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CALÚNIA Previsão típica; Objetividade jurídica; A calúnia está definida no art. 138 do CP. Calúnia é o fato de atribuir a outrem, falsamente, a prática de fato definido como crime (CP, art. 138, caput). O CP tutela a honra objetiva (reputação). Elementos subjetivos do tipo:O elemento subjetivo do tipo do crime da calúnia é, em primeiro lugar, o dolo de dano. Pode ser direto, quando o sujeito tem a intenção de sujar a reputação da vítima, e eventual, quando tem dúvida sobre a veracidade da imputação. O § 1º do art. 138 exige o dolo direto. Fato definido como crime: Para a configuração do delito é necessário que o sujeito atribua ao ofendido, falsamente, a prática de fato definido como crime. Se há atribuição de prática de contravenção, não existe a tipicidade do fato como calúnia, subsistindo o delito de difamação. Formas de calúnia: A calúnia pode ser: 1º) inequívoca ou explícita, ex.: "fulano de tal é o sujeito que a polícia está procurando pela prática de vários estupros"; 2º) equívoca ou implícita, ex.: "não fui eu que, durante muitos anos, me agasalhei nos cofres públicos"; 3º) reflexa, ex.: dizer que um Promotor Público deixou de denunciar um indiciado porque foi subornado. No caso, o indiciado também é vítima de calúnia. Consumação e Tentativa: O momento consumativo da calúnia ocorre no instante em que a imputação chega ao conhecimento de um terceiro que não a vítima. Não é necessário que um número indeterminado de pessoas tome conhecimento do fato, sendo suficiente que apenas uma pessoa saiba da atribuição falsa. A calúnia verbal não admite a figura da tentativa. Ou o sujeito diz a imputação, e o fato está consumado, ou não diz, e não há conduta relevante para o Direito Penal. Já a calúnia escrita admite a tentativa. Ex.: o sujeito remete uma carta caluniosa e ela se extravia. O crime não atinge a consumação, por intermédio do conhecimento do destinatário, por circunstâncias alheias à vontade do sujeito. Exceção da verdade: Exceção da verdade (exceptio veritatis) é a prova da veracidade do fato imputado. Como vimos, para existir calúnia, é necessário que seja falsa a imputação. Logo, quando verdadeira, inexiste o delito. Assim, provando o sujeito que está sendo processado por calúnia que a imputação era verdadeira, e que o ofendido realmente praticou o fato definido como crime, deve ser absolvido por ausência de tipicidade. Nos termos da figura típica, calúnia é a imputação falsa do fato descrito como crime. Se a imputação não é falsa, mas verdadeira, inexiste tal delito por ausência de adequação típica. Mas, nem sempre o réu pode provar a verdade. Há casos que, pela sua natureza, não permitem a exceção da verdade. Pena: A pena imposta ao autor de calúnia é de detenção, de seis meses a dois anos, e multa. É aumentada de um terço em quatro casos (CP, art. 141): 1º) ofensa contra o Presidente da República ou Chefe de Governo estrangeiro (I); 2º) fato cometido contra funcionário público, em razão da função (II); 3º) conduta realizada na presença de, pelo menos, três pessoas (III, 1ª parte). Quando o CP se contenta com "duas ou mais pessoas", di-lo expressamente (arts. 150, § 1º; 155, § 4º, IV; 226, I etc.); 4º) crime cometido por meio que divulgue a ofensa, como alto-falante, cinema, pintura, cartazes etc. (III, 2ª parte). Se a calúnia é cometida mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro (parágrafo único). DIFAMAÇÃO Previsão típica; Objetividade jurídica; Difamação é o fato de atribuir a outrem a prática de conduta ofensiva à sua reputação (CP, art. 139, caput). O legislador protege a honra objetiva (reputação). Difere da calúnia e da injúria. Enquanto na calúnia existe imputação de fato definido como crime, na difamação o fato é meramente ofensivo à reputação do ofendido. Além disso, o tipo da calúnia exige o elemento normativo da falsidade da imputação, o que é irrelevante no delito de difamação, salvo na hipótese do parágrafo único do art. 139. Enquanto na injúria o fato versa sobre qualidade negativa da vítima, ofendendo-lhe a honra subjetiva, na difamação há ofensa à reputação do ofendido, versando sobre fato a ela ofensivo. Sujeito ativo e passivo: Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo e passivo. Conforme vimos, inclusive a pessoa jurídica pode ser vítima desse delito. Elementos subjetivo do tipo: O elemento subjetivo do crime de difamação é duplo. Exige-se dolo de dano, direto ou eventual. Além do dolo, o crime exige um elemento subjetivo do tipo, que se expressa no cunho de seriedade que o sujeito imprime à sua conduta, como vimos no capítulo da introdução ao estudo dos crimes contra a honra. Consumação e tentativa: A difamação atinge o momento consumativo quando um terceiro, que não o ofendido, toma conhecimento da imputação ofensiva à reputação. Quanto à tentativa, é inadmissível quando se trata de fato cometido por intermédio da palavra oral. Tratando-se, entretanto, de difamação praticada por meio escrito, é admissível. Exceção da verdade: Nos termos do art. 139, parágrafo único, do CP, a exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa o exercício de suas funções. O tipo delitivo não exige a falsidade da imputação, como ocorre na calúnia. Aqui, em regra, é irrelevante que o fato seja falso ou verdadeiro. Excepcionalmente, entretanto, o legislador permite a prova da verdade quando se trata de imputação de fato ofensivo à reputação de funcionário público, desde que haja relação causal entre a ofensa e o exercício de suas funções. O fundamento reside no resguardo da honorabilidade do exercício da função pública. Pena: O CP, para o autor da difamação, decreta pena de detenção, de três meses a um ano, e multa. A pena é aumentada de um terço se o fato é cometido contra o Presidente da República, por motivo particular, ou Chefe de Governo de nação estrangeira; contra funcionário público, em razão da função; na presença de três ou mais pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da ofensa (CP, art. 141, I a III). Se a difamação é praticada mediante paga ou promessa de recompensa, a pena é aplicada em dobro (parágrafo único). INJÚRIA Previsão típica; Objetividade jurídica; Injúria é a ofensa à dignidade ou ao decoro de outrem. O CP, por intermédio da incriminação (art. 140), protege a honra subjetiva, que constitui o sentimento próprio a respeito dos atributos físicos, morais e intelectuais de cada um. Dignidade é o sentimento próprio a respeito dos atributos morais do cidadão. Elementos subjetivo do tipo: A injúria é punida a título de duplo elemento subjetivo. Em primeiro lugar, exige-se o dolo de dano, direto ou eventual, consubstanciado na vontade e o sujeito causar dano à honra subjetiva da vítima (honra-dignidade e honra-decoro). O dolo de dano, entretanto, não é suficiente para integrar o tipo. É imprescindível que o sujeito aja com o denominado elemento subjetivo do tipo (ou elemento subjetivo do injusto), e que imprima seriedade à sua conduta. Consumação e tentativa: A injúria atinge a consumação no momento em que o ofendido toma conhecimento da imputação de qualidade negativa, sendo prescindível que o fato seja cometido na sua presença. Assim, é irrelevante que a injúria seja proferida na frente da vítima ou que lhe chegue ao conhecimento por intermédio de terceiro. Incorreta a posição, com fundamento na doutrina italiana, de que o delito exige a presença da vítima. Pena: A injúria é punida com detenção, de um a seis meses, ou multa. A pena é aumentada de um terço se a injúria é cometida: I - contra o Presidente da República ou Chefe de Governo de nação estrangeira; II - contra funcionário público, em razão de suas funções; III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da ofensa (art. 141). Se o sujeito pratica o fato mediante paga ou promessa de recompensa, a pena é aplicada em dobro (art. 141, parágrafo único). A injúria real é punida com pena de detenção, de três meses a um ano e multa, além da sanção cominada à violência (CP, art. 140, § 2º). Cuidando- se de injúria motivada por preconceito de raça, cor etc., a pena é de reclusão, de um a três anos, além de multa (§ 3º). As circunstâncias do art. 141 e a ação penal serão estudadas em capítulo à parte. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 22ª edição, revista e atualizada - 1999 Jesus, Damásio E. de (Damásio Evangelista de), 1935- Direito penal / Damásio E. de Jesus. - São Paulo, Saraiva, 1999. Conteúdo: V. 1. Parte geral. 23. ed. rev. e atual. - v. 2. Parte especial: Dos crimes contra a pessoa. Dos crimes contra o patrimônio. 22. ed. rev. e atual. - v. 3. Parte especial: Dos crimes contra a propriedade imaterial a Dos crimes contra a paz pública. 14. ed. rev. E atual. - v. 4. Parte especial: Dos crimes contra a fé pública a Dos crimes contra a administração pública. 9. ed.
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