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17.Dir. Civil V Noções Gerais dos Constratos de Jogo e Aposta

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Resumo Direito Civil V – 5º sem. Direito/2015
17. Noções Gerais dos Contratos de Jogo e Aposta
17.1 – Definição
Ambos são contratos realizados entre duas ou mais pessoas, que se obrigam mutuamente a pagar certa quantia ou a entregar determinada coisa àquele que obtiver resultado favorável na disputa.
Porém, há uma diferença sutil entre os dois institutos: 
No jogo, os jogadores participam do processo competitivo, podendo influenciar no resultado e, na aposta, os apostadores apenas emitem uma opinião contrária a respeito de um acontecimento incerto, sendo vencedor aquele cuja opinião se mostrar verdadeira.
Característica marcante dos jogos e apostas, além da onerosidade, é a incerteza do desfecho, o que embute em seus participantes a condição de "sorte" ou "azar".
Os contratos de jogo e aposta gratuitos são, em princípio, irrelevantes para o Direito, já que não possuem efeito jurídico.
Encontram-se tipificados nos artigos 814 a 817 do Código Civil de 2002, e são analisados sob os mesmos aspectos, pelo que tudo o que se aplica ao jogo também se aplica à aposta.
17.2 – Exemplo
Exemplo clássico citado por César Fiúza é o dos caracóis de Tholl*: 
"Encontrando-se dois indivíduos em jardim, observam dois caracóis em cima de uma mesa, fechando disputa sobre qual deles chegaria primeiro ao outro lado. A hipótese é de aposta. Mas, caso contrário, ou seja, se os indivíduos em questão colocarem os caracóis sobre a mesa, disputando qual chegará em primeiro lugar ao outro lado, haverá jogo." * Apud PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições, cit., V. III, p. 322.
17.3 – Partes
São partes do jogo, jogadores. Da aposta, apostadores.
O credor do jogo é aquele que vence o(s) outro(s) jogador(es) na prática de determinada atividade.
O credor da aposta é aquele cuja opinião expressada coincide com o resultado do ato.
1.4 – Espécies
Os jogos e apostas podem ser:
a) Permitidos (Legais, Regulamentados);
b) Proibidos (Ilícitos) e
c) Tolerados (Lícitos).
Obs.: Cassinos – No Brasil, são permitidos quaisquer tipos de jogos e apostas diferentes daqueles considerados contravenções penais, ainda que tenham como propósito a aquisição de recursos financeiros(dinheiro).
O que é veementemente proibido é a exploração do jogo alheio, com obtenção de lucro, como é a prática dos cassinos.
Permitidos, Legais, Regulamentados
São aqueles previstos em Lei, regulamentados pelo Estado, por isso geram uma obrigação civil, sendo, portanto, juridicamente exigíveis.
Ex.: Corridas de cavalo (nos locais apropriados), loteria esportiva, operações de bolsa, etc.
Proibidos (Ilícitos)
Também são tipificados em Lei, porém, como contravenções penais. Geralmente, são assim considerados aqueles jogos e apostas em que o ganho ou a perda dependem exclusivamente da sorte.
Ex.: Jogo do bicho, apostas sobre corridas de cavalos fora dos hipódromos, roleta, etc.
Tolerados (Lícitos)
Todos os demais jogos e apostas são tolerados e lícitos. Geralmente, envolvem o intelecto, a destreza ou a habilidade física dos participantes. Criam obrigação natural e não, civil, cujas consequências serão analisadas a seguir.
Ex.: Tênis, golfe, xadrez, dama, etc.
17.5 – Natureza da Obrigação
Os jogos e apostas, lícitos ou ilícitos, geram uma obrigação natural entre seus participantes, onde há débito mas não há responsabilidade legal de pagar, somente moral.
Isto quer dizer que as dívidas de jogo não obrigam o pagamento, ou seja, a Lei não lhes confere exigibilidade, não há direito de ação para cobrá-las.
Apenas as dívidas provindas dos jogos e apostas regulamentados em Lei criam uma obrigação civil, com toda a exigibilidade jurídica e o consequente direito de ação para que se dê o adimplemento do débito.
Desse modo, enfatizando, os jogos tolerados (lícitos) e os jogos proibidos (ilícitos) se inserem na categoria das obrigações naturais; e aqueles expressamente permitidos (Legais, Regulamentados) constituem obrigação civil.
1.6 – Efeitos Civis dos jogos e apostas lícitas ou ilícitas
a) As dívidas de jogo e aposta não são exigíveis, ou seja, "..." não obrigam a pagamento;". (Art. 814 do Código Civil de 2002).
b) uma vez pagas, não há como recobrá-las, a menos que o credor tenha agido com dolo para fazer jus ao prêmio ou o solvente da obrigação seja absoluta ou relativamente incapaz, hipóteses que invocam a restituição do que recebeu o vencedor.
"As dívidas de jogo e aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito." (Artigo 814 do Código Civil de 2002).
c) Não sendo as dívidas de jogo e aposta exigíveis, são infundados quaisquer meios empregados para encobrir ou garantir o débito, como a novação, o título de crédito, a cláusula penal, etc.
Art. 814, parágrafo primeiro, do CC. Estende-se esta disposição a qualquer contrato que encubra ou envolva reconhecimento, novação ou fiança de dívida de jogo; mas a nulidade resultante não pode ser oposta ao terceiro de boa-fé.
d) A invalidade da dívida de jogo não pode ser oposta ao terceiro de boa-fé, como o banco que paga cheque emitido pelo perdedor ao vencedor.
e) Os prêmios oferecidos ou prometidos ao vencedor em competição de natureza esportiva, intelectual ou artística obrigam a pagamento, descaracterizando-se como jogo e aposta para tornar-se concurso.
f) Da mesma forma, o sorteio para dividir coisas comuns ou dirimir questões não tem natureza de jogo e aposta e, sim, de instrumento de transação ou partilha.
g) O empréstimo contraído no ato do jogo ou aposta para saldar as dívidas dessa natureza é inexigível.
Art. 815. Não se pode exigir reembolso do que se emprestou para jogo ou aposta, no ato de apostar ou jogar.
h) Porém, o empréstimo tomado fora do ambiente do jogo será válido e exigível, ainda que tenha como objetivo a quitação da dívida advinda do jogo ou aposta.
i) A aquisição de ações (ou equivalente) com quitação em bolsa, em que se constata, na liquidação, diferença entre o preço ajustado e a cotação no vencimento do ajuste, o que determina lucro ou prejuízo ao agente, apesar de depender de sua sorte, não pode ser considerado jogo ou aposta. São negócios especulativos lícitos, que constituem, portanto, obrigação civil plenamente exigível. Carregam a denominação de CONTRATOS DIFERENCIAIS.
Exercícios de Fixação:
Jogos e apostas são institutos idênticos que não apresentam distinção entre si.
Jogos e apostas são atos realizados para divertimento de seus participantes, não gerando obrigações entre eles, portanto, não podem ser considerados contratos.
Característica marcante dos jogos e apostas é a incerteza do desfecho, o que embute em seus participantes a condição de "sorte" ou "azar".
Os contratos de jogos e apostas podem ser onerosos ou gratuitos.
O credor da aposta é aquele cuja opinião expressada coincide com o resultado do ato.
Os jogos e apostas podem ser permitidos, tolerados e proibidos por lei.
Em virtude da proibição, os jogos ilícitos não se encontram tipificados em Lei.
São tolerados os jogos e apostas que não se acham tipificados como contravenções penais ou legalmente permitidos (previstos em Lei). 
Os jogos e apostas permitidos são regulamentados pelo Estado.
Nos cassinos, o que é veementemente proibido é a exploração do jogo alheio, com obtenção de lucro, e não o jogo em si.
Os jogos e apostas lícitos e ilícitos geram obrigação civil entre seus participantes.
As dívidas de jogo lícito e ilícito obrigam o pagamento.
Não há dívidas de jogos e apostas que gerem obrigação civil.
Os jogos tolerados (lícitos) e os jogos proibidos (ilícitos) se inserem na categoria das obrigações civis; e aqueles expressamente permitidos (Legais, Regulamentados) constituem obrigação natural.
As dívidas de jogo e aposta jamais podem ser recobradas.
O empréstimo contraído no ato do jogo ou aposta para saldar as dívidas dessa natureza é inexigível.
O empréstimo contraído fora do ambiente do jogo ou aposta para saldar as dívidas dessa natureza tambémé inexigível.
Gabarito dos Exercícios de Fixação:
Errada. Há uma diferença sutil entre os dois institutos: no jogo, os jogadores participam do processo competitivo, podendo influenciar no resultado e, na aposta, os apostadores apenas emitem uma opinião contrária a respeito de um acontecimento incerto, sendo vencedor aquele cuja opinião se mostrar verdadeira.
Errada. Ambos são contratos realizados entre duas ou mais pessoas, que se obrigam mutuamente a pagar certa quantia ou a entregar determinada coisa àquele que obtiver resultado favorável na disputa.
Certa. O resultado dos jogos e apostas é sempre imprevisível.
Certa. Mas os contratos de jogo e aposta gratuitos são, em princípio, irrelevantes para o Direito, já que não possuem efeito jurídico. Apenas aqueles onerosos geram obrigações aos seus participantes.
Certa. Aposta é o compromisso firmado entre duas ou mais pessoas de opiniões diferentes, pelo qual aquele que emitiu uma opinião correta a respeito de um acontecimento incerto torna-se credor da quantia (ou coisa) previamente ajustada.
Certa. Os permitidos também recebem a denominação de legais ou regulamentados. Os Proibidos são igualmente chamados de ilícitos e os tolerados, de lícitos.
Errada. Os jogos e apostas proibidos também são tipificados em Lei, porém, como contravenções penais. Geralmente, são assim considerados aqueles em que o ganho ou a perda dependem exclusivamente da sorte.
Certa. Todos os jogos e apostas não tipificados em lei, dentre aqueles permitidos e proibidos, são tolerados e lícitos.Geralmente, envolvem o intelecto, a destreza ou a habilidade física dos participantes. Criam obrigação natural e não, civil, cujas consequências serão analisadas a seguir.
Certa. São permitidos aqueles previstos em Lei, por isso geram uma obrigação civil, sendo, portanto, juridicamente exigíveis.
Certa. No Brasil, são permitidos quaisquer tipos de jogos e apostas diferentes daqueles considerados contravenções penais, ainda que tenham como propósito a aquisição de recursos financeiros (dinheiro). Mas a exploração do jogo alheio para obtenção de lucro é terminantemente proibida.
Errada. Os jogos e apostas lícitos ou ilícitos geram uma obrigação natural entre seus participantes, onde há débito, mas não há responsabilidade legal de pagar, somente moral.
Errada. As dívidas de jogo lícito e ilícito não obrigam o pagamento, ou seja, a Lei não lhes confere exigibilidade, não há direito de ação para cobrá-las.
Errada. As dívidas provindas dos jogos e apostas regulamentados em Lei criam uma obrigação civil, com toda a exigibilidade jurídica e o consequente direito de ação para que se dê o adimplemento do débito.
Errada. Os jogos tolerados (lícitos) e os jogos proibidos (ilícitos) se inserem na categoria das obrigações naturais; e aqueles expressamente permitidos (Legais, Regulamentados) constituem obrigação civil.
Errada. Quando o credor age com dolo para fazer jus ao prêmio ou o solvente da obrigação é absoluta ou relativamente incapaz, as dívidas de jogo e aposta podem ser recobradas. São as únicas hipóteses que permitem a restituição do que recebeu o vencedor. 
Certa. Art. 815 do Código Civil de 2002: Não se pode exigir reembolso do que se emprestou para jogo ou aposta, no ato de apostar ou jogar.
Errada. O empréstimo tomado fora do ambiente do jogo será válido e exigível, ainda que tenha como objetivo a quitação da dívida advinda do jogo ou aposta.

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