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CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA Material de apoio didático Material de cunho meramente acadêmico, sem valor comercial 2016 APRESENTAÇÃO Com a quantidade de tributos existentes no Brasil, e com a frequência e velocidade com que estes mudam escrever um texto sobre Contabilidade Tributária torna-se um grande desafio, pois pode ficar obsoleto antes de ser concluído. Foi com esse espírito que encarei o desafio de elaborar esta obra, onde procurei focar bastante questão conceitual para possibilitar a compreensão da aplicação prática, sem que esta fosse prejudicada por eventuais mudanças ocorridas ao longo de sua consecução. A obra está dividida em seis capítulos, os quais foram desenvolvidos com foco nas necessidades de acadêmicos e profissionais das Ciências Contábeis, e por essa razão procurei adotar uma linguagem simples, acessível e direta, de forma a facilitar a compreensão dos diversos casos apresentados. O capítulo 1 aborda os conceitos, princípios e normas de tributação. O capítulo 2 faz uma abordagem sobre planejamento tributário e apresenta algumas alternativas de economia via planejamento tributário. O capítulo 3 trata de uma questão muito sensível no âmbito das organizações empresariais que é a ―confusão patrimonial‖ trazendo as questões relacionadas à equiparação da pessoa física à pessoa jurídica. O capítulo 4 trata da tributação sobre os resultados, os diversos regimes de tributação e os incentivos fiscais de redução do imposto de renda da pessoa jurídica. O capítulo 5 trata da tributação sobre o faturamento, destacando uma seção especialmente para a tributação em relação às operações com empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus. O capítulo 6 trata da contabilização das diversas operações com movimentação de mercadorias. Aproveito a oportunidade para agradecer aos colegas professores pela utilização deste, e mais ainda, pelas eventuais sugestões de melhorias, que certamente as encararei como contribuições. SUMÁRIO GLOSSÁRIO DE TERMOS TRIBUTÁRIOS OU FISCAIS .............................................................. 5 CAPÍTULO 1 ....................................................................................................................................... 8 CONCEITOS, PRINCÍPIOS E NORMAS DE TRIBUTAÇÃO ......................................................... 8 1.1. CONCEITOS ................................................................................................................................... 9 1.2. PRINCÍPIOS E NORMAS DE TRIBUTAÇÃO ........................................................... 21 CAPÍTULO 2 ..................................................................................................................................... 30 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ................................................................................................... 30 2.1. CONCEITOS ................................................................................................................................. 31 2.2. CLASSIFICAÇÃO ........................................................................................................................ 32 2.3. NÃO INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA ............................................................................................ 33 2.4. ELISÃO E EVASÃO FISCAL...................................................................................................... 34 2.5. SONEGAÇÃO E INADIMPLÊNCIA FISCAL .......................................................................... 35 2.6. ALTERNATIVAS DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ...................................................... 36 2.7 REORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS E PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO .................... 38 CAPÍTULO 3 ..................................................................................................................................... 53 EQUIPARAÇÃO DA PESSOA FÍSICA À PESSOA JURÍDICA ..................................................... 53 3.1. DEFINIÇÃO .................................................................................................................................. 54 3.2. DESCARACTERIZAÇÃO COMO EMPRESA INDIVIDUAL ............................................... 55 3.3. MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) .................................................................... 56 CAPÍTULO 4 ..................................................................................................................................... 62 TRIBUTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................................................... 62 4.1. LUCRO – FATO GERADOR DO IRPJ E DA CSLL ................................................................. 63 4.2 REGIMES DE APURAÇÃO DOS TRIBUTOS ........................................................................... 64 4.3. INCENTIVOS FISCAIS DE REDUÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA .................................. 105 CAPÍTULO 5 ................................................................................................................................... 133 TRIBUTOS SOBRE O FATURAMENTO ...................................................................................... 133 5.1. ICMS ............................................................................................................................................ 134 5.2. PIS E COFINS .............................................................................................................................. 161 5.3. ISS ................................................................................................................................................. 169 5.4 IPI .................................................................................................................................................. 171 5.5. TRIBUTAÇÃO ZONA FRANCA DE MANAUS E ÁREAS DE LIVRE COMÉRCIO......... 175 5.6 DETERMINAÇÃO DO PREÇO DE VENDA ........................................................................... 182 CAPÍTULO 6 ................................................................................................................................... 188 CONTABILIZAÇÃO DE OPERAÇÕES COM MERCADORIAS ................................................ 188 6.1. REGISTRO DE OPERAÇÕES COM MERCADORIAS ........................................................ 189 6.2. VALORES INTEGRANTES DO CUSTO ................................................................................ 189 6.3. TRIBUTOS RECUPERÁVEIS .................................................................................................. 189 6.4. FRETE ......................................................................................................................................... 189 6.5. REGISTROS CONTÁBEIS ....................................................................................................... 190 4 6.6. DEVOLUÇÃO DE COMPRAS.................................................................................................. 190 6.7. IMPORTAÇÃO DE MERCADORIAS E MATÉRIAS-PRIMAS .......................................... 192 6.8. CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO DOS ESTOQUES .................................................................... 195 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................... 209 5 GLOSSÁRIO DE TERMOS TRIBUTÁRIOS OU FISCAIS CIAP – Controle de Crédito de ICMS do Ativo Imobilizado. CIC – Cartão de Identificação do Contribuinte, expedido pelo Ministério da Fazenda com o número da inscrição no CNPJ para todas as pessoas jurídicas e no CPF para todas as pessoas físicas. CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas. CNPJ - Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, da Receita Federal. Identifica cada pessoa jurídica existente no país. COFINS – Contribuição para Financiamentoda Seguridade Social. CONFAZ – Conselho Nacional de Política Fazendária. Congrega todos os secretários da Fazenda das Unidades Federadas, os ministros da Fazenda e do Planejamento e outras autoridades federais da área econômica. CPF – Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda, é um número identificador do contribuinte pessoa física. CPP – Contribuição Patronal Previdenciária. CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. DARF – Documento de Arrecadação de Receitas Federais. DAS – Documento de Arrecadação do Simples. DCTF – Declaração de Créditos Tributários Federais. DIPJ – Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica. DIRF – Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte. DRAWBACK – Sistema de incentivos fiscais para o exportador. Consiste, basicamente, em suspensão, isenção ou restituição de tributos incidentes na importação de mercadorias utilizadas para beneficiamento no País e posterior exportação. FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. FUNDAF – Fundo de Desenvolvimento e Administração da Arrecadação e Fiscalização. GPS – Guia da Previdência Social. 6 ICMS – Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação. ICMS-ST – ICMS por substituição Tributária. IN SRF – Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal. INSS – Instituto Nacional da Seguridade Social. IOF – Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou Relativas a Títulos ou Valores Mobiliários, também chamado de Imposto sobre Operações Financeiras. IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados. Sua alíquota é variável. IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano. Sua alíquota e sua metodologia de cálculo variam de um Município para outro. IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores. IRPF – Imposto de Renda das Pessoas Físicas. IRPJ – Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas. IRRF/PF – Imposto de Renda Retido na Fonte – Pessoa Física. IRRF/PJ – Imposto de Renda Retido na Fonte – Pessoa Jurídica. ISS – Imposto Sobre Serviços é um tributo municipal. A alíquota varia conforme a legislação de cada Município. ITBI – Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis. É um imposto municipal, de responsabilidade do comprador, pago/recolhido por este nas transações imobiliárias. ITCMD – Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direito. É um imposto estadual sobre a transmissão de herança e doações. ITR – Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, também chamado de Imposto Territorial Rural. Equivalente ao IPTU (municipal). IVA – Sistema de cobrança de imposto apenas sobre o valor adicionado ou agregado ao preço anterior do produto. JCP – Juros Sobre Capital Próprio LAIR – Lucro Antes do Imposto de Renda LALUR – Livro de Apuração do Lucro Real MEI – Microemprendedor Individual 7 MVA – Margem de Valor Agregado NF – Nota Fiscal. Documento de emissão obrigatória por todas as pessoas jurídicas, civis e mercantis, no ato da comercialização de bens, produtos, mercadorias e serviços. PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador. PDTI/PDTA – Programas de Desenvolvimento Tecnológico Industrial e Agropecuário. PER/DCOMP – Programa Gerador do Pedido de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação. PGDAS – Programa Gerador do documento de Arrecadação do Simples. PIS/PASEP – Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público. PIS/PASEP SOBRE A FOLHA DE PAGAMENTO – É um tributo federal de 1,0% sobre a folha de pagamento devido pelas entidades sem fins lucrativos. RAT – Risco ambiental do Trabalho. RFB - Sigla da Secretaria da Receita Federal do Brasil, instituída pela Lei 11.457/2007. RIR – Regulamento do Imposto de Renda. SIMPLES – Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. SRF – Secretaria da Receita Federal, órgão do Ministério da Fazenda unificada com a Secretaria da Receita Previdenciária, passando a chamar-se RFB - Secretaria da Receita Federal do Brasil. TIPI – Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados. TJLP – Taxa de Juros de Longo Prazo. 8 CAPÍTULO 1 CONCEITOS, PRINCÍPIOS E NORMAS DE TRIBUTAÇÃO 9 1.1. CONCEITOS 1.1.1. Contabilidade tributária Pode-se conceituar contabilidade tributária como o ramo da contabilidade que tem por objetivo aplicar na prática conceitos, princípios e normas básicas da contabilidade e da legislação tributária, de forma simultânea e adequada. Dessa forma, deve demonstrar a situação do patrimônio e o resultado do exercício, de forma clara e precisa, rigorosamente de acordo com os conceitos, princípios e normas básicas de contabilidade, e com o resultado apurado de forma economicamente exata. A Lei n o . 11.238/2007 promoveu grandes alterações na contabilidade societária a partir de 2008, e a Lei n o . 11.941/2009 objetivou harmonizar tais alterações com os aspectos tributários, para que a apresentação das demonstrações contábeis traduza de fato a realidade patrimonial, econômica e financeira das organizações empresariais, sem que as interferências da legislação tributária, para adapta-los às suas exigências, modifiquem as informações sobre o resultado econômico para dar-lhe outro valor (resultado fiscal), que nada tem a ver com o resultado contábil. Assim, o objeto da contabilidade tributária é apurar com exatidão a base de cálculo fiscal (resultado fiscal) para a formação das provisões destinadas ao pagamento dos tributos, as quais serão abatidas do resultado econômico (contábil), para determinação do lucro líquido à disposição dos acionistas, sócios ou titular de firma individual. As exigências fiscais para a determinação das bases de cálculo do IRPJ e da CSSL são demonstradas de forma extracontábil no livro fiscal denominado Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR). O imposto estadual ICMS e o municipal ISS são apurados de livros apropriados a sua escrituração. O método da Contabilidade Tributária consiste basicamente em adequado planejamento tributário que exige acompanhar a evolução da legislação fiscal e das práticas de mercado aplicáveis ao segmento econômico em que a empresa atua; e em relatórios contábeis eficazes que demonstrem a exata situação das contas do patrimônio e do resultado - que exige conhecimento de contabilidade. 1.1.2. Legislação tributária A legislação tributária é composta por um conjunto de normas denominadas fontes do Direito Tributário. O Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/66) em seu art. 96 conceitua legislação tributária como: “Art. 96. A expressão legislação tributária compreende as leis, os tratados e convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes”. 10 Por essa conceituação fica claro que há leis que tratam exclusivamente de tributos e relações jurídicas a eles pertinentes, mas também há leis que, embora tratem de outras matérias, tratam em parte sobre tributos e respectivas relações jurídicas. No conjunto de normas jurídicas se forma uma hierarquia também denominada pirâmide jurídica, onde as normas subordinadas devem harmonizar-se com as superiores, alcançando os preceitos constitucionais, sob pena de deixarem de ter eficácia no ordenamento jurídico. As normas principais são leis, tratados e convenções internacionais, os decretos que regulamentam a aplicação da lei. Já as normas complementares são decretos autônomos, jurisprudência, atos administrativos de caráter normativo ─ portarias, instruções, ordem de serviço, convênios, pareceres normativos ─ e os usos e costumes. 1.1.3.SistemaTributário Nacional Denomina-se Sistema Tributário Nacional o conjunto de princípios e dispositivos tributários, moldado a partir da Constituição da República Federativa do Brasil, que prescreveu detalhadamente o sistema tributário brasileiro com um regime jurídico de princípios e normas rígidas, que visam aos contribuintes direitos subjetivos a serem respeitados pela Administração na instituição dos tributos. A Constituição Federal de 1988 estabelece a competência tributária da União, Estados e Municípios, mas envia para que a Lei Complementar nº 5.172/66 faça as normas e disciplinas deste regimento, no tocante ao complexo processo tributário brasileiro. É por meio desta lei que foi instituído o Sistema Tributário Nacional, que tem por função estabelecer as normas e princípios sobre o direito tributário e o seu perfeito funcionamento. De acordo com o artigo 146 da Constituição Federal de 1988, cabe à Lei Complementar nº 5.172/66: I. Dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; II. Regular as limitações constitucionais ao poder de tributar; III. Estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) Definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; b) Obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; c) Adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas. Os poderes legais para a instituição de tributos estão contidos nos artigos 145 a 162 da CF – Constituição Federal de 1988, que também institui limitações ao poder de 11 arrecadação tributária, estabelecendo a divisão de tais receitas, para que os entes federativos disponham de recursos necessários para manter sua estrutura organizacional e garantir os direitos sociais. O Sistema Tributário Nacional, tal como existe atualmente, foi criado buscando harmonizar as relações da sociedade de forma a se atender aos seus princípios fundamentais, como também de forma a se respeitar o pacto federativo sob o qual vivemos. É no Sistema Tributário Nacional que está inserida uma série de tributos cuja função principal é arrecadar recursos para que o Estado possa custear atividades que lhes são inerente, como educação, saúde, segurança, moradia, saneamento, dentre outras, bem como os fins econômicos e políticos do Estado. Esta é a função fiscal dos tributos. Os tributos também têm funções extrafiscais, quando são utilizados para distribuir renda e atenuar ou eliminar as desigualdades entre pessoas e regiões. Servem para proteger a economia nacional, estimular atividades produtivas, gerando empregos. Podem fomentar o desenvolvimento econômico e social, promover a educação e a cultura, fortalecer a economia formal, desonerar a produção, garantir a função social da propriedade e das cidades dentre muitos outros objetivos. É também no sistema Tributário Nacional que estão contidas as disposições legais que determinam o fato gerador da obrigação principal, ou seja, a obrigação de recolher, pagar o imposto, seja pela posse de determinado bem ou pelo recebimento de renda, remuneração ou faturamento. Tratando-se de pessoas jurídicas o fato gerador consiste da venda de produtos, mercadorias, prestação de serviços, na obtenção de resultados positivos decorrentes das atividades empresariais, e outras transações comerciais previstas no Sistema Tributário Nacional. Os tributos devem limitar-se ao direito que cada pessoa – física ou jurídica – tem de organizar seu próprio patrimônio e dele usufruir em respeito ao direito fundamental da propriedade. Por isso, o Estado deve atentar para a disponibilidade econômica dos contribuintes quando exigir ou aumentar algumas das espécies tributárias sempre que possível. De forma geral, os tributos são regidos por quatro princípios fundamentais, relacionados diretamente aos preceitos Democráticos e dos Direitos Humanos – são amplos, indivisíveis e universais, e devem pautar todos os atos do Estado, sejam eles legislativos ou administrativos. Esses princípios são: Igualdade – (ou Capacidade Contributiva) – a cobrança de tributos deverá respeitar a igualdade entre os cidadãos, analisando suas diferenças sociais e econômicas; Legalidade – (Respeito ao Estado do Direito) – não é permitido cobrar tributos, bem como estabelecer benefícios e punições, sem que haja previsão legal (Constituição, Leis, Decretos, etc.); Liberdade – (Proibição ao Confisco) – é vedado ao Estado cercear à liberdade e às garantias fundamentais (livre iniciativa, propriedade, direito de ir e vir, dentre outros) pela cobrança desproporcional ou exagerada de tributos; 12 Anterioridade – (atrelado ao Princípio da Legalidade) – impede que o Estado institua a cobrança de tributos sem respeitar um prazo para o início de sua vigência, de forma a surpreender os cidadãos. Além das determinações contidas da carta Magna, conforme art. 2º do Código Tributário Nacional (Lei 5172/1966), o Sistema Tributário Nacional é composto por leis complementares, resoluções do Senado Federal, leis e decretos Federais, Estaduais e Municipais que tratam dos aspectos estruturais básicos do nosso ordenamento jurídico- tributário. 1.1.4.Tributo O CTN define no Art. 3º: ―Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituído em lei e cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada‖. Oliveira et al. (2011) propõe decompor a definição de tributos, para um melhor entendimento das características apresentadas: Artigo 3º do CTN Significado 1. Toda prestação pecuniária Todo pagamento deve ser efetivado em dinheiro. 2. Compulsória O Estado age investido de sua soberania, sem levar em conta a vontade do contribuinte. Trata-se de um comportamento obrigatório, e o seu descumprimento deve importar uma sanção. 3. Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir O pagamento é efetuado em dinheiro, mas a lei poderá admitir que ele seja feito por meio de valor equivalente à moeda, ou nela conversível. Por exemplo, em bens ou até mesmo em serviços. 4. Que não constitua sanção de ato ilícito Os tributos não se confundem com as penalidades por infração. Assim, a prestação tributária não deve ser entendida como um castigo imposto pelo Estado ao contribuinte. 5. Instituída em lei Decorre do princípio da legalidade tributária (art. 150, I da CF), pelo que a obrigação tributária só pode resultar da lei. Sem lei que o institua não existe tributo. 6. Cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada A lei estabelece o fato gerador e outros passos a serem seguidos pelo contribuinte no cumprimento de sua obrigação principal. O Estado é obrigado a cobrar o tributo sempre que ocorra o fato gerador e sejam satisfeitas as demais condições estabelecidas em lei. Os tributos podem igualmente ser utilizados pelo Estado como instrumento de para ou extrafiscalidade, ou seja, tanto como uma forma de intervenção na economia, como um elemento chave na aplicação das políticas sociais e de redistribuição. 13 A este título, Machado (2005) afirma que ―no mundo moderno (...) o tributo é largamente utilizado com o objetivo de interferir na economia privada, estimulando atividades, setores econômicos ou regiões, desestimulando o consumo de certos bens e produzindo, finalmente, os efeitos mais diversos na economia‖. O mesmo autor elucida a diferença entre os diferentes objetivos do tributo. Segundo ele, quanto ao seu objetivo, o tributo é: 1ª) Função Fiscal, quando seu objetivo principal é a arrecadaçãode recursos financeiros para o Estado. Por exemplo, o imposto de renda; 2ª) Função Extrafiscal, quando seu objetivo principal é a interferência no domínio econômico, buscando um efeito diverso da simples arrecadação de recursos financeiros. Por exemplo, as alterações nas alíquotas do IPI; 3ª) Função Parafiscal, quando seu objetivo é a arrecadação de recursos para o custeio de atividades que, em princípio, não integram funções próprias do Estado, mas que este as desenvolve através de entidades específicas. Por exemplo, as cobranças de anuidade pelos conselhos profissionais. No mesmo sentido, Giambiagi e Além (2008) afirma que a política fiscal pode realizar três funções principais. A primeira — função alocativa — refere-se ao fornecimento de bens públicos. A segunda é a função distributiva, associada à redistribuição de renda através da tributação. Por último, a última função corresponde à estabilização, cujo objetivo é influenciar a política econômica para atingir certo nível de emprego, estabilidade dos preços e taxa de crescimento econômico. Os tributos são classificados em vinculados e não vinculados: Vinculados - cobrado por uma atividade específica prestada pelo Estado, exigida mediante uma contraprestação estatal. Exemplos: taxa ou contribuição de melhoria, prestação de serviços de fornecimento de água, energia, coleta de lixo, emissão de passaporte, outras taxas. Não vinculados - classificam-se nessa categoria os impostos. Cobrados sem nenhuma contraprestação direta vinculada em benefício do contribuinte. Exemplos: IPTU, IPVA, IPI, ICMS, ISSQN e outros. Quanto à categoria econômica sobre o qual estes recaem - os chamados fatos geradores tributários, os tributos podem ser divididos em: Renda - ou seja, tudo aquilo que se aufere pela realização do trabalho, do lucro, dos ganhos de capital e ganhos financeiros. Patrimônio - propriedade de bens propriedade de imóveis (base de cálculo do IPTU e do ITR), ou sua transmissão a título de doação, herança e/ou venda (ITCMD e ITBI), ações, fundos, automóveis, propriedade intelectual, entre outros. Atividade econômica - circulação de riquezas (IPI, II, IOF, ICMS, ISS, PIS, COFINS, CIDE), estes são conhecidos como tributos indiretos - seu ônus é transferido junto à 14 cadeia econômica, sendo que o destinatário final assume o ônus de tais tributos de forma integral, pois estão na composição do preço ao destinatário final de determinado produto e/ou serviço. Os Tributos são também subdivididos em espécies e sua arrecadação é vinculada a uma destinação especifica, ou seja, a uma atividade administrativa vinculada como diz o conceito de tributo. No Brasil, existem cinco diferentes espécies tributárias, que são exigidas pelas entidades da Federação – União, estados, Distrito Federal e municípios –, de acordo com a competência atribuída a cada uma delas, conforme dispõem os artigos 145 da Constituição Federal e 5º do Código Tributário Nacional – CTN, que são: 1.1.4.1. Impostos São os tributos cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte (CTN, art. 16), e se destinam a cobrir necessidades públicas em geral. Totalizam 12 na CF/88; IMPOSTO COMPETÊNCIA FONTE LEGAL Imposto de Importação (II) União CF no art. 153, I Imposto de Exportação (IE) União CF no art. 153, II Imposto sobre a Renda (IR) União CF no art. 153, III Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) União CF no art. 153, IV Imposto sobre Operações financeiras (IOF) União CF no art. 153, V Imposto sobre Propriedade Territorial Rural União CF no art. 153, VI Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação ITCMD) Estados e Distrito Federal CF no art. 155, I Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte e comunicação (ICMS) Estados e Distrito Federal CF no art. 155, II Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) Estados e Distrito Federal CF no art, 155, III Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) Municípios e Distrito Federal CF no art. 156, I Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) Municípios e Distrito Federal CF no art. 156, II Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) Municípios e Distrito Federal CF no art. 156, III 1.1.4.2. Taxas São cobradas em razão da contraprestação por serviços públicos específico e divisível para cada contribuinte (efetivo ou potencial) e/ou decorrentes do poder de polícia – fiscalizar (CTN, art. 77); 15 1.1.4.3. Contribuições de melhoria Cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado (CTN, art. 81); Contribuições especiais As contribuições especiais correspondem ao emprego das finanças públicas com objetivos extrafiscais, não visando precipuamente a obtenção de receitas, mas objetivando regular ou modificar a distribuição da riqueza nacional, equilibrar os níveis de preços de utilidades ou de salários, bem como outras finalidades econômicas ou sociais semelhantes. Foram introduzidas em nosso atual ordenamento jurídico pelo art. 149 e 149-A da CF, subdividindo-se em quatro tipos: Sociais de caráter geral – FGTS, salário-educação e PIS/PASEP; Sociais para as categorias profissionais – CRC, CREA, CRM, OAB; De intervenção no domínio econômico – CIDE- petróleo, CIDE- tecnologia; Para a Seguridade Social – Previdência, Saúde e Assistência Social, INSS, COFINS e CSLL; 1.1.4.4. Empréstimos compulsórios O empréstimo compulsório é um tributo restituível, deve, após determinado lapso temporal, ser devolvido ao contribuinte. Foi criado após a edição do Código Tributário Nacional, motivo pelo qual não consta no artigo 5º do CTN (Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria). A competência para criação dessa espécie de tributo é privativa da União, que deverá exercê-la por meio de lei complementar. O que significa que o empréstimo compulsório somente pode ser criado por meio de lei complementar. Dispõe a Constituição Federal em seu artigo 148: Art. 148. A União mediante lei complementar poderá instituir empréstimos compulsórios: I – para atender a despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II – no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, b. Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. 16 Instituição do tributo Prerrogativa privativa das pessoas jurídicas de direito público interno (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), cujas competências são estabelecidas pela Constituição Federal. A instituição do tributo se prende ao primado da estrita legalidade, onde cabe ao legislador declarar a criação de um dado tributo, e, também, exaurir todo o mecanismo de criação, ou seja, descrever o comportamento tributável. A lei que institui o tributo deve conter os elementos mínimos para que ocorra a incidência da norma e o nascimento da obrigação tributária: sua hipótese de incidência — qual o fato que uma vez ocorrido dará nascimento à obrigação tributária, onde e quando este fato deverá ocorrer, além dos critérios definidores da obrigação tributária — base de cálculo e alíquota do tributo e sujeitos ativo e passivo. Estes critérios mínimos estão presentes no que se denomina regramatriz de incidência tributária. A regra matriz de incidência tributária, portanto, consiste nos elementos mínimos que podemos extrair da norma que regula determinado tributo para sabermos: i) qual fato dará ensejo à obrigação de pagar o tributo (fato gerador), bem como onde e quando ele deve ocorrer e ii) quais serão os termos da obrigação tributária, ou seja, de que forma o tributo será cobrado e pago. A regra matriz de incidência tributária demonstra, portanto, como se dará a incidência da norma que regula determinado tributo, sobre fatos ocorridos concretamente. Assim como toda norma que prevê uma regulação de conduta, a regra matriz de incidência tributária é composta por duas parte: a) uma hipótese, na qual estará previsto um fato com conteúdo econômico (inserido em espaço e tempo definidos) de possível ocorrência no mundo e b) uma consequência para o caso do fato descrito na hipótese ocorrer no mundo real. Tendo em vista que tratamos de norma de incidência de tributo, esta consequência será a obrigação tributária, ou seja, o dever de pagar determinado tributo. Assim, a regra matriz de incidência tributária tem por função definir a incidência do tributo, descrevendo fatos, estipulando os sujeitos da relação e os termos que determinam a dívida. Há somente uma regra matriz para cada tributo. Como visto, portanto, a regra matriz de incidência tributária apresenta critérios definidores de sua hipótese e do consequente. Enquanto a hipótese se divide nos critério material, espacial e temporal; a consequência é composta pelos critérios pessoal e quantitativo. Estes, por sua vez, se subdividem entre sujeito ativo e passivo (critério pessoal) e base de calculo e alíquota (critério quantitativo). Tais critérios representam os elementos mínimos para identificarmos o fenômeno da incidência tributária: qual fato, onde e quando este deve ocorrer para dar nascimento à consequência — a obrigação de recolher determinado tributo. 17 Por sua vez, os elementos da consequência trarão os elementos mínimos para se identificar os termos da obrigação tributária — quem irá cobrar e quem irá pagar, além do valor da obrigação — quanto que será pago a titulo de tributo. Importante ressaltar que a ausência de ocorrência de um dos critérios da regra matriz, faz com que não haja a incidência da norma e, por consequência, que não nasça a obrigação tributária dela decorrente. Assim, conhecer a regra matriz de incidência de determinado tributo e seus elementos é caminho imprescindível para a realização de planejamento tributário. O planejamento tributário, tendo por objetivo final a não incidência da norma ou a redução da obrigação tributária, se voltará para a não ocorrência ou redução de um dos critérios que dela fazem parte. Os principais aspectos relacionados à instituição do tributo são: O aspecto material da hipótese de incidência é algo retirado do cotidiano – compra e venda, locação, construção, alienação, doação, morte... – ao qual o direito confere efeitos. Nas palavras de Ataliba (2003, p.07), aspecto material é a imagem abstrata de um fato jurídico: propriedade imobiliária, renda, produção, consumo de bens, prestação de serviços, etc. O aspecto espacial - de acordo com o princípio da territorialidade da lei, compreende o local onde ocorre o fato e diz respeito também ao domicílio do contribuinte. Esse aspecto é deveras importante para o planejamento tributário, pois uma indústria que pretenda desfrutar de incentivo fiscal deverá instalar-se na região da sua concessão assim como é relevante o questionamento sobre o local de incidência do ISS na prestação de serviços de empresa estabelecida em um município e que os executa em outro. O aspecto temporal - é o momento do acontecimento do fato jurídico. Importante não só para a exata aplicação da lei vigente à época da ocorrência do fato gerador, mas também para a contagem do prazo de decadência do crédito tributário e a aplicação dos princípios da irretroatividade e anterioridade. Hipótese Material Espacial Temporal 18 Critério pessoal - é a determinação das pessoas envolvidas na relação tributária, que são os sujeitos ativo e passivo, diz respeito ao aspecto pessoal, ou subjetivo do tributo, e consiste na conexão dessas pessoas com o núcleo da hipótese de incidência. Critério quantitativo - é o principal foco da atenção do gestor de tributos, pois os elementos quantitativos – base de cálculo e alíquota – irão mensurar e estabelecer o valor do tributo. A base de cálculo está conectada ao aspecto material do fato gerador, é a dimensão da materialidade do tributo e por meio dela se torna possível confirmar a natureza jurídica do tributo. Lançamento do tributo Na concepção do CTN, o crédito tributário só passa a existir em um momento posterior ao fato gerador, quando da realização de um ato administrativo que o torna exigível, chamado lançamento, cuja competência é da autoridade administrativa, em um procedimento administrativo, para comprovar a existência e apurar a dívida. Dessa forma, por esse ato, o Fisco determinará a certeza e a liquidez do crédito tributário, etapa necessária à criação do título executivo. Os elementos essenciais na instituição do tributo devem ser determinados, quando da elaboração da lei, de forma objetiva e tão precisa que seu aplicador não tenha como introduzir critérios subjetivos de apreciação. A obrigação tributária surge com a ocorrência de um fato, um ato ou uma situação jurídica prevista em lei. Essa definição legal que elege um fato, ato ou negócio jurídico para o surgimento do tributo é chamada de hipótese de incidência – no mundo real, a concretização dessa situação hipotética e abstrata é denominada fato gerador. Uma vez ocorrido o fato gerador, nasce a obrigação tributária e o sujeito passivo se torna vinculado, por uma relação jurídica, ao sujeito ativo. Consequência Critério Pessoal Sujeito Ativo Sujeito Passivo Critério Quantitativo Base de Cálculo Alíquota 19 Na concepção do CTN, o crédito tributário só passa a existir em um momento posterior ao fato gerador, quando da realização de um ato administrativo que o torna exigível, chamado lançamento. Dessa forma o tributo é caracterizado pelos seguintes elementos: Fato gerador O fato gerador é, portanto, a situação descrita em lei que, uma vez ocorrendo concretamente localizada no tempo e no espaço, determina a transferência jurídica, em favor do Estado, da titularidade de certa quantia. Nesse mesmo momento, o sujeito que praticou o ato previsto em lei, ou encontrou-se na situação de fato, deixa de ser titular dessa mesma quantia. Obrigação principal O CTN, no art. 114, define o fato gerador da obrigação principal como a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. Obrigação acessória O CTN define o fato gerador da obrigação acessória no art. 115: ―Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal." Sujeito ativo Sujeito ativo é o credor, ou seja, aquele que tem o direito de exigir do devedor (sujeito passivo) o cumprimento da prestação. De acordo com o artigo 119 do CTN "sujeito ativo é a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir o seu cumprimento." Sujeito passivo Sujeito passivo é a pessoa obrigada, ao cumprimento da prestação tributária. Os artigos 121 e 122 estabelecem respectivamente: Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributos ou penalidade pecuniária. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às prestações que constituem o seu objeto. Base de cálculo A base de cálculo do tributo representa legalmenteo valor, grandeza ou expressão numérica do fato gerador; é, por assim dizer, um dos lados, ou modo de ser do fato gerador. Alíquota É o percentual definido em lei, que aplicada sobre a base de cálculos, determina o montante do tributo a ser pago. Sua alteração esta sujeita as princípios da legalidade, da irretroatividade e da anterioridade. Modalidades de lançamento Existem três modalidades de lançamento tributário – por declaração, de ofício e por homologação. No lançamento por declaração, o contribuinte ou terceiro presta informações ao Fisco sobre a matéria de fato, com o intuito de possibilitar a formalização do lançamento do tributo. Dessa forma, no lançamento por declaração, o Fisco só tem ciência da 20 ocorrência do fato gerador depois de prestada a informação pelo contribuinte ou por terceiro. O lançamento de ofício é também conhecido como lançamento direto por ser efetuado diretamente pelo Fisco, sem a colaboração do contribuinte, por exemplo, no IPTU e IPVA. Na verdade, essa é a única modalidade de lançamento que se configura ato privativo do Fisco. Essa modalidade se aplica também nos procedimentos de revisão, reexame ou fiscalização, quer no tocante à obrigação principal, quer relativamente às obrigações acessórias. Na modalidade por homologação, o fato gerador, a base de cálculo, o quantum do tributo e o pagamento são previamente apurados pelo contribuinte. Com isso, qualquer ação do Fisco, caso haja, somente se dará a posteriori pela homologação das atividades praticadas pelo sujeito passivo, desde que seus deveres tenham sido cumpridos fielmente. O lançamento por homologação também é denominado de autolançamento, porque a lei atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem o prévio exame do Fisco. Nesse caso, o pagamento já produz o efeito de extinção do crédito tributário, antes mesmo de qualquer ato de lançamento do Fisco. O ato de homologação poderá ser de forma expressa ou tácita. A primeira quase não existe e a segunda ocorrerá em um prazo de 5 anos contados a partir da ocorrência do fato gerador, desde que sujeito passivo tenha executado corretamente as atividades designadas. Passado esse prazo, o crédito tributário estará tacitamente homologado e, consequentemente, extinto. Não havendo o pagamento do tributo ou a prática de dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo, não há que se falar em homologação e caberá, nesse caso, o lançamento de ofício no decorrer do prazo decadencial. O lançamento por homologação vem sendo aplicado na maioria dos tributos incidentes nas atividades praticadas pelas empresas, como, por exemplo, IR, IPI, IOF, ICMS, CSLL, PIS, COFINS... Pela amplitude dessa modalidade de lançamento e por ela exigir a apuração de fatos e dados relevantes e precisos, para quantificar e recolher antecipadamente os tributos, a existência de um planejamento e uma administração rigorosa e eficiente na área tributária será indispensável. Decadência e prescrição A maneira normal e natural de extinguir a obrigação tributária é o adimplemento pelo pagamento. No entanto, existem outras modalidades de extinção do crédito tributário segundo o CTN, como, por exemplo, a decadência e a prescrição. Nesses casos, a questão do tempo é de suma importância para a sobrevivência da obrigação e do crédito tributário. 21 A obrigação, que se constitui com o fato gerador, pode ser revista pelo Fisco em um prazo de cinco anos contados, ininterruptamente, a partir do primeiro dia do exercício seguinte ao que o lançamento poderia ser efetuado. Esse é o tempo da decadência, também chamada de caducidade. Não constituído o crédito tributário nesse prazo, caduca o direito do Fisco e extinta estará a obrigação. Definido e constituído o crédito tributário, a Fazenda Pública tem cinco anos para mover a ação judicial de cobrança – ultrapassado esse prazo, prescreve o direito de cobrar o tributo. Portanto, a prescrição é a perda do direito de propor a ação de cobrança do tributo, e a contagem de seu prazo inicia-se a partir da constituição definitiva do crédito tributário. 1.2. PRINCÍPIOS E NORMAS DE TRIBUTAÇÃO No campo tributário é a norma jurídica que determina qual a parcela do patrimônio privado será coercitivamente transferida ao Erário, sendo o tributo a principal fonte de receita estatal de custeio da atividade estatal. Assim, o Estado deve criar regras que clara e antecipadamente determinem qual parcela de patrimônio privado será transferido ao patrimônio público. Esta é a função principal da norma jurídica tributária, que possibilita o equilíbrio de forças que tem de um lado o poder coercitivo estatal e do outro lado o contribuinte. Dentro dessa dinâmica, o Estado pode apenas abarcar situações previstas por lei, as quais devem ser aplicadas à luz do princípio da legalidade. O tributo nasce de uma relação jurídica na qual o credor ou sujeito ativo – Estado – pode exigir, compulsoriamente, do devedor ou sujeito passivo – contribuinte – uma prestação em dinheiro. O foco dessa exigência é o acréscimo de riqueza, evidenciada pelo patrimônio, a renda e o consumo. No processo de criação ou mesmo no aumento dos tributos, o sujeito ativo (o Estado) se depara com certas limitações quando do exercício do poder de tributar. Essas limitações, denominadas princípios constitucionais tributários, visam proteger alguns direitos do contribuinte, mais especificamente, aqueles que aparecem como garantias individuais dos cidadãos – igualdade, legalidade, propriedade – e que compõem o núcleo imutável da Constituição. Na Constituição Federal, destacam-se os seguintes princípios ou limitações ao poder de tributar: 1.2.1. Isonomia e Igualdade Tributária A Constituição consagra o princípio da igualdade tributária quando proíbe a União, os estados, os municípios e o Distrito Federal de instituir tratamento desigual entre 22 contribuintes que se encontram em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida. (Art. 5º, caput, da CF/88). Pelo princípio da isonomia, a lei fiscal deve ser igual para todas as pessoas que se encontram nas mesmas condições, de fato, para contribuir, apontando para duas direções: generalidade – todos devem pagar tributos sem privilégios e uniformidade dos tributos – os tributos devem ser repartidos entre os cidadãos com idênticos critérios. Foi apoiado no princípio da isonomia que o Estado criou níveis de tributação diversos, como por exemplo, no imposto de renda das pessoas jurídicas, adicional de dez por cento quando a base de imposto ultrapassar R$ 20 mil no mês, R$ 60 mil no trimestre ou R$ 240 mil no ano; o sistema simplificado de tributação – SIMPLES – para aquelas empresas com menor capacidade de contribuição, e a tabela progressiva quando da tributação dos rendimentos das pessoas físicas. 1.2.2. Capacidade Contributiva O princípio da capacidade contributiva relaciona-se com o da igualdade tributária, pois aponta para a necessidade de os impostos serem graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte. Quem pode mais contribui com mais, quem pode menos contribui com uma parcela menor. De acordo com o princípio da capacidade contributiva, deve existir coerência entre o imposto instituído e a condição econômica de contribuir pela imposição tributária, e mantendo-se, sempre que possível, uma conexão entre a hipótese de incidência do imposto e a capacidade de geração de nova riqueza. A tributação progressiva do imposto decorre desse princípio, como, por exemplo, o pagamento do imposto de renda. Na pessoa física, há a tabela progressiva, na pessoa jurídica, há o adicional de 10% do IRPJ. A graduação de tributos de acordo com a capacidade contributiva não se trata deuma autorização nem mera recomendação ou mesmo um simples apelo para o legislador ordinário - graduar os impostos de acordo com a capacidade econômica dos contribuintes. Se a regra – matriz dos impostos – traçada na Constituição Federal – permitir, ele (legislador) deve, necessariamente, obedecer ao princípio da capacidade contributiva. No entanto, existem impostos que, por sua natureza, não permitem que se atenda ao princípio, como o ICMS. A carga econômica desse imposto é repassada para o preço da mercadoria e quem a suporta não é o contribuinte de direito – o comerciante, o industrial ou o produtor, mas o consumidor final da mercadoria. Para Carrazza (2008), não é da índole do ICMS ser graduado de acordo com a capacidade dos contribuintes nem dos impostos que, como ele, são chamados, pela ciência econômica, de indiretos. 1.2.3. Vedação ao Confisco A Constituição Federal de 1988 veda o uso da tributação como forma de expropriação de patrimônio. Essa vedação ao confisco tem sua origem na garantia constitucional ao direito de propriedade e é vinculada ao princípio da capacidade contributiva. 23 Por essa limitação, o Estado não pode instituir tributos excessivamente onerosos, que acarretem a perda do patrimônio ou da propriedade, como aconteceria no caso do confisco. Por esse princípio o Estado está impossibilitado de instituir tributo com efeito confiscatório. 1.2.4. Legalidade Segundo a Constituição Federal de 1988, ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Esse preceito constitucional consagra nosso Estado Democrático de Direito e representa a importância da existência de uma lei para se exigir do cidadão alguma obrigação. Ao lado dessa diretriz, no chamado Sistema Tributário Constitucional, encontra-se o princípio da legalidade, que proíbe a exigência ou o aumento de tributo sem que a lei o estabeleça, abrangendo também a concessão e a revogação de isenções e a restituição de tributos pagos indevidamente. A limitação imposta pelo princípio da legalidade não se restringe somente à existência de lei, pois o princípio da segurança jurídica, implícito no ordenamento jurídico brasileiro, concede ao contribuinte o direito de conhecer, com clareza e exatidão, os limites e o conteúdo de sua relação com o Estado. Dessa forma, há um forte vínculo entre esse e o princípio da legalidade - ambos fortalecem o Estado de Direito e visam evitar o arbítrio fiscal. Ligado à questão da segurança jurídica, temos o princípio da tipicidade, o qual, no Direito Tributário, requer que a lei defina completamente a figura da tributação, em todos os seus elementos constitutivos, porque só dessa forma seria possível realizar materialmente o princípio da legalidade e da segurança jurídica do contribuinte. 1.2.5. Imunidade Segundo o princípio da imunidade, não há a incidência de impostos para certas pessoas ou bens, pela relevância social que possuem ou pela importância da atividade que desempenham. Essa não incidência se dá apenas nos impostos sobre patrimônio, renda e serviços relacionados com as finalidades essenciais das entidades. São considerados serviços da entidade, aqueles diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos. Os requisitos para que as entidades tenham o direito à imunidade, previstos no Artigo 14 do CTN, são: a) Não terem finalidade lucrativa nem exercerem atividade comercial. b) Aplicarem, integralmente, seus recursos no País. c) Manterem a escrituração de suas receitas e despesas em livros próprios. d) Não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título. Pelo princípio da imunidade, não incidem impostos sobre templos de qualquer culto, partidos políticos, inclusive suas fundações, entidades sindicais dos trabalhadores e instituições de educação e de assistência social sem fins lucrativos. Além disso, não há 24 incidência sobre o papel destinado exclusivamente à impressão de jornais, periódicos e livros. 1.2.6. Irretroatividade e Anterioridade Existem dois princípios que regulam a vigência e a eficácia da lei tributária – irretroatividade e anterioridade. Pelo princípio da irretroatividade, é vedada a cobrança de tributo em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. A lei pode retroagir somente em caráter interpretativo e em benefício do contribuinte quando da definição ou redução de penalidade e desde que se trate de ato não definitivamente julgado. Pelo princípio da anterioridade, é proibida a cobrança de qualquer tributo sem lei publicada no ano anterior, com o objetivo de proteger o contribuinte em relação aos tributos que deverá suportar em um determinado ano-calendário. Dessa forma, a lei que instituir ou majorar tributos só repercutirá seus efeitos a atos ou negócios praticados a partir do primeiro dia do exercício seguinte ao de sua publicação. Os ditos impostos estratégicos − impostos de importação, exportação, sobre produtos industrializados, sobre operações financeiras, extraordinário na eminência ou no caso de guerra externa e os empréstimos compulsórios para atender despesas extraordinárias decorrentes de calamidades públicas e em caso de guerra externa − e as contribuições sociais − INSS, COFINS e CSLL − destinadas ao custeio da seguridade social são exceções a essa regra geral. Para as contribuições, a exigência somente poderá ocorrer após o 90º dia da data de publicação da lei e, para os impostos, no dia seguinte a sua publicação. Esse período de carência de 90 dias, conhecido como noventena, aplica-se ao IPI e também a outros tributos no caso de a lei ser publicada a menos de 90 dias do último dia do ano. Nessa circunstância, encontram-se o ICMS e o ISS, estando excetuado dela o imposto de renda submetido à regra geral. De acordo com a Constituição Federal existem ainda outras limitações ao poder de tributar, entre as quais vedação à limitação do tráfego de pessoas e bens entre as unidades da federação − Artigo 150, V −, princípio geral da uniformidade tributária − Artigo 151, I −, princípio da não cumulatividade − IPI e ICMS. Enfim, as taxas não podem ter a mesma base de cálculo dos impostos. 25 Exercício proposto nº 1 1) No Brasil existem cinco diferentes espécies tributárias, que são exigidas das empresas pelas entidades da Federação, de acordo com a competência atribuída a cada uma delas na CF/88. Acerca das espécies tributárias, é CORRETO afirmarmos que: a) ( ) As taxas são espécies tributárias cobradas em decorrência do exercício do poder de polícia e por serviço público indivisível, prestado ou colocado à disposição. b) ( ) As contribuições especiais subdividem-se em sociais de caráter geral, sociais para as categorias profissionais, de intervenção no domínio econômico e para a Seguridade Social. c) ( ) Os impostos destinam-se ao custeio de atividade determinada e específica, exercitável por entidade estatal ou paraestatal e dedicada à realização de uma função de interesse público. d) ( ) Os empréstimos compulsórios não são restituíveis e foram criados para atender às necessidades públicas não urgentes, em geral, obras de grande porte em que são necessários muitos anos. 2) Um município do interior do Rio de Janeiro instituiu um tributo para ser cobrado quando da realização de uma obra pública, da qual decorre, para os proprietários de imóveis adjacentes, uma valorização de sua propriedade. Sobre a situação hipotética acima e à luz da Constituição Federal do Brasil em vigor, podemos dizer que se trata de: a) ( ) Imposto b) ( ) Contribuição de melhoria c) ( ) Empréstimo compulsório d) ( ) Taxa de serviço público específico 3) Naconstituição Federal estão expostos os princípios ou limitações ao poder de tributar. Dessa forma, NÃO constitui um desses casos a: a) ( ) Obrigação tributária b) ( ) Vedação ao confisco c) ( ) Igualdade ou isonomia d) ( ) Capacidade contributiva 4) É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar imposto sobre o patrimônio e a renda com base em lei posterior à data inicial do exercício financeiro a que corresponda. É correto afirmarmos que essa regra consagra o princípio doutrinário da: a) ( ) Isonomia tributária b) ( ) Legalidade tributária c) ( ) Anterioridade da lei tributária d) ( ) Irretroatividade da lei tributária 26 5) Com relação aos conceitos dos princípios tributários, sabemos que existem dois princípios que regulam a vigência e a eficácia da lei tributária – irretroatividade e anterioridade. Sobre o princípio da irretroatividade, é correto afirmarmos que ele aponta para: a) ( ) Duas direções – todos devem pagar tributos sem privilégios e os tributos devem ser repartidos entre os cidadãos com idênticos critérios. b) ( ) A necessidade de os impostos serem instituídos segundo a condição econômica do contribuinte, que deve contribuir para o erário depois de excluídas suas necessidades básicas. c) ( ) Uma direção – a cobrança de tributo em atos ou negócios praticados a partir do primeiro dia do exercício seguinte ao de sua publicação, ou seja, da lei que instituir ou majorar tributos. d) ( ) A aplicação da lei a caso pretérito em caráter imperativo e em benefício do contribuinte quando da definição ou redução de penalidade e desde que se trata de ato não definitivamente julgado. 6) Na concepção do CTN, o crédito tributário só passa a existir em um momento posterior ao fato gerador, quando da realização de um ato administrativo que o torna exigível, chamado lançamento. Assim é CORRETO afirmarmos que o lançamento contempla a: a) ( ) Determinação da matéria tributável b) ( ) Especificação do alcance do texto legal c) ( ) Interpretação de determinada situação jurídica d) ( ) Verificação da ocorrência da elisão e evasão fiscal 7) Um dos principais objetivos no planejamento tributário é minimizar a carga tributária que onera os preços de produtos, mercadorias e serviços e afeta a lucratividade das empresas. Na dinâmica empresarial, evitar, reduzir ou adiar os encargos tributários configuram-se possibilidades lícitas. Todavia, podemos dizer que consistem em EXCEÇÃO quando: a) ( ) São empregados contratos, estruturas jurídicas e societárias permitidas. b) ( ) São praticados atos jurídicos simulados com a intenção de postergar ou evitar a ocorrência do fato gerador. c) ( ) Há possibilidade de escolher entre duas ou mais alternativas tributárias, ainda que o fato gerador já tenha ocorrido. d) ( ) São revestidos os atos praticados no exercício das atividades empresariais de uma forma jurídica existente na imensa e complexa legislação brasileira. 8) Na concepção do CTN, o crédito tributário só passa a existir em um momento posterior ao fato gerador, quando da realização de um ato administrativo que o torna 27 exigível, chamado lançamento. A partir do exposto acima, podemos afirmar que NÃO constitui uma atividade inerente ao ato do lançamento: a) ( ) O cálculo do tributo devido b) ( ) A declaração de concordata c) ( ) A identificação do sujeito passivo d) ( ) A determinação da matéria tributável 9) Compete à autoridade administrativa fazer o lançamento, em um procedimento administrativo, para comprovar a existência e apurar a dívida. Existem três modalidades de lançamento tributário – por declaração, de ofício e por homologação. É CORRETO afirmarmos acerca do lançamento por homologação que: a) ( ) Configura-se ato privativo do Fisco, estabelecendo-se, dessa maneira, uma única modalidade de lançamento. b) ( ) O contribuinte é quem apura previamente o fato gerador, a base de cálculo, o quantum do tributo e o pagamento. c) ( ) O contribuinte ou terceiro presta informações ao Fisco sobre a matéria de fato, com o intuito de possibilitar a formalização do lançamento do tributo. d) ( ) Aplica-se também aos procedimentos de revisão, reexame ou fiscalização, quer no tocante à obrigação principal, quer relativamente às obrigações acessórias. 10) Os principais aspectos relacionados à instituição do tributo são o material, temporal, pessoal, espacial e quantitativo. Em relação ao aspecto temporal, é CORRETO afirmarmos que: a) ( ) O principal foco de atenção do gestor de tributos. b) ( ) Algo retirado do cotidiano, ao qual o direito confere efeitos. c) ( ) O indicativo que relaciona o tempo com o núcleo da hipótese de incidência. d) ( ) Importante para a exata aplicação da lei vigente à época da ocorrência do fato gerador. 28 Exercício proposto nº 2 Preencha a lacuna com as alternativas abaixo, de modo a completar o conceito. 1) A __________________ pode ser principal prestação de dar – ou acessória – prestação de fazer ou não alguma coisa. 2) _________________. Valor cobrado na comercialização de produtos e mercadorias ou na prestação de serviços. 3) ____________________________. Conjunto metódico e sistemático de disposições legais concernentes ao Sistema Tributário Nacional. 4) ______________________. Norma contábil pela qual se apuram os resultados do exercício, considerando-se os pagamentos e recebimentos efetuados no período. 5) ____________________. Em Direito Tributário é a grandeza econômica sobre a qual se aplica a alíquota para calcular a quantia a pagar. 6) ____________________. Pessoa que pela lei é obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Base de cálculo; Regime de caixa; Código Tributário Nacional; Sujeito passivo; obrigação tributária; Faturamento; 29 Exercício proposto nº 3 Preencha a lacuna com as alternativas abaixo, de modo a completar o conceito. 1) Sujeito __________. Pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento. 2) Fato ____________. Fato ou conjunto de fatos que determina a aplicação legal de um tributo. 3) Princípio da ____________. Disposição de reconhecer igualmente o direito de cada um. Corresponde à igualdade, retidão, equanimidade. 4) São espécies ______________: os impostos, as taxas, as contribuições de melhoria, as contribuições especiais e os empréstimos compulsórios. 5) _______________ Tributária. Comando destinado ao legislador, proibindo-o de tratar contribuintes que estejam na mesma situação tributária com regimes ou condições diferenciadas. 6) O ______________ societário é a relação societária em que a sociedade controladora é titular de direitos que lhe assegure, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais. 7) _______________ é o critério legal, normalmente expresso em porcentagem que, aplicada à base de cálculo, permite determinar a quantia devida a título de tributo. 8) ________________. Extinção de um direito por haver decorrido o prazo legal pré- fixado para o exercício dele. 9) _______________. Custo menor do que o valor da participação no patrimônio líquido da controlada ou coligada. 10) ______________. Ato pelo qual se apreendem e se adjudicam ao fisco bens pertencentes a outrem. alíquota; confisco; deságio; ativo; decadência; gerador; equidade; tributárias; igualdade; controle; 30 CAPÍTULO 2 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 31 2.1. CONCEITOS O planejamento tributário consiste em procurar por meios legais, evitar a incidência, reduzir o montante ou adiar o ônus tributário, e tem fundamento em princípios constitucionalmente previstos como a liberdadede iniciativa (art. 1°, IV e 170 caput da CF/88), na livre concorrência (art. 170, IV CF/88) e nas liberdades previstas ao longo do art. 5° da CF/88, que expressam a liberdade do indivíduo de organizar sua vida, principalmente no que tange a liberdade contratual, bem como no principio da legalidade e na garantia do direito de propriedade. Planejamento tributário pode ser definido também como sendo um conjunto de medidas contínuas que visam à economia de tributos, de forma legal, com vistas a possibilitar que a empresa pague menos imposto, evitando, no entanto, a evasão fiscal, que, ao contrário de elisão fiscal, consiste em prática que infringe a lei. Trata-se de uma escolha de ação ou omissão lícita, não simulada, anterior à ocorrência do fato gerador, que vise, direta ou indiretamente, minimizar a carga e evitar contingências fiscais, lembrando sempre que o bom senso é o melhor caminho, pois, existem alternativas que são válidas para uma empresa, mas podem não ser válidas para outras, sendo de fundamental importância um estudo preventivo, onde sejam verificados os efeitos jurídicos e econômicos menos onerosos. Conforme Oliveira (2003), planejamento tributário é a atividade empresarial que, desenvolvendo-se de forma estritamente preventiva, projeta os atos e fatos administrativos com o objetivo de informar quais os ônus tributários em cada uma das opções legais disponíveis. Por definição, o objeto do planejamento tributário é a economia tributária. Dentre as várias opções legais, o administrador procura orientar sua conduta de forma a evitar, sempre que possível, o procedimento mais oneroso do ponto de vista fiscal. Correa (2006) define planejamento tributário como ―o estudo, a organização e a implementação de ações que permitam às empresas garantir economia nos gastos com tributos‖. Complementa afirmando que estes procedimentos somente são válidos se efetuados em conformidade com os normativos que regem o sistema tributário nacional, por meio de prática de negócios jurídicos dentro da legalidade, e que se apresentem como opções com menor ônus fiscal. Nem sempre o fato de um contribuinte pagar menos imposto do que outro que exerce atividade semelhante a sua, constitui infração. De acordo com Nogueira (1986): "Às vezes pode estar errado o que vem pagando mais em consequência de má organização, de errôneas classificações ou pela falta de se enquadrar em vantagens fiscais, isenções ou mesmo incentivos fiscais‖ (NOGUEIRA, 1986). Planejamento tributário é um processo de escolha porque pressupõe necessariamente a existência e a análise dos efeitos fiscais de duas ou mais alternativas possíveis, que sempre se materializa através de uma ação ou omissão do sujeito passivo da obrigação tributária, que impede ou retarda a ocorrência futura do fato gerador, ou reduz os seus efeitos econômicos. Tal ação ou emissão tem, obrigatoriamente, que ser lícita, ou seja, prevista ou não proibida por lei, e não simulada, ou seja, em que a forma jurídica 32 adotada corresponda à efetiva intenção das partes. Assim preceitua o Código Civil Brasileiro em seu artigo 102: "Art. 102. Haverá simulação nos atos jurídicos em geral: I – quando aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas das quem realmente se conferem, ou transmitem; II – quando contiverem declaração, confissão, condição, ou cláusula não verdadeira; III – quando os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. De acordo com Fabretti (2006): "O estudo feito preventivamente, ou seja, antes da realização do fato administrativo, pesquisando-se seus efeitos jurídicos e econômicos e as alternativas legais menos onerosas, denomina-se Planejamento Tributário, que exige antes de tudo, bom senso do planejador" (FABRETTI, 2006). Assim, é fundamental que a ação ou omissão de planejamento tributário seja praticada e formalizada antes da ocorrência do fato gerador, pois, se praticada e formalizada depois da ocorrência do fato gerador, com objetivo impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador, ou reduzir os seus efeitos econômicos, é considerada fraude, por implicar sonegação fiscal. A relação custo/benefício deve ser muito bem avaliada. Há alternativas legais válidas para grandes empresas, mas que são inviáveis para as médias e pequenas, dado o custo que as empresas, necessárias para execução desse planejamento podem exigir. O perigo do planejamento tributário mal feito é redundar em evasão fiscal, que é a redução da carga tributária descumprindo determinações legais e que é classificada como crime de sonegação fiscal (Lei nº 8.137/90). A forma de evitar contingências fiscais depende do nível de gestão fiscal da empresa, representado basicamente pela qualidade da organização contábil (adequado registro contábil e o correto enquadramento fiscal dos atos, dos negócios e das transações realizadas) e pela eficiência no controle e na prestação de informações tributárias ao Fisco. 2.2. CLASSIFICAÇÃO Pode-se classificar o planejamento tributário através dos seguintes critérios: De acordo com a conduta do agente, pode ser: comissivo, com a utilização de expedientes técnico-funcionais, por exemplo, a triangulação no ICMS; ou omissivo, pela simples não realização da conduta descrita na norma, por exemplo, não comprar a mercadoria. Pelo critério das áreas de atuação, pode ser: administrativo, através de intervenções diretamente no sujeito ativo, por exemplo, a consulta fiscal; judicial, através do pleito 33 de tutela jurisdicional, como em ação declaratória de inexistência de débito fiscal; ou interno, os atos realizados dentro da própria empresa, como o comitê de planejamento tributário. Considerando o objetivo, pode ser: anulatório, empregando-se estruturas e formas jurídicas a fim de impedir a concretização da hipótese de incidência da norma; redutivo, utilizando-se formas e estruturas que concretizem hipótese de incidência menos onerosa, como na norma de cobertura ou na isenção parcial; e postergativo, visando ao deslocamento da ocorrência do fato gerador ou procrastinação do lançamento ou pagamento do imposto, exemplo, a denúncia espontânea. Do prisma dos expedientes utilizados, o planejamento pode ser: Indireto: interpor outra relação jurídica entre o negócio objetivado; Omissivo: ou evasão imprópria, a simples abstinência da realização da hipótese de incidência, por exemplo, a importação proibitiva de mercadorias com altas alíquotas, como carros importados; Induzido: quando a própria lei favorece (por razões extrafiscais) a escolha de uma forma de tributação, através de incentivos e isenções, por exemplo, a compra de mercadorias importadas através da Zona Franca de Manaus; Optativo: elegendo-se a melhor fórmula elisiva entre as opções dadas pelo legislador, por exemplo, opção entre a tributação do IR pelo lucro real ou presumido; Interpretativo: ou lacunar, em que o agente utiliza-se das lacunas e imprevisões do legislador, por exemplo, a não incidência do ISS sobre transportes intermunicipais; ou, Metamórfico: ou transformativo, forma atípica que se utiliza da transformação ou mudança dos caracteres do negócio jurídico a fim de alterar o tributo incidente ou aproveitar-se de um benefício legal. Por exemplo, a transformação da sociedade comercial em cooperativa (menor ônus tributário no regime jurídico pátrio). Posta a classificação, deve-se atentar ao planejamento tributário em seus limites legais e éticos. 2.3. NÃO INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA A exclusão, a redução ou o adiamento dos encargos tributários – que oneram os preços e afetam a lucratividade das empresas, se torna possível em razão da liberdade para escolher a forma jurídica, entre as opções legais existentes, que as pessoas têm para revestir os atos praticadosno exercício das atividades empresariais (contratos, estruturas jurídicas e societárias permitidas) e também graças à imensa e complexa legislação tributária no Brasil. A incidência tributária pode ser evitada ou impedida com o não acontecimento da hipótese prevista em lei, ou seja, a ação deve anteceder, necessariamente, a ocorrência 34 do fato gerador do tributo, e, mesmo ocorrido o fato gerador, ainda há a possibilidade de escolha entre duas ou mais alternativas concedidas em lei, como, por exemplo, tributar pelo lucro real ou lucro presumido. Ou pagar juros sobre o capital próprio, uma alternativa econômica para as empresas tributadas com base no lucro real, como forma de complementar as retiradas mensais de sócios e dirigentes. Essa modalidade de planejamento tributário, denominada de indutivo, diz respeito ao cálculo do imposto ou à apuração de sua base de cálculo. A forma jurídica escolhida somente não será válida se houver a dissimulação da situação de fato, ou seja, não corresponder à realidade econômica típica do evento. Portanto, não poderá o contribuinte ser impedido de escolher em arrendar um bem em vez de realizar sua aquisição. 2.4. ELISÃO E EVASÃO FISCAL Elisão fiscal é o mesmo planejamento tributário, é a execução de procedimentos, antes do fato gerador, legítimos, éticos, para reduzir, eliminar ou postergar a tipificação da obrigação tributária, caracterizando, assim, a legitimidade do planejamento tributário. O planejamento tributário surge muitas vezes das brechas encontradas na legislação e, por isso mesmo, há defensores de que o sistema tributário deveria ser simples, acreditando que, dessa maneira, o legislador estaria protegido da elisão. Na elisão fiscal, o contribuinte identifica a hipótese de incidência de uma obrigação tributária mais onerosa e, preventivamente, constrói caminhos ou alternativas juridicamente lícitas para evitar o campo de incidência do tributo ou dele se desviar. Por exemplo: para uma empresa optante pelo lucro presumido e que tenha faturamento relevante a prazo, é viável optar por calcular e recolher os tributos federais pelo regime de caixa uma vez que assim procedendo somente pagaria pela receita efetivamente recebida. O planejamento tributário preventivo – elisão fiscal – deve anteceder a ocorrência do fato gerador, quando o contribuinte ainda pode escolher entre as opções legais disponíveis. Praticamente todos os negócios lícitos que tenham como objetivo escapar à tributação, juridicamente válidos e realizados pelo contribuinte antes do surgimento da obrigação tributária, encontram-se no campo da elisão fiscal. Em oposição à elisão, está a evasão fiscal, que é a ocultação de um evento tributável já ocorrido por meio de condutas simuladas, fraudulentas ou omissivas com o objetivo de escapar total ou parcialmente do pagamento do tributo. Evasão Fiscal são procedimentos adotados após o fato gerador, por exemplo, a omissão de registros em livros fiscais próprios, utilização de documentos inidôneos na escrituração contábil e a falta de recolhimento de tributos apurados. De acordo com Malkowski (2000) ―A evasão tributária designa a fuga de pagar tributo, onde o individuo adota procedimentos ilícitos como artifício para mascarar o fato gerador‖. Nessa mesma linha Fabretti (2005), afirma que a evasão fiscal é cometida após a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária com objetivo de fugir ou ocultá-la. 35 Da mesma forma, será ilícita a elisão quando o contribuinte recorrer a formas jurídicas artificiais, anormais, inadequadas ao negócio que pretende realizar e com o fim exclusivo de obter vantagem tributária. O principal critério de distinção entre elisão e evasão fiscal é justamente a localização temporal dos atos e negócios praticados pelo sujeito passivo. No entanto, a elisão também se diferencia por outro importante aspecto, a veracidade e validade do negócio jurídico. Assim, será ilícita a elisão quando o contribuinte recorrer a formas jurídicas artificiais, anormais, inadequadas ao negócio que pretende realizar e com o fim exclusivo de obter vantagem tributária. Um termo mais recentemente utilizado é o de elusão fiscal, que Heleno Tôrres (2003) conceitua como uma figura no meio termo entra a evasão e elisão fiscal, a qual ocorreria nos casos em que o contribuinte tenha praticados atos que, apesar de lícitos, são desprovidos de causas negociais tendo sido realizados com fraude à lei ou abuso de direito, nos termos do art. 166 IV e 187 do Código Civil. Os autores costumam, portanto, adotar a seguinte terminologia para a diferenciação destas figuras: Ocorrência do fato gerador / Nascimento da obrigação tributária Licitude dos atos Elisão Antes ou depois Lícitos Evasão Antes ou depois Ilícitos Elusão Antes mas com posterior descaracterização Lícitos, mas com fraude à lei ou abuso de direito. Planejamento Tributário Antes Lícito 2.5. SONEGAÇÃO E INADIMPLÊNCIA FISCAL A sonegação fiscal decorre de atos simulados após a ocorrência do fato gerador, onde o individuo adota procedimentos ilícitos como artifício para mascarar, impedir ou retardar, total ou parcialmente a ocorrência da obrigação tributária de modo a reduzir o montante do imposto devido. Os crimes de sonegação fiscal recebem a denominação de crimes contra a ordem tributária, conforme artigos 1º e 2º da Lei nº 8.137/90, onde se encontra o rol de condutas que podem constituir crime contra a ordem tributária. Portanto, que os delitos considerados sonegações fiscais (crimes contra a ordem tributária e apropriação indébita previdenciária), são verdadeiras fraudes, simulações, falsificações, apropriações indevidas etc. A partir da promulgação da Lei nº 9.983, de 14 de Julho de 2000, o crime de apropriação indébita previdenciária foi tipificado no artigo 168-A do CP, criminalizando penalmente a conduta dos agentes que eventualmente deixem de repassar ou de recolher no prazo legal à Previdência Social as contribuições 36 previdenciárias, ou mesmo deixem de pagar benefício devido a segurado, indicando que tais agentes, por tais condutas omissivas, estariam praticando crime, sujeitos a prisão e multa. Inadimplência Fiscal é caracterizada pela falta de pagamento. Segundo o dicionário Aurélio, o termo inadimplência é um substantivo feminino que significa: ―o não cumprimento de algo‖. Assim, o simples fato de não pagar um tributo, dentro do prazo de vencimento, caracterizará uma mera inadimplência fiscal ou inadimplemento de uma obrigação tributária de natureza não criminal. A inadimplência fiscal não é delito criminal e conduz tão somente à aplicação das penalidades administrativas cabíveis e à inscrição em dívida ativa. Entretanto, na hipótese do contribuinte deixar de repassar aos cofres públicos valores descontados ou retidos, pode se caracterizar como prática de apropriação indébita, passível de detenção e multa. 2.6. ALTERNATIVAS DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO Como já mencionado, planejamento tributário é o conjunto de ações que, respaldadas em lei, ou não proibidas pela lei, que tornam mais econômica determinada atividade sujeita à incidência fiscal. Mas para que se faça um planejamento tributário com segurança recomenda-se a simulação de cenários, para permitir a melhor alternativa para o negócio, e, dessa forma de evitar que de façam generalizações baseadas no que os outros dizem, mas nem sempre adequadas à realidade de determinada empresa ou atividade. Assim, o Planejamento Tributário de uma empresa se inicia pela escolha do regime de tributação do Imposto de Renda, que determinará a forma de apuração e recolhimento de outros tributos como a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) e a PIS/COFINS. Esta escolhe dependerá de diversos fatores, entre os quais se destacam:
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