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1 cdigo penal parte geral

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DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
CAPÍTULO 01 - DOS PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL 
 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS: 
 
O conceito de Direito Penal, nos ensinamentos de Cezar Roberto Bitencourt. “Apresenta-
se como um conjunto de normas jurídicas que tem por objeto a determinação de infrações 
de natureza penal e suas sanções correspondentes – pena e medidas de segurança”. 
Fernando Capez aduz que “É o segmento do ordenamento jurídico que detém a função 
de selecionar os comportamentos humanos mais graves e perniciosos à coletividade, 
capazes de colocar em risco valores fundamentais para a convivência social, e descrevê-
los como infrações penais, cominando-lhes, em conseqüência, as respectivas sanções, 
além de estabelecer todas as regras complementares e gerais necessários à sua correta 
e justa aplicação”. 
 
Objetiva a defesa da sociedade, buscando a proteção dos bens jurídicos fundamentais, 
como a vida humana, a integridade corporal do homem, a honra, o patrimônio, a 
segurança da família, a paz pública, em síntese. 
 
Na qualidade de Ciência Jurídica autônoma, o Direito Penal possui princípios, tanto de 
natureza constitucional como infraconstitucional e têm a função de orientar o legislador, 
no intuito de limitar o poder punitivo estatal mediante a imposição de garantias aos 
cidadãos. 
 
Princípios são valores fundamentais que inspiram a criação do sistema jurídico. Na 
clássica definição de Celso Antonio Bandeira de Mello, encontramos: “Princípio é, por 
definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição 
fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo 
de critério para sua exata compreensão e inteligência exatamente por definir a lógica e a 
racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido 
harmônico. É o conhecimento dos princípios que preside a intelecção das diferentes 
partes componentes do todo unitário que há por nome sistema jurídico positivo” 
 
2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO PENAL: 
 
2.1 – INTRODUÇÃO: 
 
A Constituição é a base – o alicerce – do Estado e da sociedade. É nela que estão 
insertas as normas básicas de organização estatal e os princípios fundamentais sobre os 
quais se assentam todas as relações entre os indivíduos. Na Constituição do Estado, 
estão estabelecidos os primados sobre os quais tudo o mais existe. É na Carta Magna 
que está dito: república ou monarquia, parlamentarismo ou presidencialismo; propriedade 
privada sobre os meios de produção ou propriedade coletiva, estatizada: capitalismo ou 
socialismo. Desde as questões mais complexas aos mecanismos mais simples da vida, 
do sistema financeiro à relação de emprego, todos encontram, na Carta Constitucional de 
um Estado, suas origens, suas bases, suas raízes, suas diretrizes e regras. 
 
 
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Na Constituição Federal brasileira, estão estabelecidos todos os princípios que regem o 
Direito Civil, o Direito Administrativo, o Comercial, Trabalhista, Tributário, Processual e, 
não podia ser diferente, também o Direito Penal. Nela está determinado que a base da 
sociedade é a família, a qual também se constitui por meio da união estável entre homem 
e mulher. Ali está escrito que nenhum tributo será estabelecido senão para ser cobrado 
no exercício seguinte. E está definido que a saúde é um direito de todos e um dever do 
Estado. Está inscrito, felizmente, que ninguém será privado de sua liberdade ou de seus 
bens sem o devido processo legal. 
 
São os fundamentos, os alicerces, que sustentam a vida da sociedade brasileira, do 
homem. Todas as demais normas do direito devem harmonizar-se com os princípios 
constitucionais, sob pena de se tornarem inválidas. 
 
Todo o Direito Penal, igualmente, é construído com base em princípios inseridos na 
Constituição Federal, os quais norteiam sua construção e a sua vida, devendo, de 
conseqüência, ser respeitados. As normas penais ordinárias que vierem a ser elaboradas 
em dissonância com os princípios constitucionais simplesmente não terão, em substância, 
nenhum valor, ainda que sejam votadas, promulgadas, publicadas etc. 
 
Tudo aquilo que colidir com o preceito constitucional será banido do ordenamento jurídico, 
ainda que formalmente nele tiver ingressado. Por isso, para se estudar o Direito Penal, o 
ponto de partida deve ser o estudo de suas bases, seus alicerces, seus princípios mais 
importantes, os quais, por essa razão, estão escritos na Constituição Federal. São eles: o 
princípio da legalidade, o princípio da extra-atividade da lei penal mais favorável, o 
princípio da individualização da pena, o princípio da responsabilidade pessoal, o princípio 
da limitação das penas, o princípio do respeito ao preso e o princípio da presunção da 
inocência. 
 
2.2 – PRINCÍPIO DA RESERVA LEGAL / ESTRITA LEGALIDADE: 
 
O inciso XXXIX do art. 5º da Constituição Federal estabelece: “Não há crime sem lei 
anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”, preceito repetido no art. 1º 
do Código Penal: “Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena, sem prévia 
cominação legal”. 
 
É o mais importante dos princípios do Direito Penal, a base, a viga mestra, o pilar que 
sustenta toda a ordem jurídico-penal. Seu significado é claro e límpido. Só pode alguém 
receber uma resposta penal, uma pena criminal, se o fato que praticou estivesse, 
anteriormente, proibido por uma lei sob a ameaça da pena. O homem só pode sofrer a 
pena criminal – ser privado da sua liberdade, em regra – se tiver realizado um 
comportamento previamente definido como crime, por uma lei em vigor. 
 
Por mais imoral que seja uma conduta humana, a ela só corresponderá uma sanção 
penal se, antes de sua prática, tiver entrado em vigor uma lei considerando-a crime. O 
incesto – prática de atos sexuais entre pai e filha ou mãe e filho, ou entre irmãos, sem 
violência, real ou moral –, apesar de, moralmente, repugnar a todos, não é crime e, por 
isso, não merecerá nenhuma sanção do direito. 
 
 
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Antes de ser um critério jurídico-penal, o nullum crimen, nulla poena sine lege é um 
princípio político pois representa um anteparo da liberdade individual em face da 
expansiva autoridade do Estado. 
 
Significa, pois, o princípio que só a lei pode definir crimes e cominar penas. A edição de 
normas sobre crimes e penas é matéria reservada à lei, daí o nome de Princípio da 
Legalidade ou da Reserva Legal. O Princípio quer dizer: lei, anterior, no sentido estrito e 
certa. Só a lei ordinária, aprovada no Congresso Nacional, com observância de todas as 
regras que regem o processo legislativo, vedada esta atividade ao legislador estadual ou 
distrital e municipal. Igualmente, não se admite a criação de crimes e penas por meio de 
Medida Provisória ou de Lei Delegada. Da mesma forma, o mandamento legal vincula o 
magistrado, não se permitindo analogia em desfavor do réu, ou seja, proibindo a 
adequação típica “por semelhança” entre fatos penais. 
 
Por outro lado, a Lei Penal há de ser certa, exata, precisa, proibida a utilização de 
fórmulas excessivamente genéricas ou de interpretação duvidosa, devendo, pois, o 
legislador, no momento de definir os comportamentos humanos que deseja considerar 
crimes, evitar a utilização de expressões vagas ou ambíguas, a fim de que todos os 
indivíduos possam, com facilidade, compreender a extensão e o alcance das normas de 
proibição. 
 
2.2 – PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE: 
 
Pelo dispositivo constitucional inserto no art. 5º, inciso XXXIX, e, também, no art. 1º do 
Código Penal, para que se verifique e seja punido um crime, para que seja aplicada a 
respectiva pena, faz-se necessário que o fato tenha sido cometido depois de a lei ter 
entrado em vigor. Assim, ninguém pode ser punido por um fato ou com uma penaque não 
esteja assim previamente estabelecido em lei. 
 
2.3 – PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS BENÉFICA: 
 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar 
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença 
condenatória. 
 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-
se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada 
em julgado 
 
 
Em Direito, a regra geral é que se aplique a lei vigente á época do fato, é o princípio 
denominado “ tempus regit actum” , ou seja, aplica-se ao crime a lei que estiver vigorando 
quando de seu cometimento. Daí, em tese, a lei não poderia alcançar fatos ocorridos 
anteriormente a sua vigência ou aplicar-se a fatos posteriores a sua revogação. 
 
 
 
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Entretanto nos termos do art. 5º, inciso XL da Constituição Federal e do art. 2º do Código 
Penal, a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos 
anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
 
Cuidadosamente, o legislador constituinte, não satisfeito com impor a anterioridade da lei 
penal, veio, no inciso seguinte, reafirmar que a lei penal não pode retroagir, isto é, não 
pode ser aplicada a fatos acontecidos antes de sua vigência. Não havia necessidade, pois 
o princípio da reserva legal é claro ao dizer que só haverá crime e pena, se houver, 
previamente, uma lei anterior. Mas o objetivo não era o de reafirmar o princípio da 
legalidade, mas o de construir outro pilar sobre o qual se sustenta o Direito Penal, o de 
que a lei penal mais favorável retroagirá ou ultra-agirá. 
 
O Direito é dinâmico como a sociedade. Os interesses sociais estão em constante 
movimento e, à medida que se desenvolve a sociedade, impõem-se mudanças na ordem 
jurídica. Novas conquistas tecnológicas impõem novos tratamentos a questões que 
surgem no dia-a-dia. 
 
Valores substituem-se, formas de ver os fatos sociais alternam-se, de modo que se torna 
sempre necessária a criação de novas leis.A regra geral de aplicação da lei é a 
prevalência da lei do tempo do fato, decorrência do princípio da legalidade (tempus regit 
actum). Aplica-se ao fato a lei vigente ao tempo de sua prática. 
 
Leis sucedem-se, criando novos crimes, modificando o tratamento dado aos crimes já 
existentes, ora com maior severidade, ora abrandando a resposta penal e, até, 
simplesmente, extinguindo espécies de crimes. Nessas hipóteses, incide o princípio, que 
proíbe a retroatividade da lei mais severa: não poderá a lei mais grave ser aplicada aos 
fatos ocorridos antes de sua vigência. Se, contudo, a lei posterior é, de qualquer modo, 
mais benéfica, vai retroagir, para ser aplicada aos fatos acontecidos antes de sua 
vigência. 
 
Não podia ser diferente. A pena é a resposta que a sociedade dá aos indivíduos que 
atacarem, de modo grave, os bens jurídicos mais importantes. Se, em dado momento, a 
sociedade entende que a pena deve ser menor do que era, é porque considera que a 
resposta ao crime praticado deve, igualmente, ser de menor intensidade. Se, a partir de 
uma nova lei, esta pena é mais branda, deve o ser para todos, inclusive para os que 
praticaram o crime antes da lei. 
 
Não teria nenhum sentido punir alguém com uma pena que já não está em vigor. A pena 
é a medida da reprovação do comportamento humano. Se o fato antes punido mais 
severamente passa a ser, depois, punido com menor severidade é porque a sociedade 
entendeu que a punição anterior – mais severa – não era justa. Se a reduziu é porque ela 
não se justificava. E se não era justa antes, porque aplicá-la, depois de considerá-la 
injusta? O inverso, punir alguém, com maior rigor que o previsto no tempo em que ele 
praticou o crime, seria injusto e iria de encontro à dignidade humana. Quando alguém 
pratica um fato definido na lei como crime, conhece a pena a ele correspondente, em 
qualidade e em quantidade. 
 
 
 
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Se esta pena, depois da prática do fato, é aumentada, não pode, em nenhuma hipótese, 
ser aplicada àquele que violou a norma no tempo da lei anterior, sob pena de violar sua 
dignidade. Ele, ao violar a norma, sabia que o máximo que poderia receber era a pena 
então vigente. Se, mesmo assim, violou a norma é porque aceitou, na pior das hipóteses, 
sofrer aquela pena, somente ela, em qualidade e quantidade, e não mais que ela. Aplicar-
lhe pena então inexistente – porque maior ou diferente – é violar o princípio da dignidade 
do homem.É trair o indivíduo e o direito há de ser, sempre, verdadeiro e sincero. 
 
A lei penal que for mais favorável ao acusado da prática do crime sempre será aplicada, 
em qualquer hipótese. Por isso, diz-se que a lei mais benéfica é sempre extraativa: se ela 
é a lei posterior, é e sempre será retroativa; se ela é a lei do tempo do fato, é e será 
sempre ultra-ativa. A lei mais favorável é, pois, extra-ativa. 
 
2.4 – PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA: 
 
Dispõe o inciso XLVI do art. 5º da Carta Magna: “A lei regulará a individualização da pena 
e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de 
bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos.” 
 
Como se pode observar, o legislador constituinte não definiu o que seja individualização 
da pena, tarefa que cabe à doutrina. Individualizar significa particularizar, adaptar a pena 
ao condenado. A cada indivíduo, uma pena. Para particularizar a pena, a lei haverá, 
evidentemente, de balizar-se em parâmetros que, como não poderia deixar de ser, são o 
homem que violou a norma e o fato por ele praticado, cada qual, com suas 
particularidades, suas peculiaridades, suas características próprias, subjetivas e objetivas, 
que os individualizam. 
 
Para adaptar a pena ao homem, seu destinatário, a lei levará em conta suas 
características e as do fato realizado. A individualização da pena faz-se em três etapas: 
cominação, aplicação e 
execução. 
 
A) Cominação: 
 
No primeiro momento da individualização, a tarefa incumbe ao legislador, que, ao definir 
os vários comportamentos humanos que considera crime – cumprindo, assim, o princípio 
da legalidade –, estabelece, para cada um, uma pena, em qualidade e em quantidade. 
Esta é a chamada fase da cominação das penas. 
 
O legislador se orientará pela importância dos bens jurídicos e pela gravidade do ataque 
contra eles perpetrados, estabelecendo, para cada comportamento considerado 
criminoso, uma qualidade e uma quantidade de pena, que será de maior severidade, 
conforme seja mais importante o bem e mais grave o ataque contra ele efetuado. Assim, 
a morte de um homem por outro, que a desejou, merecerá a mais severa das penas. Já 
ao simples e leve ferimento do corpo humano, causado intencionalmente por outro, 
corresponderá uma pena bem mais branda. 
 
B) Aplicação: 
 
 
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Se o homem, apesar da ameaça, não se intimida e pratica o fato definido como crime, 
poderá receber a pena correspondente. A pena será aplicada – pelo julgador – com 
observância de normas legais que tratam da individualização. 
 
O julgador não é livre para escolher a qualidade nem a quantidade da pena. Se o infrator 
da norma tiver cometido um crime de estupro – constranger mulher à conjunção carnal 
mediante violência ou grave ameaça – o juiz deverá, em primeiro lugar, verificar qual a 
qualidade e quantidade da pena cominada na lei, encontrando-as no art. 213 do Código 
Penal: “reclusão, de 6 a 10 anos”. 
 
Para estabelecer a pena concreta, a ser cumprida, o juiz deverá analisar as 
características do infrator da norma e do fato por ele praticado. A primeira observação, a 
propósito, é de que a pena a ser aplicada não poderá sernem além nem aquém do 
necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime. Isto quer dizer que, 
dentro dos limites fixados – mínimo e máximo –, a pena deve ser fixada de modo justo, 
exato. 
 
Para se alcançar esse difícil fim, manda o art. 59 do Código Penal que o juiz considere 
várias circunstâncias, do homem, e do fato por ele praticado, que são: a culpabilidade, os 
antecedentes, a conduta social, a personalidade do infrator da norma penal, os motivos, 
as circunstâncias e conseqüências do fato e o comportamento da vítima. 
 
É evidente que, tratando-se de um homem de passado ilibado, de personalidade pacífica, 
de boa índole, de conduta social respeitável, não haverá necessidade de uma quantidade 
de pena distante do grau mínimo. Se, ao contrário, tratar-se de pessoa que agiu com 
muita culpa, a pena haverá de se distanciar do grau mínimo, aproximando-se do grau 
máximo. 
 
Se, entre aquelas circunstâncias, umas favorecem, outras prejudicam o acusado, cabe ao 
juiz verificar quais preponderam e, entre elas, atentar para as que mais importam para o 
direito. As de natureza pessoal – a primariedade – haverão de ser relevadas, até porque o 
fim e a razão de ser de toda a vida, da humanidade, é o homem, objetivo de todos nós. 
Após a fixação dessa que se chama pena-base, o julgador verificará se ocorrem 
circunstâncias agravantes, que se encontram definidas nos arts. 61 e 62 do Código Penal, 
e circunstâncias atenuantes, dos arts. 65 e 66 e, em conseqüência, agravará ou atenuará 
a pena-base. 
 
Em seguida, observará a existência de causas especiais de aumento ou de diminuição de 
pena, previstas no Código Penal, seja na parte geral, seja na parte especial, aumentando 
ou diminuindo a pena, dentro das quantidades permitidas, chegando, então, à pena 
definitiva. 
 
Fixada a pena definitiva, o juiz estabelecerá o regime de seu cumprimento, se privativa de 
liberdade, como manda o art. 33 do Código Penal, ou a substituirá, conforme determina o 
art. 60, § 2º, e art. 44 do Código Penal. Assim, terá particularizado a pena ao condenado. 
Com a individualização da pena, pode uma pessoa que cometeu um estupro ser 
 
 
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condenada a seis, sete, nove ou a 10 anos de reclusão, conforme sejam as suas 
características e as do fato praticado. 
 
Desse modo, para um mesmo crime, cometido por duas pessoas, as penas aplicadas 
não serão, necessariamente, as mesmas. Se Pedro e Célio, irmãos, com mesmas 
características, pela mesma razão, cometem em conjunto o mesmo crime e são ambos 
condenados, Pedro, de 20 anos, e Célio de 22, não receberão penas iguais, ainda que 
todas as circunstâncias judiciais lhes sejam igualmente favoráveis ou desfavoráveis, por 
uma única razão: Pedro tem, em seu favor, uma circunstância atenuante que não 
favorece Célio: ter menos de 21 anos ao tempo do fato (art. 65, I, CP). Por isso, se, em 
face das circunstâncias judiciais, ambos receberem pena-base igual ao mínimo, a 
atenuante há de fazer a pena ficar aquém do mínimo legal. 
 
Esta é posição que se considera a justa, e que melhor será detalhada mais a frente, onde 
esta segunda fase da individualização da pena, da mais alta importância, será examinada 
de forma mais pormenorizada. 
 
C) Execução: 
 
Aplicada a pena, não sendo mais possível qualquer recurso contra a decisão que a fixou, 
o Estado adquire o título com o qual deverá executar a pena, que será cumprida pelo 
condenado. Também a execução da pena não pode ser igual para todos os condenados, 
que, além de terem cometido crimes distintos, são diferentes entre si, cada qual com sua 
personalidade, sua necessidade de reprovação e prevenção. 
 
O inciso XLVIII do art. 5º da Constituição Federal estabelece: “a pena será cumprida em 
estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do 
apenado”. 
 
Individualizar, nesta fase, é proporcionar a cada condenado as oportunidades necessárias 
para que ele possa, durante e após o cumprimento da pena, ser reinserido na sociedade 
de modo a, posteriormente, poder ser aceito por ela e com ela viver em plena harmonia. 
 
O art. 5º da Lei de Execução Penal (7.210/84) determina que o condenado será 
classificado, segundo seus antecedentes e personalidade, para orientação da 
individualização da pena. E o art. 6º manda que a classificação seja feita por uma 
Comissão Técnica, a quem compete elaborar um programa individualizador, que deverá 
ser acompanhado no decorrer do cumprimento da pena. 
 
Os condenados serão submetidos a exame criminológico – técnico-pericial – capaz de 
fornecer aos executores da pena os elementos indispensáveis à individualização da 
execução da pena. 
Na prática, todavia, a situação é diferente. Infelizmente, o Estado brasileiro não cumpriu, a 
contento, suas obrigações estatuídas pelas Leis nos 7.209 e 7.210, edificando 
estabelecimentos penitenciários, dotando o sistema prisional das condições 
indispensáveis à execução das penas privativas de liberdade. 
 
 
 
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2.5 – PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PESSOA / DA PERSONALIZAÇÃO DA 
PENA / INTRANSCEDÊNCIA DA PENA: 
 
Dispõe o inciso XLV do art. 5º da Constituição Federal: “Nenhuma pena passará da 
pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do 
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles 
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.” 
 
O princípio é claro: só o condenado pode sofrer a pena criminal, seja ela privativa de 
liberdade, de multa, de prestação social alternativa, restritiva de direitos, seja qualquer 
outra que vier a ser cominada. 
 
A indenização do prejuízo causado pelo condenado é sanção civil, e por isso pode ser 
estendida aos sucessores e contra eles executada, é óbvio, até o limite do valor do 
patrimônio transferido. 
 
Se o condenado por crime contra o patrimônio vier a morrer logo após a sentença 
condenatória irrecorrível, o prejuízo sofrido pela vítima poderá ser cobrado dos 
sucessores do infrator da norma penal, que estarão obrigados a indenizar o credor, 
observado o limite do patrimônio que tiverem recebido. Se tiver sido transferido valor 
inferior ao da indenização, o credor só poderá executar o valor da importância transmitida. 
Se nada tiver sido transferido, nada poderá ser cobrado. Não podia ser diferente, já que, 
no direito das sucessões, são transmitidos obrigações e direitos, e estes só são 
partilhados após o cumprimento daquelas. 
 
Primeiro, pagam-se as dívidas do autor da herança e, somente após a liquidação de todas 
as suas obrigações, inclusive as tributárias e decorrentes da própria morte, é que se 
apura o saldo a partilhar. Como o dever de indenizar se inclui entre as dívidas do morto, 
só após seu pagamento é que os sucessores receberão a herança. 
 
2.6 – PRINCÍPIO DA HUMANIDADE DAS PENAS: 
 
Diz o art. 5º, XLVII, da Carta Magna: “Não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de 
guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos 
forçados; d) de banimento; e) cruéis.” 
 
A Constituição Federal proibiu, expressamente, a adoção dessas cinco espécies de 
penas, inserindo tal proibição no rol dos direitos e garantias fundamentais do homem, de 
modo que é impossível sua adoção em nosso direito, conforme manda o art. 60, § 4º, 
inciso IV: “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: ... IV – 
os direitos e garantias individuais.” 
 
Essas penas foram banidas do ordenamento jurídico, porque não se coadunam com o 
estágio atual de desenvolvimento de nossa sociedade, uma vez que ferem a dignidade 
humana e violentam profundamente o princípio da humanidade e do interesse social. 
 
2.7 – PRINCÍPIO DO RESPEITO AO PRESO: 
 
 
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Diz o art. 5º, XLIX, CF: “É asseguradoaos presos o respeito à integridade física e moral” e 
o inciso L: “às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer 
com 
seus filhos durante o período de amamentação”. 
 
O preceito se especifica no art. 38 do Código Penal: “O preso conserva todos os direitos 
não atingidos pela perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à 
sua integridade física e moral.” Também a Lei de Execução Penal (LEP) contém 
dispositivo semelhante: “Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integridade física e 
moral dos condenados e dos presos provisórios” (art. 40). 
 
O princípio abrange não apenas os condenados, mas também todos aqueles que 
estiverem presos, seja a prisão civil ou penal, processual ou definitiva. 
 
O homem, apesar de condenado ou apenas preso, não deixa de ser humano, e continua 
com todos os seus direitos, com exceção apenas dos incompatíveis com a perda da 
liberdade. De conseqüência, deve ser protegido, enquanto ser humano e cidadão. 
Principalmente, porque é um ser destituído de liberdade, incapaz de, por isso, defender-
se em sua plenitude. O homem encarcerado, algemado, não é capaz de enfrentar a 
maior parte das dificuldades e dos percalços da vida em prisão. 
 
O art. 41 da Lei nº 7.210 enumera direitos do preso: alimentação suficiente e vestuário; 
atribuição de trabalho e sua remuneração; previdência social; constituição de pecúlio; 
proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação; 
exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, 
desde que compatíveis com a execução da pena; assistência material, à saúde, jurídica, 
educacional, social e religiosa; proteção contra qualquer espécie de sensacionalismo; 
entrevista pessoal e reservada com o advogado; visita do cônjuge, da companheira, de 
parentes e amigos em dias determinados; chamamento nominal; igualdade de tratamento 
salvo quanto às exigências da individualização da pena; audiência especial com o diretor 
do estabelecimento; representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito; 
contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros 
meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes. 
 
O art. 88 da LEP contém uma norma da mais alta importância: “O condenado será alojado 
em cela individual que conterá dormitório, aparelho sanitário e lavatório. Parágrafo único. 
São requisitos básicos da unidade celular: a) salubridade do ambiente pela concorrência 
dos fatores de aeração, insolação e condicionamento térmico adequado à existência 
humana; b) área mínima de 6 m2 (seis metros quadrados).” 
 
2.8 – PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA: 
 
Está no inciso LVII do art. 5º da Constituição Federal: “Ninguém será considerado culpado 
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.” 
 
Esse princípio, também chamado do estado de inocência ou da não culpabilidade, 
aparece pela primeira vez numa Constituição Brasileira, e significa uma das maiores 
 
 
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conquistas do cidadão brasileiro às vésperas do terceiro milênio, como coroamento de 
uma série de vitórias do homem contra o arbítrio. 
 
O preceito projeta-se principalmente no campo do direito processual penal – por, entre 
outras conseqüências, impor o ônus da prova legal da ocorrência do fato e da 
culpabilidade do acusado ao acusador e permitir ao réu o direito ao silêncio, sem que 
possa o julgador interpretá-lo em seu desfavor – mas tem também importante reflexo no 
Direito Penal: nenhuma norma penal poderá estabelecer a responsabilidade com base em 
fatos presumidos, porque ninguém pode ser punido por presunções, mas apenas por 
fatos reais. 
 
3. PRINCÍPIOS LEGAIS DO DIREITO PENAL: 
 
3.1 – PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA: 
 
O Direito Penal, por sua vez, encarregou-se de cuidar de alguns deles, quais sejam, os 
fatos humanos e indesejáveis socialmente. Desta forma, desprezam-se os fatos da 
natureza e os desejados pela sociedade. Observa-se a seletividade do Direito Penal, que 
não se preocupa com fatos em que não há a conduta humana voluntária e não causa 
reprova social. 
 
Pelo princípio da intervenção mínima, o Direito Penal deve se abster de intervir em 
condutas irrelevantes e só atuar quando estritamente necessário, mantendo-se 
subsidiário e fragmentário. 
 
A subsidiariedade como característica do princípio da intervenção mínima, norteia a 
intervenção em abstrato do Direito Penal. Para intervir, o Direito Penal deve aguardar a 
ineficácia dos demais ramos do direito, isto é, quando os demais ramos mostrarem-se 
incapazes de aplicar uma sanção à determinada conduta reprovável. É a sua atuação 
ultima ratio. 
 
3.2 – PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: 
 
O princípio da insignificância, também chamado de princípio da bagatela aduz a idéia de 
que o Direito Penal não deve se ocupar de assuntos irrelevantes, incapazes de lesar o 
bem jurídico legalmente tutelado. 
 
Funciona como uma CAUSA DE EXCLUSÃO DA TIPICIDADE, afastando a própria 
tipicidade penal, ou seja, não considera o ato praticado como um crime, por isso, sua 
aplicação resulta na absolvição do réu e não apenas na diminuição e substituição da pena 
ou não sua não aplicação. 
 
Para ser utilizado, conforme orientação sedimentada do Supremo Tribunal Federal, faz-se 
necessária a presença de certos requisitos, tais como: (a) a mínima ofensividade da 
conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau 
de reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica 
provocada (exemplo: o furto de algo de baixo valor). 
 
 
 
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Além desses requisitos objetivos, é possível extrair que a jurisprudência também utiliza 
como orientação para aplicação do princípio da insignificância alguns requisitos 
subjetivos, como o contexto em que se deu a prática do crime, a importância (patrimonial 
ou sentimental) do objeto material, a condição econômica da vítima, as circunstâncias do 
fato e o resultado produzido, bem como as características pessoas da vítima. 
 
Em resumo, o conceito do princípio da insignificância é o de que a conduta praticada pelo 
agente atinge de forma tão ínfima o valor tutelado pela norma que não se justifica a 
repressão. Juridicamente, isso significa que não houve crime algum. 
 
 STF E O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: 
 
A) PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA E O CRIME AMBIENTAL: A Segunda Turma do 
Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu, por maioria de votos, Habeas Corpus 
(HC 112563) e absolveu um pescador de Santa Catarina que havia sido 
condenado por crime contra o meio ambiente (contra a fauna) por pescar durante o 
período de defeso, utilizando-se de rede de pesca fora das especificações do 
Ibama. Ele foi flagrado com 12 camarões. É a primeira vez que a Turma aplica o 
princípio da insignificância (ou bagatela) em crime ambiental. O pescador, que é 
assistido pela Defensoria Pública da União (DPU), havia sido condenado a um ano 
e dois meses de detenção com base no artigo 34, parágrafo único, inciso II, da Lei 
9.605/98 (que dispõe sobre as sanções penais e administrativas impostas em caso 
de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente). (Notícia do dia 21 de agosto 
de 2012) 
 
B) PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA E O FURTO PRATICADO DENTRO DE 
ESTABELECIMENTO PRISIONAL: A 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal 
aplicou o princípio da insignificância a presidiário condenado por furto dentro do 
presídio. Já preso, ele fora pego em flagrante furtando um cartucho de tinta de uma 
das impressoras da penitenciária. O caso chegou ao Supremo em dezembro de 
2010, e foi distribuído ao ministro Ricardo Lewandowski. O detento afirmou que o 
cartucho custa R$ 25,70 e não poderia ser considerado grande perda prejuízo para 
o Estado, proprietáriodo cartucho. (Notícia do dia 18 de setembro de 2012) 
 
C) PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA E O CRIME DE DESCAMINHO: Para 
configuração do crime de descaminho, é necessária a prévia constituição do 
crédito tributário na esfera administrativa. De acordo com a Súmula Vinculante 24, 
do Supremo, não se tipifica crime material contra a ordem tributária antes do 
lançamento definitivo do tributo. Para Bellizze, diante dessa súmula, a constituição 
definitiva do crédito tributário não pode ser dispensada na configuração do delito de 
descaminho. O ministro ressaltou que há na doutrina posição que considera o não 
pagamento do tributo suficiente para a consumação do crime de descaminho, que 
seria um delito formal. Mas ele discorda. “O direito penal só deve intervir nos casos 
de ataques muito graves aos bens jurídicos mais importantes”, afirmou. 
 
 
 
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D) PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA E A REINCIDÊNCIA: A existência de maus 
antecedentes, reincidência ou ações penais em curso não impede a aplicação do 
princípio da insignificância. O entendimento, consolidado pela jurisprudência do 
Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça. 
 
E) PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA E O CRIME DE CONTRABANDO: Princípio da 
bagatela não se aplica a contrabando. Embora a jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal, amparada no artigo 20 da Lei 10.522/2002, seja no sentido de 
possibilitar o enquadramento do crime de descaminho no princípio da 
insignificância, quando o valor dos impostos sonegados for inferior a R$ 10 mil, no 
caso de contrabando tal aplicação não é possível. O objeto material sobre o qual 
recai a conduta é a mercadoria, total ou parcialmente proibida. A conclusão é da 2ª 
Turma do STF ao negar, nessa terça-feira (7/2), um pedido de Habeas Corpus. O 
relator do processo, ministro Gilmar Mendes, explicou que “o objetivo precípuo 
dessa tipificação formal é evitar o fomento de transporte e comercialização de 
produtos proibidos por lei". "Assim, não se trata tão somente de sopesar o caráter 
pecuniário do imposto sonegado, mas sim de possibilitar a tutela, dentre outros 
bens jurídicos, da saúde pública”, completou. Gilmar Mendes reportou-se a voto 
por ele proferido no julgamento do HC 97.541, em que observou que, no 
contrabando, o desvalor da conduta é maior. Portanto, afasta-se o princípio da 
insignificância. Ele disse que há precedente idêntico na 1ª Turma da Suprema 
Corte, de relatoria do ministro Luiz Fux. Ao acompanhar o voto do relator, o 
ministro Celso de Mello observou que, na abordagem da alegação do princípio da 
insignificância, impõe-se avaliação caso a caso. Neste HC, ele entendeu que, além 
da expressão pecuniária, há um valor maior, que é a preservação da saúde 
pública. Com informações da Assessoria de Imprensa do STF. (Notícia do dia 08 
de fevereiro de 2012). 
 
F) PRINCÍPIO DA INSIGNIFICIÂNCIA E O USO DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE 
NO INTEREOR DE UNIDADE MILITAR: "Uso de substância entorpecente. 
Princípio da insignificância. Aplicação no âmbito da Justiça Militar. (...) Princípio da 
dignidade da pessoa humana. Paciente, militar, preso em flagrante dentro da 
unidade militar, quando fumava um cigarro de maconha e tinha consigo outros três. 
Condenação por posse e uso de entorpecentes. Não aplicação do princípio da 
insignificância, em prol da saúde, disciplina e hierarquia militares. A mínima 
ofensividade da conduta, a ausência de periculosidade social da ação, o reduzido 
grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica 
constituem os requisitos de ordem objetiva autorizadores da aplicação do princípio 
da insignificância. A Lei 11.343/2006 – nova Lei de Drogas – veda a prisão do 
usuário. Prevê, contra ele, apenas a lavratura de termo circunstanciado. 
Preocupação do Estado em mudar a visão que se tem em relação aos usuários de 
drogas. Punição severa e exemplar deve ser reservada aos traficantes, não 
 
 
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alcançando os usuários. A estes devem ser oferecidas políticas sociais eficientes 
para recuperá-los do vício. O STM não cogitou da aplicação da Lei 11.343/2006. 
Não obstante, cabe a esta Corte fazê-lo, incumbindo-lhe confrontar o princípio da 
especialidade da lei penal militar, óbice à aplicação da nova Lei de Drogas, com o 
princípio da dignidade humana, arrolado na Constituição do Brasil de modo 
destacado, incisivo, vigoroso, como princípio fundamental (...) Exclusão das fileiras 
do Exército: punição suficiente para que restem preservadas a disciplina e 
hierarquia militares, indispensáveis ao regular funcionamento de qualquer 
instituição militar. A aplicação do princípio da insignificância no caso se impõe; a 
uma, porque presentes seus requisitos de natureza objetiva; a duas, em virtude da 
dignidade da pessoa humana. Ordem concedida." (HC 92.961, Rel. Min. Eros 
Grau, julgamento em 11-12-2007, Segunda Turma, DJE de 22-2-2008.) No mesmo 
sentido: HC 90.125, Rel. p/ o ac. Min. Eros Grau, julgamento em 24-6-2008, 
Segunda Turma, DJE de 5-9-2008. Em sentido contrário: HC 105.695, Rel. Min. 
Ellen Gracie, julgamento em 30-11-2010, Segunda Turma, DJE de 22-2-2011; HC 
104.784, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 26-10-2010, Segunda Turma, 
DJE de 22-11-2010; HC 104.838, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 26-
10-2010, Segunda Turma, DJE de 22-11-2010; HC 103.684, Rel. Min. Ayres Britto, 
julgamento em 21-10-2010, Plenário, DJE de 13-4-2011. 
Obs.: o STJ entende que somente o Poder Judiciário é dotado de poderes para efetuar o 
reconhecimento do princípio da insignificância. Nesse sentido, a autoridade policial está 
obrigada a efetuar a prisão em flagrante, cabendo-lhe submeter imediatamente a questão 
à autoridade judiciária competente. 
3.3 – PRINCÍPIO DA ALTERIDADE: 
Esse princípio proíbe a incriminação de atitude meramente interna do agente, que são 
incapazes de ofender bens jurídicos de terceiros. Em outras palavras, ninguém pode ser 
punido por causar mal apenas a si próprio. É nesse princípio que se fundamenta a 
impossibilidade de punição da autolesão, bem como o ato de suicídio. 
3.4 – PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE: 
Estabelece que nem todos os ilícitos configuram infrações penais, mas apenas o que 
atentam contra valores fundamentais para a manutenção e o progresso do ser humano e 
da sociedade. 
3.5 - PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIERADE: 
De acordo com esse princípio, a atuação do Direito Penal é cabível unicamente quando 
os outros ramos do Direito e os demais meios de controle social tiverem se revelado 
impotentes para o controle da ordem pública. Este princípio, ao contrário do postulado da 
fragmentariedade, se projeta no caso concreto, isto é, em sua atuação prática, o Direito 
Penal somente se legitima quando os demais meios disponíveis já tiverem sido 
empregados, sem sucesso, para proteção do bem jurídico. Guarda relação com a 
aplicação da lei penal. 
3.6 – PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE: 
Não há razão para aplicação do direito penal senão quando a conduta ofende um bem 
jurídico. Não se pode aplicar o direito penal quando a ofensa é de caráter pecaminoso ou 
imoral. Tenha-se, o caso da prostituição não tutelada pelo direito penal, mas censurada 
 
 
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socialmente. Hoje esse princípio encontra guarida no art. 98, I da Constituição que 
contempla as infrações de menor potencial ofensivo. 
3.7 – PRINCÍPIO DA HUMANIDADE: 
Este princípio contempla o tratamento que deve ser dado ao réu, antes do processo, 
durante o processo ou na fase de execução da pena que se lhe impôs. É calcado em 
vários dispositivos da Constituição Federal, a saber: art. 1º, III, art. 5º III, XLVI e XLVII. 
Antes do processo é amparado pelos dispositivos: art. 5º LXI, LXII, LXIII e LXIV; duranteo 
processo pelo art. 5º, incisos LIII, LIV, LV, LVI e LVII; e na fase da execução pela previsão 
de inexistência de penas degradantes, cruéis, de trabalhos forçados, de banimento e de 
morte, como elencado nos incisos XLVII, XLVIII XLIX e L, todos do art. 5º, sempre da 
Constituição Federal. 
3.8 – PRINCÍPIO DA NÃO CULPABILIDADE: 
Também conhecido por princípio da presunção de inocência, é contemplado no inciso 
LVII, do art. 5º da Constituição Federal, afirmando que ninguém será considerado culpado 
até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Disso decorre a impossibilidade 
de a pena vir a ser executada enquanto não tenha transitado em julgado a sentença penal 
condenatória. Somente após tornar-se irrecorrível, com o trânsito em julgado é que 
podem ser aplicadas às medidas decorrentes da condenação, próprias da fase de 
execução. 
3.9 – PRINCÍPIO DO “NE BIS IN IDEM”: 
Afirma que ninguém poderá ser punido duas vezes pelo mesmo fato. Encerra dois 
aspectos: penal material – ninguém pode sofrer duas penas em face de uma mesma 
infração; processual – ninguém pode ser processado e julgado duas vezes pelo mesmo 
fato. 
4. LISTA DE EXERCÍCIOS – PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL: 
01 - Prova: TRT 15R - 2011 - TRT - 15ª Região - Juiz do Trabalho 
A respeito do atual entendimento conferido pelo Supremo Tribunal Federal ao princípio da 
insignificancia, assinale a alternativa incorreta: 
 
 a) sua aplicação já justificou a extinção da punibilidade; 
 b) trata-se de princípio já aplicado pela Corte quando mínima a ofensividade da conduta, 
inexistente a periculosidade social do ato, reduzido o grau de reprovabilidade do 
comportamento e inexpressiva a lesão provocada; 
 c) trata-se de princípio aplicado a despeito de restar patente a existência da tipicidade 
formal; 
 d) trata-se de princípio já aplicado quando as condições que circundam o delito dão conta 
da sua singeleza, miudeza e não habitualidade; 
 e) sua aplicação jamais justificou a extinção da ação penal. 
 
02 - Prova: FCC - 2012 - TRF - 5ª REGIÃO - Analista Judiciário - Execução de Mandados 
O princípio, segundo o qual se afirma que o Direito Penal não é o único controle social 
formal dotado de recursos coativos, embora seja o que disponha dos instrumentos mais 
enérgicos, é reconhecido pela doutrina como princípio da 
 
 a) lesividade. 
 b) intervenção mínima. 
 c) fragmentariedade. 
 d) subsidiariedade. 
 
 
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 e) proporcionalidade. 
 
03 - Prova: CESPE - 2012 - TJ-AL - Auxiliar Judiciário 
Disciplina: Direito Penal | Assuntos: Da Aplicação da Lei Penal; Princípios; 
Acerca dos princípios da legalidade e da anterioridade, da lei penal no tempo e no espaço 
e da contagem de prazo, assinale a opção correta. 
 
 a) Conforme previsão do Código Penal, o tempo do crime é o momento da ação ou 
omissão que coincida com o momento do resultado. 
 
 b) Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, sendo 
irrelevante o lugar onde ocorreu o resultado. 
 
 c) Se determinada pessoa tiver sido vítima de homicídio no dia 1.º/8/2012, a contagem 
dos prazos penais, nesse caso, terá iniciado em 1.º/8/2012. 
 
 d) Segundo o princípio da legalidade, no ordenamento jurídico brasileiro determinada 
conduta só será considerada crime caso seja publicada lei posterior definindo-a como tal. 
 
 e) Exceto se já decididos por sentença transitada em julgado, a lei posterior que de 
qualquer modo favorecer o agente aplica-se aos fatos anteriores. 
 
04 - Prova: FUMARC - 2012 - TJ-MG - Oficial Judiciário 
O princípio da presunção de inocência até que o réu seja considerado culpado ou até o 
trânsito em julgado de sentença penal condenatória é prevista nos seguintes textos de 
forma expressa: 
 
 a) Constituição da República Federativa e Código de Processo Penal 
 b) Declaração Universal dos Direitos Humanos(Resolução nº 217 – ONU) e Constituição 
da República 
 c) Declaração Universal dos Direitos Humanos(Resolução nº 217 – ONU) e Código de 
Processo Penal 
 d) Constituição da República e Estatuto do Servidor Público 
 
05 - Prova: CESPE - 2011 - TJ-ES - Juiz 
Acerca dos princípios aplicáveis ao direito penal, assinale a opção correta. 
 a) O princípio da adequação social, dirigido ao julgador, e não ao legislador, objetiva 
restringir a abrangência do tipo penal, limitando sua interpretação e dele excluindo as 
condutas consideradas socialmente adequadas e aceitas pela sociedade. 
 b) Dada a necessidade de observância do princípio da legalidade, a tipicidade penal 
resume-se ao mero exercício de adequação do fato concreto à norma abstrata. 
 c) O princípio da lesividade busca evitar a incriminação de condutas desviadas que não 
afetem qualquer bem jurídico, não cuidando de condutas que não excedam o âmbito do 
próprio autor. 
 d) A jurisprudência do STJ é firme no sentido da aplicabilidade do princípio da 
insignificância ao delito de moeda falsa, caso o valor das cédulas falsificadas não 
ultrapasse a quantia correspondente a um salário mínimo. 
 
 
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 e) A aplicação do princípio da insignificância, que deve ser analisado em conexão com os 
postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do Estado, objetiva excluir ou 
afastar a própria tipicidade penal, examinada na perspectiva de seu caráter material. 
 
06 - Prova: PC-SP - 2011 - PC-SP - Delegado de Polícia 
A ideia de que o Direito Penal, deve tutelar os valores considerados imprescindíveis para 
a sociedade, e não todos os bens jurídicos, sintetiza o princípio da 
 a) adequação social 
 b) culpabilidade 
 c) fragmentariedade 
 d) ofensividade. 
 e) proporcionalidade 
 
07 - Prova: PC-SP - 2011 - PC-SP - Delegado de Polícia 
Disciplina: Direito Penal | Assuntos: Princípios; 
A lei estrita, desdobramento do princípio da legalidade, veda o emprego 
 a) analogia 
 b) costumes. 
 c) princípios gerais do direito. 
 d) equidade. 
 e) jurisprudência. 
 
08 – Prova: MPE-GO - 2012 - MPE-GO - Promotor de Justiça 
Disciplina: Direito Penal | Assuntos: Princípios; 
Os princípio constitucionais servem de orientação para a produção legislativa ordinária, 
atuando como garantias diretas e imediatas aos cidadãos, funcionando como critério de 
interpretação e integração do texto constitucional. Nesse sentido podemos destacar como 
princípios constitucionais explícitos os seguintes: 
 a) legalidade, anterioridade, taxatividade e humanidade; 
 b) anterioridade, proporcionalidade, individualização da pena e humanidade; 
 c) retroatividade da lei penal benéfica, individualização da pena, humanidade e 
proporcionalidade; 
 d) responsabilidade pessoal, legalidade, anterioridade e individualização da pena 
 
 
09 - Prova: CESPE - 2012 - Polícia Federal - Agente da Polícia Federal 
O fato de determinada conduta ser considerada crime somente se estiver como tal 
expressamente prevista em lei não impede, em decorrência do princípio da anterioridade, 
que sejam sancionadas condutas praticadas antes da vigência de norma excepcional ou 
temporária que as caracterize como crime. 
 
 Certo Errado 
 
10 - Prova: CESPE - 2012 - PC-CE - Inspetor de Polícia - Civil 
Disciplina: Direito Penal | Assuntos: Do Crime; Dos Crimes Contra o Patrimônio.; 
Princípios; 
Acerca de crime e sua tipicidade, julgue o item a seguir 
 
 
 
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Considere que Lúcio, mediante o uso de faca do tipo peixeira, tenha constrangido Maria a 
entregar-lhe o valor de R$ 2,50, sob a justificativa de estar desempregado e necessitar do 
dinheiro para pagar o transporte coletivo. Nesse caso, segundo entendimento do STF 
quanto ao princípio da insignificância, Lúcio, se processado, deverá ser absolvido por 
atipicidade da conduta. 
 Certo Errado 
 
11 - Prova: PC-RJ - 2008 - PC-RJ - Inspetor de Polícia 
Relativamente aos princípios de direito penal, assinalea afirmativa incorreta. 
 a) Não há crime sem lei anterior que o defina. 
 b) Não há pena sem prévia cominação legal. 
 c) Crimes hediondos não estão sujeitos ao princípio da anterioridade da lei penal. 
 d) Ninguém pode ser punido por fato que a lei posterior deixa de considerar crime. 
 e) A lei posterior que de qualquer modo favorece o agente aplica-se aos casos 
anteriores. 
 
12 – Prova: PC-RJ - 2008 - PC-RJ - Inspetor de Polícia 
Em matéria de princípios constitucionais de Direito Penal, é correto afirmar que: 
 a) a lei penal não retroagirá mesmo que seja para beneficiar o réu. 
 b) a prática de racismo não é considerada crime, salvo se a vítima for detentor de função 
pública. 
 c) os presos têm assegurado o respeito à sua integridade física, mas não à integridade 
moral. 
 d) a Constituição não autoriza a criação de penas de trabalhos forçados. 
 e) as penas privativas de liberdade poderão ser impostas aos sucessores do condenado. 
 
13 - Prova: CESPE - 2008 - OAB-SP - Exame de Ordem - 2 - Primeira Fase 
Disciplina: Direito Penal | Assuntos: Princípios; 
Assinale a opção correta com base nos princípios de direito penal na CF. 
 
 a) O princípio básico que orienta a construção do direito penal é o da intranscendência da 
pena, resumido na fórmula nullum crimen, nulla poena, sine lege. 
 b) Segundo a CF, é proibida a retroação de leis penais, ainda que estas sejam mais 
favoráveis ao acusado. 
 c) Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o 
dano e a decretação de perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas até os 
sucessores e contra eles executadas, mesmo que ultrapassem o limite do valor do 
patrimônio transferido. 
 d) O princípio da humanidade veda as penas de morte, salvo em caso de guerra 
declarada, bem como as de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento e as 
cruéis. 
 
14 - Prova: FCC - 2011 - TCE-PR - Analista de Controle - Jurídica 
Disciplina: Direito Penal | Assuntos: Da Aplicação da Lei Penal; Princípios; 
O princípio válido, tratando-se de sucessão de leis penais no tempo, na hipótese de que a 
norma posterior incrimina fato não previsto na anterior, é o da 
 a) Abolitio criminis. 
 b) Ultratividade. 
 
 
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 c) Irretroatividade. 
 d) Retroatividade. 
 e) Lei vigente na época no momento da prática de fato punível: Tempus regit actum. 
 
15 - Prova: FCC - 2011 - TCE-SP - Procurador 
O princípio constitucional da legalidade em matéria penal 
 a) não vigora na fase de execução penal. 
 b) impede que se afaste o caráter criminoso do fato em razão de causa supralegal de 
exclusão da ilicitude. 
 c) não atinge as medidas de segurança. 
 d) obsta que se reconheça a atipicidade de conduta em função de sua adequação social. 
 e) exige a taxatividade da lei incriminadora, admitindo, em certas situações, o emprego 
da analogia. 
 
16 - Prova: INSTITUTO CIDADES - 2011 - DPE-AM - Defensor Público 
Disciplina: Direito Penal | Assuntos: Princípios; 
Sobre os princípios da legalidade e da anterioridade (artigo 1º do Código Penal) é correto 
afirmar: 
 a) pelo princípio da legalidade compreende-se que ninguém responderá por um fato que 
a lei penal preveja como crime e, pelo princípio da anterioridade compreende-se que 
alguém somente responderá por crime devidamente previsto em lei que tenha entrado em 
vigor um ano anteriormente à prática da conduta; 
 b) os princípios da legalidade e da anterioridade pressupõem a existência de lei anterior à 
prática de uma determinada conduta para que esta possa ser considerada como crime; 
 c) tais princípios são sinônimos e significam a necessidade da existência de lei para que 
uma conduta seja considerada crime; 
 d) são incompativeis um com o outro, já que pressupõem circunstâncias diversas; 
 e) pelo princípio da anterioridade compreende-se a previsão anterior de determinada 
conduta como criminosa independentemente de defnição por lei em sentido estrito. 
 
17 - Prova: CEPERJ - 2009 - PC-RJ - Delegado de Polícia 
Ensina JORGE DE FIGUEIREDO DIAS que “o princípio do Estado de Direito conduz a 
que a proteção dos direitos, liberdade e garantias seja levada a cabo não apenas através 
do direito penal, mas também perante o direito penal” (DIAS, Jorge de Figueiredo. Direito 
penal: parte geral. tomo I. Coimbra: Coimbra Editora, 2004, p. 165). Assim, analise as 
proposições abaixo e, em seguida, assinale a opção correta 
 
I- O conteúdo essencial do princípio da legalidade se traduz em que não pode haver 
crime, nem pena que não resultem de uma lei prévia, escrita, estrita e certa. 
 
II- O princípio da legalidade estrita não cobre, segundo a sua função e o seu sentido, toda 
a matéria penal, mas apenas a que se traduz em fixar, fundamentar ou agravar a 
responsabilidade do agente. 
 
III- Face ao fundamento, à função e ao sentido do princípio da legalidade, a proibição de 
analogia vale relativamente a todos os tipos penais, inclusive os permissivos. 
 
 
 
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IV- A proibição de retroatividade da lei penal funciona apenas a favor do réu, não contra 
ele. 
 
V- O princípio da aplicação da lei mais favorável vale mesmo relativamente ao que na 
doutrina se chama de “leis intermediárias”; leis, isto é, que entraram em vigor 
posteriormente à prática do fato, mas já não vigoravam ao tempo da apreciação deste. 
 
 a) Apenas uma proposição está errada. 
 b) Estão corretas apenas as proposições I, IV e V 
 c) Estão corretas apenas as proposições I, II, III e IV 
 d) Todas as proposições estão corretas 
 e) Apenas três da proposições estão corretas 
 
18 - Prova: CEPERJ - 2009 - PC-RJ - Delegado de Polícia 
Costuma-se afirmar que o direito penal das sociedades contemporâneas é regido por 
princípios sobre crimes, penas e medidas de segurança, nos níveis de criminalização 
primária e de criminalização secundária, fundamentais para garantir o indivíduo em face 
do poder penal do Estado. Analise as proposições abaixo: 
 
I- O princípio da insignificância revela uma hipótese de atipicidade material da conduta. 
 
II- O princípio da lesividade (ou ofensividade) proíbe a incriminação de uma atitude 
interna. 
 
III- Por força do princípio da lesividade não se pode conceber a existência de qualquer 
crime sem ofensa ao bem jurídico protegido pela norma penal. 
 
IV- No direito penal democrático só se punem fatos. Ninguém pode ser punido pelo que é, 
mas apenas pelo que faz. 
 
V- O princípio da coculpabilidade reconhece que o Estado também é responsável pelo 
cometimento de determinados delitos, praticados por cidadãos que possuem menor 
âmbito de autodeterminação diante das circunstâncias do caso concreto, principalmente 
no que se refere às condições sociais e econômicas do agente. 
 
Pode-se afirmar que: 
 a) todas as assertivas estão corretas. 
 b) somente duas das assertivas estão corretas. 
 c) somente duas das assertivas estão erradas 
 d) estão erradas as de número II e III. 
 e) somente a de número I está errada. 
 
19 - Prova: CESPE - 2009 - OAB - Exame de Ordem Unificado - 1 - Primeira Fase 
(Mai/2009) 
Disciplina: Direito Penal | Assuntos: Princípios; 
Acerca do significado dos princípios limitadores do poder punitivo estatal, assinale a 
opção correta. 
 
 
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 a) Segundo o princípio da culpabilidade, o direito penal deve limitar-se a punir as ações 
mais graves praticadas contra os bens jurídicos mais importantes, ocupando-se somente 
de uma parte dos bens protegidos pela ordem jurídica. 
 b) De acordo com o princípio da fragmentariedade, o poder punitivo estatal não pode 
aplicar sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a 
constituição físico-psíquica dos condenados por sentença transitada em julgado. 
 c) Segundo o princípio da ofensividade, no direito penal somente se consideram típicas 
as condutas que tenhamcerta relevância social, pois as consideradas socialmente 
adequadas não podem constituir delitos e, por isso, não se revestem de tipicidade. 
 d) O princípio da intervenção mínima, que estabelece a atuação do direito penal como 
ultima ratio, orienta e limita o poder incriminador do Estado, preconizando que a 
criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário para a 
proteção de determinado bem jurídico. 
 
20 - Prova: CESPE - 2008 - PC-TO - Delegado de Polícia 
Prevê a Constituição Federal que nenhuma pena passará da pessoa do condenado, 
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação de perdimento de bens ser, nos 
termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor 
do patrimônio transferido. Referido dispositivo constitucional traduz o princípio da 
intranscendência. 
 Certo Errado 
 
GABARITO OFICIAL: 
 
1-E 2-D 3-C 4-B 5-E 6-C 7-A 8-D 9-E 10-E 
11-C 12-D 13-D 14-C 15-E 16-B 17-A 18-A 19-E 20-C 
 
 
 
CAPÍTULO 2 – DA LEI PENAL 
 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS: 
 
A lei penal, que é a positivação da norma penal, é composta de duas partes: o preceito, 
também dito preceito primário e a sanção, também denominada preceito secundário. 
 
A lei penal não é proibitiva, mas descritiva, pois se utiliza da técnica de descrever a 
conduta, associando-a a uma pena. Exemplo: o molde do crime de homicídio, definido no 
art. 121, do código penal: “matar alguém”. 
 
2. ESPÉCIES DE LEI PENAL: 
 
Lei penal incriminadora e não incriminadora. A primeira descreve a figura típica e comina 
a pena. A segunda não descreve crime, nem comina pena. A norma penal não 
incriminadora divide-se em: Permissivas – tornam lícitas determinadas condutas 
tipificadas em leis incriminadoras. Exemplo: estado de necessidade e legítima defesa (art. 
23 do CP). Finais, complementares ou explicativas – esclarecem o conteúdo de outras 
 
 
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normas e delimitam o âmbito de sua aplicação. Ex. os artigos da parte geral do CP, à 
exceção dos que tratam da exclusão de ilicitude. 
 
3. CARACTERÍSTICAS DA LEI PENAL: 
 
A) ESCLUSIVIDADE: porque somente ela pode definir crimes e cominar as sanções 
correspondentes; 
 
B) ANTERIORIDADE: deve está em vigor antes do cometimento do fato típico, salvo 
nos casos da retroatividade da lei mais benéfica para o réu. 
 
C) IMPERATIVIDADE: a violação do preceito primário acarretará a imposição de pena 
ou medida de segurança, tornando o seu comando, portanto, obrigatório. 
 
D) GENERALIDADE: porque está destinada a todos, mesmo aos inimputáveis, que 
estão sujeitos a medidas de segurança 
 
E) IMPESSOALIDADE: recai abstratamente a fatos futuros, para qualquer pessoa que 
venha a praticá-los. Excepcionando essas regras às leis que prevêem anistia e a 
abolitio crimines, as quais alcançam fatos concretos. 
 
4. NORMA PENAL EM BRANCO: 
 
Norma penal em branco, também denominada norma penal imperfeita, cega ou aberta, 
são aquelas em que a sanção é determinada, contudo, o seu preceito primário é 
incompleto, exigindo complementação, seja por outra lei, seja por ato da Administração 
Pública. 
 
A doutrina a divide em duas espécies: 
 
a) Norma penal em branco em sentido lato: quando o complemento tem a mesma 
natureza jurídica. P.ex.: Art. 169, parágrafo único, inciso I do Código Penal, ao 
mencionar a palavra “tesouro”, exige que seja complementado pelo Código Civil, 
pois lá se encontra a definição de tesouro (art. 1.264 do CC). 
 
b) Norma penal em branco em sentido estrito: quando o complemento tem natureza 
jurídica diversa. P.ex.: é o caso dos crimes da Lei 11.343/06, que o conceito de 
entorpecente deve ser encontrado pela portaria da Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária (Portaria SVS/MS 344/98) 
 
5. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL: 
 
A interpretação da lei penal é a atividade consistente em identificar o alcance e significado 
da norma penal. A doutrina estabelece várias espécies de interpretação. Vejamos: 
 
a) Interpretação gramatical: Também chamada de literal ou sintática, é aquela 
fundada nas regras gramáticas, levando em consideração o sentido literal das 
palavras. 
 
 
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b) Igualmente chamada teleológica, é aquela que procura descobrir a vontade do 
legislador, assim como a finalidade com a qual a lei foi editada. 
 
c) Interpretação declarativa: É aquela que dá à lei o seu sentido literal, sem extensão 
nem restrição, correspondendo exatamente ao intuito do legislador. 
 
d) Interpretação restritiva: É aquela que, concluindo ter dito mais do que queria o 
legislador, restringe seu sentido. Aos limites da norma. 
 
e) Interpretação extensiva: É aquela que, concluindo ter a lei dito menos que queria o 
legislador, estende seu sentido para que corresponda ao da norma. Duas espécies 
de interpretação extensiva se apresentam: a interpretação extensiva ampliativa e a 
interpretação extensiva analógica. Em regra, o sentido da lei, em matéria penal, 
não pode ser estendido, ampliado, sob pena de se atentar contra o princípio da 
reserva legal. Excepcionalmente, entretanto, admiti-se a interpretação extensiva, 
havendo aqueles doutrinadores que defendem a aplicação do princípio in dúbio pro 
reo sempre a interpretação. 
 
OBS.: DIFERANÇAS ENTRE INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA E ANALOGIA: Não se 
pode confundir analogia com interpretação analógica ou extensiva. A analogia é técnica 
de integração, vale dizer, recurso de que se vale o operador do direito diante de uma 
lacuna no ordenamento jurídico. Já a interpretação, seja ela extensiva ou analógica, 
objetiva desvendar o sentido e o alcance da norma, para então definir-lhe, com certeza, a 
sua extensão. A norma existe, sendo o método interpretativo necessário, apenas, para 
precisar-lhe os contornos. 
 
A interpretação analógica é uma operação intelectual consistente em revelar o conteúdo 
da lei, quando esta utiliza expressões genéricas, vinculadas a especificações. Não há 
criação de norma, mas, exclusivamente, a pesquisa de sua extensão. Assim, no homicídio 
qualificado por motivo torpe: “Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro 
motivo torpe”. O legislador, depois de mencionar expressamente uma hipótese de torpeza 
(paga ou promessa de recompensa), utiliza expressão genérica, com o que fica 
abrangido, pela norma, qualquer caso estigmatizado pela torpeza. Por outro lado a 
analogia é basicamente fazer incidir uma lei em uma hipótese por ela não prevista. Nesse 
sentido, em termos conclusivos, devemos saber que a interpretação analógica e extensiva 
é permitida no Direito Penal, diferentemente da analogia que, em regra, não é admitido, 
salvo quando em benefício do réu. 
 
6. LEI PENAL NO TEMPO: 
 
Lei penal no tempo 
 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar 
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença 
condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
 
 
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Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-
se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada 
em julgado 
 
6.1 – INTRODUÇÃO: 
 
Assim como nenhuma forma de manifestação de vida consegue evitar a ação corrosiva e 
implacável do tempo, a lei penal também NASCE, VIVE E MORRE. A lei em sua eficácia, 
não alcança os fatos ocorridos antes ou depois dos dois limites extremos: não retroage 
nem tem ultra-atividade. 
 
Esse é o principio "TEMPUS REGIT ACTUM - O TEMPO REGE O ATO", ou seja, a lei 
aplicável à repressão da prática do crime é a lei vigente ao tempo de sua execução. 
 
Essa é uma garantia do cidadão: além da segurança jurídica, garante-se-lhe que não será 
surpreendido por leis "adhoc", criminalizando condutas, inclusive a "posteriori",que até 
então não eram tipificadas como crime. 
 
O principio da IRRETROATIVIDADE PENAL, talvez um dos mais importantes em matéria 
de aplicação da lei penal, já era defendido pelos integrantes da Escola Clássica. A 
despeito da importância político-constitucional, nem sempre esse princípio recebeu apoio 
incondicional dos grandes pensadores. Contudo, o dinamismo do Direito Penal, que 
procura acompanhar a evolução dos povos, percebeu que, ao menos em tese, as leis 
novas são melhores que as mais antigas e teriam melhores condições para fazer justiça. 
 
Essa natureza dinâmica do Direito determinou a necessidade de conciliar, no âmbito da 
sucessão de leis no tempo, o principio "TEMPUS REGIT ACTUM" com o da "APLICAÇÃO 
DA LEI POSTERIOR", sempre que for mais favorável ao indivíduo. 
 
Diante dessa necessidade, determinou-se que "a lei penal não retroage, SALVO, para 
beneficiar o infrator", que finalmente foi recepcionado pela Constituição Federal do Brasil 
de 1988 (art. 5º, XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu). 
 
A parte geral do Código Penal de 1940 adotou expressamente essa orientação 
prescrevendo no parágrafo único do seu art. 2º: "A lei posterior, que de qualquer modo 
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença 
condenatória transitada em julgado". 
 
6.2 - PRINCIPIOS DA LEI PENAL NO TEMPO 
 
Alguns princípios do chamado direito intertemporal procuram resolver as questões que 
naturalmente surgem com a sucessão das leis penais no tempo. 
 
6.2.1 – IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL: 
 
Existe uma REGRA dominante em termos de conflito de leis penais no tempo. É a da 
IRRETROATIVIDADE da lei penal, sem a qual não haveria segurança nem liberdade na 
 
 
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sociedade, em flagrante desrespeito ao principio da legalidade e da anterioridade da lei, 
consagrado pelo art. 1º do CP - "Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena 
sem prévia cominação legal" e no art. 5º, XXXIX da CF - "não há crime sem lei anterior 
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal". 
 
Esse fundamento de proibição, como sustenta Jescheck, é a idéia de SEGURANÇA 
JURIDICA, que se consubstancia num dos princípios reitores do Estado de Direito, 
segundo o qual as normas que regulam as infrações penais não podem modificar-se após 
as suas execuções em prejuízo ao cidadão. 
 
Ademais, o princípio da irretroatividade da lei penal, também tem a finalidade de proteger 
o individuo contra o próprio legislador, impedindo-o de criminalizar novas condutas, já 
praticadas por aquele, que, desconhecendo tal circunstancia, não tem como nem porque 
evitá-la. 
 
Na verdade a irretroatividade penal é corolário do principio da anterioridade da lei penal, 
segundo o qual uma lei penal incriminadora somente pode ser aplicada a determinado 
fato concreto caso estivesse em vigor antes da sua prática. Esse principio, conhecido 
como "NULLUM CRIMEN, NULLA POENA SINE PRAEVIA LEGE", que foi cunhado por 
Feuerbach no início do século XIX, encontra-se insculpido no art. 1º do nosso Código 
Penal e acabou recepcionado pela atual Constituição brasileira, como foi anteriormente 
dito. Observação: ESSE PRINCÍPIO LIMITA-SE ÀS NORMAS PENAIS DE CARÁTER 
MATERIAL, ENTRE AS QUAIS SE INCLUEM AQUELAS RELATIVAS ÀS MEDIDAS DE 
SEGURANÇA, QUE INDISCUTIVELMENTE, INTEGRAM A SEARA DO DIRIETO PENAL 
MATERIAL. 
 
6.2.2 – PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE E DA ULTRA-ATIVIDADE DA LEI PENAL 
MAIS BENÉFICA: 
 
No conflito de leis penais no tempo, é indispensável investigar qual a que se apresenta 
mais favorável ao individuo tido como infrator. A lei ANTERIOR, quando for mais 
FAVORÁVEL, terá ULTRATITVIDADE e prevalecerá mesmo ao tempo de vigência da lei 
nova, apesar de já estar revogada. 
 
O inverso também é verdadeiro, isto é, quando a lei POSTERIOR for mais BENÉFICA, 
RETROAGIRÁ para alcançar fatos cometidos antes de sua vigência. Observação: O 
princípio da irretroatividade vige, com efeito, somente em relação à lei mais severa. 
 
É de total admissão, a aplicação retroativa da lei mais benigna, hoje princípio consagrado 
na nossa Constituição Federal (art. 5º, XL - a lei penal não retroagirá, salvo para 
beneficiar o réu). Assim, pode-se resumir o conflito do direito intertemporal no seguinte 
principio: o da RETROATIVIDADE DA LEI MAIS BENIGNA. 
 
A lei penal mais benéfica, repetindo, NÃO só é RETROATIVA, mas também ULTRATIVA. 
A eficácia ultrativa da norma mais benéfica deve prevalecer sempre que, havendo 
sucessão de leis penais no tempo, constatar-se que o diploma legal anterior era mais 
benéfico ao agente. 
 
 
 
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Esses dois princípios aos quais mencionamos acima se aplicam às normas de Direito 
Penal material, tais como nas hipóteses de reconhecimento de causas extintivas da 
punibilidade, tipificação de novas condutas, cominação de penas, alteração de regimes de 
cumprimento de penas, ou qualquer norma penal que, de qualquer modo, agrave a 
situação jurídico-penal do indiciado, réu ou condenado, conforme reconheceu o próprio 
STF. 
 
No entanto, quando a lei posterior for mais grave, não retroagirá, sendo a lei anterior que 
adquira ultra-atividade, devendo ser aplicada, mesmo na vigência de outra lei. As 
prováveis hipóteses de choques entre lei nova e anterior são as seguintes: 
 
a) ABOLITIO CRIMINIS: Ocorre "abolitio criminis" quando a lei nova deixa de considerar 
crime, um fato anteriormente tipificado como ilícito penal (crime). A nova lei retira a 
característica de ilicitude penal de uma conduta precedentemente incriminada. A "abolitio 
criminis" configura uma situação de lei penal posterior mais benigna, que deve atingir, 
inclusive, fatos definitivamente julgados, mesmo em fase de execução. A ABOLITIO 
CRIMINIS FAZ DESAPARECER TODOS OS EFEITOS PENAIS, PERMANECENDO OS 
CIVIS. Efeitos práticos da abolitio criminis: a) O inquérito policial ou processo são 
imediatamente trancados e extintos, uma vez que não há mais razão de existir; b) Se já 
houve sentença condenatória, cessam imediatamente sua execução e todos os seus 
efeitos penais, principais e secundários; c) Os efeitos extrapenais (art. 91 e 92 do CP) 
subsistem, pois o que disposto no art. 2º, caput, do CP nos mostra que cessam apenas os 
efeitos penais da condenação; Observação: Na hipótese de "abolitio criminis" não 
subsiste, na verdade, nem a execução da pena, que é um efeito principal, mesmo 
transitada em julgado - se o condenado já tiver cumprido a pena, inclusive, terá sua folha 
de antecedentes inteiramente corrigidas, para de ela afastar a condenação que existiu, 
por fato que não é mais crime. 
 
b) NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA: Ocorre "novatio legis incriminadora", quando se 
considera crime fato anteriormente não incriminado (ao contrário do "abolitio criminis"). A 
NOVATIO LEIS INCRIMINADORA É IRRETROATIVA E NÃO PODE SER APLICADA A 
FATOS PRATICADOS ANTES DA SUA VIGÊNCIA - segundo o velho aforismo: "nullum 
crimen sine praevia lege" e o que é postulado na nossa CF em seu art.5º, XXXIX - e 
também no nosso CP em seu art. 1º. Suponhamos que o autor de um fato que antes não 
era considerado crime, se depare com a tipificação desse fato por nova norma 
estabelecida. 
 
c) NOVATIO LEGIS IN PEJUS: A lei posterior que de qualquer modo agravar a situação 
do sujeito não retroagirá (art. 5º, XL - a lei penal não retroagirá, SALVO para beneficiar o 
réu). Se, por exemplo, houver um conflito entre duas leis, a anterior, mais benigna, e a 
posterior, mais severa, aplica-se-á a mais benigna: a anterior será ULTRA-ATIVA, por sua 
benignidade, e a posterior será IRRETROATIVA, por sua severidade. - A lei posterior ou 
anterior, que seja menos favorável, denomina-se LEX GRAVIOR, e não pode ser aplicada 
aos fatos ocorridos antes de sua vigência. 
 
OBS.: SÚMULA 711 DO STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuadoou ao 
crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da 
permanência. 
 
 
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d) NOVATIO LEGIS IN MELLIUS: Ocorre "novatio legis in mellius" quando lei nova, 
mesmo sem descriminalizar, dê tratamento mais favorável ao sujeito. Mesmo que a 
sentença condenatória se encontre em fase de execução, prevalece a LEX MITIOR que, 
de qualquer modo, favorece o agente - é o que dispõe o art. 2º, parágrafo único do CP: A 
lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, 
ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Analisemos agora 
a terminologia LEX MITIOR e sua aplicação, no que tange os conflitos de normas no 
tempo: A LEX MITIOR - seja abolitio criminis, seja qualquer alteração in mellius - retroage 
e aplica-se imediatamente aos processos em andamento, aos fatos delituosos cujos 
processos ainda não foram iniciados, e, inclusive, aos processos com decisão 
condenatória já transitada em julgado. 
 
Obs.: APLICAÇÃO DA NOVATIO LEGIS IN MELLIUS E DA ABOLITIO CRIMINE NO 
PERÍODO DE VACATIO LEGIS: Existem duas posições doutrinárias em relação a essa 
evidente questão, a primeira é que se faz necessário a aplicação da norma, se for 
benéfica ao individuo mesmo em período de vacância, e a outra posição diz justamente o 
contrário. Para a primeira corrente, no momento em que é publicado um novo texto legal, 
este passa a existir no mundo jurídico, representando o novo pensamento do legislador 
sobre o tema de que se ocupa, sendo evidentemente produto de novas valorações 
sociais. Assim, não sendo possível ignorar a existênc;ia do novo diploma legal, bem como 
as transformações que ele representa no ordenamento jurídico-penal, a sua IMEDIATA 
EFICÁCIA É INÉGAVEL, e não pode ser obstaculizada a sua aplicação retroativa quando 
configurar lei penal mais benéfica, MESMO QUE AINDA SE ENCONTRE EM "VACATIO 
LEGIS". A segunda corrente, defendida por Delmanto, Damásio e Frederico Marques que 
a lei nova, em período de VACATIO LEGIS NÃO ESTÁ EM VIGOR, motivo pelo qual as 
relações sociais encontram-se sob regência da lei antiga. Somente quando uma lei deixa 
de vigorar, outra lhe pode ocupar o espaço, produzindo efeitos. ESSA POSIÇÃO SERIA A 
MAIS ACEITA, pois não se compreende que uma norma tenha validade para beneficiar 
réus em geral, mas não possa ser aplicado ao restante da população, o que não ocorreria 
se a primeira posição fosse adotada. 
 
OBS.: AUTORIDADE JUDICIÁRIA COMPETENTE PARA APLICAR A LEI PENAL MAIS 
BENÉFICA: Em síntese, podemos concluir que dependerá do caso concreto. Vejamos: 
 
a) JUIZ DE PRIMEIRO GRAU - processo de conhecimento: é quando o processo 
criminal encontra-se em andamento, até a prolatação da sentença. Com a 
publicação da sentença O JUIZ ESGOTA sua atividade jurisdicional, NÃO 
PODENDO ATUAR NO PROCESSO. 
 
b) FASE RECURSAL - instância superior: encontrando-se o processo em grau de 
recurso, a competência para examinar a hipótese de lei penal mais benéfica, 
anterior ou posterior, é do Tribunal ao qual se destina o recurso, mesmo que os 
autos não tenham subido. 
 
c) FASE EXECUTÓRIA - com o transito em julgado: nesta hipótese, podem-se citar 
duas orientações a respeito. Nessa hipótese, podem-se criar duas orientações. 1. 
CABE AO JUIZ DA EXECUÇÃO PENAL, segundo dispõe a súmula 611 do STF, 
 
 
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quando a lei mais benigna consistir em lei nova o art 13 da LICPP dispõe, e ao art 
66,I, da LEP: que tem os seguintes enunciados: SÚMULA 611, STF: Transitada em 
julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de 
lei mais benigna. 
 
OBS.: COMBINAÇÃO DE LEIS PENAIS: questão tormentosa a ser analisada no conflito 
intertemporal: na busca da lei mais favorável é possível CONJUGAR os aspectos 
favoráveis da lei anterior com os aspectos favoráveis da lei posterior? Vejamos uma 
interessante discussão que chegou a apreciação do STF: 
 
Em recente julgamento, os ministros do STF discutiram acirradamente sobre a viabilidade 
jurídica da chamada combinação de leis em casos de tráfico de drogas. O problema: a 
antiga lei de drogas (Lei 6.638/76) estabelecia para o traficante uma pena de 3 a 15 anos 
de prisão, e não previa qualquer causa de diminuição desta mesma pena. O novo texto 
legal (Lei 11.343/06) fixou uma pena maior para o traficante (5 a 15 anos) mas, por outro 
lado, criou uma causa de diminuição de 1/6 a 2/3 se o réu for primário, tiver bons 
antecedentes e não integrar organização criminosa (art.33, §4º). 
 
Em outras palavras: se a nova lei, por um lado, é prejudicial ao réu, vez que aumenta a 
pena, por outro é benéfica, porque cria minorante antes inexistente. 
 
O centro do debate: a Constituição e o Código Penal apontam que a lei penal não 
retroage, salvo para beneficiar o réu. No caso, parte da nova lei beneficia o réu (criação 
de uma causa de diminuição) e parte o prejudica (aumento da pena). A questão: é 
possível fazer retroagir apenas os dispositivos mais benéficos e impedir a aplicação dos 
mais graves? Eis a discussão no RE 596152/SP no STF. 
 
A discussão não é nova, vez que a suposta combinação de leis já foi debatida quando da 
alteração das regras de livramento condicional (STF, HC 68416) e das modificações do 
art.366 do CPP sobre citação por edital (embora aqui a discussão misture questões 
penais com processuais), dentre outros casos. 
 
No caso da lei de drogas, os ministros Lewandowski, Carmen Lucia, Joaquim Barbosa, 
Luiz Fux e Marco Aurélio decidiram pela unidade legal. Reconheceram que a lei penal 
mais benéfica retroage, mas negaram a possibilidade da retroação em partes ou em tiras, 
com base em doutrina de Hungria Aníbal Bruno, Heleno Cláudio Fragoso, Jair Leonardo 
Lopes, Paulo José da Costa Júnior, Von Lizt, Claus Roxin. Para eles, ou bem se aplica a 
nova lei na integra – com a pena maior e com a causa de diminuição — ou vale a lei 
anterior, também na integra – com a pena menor e sem a causa de diminuição. A 
retroação de apenas parte da lei, e sua mescla com dispositivos do texto anterior, criaria 
uma terceira lei incompatível com a vontade do legislador. 
 
Os ministros Ayres Britto, Cesar Peluso, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Celso de Mello 
entenderam de outra forma. Para eles, será impossível aplicar a pena mais grave da nova 
lei porque evidentemente prejudicial ao réu, mas é perfeitamente adequada a causa de 
diminuição porque tal novidade beneficia o acusado. O juiz — no caso concreto — não 
criaria uma nova lei, “mas se movimentaria dentro dos quadros legais para uma tarefa de 
integração perfeitamente possível” (voto Min. Peluso). Na doutrina, adotam posição 
 
 
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semelhante Cezar Bittencourt, Magalhães Noronha, José Frederico Marques, Francisco 
de Assis Toledo, Damásio de Jesus e Celso Delmanto. 
 
Mas o debate está longe do fim. A controvérsia no STF resultou em empate (5x5). O 
empate beneficia o réu (RISTF, art.146), razão pela qual prevaleceu a segunda posição, 
que admite a combinação de leis, mas o assunto não é pacífico e deve retornar à pauta 
da Corte em breve. 
 
No STJ há decisão que impossibilitou a combinação: STJ – 3ª S. – I 432: “a verificação da 
lex mitior no confronto de leis é feita in concreto, pois a norma aparentemente mais 
benéfica em determinado caso pode não sê-lo em outro. Daí que, conforme a situação, há 
retroatividade da norma nova ou a ultra-atividade da antiga (princípio da extra-atividade). 
Isso posto, o § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006, não pode ser combinado ao conteúdo 
do preceito secundário do tipo referente ao tráfico previsto no art. 12 da Lei n. 6.368/1976, 
a gerar terceira norma, não elaborada e jamais prevista pelo legislador. A aplicação dessa 
minorante, inexoravelmente, aplica-se somente em relação à pena prevista no caput do 
art.

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