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Aula TGP - Parte Inicial - Modo Solução Conflitos

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TEORIA GERAL DO PROCESSO ­ TGP 
PABLO MEDEIROS (monitor) 
pablovmedeiros@gmail.com 
O primeiro tópico a ser estudado por nós são os modos de solução dos conflitos 
 
Ponto 1: Modo de solução de conflitos​. 
Você pode perguntar o que é Conflito? 
 
Segundo Alvim o Conflito pode ser de dois tipos: 
❏ Conflito subjetivo de interesses: 
❏ Se dá dentro da própria pessoa, quando escolhe entre a compra de um ou outro objeto 
❏ Conflito intersubjetivo de interesses 
❏ Ocorre entre duas ou mais pessoas. 
 
Pessoal, o conflito pode ter algumas causas diferentes: 
a) Quando uma pessoa deixa de satisfazer pretensão de outra, quando poderia voluntariamente                       
atendê­la. Ex. Poderia reparar um dano causado, uma batida entre carros em um estacionamento e a                               
pessoa que foi responsável não assume os custos de reparação voluntariamente); 
b) O conflito pode ser também penal, quando um indivíduo pratica um tipo penal, um homicídio, um                               
roubo, um estelionato… 
c) Pode acontecer também quando uma pessoa se volta contra a pretensão do seu adversário (uma                             
legítima defesa para se defender de uma tentativa de homicídio praticada em seu desfavor). 
 
Importância da solução do conflito para sociedade? Sabemos que a insatisfação é um fator                           
antissocial. A falta de resposta para determinadas situações gera angustia entre as pessoas envolvidas. Uma                             
sociedade repleta de conflitos não é o lugar ideal e saudável para se viver, é por isso que métodos eficazes de                                         
solução dos conflitos contribuem para uma sociedade mais justa, igualitária e por que não, melhor de se                                 
viver. 
 
E aí a gente cai nos possíveis modos de resolução desses conflitos, pois alguns casos exigem a sua                                   
resolução por um juiz estatal enquanto outros podem ser resolvidos pelas próprias partes. 
 
AUTONÔMO 
A AUTOTUTELA ou AUTODEFESA 
 
Conhecida também como ​justiça de mão própria. 
Tem como ​conceito: ​É a solução decisória imposta por apenas um dos sujeitos do embate. 
 
→ É a forma mais antiga de solução dos conflitos. Como não existia a figura do Estado, o meio de resolução                                         
de conflitos se dava através do choque, da briga mesmo, entre os indivíduos empregando a força bruta para                                   
obrigar um ao outro a abandonar a sua pretensão. Até que a vontade de um deles, vença. 
 
Apesar disso, o direito atual aceita a autotutela ante a impossibilidade da presença do Estado­juiz,                             
exclusivamente quando um direito esteja sendo violado ou na iminência de sê­lo. Então é permitido em                               
caráter excepcional, como veremos. 
 
➔ São exemplos 
◆ o ​desforço possessório​, no Direito Civil, presente no art. 1210 
 
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§ 1º “O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter­se ou restituir­se por sua própria                           
força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do                                   
indispensável à manutenção, ou restituição da posse”. 
Ex. Alguém tentando invadir o seu imóvel à força 
◆ A ​autoexecutoriedade que os atos administrativos gozam, que nada mais é que a                         
possibilidade de a Administração Pública impor sanções sem a necessidade de ser                       
judicializada uma demanda para este fim. Ex. A Vigilância Sanitária ao encontrar alimentos                         
com a data de validade vencida em certo mercado não precisa se socorrer do Judiciário para                               
poder fechar o estabelecimento comercial.. 
 
Sendo assim, são características da autotutela 
   
1) a ausência de um juiz, distinto das partes litigantes. Seja porque realmente não existe um juiz ou                                   
porque a lei dispensa. 
2)​ A urgência da atuação e 
3)​ a imposição não Jurisdicional da decisão por uma das partes à outra. 
 
Há doutrinadores que fazem grande diferença entre a autotutela e a autodefesa, outros entendem ser dois                               
nomes para a mesma situação. 
 
Bem, concordem comigo que essa não é a melhor forma para solucionar os conflitos pois não                               
necessariamente vence quem tem razão e sim, quem possui mais força. 
 
AUTOCOMPOSIÇÃO 
Como o próprio nome sugere, autocomposição, é a solução dada ao conflito pelas próprias partes                             
envolvidas na relação controvertida, é a solução consensual obtida pelos envolvidos no embate. 
 
Sendo assim, pode­se dizer, também, que isso é uma ​forma parcial ​de resolução do conflito. 
 
Se baseia no fato de que a solução dada pelas próprias partes de forma consensual é melhor do que a solução                                         
dada, imposta por um terceiro. 
 
Então apesar das várias espécies de autocomposição, acredito que a grosso modo elas se dividem em 3. São                                   
elas 
1. Renúncia ou desistência: ​Desiste do bem, do processo. Renuncia a sua pretensão em favor do                             
devedor. 
a. Renúncia é mais profunda pois se refere ao direito material. Desistência é apenas em relação                             
ao processo e por isso não evita uma nova propositura para discussão da mesma matéria. A                               
priori, entendamos que a pessoa que tinha direito a algo, deixa pra lá, abdica. Certo? 
 O segundo tipo é a 
2. Submissão ou reconhecimento: ​Reconhece a sua dívida, o seu status de devedor e se submete a                               
pretensão da outra parte, da parte credora. 
 
3. Transação: A transação é um negócio jurídico pelo qual os sujeitos de uma obrigação resolvem                             
extingui­la mediante concessões recíprocas, pondo um fim ao conflito. Apenas nos direitos                       
disponíveis 
 
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A partir desses 3 grupos, podemos ver várias espécies, mas se você perceber elas vão sempre se encaixar em                                     
uma dessas três que nós vimos e assim fica mais fácil para você identificar que tipo de autocomposição é                                     
aquela. 
 
Pois bem, vou dar um exemplo que vai me servir para este tópico. 
Vamos dizer que José me ofereceu seu celular por R$500,00 e eu acabei comprando….. ele diz que                                 
vai levar pra casa hoje e me trazer amanhã, com a caixa, tudo certinho e eu acredito... mas esse amanhã                                       
nunca chega….ele enrola, enrola. 
Se eu renuncio para não perder a amizade ou evitar estresse, eu pratiquei uma forma de                               
autocomposição. Eu renunciei a minha pretensão. 
 
Se ele, José, ​como a gente diz, põe a mão na consciência e resolve me prestar o serviço ou a coisa                                         
avençada, no caso o celular, ele praticou uma ​submissão ou reconhecimento. 
 
Entretanto, se ele não dispõe mais do bem, pois perdeu, digamos, e não tem mais o dinheiro para                                   
me devolver por completo, me oferece a metade do valor ou um celular diferente, digamos, nós, por meio de                                     
concessões recíprocas​, colocamos um fim à controvérsia. Ocorreu uma ​transação​. 
 
Duas espécies de autocomposição muitoconhecidas​ são a ​mediação e a conciliação. 
 
Na autocomposição as próprias partes resolvem o conflito em que estão envolvidos, mas na                           
mediação e na conciliação essas partes ​são auxiliadas por um terceiro​. Percebam o terceiro não é parte e                                   
também não decide o conflito, apenas auxilia o entendimento entre as partes mas cada um deles atua de                                   
forma diferente. 
 
Apesar da disciplina ser Teoria Geral do Processo e não se reduzir apenas ao Processo Civil é muito                                   
difícil deixar de fazer algumas referências, principalmente por causa do novo diploma processual civil que                             
entrou em vigor...Bem em seu artigo terceiro encontramos o seguinte: 
 
Art. 3º ​(omissis) 
§ 2​o​ O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. 
§ 3​o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão                             
ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público,                       
inclusive no curso do processo judicial. 
 
Mas qual a diferente entre ambos, mediação e conciliação? O novo Código de Processo Civil reservou um                                 
espaço para ambos e lá existe as distinções entre essas duas técnicas de solução dos conflitos. 
 Encontraremos a resposta no art. 165 do Novo CPC: 
 
§ 2​o ​O conciliador​, que ​atuará preferencialmente nos casos ​em que ​não houver vínculo                           
anterior entre as partes​, ​poderá sugerir soluções para o litígio​, sendo vedada a utilização de                             
qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. 
Nas palavras de Fredie Didier, ​o conciliador tem uma atuação mais ativa no processo de                             
negociação podendo, inclusive, sugerir soluções para o conflito. 
 
Já o mediador…  
 
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§ 3​o ​O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que ​houver vínculo                         
anterior entre as partes, ​auxiliará aos interessados a compreender as questõe​s e os                         
interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação,                       
identificar, ​por si próprios​, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos. 
 
Fredie Didier nos explica que cabe ao mediador servir como veículo de comunicação entre os                             
interessados, um facilitador do diálogo entre eles. 
 
Nos dois casos, é expressamente vedado a utilização, pelo mediador ou conciliador de                         
constrangimentos ou intimidação para que as partes entre em acordo. 
 
A conciliação e a mediação não se dão exclusivamente de forma endoprocessual, ou seja, dentro do                               
processo, ela pode ocorrer em câmaras privadas e é bastante utilizada no meio empresarial para solucionar                               
conflitos de forma mais célere e com a confidencialidade que é de costume desses dois métodos. É bastante                                   
utilizada em outros países, como nos EUA. 
 
A mediação possui lei própria…  
 
MEDIAÇÃO​ Lei 13.140/2015 
 
Esta Lei dispõe sobre a mediação como meio de solução de controvérsias entre particulares e sobre a                                 
autocomposição de conflitos ​no âmbito da administração pública.​ (art. 1) 
Parágrafo único. Considera­se mediação a atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder                         
decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções                               
consensuais para a controvérsia.  
 
Quem pode funcionar como mediador? 
Dos Mediadores Extrajudiciais 
Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz que tenha a confiança das                         
partes e seja capacitada para fazer mediação, independentemente de integrar qualquer tipo de conselho,                           
entidade de classe ou associação. (art. 9) 
Dos Mediadores Judiciais 
Art. 11. Poderá atuar como mediador judicial ​a pessoa capaz​, graduada há pelo menos dois anos em                                 
curso de ensino superior de instituição reconhecida pelo MEC e que tenha obtido capacitação em escola ou                                 
instituição de formação de mediadores ​|I|​, reconhecida pela Escola Nacional de Formação e                         
Aperfeiçoamento de Magistrados ­ ENFAM ou pelos tribunais, observados os requisitos mínimos                       
estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça.  
 
Da Confidencialidade e suas Exceções 
Uma das vantagens da mediação está em que ao contrário da jurisdição estatal,  
Toda e qualquer informação relativa ao procedimento de mediação será confidencial em relação a                           
terceiros. (Art. 30) 
 
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Adentrando os Conflitos Envolvendo a Administração Pública ​Federal ​Direta, suas Autarquias 
e Fundações  
Art. 35. As controvérsias jurídicas que envolvam a administração pública federal direta, suas                         
autarquias e fundações poderão sim, ser objeto de​ transação por adesão​, e elenca alguns requisitos como: 
  
I ­ ​autorização do Advogado­Geral da União​, com base na jurisprudência pacífica do Supremo                           
Tribunal Federal ou de tribunais superiores; ou  
II ­ ​parecer do Advogado­Geral da União, aprovado pelo Presidente da República​.  
 
Existem aqueles casos em que a Administração Pública é reiteradamente vencida nos tribunais. Sempre                           
perde em determinado tipo de causa. Assim, para evitar um maior prejuízo a Administração pode propor                               
soluções através de transações. O interessado em resolver seu problema com a Administração Pública                           
Federal pode então, aderir a essa transação. Como? Nas hipóteses mencionadas acima 
 
 
→ → Ultrapassando a autocomposição, vamos agora para outro modo de solução dos conflitos que é o                                 
HETERÔNOMO. 
 
HETERÔNOMO 
Ocorre quando a solução para o conflito é dada por uma pessoa estranha ao conflito, por um terceiro. 
 
Por isso também se diz que a solução é imparcial, porque o sujeito que decide não é parte interessada. 
 
Entrando nas espécies, temos apenas duas: Arbitragem e a Jurisdição. 
Começando com a…  
 
1. Arbitragem ou juízo arbitral​: 
O art. 3º do CPC, ​§ 1​o​ diz o seguinte: É permitida a arbitragem, na forma da lei. 
 
O que é arbitragem? 
Solução dada ao conflito por julgamento de terceiro escolhido pelos sujeitos do embate. É muito                             
utilizado no meio empresarial pois o procedimento não exige publicidade e ocorre de forma mais célere.                               
Ocorre bastante nas câmaras privadas que englobam tanto a mediacão como a conciliação e a arbitragem. 
É uma grande contribuição para desafogar o Poder Judiciário mas isso deve ser visto como                             
consequência não como objetivo. 
O juízo arbitral se desenvolve de forma muito semelhante ao processo judicial, cada parte submete                             
suas petições, realiza­se a devida instrução, o contraditório, tudo isso o arbitro que é geralmente um                               
especialista na área do conflito, decide quemtem razão no caso concreto. 
 
Existe um pressuposto de admissibilidade, que é o seguinte, a arbitragem cabe apenas nos conflitos                             
de direitos patrimoniais disponíveis. Ou seja, não cabe em matéria penal 
 
Direito patrimonial disponível. A título exemplificativo, uma pessoa que tem apenas um apartamento                         
simples para sua moradia não pode perdê­lo em uma ação arbitral pois não compõe um direito disponível.                                 
Mas aquela pessoa que possui vários apartamentos, os apartamentos são então disponíveis.  
 
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Se exitoso, ​o produto desse julgamento será uma sentença arbitral​, que possui a mesma força                             
executiva de uma sentença prolatada por um juiz estatal. É tanto que se a parte vencida não cumprir com os                                       
termos determinados nessa sentença a parte vencedora não precisará rediscutir o direito perante o juiz, pois o                                 
seu direito já foi provado diante do árbitro e dessa forma a sentença irá direto para uma fase chamada de                                       
cumprimento de sentença,​ (assunto de Processo Civil IV). 
 
Só salientando, as sentenças proferidas por árbitro não podem ser executadas por eles pois eles detém o                                 
poder decisório mas não o poder executivo, a ​coertio​  que cabe apenas a jurisdição... 
 
JURISDIÇÃO 
Etimologia 
A palavra jurisdição deriva do latim juris (direito) dictionis (dicção, ação de dizer). O termo jurisdição                               
significa exatamente isso: dizer o direito. 
● No direito romano se distinguia a jurisdictio (dizer o direito) do ​imperium (poder de executar o                               
que foi decidido). 
O juízes eram denominados jurisconsultos e não possuíam o poder de determinar a execução direta de uma                                 
ordem. Apenas os pretores, possuíam esse poder. 
● Em determinado momento, por mudanças políticas, houve evidente concentração de poder. Com                       
isso os pretores passaram a decidir e executar suas próprias ações. 
● Hoje, o juiz brasileiro, profere decisões com a mesma eficácia que os pretores, com poderes de                               
dizer o direito e de executar o que foi decidido. 
 
OBJETO 
Nem toda atividade do homem constitui efetivo interesse do Estado. São como as normas sociais,                             
encontradas nas relações de amizade, relações amorosas, cotidianas, de cortesia. 
Mas há outro tipo de norma, como código civil, código de defesa do consumidor, código penal.                               
Essas normas geram outro tipo de relação, chamada de relação jurídica.  
Quando alguma norma de direito material é descumprida, ocorrendo a insatisfação de uma pessoa,                           
jurídica ou física, opera­se o que se chama de LIDE, um litigio, conflito. 
 
Lide​ Segundo CARNELUTTI é: 
● Um conflito de interesses qualificado pela pretensão de um dos interessados e pela resistência do                             
outro. 
 
Para dirimir esses conflitos de interesses, nós temos algumas formas alternativas de solução de conflitos, ou                               
como alguns doutrinadores chamam, equivalentes jurisdicionais, no novo CPC (Lei 13.105/2015) alguns                       
costumam falar em Sistema Multiportas (Fredie Didier é um deles): 
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● A autotutela → Como já falei, ao contrário do que se pode pensar, ainda está presente no nosso                                   
ordenamento jurídico, caracterizada por exemplo pelo desforço imediato no direito civil; legitima                       
defesa no direito penal... 
● A autocomposição 
● A arbitragem 
Mas o que nos importa agora é aquele modo de solução do conflito em que o estado avoca para si a função                                           
de dirimir conflitos: ​jurisdição​. 
Existe uma possibilidade de conceituar ​jurisdição ​como um poder do Estado em dirimir conflitos​ . Ainda                             
mais, o ​poder­dever​  do Estado­juiz em dirimir conflitos. 
Então, a possibilidade de resolver os conflitos, que também é de interesse do Estado pois com isso se busca a                                       
pacificação social, denominamos, jurisdição. 
Ao contrário do legislador, ou do administrador, que atuam sem a exigência de um conflito, ​a atuação do                                   
Estado­juiz dá­se em uma situação concreta a ser resolvida, de forma imperativa. 
SISTEMAS DE JURISDIÇÃO 
Temos a 
a) ​Dualidade ou sistema francês​: 
b)​ Por outro lado, temos a Jurisdição ​Única ou sistema inglês: 
Vamos agora para os 
PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO 
● Juiz Natural​: 
Assegura expressamente a Constituição Federal que “ninguém será processado nem sentenciado senão pela                         
autoridade competente” (artigo 5º, inciso LIII) e que “não haverá juízo ou tribunal de exceção” (artigo 5º,                                 
inciso XXXVII).  
Esse princípio garante ao cidadão o direito de não ser subtraído de seu Juiz Constitucional ou Natural, aquele                                   
por lei, pré­constituído para exercer validamente a função jurisdicional. 
 
● Inércia 
O art.​ 2​o​ do Novo CPC diz o seguinte “O processo começa por iniciativa da parte”. 
Existe alguns termos em latim para expressar esse princípio como 
Nemo iudex sine actore ­ não há juiz sem autor­, o ​Ne procedat iudex ex officio​ ...esse último que fala                                     
exatamente sobre a impossibilidade de o Estado­juiz atuar sem que haja prévia provocação da parte. 
Diz, a grosso modo, o princípio da inércia que a prestação da tutela jurisdicional só se dará mediante                                   
provocação. 
● Inafastabilidade​:  
dispõe o artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal que “a lei não excluirá da apreciação do Poder                                   
Judiciário lesão ou ameaça a direito”.  
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Desta forma, a Lei Maior garante o acesso ao Poder Judiciário a todos aqueles que tiverem seu direito                                   
violado ou ameaçado, não sendo possível ao Poder Legislativo, editar leis que dificultem o acesso do                               
jurisdicionado ao Poder Judiciário. 
● Indelegabilidade​: 
A jurisdição não pode ser transferida, nem pode ser delegada ou seja a atividade jurisdicional não poderá ser                                   
exercida por outro orgão. Devendo ser atividade unicamente dos magistrados estatais. 
● Indeclinabilidade 
O Órgão Judiciário competente é obrigado a prestar a tutela, não pode se recusar a julgar por simples                                   
vontade. 
● Inevitabilidade​/irrecusabilidade: Quando provocado o exercício jurisdicional, as partes sujeitam­se                 
a ela mesmo contra a sua vontade.  
● Investidura peculiar 
O Estado exerce a jurisdição por seus órgãos constitucionalmente definidos e essa função jurisdicional é                             
exercida por agentes que preencham rigorosos critérios legais (aprovação em concurso de provas e títulos,                             
três anos de prática jurídica, formação em direito; ou nomeados pelo chefe do Poder Executivo para ingressopelo quinto constitucional em tribunais). 
● Territorialidade​/​aderência ao território 
Por se tratar de um ato de poder, o juiz exerce a jurisdição dentro de um limite espacial sujeito à soberania do                                           
Estado. Além desse limite ao território do Estado, sendo numerosos os juízes de um Estado, normalmente o                                 
exercício da jurisdição que lhes compete é delimitado à parcela do território, conforme a organização                             
judiciária da Justiça em que atua, 
Sendo as áreas de exercício da autoridade dos juízes divididas na Justiça Federal em seções                             
judiciárias e na Justiça Estadual em comarcas.  
● Duplo Grau de Jurisdição 
◦ Não é um princípio expresso e se depreende da previsão constitucional de órgãos de revisão. 
◦ Se funda na falibilidade humana, dando ao jurisdicionado a chance de ter a sentença que foi                               
proferida em seu desfavor reexaminada. 
◦ Conteúdo: reexame 
◦ Modalidades: 
▪ Facultativo 
▪ Voluntário 
 
Uma pergunta que pode surgir, é, sabendo que a jurisdição é o poder do estado de dirimir conflitos, como ele                                       
faz isso? Dado o fato objetivo que duas pessoas não se compuseram no direito material o conflito dessas                                   
pessoas será projetado no judiciário, o que o judiciário deve fazer? 
Segundo Chiovenda​, o estado vai fazer isso através do que se chama, ​atividade substitutiva​, pois, a grosso                                 
modo, substitui a vontade das partes. Aplicar a norma ao caso concreto ou seja exercer o poder de “dizer o                                       
direito”. 
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Mas ​existe uma consideração importante que nós temos que levar em conta: 
A jurisdição não vive somente de resolução de conflitos. Isso fez com que o legislador estabelecesse uma                                 
classificação da jurisdição civil​. Então hoje, ​podemos dividir a jurisdição em dois grupos​: 
Nós temos uma jurisdição chamada  
● CONTENCIOSA 
E também, temos uma jurisdição chamada de 
● VOLUNTÁRIA. 
Quando a gente fala em ​contenciosa​, pressupõe­se uma lide. O conflito entre pretensões. 
Porém, existem situações, em que o Estado precisa participar das relações particulares para que essa relação                               
possa produzir seus regulares efeitos, mesmo sem a existência de um conflito. A esse tipo de jurisdição,                                 
chamamos de​ JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA ou graciosa. 
Parte da doutrina costuma chamar essa modalidade de jurisdição de ​administração pública de interesses                           
privados. ​Fredie Didier, entre outros, entretanto, defende a natureza jurisdicional da jurisdição                       
voluntária. 
Temos como exemplo, uma ação de divórcio consensual. 
Então para facilitar o entendimento, apresentá­lo de forma mais didática, nós podemos fazer uma ​tabela                             
comparativa entre a Jurisdição Voluntária x Jurisdição Contenciosa​. 
 
JURISDIÇÃO CONTENCIOSA  JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA 
1. LIDE  Ausência de LIDE 
2. Partes  Interessados 
3. Sentença  Pronunciamento Judicial 
4. Processo  Procedimento (Grinover, 2003. pag. 156) 
5. Ato substitutivo  Ato integrativo 
 
1º​. Quando pensamos em jurisdição contenciosa, a primeira coisa que nos vem à mente é a lide. 
Enquanto que na JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA, é a ausência de lide. 
2° ​Partes = contraposição / interessados = não ocorre essa contraposição 
3​° Segundo parte da doutrina Não existe uma sentença, mas um pronunciamento judicial de administração de 
interesse privado com relevante repercussão pública.  
4º​ “Fala a doutrina, por outro lado, em procedimento, e não processo, pois este seria também ligado ao 
exercício da função jurisdicional contenciosa e da ação” Ada Pellegrini Grinover et. al. (2003, p.156). 
5º​ Não substitui a vontade das partes mas integra, confirma a vontade de ambas. 
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