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16.Dir. Civil V Noçõe Gerias do Contrato de Constituição de Renda

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16. Noções Gerais do Contrato de Constituição de Renda
O contrato de constituição de renda não é um instrumento novo das relações cíveis, já estava presente no Direito Romano, se desenvolvendo em épocas de influência da igreja, objetivando prevenir a usura. No Código Civil de 1916, este contrato era chamado de “Rendas constituídas sobre imóveis”(CC/16, art. 749 a 754). Sua natureza jurídica era de direito real, tendo por objeto um capital em imóveis. Era definido como um direito real temporário, que gravava determinado bem em raiz, obrigando o seu proprietário a pagar prestações periódicas, de soma determinada. Foi um instituto jurídico largamente empregado como forma de aplicação de capitais. Era um dos ônus vinculados à propriedade imobiliária que desfrutava de maior prestígio, porque possibilitava a frutificação do capital imobiliário sem o risco de ser condenada como negócio usurário. Afirma-se ter sido expediente para contornar a proibição de juros, que, então, era extremamente severa. O novo Código Civil não contempla a renda constituída sobre imóveis no rol dos direitos reais. Como direito obrigacional, o objeto do capital pode ser constituído tanto por móveis como por imóveis. No cenário globalizado no qual estamos inseridos, o contrato de constituição de renda mostra-se extremamente inútil e em desuso.
O presente artigo irá abordar a evolução deste contrato buscando defini-lo e caracteriza-lo para que se possa entender o seu desprestígio na atualidade.
16.1 - Histórico
A constituição de renda, embora presente em raízes do Direito Romano, somente se desenvolveu em épocas mais recentes, em locais de influência da igreja, a fim de prevenir a usura. Busca-se no censo consignativo a origem da constituição de renda sobre imóvel. Por meio desse negócio, o alienante de um imóvel reservava para si os frutos, sob a forma de prestação anual perpétua. Pelo censo reservativo, alguém se obrigava a prestação anual a ser paga pelo adquirente e sucessores, mediante o recebimento de certo capital. Quando essa obrigação gravava um prédio, era de natureza perpétua, não podendo ser remida ou resgatada. Distinguia-se do mútuo, porque no censo não havia obrigação de restituir a coisa. Na verdade, tratava-se de um empréstimo com garantia real. O proprietário do bem entregue pagava juros perpétuos sobre capital que não podia restituir. O direito moderno não admite rendas perpétuas. O instituto ora sob enfoque tem limite temporal na morte do beneficiário ou em prazo determinado.
No Código Civil de 1916, o instituto em análise, tinha a natureza jurídica de direito real, gerando efeitos erga omnis. A crescente instabilidade econômica associada à evolução jurídica - que introduziu no sistema institutos mais eficientes, de menor complexidade, que fornecem resultados equiparáveis ao obtido com o instrumento antes denominado de “Rendas constituídas sobre imóveis” - causaram o declínio deste último, levando o legislador a alterar sua natureza jurídica, na reforma do Código Civil, enquadrando o instituto no rol dos direitos contratuais. Passou a ser denominado de “Contrato de constituição de renda”, gerando efeitos apenas entre os contratantes, estando regulado nos arts. 803 a 813 do Código Civil de 2002.
16.2 - Definição
Na lição de CLÓVIS BEVILÁQUA, renda vem a ser “a série de prestações em dinheiro ou em outros bens, que uma pessoa recebe de outra, a quem foi entregue para esse efeito certo capital”(DINIZ,2002,pg .488). Logo, a constituição de renda seria o contrato pelo qual uma pessoa – rendeiro ou censuário – se obriga a fazer certa prestação periódica à outra – o instituidor – por um prazo determinado, em troca de um capital que lhe é entregue e que pode consistir em bens móveis, imóveis ou dinheiro.
Nesse contrato, A transfere a B a propriedade de um capital, por não estar seguro de que vai apurar renda suficiente para a sua sobrevivência; B deverá, então, pagar uma renda, vitalícia ou não, ao próprio instituidor ou a terceiro, que será o beneficiário. B se comprometerá, portanto, a efetuar uma série de prestações periódicas, em dinheiro ou em outros bens, durante prazo certo ou incerto. Será certo, quando o termo final for dies certus, e incerto, se relacionado a um fato certo, mas de ocorrência incerta, como a hipótese do falecimento do beneficiário. Há uma troca de renda por um capital.
Portanto, dois são os seus titulares: o censuário ou rendeiro, que recebe o capital com o encargo de pagar certa renda; é o devedor da renda e o adquirente do capital; e o censuísta ou instituidor, que entrega o capital e constitui renda em benefício próprio ou alheio; é o credor da renda.
O contrato pode adquirir o caráter de plurilateral, pelo desdobrar-se da pessoa do instituidor. Com efeito, é possível que o instituidor se proponha a transferir um capital ao censuário, a fim de que este pague uma renda vitalícia a terceira pessoa, que assume o nome de beneficiário.
Desse negócio, que em tudo constitui uma estipulação em favor de terceiro, surgem relações complexas. Para o censuário o negócio continua a ser oneroso e bilateral, porque lhe cumpre fornecer uma renda, em troca de um capital que adquire. Nas relações entre o instituidor e o beneficiário, o negócio pode ser oneroso ou gratuito, conforme este último deva, ou não, àquele, qualquer contraprestação. Se a estipulação foi feita sem qualquer retribuição, o negócio é gratuito, equiparando-se a uma doação. Caso contrário, é oneroso.
Assim é definido esse negócio pelo Novo Código Civil(lei 10.406/2002) no art.803: 
Art.803. Pode uma pessoa, pelo contrato de constituição de renda, obrigar-se para com outra a uma prestação periódica, a título gratuito. 
Complementa o art. 804, in verbis:
Art.804. O contrato pode ser também a título oneroso, entregando-se bens móveis ou imóveis à pessoa que se obriga a satisfazer as prestações a favor do credor ou de terceiros.
Só a titulo comparativo, o Código de 1916 assim conceituava esse negócio:
Art. 1.424. Mediante ato entre vivos, ou de última vontade, e título oneroso, ou gratuito, pode constituir-se, por tempo determinado, em benefício próprio ou alheio, uma renda ao prestação periódica, entregando-se certo capital, em imóveis ou dinheiro, a pessoa que se obrigue a satisfazê-la.
16.3 – Características
A constituição de renda é instituto de difícil caracterização jurídica, podendo assumir aspectos diversos conforme o ângulo pelo qual seja examinada. É um contrato que pode ser:
Bilateral ou Unilateral: será bilateral se ambos os contraentes tiverem direitos e deveres, e unilateral, se só um deles tiver vantagens. Parece contraditório afirmar que tal contrato possa ser unilateral. Mas não é. Autores como ORLANDO GOMES(1998), MARIA HELENA DINIZ(2002) e CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA(2002) afirmam existir a sua unilateralidade. Consoante seja oneroso ou gratuito, toma o aspecto de bilateral ou unilateral, respectivamente. Ou seja, é bilateral quando oneroso, e unilateral quando gratuito;
 Oneroso ou Gratuito: na constituição de renda a título gratuito, o devedor institui a renda por liberalidade, sem receber a tradição de um capital da parte do beneficiário, caso em que à constituição da renda inter vivos se aplicam as regras da doação, e causa mortis as do testamento. Por não importar em obrigações correspectivas, se reveste de caráter unilateral; na a título oneroso, o seu caráter é bilateral ou sinalagmático; no primeiro caso, título gratuito, surge como uma figura autônoma, enquanto que, sendo a título oneroso, assume o aspecto de uma comprar e venda, de um empréstimo ou ainda de uma forma particular de contrato, gerando benefícios ou vantagens para ambas as partes, o que justifica a sua bilateralidade, pois haverá uma contraprestação;
Comutativo ou Aleatório: será comutativo se o devedor da renda, ao receber o capital, ficar obrigado a efetuar certo número de prestações por tempo fixo; e aleatório se, sendo oneroso, sua obrigação se estender por toda a vida do devedor, mas não a do credor, seja ele ocontratante, seja o terceiro, caso em que poderá ser vantajoso ou não para um e outro contraente, uma vez que, sendo incerta a data da morte do rendeiro, ganhará a parte obrigada a pagar a renda se for curto o período de vida, e perderá se for longo. A aleatoriedade decorre da incerteza em relação à duração da vida do credor da renda;
Real ou Consensual: a maioria dos autores, quer estrangeiros, quer nacionais, entende que se trata de contrato real que só se aperfeiçoa pela tradição do capital ou da transcrição do instrumento translativo no Registro de Imóveis, quando o mesmo consistir em um imóvel. Há autores, como SERPA LOPES (1999), que contestam tal ponto de vista, entendendo que o mero consenso das partes obriga ao cumprimento do prometido, ficando desde logo aperfeiçoado o contrato, mesmo antes da transferência do capital. SILVIO RODRIGUES(2003) acha justa tal concepção e afirma que se o contrato fosse real, ele deixaria de ser bilateral, isso porque, uma vez entregue o capital pelo instituidor ao censuário, não haveria para aquele qualquer outra obrigação.
Convém observar, entretanto, que os bens dados em compensação da renda caem, desde a tradição, no domínio da pessoa que por aquela se obrigou.(CC, art.809);
Temporário: não sendo permitida a sua perpetuidade, deverá ser convencionado por tempo certo ou incerto, isto é, enquanto viver o instituidor ou o beneficiário, caso em que se terá renda vitalícia, que cessará com o falecimento do credor da renda, não se transmitindo a seus herdeiros. Quando a constituição de renda é vitalícia, o negócio se revela aleatório, pois a prestação do censuário será maior ou menor, conforme a vida do beneficiário se prolongue mais ou menos. O Código Civil de 1916 não cuidava da renda vitalícia, e sim, se referia a uma renda por prazo determinado, parecendo, portanto, afastar a álea desse tipo de negócio. Afirma o autor JOÃO LUIZ ALVES (RODRIGUES, 2003) que a expressão usada pelo legislador não proibiu que se determinasse ser a renda devida durante a vida do beneficiário. Pois por prazo determinado não se deve entender apenas um número de dias, meses ou anos, mas um prazo que tenha não só um início como também um termo fixado na convenção, termo este que pode ser incerto, como a morte do beneficiário. Neste caso, é incerta a duração do negócio, mas é determinada a época da extinção da obrigação. Tal entendimento foi consagrado no art. 806 do Código de 2002, que expressamente admite a constituição de renda vitalícia; 
Formal: por se exigir forma especial para a sua celebração; mas, se o capital for imóvel, será necessária a escritura pública, e, além disso, pela sua finalidade impõe-se que se perfaça também por instrumento público, quando se tratar de entrega de capital em dinheiro ou bem móvel.
MODOS CONSTITUTIVOS
A renda pode ser constituída:
Por ato “inter vivos”, isto é, por contrato a título oneroso ou gratuito. Será oneroso se uma das partes der o capital, para que a outra lhe pague uma renda, e gratuito, se o instituidor celebrar contrato com o intuito de fazer uma liberalidade em benefício do credor da renda, aproximando-se da doação;
Por ato “causa mortis”, ou seja, por testamento. A hipótese ocorreria quando o testador, transferindo bens a um herdeiro ou legatário, condicionasse a validade da disposição a que o sucessor fornecesse, a terceira pessoa, determinada renda. Ou seja, quando o testador lega a alguém um bem com o encargo de pagar, durante certo lapso de tempo, certa renda a determinada pessoa; A renda apenas poderá ser instituída e mantida em favor de pessoa viva, sob pena de nulidade.
Se o beneficiário morre no momento seguinte ao ajuste, mas em consequência de outro mal, de que não padecia no instante anterior, o negócio é válido, porque não se impediu a incidência da álea.
Por sentença judicial, proferida em ação de responsabilidade civil, que condene o réu a prestar alimentos ao ofendido ou a pessoa da família deste, como disciplinam os art.948, II e art.950 do Código Civil de 2002. O art.950 trata de indenização por ofensa que resultar em defeito físico, determinado a fixação de pensão, assim como a indenização por homicídio tratado no art.948,II. O Código de Processo Civil no seu art.602 versa sobre a indenização por ato ilícito que inclui prestação de alimentos, onde o juiz, quanto a esta parte, condenará o devedor a constituir um capital, cuja renda assegure o seu cabal cumprimento. A execução de sentença condenatória de prestação alimentícia é uma execução por quantia certa, subordinada, em princípio, ao mesmo procedimento das demais dívidas de dinheiro(art.732, caput).
Dada a relevância do crédito por alimentos e as particularidades das prestações a ele relativas, o Código acrescenta ao procedimento comum algumas medidas tendentes a tornar mais pronta a execução e a atender certos requisitos da obrigação alimentícia. A primeira delas refere-se à hipótese de recair a penhora em dinheiro, caso em que o oferecimento de embargos não obsta a que o exequente levante mensalmente a importância da prestação (art.732, parágrafo único), o que será feito independentemente da caução. Outras são a possibilidade de prisão civil do devedor e o desconto da pensão em folhas de pagamento, o que, evidentemente, importa certas alterações no procedimento comum da execução por quantia certa.
EFEITOS O CONTRATO DE CONSTITUIÇÃO DE RENDA
Forma de pagamento
Quando não for estipulado pagamento antecipado, a renda deverá ser paga pontualmente, sendo seu caráter de fruto civil.
O credor terá direito à renda dia a dia, de valor proporcional à quantia total de certo período, devendo ser cobrada apenas após o esgotamento de cada período determinado. Se a prestação não for paga antecipadamente, no início dos períodos pré-fixados, o atraso gerará pleno cumprimento da obrigação, inclusive na hipótese de morte do beneficiário nesse meio tempo. Quando se tratar de prestação alimentícia o pagamento deverá ser antecipado.
Início do cumprimento
O cumprimento da obrigação estabelecida contratualmente poderá se iniciar na data de formação desta, em dia pré-fixado ou quando ocorrer a morte do instituidor, e esta determinar o início do cumprimento contratual. Se deixada renda a título de alimentos, o pagamento deverá ser adiantado, salvo se o testador se manifestar de modo divergente.
Perecimento
O rendeiro arcará com eventual perecimento do objeto transferido, por serem seus os riscos da coisa. Já a evicção será sempre de responsabilidade do instituidor.
Inadimplemento
O rendeiro inadimplente poderá ser obrigado ao pagamento de parcelas atrasadas e garantia do pagamento das demais, sob pena de rescisão contratual. Também poderá ser exigida garantia de cumprimento da obrigação quando a situação financeira do rendeiro gerar dúvidas.
Direito de Resgate
Caberá ao devedor o direito de resgate, reembolsando o capital, sem possibilidade de oposição pelo credor.
Dos Credores
Se a renda for instituída para mais de uma pessoa sem determinação da quantia a ser paga a cada uma, presumir-se-ão equivalentes às cotas devidas. Não cabe aumento de cota dos sobreviventes em função de falecimento dos demais, assim como não é justificada a extinção contratual por esse motivo, salvo se os contraentes estipularam tal beneficiamento, ou quando os beneficiários forem cônjuges.
Possibilidade de impenhorabilidade
A isenção no que se refere às execuções pendentes e futuras poderá ser determinada por ato do instituidor quando o contrato for gratuito, dada a independência entre este e credores do rendeiro, e a necessidade de satisfação do crédito. Nas hipóteses dos montepios e pensões alimentícias estará presumida a impenhorabilidade, justificada pelo caráter assistencial deste contrato.
Desapropriação
Se houver desapropriação do imóvel sobre o qual vai incidir a obrigação, poderá ser exigida do devedor da renda a aquisição de outro imóvel, que se sub-rogará neste ônus.
CAUSAS EXTINTIVAS DA CONSTITUIÇÃO DE RENDA
A Constituição de Renda poderá se extinguir como advento do termo, em função desta necessidade legal por prazo determinado.
Caso ocorra morte do beneficiário antes da constituição ou nos trinta dias subsequentes (se a causa for moléstia pré-existente, não incidindo neste caso as hipóteses e gravidez e velhice), ensejará nulidade da constituição de pleno direito, posto que será contrato estabelecido sem sujeito, é impossível o cumprimento das prestações, o que representaria também benefício indevido.
Já o resgate é a faculdade do devedor de cumprimento antecipado da obrigação (antes tempus X pro rata tempore). Poderá, entretanto, ser ajustado entre as partes. Normalmente é voluntário, mas poderá ser necessário quando ocorrer a falência do censuário. Conforme GOMES (1998) a quitação do compromisso vinculado a imóvel deverá se dar de modo que o rendimento do bem, no caso imóvel, liberado assegure o recebimento da renda pelo credor. Se não for vinculada a imóvel poderá assegurar o pagamento de determinado capital, correspondente ao que seria percebido durante a duração do contrato.
O falecimento do devedor também poderá determinar sua extinção, se a constituição foi feita em função de sua vida, ou por meio de doação. Se a renda for vitalícia e o devedor morrer antes de seu cumprimento, a obrigação permanecerá perante herdeiros. Quando houver morte do credor antes da morte do devedor, os herdeiros terão direito até o advento do termo fixado.
Poderá ocorrer rescisão contratual, nas hipóteses de atraso de prestações vencidas, quando o devedor, acionado para pagamento e garantia, não cumprir decisão judicial, e quando não houver prestação de garantia quando a situação econômica do rendeiro ensejar dúvidas quanto à possibilidade de cumprimento de suas obrigações.
Poderá ser declarada a ausência do credor, o que desobriga o rendeiro, desde que cumpridas as devidas formalidades legais.
Poderá ocorrer ainda inoficiosidade, quando de tratar de constituição de renda gratuita – aplicação direta de princípio característico do instituto da doação.
Se determinada condição resolutiva, seu implemento extinguirá o contrato.
Se a renda estiver vinculada a imóvel, sobre o qual recaia perecimento ou destruição, o contrato também estará extinto, salvo se houver sub-rogação no valor do seguro.
O credor pode adquirir o imóvel vinculado à renda. Assim, por estarem duas funções concentradas numa só pessoa, a propriedade passa a ser plena, não mais recaindo nenhum ônus sobre ela. Essa hipótese é de confusão ou consolidação.
O devedor poderá invocar algumas prestações devidas equivalentes à renda a ser paga, o que representaria uma compensação de dívidas.
Outras hipóteses de extinção: por caducidade; renúncia de ambos contraentes; falência ou insolvência do devedor; execução judicial do prédio gravado; prescrição (prazo de três anos sobre pretensão de receber as prestações vencidas, tanto sobre rendas temporárias como vitalícias – art. 206, §3º, II do NCC).
16.4 – O Desprestígio
O contrato de constituição de renda, em sua estrutura básica e original, teve entre nós alguma difusão no passado e conserva limitado prestígio nos países de moeda estável, não oferece, entretanto, qualquer interesse no Brasil. Segundo SILVIO RODRIGUES:
Somente um insensato seria capaz de perpetuar um imóvel de sua propriedade por uma renda hoje considerada remuneradora. Pois a inflação, aumentando o preço dos imóveis pela correspondente desvalorização da moeda, tiraria qualquer correspondência entre o valor do prédio e o da prestação devida pelo censuário.(RODRIGUES, 2002, pg 324).
No mesmo sentido afirma CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA:
Não se trata, na atualidade, de contrato de circulação frequente no tráfico jurídico, e praticamente a sua utilização é mesmo rara. Seu maior prestígio foi antes do surto de progresso do contrato de seguro, tendo ingresso em Códigos prestigiosos como o francês, o italiano, o suíço das Obrigações. E, não obstante haver perdido a sua importância econômica, ainda mantém tipicidade nos mais modernos, como o polonês da Obrigações, e o italiano novo. O declínio que sofre decorre do seu quase nenhum interesse econômico, especialmente em razão da depreciação da moeda, que avilta e torna cada dia menos útil a renda fixa.(PEREIRA, C. , 2001,pg 315 e 316).
A opinião da doutrina majoritária brasileira é que pequena ou mesmo nenhuma é a repercussão desse contrato, tento em vista principalmente a instabilidade econômica do mundo contemporâneo.
Resumo Direito Civil V – 5º sem. Direito/2015
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