Buscar

RESUMO: PENAS PECUNIÁRIAS - Cezar Roberto Bitencourt - Vol. I, 21ª Ed.

Prévia do material em texto

Penal 3 - Glória Corrêa
PENAS PECUNIÁRIAS – Cezar Roberto Bitencourt, vol I. – Cap. 33
Origem 
Bíblia Sagrada – caráter indenizatório, de composição de perdas e danos, nos moldes da reparação civil dos nossos dias. 
Roma Antiga - caráter indenizatório, típico de vingança privada. Não era pagamento em favor do Estado. 
Idade Média – surgiu com grande intensidade. Cederam espaço para as penas capitais e corporais e para as PPL. Século XVII.
Depois de um tempo, no século XIX, retornou como coadjuvante da PPL.
Classificação:
Confisco – perda de bens
Multa reparatória – presente no anteprojeto da reforma penal, mas foi suprimida. 
Multa – pena de multa propriamente dita. Tradicionalmente consagrada em todas as legislações. Características essenciais da multa penal: Possibilidade de sua conversão em pena de prisão, caso não seja paga; seu caráter personalíssimo, ou seja, impossível ser transferida para herdeiros ou sucessores. ATUALMENTE, a Lei nº 9.268/96 retirou a coercibilidade da multa penal, ou seja, não pode ser controvertida em prisão, em caso de inadimplemento. Conceito: “se chama de pena pecuniária a diminuição de nossas riquezas, aplicada por lei como castigo de um delito” – Carrara. Basileu Garcia critica, dizendo que abastecer as arcas do Tesouro Nacional, tendo como origem o crime, é valer-se da própria torpeza, prova da sua ineficiência. 
Para Damásio de Jesus, os critérios adotados em legislações codificadas quanto à cominação da pena de multa:
Parte-alíquota do patrimônio do agente: leva em conta o patrimônio do réu. 
Renda: a multa deve ser proporcional à renda do condenado
Dia-multa: leva em conta o rendimento que o condenado aufere durante um mês ou um ano, dividindo-se esse montante por 30 ou 365 dias: resultado equivale ao dia-multa. 
Cominação abstrata da multa: legislador fixa o mínimo e máximo. 
Código de 40: adotou a cominação abstrata. 
Reforma Penal: sistema dias-multa. 
O Direito Penal Positivo Brasileiro: Cominação e aplicação da pena de multa
Classificação da pena: a) PPL, b) PRD e c) multa. 
A pena de multa pode surgir como pena comum (principal), isolada, cumulada ou alternadamente, e como pena substitutiva da PPL, sozinha ou em conjunto com PRD, independente de cominação na parte especial. 
Limites
Limite Ordinário: art. 49 e §§. Estabelece renda média que o acusado aufere durante o dia, e o juiz fixa o valor dia-multa entre os limites de 1/30 do salário mínimo (limite mínimo) e 5x o salário mínimo (limite máximo). 
Limite mínimo: 10 dias-multa. Limite máximo: 360.
Limite extraordinário: art. 60, §1º, CP. Se, em virtude de situação econômica do réu, o juiz verificar que, embora aplicada no máximo, essa pena é ineficaz, poderá elevá-la até o triplo. 
Dosimetria da pena de multa
O autor defende que se faça em 2 operações e, excepcionalmente, em 3:
1ª operação: estabelecimento da QUANTIDADE de dias-multa (10 a 360). Critérios: gravidade do delito, culpabilidade do agente, antecedentes, personalidade, conduta social, motivos, as circunstâncias e consequências do crime, circunstâncias legais, inclusive majorantes e minorantes.
2ª operação: estabelecimento do VALOR dos dias-multa. Limites do art. 49 e §§. Critério: tão somente a situação econômica do réu. O juiz poderá determinar diligências para bem apurar a situação do delinquente, a fim de evitar pena pecuniária exorbitante ou irrisória/desprezível.
3ª operação: Se, em virtude de situação econômica do réu, o juiz verificar que, embora aplicada no máximo, essa pena é ineficaz, poderá elevá-la até o triplo.
Aplicação na legislação extravagante
Adoção do sistema dias-multa: Código Eleitoral, a Lei de antitóxicos, Lei do Mercado de capitais, legislação da pesca, da caça, florestas... limites diferentes. 
Não consagram a multa substitutiva, mas não a proíbem. Estando presentes os requisitos e se beneficiar o réu, pode ser aplicada. 
Existem tipos penais, na parte especial, que cominam penas pecuniária em salários mínimos (244) ou equivalente a 20% sobre o valor da duplicata (172). Isso significa que estabelecem modo diverso das regras regais do Código. 
Fase executória 
Pagamento
Art. 50, CP; LEP, 164;
O CP determina que a multa deve ser paga dentro de 10 dias depois de transitada em julgado a sentença. No ENTANTO, a LEP determina que o MP, de posse de certidão de SPC, deverá requerer citação do condenado, no prazo de 10 dias, pagar o valor da multa ou nomear bens para penhora. 
O prazo do CP corre automaticamente, pois é a partir da SPCTJ. O prazo da LEP depende de providências processuais e administrativas que podem significar meses ou até anos. No caso do CP, a iniciativa depende do condenado, uma vez que a SPCTJ tem força coercitiva. No caso da LEP, a iniciativa caberá ao Estado, através do MP, de movimentar outra vez o aparelho judiciário para constranger o cumprimento de uma SPCTJ. 
São leis concomitantes, nenhuma revoga outra (LINDB – lei posterior incompatível, revoga anterior). Inexiste relação de posteridade entre elas. SOLUÇÃO: mais beneficie ao réu, LEP. 
Formas de Pagamento da multa
Três modalidades de pagamento:
Pagamento integral: forma regra. Através de recolhimento ao Fundo Penitenciário.
Pagamento parcelado: avaliar-se-á situação econômica do réu e sua necessidade de parcelamento. Juiz fixará as parcelas depois de diligências e audiência com MP. O pedido para parcelamento, de acordo com a LEP (164), é 10 dias a partir da citação para pagamento. Caso haja atraso, o parcelamento será revogado (norma cogente, não é faculdade do juiz). 
Desconto em folha (vencimentos e salários): se o réu estiver solto, o desconto pode ocorrer quando a pena pecuniária for aplicada isoladamente, em caso de contravenções penais ou multa substitutiva; aplicada cumulativamente em PRD; em caso se sursis, livramento condicional, quando esta ainda não tiver sido cumprida. OBSERVAÇÃO: opinião do autor, pois o legislador não consagra dessa forma. Esse desconto deverá ficar dentro do limite de 1/10 e da ¼ da remuneração do condenado, desde que não incida sobre os recursos indispensáveis ao seu sustento e da sua família. O responsável pelo recolhimento (empregador) será intimado para efetuá-lo na data e local estabelecido pelo juiz de EXECUÇÃO, sob pena de incorrer em crime de desobediência. Se o condenado estiver preso, será cobrada na sua remuneração (art. 170, LEP). 
Conversão da multa em prisão
Após a citação requerida pelo MP (LEP), o condenado poderá: pagar multa imposta, nomear bens à penhora ou depositar a importância correspondente. 
Se decorridos 10 dias e ele não tomar nenhuma dessas, ser-lhe-ão penhorados tantos bens necessários à garantia de execução. Art. 164, LEP. Ou seja, deixar de pagar não tem como consequência a prisão. 
A competência para execução da pena à luz da Lei n. 9268/96
Esta é do Juiz de execução, bem como a legitimidade para a sua promoção continua sendo do MP. 
O quantum da execução, as causas interruptivas ou suspensivas, eventualmente suscitadas em embargos de execução, não serão de competência cível. 
Art. 51, CP SPCTJ, a multa será dívida de valor. Regime igual à norma da dívida ativa. 
Corrente majoritária: passou a entender que a competência, após esse artigo, passava para a Fazenda Pública, além de a condenação dever ser lançada em dívida ativa. 
Corrente minoritária (adotada por Cezar): nada mudou. A competência permanece sendo da vara e execuções criminais e a condenação à pena de multa mantém sua natureza jurídica: sanção criminal. Além disso, é impossível inscrever SPCTJ em dívida ativa. VIDE art. 49 (“fundo penitenciário”). Além disso, a LC n 79/94, que criou o Fundo penitenciário Nacional – FPN -, prevê como uma de suas receitas a pena de multa. Para o autor, o processo de execução penl é o único instrumento legal que o Estado pode utilizar, coercitivamente, para tornar efetivo o conteúdo decisório de uma SPC. 
Objetivo do FPN: proporcionar recursos e meios para financiar e apoiar as atividades e programas de modernização e aprimoramentodo Sistema Penitenciário brasileiro. Destino vinculado. (desvio – improbidade administrativa).
A inevitável prescrição durante a execução
A prescrição da pena de multa, isoladamente aplicada, continua ocorrendo em apenas dois anos, que começa a contar a partir do TJ para a acusação. Para cobrar a pena de multa, não se interrompe ou suspende a prescrição, por isso, a maioria das condenações à pena pecuniária escapará pela porta larga da prescrição. ineficácia político-criminal da pena pecuniária pelo seu não pagamento ou pela falta de meios efetivos que propiciem sua cobrança. 
Ainda assim, para o autor, a pena de multa, através do sistema dias-multa, atende de forma mais adequada os objetivos da pena, sem as nefastas competências da falida PPL.

Continue navegando