Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DOENÇAS INFECTO- CONTAGIOSAS NA GESTAÇÃO Profa. Mariana Faria SÍFILIS NA GESTAÇÃO � - Transmissão: sexual, drogas, vertical durante a gestação (pela placenta, pelo líquido amniótico) ou no parto (pelo contato com as lesões genitais). � - Complicações associadas: TPP, aborto, natimorto, sífilis congênita. � - Estima-se que para cada 100 mulheres diagnosticadas com doença primária ou secundária, 2 a 5 recém-nascidos irão contrair sífilis congênita. Se não tratada durante a gestação, aproximadamente 50% dos filhos dessas mulheres apresentarão sintomas de sífilis congênita. SÍFILIS � - Sífilis congênita precoce (infecção antes da 20ª semana): prematuridade, hepatoesplenomegalia, lesões ósseas como osteomielite, osteocondrite ou periostite, icterícia ou hiperbilirrubinemia, anemia, lesões de pele e mucosas, edema e rash maculopapular SÍFILIS CONGÊNITA edema e rash maculopapular com coloração acrobeada (principalmente nas palmas das mãos, plantas dos pés, em volta da boca e do ânus), petéquias, púrpura, linfoadenomegalia, ascite, hidropsia, pneumonia, miocardite, pseudoparalisia de extremidades, etc. SÍFILIS CONGÊNITA - Fatores importantes para a caracterização de RN com alto-risco para sífilis congênita: falta de cuidados pré-natais ou cuidados tardios, abuso cuidados tardios, abuso materno de substâncias, como crack e cocaína, múltiplos parceiros sexuais, história de DST, pobreza, falta de moradia, infecção pelo HIV. � VDRL � - Solicitado na 1ª consulta e repetido, nas pacientes de risco, com 28 semanas. � - Teste treponema não específico = Teste de rastreamento = Não diagnóstico. � - Na S. primária o teste se apresenta + uma semana após o surgimento da lesão. � Falso-positivo (títulos baixos ≤ ¼): � Transitórios (< 6 meses): � - Gravidez � - Malária SÍFILIS NA GESTAÇÃO � - Mononucleose � - Tuberculose � - Pneumonia por micoplasma � - Pós-vacinação � - Toxicomania � - Endocardite � Permanentes (> 6 meses): � - Hanseníase � - Lúpus eritematoso � - Colagenoses � Se o teste de rastreamento (VDRL) for +, faz-se o teste treponema específico (FTA-ABS) – IgM e IgG. � Se estes testes estiverem indisponíveis, deve-se considerar a mulher infectada e iniciar o tratamento e testar o parceiro. � FTA-ABS IgM/ IgG: � - Teste treponema específico = teste diagnóstico SÍFILIS NA GESTAÇÃO � - Teste treponema específico = teste diagnóstico � IgM: � - Positivo 2 a 5 semanas após a infecção � - Negativo com ou sem cura � IgG: � - Permanece positivo mesmo após a cura � - Não é usado para controle da cura � - Pode negativar após 2 a 3 anos (se tratamento muito precoce) � Acompanhamento: � - Controle da cura � - VDRL 3, 6, 9 e 12 meses após o tratamento � Cura: SÍFILIS NA GESTAÇÃO Cura: � - Queda de títulos de VDRL 3 a 4 vezes em relação ao título inicial � - Cicatriz sorológica (≤ ¼) � - Terciária: pode persistir títulos de ¼ � Tratamento: � - O tratamento precoce pode reduzir o risco de transmissão para o bebê. � - Quando tratada corretamente com a penicilina o RN também é considerado tratado. Retratamento: SÍFILIS NA GESTAÇÃO � Retratamento: � - Persistência ou recorrência dos sinais clínicos � - Aumento de 4 vezes ou mais dos títulos de anticorpos em 2 semanas � - Não ocorrer diminuição de 3 a 4 vezes dos títulos em 3 meses � - Manutenção de título ≥ 1/8 em 6 meses � Sífilis primária (cancro duro), secundária ou latente inicial com menos de um ano de duração: � - Uma dose de penicilina benzatina 2.400.000 UI intramuscular (alguns autores – nova dose após 7 dias). � - Mais de 60% das gestantes apresentam reação de Jarisch-Herxheimer (febre, diminuição da atividade fetal, sinais de TPP. SÍFILIS NA GESTAÇÃO � Sífilis latente tardia com mais de um ano de duração ou duração desconhecida ou sífilis cardiovascular: � - Penicilina benzatina 2.400.000UI intramuscular semanalmente por 3 semanas (dose total: 7,2 milhões UI). � Neurossífilis: � - Penicilina cristalina: 18-24 milhões UI/dia � - 3 a 4 milhões UI EV 4/4h por 10 a 14 dias � Importância do diagnóstico e tratamento precoce: � *Antes de 20 semanas: eficiente em prevenir a sífilis congênita (previne o RN de seqüelas). � - Pode ocorrer falha no tratamento, especialmente quando este é iniciado no terceiro trimestre, devendo ser investigado em todos os RNs a sífilis congênita. SÍFILIS NA GESTAÇÃO ser investigado em todos os RNs a sífilis congênita. � - Quando a sífilis é detectada no terceiro trimestre, o tratamento deve ser instituído e finalizado até 30 dias antes do parto, intervalo mínimo necessário para que o RN seja considerado tratado intra-útero. � Importância do diagnóstico e tratamento precoce: � *Falha de tratamento: 1 a 2% (lesões fatais irreversíveis) - > 30 semanas. � - A doença materna não tratada resulta em natimortalidade de 30 a 40% dos casos. � - A infecção congênita por sífilis pode ser assintomática SÍFILIS NA GESTAÇÃO � - A infecção congênita por sífilis pode ser assintomática ao nascimento em até 2/3 dos recém-nascidos infectados. A maioria se torna sintomática nos primeiros 2 anos de vida. � - Tratar RNs se: confirmado ou suspeitado de sífilis congênita, quando a condição de tratamento da mãe é desconhecida, mães que foram tratadas tardiamente (3º trimestre) ou inadequadamente, ou sem controles de cura. O tratamento é feito com penicilina IM, mas nem sempre previne complicações tardias. HEPATITES NA GESTAÇÃO HEPATITES NA GESTAÇÃO � A hepatite viral é a causa mais comum de icterícia na gravidez. � Nenhuma das hepatites virais representa uma contraindicação ao aleitamento materno. Embora os vírus da hepatite B e C possam ser excretados no leite vírus da hepatite B e C possam ser excretados no leite materno, o risco de contaminação por essa via é baixa. � Nenhuma das hepatites virais constitui indicação para cesárea. A via de parto será definida por indicação obstétrica. Sintomatologia: � Os vírus A, B, C, D e E normalmente apresentam o mesmo quadro clínico, caracterizado por náuseas, vômitos, anorexia, artralgia e febrícula. � - Pode ocorrer: colúria, prurido, acolia fecal, hepatomegalia dolorosa, esplenomegalia. HEPATITES NA GESTAÇÃO hepatomegalia dolorosa, esplenomegalia. � Nos casos graves, pode haver necrose hepática, distúrbios da coagulação e da consciência, insuficiência renal, coma hepático e hepatite fulminante. � Predominam as formas assintomáticas que podem cronificar (vírus B, C, D), caracterizada por sorologia positiva e elevação das aminotransferases. � Transmissão oral-fecal � Não existe transmissão perinatal � Não existe estado de portador, pois o período de viremia é curto, normalmente é autolimitada e de evolução benigna. � Sintomas e possíveis complicações: febre, mal-estar, náusea, desconforto abdominal, falência hepática; é raro, mas pode acontecer aborto, TPP, morte fetal e hepatite fetal e neonatal. HEPATITE A fetal e neonatal. � O marcador para diagnosticar a fase aguda é o anti-HVA IgM. � O anti-HVA IgG indica contato passado e imunidade em relação ao vírus A. � A doença aguda em gestante requer encaminhamento da mesma ao pré-natal de alto risco. A família deverá ser investigada e vacinada. Na internação, a paciente deve apresentar acomodação com banheiro individualizado. � 75% das infecções pelo vírus da hepatite C são assintomáticas � É o principal agente etiológico da hepatite crônica � Transmissão parenteral = 90% (pós-transfusão sanguínea) � Transmissão sexual é baixa, em torno de 3% Transmissão perinatal = 10 – 44% (outros autores HEPATITE C � Transmissão perinatal = 10 – 44% (outros autores dizem que é rara, em torno de 5%)� Deve ser solicitado em situações especiais de alto risco, como uso de drogas injetáveis e/ou parceiro usuário, transfusões de sangue ou múltiplos parceiros de um ou de ambos. HEPATITE C � A evolução para cronicidade ocorre em 70 a 80% dos casos, cerca de 1/3 evolui para cirrose ou hepatocarcinoma num período estimado de 20 anos. � O marcador sorológico é o anti-HCV. Se positivo durante a gestação, repete a sorologia. Se continua durante a gestação, repete a sorologia. Se continua positivo, solicita-se PCR qualitativo. Se der PCR positivo, está fechado o diagnóstico de hepatite C. � Não é possível tratamento materno da hepatite C para a redução da carga viral, pois os medicamentos utilizados (interferon peguilado e ribavirina) são contra- indicados na gestação. � Hepatite D (Delta): � - Co-infecção (hepatite B aguda + D). Este vírus necessita do HBsAg para sua replicação. � - É raro. � Hepatite E: � - Similiar a hepatite A, transmissão oral-fecal, autolimitada e não evolui para cronicidade. HEPATITES NA GESTAÇÃO e não evolui para cronicidade. � - Pode apresentar evolução grave durante a gestação, principalmente no terceiro trimestre. 10 a 40% pode evoluir para a forma fulminante. � - O marcador sorológico é o anti-HVE IgM. � Hepatite G: � - Associada com viremia crônica > 10 anos com hepatite B crônica ou C. � - Transmissão: sexual, vertical (durante a gestação e perinatal), parenteral (transfusão sanguínea). � - A evolução da infecção aguda varia de infecção assintomática subclínica (70%), hepatite aguda sintomática (30%) e insuficiência hepática fulminante (0,1 a 0,5%). Possui potencial para cronificação em cerca de 5 a 10% dos casos. Desses, 20 a 25% com evidência de replicação viral evoluem para doença HEPATITE B NA GESTAÇÃO evidência de replicação viral evoluem para doença hepática avançada (cirrose e carcinoma). � - A transmissão vertical (materno-infantil) é causa freqüente de disseminação do vírus. Caso a infecção ocorra por transmissão vertical, a chance de cronificação é de cerca de 70 a 90%. O risco para a transmissão vertical do vírus B é elevado (até 90% de chance de transmissão em mulheres HBeAg positivo – fase de replicação viral – e 10 a 40% nas mulheres HBeAg negativo). � Toda grávida deve ser rastreada para HBsAg durante a primeira consulta de pré-natal, para prevenção da transmissão vertical. Caso seja soro-negativa e pertença a grupo de alto-risco, nova sorologia deverá ser solicitada no final da gestação. � A gestante HBsAg positivo deverá ser encaminhada ao pré-natal de alto-risco. � A vacinação deve ser realizada, segundo o Ministério da HEPATITE B NA GESTAÇÃO � A vacinação deve ser realizada, segundo o Ministério da Saúde (2010), em todas as gestantes não vacinadas, após o primeiro trimestre de gestação, independente da faixa etária.* � *Atenção!! Alguns livros ainda trazem a informação antiga de que a recomendação da vacinação é somente para gestantes com menos de 20 anos ou com fatores de risco, como era anteriormente preconizado pelo MS. � Seu parceiro e seus outros filhos deverão ser avaliados por sorologia e vacinados. � Fatores de risco: � - História ou uso de drogas ilícitas endovenosas � - Promiscuidade sem proteção adequada � - Profissionais de saúde � - Hemodiálise � - Receptores de transfusão sanguínea HEPATITE B NA GESTAÇÃO � - Receptores de transfusão sanguínea � Quadro clínico de hepatite B aguda: � - Sintomas: mal-estar, fadiga, anorexia, fraqueza, febre, náusea, epigastralgia ou dor em hipocôndrio direito, artralgia, aversão a alguns alimentos � - Sinais: icterícia, hepatomegalia, urina escura � Exames básicos de pré-natal: � HbsAg: � - Antígeno de superfície da hepatite B. � - Se positivo ou reagente → solicitar marcadores para hepatite B. � Marcadores para hepatite B: � - Infectividade: HBeAg (quando positivo representa replicação viral; quando negativo indica ausência de replicação) � - Cura: Anti-HBs e Anti- HBe HEPATITE B NA GESTAÇÃO � - Cura: Anti-HBs e Anti- HBe � - Portador: HBsAg (pode ser detectado na infecção aguda. Quando presente por mais de 24 semanas na paciente, é marcador de infecção crônica) � - Imunidade: Anti-HBsAg � - Transmissão perinatal com HBsAg+ → 10 a 20% � - Transmissão perinatal com HBsAg e HBeAg+ → 90% � - Crônica = HBsAg+ ≥ 6 meses � - 3 principais antígenos: HBsAg, HBcAg (replicabilidade viral), HBeAg (transmissibilidade) HBsAg HBeAg Anti-HBc IgM Anti-HBc IgG Anti-HBe Anti-HBs Interpretação Portador Infectividade / Replicação Infecção recente Infecção tardia Cura Cura + + + - - - Infecção aguda HEPATITE B NA GESTAÇÃO Interpretação laboratorial: + + + - - - Infecção aguda + + - + - - Infecção crônica Alta infectividade + - - + + - Infecção crônica Baixa infectividade � O diagnóstico fetal é feito por cultura de líquido amniótico, bem como pela presença de IgM no sangue do cordão umbilical. � A maioria dos recém-nascidos que se tornam HBsAg positivo não apresentam sintomas ao nascimento, enquanto alguns são acometidos por hepatite aguda e alterações da função hepática. HEPATITE B NA GESTAÇÃO e alterações da função hepática. � O índice de mortalidade é para hepatite aguda é de 75%. � Neonatos portadores têm alto risco para desenvolver hepatite crônica, cirrose hepática ou câncer hepático, mesmo que tardiamente. Cuidados: � - Hospitalização nos casos graves (encefalopatia/ coagulopatias) � - Casos leves a moderados – encaminhar para acompanhamento ambulatorial � - Repouso relativo HEPATITE B NA GESTAÇÃO � - Repouso relativo � - Evitar trauma abdominal superior � - Manter nutrição e hidratação � - Evitar relação sexual � - Após o nascimento, deve-se proceder com a imediata vacinação (1ª dose) da criança (dentro das primeiras 12 horas após o nascimento), associada à imunoglobulina humana anti-hepatite B (HBIG) – 0,5ml IM. Este procedimento (seguido das duas doses de vacina subsequentes – 30 e 180 dias) evita a transmissão do vírus B da mãe para a criança em 90% HEPATITE B NA GESTAÇÃO transmissão do vírus B da mãe para a criança em 90% dos casos. � - O aleitamento pode ser realizado após a administração da primeira dose da vacina contra o vírus B. � - Deve-se confirmar a imunidade pós-vacinal do RN pela realização do anti-HBs até 1 ano de idade. � Recomendações do CDC para imunoprofilaxia de recém-natos contra infecção pelo vírus da hepatite B HEPATITE B NA GESTAÇÃO Mães Vacina Idade HBsAg positivo 1ª dose Até 12 horas HBIG Até 12 horas 2ª dose 1 mês 3ª dose 6 meses HBsAg desconhecido 1ª dose Até 12 horas HBIG Até 12 horas 2ª dose 1 mês 3ª dose 6 meses HBsAg negativo 1ª dose Ao nascer 2ª dose 1 mês 3ª dose 6 meses
Compartilhar