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1ª AULA – LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA NACIONAL Conversa inicial Bem vindos à disciplina de legislação tributária. Em nossas aulas, trataremos dos principais aspectos tributários abordados no cotidiano empresarial, iniciando com as regras teóricas do mundo jurídico para que possamos entender melhor como funciona cada tributo recolhido mensalmente pelos empresários. Nesta nossa primeira aula, vamos conversar sobre os conceitos iniciais da legislação tributária, importantes para o desenvolvimento de toda a disciplina e da carreira profissional do gestor. Então, é bem importante que estes conceitos sejam apendidos por você, para que você tenha sucesso nas nossas aulas e ainda mais na carreira profissional. Também vamos falar sobre o sistema tributário nacional, observando a hierarquia dos enunciados legais existentes no Brasil. Vamos conhecer os princípios tributários importantes para aplicação da norma, falar sobre a competência tributária no que se refere ao poder de criar enunciados jurídicos tributários e vamos, por fim, conceituar os tributos e a não tributação (imunidade e isenção). Como já sabemos, a legislação tributária passa por alterações diariamente, isso considerando os diversos mecanismos que o fisco utiliza para publicação de novas normas, leis, decretos, instruções normativas, resoluções etc. Nesse sentido, é imprescindível que o profissional esteja atualizado e capacitado para utilizar as normas tributárias a favor de sua empresa, visando à redução da despesa com tributos e aumento do lucro líquido da empresa. Mas isso requer preparo que será adquirido após alguns anos de experiência e muito estudo, já que a legislação tributária é complexa e está em constante evolução. Com a constante mutação na legislação tributária, nos deparamos também com o aumento da carga tributária com a qual as empresas convivem anualmente. As mudanças abrangem todas as organizações, independentemente do porte e da área em que ela atue. A mais recente alteração em toda a legislação tributária foi dada pela Lei nº 12.973/2014, considerada como uma “minirreforma” tributária. Não bastasse toda essa alteração nas regras contábeis e tributárias, os profissionais têm, ainda, que conviver com o emaranhado de obrigações acessórias exigidas pelo fisco, em todas as esferas, onde todo e qualquer passo dado pelo contribuinte deve ser informado por meio das declarações, facilitando a fiscalização dos auditores. Podemos até dizer que o fisco agora é digital, principalmente pela plataforma SPED, que vem a cada dia aumentando sua abrangência e “fechando o cerco” das empresas, evitando, assim, que aconteçam crimes de sonegação fiscal, por exemplo. Ao longo desta disciplina, você vai perceber o quão importante ela é, principalmente para sua vida profissional. Veja que aprender estes conceitos irão lhe ajudar na argumentação com superiores, fornecedores e clientes. Podemos até dizer que tal aprendizado poderá lhe ajudar na sua vida pessoal, uma vez que você estará conhecendo conceitos constitucionais do Direito que são vivenciados diariamente por todos nós. A seguir, lhe será apresentado o sistema tributário nacional assim como a hierarquia que deve ser seguida para a formulação de uma nova norma tributária. Posteriormente, conheceremos os princípios constitucionais tributários, assim como a competência para instituição das leis. Para finalizar esta aula, conheceremos as diferenças entre imunidade e isenção. A maioria dos contribuintes já se utiliza dos recursos de informática para efetuar tanto a escrituração fiscal como a contábil. As imagens em papel simplesmente reproduzem as informações oriundas do meio eletrônico. Dessa forma, a facilidade de acesso à escrituração, ainda que não disponível em tempo real, amplia as possibilidades de seleção de contribuintes e, quando da realização de auditorias, gera expressiva redução no tempo de sua execução. A Emenda Constitucional nº 42, aprovada em 19 de dezembro de 2003, introduziu o inciso XXII ao Art. 37 da Constituição Federal, que impõe às Administrações Tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios atuarem de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais. Para atender ao dispositivo Constitucional, foi realizado, em julho de 2004, em Salvador, o I ENAT (Encontro Nacional de Administradores Tributários), reunindo o Secretário da Receita Federal, os Secretários de Fazenda dos Estados e Distrito Federal e o representante das Secretarias de Finanças dos Municípios das Capitais. O Encontro teve como objetivo buscar soluções conjuntas nas três esferas de Governo que promovessem: Maior integração administrativa, padronização e melhor qualidade das informações; Racionalização de custos e da carga de trabalho operacional no atendimento; Maior eficácia da fiscalização; Maior possibilidade de realização de ações fiscais coordenadas e integradas; Maior possibilidade de intercâmbio de informações fiscais entre as diversas esferas governamentais; Cruzamento de informações em larga escala com dados padronizados e uniformização de procedimentos. Em consideração a esses requisitos, foram aprovados dois Protocolos de Cooperação Técnica, um objetivando a construção de um cadastro sincronizado que atendesse aos interesses das Administrações Tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e outro, de caráter geral, que viabilizasse o desenvolvimento de métodos e instrumentos que atendessem aos interesses dos respectivos Entes Públicos. Em agosto de 2005, no evento do II ENAT (Encontro Nacional de Administradores Tributários), que aconteceu em São Paulo, o Secretário da Receita Federal, os Secretários de Fazenda dos Estados e Distrito Federal, e os representantes das Secretarias de Finanças dos Municípios das Capitais, buscando dar efetividade aos trabalhos de intercâmbio entre as esferas de governo, assinaram os Protocolos de Cooperação nº 02 e nº 03, com o objetivo de desenvolver e implantar o Sistema Público de Escrituração Digital e a Nota Fiscal Eletrônica. O SPED, no âmbito da Receita Federal, faz parte do Projeto de Modernização da Administração Tributária e Aduaneira (PMATA) que consiste na implantação de novos processos apoiados por sistemas de informação integrados, tecnologia da informação e infraestrutura logística adequados. Dentre as medidas anunciadas pelo Governo Federal, em 22 de janeiro de 2007, para o Programa de Aceleração do Crescimento 2007-2010 (PAC) – programa de desenvolvimento que tem por objetivo promover a aceleração do crescimento econômico no país, o aumento de emprego e a melhoria das condições de vida da população brasileira – consta, no tópico referente ao Aperfeiçoamento do Sistema Tributário, a implantação do Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) e a Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) no prazo de dois anos. Na mesma linha das ações constantes do PAC que se destinam a remover obstáculos administrativos e burocráticos ao crescimento econômico, pretende-se que o SPED possa proporcionar melhor ambiente de negócios para o país e a redução do Custo Brasil, promovendo a modernização dos processos de interação entre a Administração Pública e as empresas em geral, ao contrário do pragmatismo pela busca de resultados, muito comum nos projetos que têm como finalidade apenas o incremento da arrecadação. A facilidade na fiscalização das operações realizadas pelos contribuintes vem sendo ajustada por todos os modelos de SPED existentes. O fisco melhorou fortemente o controle e a fiscalização exercendo o intercâmbio de informações entre as administrações tributárias, através da contabilidade digital, acompanhando, assim, a evolução da tecnologia. Tema 1: Sistema tributário De acordo com FABRETTI (2009) o Direito pode ser definido de diversas maneiras, considerando a formação e o pensamento de cada autor que escreve sobre o assunto. Considerando nossa disciplina, que visa a aplicação prática dos tributos incidentessobre a atividade econômica da empresa, vamos utilizar o conceito criado pelo autor mencionado anteriormente, que caberá perfeitamente no objetivo definido nesta disciplina. Para o autor, o “Direito é o conjunto de princípios e normas que regulam a convivência social de forma coercitiva”. Vamos, agora, explorar o conceito dado por Fabretti para entender melhor sua aplicação à nossa disciplina. Os princípios citados são os grandes fundamentos, as diretrizes políticas, sociais e econômicas do ordenamento jurídico de um país, que estão expressos em nossa Constituição de 1988. Norma é uma regra de comportamento, sendo composta pela hipótese, que podemos dizer que é a situação fática, o acontecimento do evento para surgimento da obrigação tributária. A norma também é composta pelo mandamento, um comando positivo ou negativo de dar, fazer, abster-se ou suportar. Para ilustrar a hipótese e o mandamento, vamos demonstrar a norma do imposto de renda, sendo: Hipótese: receber renda Mandamento: pagar imposto sobre a renda Temos ainda a sanção, que é a consequência atribuída à desobediência do mandamento. Nesse caso, há a cobrança de multa e juros sobre o valor devido de imposto de renda, quando pago depois do prazo devido. A Cobrança de Tributos Mas, onde tudo começou? Por que pagamos tributos? Quando José anuncia ao Faraó sete anos de abundância a que seguirão sete outros de carestia ele lhe recomenda receber durante os sete primeiros anos o quinto dos produtos da terra, isto é, o duplo dizimo, na previsão do período seguinte, durante o qual não seriam possíveis os impostos. (REZENDE, PEREIRA E ALENCAR, apud AMED, 2000) A cobrança dos tributos no Brasil iniciou-se antes que o país tivesse uma legislação própria. Como as terras pertenciam ao Rei de Portugal, qualquer exploração de atividade econômica era entendida como um favor real, sujeita ao pagamento dos tributos e cumprimento de outras obrigações. A concepção de um Estado preocupado com o bem comum, que precisaria ser mantido, não era forte. O tributo era devido à pessoa do soberano. A criação de tributos (ou a sua majoração), em grande parte da história brasileira, foram provocadas unicamente pela necessidade do fisco em fazer mais caixa. O Sistema Tributário O Sistema Tributário criado pela Constituição de 1988 foi fruto de um processo participativo em que os principais autores eram políticos. Definidos os temas a serem tratados na Constituição, repartiu-se a tarefa entre 24 subcomissões, que iniciaram a preparação dos textos relativos a seus respectivos temas praticamente a partir do nada! De acordo com a definição de D’ANDRÉA e SILVA (2013) o Sistema Tributário Nacional encontra-se descrito na Constituição Federal, Título VI, Capítulo I, artigos 145 a 156. Dos Princípios Gerais: Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos; II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. [...] Das limitações ao Poder de Tributar: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; IV - utilizar tributo com efeito de confisco; V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. [...] Dos Impostos da União: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros; II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III - renda e proventos de qualquer natureza; IV - produtos industrializados; V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI - propriedade territorial rural; VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar. [...] Dos impostos dos Estados e do Distrito Federal: Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) III - propriedade de veículos automotores [...] Dos impostos dos Municípios: Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I - propriedade predial e territorial urbana; II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição; III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar. [...] Segundo HARADA (2005) apud D’ANDRÉA e SILVA (2013) o sistema tributário é o conjunto de normas constitucionais de natureza tributária, inserido no sistema jurídico global e formado por um conjunto unitário e ordenado de normas subordinadas aos princípios fundamentais, reciprocamente harmônicos, que organiza os elementos constitutivos do Estado (que outra coisa não é senão a própria Constituição). O que existe, portanto, é um sistema parcial (sistema constitucional tributário) dentro de um sistema global (sistema constitucional). Nesse contexto, é importante observar que, ao tratarmos da legislação tributária, inicialmente temos que recorrer à Constituição Federal de 1988, pois ela é que nos guiará para as demais normas jurídicas eficazes no sentido do poder de tributação. Isso porque é a CF que determina as primeiras e principais normas brasileiras (não só tributárias) e acabamos esquecendo de como utilizá-la, principalmente quando temos outros códigos no ordenamento, como o Código Tributário Nacional, por exemplo. Dessa forma, podemos vislumbrar a hierarquia tributária no Brasil, através da Pirâmide de Kelsen a seguir: Hans Kelsen é um jurisfilósofo muito importante para o Direito, dentre os vários livros que escreveu, podemos mencionar o livro “Teoria Geral do Direito e do Estado”, no qual Kelsen cria a ideiade hierarquização e subordinação das leis, usando a pirâmide para explicá-la. Essa ideia implica na condição de que todas as leis estão subordinadas a uma lei maior, ou seja, todas as leis devem seguir a Constituição Federal, devendo estar adequadas a ela e não podendo contradizê-la. Tema 2: Princípios Constitucionais Tributários Conforme vimos anteriormente, a Constituição atribuiu poder às esferas legislativas para instituir e cobrar tributos. Importante observarmos que a CF não institui tributo, somente os indica e distribui a competência para institui-los e cobrá-los! Para que esse poder tenha limites, a própria CF estabelece princípios constitucionais que limita, o poder dos entes de tributar. Os referidos princípios estão previstos no Art. 150 da CF/88, sendo uma parte relevante das garantias fundamentais do contribuinte. Os referidos princípios são: Princípio da Legalidade; Princípio da Isonomia; Princípio da Irretroatividade; Princípio da Anterioridade; Princípio da Noventena; Princípio da Vedação ao Confisco; Princípio da Liberdade de Tráfego; Princípio da Imunidade Tributária. Visto isso, agora trataremos de cada princípio isoladamente, conforme disposição na Constituição Federal, Art. 150. Princípio da Legalidade Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; O inciso primeiro desse artigo refere-se ao Princípio da Legalidade, que é a base de todo sistema democrático, uma vez que estabelece que o imposto ou contribuição só pode ser cobrada mediante lei, ou seja, outros atos normativos como decretos, portarias, instruções normativas não podem instituir tributos, somente normatizar a lei. Princípio da Isonomia II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos; O inciso segundo, acima transcrito, trata do Princípio da Isonomia, também chamado de Princípio da Igualdade, descrevendo a igualdade de todos perante a lei. Nesse trecho é importante observarmos que o legislador deve tratar de forma igual os que estejam em situações iguais e de forma desigual, quem esteja em situação desigual. Para melhor compreensão deste inciso, vamos pensar na tabela progressiva do imposto de renda. Lá podemos observar que quem recebe mais, na teoria, paga mais imposto e aqueles que recebem menos, pagam menos impostos ou não pagam. Princípio da Irretroatividade, Anterioridade e Noventena III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado; b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; O inciso III, na alínea “a” trata do Princípio da Irretroatividade da lei tributária, ou seja, a lei poderá ser aplicada somente aos fatos que ocorrerem após a sua entrada em vigor, não podendo alcançar fatos já ocorridos na vigência de lei anterior. A alínea “b” do inciso III trata do Princípio da Anterioridade da lei, dispondo que a cobrança de um tributo novo ou aumento de um já existente somente poderá ser cobrado no ano seguinte, sendo que a lei deve ser publicada até o último dia útil do exercício anterior ao que se queira cobrar. No entanto, de acordo com FABRETTI (2009), esse princípio perdeu seu valor, pelo fato de, reiteradamente, a lei ser publicada no último dia do ano, entrando em vigor já em 1º de janeiro do ano seguinte. Dessa forma, a EC incluiu mais uma alínea para a norma, trazendo então o chamado Princípio da Noventena, vedando a cobrança de tributos antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, sem prejuízo da anterioridade. Desta forma, MACHADO (2015) comenta que, para que o tributo seja cobrado a partir de 1º de janeiro, já não basta que a lei seja publicada no exercício anterior – deve ser publicada pelo menos 90 dias antes. Importante observar que o Princípio da Anterioridade não é aplicado para o Imposto de Importação (II), o Imposto de Exportação (IE) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Princípio da Vedação ao Confisco IV - utilizar tributo com efeito de confisco; O inciso quarto trata do Princípio da Vedação ao Confisco ou Princípio do não confisco, que determina que a imposição de um determinado tributo não pode ter por consequência o desaparecimento total de um determinado bem. No entanto, cabe ao judiciário dizer quando um tributo é confiscatório, pois não há norma que disponha o que é confiscatório (até porque se existisse, estaria ferindo o Princípio da Isonomia). Princípio da Liberdade de Tráfego V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público; Esse inciso dispõe sobre o Princípio da Liberdade de Tráfego, que veda a limitação de tráfego de pessoas ou bens por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais. É importante destacar aqui que essa norma não impede a cobrança de imposto sobre circulação em operações interestaduais ou intermunicipais, o que ela proíbe é a instituição de tributos em cuja hipótese de incidência seja elemento essencial a transposição de fronteira interestadual ou intermunicipal. Princípio da Imunidade Tributária VI - instituir impostos sobre: (Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. O enunciado acima aborda a imunidade de impostos sobre as atividades ali elencadas. Esse princípio visa resguardar as relações entre os entes federados, que certamente seriam tumultuadas pela tributação recíproca, conforme entendimento de FABRETTI (2009). Tema 3: Competência Tributária A cada um dos entes da federação corresponde uma determinada competência para instituir tributos. Isso significa que a Constituição Federal autoriza a cada um deles a elaboração de leis que instituam a cobrança de tributos que incidam sobre determinados fatos por ela previstos. A CF/88 repartiu entre os entes da federação as possíveis hipóteses de incidência, conferindo a cada um a possibilidade de instituir impostos sobre tais fatos como forma de garantir recursos para sua manutenção. Para HACK (2010) a distribuição das hipóteses de incidência parece ser de acordo com a melhor forma de cobrança e fiscalização de cada ente com relação ao tributo. No tema 1 desta aula trouxemos como limitação do poder de tributar, os tributos previstos na CF/88, de competência da União, dos Estados e Distrito Federal e dos Municípios. Em nossa disciplina, não veremos todos estes tributos, falaremos somente daqueles devidos pelas empresas. Iniciaremos nossa divisão tributária com os tributos cobrados pela União, sendo eles: IR – Imposto de Renda; IPI – Imposto sobre Produto Industrializado; PIS – Programa de Integração Social; COFINS –Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social; CPRB – Contribuição Previdenciária sobre Receita Bruta (desoneração da folha). Em seguida, trataremos do ICMS, que é um imposto instituído pelos Estados e Distrito Federal e, por último, o Imposto Sobre Serviços que é cobrado pelos Municípios. Competência da União Começando pela competência da União, temos o imposto mais conhecido e o mais arrecado, sendo o que recai sobre a renda e os proventos de qualquer natureza, o IR – Imposto de Renda. Trata-se de um tributo com função fiscal, ou seja, destina-se a arrecadar valores aos cofres públicos da União. O IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados incide sobre a industrialização de produtos. Esse tributo tem aparente função extrafiscal, sendo um imposto seletivo em razão da essencialidade do produto. As contribuições sociais, PIS, COFINS e a CPRB também são de competência da União. As contribuições sociais têm função parafiscal e extrafiscal. As que têm função parafiscal são aquelas de interesse de categorias profissionais ou econômicas, como as de Seguridade Social. Estas sobrevivem através de recursos financeiros de entidades do poder público, desvinculadas do Tesouro Nacional, no sentido que possuem patrimônio próprio. Importante: conforme elucida Regina Helena Costa: “Em primeiro lugar, a fiscalidade traduz a exigência de tributos com o objetivo de abastecimento dos cofres públicos, sem que outros interesses interfiram no direcionamento da atividade impositiva. Significa olhar para o tributo, simplesmente, como ferramenta de arrecadação. A extrafiscalidade, por sua vez, consiste no emprego de instrumentos tributários para o atingimento de finalidades não arrecadatórias, mas, sim, incentivadoras ou inibitórias de comportamentos, com vista à realização de outros valores, constitucionalmente contemplados. Já a parafiscalidade é conceito que se distancia dos anteriores por não se relacionar à competência tributária, mas, sim, à capacidade tributária ativa, vale dizer, das aptidões de arrecadar e fiscalizar a exigência de tributos a outra pessoa, de direito público ou privado – autarquia, fundação pública, empresa estatal ou pessoa jurídica de direito privado, esta desde que persiga finalidade pública” COSTA, Regina Helena – Curso de Direito Tributário: Constituição e Código de Direito Tributário Nacional – 2ª Edição – São Paulo: Saraiva, 2012. Competência Estadual e do Distrito Federal Passando agora para um tributo de competência dos Estados ou do Distrito Federal, o ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e prestação de Serviços de comunicação e transporte interestadual e intermunicipal. Estamos falando do tributo mais complexo do nosso sistema tributário, pois cada estado possui a competência para instituí-lo, o que resulta em 27 diferentes leis referentes a esse imposto. Trata-se de um imposto de caráter fiscal, sendo a principal fonte de arrecadação para os estados, ainda que seja utilizado muitas vezes com fins extrafiscais pelos incentivos. Competência Municipal Por último, de competência dos Municípios, o Imposto sobre serviços – ISS, tem como hipótese a prestação de serviços não compreendidos na competência estadual. Esse tributo também tem caráter fiscal, sendo uma importante fonte de renda para os municípios. Repartição das Receitas Com relação à repartição das receitas tributárias, das quais estamos tratando aqui, a Constituição Federal determina que pertencem aos Estados e ao Distrito Federal o produto da arrecadação do imposto pela União sobre a renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos a qualquer título por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem. Pertencem também aos Municípios o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos pagos a qualquer título por eles, suas autarquias e pelas fundações que instituírem e mantiverem. Aos Municípios ainda pertence 25% do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. A União entregará ainda, do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados, 49% (quarenta e nove por cento), na seguinte forma: Vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal; Vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Municípios; Três por cento para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter regional, de acordo com os planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao semiárido do Nordeste a metade dos recursos destinados à Região, na forma que a lei estabelecer; Um por cento ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no primeiro decêndio do mês de dezembro de cada ano; Um por cento ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no primeiro decêndio do mês de julho de cada ano. A União entregará também, do produto da arrecadação do imposto sobre produtos industrializados, dez por cento aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados. De acordo com o Art. 162 da Constituição Federal, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios divulgarão, até o último dia do mês subsequente ao da arrecadação, os montantes de cada um dos tributos arrecadados, os recursos recebidos, os valores de origem tributária entregues e a entregar e a expressão numérica dos critérios de rateio. Tema 4: Conceito de Tributos e de Direito Tributário O tributo é uma obrigação criada por lei, impondo aos indivíduos o dever de entregar parte de suas rendas e patrimônio para manutenção e desenvolvimento do Estado, para aplicá-los nas áreas de interesse, como Saúde, Educação, Segurança, Política Econômica, entre outras. Apesar de as leis não conceituarem normas jurídicas, temos um conceito de tributos definido pelo Código Tributário Nacional, instituído pela Lei nº 5.172/1966, em seu Art. 3º: Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Em análise ao artigo transcrito acima, podemos definir que o tributo é sempre um pagamento compulsório, ou seja, obrigatório, porque decorre simplesmente de uma imposição legal. Conforme dispõe MARTINS NETO (2007) o tributo importa “prestação pecuniária”, de modo a não comportar na categoria outras prestações que eventualmente possam ser devidas, como serviço militar, por exemplo. No que se refere ao trecho “que não constitua sansão por ato ilícito” tem o sentido de o tributo não adotar como pressuposto a prática de atos ilícitos. O tributo incide sobre materialidades naturalmente situadas no campo da licitude. Já a expressão “instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada” significa que o tributo só pode ser instituído e cobrado em lei, seguindo o Princípio da Legalidade e a própria atividade envolvida nessa cobrança deve atender fielmente às regras prescritas na legislação. Portanto, inicialmente o tributo deverá decorrer de uma situação descrita em lei que acarretará no fato gerador que trará uma relação jurídica onde o estado será o sujeito ativo e o contribuinte o sujeito passivo dessa prestação, que será pecuniária compulsória, ou seja, obrigatória, imposta legalmente sem depender da vontade do sujeito passivo. O artigo 4º do CTN dispõe ainda que: Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I- a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II - a destinação legal do produto da sua arrecadação. Ou seja, a natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador, de onde nasce a obrigação de pagar um tributo. Temos, ainda, que o tributo é gênero e as espécies são os impostos, as taxas e as contribuições. Dessa forma, é irrelevante para determinar a natureza jurídica específica de um tributo a sua denominação ou a destinação do produto de sua arrecadação. Em termos gerais, podemos classificar os tributos em cinco espécies: impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios e contribuições parafiscais. As Normas no Direito Tributário O Direito Tributário é o ramo de Direito especificamente criado para reger o sistema de arrecadação de receita derivada de soberania, e não fazem parte dele as demais formas de receita do Estado. Lei é a norma jurídica emanada do poder competente. As leis só podem ser elaboradas e promulgadas pelo Poder Legislativo. A Lei Complementar tem como função complementar dispositivos da Constituição que, pela sua complexidade, são enunciados de maneira genérica para, depois de estudados e debatidos, serem complementados por lei especial. Deve ser aprovada por maioria absoluta. A maioria absoluta é obtida pelo voto de 50% mais um do total de membros de cada Casa do Congresso Nacional, a maioria simples é alcançada com 50% mais um dos presentes. As leis ordinárias são leis comuns próprias de cada ente da federação e suas normas valem apenas dentro dos limites de sua competência. A Medida Provisória, como o próprio nome diz, tem caráter provisório, que pode ser adotada pelo Presidente da República, em caso de relevância e urgência, com força de lei, pelo prazo de 60 dias, prorrogáveis por mais 60 dias. O Decreto é uma norma jurídica elaborada e promulgada pelo Executivo. Não pode ir além do que já era estabelecido pela lei, é usada para dar detalhes de aplicação prática ou ainda reunir e consolidar em um único texto legal a legislação referente a determinado tributo. Temos ainda, no Art. 100 do CTN, as normas complementares, que representam orientações dadas pelas autoridades administrativas, por exemplo, as Portarias, os Pareceres, as Instruções Normativas, os Atos Declaratórios etc. Tema 5: Imunidade e Isenção Quando se fala de imunidade e isenção, a primeira coisa que pensamos é que a diferença entre imunidade e isenção está na legislação à qual é aplicada cada redução do tributo, sendo que a primeira está estabelecida na Constituição Federal e a segunda é prevista em lei ordinária. Isenção A isenção está prevista no Código Tributário Nacional como sendo a causa da dispensa do pagamento do tributo. A isenção é a dispensa do pagamento de um tributo devido em face da ocorrência de seu fato gerador. Constitui exceção instituída por lei à regra jurídica de tributação (ADI 286, Min. Mauricio Corrêa). A isenção pode ter diversas formas, as quais serão elencadas a seguir: Condicionada: para obtenção do benefício por parte do contribuinte, a lei estabelece uma série de exigências a serem atendidas pelo mesmo; Incondicionada: a lei apenas descreve a hipótese de concessão do benefício sem estipular qualquer outra condição; Por prazo certo: a lei determina um prazo em que os contribuintes terão direito ao benefício; Por prazo indeterminado: a lei não fixa prazos de concessão do benefício, a isenção poderá ser revogada a qualquer tempo. Entretanto, se for relativa a impostos e contribuições sociais, sujeitas ao princípio da anterioridade ou da noventena, sua revogação importará na instituição do tributo, devendo-se, portanto, observar os referidos tributos. A isenção somente pode ser concedida por lei, podendo ser por lei ordinária. Isenção e imunidade não se confundem. A primeira está a critério do legislador e constitui-se em uma ordem dele à Administração Pública, para que esta não cobre o tributo nos casos determinados em lei. A segunda foi estabelecida pela CF/88, impedindo assim que o legislador comum venha a alterá-la. Imunidade Para FELÍCIO (2013) a imunidade é uma limitação do poder de tributar; sendo assim, é considerada como cláusula pétrea (Art. 60, § 4º, IV, CF) “As imunidades surgem como instrumento de proteção de direitos fundamentais, a fim de que estes não sejam cerceados pela tributação”. Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. Quando a Constituição Federal declara imunidade sobre a renda ou serviços das entidades religiosas, ela está determinando a imunidade somente sobre as receitas provenientes da sua atividade normal (doação), não sendo aplicada a imunidade para outras receitas, como locação de espaços ou estacionamento, por exemplo. Observa-se que a legislação dispõe sobre o livro, e não o caracteriza especificamente como o livro impresso em meio físico, apesar de considerar também o papel destinado à sua impressão como imune. Dessa forma, pode-se entender que somente o livro ou periódico impresso está imune pela CF/88. No entanto, existem vários dispositivos legais que trazem a regra da imunidade também para os livros eletrônicos, como CD-ROMs e links diretos da Internet. Ressalta-se que a imunidade se refere apenas a impostos, sendo que cabe a outros dispositivos legais darem algum benefício fiscal para contribuições, por exemplo. Na Prática Pesquise na Internet e leia o texto “Da Inobservância ao Princípio da Anterioridade Nonagesimal pela Lei Municipal nº 13.701/2003” de Carlos Eduardo Toro, Eduardo Alcebíades Lopes e Rogério M. Tubino. Finalizando Esta aula teve como objetivo apresentar os conceitos iniciais da legislação tributária, nos aspectos mais usuais, para empresários, contribuintes e profissionais. Aprendemos os princípios tributários que devem ser seguidos pelos legisladores e que, em muitos casos, são esquecidos por eles ao instituírem novas normas. Vimos, também, a hierarquia das leis e a competência ao poder de tributar. Nesse último assunto, percebemos que é difícil que um ente conflite com outro quando se fala de tributos de âmbitos distintos. Temos casos bem pontuais, e a discussão maior acontece sobre o fato gerador ou a base de cálculo, para que se verifique qual é o tributo aplicado, não sendo invadida a esfera tributária. Aprendemos, também, a diferença entre tributo e imposto, sendo que o imposto é uma espécie do gênero tributo. Todo esse conhecimento é de grande valia na formação do gestor, na medida em que ele conheça profundamente o negócio no qual atua. 2ª AULA – CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS Conversa inicial A aula anterior teve como objetivo levar ao seu conhecimento o sistema constitucional tributário, as garantias conferidas pela Constituição Federal e os conceitos fundamentais para entendimento da nossa legislação. Na aula de hoje, vamos conversar sobre a classificação tributária no Brasil distinguindo as espécies, entre impostos, taxas e contribuições. Aprenderemos também sobre os elementos necessários para qualquer incidência tributária, como base de cálculo, alíquotas, sujeito passivo e sujeito ativo, e o que significa cadaum destes elementos. Compreendendo a estrutura teórica que permeia a definição de tributos, fica mais fácil compreender a lógica de funcionamento de cada tributo, a sua aplicação e criticar a criação de um novo tributo, considerando toda essa teoria aprendida. Contextualizando Após conhecermos os principais conceitos do direito tributário brasileiro, precisamos definir algumas regras, para classificar os tributos, identificar o contribuinte do mesmo e interpretar o que o Fisco determinou com a publicação de uma norma legal. Quanto a classificação tributária, é comum ouvirmos a palavra imposto, para designar todas as espécies de tributos existentes. Muitas pessoas, utilizam a palavra imposto como gênero, para falar sobre qualquer tributo que é pago, desde o imposto de renda, por exemplo, até o INSS. Por essa razão é que nossa aula de hoje é importante, pois aprenderemos as corretas definições e elementos tributários, usando não somente o termo correto, mas sabendo qual a consequência da criação e do pagamento de determinado tributo. Depois de conheceremos então, as espécies tributárias, vamos aprender quais são os elementos que forma um tributo, identificando assim, como nasce a obrigação de pagá-lo, e quando encerra tal obrigação. Desta forma, saberemos se o tributo já existe no sistema tributário ou não, pois se faltar um elemento, não há possibilidade de efetuar o pagamento. Classificação dos Tributos Na aula passada, utilizamos o termo tributo sem a menor preocupação com a sua classificação. Agora vamos relembrar um importante conceito, visto na aula passada e trazido pelo Código Tributário Nacional (CTN) que diz: Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada. Sabemos então que tributo é uma prestação obrigatória devendo estar instituída em lei para que seja possível a sua cobrança. Mas não basta reconhecer o tributo, pelo seu conceito. É necessário determinar qual a espécie tributária, ou seja, a natureza específica do tributo, conforme o artigo 4º do CTN. A Classificação A Constituição Federal prescreveu detalhadamente o sistema tributário brasileiro com um regime jurídico de princípios e normas rígidas, que visam aos contribuintes direitos subjetivos a serem respeitados na instituição dos tributos. Temos nos artigos 145, 148, 149 e 149-A da CF, os institutos jurídicos dos quais os entes políticos podem se utilizar para arrecadar as receitas. Vejamos a seguir: Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos; II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. § 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. § 2º - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos. [...] Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b". Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. § 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União. § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: I - não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; II - incidirão também sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços; III - poderão ter alíquotas: a) ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação e, no caso de importação, o valor aduaneiro; b) específica, tendo por base a unidade de medida adotada. § 3º A pessoa natural destinatária das operações de importação poderá ser equiparada a pessoa jurídica, na forma da lei. § 4º A lei definirá as hipóteses em que as contribuições incidirão uma única vez. Art. 149. A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III. Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica. Existem diversas correntes na doutrina que considera tributo somente o que está descrito no artigo 145, sendo os demais classificados como subespécies. No entanto, usaremos a teoria tricotômica, que é a mais utilizada no direito tributário, defendida por Geraldo Ataliba. Neste sentido, classificaremos os tributos entre impostos, taxas e contribuições. Lembre-se sempre que tributo é gênero e os impostos, as taxas e as contribuições são espécies. Outra classificação importante que tem como fonte a circunstância de existir ou não um vínculo entre o fato descrito e uma atuação do Governo como “contrapartida” do pagamento do tributo. Desta forma, podemos classificar ainda como tributo vinculado e tributo nãovinculado. Tributo Vinculado Tributo vinculado é aquele cujo fato gerador está vinculado, relacionado, a alguma atividade estatal em prol do contribuinte, ou seja, o tributo pago será destinado apenas para essa atividade, por exemplo, uma contribuição de melhoria (quando um ente federal faz qualquer obra pública que ocorre valorização imobiliária). Tributo não-vinculado O tributo não-vinculado é aquele que pagamos, mas que poderá ter uma utilização generalizada pelo Fisco arrecadador, ou seja, em nada se relaciona com alguma atividade estatal em prol do contribuinte. Somente os impostos são tributos não-vinculados. Impostos Impostos são aqueles tributos que, quando instituído na lei, é devido independentemente de qualquer atividade estatal em relação ao contribuinte, ou seja, não está vinculado a nenhuma prestação específica do Fisco ao sujeito passivo. O Código Tributário Nacional define imposto em seu artigo 16, como: Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Rubens Gomes de Souza citado por Fabretti (2009) define: Impostos são as receitas que o Estado cobra tendo em vista exclusivamente o interesse público da atividade desempenhada pelo governo, sem levar em conta as vantagens que possam decorrer dessa atividade para os particulares ou mesmo a ausência de tais vantagens sob o ponto de vista individual. Devemos entender como Estado qualquer ente que esteja cobrando o imposto, seja ele Federal, Estadual ou Municipal. Podemos notar ainda que os impostos arrecadados pelo Fisco serão utilizados para qualquer despesaque o mesmo possua, não sendo necessário que a receita arrecada seja convertida em serviços aos contribuintes. Podemos ainda classificar os impostos como diretos e indiretos Impostos Diretos São aqueles impostos em que o contribuinte de direito é idêntico ao contribuinte de fato. Neste caso, não há transferência de ônus financeiro a terceiros. Exemplo: o IPVA e IPTU. Impostos Indiretos São aqueles em que é admitida a existência de duas figuras de contribuinte, o de direito e o de fato. Neste caso, a lei determina o contribuinte de direito pague o imposto, no entanto, este poderá repassar o encargo para o contribuinte de fato. Temos como exemplo o ICMS e IPI. Luz (2011) afirma ainda que tributos indiretos são aqueles em que há repasse para o preço do produto, serviço ou mercadoria, recaindo o ônus financeiro para o consumidor. Fique sabendo Contribuinte de direito é aquele que tem a obrigação legal de recolher o tributo aos cofres públicos. Contribuinte de fato é aquele que efetivamente desembolsa o valor do tributo. Aquele que suporta o ônus tributário. Existem ainda os impostos chamados de progressivos e os regressivos. Impostos Progressivos São aqueles em que a alíquota aumenta à medida que aumenta a base de cálculo. Temos o exemplo do imposto de renda pessoa física, onde, a tabela progressiva tem o objetivo de fazer com que quem tiver um salário maior recolha um imposto maior. Impostos Regressivos São aqueles que reduzem à medida que aumenta a base de cálculo, temos como exemplo o imposto de renda cobrado sobre aplicação financeira. Neste caso, quanto maior o tempo de aplicação, menor a alíquota recolhida, conforme tabela a seguir: 22,5% (vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento), em aplicações com prazo de até 180 (cento e oitenta) dias; 20% (vinte por cento), em aplicações com prazo de 181 (cento e oitenta e um) dias até 360 (trezentos e sessenta) dias; 17,5% (dezessete inteiros e cinco décimos por cento), em aplicações com prazo de 361 (trezentos e sessenta e um) dias até 720 (setecentos e vinte) dias; 15% (quinze por cento), em aplicações com prazo acima de 720 (setecentos e vinte) dias. Os impostos que serão estudados em nossa disciplina são: Imposto de Renda, Imposto sobre Produtos Industrializados, Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Imposto sobre Prestação de serviços. Contribuições As contribuições são os tributos cobrados pelo fisco tendo em vista o interesse público da atividade desempenhada pelo governo. São exemplos de contribuições, cuja arrecadação tem destinação específica. As sociais — destinam-se a financiar a seguridade social e estão previstas no artigo 195 da CF. Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro. II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201 III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. Para a saúde — a conhecida CPMF que foi cobrada por 11 anos sobre as operações bancárias. Infraestrutura e Transporte — são as Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDEs), instituída na Lei nº 10.336/2001 incide sobre a importação e a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool etílico combustível, cuja arrecadação destina-se especificamente para financiar programas de infraestrutura e transporte e projetos ambientais. Categoria Profissional — são as contribuições vinculadas a entidades representativas de atividade profissional, como é o caso das anuidades pagas aos Conselhos de classe, como CRC, CRM, CREA, entre outros. As últimas contribuições citadas acima estão previstas no artigo 149 da Constituição Federal, conforme transcrito: Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. [...] Contribuição de Melhoria — são tributos que o governo pode cobrar pela valorização de imóveis em decorrência da execução de uma obra pública, como por exemplo, pavimentação de ruas. Contribuições Sociais As contribuições sociais podem ser subdivididas em: Previdenciárias — se destinadas especificamente ao custeio da Previdência Social, e são formadas pelas contribuições dos segurados e das empresas, conforme as previstas na Lei nº 8.212/1991 e Lei nº 12.546/2011; Não previdenciárias — quando voltadas para o custeio da Assistência Social e da Saúde Pública. Por exemplo: a COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), o PIS (Programa de Integração Social), incidentes sobre a receita ou o faturamento, e a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), que recai sobre o lucro. Essas contribuições financiam o sistema da seguridade social e não retribuem uma atividade específica do Estado, uma vez que o contribuinte tem a obrigação de pagá-las, mas não necessariamente irá usufruir algum benefício ou serviço da previdência social. Há desse modo, como hipótese de incidência, uma atuação do Poder Público indiretamente vinculado ao contribuinte: por meio do custeio da seguridade social ele terá direito a ações gratuitas da saúde pública e, eventualmente, da assistência social e da previdência social (quando se enquadrar em alguma das hipóteses legais). As contribuições sociais devem obedecer ao princípio da anterioridade restritiva, ou seja, princípio da noventena. Sendo assim, além de poder ser cobrada somente no ano seguinte da sua publicação, deverá ainda respeitar 90 dias após publicação da lei. Taxas e Empréstimos Compulsórios Taxas As taxas estão previstas no artigo 145 da Constituição Federal e são disciplinadas no Código Tributário Nacional, no artigo 77, conforme segue: Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição. Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas. As taxas são tributos vinculados, pois sempre estão atrelados a uma atividade em contrapartida da cobrança. Em análise ao artigo citado, entende-se como exercício regular do poder de polícia a atividade pública que limita e disciplina direito, interesse ou liberdade a favor do interesse público, no que se refere a segurança, higiene, ordem, costumes, entre outros. Podemos citar a taxa de controle e fiscalização ambiental cobrada de algumas empresas de acordo com a atividade. No que se refere a utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível prestado ao contribuinte, podemos citar as taxas de serviços administrativos. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idêntico ao imposto, nem calculada em função do capital da empresa. O contribuinte de taxa será a pessoa que provoca a atuação estatal caracterizada pelo exercício dopoder de polícia, ou a pessoa a quem seja prestada, ou à disposição de quem seja colocada a atuação do Estado traduzida em um serviço público divisível. Empréstimo Compulsório Os empréstimos compulsórios podem ser instituídos pela União exclusivamente para atender despesas extraordinárias, aquelas que não estejam previstas no orçamento, decorrentes de calamidade pública, guerra ou investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. Este tributo está previsto no artigo 15 do CTN Art. 15. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode instituir empréstimos compulsórios: I - guerra externa, ou sua iminência; II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com os recursos orçamentários disponíveis; III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo. Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as condições de seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta Lei. O valor arrecadado com o empréstimo compulsório é vinculado à causa que fundamentou a sua instituição, e os valores devem ser restituídos ao contribuinte, conforme as condições estipuladas na lei complementar que os instituiu. Quadro-Resumo A seguir temos um quadro com o resumo das espécies tributárias. Tributo Vinculação Contraprestação Imposto Não - Taxa Sim Exercício regular do poder de polícia. Utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível. Contribuição de Melhoria Sim Valorização de imóveis decorrente de obra pública. Contribuições Sociais Em Parte CIDE — financiar a própria atividade interventiva. Contribuições Profissionais — vinculadas a entidades representativas de profissionais. Contribuições de seguridade social — destinadas a financiar a seguridade social. Empréstimo Compulsório Sim Custeio de despesas extraordinárias da União, decorrentes de calamidade pública, guerra ou iminência de guerra. Investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional. Elementos Fundamentais e Complementares Antes de entrar nos conceitos e apuração de cada tributo que iremos estudar, é importante conhecermos os elementos fundamentais e os complementares para a existência e cobrança de qualquer imposto ou contribuição existente no ordenamento jurídico brasileiro. Os elementos fundamentais são: _ fato gerador _ contribuinte ou responsável _ base de cálculo Os elementos complementares para a formação do tributo são: _ alíquotas _ prazo de pagamento Elementos Fundamentais Pela sua relevância, os elementos fundamentais do tributo só podem ser definidos por lei complementar, conforme previsto no artigo 146, inciso III da Constituição Federal. Fato Gerador De acordo com o Código Tributário Nacional, artigo 114 “fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência”. Analisando essa definição, temos: Situação: significa o fato, o conjunto de fatos, a situação de fato. Toda e qualquer ocorrência, decorrente ou não de vontade. Situação cuja ocorrência faz nascer uma obrigação. Definida em lei: só a lei é o instrumento que pode descrever e definir a situação cuja ocorrência gera a obrigação tributária. Necessária: sem a situação prevista em lei, não nasce a obrigação tributária. Suficiente: a situação prevista em lei basta para o surgimento da obrigação tributária. Em resumo, podemos dizer que o fato gerador é a hipótese de incidência tributária, ou seja, é onde nasce a obrigação de pagar o tributo. Contribuinte ou Responsável O CTN, em seu artigo 121 define como sujeito passivo da obrigação tributária a pessoa obrigada ao pagamento do tributo. Neste mesmo artigo temos como sujeito passivo: [...] I - contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II - responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. [...] O contribuinte é aquele que tem relação pessoal e direta com o fato gerador, podemos citar aqui o IPVA, que tem como contribuinte do imposto o proprietário do veículo. Já o responsável é a pessoa que a lei escolher para responder como sujeito passivo da obrigação tributária, em substituição ao contribuinte de fato, em razão de maior complexidade para alcança-lo. O responsável não arca com o ônus tributário, sendo que esse é suportado pelo contribuinte de fato. O responsável atua como uma espécie de arrecadador do Fisco. Temos como exemplo de imposto, cujo o responsável difere do contribuinte o imposto de renda retido na fonte, onde o ônus é suportado pelo prestador do serviço, mas o recolhimento é feito pelo tomador, ou seja, pelo responsável. Base de Cálculo Segundo Machado (2015), base de cálculo é a expressão econômica do fato gerador do tributo e deve ser instituída em lei juntamente com a hipótese de incidência tributária. A base de cálculo é o valor sobre o qual se aplica a alíquota para determinar o montante do tributo devido. Podemos citar como exemplo o PIS que tem como base de cálculo o faturamento mensal da empresa. Elementos Complementares Diferente dos elementos fundamentais, os elementos complementares podem ser fixados em lei ordinária. Alíquota A palavra alíquota na linguagem dos matemáticos indica a parte ou a quantidade que está contida em outra em número exato de vezes. No direito tributário tem sido utilizada geralmente para indicar o percentual aplicado sobre a base de cálculo para se determinar o valor do tributo (MACHADO, 2015). Na legislação tributária, geralmente utiliza-se alíquotas denominadas de advalorem, isto é, sobre o valor, indicada como percentual. Temos ainda, previsto em alguns casos, as alíquotas específicas, raramente utilizadas, que servem para calcular o tributo sem considerar o valor do objeto tributado, como é o caso do IPI sobre bebidas, onde a alíquota é determinada por referência sobre a quantidade vendida, não importando o valor da venda. Prazo de pagamento O prazo de pagamento dos tributos pode ser estipulado por meio de lei ordinária. Na prática, há casos em que a lei ordinária delega ao Poder Executivo a competência para fixar prazos para pagamento, por meio de decreto. 3ª AULA – TRIBUTOS DIRETO E LUCRO REAL Conversa inicial Bem vindos a nossa aula de hoje. Depois de toda teoria estudada e do conhecimento teórico adquirido nas nossas aulas anteriores, iniciaremos hoje nossa parte prática da disciplina. Nesta aula falaremos de dois tributos diretos, sendo o Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas, chamado de IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido que é a conhecida CSLL. Estes são tributos diretos, pois o contribuinte de direito e o de fato é o mesmo. Ou ainda, podemos dizer que esses tributos não estão imbutidos no preço de venda do produto ou serviço. Depois de aprendermos sobre os dois tributos devidos sobre o lucro, vamos conhecer a essência tributária no Brasil, que é determinado pelo Lucro Real. Esse é o principal regime de tributação, pois o contribuinte paga o IRPJ e a CSLL, somente se tiver lucro, mas muitos empresários e contadores não utilizam tal regime, por falta de organização na escrituração contábil, buscando assim, outras formas tributárias mais simples. Contextualizando Conforme é determinado pelo Código Civil, instituído pela Lei 10.406/2002: Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. Fica claro que, todas as empresas estão obrigadas a escrituração contábil, demonstrando esta o resultado líquido da entidade, seus bens e direitos, suas obrigações, as receitas, as despesas e os custos auferidos em determinado período.A escrituração contábil é essencial para a tomada de decisões da empresa, sendo utilizada não só para fins contábeis ou fiscais, mas também gerenciais, pois é através dela que podemos endenter as variações ocorridas no Patrimônio da empresa. Ocorre que o Fisco, que é hoje o único órgão fiscalizador, quando se trata de operações contábeis, exige a escrituração somente para o Lucro Real, para os demais regimes tributários, o Fisco autoriza a utilização de livro caixa, onde pode ser informada somente a receita auferida pela empresa, qual será utilizada para arrecação de tributos. Por este motivo, é que muitas empresas deixam de calcular seus tributos no Lucro Real, devido ao maior trabalho (fiscal), podendo assim, ter um ônus tributário maior, sem perceber. Então, é bastante importante que você entenda como funciona a tributação no Lucro Real, pois, esse regime pode trazer vantagens para sua empresas, sobrando assim, mais recursos para que ela possa crescer e se estabelecer. Pesquise Devido a falta de fiscalização pelos órgãos de classe e até mesmo da Receita Federal do Brasil - RFB, no que se refere à escrituração contábil, muitas empresas acabam deixando essa operação para depois do encerramento do exercício, depois de já ter feito recolhimento de todos os tributos, sem a possibilidade de um planejamento tributário. Como temos um sistema de escrituração digital, onde as empresas precisam enviar ao Fisco, toda sua contabilidade até o meio do ano seguinte, as empresas se veem obrigada a fechar a contabilidade até esse prazo, no entanto, tal pratica não acontecia antes de termos o SPED, mesmo sendo previsto pelo Código Civil, pois não havia fiscalização. Tema 01 da Rota - IRPJ Como vimos nas aulas anteriores a União é quem tem a competência para instituir tributos sobre a renda e proventos de qualquer natureza, ou imposto de renda, como é conhecido. Sendo assim, o Imposto de Renda é um tributo Federal e não vinculado. Machado (2015) entende que esse imposto seja de competência federal porque só assim pode ser utilizado como instrumento de redistribuição de renda, buscando manter em equilíbrio o desenvolvimento econômico das diversas regiões. O imposto de renda é de grande importância para a União, pois o mesmo figura como a principal fonte de receita tributária ao Governo, tendo nítida função fiscal. O Código Tributário Nacional disciplina as normas do imposto de renda nos artigos 43, 44 e 45, conforme descrito abaixo: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. § 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos tributáveis. Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis. Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam. Neste trecho do enunciado legal, ficamos conhecendo os elementos fundamentais do imposto de renda, como o fato gerador, o contribuinte e a base de cálculo, que serão descritas a seguir. Fato Gerador De acordo com o artigo 43 descrito anteriormente, o fato gerador do imposto de renda é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica da renda ou do provento. Podemos dizer também que o acréscimo patrimonial é fato gerador para o imposto de renda. Importante destacar que a incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. Contribuinte O contribuinte do Imposto de renda é o titular da disponibilidade a que se refere o rendimento ou a renda. Na tributação de pessoa jurídica, o contribuinte e o responsável pelo imposto de renda são a mesma pessoa, pois a empresa tem relação direta com o fato gerador. Base de Cálculo Podemos dizer que a base de cálculo do imposto de renda das empresas é o lucro, sendo este real, presumido ou ainda arbitrado. A base de cálculo do imposto sobre a renda será determinada através de períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário, de acordo com as regras previstas na legislação. Temos ainda uma base de cálculo com base no resultado anual (31 de dezembro) com pagamentos mensais na forma de antecipação. Alíquota A alíquota do imposto de renda da pessoa jurídica (IRPJ) é de definido em percentual aplicado sobre o lucro apurado no período, sendo que o mesmo é de 15%. No imposto de renda, temos ainda um adicional de mais 10% sobre o valor do lucro que ultrapassar a R$ 20.000,00 multiplicado pelo número de meses do respectivo período de apuração. O adicional do imposto é devido considerando o critério da progressividade, sendo que a empresa que tiver um lucro maior recolherá mais imposto. Para facilitar o entendimento, vamos ver um exemplo de cálculo: Lucro trimestral apurado: 90.000,00 Alíquota normal x 15% = valor do imposto é R$ 13.500,00 Adicional calculado sobre 30.000,00 (90.000,00 – 60.000,00 = 30.000,00) essa redução se deu devido ao número de meses de apuração (3 meses x 20.000,00) = valor do adicional de R$ 3.000,00 (sendo 30.000 x 10%) Total do imposto é de R$16.500,00 Prazo de Pagamento O prazo de pagamento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ é o último dia útil do mês subsequente ao período de apuração. Devemos observar que a apuração do IRPJ pode ser mensal ou trimestral, dessa forma, sendo apuração mensal, o imposto deverá ser pago no mês seguinte ao mês de apuração, por exemplo, se o imposto se refere a competência de janeiro, o vencimento será último dia útil de fevereiro. Já se a apuração for trimestral, considerando o primeiro trimestre do ano (janeiro a março), o imposto vencerá no último dia do mês de abril. Tema 02 da Rota – CSLL A CSLL é uma contribuição destinada ao financiamento da seguridade social, instituída pela Lei 7.689/1988, a CSLL - Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido é uma contribuição administrada pela Receita Federal do Brasil que tem como base de cálculo o Lucro Líquido das empresas. O artigo 1º da referida lei dispõe que: Art. 1º Fica instituída contribuição social sobre o lucro das pessoas jurídicas destinado ao financiamento da seguridade social. Conforme disposto no artigo 195 da Constituição Federal, a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediantes recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e do empregador, incidente sobre o lucro, entre outras formas previstas no mesmo artigo. Lei 8.212/1991, em seu artigo 1º prevê que “A Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à assistência social”. Desta forma, a CSLL é recolhida, mensalmente pelas empresas, devendo ser “devolvida” a sociedade, através dos serviços prestados pelo Governo. A Contribuição Social sobre o Lucro Líquido tem fato gerador,base de cálculo e os outros elementos, similares aos do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, conforme vejamos a seguir: Fato Gerador O fato gerador da CSLL é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica da renda, independendo da denominação da receita, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. Contribuinte O contribuinte da contribuição social sobre o lucro é o titular da disponibilidade a que se refere o rendimento ou a renda. Na tributação de pessoa jurídica, o contribuinte e o responsável pela referida contribuição são a mesma pessoa, pois a empresa tem relação direta com o fato gerador. Base de Cálculo Conforme descrito na própria legislação que instituiu a CSLL, a base de cálculo da mesma é o lucro, sendo este real, presumido ou ainda arbitrado. A base da contribuição social sobre o lucro será determinada através de períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário, de acordo com as regras previstas na legislação. Temos ainda uma base de cálculo com base no resultado anual (31 de dezembro) com pagamentos mensais na forma de antecipação. Alíquota A alíquota da CSLL é definida em percentual aplicado sobre o lucro apurado no período, sendo que o mesmo é de 9%. A contribuição social sobre o lucro não tem adicional, sendo assim, o valor devido, no período, será somente o resultado da aplicação do percentual acima. Para facilitar o entendimento, vamos ver um exemplo de cálculo: Considerando os mesmos dados anteriores, onde o lucro trimestral apurado é de 90.000,00. Alíquota normal x 9% = valor do imposto é R$ 8.100,00 Total da contribuição devida é de R$ 8.100,00 Prazo de Pagamento O prazo de pagamento da Contribuição social sobre o Lucro Líquido é o último dia útil do mês subsequente ao período de apuração. Devemos observar que a apuração da CSLL, assim como do imposto de renda, pode ser mensal ou trimestral, dessa forma, sendo apuração mensal, a contribuição deverá ser paga no mês seguinte ao mês de apuração, por exemplo, se o tributo se refere a competência de junho, o vencimento será último dia útil de julho. Já se a apuração for trimestral, considerando o terceiro trimestre do ano (julho a setembro), a CSLL vencerá no último dia do mês de outubro. Tema 03 da Rota – Lucro Real A legislação tributária do Brasil é bastante complexa e “costurada”, pois a cada dia temos dezenas de novas normas sendo publicadas no Diário Oficial, e muitas destas são alterações, revogações e complementações de leis já publicadas. Sendo assim, precisamos ficar atentos às mudanças, para identificar alterações e até oportunidades para empresa onde atuamos. No que se refere a apuração dos tributos vistos nessa aula, ou seja, tributos sobre o lucro, temos no país vários regimes, sendo eles: Lucro Real Lucro Presumido Lucro Arbitrado Simples Nacional Microempreendedor Individual – MEI Estas são as formas de apuração dos tributos diretos da pessoa jurídica, sendo importante o gestor conhecer cada uma delas, para que possa entender as despesas tributárias mensais que a empresa gera mensalmente e avaliar a possibilidade de alteração do regime, como forma de planejamento tributário para redução do ônus fiscal. Na aula de hoje, vamos conhecer o Lucro Real, que é a essência da tributação brasileira, pois, tem como base de cálculo, o lucro encontrado, após deduzir a receita total das despesas necessárias que a empresa gera. Empresas obrigadas ao Lucro Real Antes de entrarmos na forma de apuração do Lucro Real, é importante saber que todas as empresas que quiserem podem fazer opção por esse regime tributário, mas que existem determinadas condições que obrigam as empresas a recolherem o IRPJ pelo Lucro real, sendo: Empresas que tenham auferido receita total, no ano calendário anterior, superior a R$ 78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais), ou R$ 6.500.000,00 multiplicado pelo número de meses de atividade, para empresas que tenham sido constituídas no ano; Cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta; Que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior; Que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto; Que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultante de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring); A opção pelo regime de tributação, com relação ao Lucro Real, Presumido ou Arbitrado, é determinada pelo código de recolhimento da primeira guia de Imposto de renda do ano. O que é Lucro Real? De acordo com o Decreto 3.000/1999, artigo 247: Art. 247. Lucro real é o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas por este Decreto (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º). § 1º A determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro líquido de cada período de apuração com observância das disposições das leis comerciais. Segundo com o enunciado acima, o lucro real é determinado de acordo à legislação comercial. Considerando este conceito, precisamos partir da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, para apuração do lucro líquido do período. De uma forma sucinta, a DRE é apresentada assim: RECEITA DE VENDA OU SERVIÇO (-) CUSTOS (-) DESPESAS OPERACIONAIS (-) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS + RECEITAS NÃO OPERACIONAIS = LUCRO / PREJUÍZO DO PERÍODO O lucro/prejuízo apresentado nesta demonstração é o resultado contábil escriturado no período de apuração, sendo que para encontrarmos o lucro real, devemos ajustar o lucro contábil. Este ajuste é o que está previsto no artigo 247, visto anteriormente, onde adicionamos, excluímos e compensamos valores autorizados pela legislação brasileira, para que possamos encontrar o lucro real, aceito pelo Fisco, para apuração do IRPJ e da CSLL. Adições Para Andrade Filho (2012) todo dispêndio feito pela empresa, para aquisição de bens, serviços ou utilidades, deve ser considerado como dedutível se for feito com o propósito de manter em funcionamento a fonte produtora dos rendimentos. As adições são aquelas despesas, consideradas na DRE, mas que não são necessárias para a atividade da empresa, as chamadas (em regra) despesas não operacionais, conforme podermos observar no artigo 299 do Decreto 3.000/1999: Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora. § 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa. Andrade Filho (2012) cita três requisitos que habilitam se o gasto da empresa pode ser considerado como despesa operacional dedutível, sendo: 1º. ser necessário; 2º. necessário ou útil para a manutenção da atividade da empresa e, além disso, deve ser normal e usual ou relacionado com a atividade explorada; 3º. ser adequadamente comprovado. Podemos mencionar também as despesas mais comuns, encontradas nas oper ações das empresas, que são consideradas como não operacionais, devendo ser adicionadas na apuração do lucro real, comopor exemplo: despesas com alimentação dos sócios, despesas com brindes, despesas com doações (em regra geral), despesas com multas punitivas, entre outros. Exclusões As exclusões previstas para apuração do lucro real, sãos aquelas outras receitas, consideradas como receitas não operacionais, pois não estão relacionadas ao objeto social da entidade. Na visão de Luz (2011) as exclusões são as receitas não tributáveis que não integrarão a base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Podemos citar como exclusão a receita com reversão de saldo de provisão anteriormente constituída e os lucros e dividendos decorrentes de participação societária. Compensações Na apuração do Lucro Real, a legislação autoriza que a empresa compense prejuízo fiscal de período anterior, conforme prevê o artigo 509 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99): Art. 509. O prejuízo compensável é o apurado na demonstração do lucro real e registrado no LALUR O artigo 510 prevê que a compensação fica limitada a 30% do lucro ajustado após adições e exclusões, não podendo ser superior ao prejuízo acumulado. Vamos ver na prática? Vamos considerar que temos o seguinte resultado contábil no trimestre: RECEITA BRUTA DE VENDAS 200.000,00 (-) CUSTOS 25.000,00 (-) DESPESAS OPERACIONAIS 60.000,00 (-) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS 45.000,00 + RECEITAS NÃO OPERACIONAIS 20.000,00 LUCRO/PREJUÍZO CONTÁBIL 90.000,00 Para encontrarmos o lucro real aceito pelo fisco, para fins de tributação, vamos considerar que a empresa possui ainda prejuízo fiscal do período anterior no valor de R$ 132.000,00. Ajustes do Lucro Contábil da DRE: LUCRO/PREJUÍZO CONTÁBIL 90.000,00 ADIÇÕES Despesas não operacionais 45.000,00 EXCLUSÕES Receitas não operacionais (20.000,00) Lucro Ajustado 115.000,00 (-) Compensação 30% (34.500,00) *30% calculado sobre o lucro ajustado Lucro Real ou Lucro Fiscal 80.500,00 IRPJ 15% 12.075,00 (80.500 X 15%) Adicional 10% 2.050,00 (80.500 – 60.000 = 20.500 x 10%) TOTAL IRPJ 14.125,00 CSLL 9% 7.245,00 (80.500 x 9%) Tema 04 da Rota - LALUR Como vimos no tema anterior, as empresas que optaram ou estão obrigadas a apuração do IRPJ pelo Lucro Real, deverão ajustar o lucro contábil com as adições, exclusões e compensações. Mas, como faremos esses ajustes, se os lançamentos contábeis já foram feitos para que encontrássemos o lucro contábil? Tais ajustes são realizados separadamente da contabilidade, em livro específico, o LALUR. O Livro de Apuração do Lucro Real, também conhecido pela sigla LALUR, é um livro de escrituração de natureza eminentemente fiscal, criado pelo Decreto Lei nº 1.598/ 1977, conforme previsão do § 2º do art. 177 da Lei nº 6.404/1976, e alterações posteriores, e destinados à apuração extra contábil do lucro real sujeito à tributação pelo imposto de renda em cada período de apuração, contendo, ainda, elementos que poderão afetar os resultados de períodos futuros. A obrigatoriedade do livro está prevista nos artigos 262 e 263 do RIR/99, conforme transcrito a seguir: Art. 262. No LALUR, a pessoa jurídica deverá: I - Lançar os ajustes do lucro líquido do período de apuração; II - Transcrever a demonstração do lucro real; III - manter os registros de controle de prejuízos fiscais a compensar em períodos de apuração subsequentes, do lucro inflacionário a realizar, da depreciação acelerada incentivada, da exaustão mineral, com base na receita bruta, bem como dos demais valores que devam influenciar a determinação do lucro real de períodos de apuração futuros e não constem da escrituração comercial; IV - Manter os registros de controle dos valores excedentes a serem utilizados no cálculo das deduções nos períodos de apuração subsequentes, dos dispêndios com programa de alimentação ao trabalhador, vale-transporte e outros previstos neste Decreto. Art. 263. O LALUR poderá ser escriturado mediante a utilização de sistema eletrônico de processamento de dados, observadas as normas baixadas pela Secretaria da Receita Federal. O LALUR é composto de duas partes: parte A e parte B. Na parte A são escriturados os ajustes ao lucro, ou seja, a apuração do lucro real, com adição, exclusões e compensações, é demonstrada nessa primeira parte do livro de apuração do lucro real. Na parte B são lançados os valores que afetarão o lucro real de períodos futuros, tais como prejuízos a compensar acumulado de períodos anteriores. Escrituração do LALUR Na sua Parte A, a escrituração será feita em ordem cronológica, folha após folha, sem intervalos nem entrelinhas, encerrada, período a período, com a transcrição da demonstração do lucro real. A escrituração de cada período se completa com a assinatura do responsável pela pessoa jurídica e de contabilista legalmente habilitado. Na sua Parte B, a escrituração será feita utilizando uma folha para cada conta ou fato que requeira controle individualizado. Apresentação do Livro Até o ano de 2014, as empresas não se preocupavam com a escrituração da parte B do LALUR, pois o livro não era apresentado a nenhum ente da federação, somente em caso de fiscalização é que o fiscal analisava as informações constantes no mesmo. A partir do ano de 2015, as empresas passaram a ter que apresentar o LALUR, dentro da Escrituração Contábil Fiscal – ECF, anualmente, em formato digital. Desta forma, os empresários e contadores passaram a ter uma atenção maior a esta parte do livro. Modelo do Livro – Parte A Modelo do Livro – Parte B Trocando ideias E você? Sabe qual é o regime de tributação da empresa onde trabalha? Você já acompanhou algum processo de planejamento tributário para opção do regime de menor tributação na sua empresa? Comente aqui como foi essa experiência. Se você ainda não participou, comente também dizendo o que e quanto considera importante o estudo tributário nas empresas. Síntese É importante conhecermos a escritura contábil, quando vamos falar de lucro real. Mesmo que você não elabore a escrituração, você deve conhecê-la e saber interpretar seus números, a fim de tomar as melhores decisões no ambiente corporativo. Com a aula de hoje, você aprendeu como funciona a escrituração contábil, sendo ela importante para a gestão empresarial, assim como para a apuração dos tributos devidos no Lucro Real. Com base nesse conhecimento inicial, você poderá buscar uma redução tributária na sua empresa, para que o lucro da mesma seja utilizado em função do crescimento da própria entidade. Com a obtenção de novos equipamentos, por exemplo. No lucro real, além da escrituração contábil, temos ainda que elaborar o LALUR, para obtermos o lucro ajustado, conforme determinação do fisco. Ou seja, o lucro apurado na contabilidade, nem sempre será o lucro tributável. Podemos até afirmar que, mesmo que a contabilidade apresente prejuízo, o LALUR pode apresentar um lucro (fiscal), após as adições, devendo este ser tributado. Podemos notar então, que não basta olharmos apenas para o resultado apresentado na DRE da empresa, precisamos conhecer profundamente sua operação, para que saibamos quais despesas existentes são dedutíveis e quais deveremos adicionar na apuração do lucro real. Dessa forma, poderemos buscar o melhor regime de tributação para a empresa, apenas interpretando sua escrituração. 4ª AULA – REGIMES TRIBUTÁRIOS E RETENSÃO DE IR Conversa inicial Bem vindos a nossa aula de hoje. Na aula passada, iniciamos o conteúdo sobre regimes de tributação, falando sobre o Lucro Real, que é o regime tributário mais complexo do nossos sitema tributário. Na aula de hoje, conheceremos os outros regimes tributários existentes no Brasil, o Lucro Presumido e Lucro Arbitrado. O Simples Nacional, que é o regime mais utilizado pelas empresas brasileiras e o MEI, sendo este último uma extensão do Simples Nacional. Após conhecer todos os regimes tributários, falaremos sobre o imposto de renda retidona fonte de serviços prestados por pessoas jurídicas. Entenderemos como funciona a retenção, que tipos de serviços estão sujeitos, comor reconher e como compensar o mesmo. Aproveite a aula! Contextualizando A opção pelo regime de tributação é feita pela própria empresa, normalmente no inicio de cada ano. Para os chamados regime normal de tributação, que são o Lucro Real, o Lucro Presumido e o Lucro Arbitrado, a opção se dá pelo recolhimento do primeiro DARF de Imposto de Renda do ano. Não importa em que momento o imposto seja recolhido, é nesse pagamento que o Fisco saberá qual é a opção da empresa, por meio do código de referência. A opção é irretratável para todo o ano calendário, ou seja, uma vez feito o recolhimento, não é possível alterar para outro regime. É importante que a empresa esteja atenta as regras de obrigatoriedade pelo Lucro Real, para que não realize uma opção incorreta no ano.´ Para as empresas que possuem oscilações de faturamento durante o ano, uma boa opção é o Lucro Real, visando a compensação de qualquer prejuizo que a mesma venha a obter em determinados meses. No entanto, é importante avaliar o reflexo que a opção tributária traz para as contribuições de PIS e COFINS, pois o regime do IRPJ interfere, em regra geral, na apuração dessas contribuições sociais. A opção do regime mais adequado para a entidade é um dos passos mais importantes na gestão, pois uma opção mal feita pode gerar necessidade de pagamento de tributos inadequados, o que certamente irá comprometer a saúde financeira do negócio. Por isso, aproveite a aula para adquirir o conhecimento necessário e aplicar na sua atividade empresarial. Pesquise Sabemos que a opção pelo regime tributário é irretratável para todo o ano calendário, podendo ser alterado somente no ano seguinte. Sabendo disso, leia o caso a seguir, que aconteceu com uma empresa brasileira. A empresa industrial, tributada pelo Lucro Real, decide realizar um planejamento tributário, pois considera que está recolhendo tributos muito altos sobre o lucro fiscal apurado anualmente. Como a empresa não pode mudar de regime tributário, pois encontra-se dentro da obrigatoriedade prevista na legislação, para que seja tributada pelo lucro real, a empresa resolve então abrir oito empresas menores, sendo que todas essas seriam tributadas pelo lucro presumido, dessa forma a empresa escoaria toda sua receita para as demais. Assim, as nove empresas, considerando as oito menores mais a indústria, possuem o mesmo quadro societário, sendo que as novas empresinhas não possuem estabelecimento distinto, ou seja, todas elas estão alocadas no mesmo endereço. Além disso, estas empresas menores não possuem funcionários para a realização da atividade. A empresa do Lucro Real passa a vender então suas mercadorias a valor de custo e as oito empresas do lucro presumido revendem a preço de mercado. Seria legal esse planejamento tributário realizado pela empresa ou será que ela está cometendo algum crime tribuitário? Tema 01 - Lucro Presumido O Lucro Presumido é um regime de tributação do Imposto de Renda, onde a própria legislação determina o lucro, que entende ser aplicado a cada atividade, independente do resultado contábil auferido no período de apuração. Desta forma, para o Fisco, não importa quanto de despesa a empresa teve no período, nem tampouco se a mesma apurou prejuízo no seu resultado, haverá pagamento do IRPJ e da CSLL, conforme a presunção aplicada sobre o faturamento. Qualquer empresa pode optar pelo regime do Lucro Presumido, desde que não esteja enquadrada nas hipóteses de obrigatoriedade pelo Lucro Real, conforme vimos na aula passada. É importante lembrarmos que a opção pelo regime de tributação da empresa, é realizada por meio do primeiro recolhimento do IRPJ do ano, e a mesma será definitiva para todo o ano calendário, não podendo a empresa alterar sua forma de tributação, no decorrer do ano. Assim como no lucro real, a apuração no lucro presumido é trimestral, tendo encerramento em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro. A diferença é que neste regime, não existe apuração anual ou mensal. Base de Cálculo A base de cálculo do IRPJ e da CSLL, em cada trimestre, de acordo com o artigo 518 do RIR/99, será determinada mediante a aplicação do percentual de presunção cabível a atividade da empresa sobre a receita bruta auferida em cada período, deduzindo dela os descontos incondicionais, vendas canceladas ou devoluções, IPI e ICMS-ST. Os percentuais a serem aplicados sobre a receita bruta, de acordo com a atividade da pessoa jurídica, são: Cálculo do Lucro Presumido Para cálculo dos tributos, pelo Lucro Presumido, primeiro devemos observar qual é a atividade da empresa, em qual percentual de presunção se enquadra para aplicação do mesmo, sobre a receita operacional. Após isso, devemos ainda adicionar as receitas que não fazem parte da atividade da empresa, ou seja, as receitas não operacionais também sofrem incidência do IRPJ e da CSLL, no entanto, sobre elas não há presunção. Vamos ver agora uma formula para que possamos entender melhor como é feito o cálculo. Receita de venda ou prestação de serviço (operacional) (-) vendas canceladas, devoluções, descontos incondicionais, IPI, ICMS-ST = Base de cálculo X percentual de presunção = Lucro Presumido sobre a receita + Receitas não operacional = Lucro Presumido do Período X percentual do tributo (IRPJ ou CSLL) = Valor do Imposto ou da Contribuição As adições à base de cálculo são as receitas não comuns a atividade da empresa, ou seja, as aquelas receitas não relacionadas no seu objeto social, como por exemplo, ganho de capital, receita de aplicação financeira, receita de venda de sucata, receita de aluguel quando a empresa não tem esta atividade, receitas de variação cambial, entre outras. Vamos agora, entender como é calculado o IRPJ e a CSLL, considerando a seguinte situação, no trimestre: Receita de atividade industrial: R$ 500.000,00 IPI: R$ 10.000,00 Vendas canceladas: R$ 25.000,00 Receita de aplicação financeira: R$ 50.000,00 Tema 02 – Lucro Arbitrado De acordo com Rezende, Pereira e Alencar (2010) o lucro arbitrado é uma prerrogativa do Fisco, que pode arbitrar o resultado para o cálculo do imposto e da contribuição social, devidos no período no decorrer do ano calendário pelas pessoas jurídicas, na forma da lei. O lucro arbitrado pode ser aplicado nas situações em que a escrituração contábil e fiscal for desclassificada por parte da autoridade fiscal, ou seja, quando: O contribuinte obrigado à tributação pelo lucro real, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais ou fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal. A escrituração revelar evidentes indícios de fraude ou contiver erros ou deficiência que a tornem imprestável para: a. Identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; b. Determinar o lucro real. O contribuinte não apresentar à autoridade os livros e documentos da escrituração comercial ou fiscal, nos quais deverá estar escriturada toda movimentação financeira, inclusive bancária; O contribuinte optar indevidamente pelo regime de tributação com base no lucro presumido; O comissário ou representante da pessoa jurídica estrangeira deixar de escriturar e apurar o lucro da sua atividade separadamente do lucro do comitente residente ou domiciliado no exterior; O contribuinte não mantiver, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, o livro-razão ou fichas para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no livro diário. É possível ainda que o próprio contribuinte realize um auto arbitramento, quando for possível apurar sua receita bruta, nas não o lucro. Cálculo O cálculo do IRPJ no lucro arbitrado é o mesmo cálculo do lucro presumido, sendo que os percentuais aplicáveispara determinar o lucro também são os mesmos, acrescidos de 20%, conforme segue: É importante destacar que o aumento nos percentuais somente é aplicado para apuração do IRPJ. A CSLL não sofre alteração na estimativa do lucro. No caso de não ser possível identificar a receita auferida pela empresa, a legislação prevê alternativas para arbitramento do lucro, como veremos a seguir: Art. 535. O lucro arbitrado, quando não conhecida a receita bruta, será determinado através de procedimento de ofício, mediante a utilização de uma das seguintes alternativas de cálculo: I - um inteiro e cinco décimos do lucro real referente ao último período em que a pessoa jurídica manteve escrituração de acordo com as leis comerciais e fiscais; II - quatro centésimos da soma dos valores do ativo circulante, realizável a longo prazo e permanente, existentes no último balanço patrimonial conhecido; III - sete centésimos do valor do capital, inclusive a sua correção monetária contabilizada como reserva de capital, constante do último balanço patrimonial conhecido ou registrado nos atos de constituição ou alteração da sociedade; IV - cinco centésimos do valor do patrimônio líquido constante do último balanço patrimonial conhecido; V - quatro décimos do valor das compras de mercadorias efetuadas no mês; VI - quatro décimos da soma, em cada mês, dos valores da folha de pagamento dos empregados e das compras de matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem; VII - oito décimos da soma dos valores devidos no mês a empregados; VIII - nove décimos do valor mensal do aluguel devido. (BRASIL, 1999) Considerando os mesmos dados vistos no lucro presumido, no lucro arbitrado, o valor devido, será: Tema 03 da Rota – Simples Nacional Após conhecermos os regimes tributários mais antigos e em muitos casos, com alto ônus tributário, dependendo do porte da empresa, vamos conhecer o regime do Simples Nacional, criado em 1999, antigamente conhecido como Simples Federal e Super Simples. Depois de tantas alterações na legislação do referido regime tributário, a Lei Complementar 123/2006 é a lei aplicável hoje e que já contempla todas as alterações sofridas após sua publicação. O Simples Nacional é um regime de tributação diferenciado, aplicado às Microempresas e as empresas de pequeno porte, definidas da seguinte forma: Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e II - no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais). (BRASIL, 2006) O Simples Nacional implica o recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, dos seguintes impostos e contribuições: Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ; Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI; Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL; Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS; Contribuição para o PIS/Pasep; Contribuição Patronal Previdenciária - CPP para a Seguridade Social, exceto no caso da microempresa e da empresa de pequeno porte que se dedique às atividades de prestação de serviços do anexo IV; Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS; Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS. Opção A opção pelo Simples Nacional é feita de forma diferente dos demais regimes já vistos. A opção é realizada de forma on-line pelo portal do Simples, na página da Receita Federal, até o dia 31 de janeiro de cada ano. Para empresas que estejam em processo de constituição, no decorrer do ano, a opção deve obedecer dois prazos simultaneamente: 180 dias da data do deferimento do CNPJ e 30 dias da última inscrição, Estadual ou Municipal, a última que sair. Deve-se notar, no entanto, que nem todas as empresas podem fazer opção por esse regime de tributação. O artigo 17 da LC 123/2006 traz a relação de atividades que impedem a opção pelo Simples Nacional: Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: I - que explore atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, gerenciamento de ativos (asset management), compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring); II - que tenha sócio domiciliado no exterior; III - de cujo capital participe entidade da administração pública, direta ou indireta, federal, estadual ou municipal; IV - (REVOGADO) V - que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa; VI - que preste serviço de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros, exceto quando na modalidade fluvial ou quando possuir características de transporte urbano ou metropolitano ou realizar-se sob fretamento contínuo em área metropolitana para o transporte de estudantes ou trabalhadores; VII - que seja geradora, transmissora, distribuidora ou comercializadora de energia elétrica; VIII - que exerça atividade de importação ou fabricação de automóveis e motocicletas; IX - que exerça atividade de importação de combustíveis; X - que exerça atividade de produção ou venda no atacado de: a) cigarros, cigarrilhas, charutos, filtros para cigarros, armas de fogo, munições e pólvoras, explosivos e detonantes; b) bebidas a seguir descritas: 1 - alcoólicas; 2 - refrigerantes, inclusive águas saborizadas gaseificadas; 2. (Revogado); 3 - preparações compostas, não alcoólicas (extratos concentrados ou sabores concentrados), para elaboração de bebida refrigerante, com capacidade de diluição de até 10 (dez) partes da bebida para cada parte do concentrado; 3. (Revogado); 4 - cervejas sem álcool; XI - (Revogado); XII - que realize cessão ou locação de mão-de-obra; XIII - (Revogado); XIV - que se dedique ao loteamento e à incorporação de imóveis. XV - que realize atividade de locação de imóveis próprios, exceto quando se referir a prestação de serviços tributados pelo ISS. XVI - com ausência de inscrição ou com irregularidade em cadastro fiscal federal, municipal ou estadual, quando exigível. Se a empresa possuir qualquer uma das atividades acima, em seu contrato social, mesmo que não realize tal atividade, não poderá fazer opção pelo Simples Nacional. Alíquotas e Base de Cálculo O valor devido mensalmente pela microempresa ou empresa de pequeno porte, optante pelo Simples Nacional, será determinado mediante aplicação das alíquotas constantes das tabelas dos Anexos I a VI da Lei Complementar 123/2006 sobre receita bruta. Para efeito de determinação da alíquota, o sujeito passivo utilizará a receita bruta acumulada nos 12 (doze) meses anteriores ao do período de apuração. A receita tributável é a receita bruta auferida no mês, deduzindo os descontos incondicionais e as vendas canceladas e/ou devoluções. Exemplo Considerando que a empresa tenha uma receita bruta acumulada dos últimos 12 meses, no valor de R$ 268.000,00, sendo uma atividade comercial. Onde no mês de apuração a receita é de R$ 20.000,00, aplicandoentão, o anexo I do Simples, o valor devido pela empresa é: Tema 04 da Rota - MEI Microempreendedor Individual (MEI) é a pessoa física que trabalha por conta própria, cujo faturamento anual não ultrapasse a R$ 60.000,00 no ano e que se legaliza como pequeno empresário. Através da LC 128/2008 foram criadas condições especiais para que o trabalhador, conhecido como informal possa se tonar um empresário legalizado, tendo então, benefícios previdenciários, CNPJ entre outros benefícios. Entre as vantagens oferecidas por essa lei está o registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), o que facilita a abertura de conta bancária, o pedido de empréstimos e a emissão de notas fiscais. Destaco que a constituição do MEI é feita totalmente de forma on-line e gratuita. Não há burocracia e o CNPJ é emitido na hora. A formalização é feita pelo link http://www.portaldoempreendedor.gov.br/mei-microempreendedor-individual em formalização. Tributos devidos O MEI é o empresário individual, enquadrado no Simples Nacional, cujo faturamento anual seja de até R$ 60.000,00. O mesmo ficará isento dos tributos federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL), pagando apenas o valor fixo mensal de R$ 45,00 (comércio ou indústria), R$ 49,00 (prestação de serviços) ou R$ 50,00 (comércio e serviços), que será destinado à Previdência Social e ao ICMS ou ao ISS. Essas quantias serão atualizadas anualmente, de acordo com o salário mínimo. Destes valores, a divisão é de: 5% calculado sobre o salário mínimo federal, correspondente ao INSS; R$ 1,00 de ICMS para industrial ou comerciante, e R$ 5,00 de ISS para prestadores de serviços. Com essas contribuições, o Microempreendedor Individual tem acesso a benefícios como auxílio maternidade, auxílio doença, aposentadoria, entre outros. Aviso ainda que o MEI deverá recolher seus tributos, conforme acima, independente de ter ou não auferido receita no mês. Regras e Cuidados O Microempreendedor Individual está dispensado de contabilidade e, portanto, não precisa escriturar nenhum livro. No entanto, ele deve guardar as notas de compra de mercadorias, os documentos do empregado contratado e o canhoto das notas fiscais que emitir. Todo mês, até o dia 20, o Microempreendedor Individual deve preencher (pode ser manualmente), o Relatório Mensal das Receitas que obteve no mês anterior, e arquivar, para apresentar ao fiscal, em caso de fiscalização. O MEI poderá ter apenas 1 empregado, cujo salário deste deverá ser o teto da categoria sindical, ou salário mínimo, caso não tenha sindicato. Faturamento Quanto ao faturamento, o MEI deverá ficar atento, para o caso de ultrapassar o limite de R$ 60.000,00, devendo observar que: Faturamento foi maior que 60.000,00, porém não ultrapassou R$ 72.000,00. Nesse caso o seu empreendimento passará a ser considerado uma Microempresa. A partir daí o pagamento dos impostos passará a ser de um percentual do faturamento por mês, de acordo com as tabelas do Simples Nacional, dependendo do tipo de negócio e do montante do faturamento. O valor do excesso deverá ser acrescentado ao faturamento do mês de janeiro e os tributos serão pagos juntamente com o DAS referente àquele mês. Faturamento foi superior a R$ 72.000,00. Nesse caso o enquadramento no Simples Nacional é retroativo e o recolhimento sobre o faturamento, conforme explicado na primeira situação, passa a ser feito no mesmo ano em que ocorreu o excesso no faturamento, com acréscimos de juros e multa. Atividades Permitidas Assim como o Simples Nacional, não é qualquer atividade que pode ser Microempreendedor Individual. A legislação prevê uma relação de atividades permitidas para esse regime. Você pode consultar a lista de atividades permitidas, acessando o anexo do link http://www.portaldoempreendedor.gov.br/mei-microempreendedor-individual/atividades-permitidas/lista-completa-de-atividades-permitidas-ao-mei Tema 05 da Rota – Retenção Imposto de Renda Os pagamentos efetuados por pessoas jurídicas a outras pessoas jurídicas pela prestação de serviços, pode estar sujeita a retenção do imposto de renda na fonte. A retenção na fonte é uma forma de antecipação do imposto devido pela empresa, onde o Fisco determina que a fonte pagadora, ou seja, o tomador do serviço deverá reter (descontar) o valor do imposto, na nota fiscal, e recolher esse valor aos cofres públicos. Dessa forma, o Governo recebe antecipadamente o imposto para melhorar seu fluxo de caixa. Além disso, tal procedimento facilita a fiscalização, uma vez que a União pode fiscalizar somente uma empresa, no caso o tomador de serviços, observando o imposto de renda de todas as empresas que lhe prestaram serviços em determinado período. Incidência Uma questão a ser analisada é a hipótese de incidência da retenção de imposto de renda, uma vez que não são todos os serviços que estão sujeitos ao desconto, mas somente aqueles previstos nos artigos 647 e 649 do RIR/99. Art. 647. Estão sujeitas à incidência do imposto na fonte, à alíquota de um e meio por cento, as importâncias pagas ou creditadas por pessoas jurídicas a outras pessoas jurídicas, civis ou mercantis, pela prestação de serviços caracterizadamente de natureza profissional 1. administração de bens ou negócios em geral (exceto consórcios ou fundos mútuos para aquisição de bens); 2. advocacia; 3. análise clínica laboratorial; 4. análises técnicas; 5. arquitetura; 6. assessoria e consultoria técnica (exceto o serviço de assistência técnica prestado a terceiros e concernente a ramo de indústria ou comércio explorado pelo prestador do serviço); 7. assistência social; 8. auditoria; 9. avaliação e perícia; 10. biologia e biomedicina; 11. cálculo em geral; 12. consultoria; 13. contabilidade; 14. desenho técnico; 15. economia; 16. elaboração de projetos; 17. engenharia (exceto construção de estradas, pontes, prédios e obras assemelhadas); 18. ensino e treinamento; 19. estatística; 20. fisioterapia; 21. fonoaudiologia; 22. geologia; 23. leilão; 24. medicina (exceto a prestada por ambulatório, banco de sangue, casa de saúde, casa de recuperação ou repouso sob orientação médica, hospital e pronto-socorro); 25. nutricionismo e dietética; 26. odontologia; 27. organização de feiras de amostras 28. pesquisa em geral; 29. planejamento; 30. programação; 31. prótese; 32. psicologia e psicanálise; 33. química; 34. radiologia e radioterapia; 35. relações públicas; 36. serviço de despachante; 37. terapêutica ocupacional; 38. tradução ou interpretação comercial; 39. urbanismo; 40. veterinária. [...] Art. 649. Estão sujeitos à incidência do imposto na fonte à alíquota de um por cento os rendimentos pagos ou creditados por pessoas jurídicas a outras pessoas jurídicas civis ou mercantis pela prestação de serviços de limpeza, conservação, segurança, vigilância e por locação de mão-de-obra. Caso o serviço não se enquadre em nenhuma dessas hipóteses, não haverá retenção do imposto de renda. As alíquotas de retenção são de: 1,5% para os serviços previstos no artigo 647 apresentado anteriormente, e 1% para os serviços previstos no artigo 649. Dispensa da Retenção Não é necessário fazer a retenção do imposto, quando o valor a ser retido for igual ou inferior a R$ 10,00. Também é dispensada a retenção do IRRF o prestador de serviços que seja optante pelo Simples Nacional, assim como sobre as entidades imunes e isentas, quando estiverem na condição de prestadoras de serviços. Prazo de Recolhimento O IRRF deverá ser recolhido até o último dia útil do segundo decêndio do mês subsequente ao mês de ocorrência do fato gerador, ou seja, até o dia 20 do mês seguinte ao da retenção. Retenção não Recolhida O não recolhimento da retenção já efetuada sobre o pagamento pelo serviço prestado denomina-se como apropriação indébita, ou seja, apropriação indevida do valor retido. Neste caso, será exigido da fonte pagadorao imposto não recolhido acrescido de multa e juros. Além disso, o contribuinte estará incorrendo em crime de apropriação indébita, ficando sujeito a pena de detenção de 6 meses a 2 anos, além de multa penal. De acordo com Costa et al. (2013) existe a possibilidade de afastamento da pena, caso seja comprovado pela fonte pagadora que o não recolhimento do imposto retido se deu por questões de ordem financeira, que poderiam resultar na não continuidade empresarial. Trocando ideias Após a leitura do planejamento realizado pela empresa industrial que abriu 8 empresas a fim de escoar seu faturamento entre elas e também dos artigos sobre crimes tributários indicados nesta aula, responta se você considera o planejamento licito? Será que existe alguma legislação que proíba esse tipo de operação? Síntese Na aula de hoje, vocês conheceram todos os regimes tributários existentes no Brasil, e dessa forma é possível diferenciar e analisar qual deles pode ser a melhor opção para sua empresa. É importante analisar as características principais de alguns deles, como faturamento mínimo e máximo, que pode levar a empresa a ser obrigada pelo Lucro Real, por exemplo, se seu faturamento no ano ultrapassar a R$ 78.000.000,00. E neste caso, se a opção não for por esse regime, a empresa poderá ter seu lucro arbitrado, e ainda sofrer outras penalidades pela opção indevida. Já, se a pessoa jurídica quer optar pelo Simples Nacional, não poderá ter um faturamento maior que R$ 3.600.000,00 no ano anterior. Temos atualmente o regime tributário do MEI que se confunde com tipo societário. O MEI é o empresário individual, optante pelo Simples Nacional, cujo faturamento anual não pode ultrapassar a R$ 60.000,00. Esse é o único regime de tributação que não está obrigado a ter escrituração contábil, nem precisa emitir nota fiscal, quando presta serviços a pessoas físicas. Mas é um regime que exige bastante atenção do empresário, no que se refere ao seu faturamento, pois se o limite exceder, pode trazer prejuízos para a empresa, como a exclusão retroativa, gerando diferenças tributárias para recolher com acréscimos de multa e juros. Espero que essa aula tenha lhe ajudado a entender como funciona, basicamente, os regimes no Brasil e que possa aplicar esses conhecimentos no mercado de trabalho. 5ª AULA –CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS Conversa inicial Bem-vindos a nossa aula de hoje! Vamos conhecer as contribuições sociais devidas mensalmente pelas empresas brasileiras, conforme seu regime de tributação. Vamos estudar a distinção das contribuições para PIS e COFINS, de regime cumulativo e não cumulativo, as quais foram incluídas no ordenamento jurídico em períodos diferentes e distantes, sendo que ambas incidem sobre o faturamento. Falaremos também sobre a chamada desoneração da folha, um tributo relativamente novo em nosso sistema tributário e que desde a sua instutuição é bastante criticado e de uma legislação desorganizada e falha. Contextualizando A opção pelo regime de tributação é feita pela própria empresa no início de cada ano. Como se trata de uma escolha irretratável para todo o exercício, é importante que o gestor entenda como funciona o sistema tributário nacional em todas as esferas de tributação, assim como todos os tributos devidos pela empresa em cada regime tributário, uma vez que uma opção errada pode levar a empresa à falência. As contribuições sociais são a primeira das subespécies de contribuições especiais previstas no art. 149 da Constituição Federal, e a competência para legislar sobre as contribuições é da União. As contribuições sociais para o financiamento da seguridade social, apesar de previstas no artigo 149 da CF/1988, encontram regras bastante específicas no art. 195 da Magna Carta, dispositivo em que são relacionadas as bases econômicas sobre as quais podem incidir (fontes de financiamento). Contudo, além daquelas fontes, o § 4.º deste mesmo artigo permite que a União institua novas fontes destinadas à manutenção ou à expansão da seguridade social. As contribuições sociais para financiamento da seguridade social, como a própria denominação aponta, têm suas receitas vinculadas às despesas com a seguridade social, sendo, portanto, tributos de arrecadação vinculados. Pesquise A alteração recente na legislação brasileira, por meio da implantação do “Plano Brasil Maior”, trouxe mudanças no cálculo de recolhimento patronal do INSS sobre a folha de pagamento, o qual tinha uma alíquota de 20% de imposto que incidia sobre a folha das empresas. Com a desoneração, muitas organizações passaram a contribuir para o INSS com base na sua receita bruta mensal. Um argumento a favor da desoneração é a criação de mais empregos formais, pois quem utiliza mão de obra foi atingido com o aumento da alíquota do INSS das últimas décadas. A Contribuição Previdenciária Patronal é o tributo devido pela empresa ao INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), valor esse que incide sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título aos empregados, regulamentado pelo art. 22, I e II, da Lei nº 8.212/91: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social. I - vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados, empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. II - para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos: a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave. Tema 01 – PIS e COFINS Em linhas gerais, o PIS é uma contribuição para o Programa de Integração Social e a COFINS é a contribuição para o Financiamento da Seguridade Social. Essas duas contribuições sociais têm função fiscal, ou seja, arrecadatória. Entretanto, são tributos vinculados a uma contraprestação do Fisco em função da sua arrecadação. As contribuições para PIS e COFINS incidem sobre a receita auferida por todas as pessoas jurídicas, sendo a União o ente competente para legislar acerca desses tributos. Essas contribuições podem ser classificadas, por um viés econômico, como tributos indiretos: aqueles que, a cada etapa econômica, são repassados para o preço do produto/mercadoria/serviço. Fabretti (2013) traz um resumo do conceito de tributo indireto: “O industrial transfere os tributos incidentes sobre o processo de industrialização para o preço de venda do produto. O comerciante adquire-o para revenda, passando a denominá-lo, tecnicamente, de mercadoria. Acrescenta ao valor pago na compra suas despesas operacionais, margem de lucro e os tributos incidentes sobre o processo de comercialização e os repassa para o prelo de venda da mercadoria. O consumidor final, último elo da cadeia produção-circulação-consumo, ao pagar o preço da mercadoria, paga todos os tributos embutidos nesse preço. Não tendo a quem repassá-los, arca com todo o ônus tributário. ” Desta forma, o empresário que produziu e o que comercializou são os contribuintes de direito, ou seja, aqueles que respondem perante o fiscopelo pagamento dos tributos. No entanto, o contribuinte de fato é o consumidor, que arca com todo o ônus tributário. PIS - Normas O PIS foi criado pela Lei Complementar nº 07 de 1970, sendo recepcionada pela Constituição Federal no artigo 239, conforme segue: “Art. 239. A arrecadação decorrente das contribuições para o Programa de Integração Social, criado pela Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, criado pela Lei Complementar nº 8, de 3 de dezembro de 1970, passa, a partir da promulgação desta Constituição, a financiar, nos termos que a lei dispuser, o programa do seguro-desemprego e o abono de que trata o § 3º deste artigo. ” Inicialmente, a incidência deste tributo era semestral, com alíquota de 0,75%. Por meio dos Decretos-Leis 2.445/88 e 2.499/88, a alíquota passou a ser de 0,65% e o recolhimento mensal, como aplicado até hoje. Em 2002, foi publicada a Lei 10.637 que criou um “novo PIS”, sendo este chamado não cumulativo, tendo uma alíquota de 1,65% e outras particularidades, que veremos na sequência dessa aula. Contribuintes São contribuintes do PIS as pessoas jurídicas de direito privado, inclusive as empresas públicas e as sociedades de economia mista e suas subsidiárias, com base no faturamento do mês. São também contribuintes as entidades sem fins lucrativos, definidas como empregadoras pela legislação trabalhista, com base na folha de salários. Neste caso, a alíquota aplicada sobre os salários é de 1%, sendo o recolhimento mensal. COFINS - Normas A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS foi instituída pela Lei Complementar nº 70 de 1991. Inicialmente, a alíquota aplicada para o cálculo da COFINS era de 2% sobre o faturamento. Com a publicação da Lei 9.718/1998, a alíquota da referida contribuição foi majorada para 3%, tendo como hipótese de incidência a obtenção de faturamento. Em 2003 foi publicada a Lei 10.833, que criou uma “nova COFINS”, sendo esta chamada de não cumulativa, tendo uma alíquota de 7,6% e outras particularidades que veremos também na sequência dessa aula. Contribuintes São contribuintes da COFINS as pessoas jurídicas de direito privado, inclusive as empresas públicas e as sociedades de economia mista e suas subsidiárias, com base no faturamento do mês. Diferente do PIS, as entidades imunes e isentas (sem fins lucrativos) não sofrem incidência da COFINS sobre a folha de salários. No entanto, quanto se tratar de outras receitas, ou seja, aquelas que não fazem parte do objeto social da entidade, haverá incidência de COFINS à alíquota de 7,6%. Essa incidência somente é aplicada para entidades isentas; as entidades imunes (igrejas, partido político, sindicato) não tributam COFINS. Tema 02 – Regime Cumulativo A cobrança de PIS e da COFINS iniciou-se pelo regime cumulativo em 1970 e 1991, respectivamente. Essas contribuições incidem sobre o faturamento das empresas e são destinadas a programas de integração social e financiamento da seguridade social. Atualmente, a lei que trata delas é a 9.718/1998. Na legislação tributária, temos duas formas de apurar PIS e COFINS: modalidade cumulativa ou modalidade não cumulativa. Neste tema, trataremos sobre a cumulativa. Inicialmente, é importante destacar que todas as pessoas jurídicas tributadas pelo Lucro Presumido deverão apurar as citadas contribuições pelo regime cumulativo, de acordo com o artigo 10 da Lei 10.833/2003. Fato Gerador O fato gerador das contribuições para PIS e COFINS no regime cumulativo é a obtenção de faturamento mensal, conforme previsto no artigo 3º da Lei 9.718/1998, transcrito a seguir: “Art. 3º O faturamento a que se refere o art. 2o compreende a receita bruta de que trata o art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977. ” A receita bruta, citada acima, corresponde a: “Art. 12. A receita bruta compreende: I - o produto da venda de bens nas operações de conta própria; II - o preço da prestação de serviços em geral; III - o resultado auferido nas operações de conta alheia; e IV - as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III. “ Sendo assim, podemos dizer que o fato gerador do PIS e da COFINS na modalidade cumulativa é a receita bruta auferida. Contribuinte O contribuinte é a pessoa jurídica que auferir receitas tributáveis pelas contribuições. Base de Cálculo A base de cálculo é formada pela receita bruta auferida, deduzindo: As vendas canceladas e devoluções de vendas; Os descontos concedidos incondicionalmente; O ICMS na condição de substituição tributária (ICMS/ST); O IPI; Valores decorrentes de ajuste a valor presente. Saiba Mais A IN SRF nº 051/1978 aponta que descontos incondicionais são parcelas redutoras do preço de vendas quando constarem da nota fiscal de venda dos bens ou da fatura de serviços e não dependerem de evento posterior à emissão desses documentos. Ou seja, é um desconto que independe de condição. Ajuste a valor presente (present value) é a estimativa do valor corrente de um fluxo de caixa futuro, no curso normal das operações da entidade. Um ponto importante a ser destacado é que, na modalidade cumulativa de PIS e COFINS, a receita bruta decorrente da atividade da empresa é tributada, ou seja, outras receitas que não estejam incluídas no seu objeto social não entrarão na base de cálculo. Alíquota As alíquotas previstas para as contribuições de PIS e COFINS cumulativo são: 0,65% para PIS; 3% para COFINS. Vamos a um exemplo para melhor entendimento: Considere que uma empresa teve, no mês de maio, um faturamento de R$ 25.000,00. Sua contabilidade apresentou também R$ 3.000,00 de devoluções e R$ 2.000,00 de ICMS-ST. Exemplo de Cálculo: Receita Bruta: 25.000,00 (-) Devoluções (3.000,00) (-) ICMS-ST (2.000,00) Base de Cálculo: 20.000,00 PIS – 0,65% 130,00 COFINS – 3% 600,00 Prazo para pagamento O prazo para pagamento das contribuições devidas de PIS e COFINS pela modalidade cumulativa é o último dia útil da primeira quinzena do mês subsequente ao da ocorrência do fato gerador. Tema 03 – Regime não cumulativo A não cumulatividade das contribuições para PIS e COFINS foi prevista pelas leis 10.637/2002 e 10.833/2003, respectivamente. Desde então, as contribuições passaram a vigorar nas duas modalidades: cumulativa e não cumulativa. A não cumulatividade é o direito de apropriação de créditos sobre compras e despesas da pessoa jurídica relacionadas a sua atividade. Como visto no tema anterior, as pessoas jurídicas tributadas pelo Lucro Presumido estão obrigadas à incidência cumulativa de PIS e COFINS. Desta forma, a não cumulatividade ficou restrita às pessoas jurídicas tributadas pelo Lucro Real, tendo ainda algumas exceções previstas no artigo 10 da Lei 10.833/2003. As atividades mais comuns e obrigatoriamente listadas na modalidade cumulativa de PIS e COFINS, mesmo que a empresa seja Lucro Real, são: Serviços de transporte coletivo rodoviário, metroviário, ferroviário e aquaviário de passageiros; Empresas de call center, telemarketing, telecobrança e teleatendimento em geral; Execução por administração, empreitada ou subempreitada de obras de construção civil; Parques temáticos e decorrentes, como serviços de hotelaria e de organização de feiras e eventos, conforme definido em ato conjunto dos Ministérios da Fazenda e do Turismo; Serviços de informática decorrentes das atividades de desenvolvimento de software e o seu licenciamento ou cessão de direito de uso, bem como de análise, programação, instalação, configuração, assessoria, consultoria, suporte técnico e manutenção ou atualização de software, compreendidas ainda como softwares as páginas eletrônicas. Outras atividades obrigadas ao regime cumulativo estão previstas no artigo 10 da Lei 10.833/2003. Fato Gerador Da mesma forma, o fato gerador das contribuições para PIS e COFINS no regime não cumulativo éa obtenção de faturamento mensal, conforme previsto no artigo 1º da Lei 10.833/2003, transcrito a seguir: “Art. 1º. A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins, com a incidência não cumulativa, incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. ” A receita auferida corresponde a: “Art. 12. A receita bruta compreende: I - o produto da venda de bens nas operações de conta própria; II - o preço da prestação de serviços em geral; III - o resultado auferido nas operações de conta alheia; e IV - as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III. ” Ainda, para a modalidade não cumulativa, as receitas não operacionais, ou seja, as receitas não previstas no objeto social da empresa, também sofrem incidência de PIS e COFINS. Contribuinte O contribuinte é a pessoa jurídica que auferir receitas tributáveis pelas contribuições. Base de Cálculo A base de cálculo é formada pela receita bruta auferida, deduzindo: As vendas canceladas e devoluções de vendas; Os descontos concedidos incondicionalmente; O ICMS na condição de substituição tributária (ICMS/ST); O IPI; Valores decorrentes de ajuste a valor presente. Saiba Mais A IN SRF n 051/1978 aponta que descontos incondicionais são parcelas redutoras do preço de vendas quando constarem da nota fiscal de venda dos bens ou da fatura de serviços e não dependerem de evento posterior à emissão desses documentos. Ou seja, é um desconto que independe de condição. Ajuste a valor presente (present value) é a estimativa do valor corrente de um fluxo de caixa futuro, no curso normal das operações da entidade. Créditos Como vimos, a não cumulatividade corresponde à apropriação de créditos para dedução do valor devido de PIS e COFINS, sendo que a própria legislação traz a relação de créditos possíveis na apuração das referidas contribuições. Vamos a eles, de acordo com a relação prevista no artigo 3º da Lei 10.833/2003: Bens adquiridos para revenda; Insumos utilizados na produção de bens ou na prestação de serviços; Energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; Aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; Valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica; Máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; Edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; Armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. Vale-transporte, vale-refeição ou vale-alimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção; Bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados à venda ou prestação de serviços. Sobre essas despesas a empresa poderá apurar créditos, as mesmas alíquotas aplicadas sobre a venda, e assim, deduzir o valor devido de PIS e COFINS. Lembrando que todas essas despesas devem estar devidamente escrituradas e com documentação hábil que comprove seu pagamento. Alíquota As alíquotas previstas para as contribuições de PIS e COFINS não cumulativo, tanto para as vendas quanto para os créditos, são: 1,65% para PIS; 7,6% para COFINS. Vamos a um exemplo para melhor entendimento: Suponha que uma empresa teve faturamento de R$ 60.000,00 no mês de agosto e em sua contabilidade há R$ 2.500,00 referente a devoluções, R$ 2.000,00 de ICMS-ST e R$ 5.000,00 de IPI. Temos também, escriturado na contabilidade, despesas com: Energia elétrica no valor de R$ 1.000,00; Aluguel de máquinas no valor de R$ 2.000,00; Insumo no valor de R$ 4.500,00. Exemplo de Cálculo: Débito de PIS e COFINS Receita Bruta: 60.000,00 (-) Devoluções (2.500,00) (-) ICMS-ST (2.000,00) (-) IPI (5.000,00) Base de Cálculo: 50.500,00 PIS – 1,65% 833,25 COFINS – 7,6% 3.838,00 Crédito de PIS e COFINS Despesas: Energia 1.000,00 Aluguel 2.000,00 Insumo 4.500,00 Base dos créditos: 7.500,00 PIS – 1,65% 123,75 COFINS – 7,6% 570,00 Total devido de PIS e COFINS Débito PIS 833,25 Crédito PIS 123,75 PIS devido 709,50 Débito COFINS 3.838,00 Crédito COFINS 570,00 COFINS devido 3.268,00 Prazo para pagamento O prazo para pagamento das contribuições devidas de PIS e COFINS, pela modalidade cumulativa, é o último dia útil da primeira quinzena do mês subsequente ao da ocorrência do fato gerador. PIS e COFINS – Receita Financeira A partir de 1º de julho de 2015, as empresas cuja incidência das contribuições seja não cumulativa terão que calcular também PIS e COFINS sobre as receitas financeiras, de acordo com o Decreto 8.426/2015. “Art. 1º Ficam restabelecidas para 0,65% (sessenta e cinco centésimos por cento) e 4% (quatro por cento), respectivamente, as alíquotas da Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - COFINS incidentes sobre receitas financeiras, inclusive decorrentes de operações realizadas para fins de hedge, auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração não-cumulativa das referidas contribuições.” Ficam tributadas a zero as alíquotas das contribuições incidentes sobre receitas financeiras decorrentes de variações monetárias, em função da taxa de câmbio de: Operações de exportação de bens e serviços para o exterior; Obrigações contraídas pela pessoa jurídica, inclusive empréstimos e financiamentos. Tema 04 – CPRB A Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta – CPRB foi instituída em 2011 pela Medida Provisória 540, convertida na Lei 12.546/2011 e iniciando o Plano Brasil Maior, que é a política industrial, tecnológica e de comércio exterior do governo federal. O desafio do Plano Brasil Maior é: 1. Sustentar o crescimento econômico inclusivo num contexto econômico adverso; 2. Sair da crise internacional em melhor posição do que entrou, o que resultaria numa mudança estrutural da inserção do país na economia mundial. (BRASIL, s.d.). Para tanto, o Plano tem como foco a inovação e o adensamento produtivo do parque industrial brasileiro, objetivando ganhos sustentados da produtividade do trabalho. (BRASIL, s.d.) A estabilidade monetária, a retomada do investimento e crescimento, a recuperação do emprego, os ganhos reais dos salários e a drástica redução da pobreza criaram condições favoráveis para o país dar passos mais ousados em sua trajetória rumo a um estágio superior de desenvolvimento. (BRASIL, s.d.) Mas onde entra a CPRB nesse plano? A CPRB é também conhecida como a desoneração da folha de salários, através da qual algumas empresas deveriam substituir o INSS patronal, calculado sobre a folha de salários, pela Contribuição Previdenciária calculada sobre a receita bruta. Essa alteração se iniciou em dezembro de 2011 para as atividades previstas na Lei 12.546/2011, sendo obrigatória nesse período. Entretanto, em dezembro de 2015, houve alteração na legislação e as empresas passaram a poder optar pela chamada desoneração ou não, conforme o montante devido em cada uma das bases de cálculo. Dessa forma, antes de fazer a opção, a empresa pode fazer um pequeno estudo para identificar a contribuição de menor desembolso financeiro. É importante lembrar que essa escolha, uma vez definida, não pode ser alterada no decorrer do ano. Assim como nos regimes de tributação, a opção é dada pelo primeiro recolhimentodo referido encargo. Fato Gerador Assim como no PIS e COFINS, o fato gerador da CPRB é a obtenção de receita decorrente da atividade desonerada. Contribuinte O contribuinte é a pessoa jurídica que auferir receitas tributáveis pelas contribuições. Base de Cálculo A base de cálculo é formada pela receita bruta auferida, deduzindo: Receita de exportação; As vendas canceladas e devoluções de vendas; Os descontos concedidos incondicionalmente; O ICMS na condição de substituição tributária (ICMS/ST); O IPI; Valores decorrentes de ajuste a valor presente. Alíquotas Os setores desonerados e as alíquotas são: Cálculo Considerando que uma empresa possua somente atividade de serviços de transporte de cargas, e em determinado mês tenha tido um faturamento de R$ 100.000,00, sem nenhuma dedução, o valor devido de CPRB será de: Receita Bruta: 100.000,00 CPRB - 2,5% 2.500,00 Caso a empresa possua mais de uma atividade, deverá segrega-las e tributar cada uma de acordo com a alíquota correspondente. Prazo de Pagamento O prazo para recolhimento da contribuição previdenciária sobre a receita bruta é o dia 20 do mês subsequente ao mês da apuração, devendo ser antecipado em caso de finais de semana ou feriados. Tema 05 – Retenção CSRF Os pagamentos efetuados por pessoas jurídicas a outras pessoas jurídicas pela prestação de serviços podem estar sujeitos à retenção das contribuições sociais. A retenção na fonte é uma forma de antecipação do tributo devido pela empresa, onde o Fisco determina que a fonte pagadora, ou seja, o tomador do serviço, deverá reter (descontar) o valor do imposto na nota fiscal e recolher esse valor aos cofres públicos. Dessa forma, o Governo recebe antecipadamente o imposto, melhorando seu fluxo de caixa. Além disso, tal procedimento facilita a fiscalização, uma vez que a União pode fiscalizar somente uma empresa, no caso a tomadora de serviços. Incidência Os seguintes serviços estão sujeitos à retenção das Contribuições Sociais: “I - de limpeza, conservação ou zeladoria: os serviços de varrição, lavagem, enceramento, desinfecção, higienização, desentupimento, dedetização, desinsetização, imunização, desratização ou outros serviços destinados a manter a higiene, o asseio ou a conservação de praias, jardins, rodovias, monumentos, edificações, instalações, dependências, logradouros, vias públicas, pátios ou de áreas de uso comum; II - de manutenção: todo e qualquer serviço de manutenção ou conservação de edificações, instalações, máquinas, veículos automotores, embarcações, aeronaves, aparelhos, equipamentos, motores, elevadores ou de qualquer bem, quando destinadas a mantê-los em condições eficientes de operação, exceto se a manutenção for feita em caráter isolado, como um mero conserto de um bem defeituoso; ” No que se refere à manutenção, deve-se observar que a manutenção de forma corretiva, ou seja, aquela que é feita para consertar algo, não fica sujeita à retenção. Já a manutenção preventiva, aquela que é feita de forma a prevenir e conservar, está sujeita à retenção. “III - de segurança e/ou vigilância: os serviços que tenham por finalidade a garantia da integridade física de pessoas ou a preservação de valores e de bens patrimoniais, inclusive escolta de veículos de transporte de pessoas ou cargas; IV - profissionais aqueles relacionados no § 1º do art. 647 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 - Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999), inclusive quando prestados por cooperativas ou associações profissionais, aplicando-se, para fins da retenção das contribuições, os mesmos critérios de interpretação adotados em atos normativos expedidos pela Secretaria da Receita Federal para a retenção do imposto de renda. (BRASIL, 2004) ” Os serviços profissionais aqui tratados são: “1. administração de bens ou negócios em geral (exceto consórcios ou fundos mútuos para aquisição de bens); 2. advocacia; 3. análise clínica laboratorial; 4. análises técnicas; 5. arquitetura; 6. assessoria e consultoria técnica (exceto o serviço de assistência técnica prestado a terceiros e concernente a ramo de indústria ou comércio explorado pelo prestador do serviço); 7. assistência social; 8. auditoria; 9. avaliação e perícia; 10. biologia e biomedicina; 11. cálculo em geral; 12. consultoria; 13. contabilidade; 14. desenho técnico; 15. economia; 16. elaboração de projetos; 17. engenharia (exceto construção de estradas, pontes, prédios e obras assemelhadas); 18. ensino e treinamento; 19. estatística; 20. fisioterapia; 21. fonoaudiologia; 22. geologia; 23. leilão; 24. medicina (exceto a prestada por ambulatório, banco de sangue, casa de saúde, casa de recuperação ou repouso sob orientação médica, hospital e pronto-socorro); 25. nutricionismo e dietética; 26. odontologia; 27. organização de feiras de amostras, congressos, seminários, simpósios e congêneres; 28. pesquisa em geral; 29. planejamento; 30. programação; 31. prótese; 32. psicologia e psicanálise; 33. química; 34. radiologia e radioterapia; 35. relações públicas; 36. serviço de despachante; 37. terapêutica ocupacional; 38. tradução ou interpretação comercial; 39. urbanismo; 40. veterinária. ” Alíquotas As alíquotas de CSRF são: 0,65% referente a PIS; 3% referente a COFINS; 1% referente a CSRF. Essa retenção é feita sobre a nota fiscal, a alíquota total de 4,65% (soma das alíquotas apresentadas acima), e o seu recolhimento é feito de forma unificada. Dispensa da Retenção Não é necessário fazer a retenção das contribuições quando o valor a ser retido for igual ou inferior a R$ 10,00. Também é dispensada a retenção da CSRF do prestador de serviços que seja optante pelo Simples Nacional, assim como sobre as entidades imunes e isentas, quando estiverem na condição de prestadoras de serviços. Prazo de Recolhimento A CSRF deverá ser recolhida até o último dia útil do segundo decêndio do mês subsequente ao mês de ocorrência do fato gerador, ou seja, até o dia 20 do mês seguinte ao da retenção. Trocando ideias Antes do estudo dos temas dessa aula, você já tinha ouvido falar sobre a desoneração da folha de salários? A empresa onde você trabalha está enquadrada na regra da desoneração? Se sim, desde quando? Em 2016, ela optou pela regra da desoneração ou preferiu recolher o INSS sobre a folha de salários? Síntese Na aula de hoje, apresentamos os conceitos básicos das principais contribuições devidas pelas empresas, assim como a retenção das contribuições sobre serviços prestados por pessoa jurídica. Para isso, foi preciso um estudo comparativo entre os regimes cumulativo e não cumulativo para PIS e COFINS, observando que há bastante diferença entre ambos. A escolha do regime correto impacta no planejamento em sua empresa, reduzindo assim as despesas tributárias. No regime cumulativo, a empresa considera como receita aquilo que consta no seu objeto social e suas alíquotas são menores. Já no regime não cumulativo, a incidência das contribuições cai sobre todo o faturamento da PJ, independente da sua classificação contábil, ou seja, mesmo sendo uma receita não comum, haverá incidência. Vimos também que as alíquotas nesse regime são maiores, no entanto, existe a possibilidade de crédito sobre as despesas relacionadas à produção. Além disso tratamos sobre a CPRB, a chamada desoneração da folha de salários, através da qual as empresas tiveram seu INSS substituído. A ideia dessa tributação era reduzir a despesa com pessoal e aumentar a contratação de empregados que estavam informais. Todo esse conteúdo será bastante importante para seu crescimento profissional, podendo ser aplicado na forma de planejamento em sua empresa, reduzindo assim as despesas tributárias. 5ª AULA –CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS Conversa inicial Olá aluno. Tudo bem? Bem-vindos a nossa sexta aula. Na aula de hoje, vamos conhecer os impostos indiretosdevidos pelas empresas conforme sua área de atuação. Vamos conhecer sobre o IPI, o ISS e o ICMS. Iremos comentar sobre planejamento tributário, sua importância, como fazer, o que observar e como aplicar, conhecendo também sobre os crimes tributários e suas penalidades. Por último, vamos conversar sobre as obrigações acessórias principais devidas pelas empresas e como o Fisco faz o cruzamento entre as informações prestadas pelos próprios contribuintes. Contextualizando Pelas aulas anteriores, você pôde perceber quanto a legislação tributária é complexa e quanto de tributos nós pagamos diariamente sobre todas as nossas operações. Por isso, é importante que você conheça profundamente a atividade desenvolvida por sua empresa, assim como as regras aplicáveis em cada tributo devido por ela, para que você possa contribuir com boa redução do ônus tributário, em todas as esferas. Importante observar que não basta reduzir o IRPJ, por exemplo, e ter aumento de PIS e COFINS, é necessário que o estudo tributário seja completo, a fim de reduzir a carga tributária geral da empresa. Necessário também conhecer as normas de planejamento tributário, os aspectos e passos a serem seguidos, para não incorrer em nenhum crime contra a ordem tributária. Temos que lembrar ainda, que os tributos indiretos, que serão vistos na aula de hoje, são repassados para o preço do produto. Sendo assim, quem acaba arcando com tais tributos é o consumidor final, e não o empresário. Pesquise A Lei n. 12.741/2012 exige, desde de junho/2013, que todo documento fiscal ou equivalente contenha a informação do valor aproximado correspondente à totalidade dos tributos federais, estaduais e municipais, cuja incidência influi na formação dos respectivos preços de venda. A apuração do valor dos tributos incidentes deverá ser feita em relação a cada mercadoria ou serviço, separadamente, inclusive nas hipóteses de regimes jurídicos tributários diferenciados dos respectivos fabricantes, varejistas e prestadores de serviços, quando couber. O Ajuste Sinief 7/2013 dispõe sobre os procedimentos a serem adotados na emissão de documentos fiscais para esclarecimento da carga tributária ao consumidor, e o Decreto n. 8.264/2014 regulamentou a matéria. A informação dos tributos nos documentos fiscais é conhecida também da ação “de olho no imposto”. Tema 01 - IPI O IPI é o Imposto sobre Produtos Industrializados, de competência da União, conforme previsto na Constituição Federal, artigo 153: “Compete à União instituir impostos sobre: [...] IV - produtos industrializados”. Segundo Fabretti (2013), o IPI é, na realidade, também um imposto sobre a circulação econômica, e grava sua etapa inicial, ou seja, a produção ou a importação. Como vimos na primeira aula dessa disciplina, o IPI não está sujeito ao Princípio da Anterioridade por expressa disposição constitucional, desta forma, suas alíquotas podem ser alteradas no decorrer do mesmo ano. A CF prevê que o IPI (artigo 153, § 3º): I - será seletivo, em função da essencialidade do produto; II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior. IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei. O inciso primeiro dispõe que o IPI será seletivo em função da essencialidade do produto, ou seja, quanto mais essencial for o produto, menor será a alíquota do IPI, como, por exemplo, o feijão, que não é tributado pelo referido imposto. Já o cigarro, tem a maior incidência de IPI, que chega até 300% de tributação, por não ser essencial. Esse imposto segue também a sistemática de não cumulatividade, ou seja, a empresa poderá aproveitar créditos sobre seus insumos (matéria-prima, produtos intermediários e material de embalagem) empregados na industrialização de produtos que sejam tributados na venda. É importante observar que a pessoa jurídica, somente poderá aproveitar o crédito se o produto vendido for tributado. Caso a venda seja isenta do imposto, o crédito deverá ser estornado. O IPI é um imposto indireto, o que significa que o industrial não é o contribuinte, de fato, mas o responsável pelo recolhimento do imposto, uma vez que o mesmo irá cobrá-lo do comprador e repassar o valor ao Fisco. Fato Gerador O Decreto n. 7.212/2010, que regulamenta a cobrança, a fiscalização, a arrecadação e a administração do IPI, conhecido também como o RIPI, dispõe que: “Art. 35. Fato gerador do imposto é: I - o desembaraço aduaneiro de produto de procedência estrangeira; ou II - a saída de produto do estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial”. Desta forma, não somente a industrialização de bens está sujeito à incidência de IPI, mas também a importação de produtos, estando, nesse caso, o importador, equiparado à industrial, para fins de cobrança deste imposto. Definição de Indústria Ao tratarmos do IPI, é importante termos em mente o que é considerado industrialização, para que haja incidência desde imposto. Assim, vejamos o que o RIPI diz a respeito da definição legal de industrial: Art. 4o Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como: I - a que, exercida sobre matérias-primas ou produtos intermediários, importe na obtenção de espécie nova (transformação); II - a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto (beneficiamento); III - a que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal (montagem); IV - a que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento ou reacondicionamento); ou V - a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para utilização (renovação ou recondicionamento). Parágrafo único. São irrelevantes, para caracterizar a operação como industrialização, o processo utilizado para obtenção do produto e a localização e condições das instalações ou equipamentos empregados. Base de Cálculo A base de cálculo do IPI irá depender do Fato Gerador. Quando tratarmos de produtos de procedência estrangeira, ou seja, aqueles que tenham sido importados, terão como base de cálculo: valor do produto + tributos cobrados na importação + encargos aduaneiros como seguro internacional e despachante, por exemplo. Quando tratarmos de produtos industrializados, a base de cálculo será o valor total da operação de que decorrer a saída do estabelecimento equiparado a industrial. Alíquotas Por ser um imposto seletivo, o IPI tem várias alíquotas diferenciadas, de acordo com a essencialidade do produto em fabricação. As alíquotas estão previstas na Tabela do IPI (TIPI). A alíquota é determinada pela Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), que é um código numérico utilizado para cada produto existente, conforme você viu na TIPI. Prazo para pagamento O prazo para pagamento do IPI, em geral, é o vigésimo quinto dia do mês subsequente ao mês de ocorrência dos fatos geradores. Tema 02 – ISS O ISS é o Imposto sobre Serviços, antigamente chamando de ISSQN (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza). O ISS é um imposto de competência municipal e do Distrito Federal. Temos, no Brasil, mais de 5.564 municípios, segundo dados do IBGE, e este número vem crescendo bastante com a facilitação da criação de novos municípios, pela CF de 88. Sendo o ISS um tributo municipal, considerando o número de municípios existentes, teríamos no País mais de 5 mil leis que destoariam umas das outras e aumentariam a chamada“guerra fiscal”, já existente entre as regiões. Desta forma, a fim de garantir um mínimo de uniformidade na cobrança do ISS, a Constituição Federal determinou aspectos gerais a ser fixado em lei complementar, devendo ser seguida por todos os municípios, conforme segue: Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: [...] III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar. [...] § 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar: I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas; II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior. III – regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados. Sendo assim, para fins de ISS, devemos seguir as diretrizes da Lei Complementar n. 116/2003. Fato Gerador O Fato Gerador do ISS é a prestação dos serviços constantes na lista anexa à LC n. 116/2003. Ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador, os serviços não constantes nesta lista não estão sujeitos ao imposto sobre serviços. Incidência O imposto incide sobre o preço do serviço da lista e também sobre o serviço proveniente do exterior. A exportação de serviços não tem incidência do ISS. Base de Cálculo De acordo com o previsto na LC n. 116/2006, a base de cálculo do imposto é o preço do serviço. Local da Prestação De acordo com Fabretti (2013), é de longa data a discussão sobre o local onde deve ser recolhido o ISS, tendo inúmeras leis municipais e decisões divergentes sobre o local onde é devido o ISS, ou seja, se no município do estabelecimento do prestador ou naquele em que o serviço for efetivamente prestado. Contudo, a LC traz previsão de que “o serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador [...]”, cabendo ainda algumas exceções previstas no artigo 3º da referida lei. O artigo 4º define ainda que se considera estabelecimento prestador o local onde o contribuinte desenvolva a atividade de prestar serviços de modo permanente ou temporário, e que configure unidade econômica ou profissional. Alíquota A Lei Complementar n. 116/2003 fixou alíquota máxima de ISS em 5%, desta forma, nenhum município pode cobrar alíquota maior. Porém, a referida lei não fixou alíquota mínima, desta forma, entende-se que deve prevalecer a alíquota prevista na Emenda Constitucional n. 37/2002, que prevê alíquota mínima de ISS de 2%. Outros benefícios e isenções são previstas em cada município, desde que não interfira nas normas de outras regiões. Alíquota Fixa Para o caso de serviço prestado sob a forma de trabalho pessoal do próprio contribuinte ou de sociedade de profissionais, o ISS será cobrado em valores fixos, também denominados de alíquotas fixas, e não sobre o preço do serviço. A sociedade de profissionais é formada e constituída por sócios da mesma habilitação profissional, ou seja, da mesma atividade, que são inscritos no mesmo órgão fiscalizador da profissão. Tema 03 – ICMS ICMS é a sigla de Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação. O ICMS está presente na Constituição Federal de 1988, e somente os governos dos estados podem instituí-lo ou alterá-lo, de acordo com o artigo 155 da CF: Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: [...] II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; [...] § 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; Todas as etapas de circulação de mercadorias e em toda prestação de serviço estão sujeitas ao ICMS, devendo haver emissão da nota fiscal. Em alguns estados, o ICMS é a maior fonte de recursos financeiros. O imposto não incide sobre qualquer operação com livros, jornais, operações que destinem ao exterior mercadorias, operações relativas a energia elétrica e petróleo, operações com ouro, operações de arrendamento mercantil, etc. O ICMS também é um tributo não cumulativo, sendo permitido creditar-se do imposto anteriormente cobrado relativa à mercadoria de entrada em seu estabelecimento. Ressalto que só podem gerar créditos as entradas de mercadorias destinadas à revenda e às entradas de insumo utilizadas na elaboração de produto destinado à venda, desde que a saída seja tributada. Para o ICMS, há também possibilidade de crédito sobre energia elétrica, quando utilizada em processo produtivo e bens do ativo imobilizado. Assim como para o ISS, no ICMS também temos uma legislação federal que deve ser seguida pelos Estados, a Lei Kandir, ou Lei Complementar n. 87/96. Fato Gerador De acordo com a LC n. 87/96, alguns dos fatos geradores do ICMS são: Saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte; Início da prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, de qualquer natureza; Final do transporte iniciado no exterior; Das prestações onerosas de serviços de comunicação, feita por qualquer meio, inclusive a geração, emissão, recepção, transmissão, retransmissão, repetição e ampliação de comunicação de qualquer natureza. Base de Cálculo A base de cálculo do imposto é o valor da operação na saída da mercadoria; o preço da prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. Integra a base de cálculo do ICMS o montante do próprio imposto; e o valor correspondente a: a) seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas, bem como descontos concedidos sob condição; b) frete, caso o transporte seja efetuado pelo próprio remetente ou por sua conta e ordem e seja cobrado em separado. Alíquota A alíquota do ICMS pode ser seletiva em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços, conforme previsão expressa na CF. Entretanto, cada Estado estabelece as alíquotas de acordo com sua legislação. Em regra geral, temos em todos os Estados alíquotas básicas tendo diferenças em alguns produtos, conforme classificação fiscal. Nas operações internas, ou seja, compra e venda dentro do mesmo estado, as alíquotas básicas são: No caso de operações interestaduais, temos alíquotas de 7% e 12%, de acordo com a origem e o destino, como você pode ver a seguir: Nas operações interestaduais, é devido o ICMS por diferencial de alíquotas, quando mercadoria destinada a uso e consumo ou imobilizado. Tema 04 – Planejamento Tributário É sabido que os tributos representam importante parcela dos custos das empresas. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), no Brasil, em média, 33% do faturamento empresarial é encaminhado ao pagamento de tributos. Desta forma, planejar tributos é um direito tão essencial quanto planejar o fluxo de caixa ou fazer investimentos, por exemplo. O princípio constitucional não deixa dúvidas que, dentro da lei, o contribuinte pode agir no seu interesse. O planejamento tributário tem como finalidade: Evitar a incidência do tributo, evitando que ocorra o fato gerador de forma licita; Reduzir o montante do tributo, tomando medidas que diminuam a base de cálculo ou alíquota, por meio de um benefício fiscal, por exemplo; Retardar o pagamento do tributo com medidas legais que prorroguem o pagamento do tributo sem acréscimo de multa. Podemos dizer que o planejamento tributário possui três categorias: conservador, aquele que irá aplicar a lei, sem qualquer intepretação ou possibilidade de questionamento para discussão;moderado, que necessita de maior conhecimento da lei e acompanhamento do posicionamento do Poder Judiciário sobre matérias polêmicas; agressivo (ou arrojado), que irá optar por uma ação que não tem previsão ou autorização expressa em lei, aguardando procedimento do Fisco. Para Luz (s.d.), através do planejamento, tenta-se sistematicamente avaliar o comportamento da organização com vistas ao longo prazo, buscando melhorar o futuro da empresa com ações no presente. Para ele, planejar significa que as decisões serão previamente consideradas, dando preferência a uma determinada alternativa, em detrimento de outra, assumindo os riscos. Desta forma, podemos afirmar que o planejamento tributário é a análise de um negócio, que visa suprimir, reduzir ou retardar o pagamento de um tributo, utilizando-se de previsões legais. Elisão Fiscal Podemos conceituar como uma forma de planejamento tributário, onde ocorre a execução de procedimentos, antes do fato gerador, servindo para reduzir, eliminar ou postergar a obrigação tributária, caracterizando, assim, a legitimidade do planejamento tributário. Há duas espécies de elisão fiscal: a decorrente da própria lei; a que resulta de lacunas e brechas existentes na própria lei. No caso da elisão decorrente da lei, o próprio dispositivo legal permite ou até mesmo induz a economia de tributos. Existe uma vontade clara e consciente do legislador de dar ao contribuinte determinados benefícios fiscais. Os incentivos fiscais são exemplos típicos de elisão induzida por lei, uma vez que o próprio texto legal dá aos seus destinatários determinado benefício. É o caso, por exemplo, dos Incentivos à Inovação Tecnológica. Já a segunda espécie contempla hipóteses em que o contribuinte opta por configurar seus negócios de tal forma que se harmonize com menor ônus tributário, utilizando-se de elementos que a lei não proíbe ou que possibilitem evitar o fato gerador de determinado tributo com elementos da própria lei. É o caso, por exemplo, de uma empresa de serviços que decide mudar sua sede para determinado município, visando pagar o ISS com alíquota mais baixa. A lei não proíbe que os estabelecimentos escolham o lugar onde exercerão atividades, pois os contribuintes possuem liberdade de optar por aqueles mais convenientes a si, mesmo se a definição do local for exclusivamente com objetivos de planejamento fiscal. Evasão Fiscal É o “planejamento tributário” cometido após a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, com objetivo de fugir ou ocultá-lo, por exemplo, a omissão de registros em livros fiscais próprios. Ao contrário da elisão, a evasão fiscal é o ato ilegítimo que consiste na simulação de operações, com a finalidade enganosa ou dolosa de evitar o pagamento do tributo. Crimes Tributários Sabemos quanto o Direito tributário nos impõe diversas obrigações, como a obrigação de fazer ou de deixar de fazer. O descumprimento constitui infração tributária, sendo a nós atribuídas sanções de diversas modalidades, dependendo da nossa conduta. Quando falamos em planejamento, temos que conhecer um pouco sobre os crimes tributários previstos na legislação brasileira. A Lei n. 8.137/90 dispõe, em seu artigo 1º, que constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável; IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato; V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação. Para estes crimes, a pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. A mesma lei prevê ainda, em seu artigo 2º, que constitui crime da mesma natureza: I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo; II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos; III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal; IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento; V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública. Para estes crimes, a pena é de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Saiba Mais As penas de reclusão e detenção são medidas de restrição de liberdade, e são previstas como pena para crimes. A pena de reclusão é aplicada a condenações mais severas. O regime de cumprimento pode ser fechado, semiaberto ou aberto, e normalmente é cumprida em estabelecimentos de segurança máxima ou media. A detenção é aplicada para condenações mais leves e não admite que o início do cumprimento seja no regime fechado. Em regra, a detenção é cumprida no regime semiaberto, em estabelecimentos menos rigorosos, como colônias agrícolas, industriais ou similares; ou no regime aberto, nas casas de albergado ou estabelecimento adequados. Ainda, a Lei n. 4.502/1964 prevê crimes contra a ordem tributária a sonegação, a fraude e conluio, conforme descrito abaixo: Art. 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I - da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II - das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Para os crimes tributários previstos, o Fisco poderá aplicar multas conforme as previstas na Lei n. 9.430/1996, sendo: De 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; De 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal (estimativa), que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano‐calendário correspondente. O percentual da multa de 75% poderá ser aumentado de metade (inclusive quando duplicado em razão de sonegação, fraude ou conluio) nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para prestar esclarecimentos. É importante destacar a necessidade de o profissional conhecer a linguagem dos negócios, se colocando em uma posição de crítico e colaborador do que vem sendo feito, tendo condições de recomendar mudanças que melhorem a situação da empresa, contribuindo para o aumento do seu valorno mercado e melhorando a competitividade. Tema 05 da Rota – Obrigações Acessórias Não podemos falar de planejamento tributário, licito ou ilícito, sem falar da quantidade de ferramentas produzidas pelo fisco para reduzir a chamada evasão fiscal e facilitar a própria fiscalização sobre as empresas, uma vez que são as próprias empresas que informam a ocorrência ou não dos fatos ao órgão público, seja Federal, Estadual ou Municipal. A maior ferramenta e, até então, mais eficaz plataforma digital criada pelo Governo, foi o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped). Instituído pelo Decreto n. 6.022/2007, o Sped faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal (PAC 2007-2010) e constitui-se em mais um avanço na informatização da relação entre o fisco e os contribuintes. De modo geral, consiste na modernização da sistemática atual do cumprimento das obrigações acessórias, transmitidas pelos contribuintes às administrações tributárias e aos órgãos fiscalizadores, utilizando-se da certificação digital para fins de assinatura dos documentos eletrônicos, garantindo assim a validade jurídica dos mesmos apenas na sua forma digital. Mesmo que ainda a Plataforma Sped não esteja 100% em funcionamento, é nítida a mudança que o sistema vem causando na atitude dos contribuintes, pois a escrituração facilita a identificação de ilícitos tributários de forma praticamente online. Com ele, o fisco agiliza o controle fiscal das empresas e facilita também o controle aos contadores e empresários, que podem “guardar” suas informações dentro do programa. O maior “risco” que a plataforma gera é a obtenção das informações contábeis e fiscais, possibilitando seu cruzamento. As empresas passam a ter maior visibilidade em suas operações, o que proporciona fácil identificação de erros e/ou ilícitos tributários, lembrando que as informações ficam disponíveis em tempo real. O sistema exige também que seja feita uma validação prévia dos dados a serem enviados às autoridades fiscais, a fim de evitar a entrega de obrigações acessórias sem revisão detalhada, apenas para evitar atrasos e multas. O Sped tem como objetivos, entre outros: Promover a integração dos fiscos, mediante a padronização e o compartilhamento das informações contábeis e fiscais, respeitadas as restrições legais; Racionalizar e uniformizar as obrigações acessórias para os contribuintes, com o estabelecimento de transmissão única de distintas obrigações acessórias de diferentes órgãos fiscalizadores; Tornar mais célere a identificação de ilícitos tributários, com a melhoria do controle dos processos, a rapidez no acesso às informações e a fiscalização mais efetiva das operações com o cruzamento de dados e auditoria eletrônica. Obrigações Acessórias EFD – Escrituração Fiscal Digital das contribuições sociais, onde são escrituradas as informações correspondentes à apuração de PIS, COFINS e CPRB, e deve ser apresentada mensalmente à Receita Federal; ECF – Escrituração Contábil Fiscal, é uma declaração anual, em que, além do balanço, deve ser apresentada a apuração de todo o ano calendário do IRPJ e da CSLL, paras as empresas de Lucro Real, Presumido ou Arbitrado; ECD – Escrituração Contábil Digital apresenta a contabilidade da empresa e suas demonstrações contábeis, devendo ser apresentada anualmente; DCTF – Declaração de créditos e débitos tributários é uma declaração mensal onde constam todos os valores devidos pelas empresas, assim como os devidos recolhimentos pela mesma; DIRF – Declaração do imposto de renda retido na fonte e das contribuições retidas na fonte é uma declaração anual onde constam os valores de IR retidos das pessoas jurídicas e das pessoas físicas. É a principal declaração de confronto para a DIRPF – Declaração do IR da pessoa física; EFD-ICMS/IPI – essa escrituração é apresentada mensalmente com a apuração do ICMS e do IPI, escrituração de todas as notas fiscais de entrada e saída, independente de tributação ou não. Estas são as principais obrigações acessórias devidas pelas empresas. Você pode perceber que toda e qualquer operação que aconteça na empresa será informada ao Fisco pela mesma, facilitando, assim, a sua fiscalização. Por isso, é muito importante que a empresa e o gestor estejam em conformidade com a legislação aplicável, evitando sansões previstas nas normas tributárias. Trocando ideias Considerando a regra da informação dos tributos pagos nas notas fiscais de todos os produtos e serviços que compramos, preste atenção no documento fiscal da sua última compra e diga quanto (em %) você pagou de tributo sobre ela. Síntese A presente aula teve como objetivo apresentar os conceitos básicos dos principais impostos indiretos, IPI, ISS e ICMS, conhecendo os aspectos constitucionais de cada um assim. Após todas as aulas anteriores, onde conhecemos os principais tributos devidos sobre receita, lucro e operações das empresas, você aprendeu alguns aspectos básicos sobre planejamento tributário que esperamos que possa utilizar na sua empresa, a fim de reduzir, de forma licita, a carga tributária e aumentar o investimento da empresa para sua continuidade de forma sadia. Além disso, você pode observar que toda operação realizada pela empresa é informada ao fisco, seja pela própria empresa, seja pelo seu cliente ou até seus fornecedores, desta forma, fica cada vez mais difícil incorrer em crimes como de sonegação, por exemplo, pois o Fisco cruza toda informação através do CNPJ e até mesmo CPF dos sócios e administradores. Sendo assim, é indispensável atenção nas operações, conhecimento nos negócios e atualização na legislação.