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LESGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA CONTEÚDO JUNTO

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1ª AULA – LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA NACIONAL
Conversa inicial
Bem vindos à disciplina de legislação tributária. Em nossas aulas, trataremos dos principais aspectos tributários abordados no cotidiano empresarial, iniciando com as regras teóricas do mundo jurídico para que possamos entender melhor como funciona cada tributo recolhido mensalmente pelos empresários.
Nesta nossa primeira aula, vamos conversar sobre os conceitos iniciais da legislação tributária, importantes para o desenvolvimento de toda a disciplina e da carreira profissional do gestor. Então, é bem importante que estes conceitos sejam apendidos por você, para que você tenha sucesso nas nossas aulas e ainda mais na carreira profissional. 
Também vamos falar sobre o sistema tributário nacional, observando a hierarquia dos enunciados legais existentes no Brasil. Vamos conhecer os princípios tributários importantes para aplicação da norma, falar sobre a competência tributária no que se refere ao poder de criar enunciados jurídicos tributários e vamos, por fim, conceituar os tributos e a não tributação (imunidade e isenção). 
Como já sabemos, a legislação tributária passa por alterações diariamente, isso considerando os diversos mecanismos que o fisco utiliza para publicação de novas normas, leis, decretos, instruções normativas, resoluções etc. 
Nesse sentido, é imprescindível que o profissional esteja atualizado e capacitado para utilizar as normas tributárias a favor de sua empresa, visando à redução da despesa com tributos e aumento do lucro líquido da empresa. Mas isso requer preparo que será adquirido após alguns anos de experiência e muito estudo, já que a legislação tributária é complexa e está em constante evolução. 
Com a constante mutação na legislação tributária, nos deparamos também com o aumento da carga tributária com a qual as empresas convivem anualmente. As mudanças abrangem todas as organizações, independentemente do porte e da área em que ela atue. 
A mais recente alteração em toda a legislação tributária foi dada pela Lei nº 12.973/2014, considerada como uma “minirreforma” tributária. 
Não bastasse toda essa alteração nas regras contábeis e tributárias, os profissionais têm, ainda, que conviver com o emaranhado de obrigações acessórias exigidas pelo fisco, em todas as esferas, onde todo e qualquer passo dado pelo contribuinte deve ser informado por meio das declarações, facilitando a fiscalização dos auditores. 
Podemos até dizer que o fisco agora é digital, principalmente pela plataforma SPED, que vem a cada dia aumentando sua abrangência e “fechando o cerco” das empresas, evitando, assim, que aconteçam crimes de sonegação fiscal, por exemplo. 
Ao longo desta disciplina, você vai perceber o quão importante ela é, principalmente para sua vida profissional. Veja que aprender estes conceitos irão lhe ajudar na argumentação com superiores, fornecedores e clientes. Podemos até dizer que tal aprendizado poderá lhe ajudar na sua vida pessoal, uma vez que você estará conhecendo conceitos constitucionais do Direito que são vivenciados diariamente por todos nós. 
A seguir, lhe será apresentado o sistema tributário nacional assim como a hierarquia que deve ser seguida para a formulação de uma nova norma tributária. Posteriormente, conheceremos os princípios constitucionais tributários, assim como a competência para instituição das leis. Para finalizar esta aula, conheceremos as diferenças entre imunidade e isenção. 
A maioria dos contribuintes já se utiliza dos recursos de informática para efetuar tanto a escrituração fiscal como a contábil. As imagens em papel simplesmente reproduzem as informações oriundas do meio eletrônico. Dessa forma, a facilidade de acesso à escrituração, ainda que não disponível em tempo real, amplia as possibilidades de seleção de contribuintes e, quando da realização de auditorias, gera expressiva redução no tempo de sua execução. 
A Emenda Constitucional nº 42, aprovada em 19 de dezembro de 2003, introduziu o inciso XXII ao Art. 37 da Constituição Federal, que impõe às Administrações Tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios atuarem de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais. 
Para atender ao dispositivo Constitucional, foi realizado, em julho de 2004, em Salvador, o I ENAT (Encontro Nacional de Administradores Tributários), reunindo o Secretário da Receita Federal, os Secretários de Fazenda dos Estados e Distrito Federal e o representante das Secretarias de Finanças dos Municípios das Capitais. 
O Encontro teve como objetivo buscar soluções conjuntas nas três esferas de Governo que promovessem: 
 Maior integração administrativa, padronização e melhor qualidade das informações; 
 Racionalização de custos e da carga de trabalho operacional no atendimento; 
 Maior eficácia da fiscalização; 
 Maior possibilidade de realização de ações fiscais coordenadas e integradas; 
 Maior possibilidade de intercâmbio de informações fiscais entre as diversas esferas governamentais; 
 Cruzamento de informações em larga escala com dados padronizados e uniformização de procedimentos. 
Em consideração a esses requisitos, foram aprovados dois Protocolos de Cooperação Técnica, um objetivando a construção de um cadastro sincronizado que atendesse aos interesses das Administrações Tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e outro, de caráter geral, que viabilizasse o desenvolvimento de métodos e instrumentos que atendessem aos interesses dos respectivos Entes Públicos. 
Em agosto de 2005, no evento do II ENAT (Encontro Nacional de Administradores Tributários), que aconteceu em São Paulo, o Secretário da Receita Federal, os Secretários de Fazenda dos Estados e Distrito Federal, e os representantes das Secretarias de Finanças dos Municípios das Capitais, buscando dar efetividade aos trabalhos de intercâmbio entre as esferas de governo, assinaram os Protocolos de Cooperação nº 02 e nº 03, com o objetivo de desenvolver e implantar o Sistema Público de Escrituração Digital e a Nota Fiscal Eletrônica. 
O SPED, no âmbito da Receita Federal, faz parte do Projeto de Modernização da Administração Tributária e Aduaneira (PMATA) que consiste na implantação de novos processos apoiados por sistemas de informação integrados, tecnologia da informação e infraestrutura logística adequados. 
Dentre as medidas anunciadas pelo Governo Federal, em 22 de janeiro de 2007, para o Programa de Aceleração do Crescimento 2007-2010 (PAC) – programa de desenvolvimento que tem por objetivo promover a aceleração do crescimento econômico no país, o aumento de emprego e a melhoria das condições de vida da população brasileira – consta, no tópico referente ao Aperfeiçoamento do Sistema Tributário, a implantação do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) e a Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) no prazo de dois anos. 
Na mesma linha das ações constantes do PAC que se destinam a remover obstáculos administrativos e burocráticos ao crescimento econômico, pretende-se que o SPED possa proporcionar melhor ambiente de negócios para o país e a redução do Custo Brasil, promovendo a modernização dos processos de interação entre a Administração Pública e as empresas em geral, ao contrário do pragmatismo pela busca de resultados, muito comum nos projetos que têm como finalidade apenas o incremento da arrecadação. 
A facilidade na fiscalização das operações realizadas pelos contribuintes vem sendo ajustada por todos os modelos de SPED existentes. 
O fisco melhorou fortemente o controle e a fiscalização exercendo o intercâmbio de informações entre as administrações tributárias, através da contabilidade digital, acompanhando, assim, a evolução da tecnologia.
Tema 1: Sistema tributário
De acordo com FABRETTI (2009) o Direito pode ser definido de diversas maneiras, considerando a formação e o pensamento de cada autor que escreve sobre o assunto. 
Considerando nossa disciplina, que visa a aplicação prática dos tributos incidentessobre a atividade econômica da empresa, vamos utilizar o conceito criado pelo autor mencionado anteriormente, que caberá perfeitamente no objetivo definido nesta disciplina. Para o autor, o “Direito é o conjunto de princípios e normas que regulam a convivência social de forma coercitiva”.
Vamos, agora, explorar o conceito dado por Fabretti para entender melhor sua aplicação à nossa disciplina. 
Os princípios citados são os grandes fundamentos, as diretrizes políticas, sociais e econômicas do ordenamento jurídico de um país, que estão expressos em nossa Constituição de 1988. 
Norma é uma regra de comportamento, sendo composta pela hipótese, que podemos dizer que é a situação fática, o acontecimento do evento para surgimento da obrigação tributária. A norma também é composta pelo mandamento, um comando positivo ou negativo de dar, fazer, abster-se ou suportar. 
Para ilustrar a hipótese e o mandamento, vamos demonstrar a norma do imposto de renda, sendo: 
 Hipótese: receber renda 
 Mandamento: pagar imposto sobre a renda 
Temos ainda a sanção, que é a consequência atribuída à desobediência do mandamento. Nesse caso, há a cobrança de multa e juros sobre o valor devido de imposto de renda, quando pago depois do prazo devido.
A Cobrança de Tributos 
Mas, onde tudo começou? Por que pagamos tributos? 
Quando José anuncia ao Faraó sete anos de abundância a que seguirão sete outros de carestia ele lhe recomenda receber durante os sete primeiros anos o quinto dos produtos da terra, isto é, o duplo dizimo, na previsão do período seguinte, durante o qual não seriam possíveis os impostos. (REZENDE, PEREIRA E ALENCAR, apud AMED, 2000)
A cobrança dos tributos no Brasil iniciou-se antes que o país tivesse uma legislação própria. Como as terras pertenciam ao Rei de Portugal, qualquer exploração de atividade econômica era entendida como um favor real, sujeita ao pagamento dos tributos e cumprimento de outras obrigações. A concepção de um Estado preocupado com o bem comum, que precisaria ser mantido, não era forte. O tributo era devido à pessoa do soberano. 
A criação de tributos (ou a sua majoração), em grande parte da história brasileira, foram provocadas unicamente pela necessidade do fisco em fazer mais caixa. 
O Sistema Tributário 
O Sistema Tributário criado pela Constituição de 1988 foi fruto de um processo participativo em que os principais autores eram políticos. Definidos os temas a serem tratados na Constituição, repartiu-se a tarefa entre 24 subcomissões, que iniciaram a preparação dos textos relativos a seus respectivos temas praticamente a partir do nada! 
De acordo com a definição de D’ANDRÉA e SILVA (2013) o Sistema Tributário Nacional encontra-se descrito na Constituição Federal, Título VI, Capítulo I, artigos 145 a 156. 
Dos Princípios Gerais: 
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: 
I - impostos; 
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; 
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
[...] 
Das limitações ao Poder de Tributar: 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; 
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; 
III - cobrar tributos: 
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; 
IV - utilizar tributo com efeito de confisco; 
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; 
VI - instituir impostos sobre: 
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; 
b) templos de qualquer culto; 
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; 
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. 
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. 
[...]
Dos Impostos da União: 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
I - importação de produtos estrangeiros; 
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; 
III - renda e proventos de qualquer natureza; 
IV - produtos industrializados; 
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; 
VI - propriedade territorial rural; 
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. 
[...] 
Dos impostos dos Estados e do Distrito Federal: 
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) 
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) 
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) 
III - propriedade de veículos automotores 
[...] 
Dos impostos dos Municípios: 
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: 
I - propriedade predial e territorial urbana; 
II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar. 
[...] 
Segundo HARADA (2005) apud D’ANDRÉA e SILVA (2013) o sistema tributário é o conjunto de normas constitucionais de natureza tributária, inserido no sistema jurídico global e formado por um conjunto unitário e ordenado de normas subordinadas aos princípios fundamentais, reciprocamente harmônicos, que organiza os elementos constitutivos do Estado (que outra coisa não é senão a própria Constituição). O que existe, portanto, é um sistema parcial (sistema constitucional tributário) dentro de um sistema global (sistema constitucional). 
Nesse contexto, é importante observar que, ao tratarmos da legislação tributária, inicialmente temos que recorrer à Constituição Federal de 1988, pois ela é que nos guiará para as demais normas jurídicas eficazes no sentido do poder de tributação. Isso porque é a CF que determina as primeiras e principais normas brasileiras (não só tributárias) e acabamos esquecendo de como utilizá-la, principalmente quando temos outros códigos no ordenamento, como o Código Tributário Nacional, por exemplo. 
Dessa forma, podemos vislumbrar a hierarquia tributária no Brasil, através da Pirâmide de Kelsen a seguir:
Hans Kelsen é um jurisfilósofo muito importante para o Direito, dentre os vários livros que escreveu, podemos mencionar o livro “Teoria Geral do Direito e do Estado”, no qual Kelsen cria a ideiade hierarquização e subordinação das leis, usando a pirâmide para explicá-la. Essa ideia implica na condição de que todas as leis estão subordinadas a uma lei maior, ou seja, todas as leis devem seguir a Constituição Federal, devendo estar adequadas a ela e não podendo contradizê-la.
Tema 2: Princípios Constitucionais Tributários
Conforme vimos anteriormente, a Constituição atribuiu poder às esferas legislativas para instituir e cobrar tributos. Importante observarmos que a CF não institui tributo, somente os indica e distribui a competência para institui-los e cobrá-los!
Para que esse poder tenha limites, a própria CF estabelece princípios constitucionais que limita, o poder dos entes de tributar. Os referidos princípios estão previstos no Art. 150 da CF/88, sendo uma parte relevante das garantias fundamentais do contribuinte. 
Os referidos princípios são: 
 Princípio da Legalidade; 
 Princípio da Isonomia; 
 Princípio da Irretroatividade; 
 Princípio da Anterioridade; 
 Princípio da Noventena; 
 Princípio da Vedação ao Confisco; 
 Princípio da Liberdade de Tráfego; 
 Princípio da Imunidade Tributária. 
Visto isso, agora trataremos de cada princípio isoladamente, conforme disposição na Constituição Federal, Art. 150. 
Princípio da Legalidade 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; 
O inciso primeiro desse artigo refere-se ao Princípio da Legalidade, que é a base de todo sistema democrático, uma vez que estabelece que o imposto ou contribuição só pode ser cobrada mediante lei, ou seja, outros atos normativos como decretos, portarias, instruções normativas não podem instituir tributos, somente normatizar a lei. 
Princípio da Isonomia 
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; 
O inciso segundo, acima transcrito, trata do Princípio da Isonomia, também chamado de Princípio da Igualdade, descrevendo a igualdade de todos perante a lei. Nesse trecho é importante observarmos que o legislador deve tratar de forma igual os que estejam em situações iguais e de forma desigual, quem esteja em situação desigual.
Para melhor compreensão deste inciso, vamos pensar na tabela progressiva do imposto de renda. Lá podemos observar que quem recebe mais, na teoria, paga mais imposto e aqueles que recebem menos, pagam menos impostos ou não pagam. 
Princípio da Irretroatividade, Anterioridade e Noventena 
III - cobrar tributos: 
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; 
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; 
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; 
O inciso III, na alínea “a” trata do Princípio da Irretroatividade da lei tributária, ou seja, a lei poderá ser aplicada somente aos fatos que ocorrerem após a sua entrada em vigor, não podendo alcançar fatos já ocorridos na vigência de lei anterior. 
A alínea “b” do inciso III trata do Princípio da Anterioridade da lei, dispondo que a cobrança de um tributo novo ou aumento de um já existente somente poderá ser cobrado no ano seguinte, sendo que a lei deve ser publicada até o último dia útil do exercício anterior ao que se queira cobrar. 
No entanto, de acordo com FABRETTI (2009), esse princípio perdeu seu valor, pelo fato de, reiteradamente, a lei ser publicada no último dia do ano, entrando em vigor já em 1º de janeiro do ano seguinte. Dessa forma, a EC incluiu mais uma alínea para a norma, trazendo então o chamado Princípio da Noventena, vedando a cobrança de tributos antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, sem prejuízo da anterioridade.
Desta forma, MACHADO (2015) comenta que, para que o tributo seja cobrado a partir de 1º de janeiro, já não basta que a lei seja publicada no exercício anterior – deve ser publicada pelo menos 90 dias antes. 
Importante observar que o Princípio da Anterioridade não é aplicado para o Imposto de Importação (II), o Imposto de Exportação (IE) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). 
Princípio da Vedação ao Confisco 
IV - utilizar tributo com efeito de confisco; 
O inciso quarto trata do Princípio da Vedação ao Confisco ou Princípio do não confisco, que determina que a imposição de um determinado tributo não pode ter por consequência o desaparecimento total de um determinado bem. No entanto, cabe ao judiciário dizer quando um tributo é confiscatório, pois não há norma que disponha o que é confiscatório (até porque se existisse, estaria ferindo o Princípio da Isonomia). 
Princípio da Liberdade de Tráfego 
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; 
Esse inciso dispõe sobre o Princípio da Liberdade de Tráfego, que veda a limitação de tráfego de pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais. 
É importante destacar aqui que essa norma não impede a cobrança de imposto sobre circulação em operações interestaduais ou intermunicipais, o que ela proíbe é a instituição de tributos em cuja hipótese de incidência seja elemento essencial a transposição de fronteira interestadual ou intermunicipal.
Princípio da Imunidade Tributária 
VI - instituir impostos sobre: (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) 
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; 
b) templos de qualquer culto; 
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; 
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. 
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. 
O enunciado acima aborda a imunidade de impostos sobre as atividades ali elencadas. Esse princípio visa resguardar as relações entre os entes federados, que certamente seriam tumultuadas pela tributação recíproca, conforme entendimento de FABRETTI (2009).
Tema 3: Competência Tributária
A cada um dos entes da federação corresponde uma determinada competência para instituir tributos. Isso significa que a Constituição Federal autoriza a cada um deles a elaboração de leis que instituam a cobrança de tributos que incidam sobre determinados fatos por ela previstos.
A CF/88 repartiu entre os entes da federação as possíveis hipóteses de incidência, conferindo a cada um a possibilidade de instituir impostos sobre tais fatos como forma de garantir recursos para sua manutenção.
Para HACK (2010) a distribuição das hipóteses de incidência parece ser de acordo com a melhor forma de cobrança e fiscalização de cada ente com relação ao tributo. 
No tema 1 desta aula trouxemos como limitação do poder de tributar, os tributos previstos na CF/88, de competência da União, dos Estados e Distrito Federal e dos Municípios. Em nossa disciplina, não veremos todos estes tributos, falaremos somente daqueles devidos pelas empresas. 
Iniciaremos nossa divisão tributária com os tributos cobrados pela União, sendo eles: 
 IR – Imposto de Renda; 
 IPI – Imposto sobre Produto Industrializado; 
 PIS – Programa de Integração Social; 
 COFINS –Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social; 
 CPRB – Contribuição Previdenciária sobre Receita Bruta (desoneração da folha). 
Em seguida, trataremos do ICMS, que é um imposto instituído pelos Estados e Distrito Federal e, por último, o Imposto Sobre Serviços que é cobrado pelos Municípios. 
Competência da União 
Começando pela competência da União, temos o imposto mais conhecido e o mais arrecado, sendo o que recai sobre a renda e os proventos de qualquer natureza, o IR – Imposto de Renda. Trata-se de um tributo com função fiscal, ou seja, destina-se a arrecadar valores aos cofres públicos da União.
O IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados incide sobre a industrialização de produtos. Esse tributo tem aparente função extrafiscal, sendo um imposto seletivo em razão da essencialidade do produto. 
As contribuições sociais, PIS, COFINS e a CPRB também são de competência da União. As contribuições sociais têm função parafiscal e extrafiscal. As que têm função parafiscal são aquelas de interesse de categorias profissionais ou econômicas, como as de Seguridade Social. Estas sobrevivem através de recursos financeiros de entidades do poder público, desvinculadas do Tesouro Nacional, no sentido que possuem patrimônio próprio. 
Importante: conforme elucida Regina Helena Costa: 
“Em primeiro lugar, a fiscalidade traduz a exigência de tributos com o objetivo de abastecimento dos cofres públicos, sem que outros interesses interfiram no direcionamento da atividade impositiva. Significa olhar para o tributo, simplesmente, como ferramenta de arrecadação. 
A extrafiscalidade, por sua vez, consiste no emprego de instrumentos tributários para o atingimento de finalidades não arrecadatórias, mas, sim, incentivadoras ou inibitórias de comportamentos, com vista à realização de outros valores, constitucionalmente contemplados. 
Já a parafiscalidade é conceito que se distancia dos anteriores por não se relacionar à competência tributária, mas, sim, à capacidade tributária ativa, vale dizer, das aptidões de arrecadar e fiscalizar a exigência de tributos a outra pessoa, de direito público ou privado – autarquia, fundação pública, empresa estatal ou pessoa jurídica de direito privado, esta desde que persiga finalidade pública” COSTA, Regina Helena – Curso de Direito Tributário: Constituição e Código de Direito Tributário Nacional – 2ª Edição – São Paulo: Saraiva, 2012. 
Competência Estadual e do Distrito Federal 
Passando agora para um tributo de competência dos Estados ou do Distrito Federal, o ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e prestação de Serviços de comunicação e transporte interestadual e intermunicipal. Estamos falando do tributo mais complexo do nosso sistema tributário, pois cada estado possui a competência para instituí-lo, o que resulta em 27 diferentes leis referentes a esse imposto. Trata-se de um imposto de caráter fiscal, sendo a principal fonte de arrecadação para os estados, ainda que seja utilizado muitas vezes com fins extrafiscais pelos incentivos. 
Competência Municipal 
Por último, de competência dos Municípios, o Imposto sobre serviços – ISS, tem como hipótese a prestação de serviços não compreendidos na competência estadual. Esse tributo também tem caráter fiscal, sendo uma importante fonte de renda para os municípios. 
Repartição das Receitas 
Com relação à repartição das receitas tributárias, das quais estamos tratando aqui, a Constituição Federal determina que pertencem aos Estados e ao Distrito Federal o produto da arrecadação do imposto pela União sobre a renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos a qualquer título por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem. 
Pertencem também aos Municípios o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos a qualquer título por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem. Aos Municípios ainda pertence 25% do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação.
A União entregará ainda, do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados, 49% (quarenta e nove por cento), na seguinte forma: 
 Vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal; 
 Vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Municípios; 
 Três por cento para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter regional, de acordo com os planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao semiárido do Nordeste a metade dos recursos destinados à Região, na forma que a lei estabelecer; 
 Um por cento ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no primeiro decêndio do mês de dezembro de cada ano; 
 Um por cento ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no primeiro decêndio do mês de julho de cada ano. 
A União entregará também, do produto da arrecadação do imposto sobre produtos industrializados, dez por cento aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados. 
De acordo com o Art. 162 da Constituição Federal, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios divulgarão, até o último dia do mês subsequente ao da arrecadação, os montantes de cada um dos tributos arrecadados, os recursos recebidos, os valores de origem tributária entregues e a entregar e a expressão numérica dos critérios de rateio.
Tema 4: Conceito de Tributos e de Direito Tributário
O tributo é uma obrigação criada por lei, impondo aos indivíduos o dever de entregar parte de suas rendas e patrimônio para manutenção e desenvolvimento do Estado, para aplicá-los nas áreas de interesse, como Saúde, Educação, Segurança, Política Econômica, entre outras.
Apesar de as leis não conceituarem normas jurídicas, temos um conceito de tributos definido pelo Código Tributário Nacional, instituído pela Lei nº 5.172/1966, em seu Art. 3º: 
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. 
Em análise ao artigo transcrito acima, podemos definir que o tributo é sempre um pagamento compulsório, ou seja, obrigatório, porque decorre simplesmente de uma imposição legal. Conforme dispõe MARTINS NETO (2007) o tributo importa “prestação pecuniária”, de modo a não comportar na categoria outras prestações que eventualmente possam ser devidas, como serviço militar, por exemplo. 
No que se refere ao trecho “que não constitua sansão por ato ilícito” tem o sentido de o tributo não adotar como pressuposto a prática de atos ilícitos. O tributo incide sobre materialidades naturalmente situadas no campo da licitude. Já a expressão “instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada” significa que o tributo só pode ser instituído e cobrado em lei, seguindo o Princípio da Legalidade e a própria atividade envolvida nessa cobrança deve atender fielmente às regras prescritas na legislação. 
Portanto, inicialmente o tributo deverá decorrer de uma situação descrita em lei que acarretará no fato gerador que trará uma relação jurídica onde o estado será o sujeito ativo e o contribuinte o sujeito passivo dessa prestação, que será pecuniária compulsória, ou seja, obrigatória, imposta legalmente sem depender da vontade do sujeito passivo. 
O artigo 4º do CTN dispõe ainda que: 
Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: 
I- a denominação e demais características formais adotadas pela lei; 
II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. 
Ou seja, a natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador, de onde nasce a obrigação de pagar um tributo. Temos, ainda, que o tributo é gênero e as espécies são os impostos, as taxas e as contribuições. Dessa forma, é irrelevante para determinar a natureza jurídica específica de um tributo a sua denominação ou a destinação do produto de sua arrecadação. 
Em termos gerais, podemos classificar os tributos em cinco espécies: impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições parafiscais. 
As Normas no Direito Tributário 
O Direito Tributário é o ramo de Direito especificamente criado para reger o sistema de arrecadação de receita derivada de soberania, e não fazem parte dele as demais formas de receita do Estado. 
Lei é a norma jurídica emanada do poder competente. As leis só podem ser elaboradas e promulgadas pelo Poder Legislativo. 
A Lei Complementar tem como função complementar dispositivos da Constituição que, pela sua complexidade, são enunciados de maneira genérica para, depois de estudados e debatidos, serem complementados por lei especial. Deve ser aprovada por maioria absoluta.
A maioria absoluta é obtida pelo voto de 50% mais um do total de membros de cada Casa do Congresso Nacional, a maioria simples é alcançada com 50% mais um dos presentes. 
As leis ordinárias são leis comuns próprias de cada ente da federação e suas normas valem apenas dentro dos limites de sua competência. 
A Medida Provisória, como o próprio nome diz, tem caráter provisório, que pode ser adotada pelo Presidente da República, em caso de relevância e urgência, com força de lei, pelo prazo de 60 dias, prorrogáveis por mais 60 dias. 
O Decreto é uma norma jurídica elaborada e promulgada pelo Executivo. Não pode ir além do que já era estabelecido pela lei, é usada para dar detalhes de aplicação prática ou ainda reunir e consolidar em um único texto legal a legislação referente a determinado tributo. 
Temos ainda, no Art. 100 do CTN, as normas complementares, que representam orientações dadas pelas autoridades administrativas, por exemplo, as Portarias, os Pareceres, as Instruções Normativas, os Atos Declaratórios etc.
Tema 5: Imunidade e Isenção
Quando se fala de imunidade e isenção, a primeira coisa que pensamos é que a diferença entre imunidade e isenção está na legislação à qual é aplicada cada redução do tributo, sendo que a primeira está estabelecida na Constituição Federal e a segunda é prevista em lei ordinária.
Isenção 
A isenção está prevista no Código Tributário Nacional como sendo a causa da dispensa do pagamento do tributo. 
A isenção é a dispensa do pagamento de um tributo devido em face da ocorrência de seu fato gerador. Constitui exceção instituída por lei à regra jurídica de tributação (ADI 286, Min. Mauricio Corrêa). A isenção pode ter diversas formas, as quais serão elencadas a seguir: 
 Condicionada: para obtenção do benefício por parte do contribuinte, a lei estabelece uma série de exigências a serem atendidas pelo mesmo; 
 Incondicionada: a lei apenas descreve a hipótese de concessão do benefício sem estipular qualquer outra condição; 
 Por prazo certo: a lei determina um prazo em que os contribuintes terão direito ao benefício; 
 Por prazo indeterminado: a lei não fixa prazos de concessão do benefício, a isenção poderá ser revogada a qualquer tempo. Entretanto, se for relativa a impostos e contribuições sociais, sujeitas ao princípio da anterioridade ou da noventena, sua revogação importará na instituição do tributo, devendo-se, portanto, observar os referidos tributos. 
A isenção somente pode ser concedida por lei, podendo ser por lei ordinária. 
Isenção e imunidade não se confundem. A primeira está a critério do legislador e constitui-se em uma ordem dele à Administração Pública, para que esta não cobre o tributo nos casos determinados em lei. A segunda foi estabelecida pela CF/88, impedindo assim que o legislador comum venha a alterá-la.
Imunidade 
Para FELÍCIO (2013) a imunidade é uma limitação do poder de tributar; sendo assim, é considerada como cláusula pétrea (Art. 60, § 4º, IV, CF) “As imunidades surgem como instrumento de proteção de direitos fundamentais, a fim de que estes não sejam cerceados pela tributação”. 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
[...] 
VI - instituir impostos sobre: 
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; 
b) templos de qualquer culto; 
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; 
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. 
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. 
Quando a Constituição Federal declara imunidade sobre a renda ou serviços das entidades religiosas, ela está determinando a imunidade somente sobre as receitas provenientes da sua atividade normal (doação), não sendo aplicada a imunidade para outras receitas, como locação de espaços ou estacionamento, por exemplo. 
Observa-se que a legislação dispõe sobre o livro, e não o caracteriza especificamente como o livro impresso em meio físico, apesar de considerar também o papel destinado à sua impressão como imune. Dessa forma, pode-se entender que somente o livro ou periódico impresso está imune pela CF/88. No entanto, existem vários dispositivos legais que trazem a regra da imunidade também para os livros eletrônicos, como CD-ROMs e links diretos da Internet. 
Ressalta-se que a imunidade se refere apenas a impostos, sendo que cabe a outros dispositivos legais darem algum benefício fiscal para contribuições, por exemplo. 
Na Prática 
Pesquise na Internet e leia o texto “Da Inobservância ao Princípio da Anterioridade Nonagesimal pela Lei Municipal nº 13.701/2003” de Carlos Eduardo Toro, Eduardo Alcebíades Lopes e Rogério M. Tubino. 
Finalizando 
Esta aula teve como objetivo apresentar os conceitos iniciais da legislação tributária, nos aspectos mais usuais, para empresários, contribuintes e profissionais. 
Aprendemos os princípios tributários que devem ser seguidos pelos legisladores e que, em muitos casos, são esquecidos por eles ao instituírem novas normas. 
Vimos, também, a hierarquia das leis e a competência ao poder de tributar. Nesse último assunto, percebemos que é difícil que um ente conflite com outro quando se fala de tributos de âmbitos distintos. Temos casos bem pontuais, e a discussão maior acontece sobre o fato gerador ou a base de cálculo, para que se verifique qual é o tributo aplicado, não sendo invadida a esfera tributária. 
Aprendemos, também, a diferença entre tributo e imposto, sendo que o imposto é uma espécie do gênero tributo. 
Todo esse conhecimento é de grande valia na formação do gestor, na medida em que ele conheça profundamente o negócio no qual atua.
2ª AULA – CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS
Conversa inicial
A aula anterior teve como objetivo levar ao seu conhecimento o sistema constitucional tributário, as garantias conferidas pela Constituição Federal e os conceitos fundamentais para entendimento da nossa legislação.
Na aula de hoje, vamos conversar sobre a classificação tributária no Brasil distinguindo as espécies, entre impostos, taxas e contribuições. Aprenderemos também sobre os elementos necessários para qualquer incidência tributária, como base de cálculo, alíquotas, sujeito passivo e sujeito ativo, e o que significa cadaum destes elementos.
Compreendendo a estrutura teórica que permeia a definição de tributos, fica mais fácil compreender a lógica de funcionamento de cada tributo, a sua aplicação e criticar a criação de um novo tributo, considerando toda essa teoria aprendida.
Contextualizando
Após conhecermos os principais conceitos do direito tributário brasileiro, precisamos definir algumas regras, para classificar os tributos, identificar o contribuinte do mesmo e interpretar o que o Fisco determinou com a publicação de uma norma legal.
Quanto a classificação tributária, é comum ouvirmos a palavra imposto, para designar todas as espécies de tributos existentes. Muitas pessoas, utilizam a palavra imposto como gênero, para falar sobre qualquer tributo que é pago, desde o imposto de renda, por exemplo, até o INSS.
Por essa razão é que nossa aula de hoje é importante, pois aprenderemos as corretas definições e elementos tributários, usando não somente o termo correto, mas sabendo qual a consequência da criação e do pagamento de determinado tributo.
Depois de conheceremos então, as espécies tributárias, vamos aprender quais são os elementos que forma um tributo, identificando assim, como nasce a obrigação de pagá-lo, e quando encerra tal obrigação. Desta forma, saberemos se o tributo já existe no sistema tributário ou não, pois se faltar um elemento, não há possibilidade de efetuar o pagamento.
Classificação dos Tributos
Na aula passada, utilizamos o termo tributo sem a menor preocupação com a sua classificação. Agora vamos relembrar um importante conceito, visto na aula passada e trazido pelo Código Tributário Nacional (CTN) que diz:
Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Sabemos então que tributo é uma prestação obrigatória devendo estar instituída em lei para que seja possível a sua cobrança. Mas não basta reconhecer o tributo, pelo seu conceito. É necessário determinar qual a espécie tributária, ou seja, a natureza específica do tributo, conforme o artigo 4º do CTN.
A Classificação
A Constituição Federal prescreveu detalhadamente o sistema tributário brasileiro com um regime jurídico de princípios e normas rígidas, que visam aos contribuintes direitos subjetivos a serem respeitados na instituição dos tributos.
Temos nos artigos 145, 148, 149 e 149-A da CF, os institutos jurídicos dos quais os entes políticos podem se utilizar para arrecadar as receitas.
Vejamos a seguir:
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:
I - impostos;
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da
lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
§ 2º - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.
[...]
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:
I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;
II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b".
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União.
§ 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo:
I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;
II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços;
III - poderão ter alíquotas:
a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro;
b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada.
§ 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá ser equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei.
§ 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez.
Art. 149. A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.
Existem diversas correntes na doutrina que considera tributo somente o que está descrito no artigo 145, sendo os demais classificados como subespécies.
No entanto, usaremos a teoria tricotômica, que é a mais utilizada no direito tributário, defendida por Geraldo Ataliba.
Neste sentido, classificaremos os tributos entre impostos, taxas e contribuições.
Lembre-se sempre que tributo é gênero e os impostos, as taxas e as contribuições são espécies.
Outra classificação importante que tem como fonte a circunstância de existir ou não um vínculo entre o fato descrito e uma atuação do Governo como “contrapartida” do pagamento do tributo.
Desta forma, podemos classificar ainda como tributo vinculado e tributo nãovinculado.
Tributo Vinculado
Tributo vinculado é aquele cujo fato gerador está vinculado, relacionado, a alguma atividade estatal em prol do contribuinte, ou seja, o tributo pago será destinado apenas para essa atividade, por exemplo, uma contribuição de melhoria (quando um ente federal faz qualquer obra pública que ocorre valorização imobiliária).
Tributo não-vinculado
O tributo não-vinculado é aquele que pagamos, mas que poderá ter uma utilização generalizada pelo Fisco arrecadador, ou seja, em nada se relaciona com alguma atividade estatal em prol do contribuinte. Somente os impostos são tributos não-vinculados.
Impostos
Impostos são aqueles tributos que, quando instituído na lei, é devido independentemente de qualquer atividade estatal em relação ao contribuinte, ou seja, não está vinculado a nenhuma prestação específica do Fisco ao sujeito passivo.
O Código Tributário Nacional define imposto em seu artigo 16, como:
Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
Rubens Gomes de Souza citado por Fabretti (2009) define:
Impostos são as receitas que o Estado cobra tendo em vista exclusivamente o interesse público da atividade desempenhada pelo governo, sem levar em conta as vantagens que possam decorrer dessa atividade para os particulares ou mesmo a ausência de tais vantagens sob o ponto de vista individual.
Devemos entender como Estado qualquer ente que esteja cobrando o imposto, seja ele Federal, Estadual ou Municipal. Podemos notar ainda que os impostos arrecadados pelo Fisco serão utilizados para qualquer despesaque o mesmo possua, não sendo necessário que a receita arrecada seja convertida em serviços aos contribuintes. Podemos ainda classificar os impostos como diretos e indiretos
Impostos Diretos
São aqueles impostos em que o contribuinte de direito é idêntico ao contribuinte de fato. Neste caso, não há transferência de ônus financeiro a terceiros.
Exemplo: o IPVA e IPTU.
Impostos Indiretos
São aqueles em que é admitida a existência de duas figuras de contribuinte, o de direito e o de fato. Neste caso, a lei determina o contribuinte de direito pague o imposto, no entanto, este poderá repassar o encargo para o contribuinte de fato.
Temos como exemplo o ICMS e IPI.
Luz (2011) afirma ainda que tributos indiretos são aqueles em que há repasse para o preço do produto, serviço ou mercadoria, recaindo o ônus financeiro para o consumidor.
	Fique sabendo
Contribuinte de direito é aquele que tem a obrigação legal de recolher o
tributo aos cofres públicos.
Contribuinte de fato é aquele que efetivamente desembolsa o valor do
tributo. Aquele que suporta o ônus tributário.
Existem ainda os impostos chamados de progressivos e os regressivos.
Impostos Progressivos
São aqueles em que a alíquota aumenta à medida que aumenta a base de cálculo. Temos o exemplo do imposto de renda pessoa física, onde, a tabela progressiva tem o objetivo de fazer com que quem tiver um salário maior recolha um imposto maior.
Impostos Regressivos
São aqueles que reduzem à medida que aumenta a base de cálculo, temos como exemplo o imposto de renda cobrado sobre aplicação financeira. Neste caso, quanto maior o tempo de aplicação, menor a alíquota recolhida, conforme tabela a seguir:
22,5% (vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento), em aplicações com prazo de até 180 (cento e oitenta) dias;
20% (vinte por cento), em aplicações com prazo de 181 (cento e oitenta e um) dias até 360 (trezentos e sessenta) dias;
17,5% (dezessete inteiros e cinco décimos por cento), em aplicações com prazo de 361 (trezentos e sessenta e um) dias até 720 (setecentos e vinte) dias;
15% (quinze por cento), em aplicações com prazo acima de 720 (setecentos e vinte) dias.
Os impostos que serão estudados em nossa disciplina são: Imposto de Renda, Imposto sobre Produtos Industrializados, Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Imposto sobre Prestação de serviços.
Contribuições
As contribuições são os tributos cobrados pelo fisco tendo em vista o interesse público da atividade desempenhada pelo governo. São exemplos de contribuições, cuja arrecadação tem destinação específica.
As sociais — destinam-se a financiar a seguridade social e estão previstas no artigo 195 da CF.
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro.
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201
III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
Para a saúde — a conhecida CPMF que foi cobrada por 11 anos sobre as operações bancárias.
Infraestrutura e Transporte — são as Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDEs), instituída na Lei nº 10.336/2001 incide sobre a importação e a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool etílico combustível, cuja arrecadação destina-se especificamente para financiar programas de infraestrutura e transporte e projetos ambientais.
Categoria Profissional — são as contribuições vinculadas a entidades representativas de atividade profissional, como é o caso das anuidades pagas aos Conselhos de classe, como CRC, CRM, CREA, entre outros. As últimas contribuições citadas acima estão previstas no artigo 149 da
Constituição Federal, conforme transcrito:
Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.
[...]
Contribuição de Melhoria — são tributos que o governo pode cobrar pela valorização de imóveis em decorrência da execução de uma obra pública, como por exemplo, pavimentação de ruas.
Contribuições Sociais
As contribuições sociais podem ser subdivididas em:
Previdenciárias — se destinadas especificamente ao custeio da Previdência Social, e são formadas pelas contribuições dos segurados e das empresas, conforme as previstas na Lei nº 8.212/1991 e Lei nº 12.546/2011;
Não previdenciárias — quando voltadas para o custeio da Assistência Social e da Saúde Pública. Por exemplo: a COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), o PIS (Programa de Integração Social), incidentes sobre a receita ou o faturamento, e a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), que recai sobre o lucro.
Essas contribuições financiam o sistema da seguridade social e não retribuem uma atividade específica do Estado, uma vez que o contribuinte tem a obrigação de pagá-las, mas não necessariamente irá usufruir algum benefício ou serviço da previdência social.
Há desse modo, como hipótese de incidência, uma atuação do Poder Público indiretamente vinculado ao contribuinte: por meio do custeio da seguridade social ele terá direito a ações gratuitas da saúde pública e, eventualmente, da assistência social e da previdência social (quando se enquadrar em alguma das hipóteses legais).
As contribuições sociais devem obedecer ao princípio da anterioridade restritiva, ou seja, princípio da noventena. Sendo assim, além de poder ser cobrada somente no ano seguinte da sua publicação, deverá ainda respeitar 90 dias após publicação da lei.
Taxas e Empréstimos Compulsórios
Taxas
As taxas estão previstas no artigo 145 da Constituição Federal e são disciplinadas no Código Tributário Nacional, no artigo 77, conforme segue:
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas.
As taxas são tributos vinculados, pois sempre estão atrelados a uma atividade em contrapartida da cobrança. Em análise ao artigo citado, entende-se como exercício regular do poder de polícia a atividade pública que limita e disciplina direito, interesse ou liberdade a favor do interesse público, no que se refere a segurança, higiene, ordem, costumes, entre outros. Podemos citar a taxa de controle e fiscalização ambiental cobrada de algumas empresas de acordo com a atividade.
No que se refere a utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível prestado ao contribuinte, podemos citar as taxas de serviços administrativos. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idêntico ao imposto, nem calculada em função do capital da empresa.
O contribuinte de taxa será a pessoa que provoca a atuação estatal caracterizada pelo exercício dopoder de polícia, ou a pessoa a quem seja prestada, ou à disposição de quem seja colocada a atuação do Estado traduzida em um serviço público divisível.
Empréstimo Compulsório
Os empréstimos compulsórios podem ser instituídos pela União exclusivamente para atender despesas extraordinárias, aquelas que não estejam previstas no orçamento, decorrentes de calamidade pública, guerra ou investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.
Este tributo está previsto no artigo 15 do CTN
Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir empréstimos compulsórios:
I - guerra externa, ou sua iminência;
II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os recursos orçamentários disponíveis;
III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo.
Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei.
O valor arrecadado com o empréstimo compulsório é vinculado à causa que fundamentou a sua instituição, e os valores devem ser restituídos ao contribuinte, conforme as condições estipuladas na lei complementar que os instituiu.
Quadro-Resumo
A seguir temos um quadro com o resumo das espécies tributárias.
	Tributo
	Vinculação
	Contraprestação
	Imposto
	Não
	- 
	Taxa
	Sim
	Exercício regular do poder de polícia. Utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível.
	Contribuição de Melhoria
	Sim
	Valorização de imóveis decorrente de obra pública.
	Contribuições Sociais
	Em Parte
	CIDE — financiar a própria atividade interventiva.
Contribuições Profissionais — vinculadas a entidades representativas de profissionais.
Contribuições de seguridade social — destinadas a financiar a seguridade social.
	Empréstimo Compulsório
	Sim
	Custeio de despesas extraordinárias da União, decorrentes de calamidade pública, guerra ou iminência de guerra. Investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional.
Elementos Fundamentais e Complementares
Antes de entrar nos conceitos e apuração de cada tributo que iremos estudar, é importante conhecermos os elementos fundamentais e os complementares para a existência e cobrança de qualquer imposto ou contribuição existente no ordenamento jurídico brasileiro.
Os elementos fundamentais são:
_ fato gerador
_ contribuinte ou responsável
_ base de cálculo
Os elementos complementares para a formação do tributo são:
_ alíquotas
_ prazo de pagamento
Elementos Fundamentais
Pela sua relevância, os elementos fundamentais do tributo só podem ser definidos por lei complementar, conforme previsto no artigo 146, inciso III da Constituição Federal.
Fato Gerador
De acordo com o Código Tributário Nacional, artigo 114 “fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência”.
Analisando essa definição, temos:
Situação: significa o fato, o conjunto de fatos, a situação de fato. Toda e qualquer ocorrência, decorrente ou não de vontade. Situação cuja ocorrência faz nascer uma obrigação.
Definida em lei: só a lei é o instrumento que pode descrever e definir a situação cuja ocorrência gera a obrigação tributária.
Necessária: sem a situação prevista em lei, não nasce a obrigação tributária.
Suficiente: a situação prevista em lei basta para o surgimento da obrigação tributária.
Em resumo, podemos dizer que o fato gerador é a hipótese de incidência tributária, ou seja, é onde nasce a obrigação de pagar o tributo.
Contribuinte ou Responsável
O CTN, em seu artigo 121 define como sujeito passivo da obrigação tributária a pessoa obrigada ao pagamento do tributo. Neste mesmo artigo temos como sujeito passivo:
[...]
I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador;
II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei.
[...]
O contribuinte é aquele que tem relação pessoal e direta com o fato gerador, podemos citar aqui o IPVA, que tem como contribuinte do imposto o proprietário do veículo.
Já o responsável é a pessoa que a lei escolher para responder como sujeito passivo da obrigação tributária, em substituição ao contribuinte de fato, em razão de maior complexidade para alcança-lo.
O responsável não arca com o ônus tributário, sendo que esse é suportado pelo contribuinte de fato. O responsável atua como uma espécie de arrecadador do
Fisco. Temos como exemplo de imposto, cujo o responsável difere do contribuinte o imposto de renda retido na fonte, onde o ônus é suportado pelo prestador do
serviço, mas o recolhimento é feito pelo tomador, ou seja, pelo responsável.
Base de Cálculo
Segundo Machado (2015), base de cálculo é a expressão econômica do fato gerador do tributo e deve ser instituída em lei juntamente com a hipótese de incidência tributária.
A base de cálculo é o valor sobre o qual se aplica a alíquota para determinar o montante do tributo devido. Podemos citar como exemplo o PIS que tem como base de cálculo o faturamento mensal da empresa.
Elementos Complementares
Diferente dos elementos fundamentais, os elementos complementares podem ser fixados em lei ordinária.
Alíquota
A palavra alíquota na linguagem dos matemáticos indica a parte ou a quantidade que está contida em outra em número exato de vezes. No direito tributário tem sido utilizada geralmente para indicar o percentual aplicado sobre a base de cálculo para se determinar o valor do tributo (MACHADO, 2015).
Na legislação tributária, geralmente utiliza-se alíquotas denominadas de advalorem, isto é, sobre o valor, indicada como percentual.
Temos ainda, previsto em alguns casos, as alíquotas específicas, raramente utilizadas, que servem para calcular o tributo sem considerar o valor do objeto tributado, como é o caso do IPI sobre bebidas, onde a alíquota é determinada por referência sobre a quantidade vendida, não importando o valor da venda.
Prazo de pagamento
O prazo de pagamento dos tributos pode ser estipulado por meio de lei ordinária. Na prática, há casos em que a lei ordinária delega ao Poder Executivo a competência para fixar prazos para pagamento, por meio de decreto.
3ª AULA – TRIBUTOS DIRETO E LUCRO REAL
Conversa inicial
Bem vindos a nossa aula de hoje. Depois de toda teoria estudada e do conhecimento teórico adquirido nas nossas aulas anteriores, iniciaremos hoje nossa parte prática da disciplina.
Nesta aula falaremos de dois tributos diretos, sendo o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas, chamado de IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido que é a conhecida CSLL. Estes são tributos diretos, pois o contribuinte de direito e o de fato é o mesmo. Ou ainda, podemos dizer que esses tributos não estão imbutidos no preço de venda do produto ou serviço. 
Depois de aprendermos sobre os dois tributos devidos sobre o lucro, vamos conhecer a essência tributária no Brasil, que é determinado pelo Lucro Real. Esse é o principal regime de tributação, pois o contribuinte paga o IRPJ e a CSLL, somente se tiver lucro, mas muitos empresários e contadores não utilizam tal regime, por falta de organização na escrituração contábil, buscando assim, outras formas tributárias mais simples.
Contextualizando
Conforme é determinado pelo Código Civil, instituído pela Lei 10.406/2002:
Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico.
Fica claro que, todas as empresas estão obrigadas a escrituração contábil, demonstrando esta o resultado líquido da entidade, seus bens e direitos, suas obrigações, as receitas, as despesas e os custos auferidos em determinado período.A escrituração contábil é essencial para a tomada de decisões da empresa, sendo utilizada não só para fins contábeis ou fiscais, mas também gerenciais, pois é através dela que podemos endenter as variações ocorridas no Patrimônio da empresa. 
Ocorre que o Fisco, que é hoje o único órgão fiscalizador, quando se trata de operações contábeis, exige a escrituração somente para o Lucro Real, para os demais regimes tributários, o Fisco autoriza a utilização de livro caixa, onde pode ser informada somente a receita auferida pela empresa, qual será utilizada para arrecação de tributos. 
Por este motivo, é que muitas empresas deixam de calcular seus tributos no Lucro Real, devido ao maior trabalho (fiscal), podendo assim, ter um ônus tributário maior, sem perceber. 
Então, é bastante importante que você entenda como funciona a tributação no Lucro Real, pois, esse regime pode trazer vantagens para sua empresas, sobrando assim, mais recursos para que ela possa crescer e se estabelecer.
Pesquise
Devido a falta de fiscalização pelos órgãos de classe e até mesmo da Receita Federal do Brasil - RFB, no que se refere à escrituração contábil, muitas empresas acabam deixando essa operação para depois do encerramento do exercício, depois de já ter feito recolhimento de todos os tributos, sem a possibilidade de um planejamento tributário.
Como temos um sistema de escrituração digital, onde as empresas precisam enviar ao Fisco, toda sua contabilidade até o meio do ano seguinte, as empresas se veem obrigada a fechar a contabilidade até esse prazo, no entanto, tal pratica não acontecia antes de termos o SPED, mesmo sendo previsto pelo Código Civil, pois não havia fiscalização.
Tema 01 da Rota - IRPJ
Como vimos nas aulas anteriores a União é quem tem a competência para instituir tributos sobre a renda e proventos de qualquer natureza, ou imposto de renda, como é conhecido. Sendo assim, o Imposto de Renda é um tributo Federal e não vinculado.
Machado (2015) entende que esse imposto seja de competência federal porque só assim pode ser utilizado como instrumento de redistribuição de renda, buscando manter em equilíbrio o desenvolvimento econômico das diversas regiões. 
O imposto de renda é de grande importância para a União, pois o mesmo figura como a principal fonte de receita tributária ao Governo, tendo nítida função fiscal. 
O Código Tributário Nacional disciplina as normas do imposto de renda nos artigos 43, 44 e 45, conforme descrito abaixo: 
Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: 
I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; 
II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. 
§ 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. 
§ 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. 
Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos tributáveis. 
Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis. 
Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam.
Neste trecho do enunciado legal, ficamos conhecendo os elementos fundamentais do imposto de renda, como o fato gerador, o contribuinte e a base de cálculo, que serão descritas a seguir.
Fato Gerador 
De acordo com o artigo 43 descrito anteriormente, o fato gerador do imposto de renda é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica da renda ou do provento. Podemos dizer também que o acréscimo patrimonial é fato gerador para o imposto de renda. 
Importante destacar que a incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. 
Contribuinte 
O contribuinte do Imposto de renda é o titular da disponibilidade a que se refere o rendimento ou a renda. Na tributação de pessoa jurídica, o contribuinte e o responsável pelo imposto de renda são a mesma pessoa, pois a empresa tem relação direta com o fato gerador. 
Base de Cálculo 
Podemos dizer que a base de cálculo do imposto de renda das empresas é o lucro, sendo este real, presumido ou ainda arbitrado. 
A base de cálculo do imposto sobre a renda será determinada através de períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário, de acordo com as regras previstas na legislação. Temos ainda uma base de cálculo com base no resultado anual (31 de dezembro) com pagamentos mensais na forma de antecipação. 
Alíquota 
A alíquota do imposto de renda da pessoa jurídica (IRPJ) é de definido em percentual aplicado sobre o lucro apurado no período, sendo que o mesmo é de 15%. 
No imposto de renda, temos ainda um adicional de mais 10% sobre o valor do lucro que ultrapassar a R$ 20.000,00 multiplicado pelo número de meses do respectivo período de apuração. 
O adicional do imposto é devido considerando o critério da progressividade, sendo que a empresa que tiver um lucro maior recolherá mais imposto. 
Para facilitar o entendimento, vamos ver um exemplo de cálculo: 
Lucro trimestral apurado: 90.000,00 
Alíquota normal x 15% = valor do imposto é R$ 13.500,00 
Adicional calculado sobre 30.000,00 (90.000,00 – 60.000,00 = 30.000,00) essa redução se deu devido ao número de meses de apuração (3 meses x 20.000,00) = valor do adicional de R$ 3.000,00 (sendo 30.000 x 10%) 
Total do imposto é de R$16.500,00 
Prazo de Pagamento 
O prazo de pagamento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ é o último dia útil do mês subsequente ao período de apuração. Devemos observar que a apuração do IRPJ pode ser mensal ou trimestral, dessa forma, sendo apuração mensal, o imposto deverá ser pago no mês seguinte ao mês de apuração, por exemplo, se o imposto se refere a competência de janeiro, o vencimento será último dia útil de fevereiro. Já se a apuração for trimestral, considerando o primeiro trimestre do ano (janeiro a março), o imposto vencerá no último dia do mês de abril.
Tema 02 da Rota – CSLL
A CSLL é uma contribuição destinada ao financiamento da seguridade social, instituída pela Lei 7.689/1988, a CSLL - Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido é uma contribuição administrada pela Receita Federal do Brasil que tem como base de cálculo o Lucro Líquido das empresas. 
O artigo 1º da referida lei dispõe que:
Art. 1º Fica instituída contribuição social sobre o lucro das pessoas jurídicas destinado ao financiamento da seguridade social.
Conforme disposto no artigo 195 da Constituição Federal, a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediantes recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e do empregador, incidente sobre o lucro, entre outras formas previstas no mesmo artigo.
Lei 8.212/1991, em seu artigo 1º prevê que “A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à assistência social”. 
Desta forma, a CSLL é recolhida, mensalmente pelas empresas, devendo ser “devolvida” a sociedade, através dos serviços prestados pelo Governo. 
A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido tem fato gerador,base de cálculo e os outros elementos, similares aos do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, conforme vejamos a seguir: 
Fato Gerador 
O fato gerador da CSLL é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica da renda, independendo da denominação da receita, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. 
Contribuinte 
O contribuinte da contribuição social sobre o lucro é o titular da disponibilidade a que se refere o rendimento ou a renda. Na tributação de pessoa jurídica, o contribuinte e o responsável pela referida contribuição são a mesma pessoa, pois a empresa tem relação direta com o fato gerador. 
Base de Cálculo 
Conforme descrito na própria legislação que instituiu a CSLL, a base de cálculo da mesma é o lucro, sendo este real, presumido ou ainda arbitrado. 
A base da contribuição social sobre o lucro será determinada através de períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário, de acordo com as regras previstas na legislação. Temos ainda uma base de cálculo com base no resultado anual (31 de dezembro) com pagamentos mensais na forma de antecipação. 
Alíquota 
A alíquota da CSLL é definida em percentual aplicado sobre o lucro apurado no período, sendo que o mesmo é de 9%. 
A contribuição social sobre o lucro não tem adicional, sendo assim, o valor devido, no período, será somente o resultado da aplicação do percentual acima. 
Para facilitar o entendimento, vamos ver um exemplo de cálculo: 
Considerando os mesmos dados anteriores, onde o lucro trimestral apurado é de 90.000,00. 
Alíquota normal x 9% = valor do imposto é R$ 8.100,00 
Total da contribuição devida é de R$ 8.100,00
Prazo de Pagamento 
O prazo de pagamento da Contribuição social sobre o Lucro Líquido é o último dia útil do mês subsequente ao período de apuração. Devemos observar que a apuração da CSLL, assim como do imposto de renda, pode ser mensal ou trimestral, dessa forma, sendo apuração mensal, a contribuição deverá ser paga no mês seguinte ao mês de apuração, por exemplo, se o tributo se refere a competência de junho, o vencimento será último dia útil de julho. Já se a apuração for trimestral, considerando o terceiro trimestre do ano (julho a setembro), a CSLL vencerá no último dia do mês de outubro.
Tema 03 da Rota – Lucro Real
A legislação tributária do Brasil é bastante complexa e “costurada”, pois a cada dia temos dezenas de novas normas sendo publicadas no Diário Oficial, e muitas destas são alterações, revogações e complementações de leis já publicadas.
Sendo assim, precisamos ficar atentos às mudanças, para identificar alterações e até oportunidades para empresa onde atuamos. 
No que se refere a apuração dos tributos vistos nessa aula, ou seja, tributos sobre o lucro, temos no país vários regimes, sendo eles: 
 Lucro Real 
 Lucro Presumido 
 Lucro Arbitrado 
 Simples Nacional 
 Microempreendedor Individual – MEI 
Estas são as formas de apuração dos tributos diretos da pessoa jurídica, sendo importante o gestor conhecer cada uma delas, para que possa entender as despesas tributárias mensais que a empresa gera mensalmente e avaliar a possibilidade de alteração do regime, como forma de planejamento tributário para redução do ônus fiscal.
Na aula de hoje, vamos conhecer o Lucro Real, que é a essência da tributação brasileira, pois, tem como base de cálculo, o lucro encontrado, após deduzir a receita total das despesas necessárias que a empresa gera. 
Empresas obrigadas ao Lucro Real 
Antes de entrarmos na forma de apuração do Lucro Real, é importante saber que todas as empresas que quiserem podem fazer opção por esse regime tributário, mas que existem determinadas condições que obrigam as empresas a recolherem o IRPJ pelo Lucro real, sendo: 
 Empresas que tenham auferido receita total, no ano calendário anterior, superior a R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais), ou R$ 6.500.000,00 multiplicado pelo número de meses de atividade, para empresas que tenham sido constituídas no ano; 
 Cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta; 
 Que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior; 
 Que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto; 
 Que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultante de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring); 
A opção pelo regime de tributação, com relação ao Lucro Real, Presumido ou Arbitrado, é determinada pelo código de recolhimento da primeira guia de Imposto de renda do ano.
O que é Lucro Real? 
De acordo com o Decreto 3.000/1999, artigo 247: 
Art. 247. Lucro real é o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas por este Decreto (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º). 
§ 1º A determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro líquido de cada período de apuração com observância das disposições das leis comerciais. 
Segundo com o enunciado acima, o lucro real é determinado de acordo à legislação comercial. Considerando este conceito, precisamos partir da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, para apuração do lucro líquido do período. 
De uma forma sucinta, a DRE é apresentada assim:
RECEITA DE VENDA OU SERVIÇO
(-) CUSTOS
(-) DESPESAS OPERACIONAIS
(-) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS
+ RECEITAS NÃO OPERACIONAIS
= LUCRO / PREJUÍZO DO PERÍODO
O lucro/prejuízo apresentado nesta demonstração é o resultado contábil escriturado no período de apuração, sendo que para encontrarmos o lucro real, devemos ajustar o lucro contábil.
Este ajuste é o que está previsto no artigo 247, visto anteriormente, onde adicionamos, excluímos e compensamos valores autorizados pela legislação brasileira, para que possamos encontrar o lucro real, aceito pelo Fisco, para apuração do IRPJ e da CSLL. 
Adições 
Para Andrade Filho (2012) todo dispêndio feito pela empresa, para aquisição de bens, serviços ou utilidades, deve ser considerado como dedutível se for feito com o propósito de manter em funcionamento a fonte produtora dos rendimentos. 
As adições são aquelas despesas, consideradas na DRE, mas que não são necessárias para a atividade da empresa, as chamadas (em regra) despesas não operacionais, conforme podermos observar no artigo 299 do Decreto 3.000/1999: 
Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora. 
§ 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa 
§ 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa. 
Andrade Filho (2012) cita três requisitos que habilitam se o gasto da empresa pode ser considerado como despesa operacional dedutível, sendo: 
 1º. ser necessário; 
 2º. necessário ou útil para a manutenção da atividade da empresa e, além disso, deve ser normal e usual ou relacionado com a atividade explorada; 
 3º. ser adequadamente comprovado. 
Podemos mencionar também as despesas mais comuns, encontradas nas oper ações das empresas, que são consideradas como não operacionais, devendo ser adicionadas na apuração do lucro real, como

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