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Educação a Distância – Psicologia – Aula 01 PSICOLOGIA, CIÊNCIA E PROFISSÃO Como já foi estudado no tema anterior, a palavra Psicologia tem sua origem na junção de duas palavras gregas: logos (estudo ou discurso) e psyche (alma ou espírito). Assim, a Psicologia seria o estudo da alma. Contudo, esta palavra foi usada por vez primeira por Melanchton, discípulo de Lutero, no séc. XV. Atrelada à Filosofia, o significado alterou-se com o tempo e se passou a traduzir psyche por mente e a Psicologia passou a ser a ciência da mente. As dificuldades perante este conceito abstrato e amplo foram muitas. Não se conseguia chegar a um acordo. Pode- se afirmar que esta definição de "estudo da mente" é a causa de superstições e preconceitos que, até hoje, persistem ao redor da figura do psicólogo, visto como aquele vidente que possui poderes especiais para identificar problemas e sentimentos dos outros e para interferir em seus pensamentos. A Psicologia como ciência do comportamento humano A Psicologia somente conseguiu ganhar o status de ciência (integrando-se às Ciências Humanas) à medida que definiu seu objeto e métodos de uma forma mais específica. Assim, a Psicologia seria a ciência do comportamento dos seres vivos. Neste sentido, e superando a visão comportamentalista de que somente as reações diretamente observáveis devem ser consideradas, entendemos o comportamento humano como as atividades da pessoa na sua totalidade: "A psicologia não é a ciência apenas das manifestações observáveis e nem apenas dos fenômenos mentais, mas abarca o estudo de todas as manifestações do ser humano" (Bleger, 1979). Isto significa enxergar o ser humano como uma unidade indivisível e seu comportamento como produto da interação de múltiplos fatores orgânicos, cognitivos, emocionais e sociais. Mas, quando a Psicologia estuda os fenômenos não observáveis continua sendo uma ciência? Desde uma visão positivista da ciência, esta pergunta tem sua razão de ser. Por isso é importante ter presente neste tema o que entendemos por ciência, isto é, o conjunto de conhecimentos sistematizados, obtidos por uma atividade humana que segue métodos rigorosos. Não é suficiente delimitar um objeto de estudo. É imprescindível seguir o método científico, "o conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, a serem vencidas na investigação da verdade ou para alcançar um fim" (Ferreira de Aguiar, 1992). O método é científico na medida em que garante o rigor e exatidão dos conhecimentos obtidos. São características da abordagem científica a objetividade, o rigor é a clareza metodológica. De acordo com este conjunto de proposições definidas tradicionalmente como método científico o pesquisador: a) coleta dados de forma sistemática; b) os avalia; c) analisa e infere conclusões; d) as divulga; e) apresenta os resultados de forma a favorecer a réplica da pesquisa; f) integra esse resultados a outros obtidos noutras pesquisas, reformula os conhecimentos anteriores e realiza novos estudos; e g) generaliza, na medida do possível, os conhecimentos obtidos propondo leis universais. Educação a Distância – Psicologia – Aula 01 Diferentes métodos podem ser científicos. A questão chave na Psicologia e distinguir fatos de inferências: através da conduta observável podem ser inferidos os fenômenos não observáveis. O resultado dessas inferências, se seguido o método científico no processo, é científico. Entretanto, nem todas as teorias psicológicas apresentam o mesmo grau de objetividade e de valor científico. Critérios de validade científica poderiam ser: - Capacidade de explicar fatos psicológicos. - Possibilidade de revelar relações não conhecidas entre conceitos e fatos observados. - Capacidade de levantar hipóteses e sugestões de explicação do comportamento passíveis de verificação posterior. A Psicologia é uma ciência jovem com um objeto complexo. Nem sequer possui uma teoria aceita de forma unânime pela comunidade científica. Não é compartilhado pelos psicólogos um único paradigma. Existem diferentes escolas e teorias psicológicas que não possuem caráter definitivo, estando sujeitas a uma continua reformulação. A pretensão que toda ciência tem de entender, predizer e controlar os fenômenos que estuda é claramente inviável até pelo objeto de estudo da Psicologia: o comportamento humano. A Psicologia como profissão Tradicionalmente, nos meios acadêmicos e com uma finalidade apenas didática, se faz uma distinção entre ciência "pura" e "aplicada". A primeira busca o conhecimento desinteressado e a segunda busca usar o conhecimento em alguma área da atividade humana. Na realidade existe uma relação íntima entre as duas, mas vai nos servir a distinção para compreendermos a amplitude e abrangência da Psicologia. Os principais campos da Psicologia dedicados à investigação científica básica seriam: - Psicologia Geral: estuda o objeto, métodos e princípios gerais. - Psicologia Fisiológica: estuda a influência das estruturas fisiológicas no comportamento. - Psicologia do Desenvolvimento: estuda as mudanças que ocorrem ao longo de ciclo vital dos indivíduos. - Psicologia Animal o Comparada: estuda o comportamento animal. - Psicologia Social: estuda as situações em que o comportamento humano é influenciado e influencia o de outras pessoas e grupos. - Psicologia Diferencial: estuda as variáveis individuais, suas causas e efeitos sobre o comportamento.. - Psicopatologia: estuda o comportamento anormal. - Psicologia da Personalidade: busca a integração compreensiva da totalidade dos dados obtidos em todas as áreas. Igualmente existem diversos ramos da Psicologia aplicada. Por exemplo: - Psicologia Clínica. - Psicologia Educacional (Escolar). Educação a Distância – Psicologia – Aula 01 - Psicologia do Trabalho e das Organizações. - Psicologia da Saúde (Hospitalar). - Psicologia Ambiental. - Psicologia Jurídica. O psicólogo é o profissional que fez o curso de graduação em Psicologia e que trabalha nestas áreas de forma especializada. Contudo, muitas pessoas o confundem com a figura do psiquiatra, o médico especializado em distúrbios mentais e que tem como prerrogativa exclusiva à prescrição de drogas, ou com o psicanalista, aquele profissional habilitado em cursos específicos a usar a psicanálise. Outros profissionais do campo educacional, social ou da saúde, como o pedagogo, o assistente social ou terapeuta ocupacional, têm na Psicologia um instrumento importante de trabalho. De fato, a interdisciplinariedade, hoje, é uma realidade e exigência não exclusiva da ciência psicológica. Referências bibliográficas FERREIRA DE AGUIAR, Maria Aparecida. Psicologia aplicada à administração. São Paulo: Excellus, 1992. BRAGHIROLLI, Elaine Maria; BISI, Guy Paulo; RIZZON, Luiz Antônio; NICOLETTO, Ugo. Psicologia Geral. Petrópolis: Vozes, 2003.
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