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DIREITO CIVIL 2 II - UNICAP - OBRIGAÇÕES

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ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO 
DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ 
 
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
 
Obrigações: conjunto de normas (regras e princípios jurídicos) reguladoras das 
relações patrimoniais entre um credor (sujeito ativo), e um devedor (sujeito 
passivo), sendo esse último a quem incumbe o dever de cumprir, espontânea ou 
coativamente, uma prestação de dar, fazer ou não fazer. 
A relação obrigacional é composta por três elementos fundamentais: 
a) Subjetivo ou pessoal: Sujeito ativo (credor) e sujeito passivo (devedor). 
b) Objetivo ou material: a prestação 
c) Ideal, imaterial ou espiritual: o vínculo jurídico. 
Diferença entre direitos reais x direitos pessoais: 
O direito obrigacional trata dos direitos pessoais, já que a relação jurídica é entre 
duas ou mais pessoas; os direitos reais recaem diretamente sobre a coisa. 
Ambos possuem, porém, um conteúdo patrimonial. 
Quanto ao objeto: DR → Coisa DP → Prestação 
Quanto ao sujeito: DR → Indeterminado DP → Determinado 
Quanto à duração: DR → Indeterminado DP → Transitório 
Quanto à formação: DR → Sujeito – Coisa DP → Sujeito – Sujeito 
Quanto ao exercício: DR → Diretamente DP → Indiretamente 
Explicando: Os DR são dados pela lei; já os DP são infinitos, não determinados na lei, 
ou seja, não é possível determinar o número máximo de obrigações 
possíveis. 
Os DR recaem sobre um objeto corpóreo, já os DP focam nas relações 
humanas, no sujeito passivo, ou seja, há sujeito predeterminado. Os DR, 
logo, são direitos absolutos oponíveis contra todos (erga omnes), e todo 
mundo é sujeito passivo em potencial, exemplo: ao comprar um objeto, 
ninguém pode pegar sem a sua permissão. Nesses, só há sujeito passivo 
determinado se houver violação. Os DP são relativos, ou seja, a 
prestação só pode ser exigida ao devedor. 
 Nos DR, o poder é exercido sobre o objeto de forma imediata e direta. Já 
nos DP, o poder surge de uma cooperação: de um sujeito ativo, outro 
passivo e a prestação. 
 Os DR concedem a fruição de bens; os DP concedem o direito a uma 
prestação de uma pessoa. 
 O DR tem caráter permanente, ou seja, não há prazo para o exercício do 
direito de propriedade. Nos DR o caráter é temporário, ou seja, ao fim da 
prestação se extingue a obrigação. A dívida pode existir, mas prescreve 
o direito de cobrança. A relação entre credor e devedor é transitória; se 
fosse ao contrário, remontaria à condição de escravo. 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO 
DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ 
 
 Os DR, ainda, podem ser posteriores a uma relação obrigacional anterior, 
exemplo: relação de posse (pessoa – roupa) por meio da compra (relação 
pessoa – pessoa). 
Figuras híbridas: A doutrina menciona a existência de figuras intermédias, que 
se situam entre o direito pessoal e o direito real. Híbrido é o que se origina do 
cruzamento de espécies diferentes. 
a) Obrigações propter rem: são as obrigações que recaem sobre uma pessoa, 
por força de determinado direito real. Existe em razão da situação jurídica do 
obrigado, seja de titular do domínio ou de detentor de determinada coisa. Surgem 
pela força da lei, atreladas a direitos reais, mas não se confundindo. Essa 
obrigação pode ser transferida a eventuais novos ocupantes do imóvel, por isso 
ser chamada também de obrigação ambulatória. São concebidas como ius ad 
rem (direitos por causa da coisa, advindos da coisa). Sempre que a 
indeterminabilidade do credor ou do devedor for da própria essência da 
obrigação examinada. 
Exemplo: obrigação imposta, aos proprietários e inquilinos de um prédio, de não 
prejudicarem a segurança, o sossego e a saúde dos vizinhos; obrigação imposta 
ao condômino de concorrer para as despesas de conservação da coisa comum; 
a obrigação de, no condomínio em edificações, não alterar a fachada do prédio... 
b) Ônus reais: são obrigações que limitam o uso e gozo da propriedade, ou seja, 
que limitam a fruição e a disposição da propriedade. Representam direitos sobre 
coisa alheia e prevalecem erga omnes. Logo, o uso, a habitação, o usufruto, a 
hipoteca, o penhor, dentre outros, são exemplos de ônus reais. Em todos eles 
existem limitações por parte do proprietário sobre a coisa, cada qual com sua 
particularidade. 
c) Eficácia real 
Elemento subjetivo: os sujeitos da relação obrigacional 
O credor é o titular do direito de crédito, ou seja, o detentor do poder de exigir, 
em caso de inadimplemento, o cumprimento coercitivo (judicial) da prestação 
pactuada. O devedor é a parte a quem incumbe o dever de efetuar a prestação. 
Para que haja a existência jurídica da obrigação, os sujeitos da relação (tanto 
físicas como jurídicas) devem ser determinadas (quando Maria torna-se credor 
de José por meio de um contrato, sendo ambos identificados no título negocial, 
por exemplo) ou determináveis. 
Poderá haver a indeterminação subjetiva ativa na relação obrigacional quando 
há a promessa de recompensa, por exemplo. Há a declaração unilateral da 
vontade: caso a outra pessoa se adeque aos requisitos, há o contrato, mas esse 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO 
DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ 
 
não é feito previamente com uma pessoa já determinada e selecionada. Não se 
sabe quem será o credor previamente. 
Poderá, também, haver a indeterminação subjetiva passiva da relação 
obrigacional, quando não se pode especificar quem é o devedor da obrigação. 
Ocorre quando, por exemplo, a taxa condominial é uma prestação compulsória, 
vinculada à propriedade do imóvel, não importando quem seja, efetivamente, seu 
titular. É o caso das obrigações propter rem, prestações de natureza pessoal que 
acedem a um direito real, acompanhando-o em todas as suas mutações. A 
obrigação não possui sujeito determinado, sendo certo apenas que a pessoa que 
adquirir ficará sujeita ao cumprimento. 
Figuras secundárias ou coadjuvantes: os representantes, que podem ser legais, 
como pais, tutores e curadores, ou voluntários, como os mandatários, agem em 
nome e no interesse de qualquer um dos sujeitos principais da relação 
obrigacional; e os núncios, que são meros transmissores da vontade do 
declarante, ou seja, mensageiros da vontade de outrem, sem interferirem 
efetivamente na relação jurídica. 
Objeto da relação 
a) Objeto direto ou imediato: é a própria atividade positiva (ação) ou negativa 
(omissão) do devedor, satisfativa do interesse do credor. Tecnicamente, 
esta atividade é denominada prestação, que terá sempre um conteúdo 
patrimonial. 
b) Objeto indireto ou mediato: trata-se do objeto da própria prestação de dar, 
fazer ou não fazer. Ou seja, do próprio bem da vida posto em circulação 
jurídica. Trata-se da coisa, em si considerada, de interesse do credor. 
Exemplo: em uma prestação de dar coisa incerta, como no caso de o 
sujeito obrigado a dar determinada quantidade de café, sem determinar a 
sua quantidade, o caminhão e o café do tipo escolhido são os objetos 
indiretos da obrigação. 
Pode-se observar que a distinção entre objeto direto e objeto indireto nas 
prestações de fazer é menos nítida, tendo em vista que a própria atividade do 
devedor já materializa o interesse do credor. O objeto da obrigação não deve ser 
confundido com o seu conteúdo. Enquanto o objeto diz respeito à atividade do 
próprio devedor (prestação de dar, fazer ou não fazer), o conteúdo diz respeito 
ao poder do credor de exigir a prestação e a necessidade jurídica do devedor de 
cumpri-la. 
Exemplo: Na obrigação imposta ao mutuário (aquele que tomou um 
empréstimo), o objeto direto é a prestação (a sua atividade de dar); ao passo 
que o objeto indireto é o próprio bem da vida que se pretende obter, a utilidade 
material que vai se transferir(o dinheiro). 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO 
DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ 
 
Elemento objetivo direto: a prestação. 
Consiste em uma ação do devedor (entregar alguma coisa, realizar uma obra, 
dar uma consulta etc.), ou em uma abstenção, permissão ou omissão (obrigação 
de não abrir estabelecimentos de um certo ramo de comercio na mesma rua, 
obrigação de não fazer escavações que provoquem desmoronamento do prédio 
vizinho etc.). Em outras palavras, é a atividade do devedor direcionada à 
satisfação do crédito, podendo ser positiva ou negativa. 
A patrimonialidade é indispensável para a caracterização da obrigação? Em 
regra, o direito obrigacional está calcado na ideia de patrimonialidade, visto que 
os bens e direitos indisponíveis, como os direitos da personalidade em geral 
(honra, imagem, vida privada, liberdade) escapam do seu âmbito de atuação 
normativa. Não se pode imaginar que uma parte, por meio de um contrato, 
pretenda alienar a sua honra, ficando o devedor pessoalmente vinculado a 
cumprir esta prestação. 
Pode haver, porém, casos em que as prestações são economicamente 
imensuráveis. Exemplo: alguém se obrigar, por meio de um contrato, a não ligar 
o seu aparelho de som para não prejudicar o vizinho. A prestação não é marcada 
pela economicidade, consistindo, ainda assim, uma relação obrigacional. Vale-
se pontuar que a disciplina, porém, no caso de inadimplemento, deverá ter 
conteúdo econômico. 
Em geral, portanto, as prestações devem ser patrimonialmente apreciáveis, 
embora em algumas situações estão característica possa não existir. 
 Coisa certa 
 Dar 
 Positiva Coisa incerta 
PRESTAÇÃO Fazer 
 Negativa 
 
Características fundamentais que imprimem validade à prestação: 
a) Licitude: implica o respeito aos limites impostos pelo direito e pela moral. Não 
há como defender a validade de uma prestação que imponha ao devedor 
cometer um crime. Vale-se pontuar que a prestação juridicamente impossível 
é diferente da prestação ilícita. A primeira trata-se de prestação não admitida 
pela lei, exemplo: a alienação do Fórum romano. A segunda trata-se de 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO 
DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ 
 
prestação que, além de não admitida, constitui fato punível. Exemplo: venda 
de um pacote de notas falsas. 
 
b) Possibilidade: a prestação deve ser física e juridicamente possível. É 
fisicamente impossível a prestação irrealizável segundo as leis da natureza. 
Exemplo: um contrato que o indivíduo se obriga a pavimentar o solo da lua. 
É juridicamente impossível, como citado, é vedada pelo ordenamento 
jurídico, como um contrato em que o devedor se obriga a alienar um bem 
público de uso comum. Vale-se constar que, para ser considerada inválida, 
a prestação deverá ser inteiramente irrealizável, por quem quer que seja. Se 
a impossibilidade for parcial, o credor poderá, a seu critério, aceitar o 
cumprimento parcial da obrigação, inclusive por terceiro. 
 
c) Determinabilidade: Toda prestação deverá conter elementos mínimos de 
identificação e individualização. A prestação determinada é aquela que já é 
especificada, certa. Exemplo: obrigar-se a transferir a propriedade de uma 
casa, situada na rua x, cuja área total é de 100 metros quadrados. A 
prestação determinável, por sua vez, é aquela que, ainda que não 
especificada, contém elementos mínimos de individualização. É objeto das 
chamadas obrigações genéricas. Para que seja cumprida, o devedor ou o 
credor deverá especificar o objeto da obrigação no momento de realiza-la, 
convertendo-a em prestação certa e determinada. A indeterminabilidade, 
assim, sempre será relativa. 
 
Quando um sujeito, por exemplo, se obriga a dar coisa incerta, como duas 
sacas de café sem especificar a qualidade (tipo A ou tipo B), no momento de 
cumprir a obrigação, um dos sujeitos deverá especificar a prestação, 
individualizando-a. Essa operação, convertendo a obrigação genérica em 
obrigação determinada, chama-se “concentração de debito” ou 
“concentração de prestação devida”. 
Elemento ideal: o vínculo jurídico entre credor e devedor. 
É o elemento abstrato da obrigação, consistente no vinculo jurídico que une o 
credor ao devedor. A obrigação só poderá ser compreendida se a considerarmos 
como uma verdadeira relação pessoal, originada de um fato jurídico (fonte), por 
meio da qual fica o devedor obrigado (vinculado) a cumprir uma prestação 
patrimonial de interesse do credor. Não se pode confundir o fato jurídico, fonte 
da obrigação, como integrante do elemento ideal, pois por ele é anterior à relação 
jurídica obrigacional. A obrigação é a própria consequência jurídica do fato. O 
contrato de compra e venda é o fato jurídico determinante do vínculo 
obrigacional, é a causa genética da obrigação em si. 
 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO 
DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ 
 
Fontes das obrigações 
É o fato ou ato jurídico criador da própria relação jurídica obrigacional. Assim, o 
contrato ou o ato ilícito não podem ser confundidos com a obrigação em si. 
A doutrina costuma referir que a lei é a fonte primária das obrigações em geral. 
Exemplo: Obrigações alimentares surgindo do princípio da solidariedade. Mas 
sempre entre a lei e os seus efeitos obrigacionais existirá um fato jurídico que 
concretize o suposto normativo. Entre a norma e o vínculo obrigacional 
instaurado entre credor e devedor concorrerá um acontecimento, natural ou 
humano, que se consolida como condição determinante da obrigação. 
As fontes mediatas das obrigações são três: 
a) Contratos. 
b) Declaração unilateral de vontade. 
c) Atos ilícitos: gera a obrigação de reparar. 
Distinção entre obrigação e responsabilidade: Contraída a obrigação, duas 
situações podem ocorrer: ou o devedor cumpre normalmente a prestação 
assumida e, neste caso, a obrigação se extingue, por ter atingido o seu fim, ou 
o devedor se torna inadimplente. Nesse último caso, a satisfação do interesse 
do credor se alcançará pela movimentação do Poder Judiciário, buscando-se no 
patrimônio do devedor bens necessários à composição do dano decorrente. 
Assim, a responsabilidade só surge se o devedor não cumpre espontaneamente 
a obrigação. Ela é, pois, a consequência jurídica patrimonial do descumprimento 
da relação obrigacional. 
Há casos em que, ainda, uma pode existir sem a outra: 
Obrigação sem responsabilidade. Exemplo: dívidas prescritas. Os direitos 
 prescrevem após decurso de um determinado prazo fixado por lei. Depois 
 de escoado esse prazo, persiste a obrigação sem, contudo, persistir a 
responsabilidade. O devedor continua a ser devedor (continua a 
obrigação), mas não pode ser forçado a prestar a dívida. Ele pode cumprir 
sua obrigação após o escoamento de forma espontânea, realizando o 
cumprimento da obrigação sem ter responsabilidade. 
Responsabilidade sem obrigação. Exemplo: Fiador. A obrigação de pagar 
o aluguel é do inquilino e, caso esse não pague, é o fiador o responsável 
pelo pagamento. Há uma responsabilidade jurídica originaria (inquilino 
assumindo uma obrigação) que, se não for cumprida, ou seja, se o 
devedor não pague por ato espontâneo, surge a responsabilidade do 
fiador. 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO 
DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ 
 
Classificação das prestações 
a) Prestações de fato: constitui na atividade do próprio devedor, voltada à 
satisfação do crédito. Pode ser positiva, quando o devedor se obriga a 
realizar uma ação comissiva, ou negativa, quando o devedor se obriga a 
não atuar, a abster-se de determinado comportamento. 
 
b) Prestações de coisa:consistem na atividade de dar, entregar ou restituir. 
 
c) Prestações instantâneas e contínuas: as primeiras são as que se realizam 
em um só ato, como a obrigação de pagar determinado valor à vista; as 
segundas realizam-se ao longo do tempo, a exemplo da obrigação de não 
construir em cima de determinada altura, ou em prestações periódicas, 
como no pagamento parcelado. 
Classificação básica das obrigações 
● Obrigações de dar 
Essas obrigações têm por objeto direto as prestações de coisas e consistem na 
atividade de dar, entregar ou restituir. Em outras palavras, é a conduta humana 
que tem por objeto uma coisa, sendo esse tipo de obrigação subdividido em três: 
obrigação de dar coisa certa, obrigação de restituir e obrigação de dar coisa 
incerta. 
 ► Obrigações de dar coisa certa (artigos 233 – 237 do CC-02) 
O devedor se obriga a dar (entregar o objeto da compra após o pagamento), 
entregar (devolver algo emprestado por outra pessoa) ou restituir coisa 
específica, certa, determinada. É um vínculo jurídico pelo qual o devedor se 
compromete a entregar ao credor determinado bem móvel ou 
imóvel, perfeitamente individualizado. Exemplo: “um carro de marca x, azul, 
placa 1234, ano 1995...”. O que vai caracterizar a obrigação de dar coisa certa é 
o fato de o objeto da prestação ser coisa única e preciosa, ex: a raquete de Guga, 
o capacete de Ayrton Senna, a camisa dez de Pelé, etc. O devedor obrigado a 
dar coisa certa não pode dar coisa diferente, ainda que mais valiosa, salvo 
acordo com o credor. O credor não está obrigado a receber outra coisa senão 
aquela descrita no título da obrigação, bem como indica o artigo 313. 
Se o devedor recebe o preço e se recusa a entregar a coisa, o credor não pode 
tomá-la, resolvendo-se o litígio em perdas e danos. A obrigação não gera 
direito real (sobre a coisa), mas apenas direito pessoal (sobre a conduta). 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO 
DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ 
 
Tradição é a entrega efetiva da coisa móvel, então, por exemplo, quando se 
compra uma geladeira, se paga à vista, e se aguarda em casa a sua chegada, a 
pessoa só será dona da coisa quando recebê-la. Ao contrário, se a pessoa 
compra um celular a prazo e sai com ele da loja, o aparelho já será daquela 
pessoa, embora não tenha pago o preço completo. A eventual perda/roubo da 
geladeira/celular trará prejuízo para o dono, seja ele a loja ou o consumidor, a 
depender do momento da tradição. É a confirmação do brocardo romano res 
perit domino (= a coisa perece para o dono), seja o comprador ou o vendedor, 
até a tradição. Se o devedor danificar a coisa antes da tradição, terá que 
indenizar o comprador por perdas e danos. 
Por sua vez, o registro é a inscrição da propriedade imobiliária no Cartório de 
Imóveis, de modo que o dono do apartamento não é quem mora nele, não é 
quem pagou o preço ou quem tem as chaves. O dono da coisa imóvel é aquele 
cujo nome está registrado no Cartório de Imóveis. 
Para esse tipo de obrigação de dar coisa certa, ainda, se aplica o princípio 
jurídico de que o acessório segue o principal. Dessa forma, o devedor não 
poderá se negar a dar ao credor aqueles bens que, sem integrar a coisa principal, 
secundam-na por acessoriedade, salvo se contrário resultar do título do caso. 
Exemplo: obrigando-se a transferir a propriedade da casa, estarão incluídas as 
benfeitorias realizadas (acessórias da coisa principal), se o contrário não resultar 
do contrato ou das próprias circunstâncias. 
Em caso de perda ou perecimento da coisa (prejuízo total), quanto a obrigação 
de dar coisa certa, podem acontecer duas situações diversas: 
1. Se a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição (entrega 
da coisa), ou estando ainda pendente a condição suspensiva da 
obrigação (quando o negócio se encontra subordinado a um 
acontecimento futuro e incerto, ex: o casamento do devedor), fica 
resolvida a obrigação para ambas as partes, suportando o prejuízo o 
proprietário da coisa que ainda não havia alienado. 
 
2. Se a coisa se perder, por culpa do devedor, responderá este pelo 
equivalente (valor da coisa), mais perdas e danos. Nesse caso, 
suportará a perda o causador do dano, já que terá de indenizar a outra 
parte. 
Em caso de deterioração (prejuízo parcial), quanto a obrigação de dar coisa 
certa, podem acontecer também duas situações: 
1. Se a coisa se deteriora, sem culpa do devedor, poderá o credor, a seu 
critério, resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço 
o valor que perdeu. 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO 
DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ 
 
2. Se a coisa se deteriora, por culpa do devedor, poderá o credor exigir 
o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com 
direito a reclamar, em um ou em outro caso, a indenização por perdas 
e danos. 
OBS: A reparação se divide em: Indenizar, ou seja, amenizar o prejuízo causado, 
ou ressarcir, que é o ato de retomar a coisa ao estado anterior, quando foi 
entregue. 
► Obrigações de restituir (artigos 238 – 241 do CC-02) 
É também chamada de obrigação de devolver. Difere da obrigação de dar coisa 
certa pois, nessa última, a coisa pertence ao devedor até a tradição, enquanto 
na obrigação de restituir a coisa pertence ao credor, apenas sua posse é que foi 
transferida ao devedor. 
Posse e propriedade são conceitos que serão estudados em Direitos Reais, mas 
dá para entender que quando se aluga um filme, a locadora continua sendo 
proprietária do filme, é apenas a posse que se transfere ao cliente. Então na 
locação o cliente/devedor tem a obrigação de restituir o bem ao locador após o 
prazo acertado. Como se vê, na obrigação de restituir, a prestação consiste em 
devolver uma coisa cuja propriedade já era do credor antes do surgimento da 
obrigação. Igualmente se eu empresto um carro a meu vizinho, eu continuo 
dono/proprietário do carro, apenas a posse é que é transferida, ficando o vizinho 
com a obrigação de devolver o veículo após o uso. 
Locação e empréstimo são exemplos de obrigação de restituir, ficando a coisa 
em poder do devedor, mas mantendo o credor direito real de propriedade sobre 
ela. Como a coisa é do credor, seu extravio (sem culpa do devedor) antes da 
devolução trará prejuízo ao próprio credor; já na obrigação de dar, o extravio 
(sem culpa do devedor) antes da tradição traz prejuízo ao devedor, tendo ele 
que devolver o valor pago pelo credor (mas sem a necessidade de pagar 
indenização). Assim, sistematizando: 
Em caso de perda ou perecimento da coisa (prejuízo total), quanto a obrigação 
de restituir coisa certa, podem acontecer duas situações diversas: 
1. Se a coisa restitutível se perder, sem culpa do devedor, antes da 
tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, 
ressalvados os seus direitos até o dia da perda. 
 
2. Se a coisa restitutível se perder, por culpa do devedor, responderá este 
pelo equivalente (valor da coisa), mais perdas e danos. 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO 
DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ 
 
Em caso de deterioração (prejuízo parcial), quanto a obrigação de restituir coisa 
certa, podem acontecer também duas situações: 
1. Se a coisa restitutível se deteriora, sem culpa do devedor, o credor irá 
recebê-la da forma que for encontrada, sem direito à indenização. 
2. Se a coisa restituível se deteriora, por culpa do devedor, ele será 
obrigado a pagar o valor equivalente mais perdas e danos. 
Ainda nas obrigações de restituir, vale-se pontuar o “Direito aos acréscimos, 
melhoramentos e frutos”, mas, antes de adentrar no assunto, faz-se necessário 
relembrar os bens reciprocamente considerados: 
Se tais benefícios se agregaram à coisa principal, sem trabalho e/ou despesado 
devedor, o credor levará o lucro, desobrigado de indenizar. 
Se essas melhorias se deram com trabalho e/ou despesa do devedor, segue as 
regras referentes aos efeitos da posse (artigos 1.210 – 1.222). Se os acréscimos 
são benfeitorias necessárias ou úteis, o devedor de boa-fé terá direito à 
A coisa acessória segue a natureza da coisa principal. A coisa acessória pertence ao titular 
da coisa principal. Espécies: 
FRUTOS: São utilidades renováveis que a coisa principal periodicamente produz. Nascem e 
renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição no todo ou em parte. Podem ser: 
Colhidos: também chamados de percebidos, é o fruto destacado da coisa principal, mas que 
ainda existe. 
Pendentes: são aqueles que se encontram ainda ligados à coisa principal, ou seja, que ainda 
não estão prontos para serem destacados. 
Percipientes: aqueles que deveriam ter sido colhidos, mas não foram. 
Estantes: são aqueles que já foram destacados, e que se encontram estocados e 
armazenados com a finalidade de venda. 
Consumidos: são aqueles que não existem mais. 
BENFEITORIAS: são obras realizadas pelo homem na estrutura de uma coisa, com o 
propósito de embeleza-la, melhora-la e conserva-la. Podem ser: 
Voluptuárias: são aquelas que têm o propósito de embelezar. Não aumentam o uso habitual, 
mas pode deixar mais agradável ou elevar o valor. Podem ser retiradas sem o prejuízo da 
coisa. 
Úteis: têm a função de tornar a utilização melhor, ou seja, aumentam ou facilitam o uso. 
Exemplo: aumentar a abertura da garagem. Podem ser retiradas sem o prejuízo da coisa. 
Necessárias: são aquelas que, se não for feita, podem prejudicar a coisa. 
PRODUTOS: são utilidades não renováveis, cuja percepção diminui a substância da coisa 
principal. ≠ do fruto, pois esse se renova. 
Os frutos e produtos, mesmo não separados do bem principal, podem ser objeto de negócio 
jurídico. Exemplo: metais podem ser negociados antes da extração, e safras de café podem 
ser negociadas antes da colheita. 
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DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ 
 
indenização, podendo, inclusive, reter a coisa restituível, até que lhe seja pago 
o valor devido; se estiver o devedor de má-fé, só terá direito a pedir indenização 
pelos acréscimos necessários, sem possibilidade de retenção da coisa. 
Se forem benfeitorias voluptuárias poderá o devedor de boa-fé retirá-las, se o 
valor devido não for pago, desde que não haja prejuízo para a coisa principal. 
Já quando a coisa restitutível gera frutos, e o devedor age de boa-fé, ele tem 
direito aos frutos percebidos; os frutos pendentes deverão ser restituídos, 
abatidas as despesas de produção e custeio. Se o devedor age de má-fé, deverá 
entregar todos os frutos colhidos e percebidos, bem como os que, por culpa sua, 
deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé, não tendo 
direito, ainda, à recompensação pelas despesas de produção e custeio. Na 
hipótese de não poder restituir ao credor tais frutos, deverá indeniza-lo com o 
equivalente em dinheiro. 
Esquema para memorização: 
 
Vale-se pontuar, ainda, a diferença entre comodato e mútuo. Comodato é 
o contrato bilateral pelo qual alguém (comodante) entrega a outrem 
(comodatário) coisa infungível (que não admite substituição, por ser 
considerado em seu todo um bem individual), para ser usada temporariamente 
e depois restituída. Uma vez que a coisa é infungível, gera para o comodatário 
a obrigação de restituir um corpo certo. Difere-se assim do mútuo, que 
é empréstimo de coisa fungível, consumível, onde a restituição é de coisa do 
mesmo gênero e quantidade. O comodante guarda a propriedade da coisa e o 
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comodatário adquire a posse, podendo valer-se dos interditos possessórios. O 
comodante geralmente é o proprietário ou o usufrutuário. Pode ainda ser o 
locatário, desde que autorizado pelo locador. 
O mútuo se revela como empréstimo de consumo, ao passo que o comodato se 
consubstancia no empréstimo de uso. O mutuário desobriga-se restituindo coisa 
da mesma espécie, qualidade e quantidade, mas, o comodatário só se libera da 
obrigação restituindo a própria coisa emprestada. Além disso, o mútuo acarreta 
a transferência do domínio (o que não ocorre no comodato) e permite a alienação 
da coisa emprestada, ao passo que o comodatário é proibido de transferir o bem 
a terceiro. 
► Obrigações de dar coisa incerta (artigos 243 – 246 do CC-02) 
Também chamadas de obrigações genéricas, a prestação dessas obrigações 
consiste na entrega de coisa especificada apenas pela espécie e quantidade. É 
o que ocorre quando o sujeito se obriga a dar duas sacas de café sem determinar 
a qualidade (tipo A ou tipo B). A prestação genérica (“dar duas sacas de café”) 
deverá se converter em prestação determinada, quando o devedor ou o credor 
escolher o tipo de produto a ser entregue, no momento do pagamento (“dar duas 
sacas de café do tipo A”). O estado de indeterminação é transitório, sob pena de 
faltar objeto à obrigação. Ao contrário da obrigação de dar coisa certa, aqui o 
objeto não é considerado em sua individualidade, mas no gênero a que pertence. 
A operação de converter a obrigação genérica em determinada denomina-se 
“concentração do débito” ou “concentração da prestação devida”. 
O Código Civil, em regra, prefere a escolha do devedor, quando a vontade das 
partes não houver estipulado a quem assiste determinado direito. Assim, a 
concretização do débito se efetuaria por atuação do devedor, se o contrário não 
resultar do título da obrigação. O devedor, porém, não poderá dar a coisa pior, 
nem será obrigado a dar coisa melhor. O sujeito passivo deverá, havendo mais 
de um tipo, optar por aquele de qualidade intermediária. 
Nas prestações de dar coisa incerta, o devedor não pode, antes de efetuada a 
escolha, alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que por forca maior ou 
caso fortuito. O gênero não perece jamais, segundo o tradicional entendimento. 
Se alguém se obriga a pagar 1000 sacas de trigo continuará sendo obrigado a 
tal, ainda que em seu poder não possua referidas sacas, ou que parte delas 
tenha se perdido. 
► Obrigações pecuniárias 
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O Código Civil traz à tona o princípio do nominalismo, que regula as 
denominadas dívidas de dinheiro. O devedor de uma quantia em dinheiro 
libera-se entregando a quantidade de moeda mencionada no contrato ou no título 
da dívida, e em curso no lugar do pagamento, ainda que desvalorizada pela 
inflação, ou seja, mesmo que a referida quantidade não seja suficiente para a 
compra dos mesmos bens que podiam ser adquiridos no momento em que a 
obrigação foi contraída. 
Ao lado das dívidas de dinheiro, tem-se o entendimento, também, das dívidas 
de valor. Tendo em vista a instabilidade econômica, esse tipo de dívida não tem 
por objeto o dinheiro em si, mas o próprio valor aquisitivo expresso pela moeda. 
Na obrigação de prestar alimentos, por exemplo, o devedor é obrigado a fornecer 
não determinada soma em dinheiro, mas sim o que for necessário à manutenção 
do alimentado. Vale-se, aqui, a revisão judicial da pensão em que o valor nominal 
estiver defasado. 
● Obrigações de fazer 
Trata-se da obrigação que abrange o serviço humano em geral, como a 
realização de obras ou a prestação de fatos que tenham utilidade para o credor. 
Consiste, portanto, em atos ou serviços a serem executados pelo devedor. 
Podem ser: 
- Obrigação de fazer fungível: quando não houver restrição negocial no sentido 
de que o serviço seja realizado por outrem. Diz-se que a obrigação não foi 
pactuada em atenção à pessoado devedor. Se o fato puder ser executado por 
terceiro e, havendo recusa ou mora do devedor, o credor poderá mandar essa 
outra pessoa executar o fato à custa do devedor. Em caso de urgência, o credor 
pode, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar 
o fato, sendo depois ressarcido pelo devedor. 
- Obrigação de fazer infungível: quando fica estipulado, no título da obrigação, 
que apenas o devedor indicado poderá satisfazer a obrigação. Trata-se das 
obrigações personalíssimas, cujo adimplemento não poderá ser realizado por 
qualquer pessoa, devido as qualidades especiais daquele que se contratou. Tais 
pessoas não poderão, sem previa anuência do credor, indicar substitutos, sob 
pena de descumprirem a obrigação personalíssima pactuada. Isso ocorre em 
Astreinte: É a penalidade imposta ao devedor, consistente em multa diária fixada na sentença judicial ou no 
despacho de recebimento da inicial, relativa a obrigação de fazer ou de não fazer. A astreinte tem por finalidade o 
constrangimento do devedor para fazer cumprir o estipulado na decisão judicial ou no título, sendo que quanto mais 
tempo ele demorar para pagar a dívida, maior será seu débito. Prevê o artigo 645, do Código de Processo Civil, que 
"na execução de obrigação de fazer ou não fazer, fundada em título extrajudicial, o juiz, ao despachar a inicial, fixará 
multa por dia de atraso no cumprimento da obrigação e a data a partir da qual será devida". 
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razão das habilidades técnicas, caráter, talento artístico, cultura e reputação do 
devedor. 
 
Consequências do descumprimento da obrigação de fazer: 
1. Se a prestação do fato se tornar impossível, sem culpa do devedor, 
resolve-se a obrigação, sem que haja consequente obrigação de 
indenizar. 
2. Se a prestação do fator se tornar impossível, com culpa do devedor, este 
poderá ser condenado a indenizar a outra parte pelo prejuízo causado. 
Quanto ao descumprimento na obrigação de fazer infungível, vale a análise: 
Quando o inadimplemento de uma obrigação de fazer infungível se dá sem culpa 
do devedor a obrigação será resolvida, situação em que serão devolvidos 
eventuais valores já pagos ao devedor. Por outro lado, quando o inadimplemento 
é culposo, duas são as questões que devem restar sob exame: 
a) O inadimplemento absoluto: Se a circunstância for de inadimplemento 
absoluto estaremos diante de hipótese em que não há mais possibilidade 
de cumprimento por absoluta falta de utilidade ao credor. Seria o caso, 
por exemplo, da contratação de certa e determinada decoradora para o 
aformoseamento de uma festa de casamento ou de debutante, tendo se 
dado a contratação pelo conhecimento do trabalho pelos interessados e 
pela boa fama da profissional no mercado. Neste caso, tendo o 
inadimplemento se consolidado por já ter passado a ocasião 
comemorativa não haverá outra saída senão o pleito de devolução de 
valores pagos acrescidos de perdas e danos que deverão abranger: 
danos emergentes, lucros cessantes, perdas de chance, danos morais, 
dentre outros. 
b) A mora: Por outro lado, se o inadimplemento for mora, ou seja, se ainda 
é possível o cumprimento da prestação, na obrigação infungível, duas 
possibilidades se apresentam: Cominação de pena diária ou Resolução 
obrigacional acrescida de perdas e danos. A segunda opção é bastante 
comum e poderá ser uma opção do credor e disso não restam dúvidas. 
Sobre a primeira, no entanto, vale a análise: Diante da indeterminação 
pessoal da obrigação surge o brocardo: “nemo praecise potest cogit ad 
factum” (ninguém poderá ser coagido a prestar um fato). Muitos autores, 
com isso, mantêm o posicionamento de que será impossível constranger 
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o devedor ao cumprimento do fato e, por isso, a única saída restante ao 
credor será aquela prevista no artigo 248 do CC, em que será cobrada do 
devedor a resolução obrigacional com perdas e danos. Por outro lado, é 
pacífico o entendimento de que poderá ser estabelecida pena pecuniária, 
inclusive diária, para forçar o devedor ao cumprimento do fato 
personalíssimo. 
● Obrigações de não fazer 
Essas obrigações têm por objeto uma prestação negativa, um comportamento 
omissivo do devedor. Exemplo: Uma pessoa se obriga a não construir acima de 
determinada altura; a não instalar ponto comercial em determinado lugar; a não 
divulgar conhecimento técnico para concorrente de seu ex-empregador etc. O 
devedor, em outras palavras, estará descumprindo a obrigação ao realizar o 
comportamento que se obrigou a abster-se. Não são consideradas licitas as 
obrigações de não fazer que violem princípios de ordem pública e vulnerem 
garantias fundamentais. Não são consideradas válidas, a priori, obrigações 
negativas como a de não casar, não sair da cidade, não transitar por certa rua, 
não trabalhar etc., pois elas atingem, em última análise, direitos da 
personalidade. 
Consequências do descumprimento da obrigação de não fazer: 
1. Se o inadimplemento resultou de evento estranho à vontade do devedor, 
ou seja, sem culpa do devedor, extingue-se a obrigação, sem perdas e 
danos. Chama-se de descumprimento fortuito (não culposo). 
Exemplo: um sujeito se obriga a não construir um muro em seu imóvel, a fim de 
não prejudicar a vista panorâmica do vizinho, mas, em razão de determinação 
do Poder Público, que mudou a estrutura urbanística municipal, viu-se forçado a 
realizar a obra que se comprometeu a não realizar. 
2. Se o inadimplemento resultou de um ato imputável do próprio devedor, 
com culpa do devedor, ou seja, se ele realizou o descumprimento 
voluntariamente, sem a interferência coercitiva de fator exógeno, o credor 
pode receber perdas e danos, além de poder atuar pela própria força, em 
caso de urgência, independentemente de autorização judicial. 
 
Classificação especial das obrigações 
Nem sempre uma classificação especial exclui a outra, de forma que se poderá 
ter, por exemplo, uma obrigação de dar, solidária, divisível e a termo. Algumas 
classificações especiais, também, podem se constituir em desdobramentos 
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umas das outras, por exemplo: as obrigações fracionárias pressupõem a 
divisibilidade das obrigações etc. O único enquadramento que não se pode, a 
priori, é a existência de obrigações contraditórias em seus próprios termos, como 
divisível e indivisível etc. 
 
Classificação especial quanto ao elemento subjetivo 
● Obrigações fracionárias 
Nessas obrigações concorre uma pluralidade de devedores ou credores, de 
forma que cada um deles responde apenas por parte da dívida ou tem direito 
apenas a uma proporcionalidade do crédito. Exemplo: João, Paulo e Marcos 
adquiriram, conjuntamente, um veículo, obrigando-se a pagar R$30.000,00. Se 
não houver estipulação contratual em sentido contrário, cada um deles 
responderá por R$10.000,00. Essas obrigações, obviamente, pressupõem a 
divisibilidade da prestação. 
● Obrigações conjuntas 
São também chamadas de obrigações unitárias ou de obrigações em mão 
comum. Nesse tipo, concorre uma pluralidade de devedores ou credores, 
impondo-se a todos o pagamento conjunto de toda a dívida, não se autorizando 
a um dos credores exigi-la individualmente. Elas pressupõem a existência de 
patrimônio separado. O direito do credor não se dirige contra cada qual, mas 
coletivamente, contra todos. 
Exemplo: três devedores se obrigam conjuntamente a entregar ao credor um 
caminhão carregado de soja. Assim, nenhum dos devedores poderá pretender o 
pagamento isolado de sua quota para se eximir da obrigação, nemo credor 
poderá exigir o pagamento parcial da dívida, buscando-se um adimplemento 
parcial. Apenas se desobrigam em conjunto, entregando toda a mercadoria 
prometida. 
● Obrigações disjuntivas 
Existem devedores que se obrigam alternativamente ao pagamento da dívida. 
Desde que um dos devedores seja escolhido para cumprir a obrigação, os outros 
estarão consequentemente exonerados, cabendo ao credor a escolha do 
demandado. 
Assim, se uma dívida for contraída por três devedores, a obrigação pode ser 
cumprida por qualquer um deles. Esse tipo de obrigação é pouco seguro para o 
credor, pois se pudesse cobrar dos três, teria maior garantia patrimonial para a 
satisfação do seu crédito. 
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● Obrigações solidárias 
Existe solidariedade quando, na mesma obrigação, concorre uma pluralidade de 
credores, cada um com direito à dívida toda (solidariedade ativa), ou uma 
pluralidade de devedores, cada um obrigado à dívida por inteiro (solidariedade 
passiva). No caso, existe uma unidade objetiva da obrigação, isto é, há um objeto 
único, embora concorram mais de um credor ou devedor. Um dos vários 
credores tem a faculdade de receber tudo, tal como se fosse o único credor, ou 
um dos vários devedores deve pagar tudo, como se fosse o único devedor. 
Exemplo de solidariedade ativa: Maria, Joana e Paula são credoras de João. Nos 
termos do contrato (título da obrigação), João deverá pagar a quantia de 
R$300.000,00, havendo sido estipulada a solidariedade ativa entre os credores 
da relação obrigacional. Assim, qualquer uma das três credoras poderá exigir 
toda a dívida de João, ficando, é claro, aquela que recebeu o pagamento limitado 
a entregar às demais as suas quotas-partes respectivas. Se o devedor paga a 
qualquer das credoras, ele se exonera. Nada impede que duas das credoras, ou 
até mesmo as três, cobrem integralmente a obrigação pactuada. 
Exemplo de solidariedade passiva: João, Pedro e José são devedores de Maria. 
Nos termos do contrato, os devedores encontram-se coobrigados solidariamente 
a pagar à credora a quantia de R$300.000,00. Assim, Maria poderá exigir de 
qualquer dos três devedores toda a soma devida, e não apenas um terço de 
cada um. Nada impede, mesmo assim, que Maria demande dois dos devedores, 
ou até mesmo, todos os três, conjuntamente. O devedor que pagou toda a dívida 
terá ação regressiva contra os demais coobrigados, para haver a quota-parte de 
cada um. Se, no caso, a obrigação fosse fracionária, Maria só poderia exigir de 
cada devedor a sua respectiva quota-parte (R$100.000,00). 
Deve-se salientar que a solidariedade, por princípio, não se presume nunca, 
resultando expressamente da lei ou da vontade das partes. 
Na solidariedade ativa existe uma relação jurídica interna entre os credores, a 
qual é irrelevante para o devedor. Consequentemente, em virtude do vínculo 
interno que os une, aquele que recebeu todo o pagamento passa a responder 
perante os demais credores pelas partes de cada um. O código civil determina 
que “o pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o 
montante do que foi pago”, ou seja, se o devedor pagou menos do que devia, 
continuará obrigado ao pagamento do restante da dívida, abatida a parte que já 
quitou, mantida a solidariedade ativa quanto ao saldo devedor. 
Há casos em que um dos credores solidários, em vez de exigir a soma devida, 
perdoe a dívida. Chama-se remissão de dívida, uma forma especial de extinção 
das obrigações. Nesse caso, assim como ocorre quando recebe o pagamento, 
o credor remitente (que perdoou) responderá perante os demais credores pela 
parte que lhes caiba. 
No caso de um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um 
deles só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que corresponder ao 
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seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. Exemplo: A, B e C 
são credores solidários de D. Se B morre, deixando dois filhos como herdeiros, 
cada um destes só terá direito a exigir e receber a quota do crédito que 
corresponder ao seu quinhão hereditário, isto é, a metade da quota de B. Se a 
obrigação for indivisível, como um cavalo de raça, o herdeiro poderá exigi-lo por 
inteiro (dada a impossibilidade de fracioná-lo), respondendo perante todos os 
demais pela quota-parte de cada um. 
O novo código civil prevê dispositivos atinentes à defesa do devedor, dentre os 
quais proíbe que o devedor oponha a todos os credores solidários a exceção 
pessoal oponível a apenas um deles (art. 273). Ou seja, se apenas um dos 
credores atuou dolosamente de má-fé quando celebrou o contrato, e estando os 
demais credores de boa-fé, a exceção (alegação do dolo) não poderá ser oposta 
contra todos, prejudicando os credores de boa-fé. 
Se um dos credores solidários ameaçou o devedor para que este também 
celebrasse o negócio com ele, o juiz pode excluir o coator da relação 
obrigacional, em face da invalidade da obrigação. A sentença não poderá 
prejudicar os demais credores que agiram de boa-fé, ou seja, o julgamento 
contrário a um dos credores solidários não atinge os demais. 
Se o juiz não acolhe a alegação do devedor, e essa não era de natureza pessoal, 
o julgamento favorável ao credor acusado beneficiará os demais credores. 
Exemplo: devedor alega que o valor da dívida cobrada pelo credor A é excessiva, 
não havendo necessidade de cobrar juros (defesa não pessoa). Se o juiz não 
aceitar as alegações, o julgamento favorecerá os demais credores. 
Se o juiz não acolhe a alegação do devedor, e essa era de natureza pessoal, o 
julgamento não interferirá na esfera jurídica dos demais credores. Exemplo: 
devedor alega que não pagará a dívida, visto que o credor A o coagiu, por meio 
de grave ameaça, a celebrar o contrato. O juiz não aceita as alegações e 
reconhece que esse credor acusado é legitimo credor solidário. O julgamento 
favorável a esse credor não muda e nada, por isso não se pode dizer que o 
julgamento favoreceu os demais credores, visto que a situação dos mesmos não 
mudou. 
Na solidariedade passiva, há uma pluralidade de devedores, cada um deles 
obrigado ao pagamento de toda a dívida. Qualquer dos devedores está obrigado 
ao pagamento de toda a dívida. Assim como na solidariedade ativa, aquele que 
pagou integralmente a dívida terá ação regressiva contra os demais, para haver 
a quota-parte de cada um. Se o credor aceitar o pagamento parcial de um dos 
devedores, os demais só estarão obrigados a pagar o saldo remanescente. Se 
o credor perdoar a dívida em relação a um dos devedores solidários, os demais 
permanecerão vinculados ao pagamento da dívida, abatida a quantia paga. 
Se a prestação se impossibilitar por dolo ou culpa de um dos devedores, todos 
permanecerão solidariamente obrigados ao pagamento do valor equivalente. 
Entretanto, pelas perdas e danos só respondera o culpado. 
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No caso de um dos devedores solidários falecer deixando herdeiros, cada um 
deles só estará obrigado a pagar a quota que corresponder ao seu quinhão 
hereditário, isto é a metade da quota do devedor falecido. Se a obrigação for 
indivisível, o credor poderá exigi-lo por inteiro, cabendo ao herdeiro que pagou 
cobrar dos demais coobrigados, via ação regressiva, se necessário, as partes de 
cada um. O pagamento total da dívida pelos herdeiros reunidos não poderá 
ultrapassar as forças da herança, uma vez que não seria licito admitir que os 
sucessores diminuíssem o seu patrimônio pessoal para cumprir uma obrigação 
a que não deram causa. 
 
 
Classificação especial quantoao elemento objetivo 
● OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS 
Aquelas que têm por objeto duas ou mais prestações, sendo que o devedor se 
exonera cumprindo apenas uma delas. Exemplo: o devedor A libera-se da dívida 
pagando um touro reprodutor ou um carro. Nada impede que seja de natureza 
diversa: a entrega de algo ou uma prestação de serviço. São prestações 
especificas excludentes entre si. O novo código civil não estabelece prazo para 
o exercício do direito de escolha, mas não significa dizer que o optante possa 
exerce-lo a qualquer tempo. 
Como regra geral, o direito de escolha cabe ao devedor, se o contrário não 
houver sido estipulado no título das obrigações. Embora a escolha caiba ao 
devedor, o credor não está obrigado a receber parte em uma prestação e parte 
em outra prestação (princípio da indivisibilidade do objeto). Se a obrigação for 
de prestações periódicas, o direito de escola poderá ser exercido em cada 
período. Havendo pluralidade de optantes (um grupo de devedores com direito 
de escolha), não tendo havido acordo unanime entre eles, a decisão caberá ao 
juiz, após expirar o prazo judicial assinado para que chegassem a um 
entendimento. Também caberá ao juiz escolher a prestação, se o título da 
obrigação houver deferido esse encargo a um terceiro e esse não quiser ou não 
puder exerce-lo. 
Se todas as prestações se tornarem impossíveis totalmente sem culpa do 
devedor, se extinguirá a obrigação; se por culpa do devedor, não competindo a 
escolha ao credor, ficará o devedor obrigado a pagar o calor da prestação que 
por último se impossibilitou + perdas e danos; se por culpa do devedor, 
competindo a escolha ao credor, o credor poderá reclamar o valor de qualquer 
das prestações + perdas e danos. 
Se todas as prestações se tornarem impossíveis parcialmente sem culpa do 
devedor, a obrigação concentra-se na prestação remanescente; se por culpa do 
devedor, não competindo a escolha ao credor, poderá o débito a ser concentrado 
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na prestação remanescente; se por culpa do devedor, competindo a escolha ao 
credor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da que 
se impossibilitou, + perdas e danos. 
Se a prestação se impossibilita por culpa do credor, considera-se cumprida a 
obrigação, exonerando-se o devedor. Se for impossibilidade parcial, o devedor 
pode realizar parte possível ou restante da prestação, sem embargo de ser 
indenizado pelos danos que porventura sofreu. 
 
 
● OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS 
Aquelas que, tendo um único objeto, o devedor tem a faculdade de substitui-la 
por outra de natureza diversa, prevista subsidiariamente. Exemplo: o credor A 
obriga-se a pagar uma quantia de R$100.000,00, facultando-lhe, todavia, a 
possibilidade de substituir a prestação principal pela entrega de um carro usado. 
Se trata de uma obrigação com objeto único, mesmo que reconheça ao devedor 
o poder de substituição. Se a prestação inicialmente prevista se impossibilitar 
sem culpa do devedor, a obrigação extingue-se, não tendo o credor o direito de 
exigir a prestação subsidiária. O credor, nessa obrigação, não pode exigir o 
cumprimento da prestação facultativa. A impossibilidade de cumprimento da 
prestação devida extingue a obrigação. Somente a existência de defeito na 
prestação devida pode invalidar a obrigação. 
● OBRIGAÇÕES CUMULATIVAS 
Aquelas que têm por objeto uma pluralidade de prestações, que devem ser 
cumpridas conjuntamente. Exemplo: se obrigar a entregar uma casa e 
R$100.000,00. As prestações são cumpridas como se fossem uma só, ou seja, 
o devedor apenas se desobriga cumprindo todas as prestações. 
● OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS 
As divisíveis são aquelas que admitem o cumprimento fracionado ou parcial da 
prestação; as indivisíveis só podem ser cumpridas por inteiro. 
A divisibilidade e indivisibilidade das obrigações só aparece havendo pluralidade 
de credores ou devedores. Havendo unidade, as obrigações são, em regra, 
indivisíveis, porque nem o credor é obrigado a receber pagamentos parciais, nem 
o devedor de faze-los, se outra coisa foi estipulada. 
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As obrigações de dar podem ser divisíveis ou indivisíveis. As obrigações de fazer 
só podem ser divisíveis se a atividade puder ser fracionada (exemplo: construção 
de um muro). As obrigações de não fazer são, em regra, indivisíveis. 
Qualquer que seja a natureza da indivisibilidade, se concorrem dois ou mais 
devedores, cada um deles estará obrigado pela dívida toda. Não significa que 
exista solidariedade entre eles, uma vez que, no caso, é o objeto da própria 
obrigação que determina o cumprimento integral do debito. Se A, B e C obrigam-
se a entregar um cavalo, qualquer deles, demandado, deverá entregar todo o 
animal. Isso ocorre não necessariamente por forca de um vínculo de 
solidariedade passiva, mas sim pelo simples fato de que não se pode cortar o 
cavalo em três, para dar apenas um terço do animal ao credor. 
Os efeitos, por causa disso, assemelha-se muito aos da solidariedade, visto que 
o devedor que paga integralmente a dívida sub-roga-se nos direitos do credor 
em relação aos outros coobrigados. 
Se a pluralidade for de credores, poderá qualquer deles exigir a dívida inteira; O 
devedor se desobrigará em duas hipóteses: 1) Pagando a todos os credores 
conjuntamente, ou pagando a um, dando ao devedor caução de ratificação dos 
outros credores; nesse último caso pode o devedor pagar apenas a um dos 
credores da obrigação indivisível, desde que o credor apresente uma garantia 
(caução) de que os outros credores ratificam o pagamento. Recebido a dívida 
por inteiro, o credor deverá repassar aos outros, em dinheiro, as partes que lhes 
caibam no total. Essa regra se justifica pelo fato de que a coligação entre os 
credores decorreu da própria impossibilidade de fracionamento da prestação, e, 
sendo assim, os outros deverão se contentar com as suas parcelas em dinheiro. 
Aquele que demandou o sujeito passivo terá o direito de ficar com a coisa devida. 
2) Remissão (perdão, transação, novação, compensação e confusão. Trata-se 
de formas especiais de pagamento onde, ocorrendo qualquer uma delas, se 
partir de apenas um dos credores, a obrigação persistira quanto aos demais, 
descontada a quota-parte do referido credor. Se A perdoar a dívida de B (sendo 
a prestação um cavalo), B continuará obrigado a entregar o animal aos demais 
credores, embora tenha o direito de exigir que se desconte (em dinheiro) a quota 
do credor que o perdoou. 
Imaginando uma obrigação indivisível com pluralidade de devedores, se o animal 
perecer por culpa de todos os devedores, eles responderão por partes iguais 
pelas perdas e danos devidos ao credor; se a culpa for de apenas um devedor, 
somente ele será civilmente responsabilidade, sendo as perdas e danos nesse 
caso correspondente à indenização devida pelo prejuízo causado ao credor em 
virtude da morte do animal. 
 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO 
DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
QUESTÕES DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
1) Paulo e Marcelo celebraram contrato por meio do qual Marcelo, notório artista, 
contraiu obrigação intuitu personae de restaurar um quadro de grande valor 
artístico, devendo receber, para tanto, vultosa contraprestação pecuniária. 
Caso Marcelo se recuse a realizar a restauração contratada, Paulo poderá 
requerer a conversão da obrigação em indenização por perdas e danos, sem 
prejuízo de eventuais astreintes. 
Trata-se de inadimplemento de uma obrigação de fazer infungível. Esse 
inadimplemento em específico é por mora, aindasendo possível o cumprimento 
da obrigação, visto que não há impossibilidade de cumprimento absoluto. Sendo 
assim, pode-se resolver pelas astrientes ou por perdas e danos mais devolução 
do valor pago. Em outras palavras, resolve-se o problema com a cominação de 
pena diária ou com a resolução obrigacional (devolução do valor) mais 
indenização. 
2) Maria do Carmo comprou um vestido de noiva que pertenceu a Elizabeth 
Taylor de Leiloarte S/A para o seu casamento que se realizaria dia 
20/10/2011, dia agendado também para a entrega do vestido. Em 10/10/2011 
houve uma forte tempestade na cidade e um raio incendiou o atelier de 
costura onde o vestido de Maria do Carmo estava guardado. Nesse mesmo 
dia, vários incêndios ocorreram na cidade, também causados por raios. Nesse 
caso, como se resolverá a obrigação? 
Trata-se de uma obrigação de dar coisa certa, cujo inadimplemento por 
impossibilidade de dar a coisa se deu sem culpa no devedor. Sendo assim, como 
indica o artigo 234 CC, a obrigação se resolve com a devolução do valor pago 
pela credora, sem perdas e danos. 
ALUNA: JULIANA AGUIAR LEAL C. DE AZEVEDO – UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO 
DIREITO CIVIL II (2016.1) I GQ 
 
3) Paula contratou o empreiteiro Romeu para executar serviços de hidráulica, 
elétrica e colocação de forro de gesso em seu novo apartamento, pagando a 
quantia de R$10.000,00. Após quinze dias do início da obra, Romeu a abandona 
imotivadamente, causando um grande atraso em sua finalização. Paula poderá, 
então, mandar executar o serviço por outro empreiteiro, às custas de Romeu, e 
exigir o pagamento deste de indenização das perdas e danos que provocou? 
Sim, visto que se trata de uma obrigação de fazer, e o inadimplemento se deu 
por culpa do devedor, ou seja, houve vontade em atrasar a obra. Nesse caso, 
resolve-se com a devolução do valor pago mais perdas e danos, como indica o 
artigo 249 CC.. Caso houver aproveito dos primeiros dias trabalhados, poderá 
haver um pequeno abatimento desse valor. 
4) Considere que um artista tenha-se comprometido a fazer uma escultura para 
uma pessoa por determinado valor, que seria pago no momento da entrega, mas 
que a realização da escultura tenha-se tornado impossível em razão das 
condições climáticas de sua região, e não por culpa do artista. Nessa situação, 
estará resolvida a obrigação, sem a necessidade de imposição de reparação de 
perdas e danos? 
Visto que se trata de uma obrigação de fazer, e o inadimplemento se deu sem 
culpa do devedor, a obrigação se resolverá apenas com a devolução do valor 
pago, sem perdas e danos, conforme o artigo 248. 
5) Nas obrigações alternativas cuja escolha caiba ao credor, caso o credor tenha 
concentrado a obrigação em prestação que se tornou inexigível por culpa do 
devedor, o credor terá o direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da 
outra, com o ressarcimento de perdas e danos? 
De acordo com o artigo 255 CC, se a escolha couber ao credor e a impossilidade 
se der por culpa do devedor, resolve-se a obrigação pela prestação subsistente 
ou pelo valor da prestação que se tornou impossível mais perdas e danos.

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