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ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ DIREITO DAS OBRIGAÇÕES Obrigações: conjunto de normas (regras e princípios jurídicos) reguladoras das relações patrimoniais entre um credor (sujeito ativo), e um devedor (sujeito passivo), sendo esse último a quem incumbe o dever de cumprir, espontânea ou coativamente, uma prestação de dar, fazer ou não fazer. A relação obrigacional é composta por três elementos fundamentais: a) Subjetivo ou pessoal: Sujeito ativo (credor) e sujeito passivo (devedor). b) Objetivo ou material: a prestação c) Ideal, imaterial ou espiritual: o vínculo jurídico. Diferença entre direitos reais x direitos pessoais: O direito obrigacional trata dos direitos pessoais, já que a relação jurídica é entre duas ou mais pessoas; os direitos reais recaem diretamente sobre a coisa. Ambos possuem, porém, um conteúdo patrimonial. Quanto ao objeto: DR → Coisa DP → Prestação Quanto ao sujeito: DR → Indeterminado DP → Determinado Quanto à duração: DR → Indeterminado DP → Transitório Quanto à formação: DR → Sujeito – Coisa DP → Sujeito – Sujeito Quanto ao exercício: DR → Diretamente DP → Indiretamente Explicando: Os DR são dados pela lei; já os DP são infinitos, não determinados na lei, ou seja, não é possível determinar o número máximo de obrigações possíveis. Os DR recaem sobre um objeto corpóreo, já os DP focam nas relações humanas, no sujeito passivo, ou seja, há sujeito predeterminado. Os DR, logo, são direitos absolutos oponíveis contra todos (erga omnes), e todo mundo é sujeito passivo em potencial, exemplo: ao comprar um objeto, ninguém pode pegar sem a sua permissão. Nesses, só há sujeito passivo determinado se houver violação. Os DP são relativos, ou seja, a prestação só pode ser exigida ao devedor. Nos DR, o poder é exercido sobre o objeto de forma imediata e direta. Já nos DP, o poder surge de uma cooperação: de um sujeito ativo, outro passivo e a prestação. Os DR concedem a fruição de bens; os DP concedem o direito a uma prestação de uma pessoa. O DR tem caráter permanente, ou seja, não há prazo para o exercício do direito de propriedade. Nos DR o caráter é temporário, ou seja, ao fim da prestação se extingue a obrigação. A dívida pode existir, mas prescreve o direito de cobrança. A relação entre credor e devedor é transitória; se fosse ao contrário, remontaria à condição de escravo. ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ Os DR, ainda, podem ser posteriores a uma relação obrigacional anterior, exemplo: relação de posse (pessoa – roupa) por meio da compra (relação pessoa – pessoa). Figuras híbridas: A doutrina menciona a existência de figuras intermédias, que se situam entre o direito pessoal e o direito real. Híbrido é o que se origina do cruzamento de espécies diferentes. a) Obrigações propter rem: são as obrigações que recaem sobre uma pessoa, por força de determinado direito real. Existe em razão da situação jurídica do obrigado, seja de titular do domínio ou de detentor de determinada coisa. Surgem pela força da lei, atreladas a direitos reais, mas não se confundindo. Essa obrigação pode ser transferida a eventuais novos ocupantes do imóvel, por isso ser chamada também de obrigação ambulatória. São concebidas como ius ad rem (direitos por causa da coisa, advindos da coisa). Sempre que a indeterminabilidade do credor ou do devedor for da própria essência da obrigação examinada. Exemplo: obrigação imposta, aos proprietários e inquilinos de um prédio, de não prejudicarem a segurança, o sossego e a saúde dos vizinhos; obrigação imposta ao condômino de concorrer para as despesas de conservação da coisa comum; a obrigação de, no condomínio em edificações, não alterar a fachada do prédio... b) Ônus reais: são obrigações que limitam o uso e gozo da propriedade, ou seja, que limitam a fruição e a disposição da propriedade. Representam direitos sobre coisa alheia e prevalecem erga omnes. Logo, o uso, a habitação, o usufruto, a hipoteca, o penhor, dentre outros, são exemplos de ônus reais. Em todos eles existem limitações por parte do proprietário sobre a coisa, cada qual com sua particularidade. c) Eficácia real Elemento subjetivo: os sujeitos da relação obrigacional O credor é o titular do direito de crédito, ou seja, o detentor do poder de exigir, em caso de inadimplemento, o cumprimento coercitivo (judicial) da prestação pactuada. O devedor é a parte a quem incumbe o dever de efetuar a prestação. Para que haja a existência jurídica da obrigação, os sujeitos da relação (tanto físicas como jurídicas) devem ser determinadas (quando Maria torna-se credor de José por meio de um contrato, sendo ambos identificados no título negocial, por exemplo) ou determináveis. Poderá haver a indeterminação subjetiva ativa na relação obrigacional quando há a promessa de recompensa, por exemplo. Há a declaração unilateral da vontade: caso a outra pessoa se adeque aos requisitos, há o contrato, mas esse ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ não é feito previamente com uma pessoa já determinada e selecionada. Não se sabe quem será o credor previamente. Poderá, também, haver a indeterminação subjetiva passiva da relação obrigacional, quando não se pode especificar quem é o devedor da obrigação. Ocorre quando, por exemplo, a taxa condominial é uma prestação compulsória, vinculada à propriedade do imóvel, não importando quem seja, efetivamente, seu titular. É o caso das obrigações propter rem, prestações de natureza pessoal que acedem a um direito real, acompanhando-o em todas as suas mutações. A obrigação não possui sujeito determinado, sendo certo apenas que a pessoa que adquirir ficará sujeita ao cumprimento. Figuras secundárias ou coadjuvantes: os representantes, que podem ser legais, como pais, tutores e curadores, ou voluntários, como os mandatários, agem em nome e no interesse de qualquer um dos sujeitos principais da relação obrigacional; e os núncios, que são meros transmissores da vontade do declarante, ou seja, mensageiros da vontade de outrem, sem interferirem efetivamente na relação jurídica. Objeto da relação a) Objeto direto ou imediato: é a própria atividade positiva (ação) ou negativa (omissão) do devedor, satisfativa do interesse do credor. Tecnicamente, esta atividade é denominada prestação, que terá sempre um conteúdo patrimonial. b) Objeto indireto ou mediato: trata-se do objeto da própria prestação de dar, fazer ou não fazer. Ou seja, do próprio bem da vida posto em circulação jurídica. Trata-se da coisa, em si considerada, de interesse do credor. Exemplo: em uma prestação de dar coisa incerta, como no caso de o sujeito obrigado a dar determinada quantidade de café, sem determinar a sua quantidade, o caminhão e o café do tipo escolhido são os objetos indiretos da obrigação. Pode-se observar que a distinção entre objeto direto e objeto indireto nas prestações de fazer é menos nítida, tendo em vista que a própria atividade do devedor já materializa o interesse do credor. O objeto da obrigação não deve ser confundido com o seu conteúdo. Enquanto o objeto diz respeito à atividade do próprio devedor (prestação de dar, fazer ou não fazer), o conteúdo diz respeito ao poder do credor de exigir a prestação e a necessidade jurídica do devedor de cumpri-la. Exemplo: Na obrigação imposta ao mutuário (aquele que tomou um empréstimo), o objeto direto é a prestação (a sua atividade de dar); ao passo que o objeto indireto é o próprio bem da vida que se pretende obter, a utilidade material que vai se transferir(o dinheiro). ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ Elemento objetivo direto: a prestação. Consiste em uma ação do devedor (entregar alguma coisa, realizar uma obra, dar uma consulta etc.), ou em uma abstenção, permissão ou omissão (obrigação de não abrir estabelecimentos de um certo ramo de comercio na mesma rua, obrigação de não fazer escavações que provoquem desmoronamento do prédio vizinho etc.). Em outras palavras, é a atividade do devedor direcionada à satisfação do crédito, podendo ser positiva ou negativa. A patrimonialidade é indispensável para a caracterização da obrigação? Em regra, o direito obrigacional está calcado na ideia de patrimonialidade, visto que os bens e direitos indisponíveis, como os direitos da personalidade em geral (honra, imagem, vida privada, liberdade) escapam do seu âmbito de atuação normativa. Não se pode imaginar que uma parte, por meio de um contrato, pretenda alienar a sua honra, ficando o devedor pessoalmente vinculado a cumprir esta prestação. Pode haver, porém, casos em que as prestações são economicamente imensuráveis. Exemplo: alguém se obrigar, por meio de um contrato, a não ligar o seu aparelho de som para não prejudicar o vizinho. A prestação não é marcada pela economicidade, consistindo, ainda assim, uma relação obrigacional. Vale- se pontuar que a disciplina, porém, no caso de inadimplemento, deverá ter conteúdo econômico. Em geral, portanto, as prestações devem ser patrimonialmente apreciáveis, embora em algumas situações estão característica possa não existir. Coisa certa Dar Positiva Coisa incerta PRESTAÇÃO Fazer Negativa Características fundamentais que imprimem validade à prestação: a) Licitude: implica o respeito aos limites impostos pelo direito e pela moral. Não há como defender a validade de uma prestação que imponha ao devedor cometer um crime. Vale-se pontuar que a prestação juridicamente impossível é diferente da prestação ilícita. A primeira trata-se de prestação não admitida pela lei, exemplo: a alienação do Fórum romano. A segunda trata-se de ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ prestação que, além de não admitida, constitui fato punível. Exemplo: venda de um pacote de notas falsas. b) Possibilidade: a prestação deve ser física e juridicamente possível. É fisicamente impossível a prestação irrealizável segundo as leis da natureza. Exemplo: um contrato que o indivíduo se obriga a pavimentar o solo da lua. É juridicamente impossível, como citado, é vedada pelo ordenamento jurídico, como um contrato em que o devedor se obriga a alienar um bem público de uso comum. Vale-se constar que, para ser considerada inválida, a prestação deverá ser inteiramente irrealizável, por quem quer que seja. Se a impossibilidade for parcial, o credor poderá, a seu critério, aceitar o cumprimento parcial da obrigação, inclusive por terceiro. c) Determinabilidade: Toda prestação deverá conter elementos mínimos de identificação e individualização. A prestação determinada é aquela que já é especificada, certa. Exemplo: obrigar-se a transferir a propriedade de uma casa, situada na rua x, cuja área total é de 100 metros quadrados. A prestação determinável, por sua vez, é aquela que, ainda que não especificada, contém elementos mínimos de individualização. É objeto das chamadas obrigações genéricas. Para que seja cumprida, o devedor ou o credor deverá especificar o objeto da obrigação no momento de realiza-la, convertendo-a em prestação certa e determinada. A indeterminabilidade, assim, sempre será relativa. Quando um sujeito, por exemplo, se obriga a dar coisa incerta, como duas sacas de café sem especificar a qualidade (tipo A ou tipo B), no momento de cumprir a obrigação, um dos sujeitos deverá especificar a prestação, individualizando-a. Essa operação, convertendo a obrigação genérica em obrigação determinada, chama-se “concentração de debito” ou “concentração de prestação devida”. Elemento ideal: o vínculo jurídico entre credor e devedor. É o elemento abstrato da obrigação, consistente no vinculo jurídico que une o credor ao devedor. A obrigação só poderá ser compreendida se a considerarmos como uma verdadeira relação pessoal, originada de um fato jurídico (fonte), por meio da qual fica o devedor obrigado (vinculado) a cumprir uma prestação patrimonial de interesse do credor. Não se pode confundir o fato jurídico, fonte da obrigação, como integrante do elemento ideal, pois por ele é anterior à relação jurídica obrigacional. A obrigação é a própria consequência jurídica do fato. O contrato de compra e venda é o fato jurídico determinante do vínculo obrigacional, é a causa genética da obrigação em si. ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ Fontes das obrigações É o fato ou ato jurídico criador da própria relação jurídica obrigacional. Assim, o contrato ou o ato ilícito não podem ser confundidos com a obrigação em si. A doutrina costuma referir que a lei é a fonte primária das obrigações em geral. Exemplo: Obrigações alimentares surgindo do princípio da solidariedade. Mas sempre entre a lei e os seus efeitos obrigacionais existirá um fato jurídico que concretize o suposto normativo. Entre a norma e o vínculo obrigacional instaurado entre credor e devedor concorrerá um acontecimento, natural ou humano, que se consolida como condição determinante da obrigação. As fontes mediatas das obrigações são três: a) Contratos. b) Declaração unilateral de vontade. c) Atos ilícitos: gera a obrigação de reparar. Distinção entre obrigação e responsabilidade: Contraída a obrigação, duas situações podem ocorrer: ou o devedor cumpre normalmente a prestação assumida e, neste caso, a obrigação se extingue, por ter atingido o seu fim, ou o devedor se torna inadimplente. Nesse último caso, a satisfação do interesse do credor se alcançará pela movimentação do Poder Judiciário, buscando-se no patrimônio do devedor bens necessários à composição do dano decorrente. Assim, a responsabilidade só surge se o devedor não cumpre espontaneamente a obrigação. Ela é, pois, a consequência jurídica patrimonial do descumprimento da relação obrigacional. Há casos em que, ainda, uma pode existir sem a outra: Obrigação sem responsabilidade. Exemplo: dívidas prescritas. Os direitos prescrevem após decurso de um determinado prazo fixado por lei. Depois de escoado esse prazo, persiste a obrigação sem, contudo, persistir a responsabilidade. O devedor continua a ser devedor (continua a obrigação), mas não pode ser forçado a prestar a dívida. Ele pode cumprir sua obrigação após o escoamento de forma espontânea, realizando o cumprimento da obrigação sem ter responsabilidade. Responsabilidade sem obrigação. Exemplo: Fiador. A obrigação de pagar o aluguel é do inquilino e, caso esse não pague, é o fiador o responsável pelo pagamento. Há uma responsabilidade jurídica originaria (inquilino assumindo uma obrigação) que, se não for cumprida, ou seja, se o devedor não pague por ato espontâneo, surge a responsabilidade do fiador. ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ Classificação das prestações a) Prestações de fato: constitui na atividade do próprio devedor, voltada à satisfação do crédito. Pode ser positiva, quando o devedor se obriga a realizar uma ação comissiva, ou negativa, quando o devedor se obriga a não atuar, a abster-se de determinado comportamento. b) Prestações de coisa:consistem na atividade de dar, entregar ou restituir. c) Prestações instantâneas e contínuas: as primeiras são as que se realizam em um só ato, como a obrigação de pagar determinado valor à vista; as segundas realizam-se ao longo do tempo, a exemplo da obrigação de não construir em cima de determinada altura, ou em prestações periódicas, como no pagamento parcelado. Classificação básica das obrigações ● Obrigações de dar Essas obrigações têm por objeto direto as prestações de coisas e consistem na atividade de dar, entregar ou restituir. Em outras palavras, é a conduta humana que tem por objeto uma coisa, sendo esse tipo de obrigação subdividido em três: obrigação de dar coisa certa, obrigação de restituir e obrigação de dar coisa incerta. ► Obrigações de dar coisa certa (artigos 233 – 237 do CC-02) O devedor se obriga a dar (entregar o objeto da compra após o pagamento), entregar (devolver algo emprestado por outra pessoa) ou restituir coisa específica, certa, determinada. É um vínculo jurídico pelo qual o devedor se compromete a entregar ao credor determinado bem móvel ou imóvel, perfeitamente individualizado. Exemplo: “um carro de marca x, azul, placa 1234, ano 1995...”. O que vai caracterizar a obrigação de dar coisa certa é o fato de o objeto da prestação ser coisa única e preciosa, ex: a raquete de Guga, o capacete de Ayrton Senna, a camisa dez de Pelé, etc. O devedor obrigado a dar coisa certa não pode dar coisa diferente, ainda que mais valiosa, salvo acordo com o credor. O credor não está obrigado a receber outra coisa senão aquela descrita no título da obrigação, bem como indica o artigo 313. Se o devedor recebe o preço e se recusa a entregar a coisa, o credor não pode tomá-la, resolvendo-se o litígio em perdas e danos. A obrigação não gera direito real (sobre a coisa), mas apenas direito pessoal (sobre a conduta). ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ Tradição é a entrega efetiva da coisa móvel, então, por exemplo, quando se compra uma geladeira, se paga à vista, e se aguarda em casa a sua chegada, a pessoa só será dona da coisa quando recebê-la. Ao contrário, se a pessoa compra um celular a prazo e sai com ele da loja, o aparelho já será daquela pessoa, embora não tenha pago o preço completo. A eventual perda/roubo da geladeira/celular trará prejuízo para o dono, seja ele a loja ou o consumidor, a depender do momento da tradição. É a confirmação do brocardo romano res perit domino (= a coisa perece para o dono), seja o comprador ou o vendedor, até a tradição. Se o devedor danificar a coisa antes da tradição, terá que indenizar o comprador por perdas e danos. Por sua vez, o registro é a inscrição da propriedade imobiliária no Cartório de Imóveis, de modo que o dono do apartamento não é quem mora nele, não é quem pagou o preço ou quem tem as chaves. O dono da coisa imóvel é aquele cujo nome está registrado no Cartório de Imóveis. Para esse tipo de obrigação de dar coisa certa, ainda, se aplica o princípio jurídico de que o acessório segue o principal. Dessa forma, o devedor não poderá se negar a dar ao credor aqueles bens que, sem integrar a coisa principal, secundam-na por acessoriedade, salvo se contrário resultar do título do caso. Exemplo: obrigando-se a transferir a propriedade da casa, estarão incluídas as benfeitorias realizadas (acessórias da coisa principal), se o contrário não resultar do contrato ou das próprias circunstâncias. Em caso de perda ou perecimento da coisa (prejuízo total), quanto a obrigação de dar coisa certa, podem acontecer duas situações diversas: 1. Se a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição (entrega da coisa), ou estando ainda pendente a condição suspensiva da obrigação (quando o negócio se encontra subordinado a um acontecimento futuro e incerto, ex: o casamento do devedor), fica resolvida a obrigação para ambas as partes, suportando o prejuízo o proprietário da coisa que ainda não havia alienado. 2. Se a coisa se perder, por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente (valor da coisa), mais perdas e danos. Nesse caso, suportará a perda o causador do dano, já que terá de indenizar a outra parte. Em caso de deterioração (prejuízo parcial), quanto a obrigação de dar coisa certa, podem acontecer também duas situações: 1. Se a coisa se deteriora, sem culpa do devedor, poderá o credor, a seu critério, resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu. ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ 2. Se a coisa se deteriora, por culpa do devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, a indenização por perdas e danos. OBS: A reparação se divide em: Indenizar, ou seja, amenizar o prejuízo causado, ou ressarcir, que é o ato de retomar a coisa ao estado anterior, quando foi entregue. ► Obrigações de restituir (artigos 238 – 241 do CC-02) É também chamada de obrigação de devolver. Difere da obrigação de dar coisa certa pois, nessa última, a coisa pertence ao devedor até a tradição, enquanto na obrigação de restituir a coisa pertence ao credor, apenas sua posse é que foi transferida ao devedor. Posse e propriedade são conceitos que serão estudados em Direitos Reais, mas dá para entender que quando se aluga um filme, a locadora continua sendo proprietária do filme, é apenas a posse que se transfere ao cliente. Então na locação o cliente/devedor tem a obrigação de restituir o bem ao locador após o prazo acertado. Como se vê, na obrigação de restituir, a prestação consiste em devolver uma coisa cuja propriedade já era do credor antes do surgimento da obrigação. Igualmente se eu empresto um carro a meu vizinho, eu continuo dono/proprietário do carro, apenas a posse é que é transferida, ficando o vizinho com a obrigação de devolver o veículo após o uso. Locação e empréstimo são exemplos de obrigação de restituir, ficando a coisa em poder do devedor, mas mantendo o credor direito real de propriedade sobre ela. Como a coisa é do credor, seu extravio (sem culpa do devedor) antes da devolução trará prejuízo ao próprio credor; já na obrigação de dar, o extravio (sem culpa do devedor) antes da tradição traz prejuízo ao devedor, tendo ele que devolver o valor pago pelo credor (mas sem a necessidade de pagar indenização). Assim, sistematizando: Em caso de perda ou perecimento da coisa (prejuízo total), quanto a obrigação de restituir coisa certa, podem acontecer duas situações diversas: 1. Se a coisa restitutível se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda. 2. Se a coisa restitutível se perder, por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente (valor da coisa), mais perdas e danos. ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ Em caso de deterioração (prejuízo parcial), quanto a obrigação de restituir coisa certa, podem acontecer também duas situações: 1. Se a coisa restitutível se deteriora, sem culpa do devedor, o credor irá recebê-la da forma que for encontrada, sem direito à indenização. 2. Se a coisa restituível se deteriora, por culpa do devedor, ele será obrigado a pagar o valor equivalente mais perdas e danos. Ainda nas obrigações de restituir, vale-se pontuar o “Direito aos acréscimos, melhoramentos e frutos”, mas, antes de adentrar no assunto, faz-se necessário relembrar os bens reciprocamente considerados: Se tais benefícios se agregaram à coisa principal, sem trabalho e/ou despesado devedor, o credor levará o lucro, desobrigado de indenizar. Se essas melhorias se deram com trabalho e/ou despesa do devedor, segue as regras referentes aos efeitos da posse (artigos 1.210 – 1.222). Se os acréscimos são benfeitorias necessárias ou úteis, o devedor de boa-fé terá direito à A coisa acessória segue a natureza da coisa principal. A coisa acessória pertence ao titular da coisa principal. Espécies: FRUTOS: São utilidades renováveis que a coisa principal periodicamente produz. Nascem e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição no todo ou em parte. Podem ser: Colhidos: também chamados de percebidos, é o fruto destacado da coisa principal, mas que ainda existe. Pendentes: são aqueles que se encontram ainda ligados à coisa principal, ou seja, que ainda não estão prontos para serem destacados. Percipientes: aqueles que deveriam ter sido colhidos, mas não foram. Estantes: são aqueles que já foram destacados, e que se encontram estocados e armazenados com a finalidade de venda. Consumidos: são aqueles que não existem mais. BENFEITORIAS: são obras realizadas pelo homem na estrutura de uma coisa, com o propósito de embeleza-la, melhora-la e conserva-la. Podem ser: Voluptuárias: são aquelas que têm o propósito de embelezar. Não aumentam o uso habitual, mas pode deixar mais agradável ou elevar o valor. Podem ser retiradas sem o prejuízo da coisa. Úteis: têm a função de tornar a utilização melhor, ou seja, aumentam ou facilitam o uso. Exemplo: aumentar a abertura da garagem. Podem ser retiradas sem o prejuízo da coisa. Necessárias: são aquelas que, se não for feita, podem prejudicar a coisa. PRODUTOS: são utilidades não renováveis, cuja percepção diminui a substância da coisa principal. ≠ do fruto, pois esse se renova. Os frutos e produtos, mesmo não separados do bem principal, podem ser objeto de negócio jurídico. Exemplo: metais podem ser negociados antes da extração, e safras de café podem ser negociadas antes da colheita. ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ indenização, podendo, inclusive, reter a coisa restituível, até que lhe seja pago o valor devido; se estiver o devedor de má-fé, só terá direito a pedir indenização pelos acréscimos necessários, sem possibilidade de retenção da coisa. Se forem benfeitorias voluptuárias poderá o devedor de boa-fé retirá-las, se o valor devido não for pago, desde que não haja prejuízo para a coisa principal. Já quando a coisa restitutível gera frutos, e o devedor age de boa-fé, ele tem direito aos frutos percebidos; os frutos pendentes deverão ser restituídos, abatidas as despesas de produção e custeio. Se o devedor age de má-fé, deverá entregar todos os frutos colhidos e percebidos, bem como os que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé, não tendo direito, ainda, à recompensação pelas despesas de produção e custeio. Na hipótese de não poder restituir ao credor tais frutos, deverá indeniza-lo com o equivalente em dinheiro. Esquema para memorização: Vale-se pontuar, ainda, a diferença entre comodato e mútuo. Comodato é o contrato bilateral pelo qual alguém (comodante) entrega a outrem (comodatário) coisa infungível (que não admite substituição, por ser considerado em seu todo um bem individual), para ser usada temporariamente e depois restituída. Uma vez que a coisa é infungível, gera para o comodatário a obrigação de restituir um corpo certo. Difere-se assim do mútuo, que é empréstimo de coisa fungível, consumível, onde a restituição é de coisa do mesmo gênero e quantidade. O comodante guarda a propriedade da coisa e o ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ comodatário adquire a posse, podendo valer-se dos interditos possessórios. O comodante geralmente é o proprietário ou o usufrutuário. Pode ainda ser o locatário, desde que autorizado pelo locador. O mútuo se revela como empréstimo de consumo, ao passo que o comodato se consubstancia no empréstimo de uso. O mutuário desobriga-se restituindo coisa da mesma espécie, qualidade e quantidade, mas, o comodatário só se libera da obrigação restituindo a própria coisa emprestada. Além disso, o mútuo acarreta a transferência do domínio (o que não ocorre no comodato) e permite a alienação da coisa emprestada, ao passo que o comodatário é proibido de transferir o bem a terceiro. ► Obrigações de dar coisa incerta (artigos 243 – 246 do CC-02) Também chamadas de obrigações genéricas, a prestação dessas obrigações consiste na entrega de coisa especificada apenas pela espécie e quantidade. É o que ocorre quando o sujeito se obriga a dar duas sacas de café sem determinar a qualidade (tipo A ou tipo B). A prestação genérica (“dar duas sacas de café”) deverá se converter em prestação determinada, quando o devedor ou o credor escolher o tipo de produto a ser entregue, no momento do pagamento (“dar duas sacas de café do tipo A”). O estado de indeterminação é transitório, sob pena de faltar objeto à obrigação. Ao contrário da obrigação de dar coisa certa, aqui o objeto não é considerado em sua individualidade, mas no gênero a que pertence. A operação de converter a obrigação genérica em determinada denomina-se “concentração do débito” ou “concentração da prestação devida”. O Código Civil, em regra, prefere a escolha do devedor, quando a vontade das partes não houver estipulado a quem assiste determinado direito. Assim, a concretização do débito se efetuaria por atuação do devedor, se o contrário não resultar do título da obrigação. O devedor, porém, não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a dar coisa melhor. O sujeito passivo deverá, havendo mais de um tipo, optar por aquele de qualidade intermediária. Nas prestações de dar coisa incerta, o devedor não pode, antes de efetuada a escolha, alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por forca maior ou caso fortuito. O gênero não perece jamais, segundo o tradicional entendimento. Se alguém se obriga a pagar 1000 sacas de trigo continuará sendo obrigado a tal, ainda que em seu poder não possua referidas sacas, ou que parte delas tenha se perdido. ► Obrigações pecuniárias ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ O Código Civil traz à tona o princípio do nominalismo, que regula as denominadas dívidas de dinheiro. O devedor de uma quantia em dinheiro libera-se entregando a quantidade de moeda mencionada no contrato ou no título da dívida, e em curso no lugar do pagamento, ainda que desvalorizada pela inflação, ou seja, mesmo que a referida quantidade não seja suficiente para a compra dos mesmos bens que podiam ser adquiridos no momento em que a obrigação foi contraída. Ao lado das dívidas de dinheiro, tem-se o entendimento, também, das dívidas de valor. Tendo em vista a instabilidade econômica, esse tipo de dívida não tem por objeto o dinheiro em si, mas o próprio valor aquisitivo expresso pela moeda. Na obrigação de prestar alimentos, por exemplo, o devedor é obrigado a fornecer não determinada soma em dinheiro, mas sim o que for necessário à manutenção do alimentado. Vale-se, aqui, a revisão judicial da pensão em que o valor nominal estiver defasado. ● Obrigações de fazer Trata-se da obrigação que abrange o serviço humano em geral, como a realização de obras ou a prestação de fatos que tenham utilidade para o credor. Consiste, portanto, em atos ou serviços a serem executados pelo devedor. Podem ser: - Obrigação de fazer fungível: quando não houver restrição negocial no sentido de que o serviço seja realizado por outrem. Diz-se que a obrigação não foi pactuada em atenção à pessoado devedor. Se o fato puder ser executado por terceiro e, havendo recusa ou mora do devedor, o credor poderá mandar essa outra pessoa executar o fato à custa do devedor. Em caso de urgência, o credor pode, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido pelo devedor. - Obrigação de fazer infungível: quando fica estipulado, no título da obrigação, que apenas o devedor indicado poderá satisfazer a obrigação. Trata-se das obrigações personalíssimas, cujo adimplemento não poderá ser realizado por qualquer pessoa, devido as qualidades especiais daquele que se contratou. Tais pessoas não poderão, sem previa anuência do credor, indicar substitutos, sob pena de descumprirem a obrigação personalíssima pactuada. Isso ocorre em Astreinte: É a penalidade imposta ao devedor, consistente em multa diária fixada na sentença judicial ou no despacho de recebimento da inicial, relativa a obrigação de fazer ou de não fazer. A astreinte tem por finalidade o constrangimento do devedor para fazer cumprir o estipulado na decisão judicial ou no título, sendo que quanto mais tempo ele demorar para pagar a dívida, maior será seu débito. Prevê o artigo 645, do Código de Processo Civil, que "na execução de obrigação de fazer ou não fazer, fundada em título extrajudicial, o juiz, ao despachar a inicial, fixará multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será devida". ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ razão das habilidades técnicas, caráter, talento artístico, cultura e reputação do devedor. Consequências do descumprimento da obrigação de fazer: 1. Se a prestação do fato se tornar impossível, sem culpa do devedor, resolve-se a obrigação, sem que haja consequente obrigação de indenizar. 2. Se a prestação do fator se tornar impossível, com culpa do devedor, este poderá ser condenado a indenizar a outra parte pelo prejuízo causado. Quanto ao descumprimento na obrigação de fazer infungível, vale a análise: Quando o inadimplemento de uma obrigação de fazer infungível se dá sem culpa do devedor a obrigação será resolvida, situação em que serão devolvidos eventuais valores já pagos ao devedor. Por outro lado, quando o inadimplemento é culposo, duas são as questões que devem restar sob exame: a) O inadimplemento absoluto: Se a circunstância for de inadimplemento absoluto estaremos diante de hipótese em que não há mais possibilidade de cumprimento por absoluta falta de utilidade ao credor. Seria o caso, por exemplo, da contratação de certa e determinada decoradora para o aformoseamento de uma festa de casamento ou de debutante, tendo se dado a contratação pelo conhecimento do trabalho pelos interessados e pela boa fama da profissional no mercado. Neste caso, tendo o inadimplemento se consolidado por já ter passado a ocasião comemorativa não haverá outra saída senão o pleito de devolução de valores pagos acrescidos de perdas e danos que deverão abranger: danos emergentes, lucros cessantes, perdas de chance, danos morais, dentre outros. b) A mora: Por outro lado, se o inadimplemento for mora, ou seja, se ainda é possível o cumprimento da prestação, na obrigação infungível, duas possibilidades se apresentam: Cominação de pena diária ou Resolução obrigacional acrescida de perdas e danos. A segunda opção é bastante comum e poderá ser uma opção do credor e disso não restam dúvidas. Sobre a primeira, no entanto, vale a análise: Diante da indeterminação pessoal da obrigação surge o brocardo: “nemo praecise potest cogit ad factum” (ninguém poderá ser coagido a prestar um fato). Muitos autores, com isso, mantêm o posicionamento de que será impossível constranger ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ o devedor ao cumprimento do fato e, por isso, a única saída restante ao credor será aquela prevista no artigo 248 do CC, em que será cobrada do devedor a resolução obrigacional com perdas e danos. Por outro lado, é pacífico o entendimento de que poderá ser estabelecida pena pecuniária, inclusive diária, para forçar o devedor ao cumprimento do fato personalíssimo. ● Obrigações de não fazer Essas obrigações têm por objeto uma prestação negativa, um comportamento omissivo do devedor. Exemplo: Uma pessoa se obriga a não construir acima de determinada altura; a não instalar ponto comercial em determinado lugar; a não divulgar conhecimento técnico para concorrente de seu ex-empregador etc. O devedor, em outras palavras, estará descumprindo a obrigação ao realizar o comportamento que se obrigou a abster-se. Não são consideradas licitas as obrigações de não fazer que violem princípios de ordem pública e vulnerem garantias fundamentais. Não são consideradas válidas, a priori, obrigações negativas como a de não casar, não sair da cidade, não transitar por certa rua, não trabalhar etc., pois elas atingem, em última análise, direitos da personalidade. Consequências do descumprimento da obrigação de não fazer: 1. Se o inadimplemento resultou de evento estranho à vontade do devedor, ou seja, sem culpa do devedor, extingue-se a obrigação, sem perdas e danos. Chama-se de descumprimento fortuito (não culposo). Exemplo: um sujeito se obriga a não construir um muro em seu imóvel, a fim de não prejudicar a vista panorâmica do vizinho, mas, em razão de determinação do Poder Público, que mudou a estrutura urbanística municipal, viu-se forçado a realizar a obra que se comprometeu a não realizar. 2. Se o inadimplemento resultou de um ato imputável do próprio devedor, com culpa do devedor, ou seja, se ele realizou o descumprimento voluntariamente, sem a interferência coercitiva de fator exógeno, o credor pode receber perdas e danos, além de poder atuar pela própria força, em caso de urgência, independentemente de autorização judicial. Classificação especial das obrigações Nem sempre uma classificação especial exclui a outra, de forma que se poderá ter, por exemplo, uma obrigação de dar, solidária, divisível e a termo. Algumas classificações especiais, também, podem se constituir em desdobramentos ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ umas das outras, por exemplo: as obrigações fracionárias pressupõem a divisibilidade das obrigações etc. O único enquadramento que não se pode, a priori, é a existência de obrigações contraditórias em seus próprios termos, como divisível e indivisível etc. Classificação especial quanto ao elemento subjetivo ● Obrigações fracionárias Nessas obrigações concorre uma pluralidade de devedores ou credores, de forma que cada um deles responde apenas por parte da dívida ou tem direito apenas a uma proporcionalidade do crédito. Exemplo: João, Paulo e Marcos adquiriram, conjuntamente, um veículo, obrigando-se a pagar R$30.000,00. Se não houver estipulação contratual em sentido contrário, cada um deles responderá por R$10.000,00. Essas obrigações, obviamente, pressupõem a divisibilidade da prestação. ● Obrigações conjuntas São também chamadas de obrigações unitárias ou de obrigações em mão comum. Nesse tipo, concorre uma pluralidade de devedores ou credores, impondo-se a todos o pagamento conjunto de toda a dívida, não se autorizando a um dos credores exigi-la individualmente. Elas pressupõem a existência de patrimônio separado. O direito do credor não se dirige contra cada qual, mas coletivamente, contra todos. Exemplo: três devedores se obrigam conjuntamente a entregar ao credor um caminhão carregado de soja. Assim, nenhum dos devedores poderá pretender o pagamento isolado de sua quota para se eximir da obrigação, nemo credor poderá exigir o pagamento parcial da dívida, buscando-se um adimplemento parcial. Apenas se desobrigam em conjunto, entregando toda a mercadoria prometida. ● Obrigações disjuntivas Existem devedores que se obrigam alternativamente ao pagamento da dívida. Desde que um dos devedores seja escolhido para cumprir a obrigação, os outros estarão consequentemente exonerados, cabendo ao credor a escolha do demandado. Assim, se uma dívida for contraída por três devedores, a obrigação pode ser cumprida por qualquer um deles. Esse tipo de obrigação é pouco seguro para o credor, pois se pudesse cobrar dos três, teria maior garantia patrimonial para a satisfação do seu crédito. ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ ● Obrigações solidárias Existe solidariedade quando, na mesma obrigação, concorre uma pluralidade de credores, cada um com direito à dívida toda (solidariedade ativa), ou uma pluralidade de devedores, cada um obrigado à dívida por inteiro (solidariedade passiva). No caso, existe uma unidade objetiva da obrigação, isto é, há um objeto único, embora concorram mais de um credor ou devedor. Um dos vários credores tem a faculdade de receber tudo, tal como se fosse o único credor, ou um dos vários devedores deve pagar tudo, como se fosse o único devedor. Exemplo de solidariedade ativa: Maria, Joana e Paula são credoras de João. Nos termos do contrato (título da obrigação), João deverá pagar a quantia de R$300.000,00, havendo sido estipulada a solidariedade ativa entre os credores da relação obrigacional. Assim, qualquer uma das três credoras poderá exigir toda a dívida de João, ficando, é claro, aquela que recebeu o pagamento limitado a entregar às demais as suas quotas-partes respectivas. Se o devedor paga a qualquer das credoras, ele se exonera. Nada impede que duas das credoras, ou até mesmo as três, cobrem integralmente a obrigação pactuada. Exemplo de solidariedade passiva: João, Pedro e José são devedores de Maria. Nos termos do contrato, os devedores encontram-se coobrigados solidariamente a pagar à credora a quantia de R$300.000,00. Assim, Maria poderá exigir de qualquer dos três devedores toda a soma devida, e não apenas um terço de cada um. Nada impede, mesmo assim, que Maria demande dois dos devedores, ou até mesmo, todos os três, conjuntamente. O devedor que pagou toda a dívida terá ação regressiva contra os demais coobrigados, para haver a quota-parte de cada um. Se, no caso, a obrigação fosse fracionária, Maria só poderia exigir de cada devedor a sua respectiva quota-parte (R$100.000,00). Deve-se salientar que a solidariedade, por princípio, não se presume nunca, resultando expressamente da lei ou da vontade das partes. Na solidariedade ativa existe uma relação jurídica interna entre os credores, a qual é irrelevante para o devedor. Consequentemente, em virtude do vínculo interno que os une, aquele que recebeu todo o pagamento passa a responder perante os demais credores pelas partes de cada um. O código civil determina que “o pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago”, ou seja, se o devedor pagou menos do que devia, continuará obrigado ao pagamento do restante da dívida, abatida a parte que já quitou, mantida a solidariedade ativa quanto ao saldo devedor. Há casos em que um dos credores solidários, em vez de exigir a soma devida, perdoe a dívida. Chama-se remissão de dívida, uma forma especial de extinção das obrigações. Nesse caso, assim como ocorre quando recebe o pagamento, o credor remitente (que perdoou) responderá perante os demais credores pela parte que lhes caiba. No caso de um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um deles só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. Exemplo: A, B e C são credores solidários de D. Se B morre, deixando dois filhos como herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, isto é, a metade da quota de B. Se a obrigação for indivisível, como um cavalo de raça, o herdeiro poderá exigi-lo por inteiro (dada a impossibilidade de fracioná-lo), respondendo perante todos os demais pela quota-parte de cada um. O novo código civil prevê dispositivos atinentes à defesa do devedor, dentre os quais proíbe que o devedor oponha a todos os credores solidários a exceção pessoal oponível a apenas um deles (art. 273). Ou seja, se apenas um dos credores atuou dolosamente de má-fé quando celebrou o contrato, e estando os demais credores de boa-fé, a exceção (alegação do dolo) não poderá ser oposta contra todos, prejudicando os credores de boa-fé. Se um dos credores solidários ameaçou o devedor para que este também celebrasse o negócio com ele, o juiz pode excluir o coator da relação obrigacional, em face da invalidade da obrigação. A sentença não poderá prejudicar os demais credores que agiram de boa-fé, ou seja, o julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais. Se o juiz não acolhe a alegação do devedor, e essa não era de natureza pessoal, o julgamento favorável ao credor acusado beneficiará os demais credores. Exemplo: devedor alega que o valor da dívida cobrada pelo credor A é excessiva, não havendo necessidade de cobrar juros (defesa não pessoa). Se o juiz não aceitar as alegações, o julgamento favorecerá os demais credores. Se o juiz não acolhe a alegação do devedor, e essa era de natureza pessoal, o julgamento não interferirá na esfera jurídica dos demais credores. Exemplo: devedor alega que não pagará a dívida, visto que o credor A o coagiu, por meio de grave ameaça, a celebrar o contrato. O juiz não aceita as alegações e reconhece que esse credor acusado é legitimo credor solidário. O julgamento favorável a esse credor não muda e nada, por isso não se pode dizer que o julgamento favoreceu os demais credores, visto que a situação dos mesmos não mudou. Na solidariedade passiva, há uma pluralidade de devedores, cada um deles obrigado ao pagamento de toda a dívida. Qualquer dos devedores está obrigado ao pagamento de toda a dívida. Assim como na solidariedade ativa, aquele que pagou integralmente a dívida terá ação regressiva contra os demais, para haver a quota-parte de cada um. Se o credor aceitar o pagamento parcial de um dos devedores, os demais só estarão obrigados a pagar o saldo remanescente. Se o credor perdoar a dívida em relação a um dos devedores solidários, os demais permanecerão vinculados ao pagamento da dívida, abatida a quantia paga. Se a prestação se impossibilitar por dolo ou culpa de um dos devedores, todos permanecerão solidariamente obrigados ao pagamento do valor equivalente. Entretanto, pelas perdas e danos só respondera o culpado. ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ No caso de um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, cada um deles só estará obrigado a pagar a quota que corresponder ao seu quinhão hereditário, isto é a metade da quota do devedor falecido. Se a obrigação for indivisível, o credor poderá exigi-lo por inteiro, cabendo ao herdeiro que pagou cobrar dos demais coobrigados, via ação regressiva, se necessário, as partes de cada um. O pagamento total da dívida pelos herdeiros reunidos não poderá ultrapassar as forças da herança, uma vez que não seria licito admitir que os sucessores diminuíssem o seu patrimônio pessoal para cumprir uma obrigação a que não deram causa. Classificação especial quantoao elemento objetivo ● OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Aquelas que têm por objeto duas ou mais prestações, sendo que o devedor se exonera cumprindo apenas uma delas. Exemplo: o devedor A libera-se da dívida pagando um touro reprodutor ou um carro. Nada impede que seja de natureza diversa: a entrega de algo ou uma prestação de serviço. São prestações especificas excludentes entre si. O novo código civil não estabelece prazo para o exercício do direito de escolha, mas não significa dizer que o optante possa exerce-lo a qualquer tempo. Como regra geral, o direito de escolha cabe ao devedor, se o contrário não houver sido estipulado no título das obrigações. Embora a escolha caiba ao devedor, o credor não está obrigado a receber parte em uma prestação e parte em outra prestação (princípio da indivisibilidade do objeto). Se a obrigação for de prestações periódicas, o direito de escola poderá ser exercido em cada período. Havendo pluralidade de optantes (um grupo de devedores com direito de escolha), não tendo havido acordo unanime entre eles, a decisão caberá ao juiz, após expirar o prazo judicial assinado para que chegassem a um entendimento. Também caberá ao juiz escolher a prestação, se o título da obrigação houver deferido esse encargo a um terceiro e esse não quiser ou não puder exerce-lo. Se todas as prestações se tornarem impossíveis totalmente sem culpa do devedor, se extinguirá a obrigação; se por culpa do devedor, não competindo a escolha ao credor, ficará o devedor obrigado a pagar o calor da prestação que por último se impossibilitou + perdas e danos; se por culpa do devedor, competindo a escolha ao credor, o credor poderá reclamar o valor de qualquer das prestações + perdas e danos. Se todas as prestações se tornarem impossíveis parcialmente sem culpa do devedor, a obrigação concentra-se na prestação remanescente; se por culpa do devedor, não competindo a escolha ao credor, poderá o débito a ser concentrado ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ na prestação remanescente; se por culpa do devedor, competindo a escolha ao credor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da que se impossibilitou, + perdas e danos. Se a prestação se impossibilita por culpa do credor, considera-se cumprida a obrigação, exonerando-se o devedor. Se for impossibilidade parcial, o devedor pode realizar parte possível ou restante da prestação, sem embargo de ser indenizado pelos danos que porventura sofreu. ● OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS Aquelas que, tendo um único objeto, o devedor tem a faculdade de substitui-la por outra de natureza diversa, prevista subsidiariamente. Exemplo: o credor A obriga-se a pagar uma quantia de R$100.000,00, facultando-lhe, todavia, a possibilidade de substituir a prestação principal pela entrega de um carro usado. Se trata de uma obrigação com objeto único, mesmo que reconheça ao devedor o poder de substituição. Se a prestação inicialmente prevista se impossibilitar sem culpa do devedor, a obrigação extingue-se, não tendo o credor o direito de exigir a prestação subsidiária. O credor, nessa obrigação, não pode exigir o cumprimento da prestação facultativa. A impossibilidade de cumprimento da prestação devida extingue a obrigação. Somente a existência de defeito na prestação devida pode invalidar a obrigação. ● OBRIGAÇÕES CUMULATIVAS Aquelas que têm por objeto uma pluralidade de prestações, que devem ser cumpridas conjuntamente. Exemplo: se obrigar a entregar uma casa e R$100.000,00. As prestações são cumpridas como se fossem uma só, ou seja, o devedor apenas se desobriga cumprindo todas as prestações. ● OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS As divisíveis são aquelas que admitem o cumprimento fracionado ou parcial da prestação; as indivisíveis só podem ser cumpridas por inteiro. A divisibilidade e indivisibilidade das obrigações só aparece havendo pluralidade de credores ou devedores. Havendo unidade, as obrigações são, em regra, indivisíveis, porque nem o credor é obrigado a receber pagamentos parciais, nem o devedor de faze-los, se outra coisa foi estipulada. ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ As obrigações de dar podem ser divisíveis ou indivisíveis. As obrigações de fazer só podem ser divisíveis se a atividade puder ser fracionada (exemplo: construção de um muro). As obrigações de não fazer são, em regra, indivisíveis. Qualquer que seja a natureza da indivisibilidade, se concorrem dois ou mais devedores, cada um deles estará obrigado pela dívida toda. Não significa que exista solidariedade entre eles, uma vez que, no caso, é o objeto da própria obrigação que determina o cumprimento integral do debito. Se A, B e C obrigam- se a entregar um cavalo, qualquer deles, demandado, deverá entregar todo o animal. Isso ocorre não necessariamente por forca de um vínculo de solidariedade passiva, mas sim pelo simples fato de que não se pode cortar o cavalo em três, para dar apenas um terço do animal ao credor. Os efeitos, por causa disso, assemelha-se muito aos da solidariedade, visto que o devedor que paga integralmente a dívida sub-roga-se nos direitos do credor em relação aos outros coobrigados. Se a pluralidade for de credores, poderá qualquer deles exigir a dívida inteira; O devedor se desobrigará em duas hipóteses: 1) Pagando a todos os credores conjuntamente, ou pagando a um, dando ao devedor caução de ratificação dos outros credores; nesse último caso pode o devedor pagar apenas a um dos credores da obrigação indivisível, desde que o credor apresente uma garantia (caução) de que os outros credores ratificam o pagamento. Recebido a dívida por inteiro, o credor deverá repassar aos outros, em dinheiro, as partes que lhes caibam no total. Essa regra se justifica pelo fato de que a coligação entre os credores decorreu da própria impossibilidade de fracionamento da prestação, e, sendo assim, os outros deverão se contentar com as suas parcelas em dinheiro. Aquele que demandou o sujeito passivo terá o direito de ficar com a coisa devida. 2) Remissão (perdão, transação, novação, compensação e confusão. Trata-se de formas especiais de pagamento onde, ocorrendo qualquer uma delas, se partir de apenas um dos credores, a obrigação persistira quanto aos demais, descontada a quota-parte do referido credor. Se A perdoar a dívida de B (sendo a prestação um cavalo), B continuará obrigado a entregar o animal aos demais credores, embora tenha o direito de exigir que se desconte (em dinheiro) a quota do credor que o perdoou. Imaginando uma obrigação indivisível com pluralidade de devedores, se o animal perecer por culpa de todos os devedores, eles responderão por partes iguais pelas perdas e danos devidos ao credor; se a culpa for de apenas um devedor, somente ele será civilmente responsabilidade, sendo as perdas e danos nesse caso correspondente à indenização devida pelo prejuízo causado ao credor em virtude da morte do animal. ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ QUESTÕES DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 1) Paulo e Marcelo celebraram contrato por meio do qual Marcelo, notório artista, contraiu obrigação intuitu personae de restaurar um quadro de grande valor artístico, devendo receber, para tanto, vultosa contraprestação pecuniária. Caso Marcelo se recuse a realizar a restauração contratada, Paulo poderá requerer a conversão da obrigação em indenização por perdas e danos, sem prejuízo de eventuais astreintes. Trata-se de inadimplemento de uma obrigação de fazer infungível. Esse inadimplemento em específico é por mora, aindasendo possível o cumprimento da obrigação, visto que não há impossibilidade de cumprimento absoluto. Sendo assim, pode-se resolver pelas astrientes ou por perdas e danos mais devolução do valor pago. Em outras palavras, resolve-se o problema com a cominação de pena diária ou com a resolução obrigacional (devolução do valor) mais indenização. 2) Maria do Carmo comprou um vestido de noiva que pertenceu a Elizabeth Taylor de Leiloarte S/A para o seu casamento que se realizaria dia 20/10/2011, dia agendado também para a entrega do vestido. Em 10/10/2011 houve uma forte tempestade na cidade e um raio incendiou o atelier de costura onde o vestido de Maria do Carmo estava guardado. Nesse mesmo dia, vários incêndios ocorreram na cidade, também causados por raios. Nesse caso, como se resolverá a obrigação? Trata-se de uma obrigação de dar coisa certa, cujo inadimplemento por impossibilidade de dar a coisa se deu sem culpa no devedor. Sendo assim, como indica o artigo 234 CC, a obrigação se resolve com a devolução do valor pago pela credora, sem perdas e danos. ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ 3) Paula contratou o empreiteiro Romeu para executar serviços de hidráulica, elétrica e colocação de forro de gesso em seu novo apartamento, pagando a quantia de R$10.000,00. Após quinze dias do início da obra, Romeu a abandona imotivadamente, causando um grande atraso em sua finalização. Paula poderá, então, mandar executar o serviço por outro empreiteiro, às custas de Romeu, e exigir o pagamento deste de indenização das perdas e danos que provocou? Sim, visto que se trata de uma obrigação de fazer, e o inadimplemento se deu por culpa do devedor, ou seja, houve vontade em atrasar a obra. Nesse caso, resolve-se com a devolução do valor pago mais perdas e danos, como indica o artigo 249 CC.. Caso houver aproveito dos primeiros dias trabalhados, poderá haver um pequeno abatimento desse valor. 4) Considere que um artista tenha-se comprometido a fazer uma escultura para uma pessoa por determinado valor, que seria pago no momento da entrega, mas que a realização da escultura tenha-se tornado impossível em razão das condições climáticas de sua região, e não por culpa do artista. Nessa situação, estará resolvida a obrigação, sem a necessidade de imposição de reparação de perdas e danos? Visto que se trata de uma obrigação de fazer, e o inadimplemento se deu sem culpa do devedor, a obrigação se resolverá apenas com a devolução do valor pago, sem perdas e danos, conforme o artigo 248. 5) Nas obrigações alternativas cuja escolha caiba ao credor, caso o credor tenha concentrado a obrigação em prestação que se tornou inexigível por culpa do devedor, o credor terá o direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com o ressarcimento de perdas e danos? De acordo com o artigo 255 CC, se a escolha couber ao credor e a impossilidade se der por culpa do devedor, resolve-se a obrigação pela prestação subsistente ou pelo valor da prestação que se tornou impossível mais perdas e danos.
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