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Introdução ao Processo Penal

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UFRN
CURSO DE DIREITO
DISCIPLINA: PROC.PENAL I
 UNIDADE 01 – AULA 01
DOCENTE: ESP. SAULO DE MEDEIROS TORRES
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01) Processo Penal: Linhas introdutórias
1.1 – Conceito de processo penal
 Na doutrina, aponta-se tradicionalmente o conceito trazido por Frederico Marques, sobre o que é processo penal (ex: Capez, Távora e Alencar):
 “é o conjunto de princípios e normas que regulam a aplicação jurisdicional do direito penal, bem como as atividades persecutórias da Polícia Judiciária, e a estruturação dos órgãos da função jurisdicional e respectivos auxiliares”.
 Além desse conceito pode-se apontar as lições trazidas por Nucci: “O Direito Processual Penal é o corpo de normas jurídicas com a finalidade de regular o modo, os meios e os órgãos encarregados de punir do Estado, realizando-se por intermédio do Poder Judiciário, constitucionalmente incumbido de aplicar a lei ao caso concreto”.
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1.1 – Conceito de processo penal
Fonte: Noberto Avena – Processo Penal Esquematizado
Távora e Alencar destacam o papel que o processo penal possui na efetivação do direito penal. 
Ponto para aprofundamento: Relação entre Processo Penal e Constituição
Eugenio Pacelli fala que originalmente o CPP (DL 3.689/1941) recebeu influências da legislação processual italiana da década de 1930, tendo como princípio norteador a presunção de culpabilidade.
Pode-se perceber a mudança de paradigma trazido com a Constituição Federal de 1988
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1.2 – Sistemas regentes do processo penal
Nucci ensina que historicamente há três sistemas regentes do processo penal:
a) Sistema inquisitivo
b) Sistema acusatório
c) Sistema misto
Pacelli aponta a diferença principal entre os sistemas inquisitivo e acusatório: “inquisitorial seria o sistema em que as funções de acusação e de julgamento estariam reunidas em uma só pessoa (ou órgão), enquanto o acusatório seria aquele em que tais papéis estariam reservados a pessoas (ou órgãos) distintos”.
Outro ponto usado para diferenciar os sistemas inquisitivo e acusatório é a incidência dos princípios do contraditório, da ampla defesa e da publicidade dos atos processuais.
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1.2 – Sistemas regentes do processo penal
Segundo Aury Lopes Júnior, no sistema inquisitivo: “Não existe imparcialidade, pois uma mesma pessoa (juiz-ator) busca a prova (iniciativa e gestão) e decide a partir da prova que ela mesma produziu”. Conferir: Art. 156,I/CPP 
Outras características que Lopes Júnior aponta: a) Não aplicação do princípio ‘’ne procedat iudex ex officio’’; b) gestão/iniciativa probatória nas mãos do juiz.
No sistema acusatório, em razão da separação das funções de acusar, defender e julgar, a imparcialidade judicial é uma de suas características básicas.
Renato Brasileiro aponta como outras características do sistema ausatório a oralidade, a publicidade e a incidência do princípio da presunção de inocência.
Em Lopes Júnior podemos encontrar outras características do sistema acusatório: a) a iniciativa probatória deve ser das partes; b) incidência do duplo grau de jurisdição; c) tratamento igualitário das partes.
 
 
	
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1.2 – Sistemas regentes do processo penal
 O sistema misto, segundo Nucci, é caracterizado pela separação do processo em duas fases: “a instrução preliminar, com os elementos do sistema inquisitivo, e a fase de julgamento, com a predominância do sistema acusatório”. No mesmo sentido: Lopes Júnior.
 No sistema misto, de acordo com Renato Brasileiro, a finalidade da primeira etapa é apurar a materialidade e a autoria do fato delituoso. Já na segunda etapa, o órgão acusador apresenta a acusação, o réu se defende e o juiz julga
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1.3 – Fontes do processo penal
 “Fonte é o lugar de onde algo se origina. Em Direito, analisamos dois enfoques: fontes criadoras e fontes de expressão da norma” (NUCCI).
 As fontes do processo penal podem ser classificadas em materiais e formais (NUCCI; TÁVORA E ALENCAR; AVENA).
 A competência para legislar sobre processo penal é privativa da União (Art. 22, I da CRFB/1988).
 Em relação ao direito penitenciário e a procedimentos em matéria processual, a competência legislativa é concorrente (Art. 24, I e XI da CRFB/1988).
 Aponta-se como fontes formais imediatas: CF, EC, LO, LC, tratados internacionais 
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1.3 – Fontes do processo penal 
 Como fontes formais indiretas aponta-se:
a) Princípios Gerais do Direito: Art. 3°/CPP
b) Doutrina
c) Costumes: Art. 4°/LINDB. Avena aponta que no processo penal, em regra, somente admite-se os costumes secundum legem e praeter legem. Um exemplo de costume citado por Nucci é o uso da veste talar em audiências.
d) Analogia: Art. 3°/CPP e Art. 4°/LINDB. Távora e Alencar dizem que no processo penal a analogia pode ser utilizada mesmo se prejudicar o réu. Os autores comentam que é preciso ter cautela quando se tratar de flexibilização de direitos fundamentais e na restrição cautelar de liberdade.
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1.4 – Interpretação da lei processual penal
 Art. 3°/CPP
 
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1.5 – Aplicação subsidiária do NCPC ao Processo Penal
 
 Art. 15/NCPC; Art. 1.046, § 4°/NCPC
 Segundo Távora e Alencar: “O Novo CPC só terá aplicação em sede processual penal nos casos em que o Código de Processo Penal ou legislação processual penal especial não dispuser sobre o assunto”. 
 Em linha de princípio, o Novo CPC não prevalece sobre o que o CPP regulou de maneira expressa, em face da diversidade essencial dos objetos regulados” (TÁVORA; ALENCAR). Ex: Art. 219/NCPC e Art. 798/CPP (R.Brasileiro).
 Os citados autores dizem que os processos criminais não estão submetidos a ordem cronológica de julgamento, uma das mudanças do NCPC mais festejadas pela doutrina.
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1.6 – Lei processual penal no espaço
Fazer leitura do Art. 1°/CPP (caput e incisos).
Princípio do locus regit actum 
Princípio da territorialidade absoluta
A lei processual penal não possui extraterritorialidade. Távora e Alencar apontam algumas exceções.
A Lei de Imprensa não foi recepcionada pela CRFB/1988 (ADPF 130/STF).
Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas (CVRD).
Estatuto de Roma – Art. 5°, § 4°da CRFB/1988; Decreto Legislativo 112/2002.
Jurisdição política – Art. 52, I e II da CRFB/1988 e Lei 1.079/1950
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1.6 – Lei processual penal no espaço
O inciso IV do Art. 1° do CPP não foi recepcionado pela CRFB/1988: Conferir a Lei 7.170/1983 e o Art. 109, IV da CRFB/1988.
Código Penal Militar (CPM) – Decreto Lei 1.001/1969
Código de Processo Penal Militar (CPPM) – Decreto Lei 1.002/1969 
Crimes eleitorais – Lei 4.737/1965
Por território entende-se: a) Solo; b) Subsolo; c) Mar territorial; d) Plataforma continental; e) Espaço aéreo; f) Art. 5°, § 1°/CP
O Art. 6°/CP adotou a chamada teoria da ubiquidade. 
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1.7 – Lei processual penal no tempo 
Fazer leitura do Art. 2°/CPP.
Princípio do tempus regit actum 
Princípio da aplicação imediata, mesmo que seja prejudicial ao réu.
Os atos processuais anteriores continuam válidos. Já os atos processuais futuros devem ser praticados de acordo com a nova lei.
Adoção do sistema do isolamento dos atos processuais. Exceção: O Art. 6°/LICPP adotou-se o sistema das fases processuais.
Ponto para aprofundamento 01: Normas heterotópicas e normas híbridas
Ponto para aprofundamento 02: Lei processual penal no tempo e a Lei 11.689/2008
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1.8 – Princípio da presunção de inocência 
Presunção de não culpabilidade
Previsão: Art. 5°, LVII da CRFB/1988; Art. 8.2/CADH; Art. 14.2/PIDCP
Nucci traz sua ideia central: “Tem por objetivo garantir, primordialmente, que o ônus da prova cabe à acusação e não à defesa”.
Autores como Pacelli, R.Brasileiro e Távora e Alencar abordam a presunção de inocência em duas perspectivas 
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1.9 – Princípio da imparcialidade do juiz
Ideia central: “Consistente em não poder ter vínculos subjetivos com o
processo de modo a lhe tirar o afastamento necessário para conduzi-lo com isenção” (TÁVORA E ALENCAR). 
Esse princípio seria uma decorrência do princípio do juiz natural 
Institutos do impedimento e da suspeição – Arts. 252 e 254/CPP
Garantias da irredutibilidade de subsídios, da vitaliciedade e da inamovibilidade.
A CADH trata da imparcialidade do juiz em seu Art. 8°, item 1.
 “Para não perder a sua imparcialidade, não pode o juiz agir de ofício para dar início à ação penal” (NUCCI). Nucci aponta que o Art. 195/LEP seria uma exceção.
 
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1.10 – Princípio da igualdade processual
Nomenclatura: Paridade de armas
Ideia: consagra o tratamento isonômico das partes no transcorrer processual, em decorrência do próprio art. 5º, caput, da Constituição Federal (TÁVORA; ALENCAR).
Em alguns casos, o interesse do acusado deve prevalecer (favor rei). Ex: CPP, Art, 386, VII e Art. 621 
Noberto Avena nos traz outro significado que pode ser extraído do mencionado princípio: “As partes, em juízo, devem contar com as mesmas oportunidades e ser tratadas de forma igualitária”.
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1.10 – Princípio do contraditório
Previsão: Art. 5°, LV da CRFB/1988. Art. 261/CPP
Binômio ciência + participação.
Permitir que as partes influenciem no convencimento do juiz. 
Alguns autores falam que pode-se falar em contraditório para a prova e sobre a prova.
Uma nomenclatura que é encontrada na doutrina e jurisprudência é o chamado contraditório diferido ou postergado: “consiste em relegar a momento posterior a ciência e impugnação do investigado ou do acusado quanto a determinados pronunciamentos judiciais” (AVENA). Ex: Interceptação telefônica.
Prevalece o entendimento segundo o qual o contraditório não incide na fase de inquérito policial.
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