidade Toxicidade hematológica Nefrite intersticial Convulsões Distúrbios TGI. 2. CARBAPENÊMICOS Scheila Maria 2016 5 É o penúltimo degrau no tratamento de infecções por bactérias gram -, por isso são usados apenas em casos de resistência. Imipenem, meropenem e ertapenem são os carbapenens disponíveis atualmente. Existem as Klebsielas Produtoras de Carbapenemase (KPC) que exibem resistência aos carbapenêmicos, exigindo a administração de polimixina B para seu tratamento. Seu mecanismo de ação é similar aos outros betalactâmicos. Amplo espectro de ação para uso em infecções sistêmicas e são estáveis à maioria das ß–lactamases. Espectro antimicrobiano: aeróbicos e anaeróbicos gram + e gram -, incluindo Pseudomonas, Acinetobacter e a maioria dos enterococcos (as que apresentam mais resistência das bactérias gram -) e anaeróbios incluindo Bacteroides fragilis. Os MRSA não são sensíveis ao tratamento. Não se usa carbapenêmicos para o tratamento de S. aureus, pois a droga de escolha para MSSA é oxacilina. É a droga de escolha para o tratamento de infecções por bactérias gram - que apresentam resistência às cefalosporinas. Bactérias resistentes: (1) S. pneumoniae; (2) S. aureus MRSA; (3) Enterococcos faecium; (4) Stenotrophomonas maltrophilia; (5) Burkhoderia cepacea. Imipenem: é a primeira droga da classe. É utilizado em associação com a cilastatina, por ser inativado por uma dehydropeptidase no túbulo proximal, nos rins (a cilastatina inibe essa dehydropeptidase). Ou seja: sua ação é bloquear a enzima DHI-1 que degrada a droga em sua passagem pelos rins, levando a um aumento do nível sérico deste antimicrobiano e diminuindo a sua toxicidade renal. Meropenem e ertapenem não necessitam desta enzima para atingir níveis séricos apropriados. Pelo fato de não ser degradado pelas peptidases renais, o meropenem não apresenta nefrotoxicidade Meropenem e o ertapenem também estão disponíveis, sendo todos os 3 administrados por via parenteral. Não são absorvidos VO. Ertapenem: alternativa para o ttt de infecções por Klebsiella pneumoniae produtoras de betalactamases de espectro estendido. Porém não tem atividade confiável contra P. aeruginosa e Acinetobacter spp., portanto: Não deve ser utilizado como tratamento empírico de pacientes com infecção relacionada à assistência à saúde, em instituições que apresentem alta prevalência por esses agentes Indicações: São indicados em infecções nosocomiais (hospitalares) por agentes gram - resistentes, principalmente enterobactérias. Sua excreção é renal e exige ajuste de dose, podendo causar crise convulsiva caso esta não seja corrigida. Tem os mesmos efeitos colaterais das penicilinas. OBS: Quando prescritos para tratar suposta infecção por P. aeruginosa deve-se associar com outro ATB como amicacina para cobrir todas as cepas, incluindo as resistentes. 3. MONOBACTÂMICOS São utilizados, como os carbapenêmicos, apenas em casos de resistência. Scheila Maria 2016 6 São caracterizados por um anel monocíclico em sua estrutura, têm ação bactericida e atuam como as penicilinas e cefalosporinas, interferindo na síntese da parede bacteriana. O medicamento disponível no Brasil é o aztreonam. Uso apenas IV ou IM. Não é absorvido VO. Tem boa distribuição tecidual e penetra na maior parte dos tecidos e líquidos orgânicos incluindo ossos, próstata, pulmão, secreção traqueal, sistema nervoso central e trato gastrintestinal. Espectro de ação (semelhante aos aminoglicosídeos): Bactérias Gram – aeróbias, como Enterococcos, exceto Acinetobacter spp e Stenotrophomonas maltrophilia. Portanto são utilizadas no ttt de infeções do trato urinário, bacteremias, infecções pélvicas, infecções intra-abdominais, infecções respiratórias. Não utilizar como monoterapia para P. aeruginosa. É uma alternativa útil aos aminoglicosídeos por não ser nefro ou ototóxico, assim como às penicilinas e cefalosporinas, nos pacientes alérgicos. Não deve ser usado como droga única na terapia empírica de pacientes com suspeita de infecções por cocos gram-positivos e/ou anaeróbios, pois não tem atividade para esses microrganismos. Mantém-se ativo em meios ácidos, sendo uma opção no tratamento de abscessos. 4. CEFALOSPORINAS Nenhuma cefalosporina é eficaz contra o Enterococcos fecalis, exceto o ceftobiprole (cefalosporina 5ª geração) Cefalosporinas de 1ª geração: Cefalotina e Cefazolina (via parenteral) e Cefalexina e Cefadroxil (via oral) Espectro de ação: maioria dos Gram + (incluindo MSSA), porém poucos Gram – [E. coli, Proteus mirabilis e K. pneumoniae adquiridos na comunidade]. Resistentes: MRSA, N. meningitidis, N. gonorrheae, H. influenzae, M. catarrhalis, Enterobacter sp, Serratia sp, P. aeruginosa, Bacteroidis fragilis. Cefalotina e Cefazolina: profilaxia antibiótica pré-operatória ou infecções de pele e subcutâneo (menos eficazes que penicilinas) Cefalexina e Cefadroxil: ttt oral de infecções estafilocócicas – MSSA (já que não há oxacilina oral) e estreptocócicas, de pele e subcutâneo e partes moles. São opções para ttt de cistite por E.coli ou K. pneumoniae não complicadas, principalmente em gestantes Não atravessam barreira hemato-encefálica. Não usar em infecções de SNC. Cefalosporinas de 2ª geração: Cefuroxime (anti-H. influenzae) e Cefoxitina (anti-B. fragilis) Possuem espetro mais ampliado para Gram – quando comparado as de 1ªG. Scheila Maria 2016 7 Cefuroxime: extrema eficácia contra N. gonorrheae, H. influenza, M. catarrhalis, N. meningitidis. Mais eficazes que as de 1ªG para S. pneumoniae, S. pyogenes e MSSA. Não utilizar para Gram – entéricos (eficácia relativa). Utilizados para infecções respiratórias comuniatárias (pela eficácia anti-pneumocócica e anti-hemofílica). Cefoxitina: muito eficaz contra B. fragilis, e enterobactérias, no entanto têm alta capacidade de induzir -lactamases. Utilizadas como profilaxia para cirurgias abdominais e pélvicas ou ttt de infecções por anaeróbios Gram – (intra-abdominais, pélvicas, ginecológicas). Cefalosporinas de 3ª geração: Ceftriaxone, Cefotaxima e Cefodizima (sem atividade anti-pseudomonas) e Ceftazidime e Cefoperazona (com atividade anti-pseudomonas) São estáveis às betalactamases produzidas pelos Gram – entéricos Em relação às cefalosporinas de 1ª e 2ªG são menos ativas contra os gram + e mais ativas contra Gram – entéricos. Ceftriaxone, Cefotaxima e Cefodizima: tem excelente cobertura para H. influenza, M. catarrhalis, S. pneumoniae e enterobactérias (E.coli, K. pneumoniae, Proteus sp, Enterobacter sp). São, portanto utilizadas para o tratamento de pneumonia comunitária, meningite bacteriana,infecções complicadas do trato urinário e infecções nosocomiais não causadas por P. aeruginosa, S. aureus ou Acinetobacter sp. Ceftazidime e Cefoperazona: Utilizadas apenas para combater P. aeruginosa. Quando utilizada na meningite, usar dose máxima, 12/12h. Ceftriaxone tem metabolização hepática, não precisa fazer correção na IR. Cefalosporinas de 4ª geração: Cefepime Passam com facilidade pelas porinas da P. aeruginosa e possuem menor afinidade a betalactamases de Gram – entéricos (Enterobacter sp, Proteus indol-positivo, Serratia sp, Citrobacter sp). Tem atividade também contra MSSA. Utilizadas para casos de infecção nosocomial por Gram – multiressistentes, infecções graves do TU e meningites por Gram -. As cepas de P. aeruginosas resistentes ao ceftazidime são combatidas com essas cefalosporinas. Tem capacidade de atravessar as meninges quando inflamadas. Ceftazidime + Avibactam (Avycaz): O avibactam é um novo inibidor de betalactamases que se mostrou útil na associação com ceftazidime ampliando o espectro de ação contra enterobactérias produtoras de betalactamases de espectro estendido (EBSL) e algumas cepas de K. pneumoniae produtoras de carbapenases (KPC). ANOTAÇÕES DA AULA E DOSES: MRSA – Vancomicina MSSA – ambulatorial: cefalosporina VO; hospitalar: oxacilina VO Scheila Maria 2016 8 Lembrar: para S. aureus é sempre cefalosporina 1ªG ou oxacilina Gram negativos: droga de escolha é cefalosporina de 3ªG, exceto ceftriaxone) Dose das cefalosporinas de 1ª geração VO: o Cefalexina: adultos = 0,25 – 1,0g, 6/6h, VO | crianças: 25 – 100mg/kg/dia o Cefadroxila: adultos = 0,5 – 1,0g, 12/12h, VO | crianças: 30mg/kg/dia Dose das cefalosporinas de 3ª geração: o Ceftazidima: adultos = 0,5 - 2,0g, 12/12h, IM/IV | crianças: 100mg/kg/dia o Ceftriaxone: adultos = 1,0–2,0g, 12-24h, IM/IV | crianças: 50-100mg/kg/dia o Cefotaxima: adultos = 0,5 – 2,0g, 4-8h, IM/IV | crianças: 50-200mg/kg/dia Dose das cefalosporinas de 4ª geração: o Cefepime: adulto = 0,5 – 2,0g, 8-12h, IV | crianças: 50 – 100 mg/kg/dia. Questão de prova: de acordo com o clearance deve-se ajustar a dose. Observar na tabela qual a DH para a CC do paciente. Lembrar que em meningite se usa dose máx em menor intervalo Gonorreia: ceftriaxone 250 mg, dose única. Penicilina benzatina demora 48H para começar a agir. Não pode usar em infecções graves, pois o paciente fica 2 dias descoberto, retarda o ttt e pode levar a óbito. Se for usar, associar com outra, exemplo, procaína, de ação mais rápida OU utilizar apenas quando for primeira escolha (sífilis). Pneumonia bacteriana: Pneumococo, Staphylo ou atípicos. Pneumatocele ou derrame pleural: Staphylo Atípicos: Legionella, Clamydia e Micoplasma pneumoniae. Pielonefrite e infecção urinária: Gram negativas, principal E. coli Levofloxacino: Gram -, atípicos e pneumococo. [Sempre utiliza em infecção de VA e pneumonia]. LINCOSAMIDAS São bacteriostáticos e raramente bactericidas Mecanismo de ação: Age inibindo a síntese de proteínas do microorganismo por se ligar a subunidade 50s do ribossoma bacteriano impedindo a elongação da cadeia polipeptídica. Desta forma alteram a superfície bacteriana, facilitando a opsonização, fagocitose e destruição intracelular dos microrganismos. IV atinge o pico ao final da infusão, alcançando altas concentrações na maioria dos tecidos; entretanto, não atravessa a barreira hematoencefálica. IM é dolorosa, deve ser evitada. A lincomicina – primeira lincosamida é produzida pela Streptomyces lincolnensis. A clindamicina é um derivado semi-sintético da lincomicina. A maior parte da droga é metabolizada no fígado e é eliminada com seus metabólitos por via biliar, onde atinge alta concentração. Exige reajuste de dose em casos de comorbidade hepática. Mecanismos de resistência: Scheila Maria 2016 9 Passagem impossibilitada pelas porinas dos Gram – da família Enterobacteriaceae, P.aeruginosa, e Acinetobacter sp. Alteração do sítio de ligação do antibiótico na subunidade 50s. Efluxo ativo da droga pela membrana plasmática bacteriana Obs: os dois últimos mecanismos são os mais comuns dos Gram + que apresentam resistência a esses ATB. As principais do mercado são: Clindamicina e Lincomicina Clindamicina: atividade contra cocos Gram + incluindo S.pyogenes, S. viridans, S. pneumoniae e S. aureus. Possui ainda atividade contra T. gondii e P. jiroveci. É um dos mais ativos contra Bacteróides fragilis, portanto faz parte do grupo dos anaerobicidas clássicos, em conjunto com o metronidazol. Indicações da clindamicina: infecções intra-abdominais, infecções e infecções pulmonares (abscesso pulmonar, pneumonia aspirativa, empiema) causadas por anaeróbios gram positivos e negativos. Infecções odontogênicas, sinusites, otite crônica, osteomielites. Erisipela e infecções de partes moles em pacientes alérgicos a penicilina. AMINOGLICOSÍDEOS Estreptomicina - primeiro aminoglicosídeo obtido a partir do fungo Streptomyces griséus As principais drogas utilizadas atualmente em nosso meio, além da estreptomicina, são: gentamicina, tobramicina, amicacina, netilmicina, paramomicina e espectinomicina. Mecanismo de ação: ligam-se à fração 30S dos ribossomos inibindo a síntese protéica ou produzindo proteínas defeituosas. Mecanismos de resistência - o Alteração dos sítios de ligação no ribossomo; o Alteração na permeabilidade; o Modificação enzimática da droga. Propriedades farmacológicas: o Pouco absorvíveis VO, sendo utilizados por esta via somente para a descontaminação da flora intestinal (neomicina) o Níveis séricos máximos são obtidos após 60 a 90 minutos (IM) e 30 minutos (IV) o A atividade bactericida está relacionada ao seu pico sérico, ou seja, quanto maior a concentração da droga mais rápida e maior o efeito bactericida, mostrando ainda importante atividade bacteriostática residual, principalmente quando do uso concomitante com antimicrobianos ß-lactâmicos. o A penetração nas secreções pulmonares alcança 20% da concentração sérica, também é baixa a penetração em líquor, exceto em recém-nascidos o São eliminados quase que inalterados por filtração glomerular Indicações clínicas o Septicemias, infecções do trato urinário, endocardites, infecções respiratórias, infecções intra-abdominais, meningites em recém-nascidos, infecções oculares, osteomielites e infecções de articulações Scheila Maria 2016 10 o Têm grande atividade contra bacilos e cocos gram-negativos aeróbios, entre eles, Klebsiella spp., Serratia spp., Enterobacter spp., Citrobacter spp.,Haemophilus spp., Aci netobacter spp. e cepas de Pseudomonas aeruginosa o Apresentam também atividade contra bactérias gram-positivas, entre elas: Staphylococcus aureus, S. epidermidis, Listeria monocytogenes, Enterococcus faecalis e Nocardia asteroides, além de serem ativas contra micobactérias. Estreptomicina o Boa atividade contra Mycobacterium tuberculosis e M. bovis, sendo, no entanto, usada em esquemas alternativos contra tuberculose, quando há resistência a isoniazida e/ou rifampicina ou quando a terapia parenteral é necessária. Gentamicina o Utilizada no tratamento de infecções por bacilos gram-negativos, com ação contra P. aeruginosa ou S. marcescens o Também usada em esquemas combinados com ß-lactâmicos para infecções mais graves por enterococos. Amicacina o Tem o maior espectro de ação do grupo e é usada em infecções por bacilos gram-negativos resistentes a gentamicina e naterapia empírica de infecções relacionadas à assistência à saúde o É também útil na terapia das micobacterioses, em casos específicos de infecções por M. tuberculosis ou no tratamento de infecções pelo M. fortuitum e M. avium EFEITOS COLATERAIS: Nefrotoxicidade - Todos os aminoglicosídeos são potencialmente nefrotóxicos Ototoxicidade - É relativamente incomum, porém importante por sua irreversibilidade podendo ocorrer mesmo após a interrupção da droga. Paralisia neuromuscular - É complicação rara. TETRACICLINAS Antimicrobianos primariamente bacteriostáticos, quando em concentrações terapêuticas Apresentam amplo espectro de ação, incluindo bactérias gram-positivas, gram-negativas aeróbias e anaeróbias, espiroquetas, riquétsias, micoplasma, clamídias e alguns protozoários. Mecanismo de ação: entram na célula por difusão, em um processo dependente de gasto de energia. Ligam-se, de maneira reversível, à porção 30S do ribossoma, bloqueando a ligação do RNA transportador, impedindo a síntese proteica. Scheila Maria 2016 11 Mecanismos de resistência: O principal mecanismo de resistência microbiana é por diminuição da acumulação da droga no interior da célula. A resistência pode ser cromossômica ou, mais frequentemente, mediada por plasmídeos ou transposons. Propriedades farmacológicas: A absorção oral prejudicada pela ingesta concomitante de alimentos, antiácidos, leite e ferro. É encontrada em pequena quantidade em muitos fluidos orgânicos como: pulmões, fígado, rins, cérebro, escarro, LCR (10 a 26% do nível sérico), líquido sinovial, mucosa dos seios nasais e líquido biliar. Atravessam a barreira transplacentária e são excretadas no leite materno. Todas as tetraciclinas são eliminadas pela urina e fezes, sendo a via renal a mais importante. Indicações clínicas: Podem ser utilizadas no tratamento de infecções causadas por clamídias, riquétsias, cólera, brucelose e actinomicose. São alternativas no tratamento de infecções causadas por Mycoplasma pneumoniae, N. gonorrhoeae, H. ducreyi, Treponema pallidum e em pacientes com traqueobronquites e sinusites. Efeitos colaterais: Reações alérgicas como: urticárias, exantemas, edema periorbitário e reações anafiláticas; Podem causar alterações na cor dos dentes em crianças, hipoplasia do esmalte dentário e crescimento ósseo anormal, principalmente se utilizadas durante a gestação; Os efeitos gastrintestinais mais comuns são: náuseas, vômitos e diarreia; Cefaleia, incapacidade de concentração e, em raros casos, hipertensão intracraniana, também são relatados. QUINOLONAS A primeira quinolona = ácido nalidíxico Acréscimo de um átomo de flúor na posição 6 do anel quinolônico fluorquinolonas (principal representante: ciprofloxacina), com aumento do espectro, para os bacilos gram-negativos e boa atividade contra alguns cocos gram-positivos, porém, pouca ou nenhuma ação sobre Streptococcus spp., Enterococus spp. e anaeróbios Este foi um dos principais motivos para o desenvolvimento das novas quinolonas: levofloxacina, gatifloxacina, moxifloxacina e gemifloxacina. As novas quinolonas têm espectro de ação contra a maioria dos bacilos gram-negativos, Entretanto, nenhuma é mais potente contra P. aeruginosa que a ciprofloxacina Mecanismo de ação: inibe a atividade da DNA girase ou topoisomerase II, enzima essencial à sobrevivência bacteriana. Também inibem, in vitro, a topoisomerase IV, porém não é conhecido se este fato contribui para a ação antibacteriana. Scheila Maria 2016 12 Mecanismos de resistência: Alteração na enzima DNA girase, que passa a não sofrer ação do antimicrobiano, alteração da permeabilidade à droga pela membrana celular bacteriana (porinas) ou mecanismos que aumentem a retirada da droga do interior da célula (bomba de efluxo). Propriedades farmacológicas: Bem absorvidas pelo trato gastrintestinal superior Biodisponibilidade é superior a 50% e o pico sérico é atingido em 1 a 3 horas após a administração Os alimentos não reduzem substancialmente a absorção, mas retardam o pico da concentração sérica. A ligação proteica está normalmente entre 15 e 30% O volume de distribuição geralmente é alto. As concentrações na próstata, fezes, bile, pulmão, neutrófilos e macrófagos excedem as concentrações séricas. Já as concentrações na saliva, ossos, e líquido cérebro espinhal são menores que as plasmáticas. Indicações clínicas a. Trato genito-urinário - O ácido nalidíxico é indicado, exclusivamente, para o tratamento de infecções baixas do trato urinário. Para infecções urinárias não complicadas, como cistites em mulheres jovens, causadas por germes altamente sensíveis, as quinolonas são altamente efetivas. - As fluorquinolonas podem ser utilizadas em pielonefrites complicadas e prostatites, são uma excelente indicação para estas infecções - As quinolonas são ativas contra bactérias do trato genital como Chlamydea trachomatis e Mycoplasma hominis, que podem causar uretrite inespecífica - No tratamento de doença inflamatória pélvica, onde geralmente existe associação de gonococos, clamídeas, germes entéricos e anaeróbios a associação de uma quinolona com um agente com ação anaerobicida é recomendada b. Trato gastrintestinal - Todos os patógenos bacterianos conhecidos como causadores de gastroenterites são suscetíveis às quinolonas, inclusive as salmoneloses, pela alta concentração destes agentes nas fezes: diarréia do viajante, shigelose, infeções causadas por C. jejuni c. Trato respiratório - Infecções de vias aéreas superiores como sinusites, onde a ciprofloxacina não é indicada, as novas quinolonas (levofloxacina, moxifloxacina e gemifloxacina), por sua ação contra cocos gram-positivos, principalmente pneumococos, são uma alternativa terapêutica, principalmente nas sinusites de repetição - Podem ser utilizadas no tratamento da exacerbação aguda das bronquites crônicas onde predominam os bacilos gram-negativos - Nos casos de PAC, as novas quinolonas, devido ao seu espectro de ação contra pneumococos, mostram-se mais efetivas. As novas quinolonas são muito úteis no Scheila Maria 2016 13 tratamento de pneumonias atípicas como as causadas por Legionella spp. e Mycoplasma spp. e C. pneumoniae, cuja resposta clínica é semelhante aos macrolídeos - Bons resultados também têm sido obtidos em infecções pulmonares associadas à assistência à saúde, com o uso das fluorquinolonas, dependendo, obviamente, do perfil de resistência da microbiota bacteriana - Podem ser utilizadas, ainda, no tratamento da exacerbação de infecção respiratória, leve ou moderada, de pacientes com fibrose cística, onde a P. aeruginosa é o agente prevalente d. Osteomielites - Nas osteomielites, sobretudo nas crônicas, onde existe a necessidade de tempo prolongado de tratamento, as quinolonas são uma ótima opção, não só pela possibilidade do uso oral, mas pelo espectro de ação e. Partes moles - Infecções de pele e de tecido celular subcutâneo complicadas, como é o caso de escaras infectadas, úlceras crônicas e infecções em pacientes diabéticos (pé-diabético) - A associação de agente com ação sobre anaeróbios deve sempre ser considerada - Para as infecções de pele e de tecido celular subcutâneo não complicadas, as novas quinolonas podem ser uma alternativa. Já as fluorquinolonas, pelo espectro de ação restrito para os gram-positivos, não devem ser empregadas de rotina.
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