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trabalho e o tempo

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UNIVERSIDADE BRAZ CUBAS
CRISTIANA COSTA DOS SANTOS
MARIA CRISTINA MAZZER FEITOSA
TATIANY ARAÚJO DORNELLAS DO NASCIMENTO
O TRABALHO E O TEMPO - RESUMO
MOGI DAS CRUZES, SP
2013
INTRODUÇÃO
O presente trabalho refere-se ao capítulo O Trabalho e o Tempo dos autores Analia Sori Batista e Wanderley Codo, em que são apresentadas as modificações sofridas em relação à vivência do tempo em consequência da evolução do trabalho, como isso interfere na vida dos indivíduos e quais os resultados psicológicos essas mudanças acarretam. Para ilustrar a exposição dos fatos em relação a trabalho e tempo, é apresentado um estudo de caso sobre uma jovem com nome fictício de Laura que mostra como o jovem atual lida com as essas questões e quais suas angústias em relação a isso. Ao final, é a presentada a conclusão do grupo sobre o capítulo e o caso estudados.
	O Trabalho e o Tempo
O tempo ordena a vida do homem e colabora para a aprendizagem dos vários acontecimentos que marcarão sua vida, contudo há tempo para cada fase. No dia-a-dia, as tarefas que temos que cumprir e que são praticamente mecânicas, não precisam ser programadas. O dia de um trabalhador se inicia hierarquicamente nesse rigor: higiene corporal, a alimentação matutina, a leitura do jornal, um beijo de tchau para seguir ao trabalho. Isso tudo segue um rigor determinado pelo tempo disponível. São atos que executamos todos os dias e não percebemos que é mecânico, acostumados a fazer as mesmas coisas todos os dias do mesmo jeito.
O tempo não se resume somente a uma atividade mental, é uma categoria sociocultural histórica que carrega consigo a noção de espaço. O tempo é um avatar, onde ele próprio é criador e transformador do espaço. Cada cultura têm sua noção de tempo, sua criação e transformação condizente, onde se define como cíclico e linear. O tempo cíclico se constrói como “mito do eterno retorno”, onde as histórias sobre a origem dos povos os remete ao princípio do prazer. Já o tempo linear se constrói como cronológico, onde procura-se o início e o fim em que foram separados pela ideia de antes-passado e um depois-futuro. Uma ideia em que sente-se evoluir, progredir, seguir adiante pra alcançar algo no qual sentimos que amanhã seremos mais felizes que hoje.
O século XIX foi marcado pela sistematização das fábricas e maquinários, em que devoravam e materializaram a classe operária, transformando o conceito de corpo de ferro. Formou-se então um novo conceito de percepção temporal.
Com a revolução industrial inglesa, os homens precisaram habituar-se a um novo ritmo de vida diferente do qual já estavam acostumados. A agricultura e a servidão foram substituídas pela construção da ferrovia, modernizando o sistema de trabalho braçal, dando um novo tempo de investimento de trabalho. Um exemplo da modernidade chegando ao tradicional foi a ferrovia, que revolucionou o sistema de carruagens, no qual chegava-se á um lugar mais rápido , com menos tempo do que com a carruagem. A ferrovia trouxe tanto riquezas quanto percepção temporal. Unia dois pontos percorrendo espaços num tempo cada vez menor, trazendo á sociedade da época um contraste com a inércia. Determinava o momento de acelerar, continuar a acelerar ainda mais, depois desacelerava ou pausava. Assim os homens eram avaliados pelo tempo em que executam seus serviços durante um tempo. Isso gerou uma economia satisfatória, construindo objetivos concretos e tornando uma rotina mais dinâmica.
Taylor cronometrava suas ações de caminhar na fábrica, bem como de seus trabalhadores também. Com essa obsessão de tempo e resultado, via que, quanto mais rápido o ser humano executava o serviço, mais ganho gerava á organização. O fato era de que, precisava fazer mais coisas em menos tempo. Assim, ocorria a compreensão do espaço-tempo que marcou o período e que ameaçava dissolver tanto a realidade temporal quanto sua própria invenção.
A produção e suas necessidades socioeconômicas supridas em parte pelo controle do trabalho do homem e das vontades das organizações que fabricavam produtos, estabeleceu um tempo, cronometrado e estranho. No filme “Tempos Modernos, de Charles Chaplin”, o próprio Charles transformou-se num prisioneiro do sistema pela esteira rolante. Fora da linha de produção, Charles não conseguia mais comportar-se de forma expontânea, pois isso já está inserido na sua pessoa, sua alma. Agia da mesma forma mecânica quando estava fora da fábrica.
Rapidez, rigor, acelerar e parar. O tempo se torna presente contra tudo o que desestruturar. O caos chega com a percepção da falta do tempo. 
Sem rotina e sem uma ação após a outra,  ficaríamos parados mercê do "momento eterno", o novo e o velho da vida num vácuo da existência. Questionar-se de onde viemos, para onde vamos, e o que somos,  várias questões dialéticas nos levam á uma máquina do tempo.
Nossa identidade profissional também é produto de uma história que ocorre a partir de um plano de carreira fundamentado e institucionalizado. Sonhamos em ser profissionais em algo, e projetamos nossos sonhos numa organização que represente essa profissão. Carreira profissional é sonhar, ter um passado e um presente, esperando o futuro, é algo incontrolável do ser humano. Confundimos nossa carreira profissional com nossa vida particular, não conseguimos separar esses dois hemisférios tão individuais. Cada vez em que recebemos uma promoção, um novo fato de nossa vida se forma paralelamente. Forma-se vínculos, pontes reais ou imaginárias ligando trabalho e vida. Cada passo que se dá, é um degrau que se avança, e cada degrau nos leva ao topo. O espaço desse tempo é vertical, somente ascende.
Nossos relacionamentos também são significados perceptíveis do tempo. Relacionamentos curtos e superficiais, longos e profundos. O tempo é senhor de sí e qualifica o relacionamento. Segundo os valores modernos, a verdade habita no profundo, o falso ou o mascarado, na superfície. 
Em questão a relacionamentos, o tempo é quem define sua qualidade: Profundo e longo, superficial e curto. O critério de verdade e falsidade estão ligado á noção de tempo.
O ambiente do trabalho é planejado, portanto ele se torna perpétuo, o que é diferente de nó, que estamos em constante movimento. Tipos de trabalho como os realizados em esteiras, demandam um tipo de trabalho linear organizado. Os gestos mecânicos dos operários realizados com a mecânica da máquina formavam uma sincronia, como se a carreira profissional dos operários fossem desqualificável. Era como se nada mais poderia esperar de um tipo de trabalho assim, sem novas descobertas, sendo impossível romper essa regra. 
A vida segue atrelada à vida profissional. O amadurecimento do homem ocorria conjuntamente com os avanços na carreira profissional, promoções ocorriam ao longo do tempo chegava o momento da aposentadoria, encerrando as atividades profissionais e rompendo uma rotina instalada. Crianças e velhos mereciam atenção especial, pois são pessoas que nos mostram tempos diferentes: a criança está ingressando na vida social, o velho está encerrando seu tempo de produção. 
O aposentado é representado como alguém que não corre mais contra o tempo, sem novos sonhos, já encerrou sua carreira profissional, um corpo que tanto produziu como estagnou em suas produções. Enquanto recebia ordens e metas á cumprir, sentia medo do futuro aposento que encerrava suas atividades profissionais poderiam lhe causar. Sem rotinas á cumprir, sentia-se abandonado de sí mesmo, anunciando uma morte em vida.
A vida humana se traduz na trajetória evolutiva e progressista. Formar uma carreira profissional permite criar os mais diversos vínculos desde a própria organização, os colegas, e com os que não estão na organização, como pessoas que encontramos ao caminho do caminho. O trabalhador conhecia os limites entre o real e o imaginário de seus sonhos profissionais. Tinha a escolha da altura de seus sonhos quando iniciava um novo emprego. Suportariatodas as etapas para alcançar sua meta na organização. Ser competente, leal, compromissado e sentir que devia atingir as expectativas exigidas estariam totalmente inseridos na sua forma de ser pessoa.
Atualmente os tempos são outros, as significações para o tempo nas organizações já não é mais o tempo organizado pelas fábricas e pelas máquinas, nem tão pouco pela “filosofia Taylorista”. 
	O tempo e suas significações acompanham as mudanças que se dão no mundo e esse movimento é constante. O principal responsável pelas mudanças é o sistema econômico capitalista, que está a todo momento se reestruturando e sofrendo metamorfoses brutais, e o indivíduo se vê obrigado a se encaixar nesse tempo ou ficar fora dele.
	O tempo de produção dos produtos que antes ocorria de forma linear, ou seja, numa sucessão de eventos organizados em ordem cronológica, hoje ocorre numa horizontalidade em que o resultado final é “a perder de vista”, o processo como um todo pode ocorrer em vários locais diferentes e distantes pelo mundo, numa ordem que obedeça à regras de logística e principalmente a regras do mercado, num espaço de tempo que precisa ser cada vez mais veloz. É a fragmentação do processo, que dificulta o reconhecimento do produto.
	O tempo do trabalhador dentro da indústria e suas atitudes culturais diversas acabam sendo incorporadas numa cadeia produtiva de produtos que percorrerão o mundo, e para tanto o trabalhador deve se enquadrar num perfil tido como moderno em que as palavras de ordem são qualidade, produtividade, autonomia, criatividade, versatilidade, polivalência e flexibilidade, e não mais os valores anteriores (época do fordismo) como lealdade, honestidade e compromisso. 
	As qualidades antes tidas como sinal de “bom caráter” do trabalhador e essenciais à sua função, hoje dão lugar a habilidades que elevem o status do trabalhador a alguém capaz de mudar e se adequar rapidamente as demandas do mercado, um profissional que seja disputado entre as organizações e que, tê-lo no quadro de funcionários significa uma projeção e lucros maiores e melhores na competição, ainda que lhe falte características intrínsecas que o qualifiquem como sendo alguém de “bom caráter”, de acordo com os valores morais.
	Porém, este pensamento atual pode ser uma armadilha para as organizações visto que os talentosos profissionais tão disputados, em busca de satisfação individual e sucesso profissional cada vez maior, não hesitam em abandonar seus postos seduzidos por tentadoras propostas de ganhos maiores em outra organização, o que expõe a fragilidade dessas organizações e as deixam nas mãos destes profissionais.
	Está desqualificado e fora dos padrões atuais de mercado o trabalhador que ainda percebe o tempo com uma visão fordista, ou seja, que pensa que o ideal é manter-se num emprego por um longo período, sendo leal aos ideais da empresa e buscando um crescimento vertical e não horizontal e que não mais atende as exigências do mercado.
	A atual dinâmica instaurada no mercado de trabalho interfere na expressão do Eu do indivíduo no ambiente de trabalho, e define parâmetros novos para a inclusão/exclusão dos trabalhadores no espaço de trabalho. A segurança conquistada no mundo do trabalho e que levou tempo pra ser construída, hoje é dissolvida num espaço de insegurança, incerteza e permanentes negociações das condições para se continuar no emprego.
	Mudou o tempo, mudaram as exigências, mudou o espaço de trabalho e os sentidos atribuídos às atitudes dos trabalhadores, a relação agora é essencialmente utilitária e bem menos afetiva-emocional. Antes, mudar constantemente de emprego era visto como desqualificação do profissional e hoje pode ser entendido como um traço de dinamismo, e trabalhar a vida toda numa única organização é que se transformou em sinal de incompetência e não mais de lealdade. 
	Esse funcionário polivalente, pró-ativo e dinâmico seria o que chamam atualmente de empreendedor, que é o contrário de um empregado tradicional. Um funcionário exercendo suas habilidades num espaço de trabalho em favor de sí e não mais do outro, um tipo de funcionário outsider, ou seja, que não faz questão de estabelecer vínculos duradouros com as organizações, capaz de mudar e se adequar rapidamente em outro espaço de trabalho, tornando-o mais competitivo porque sonha e realiza, é sujeito da razão e da sensibilidade num misto de modernidade e tradição. 
	Recusando a se manter num lugar de subordinação, o funcionário do novo tempo de trabalho exprime uma facilidade de movimento cada vez mais valorizada, a consciência é a de que não há mais posições conquistadas de uma vez pra sempre e esse movimento gera uma vida de aparência dominada pelo transitório e ausência de profundidade, incrivelmente isto é visto como um valor positivo pela sociedade e as organizações.
	Vivemos um tempo de inversão: na época do fordismo o tempo era o criador e transformador do espaço, agora é o próprio espaço que incorporou essa característica transformadora do tempo, num espaço que parece enfatizar apenas o tempo presente.
No estudo de caso relatado no texto, é apresentada a história de Laura (nome fictício), que é uma jovem de 24 anos e cuja atividade de trabalho é, junto com o marido através de uma empresa que projetaram, produzir sites e realizar manutenção de sistemas.
O marido deixou um emprego estável numa empresa, provocando sua demissão e com o dinheiro pode dar início ao seu empreendedorismo.
No início ela se achava inexperiente e buscou estudar sobre empreendedorismo, fazer programação linguística e dizia observar o esposo.
Montam uma empresa alugando uma loja que necessita ser reformada. Laura ajuda nessa reforma para retenção de gastos. Contrata funcionários e faz empréstimos pra conseguir pagar os salários, porém a empresa não tem capital de giro, e em consequência surgem as dívidas, o que acarreta na decisão de montarem a firma em sua própria casa.
Com a manutenção de equipamentos, buscam a estabilidade da renda, trabalhando em função de projetos, cuja estratégia é conduzida pela descontinuidade do trabalho quanto o tempo de elaboração e realização monetária do projeto.
Surgem problemas com o pagamento do projeto. Este é realizado em duas etapas, uma parcela no início e outra, que é a maior parte, na fase final, ou seja, o recebimento da maior parte depende da finalização do trabalho, o que acaba exercendo uma pressão sobre eles.
Diversas vezes o pagamento é atrasado ou realizado com cheques que são devolvidos, o que Laura diz ocorrer com frequência até mesmo por empresas grandes, que em consequência gera uma desorganização da renda familiar, pois mesmo sabendo o que recebe, possui gastos demasiados e acaba por se desestabilizar, o que ela diz ser desesperante, pois necessita “fazer mágica para comprar alimentos básicos”.
Outro motivo de tensão relatado por Laura é a necessidade de se atualizar para estar sempre a frente dos concorrentes, já que o mercado oferece constantemente novidades. 
É importante se estreitar os vínculos entre produto e seu comprador, e para isso são necessárias táticas que de acordo com os autores são: sensibilidade para desvendar a personalidade do comprador, apresentação para o cliente de apenas uma parte do projeto, embora esteja totalmente desenvolvido, criando a ilusão de que ele se incorpore ao processo de criação do produto, observação minuciosa do ambiente da firma, entre outros; o que Laura afirma fazer, observando os mínimos detalhes para saber como é a personalidade dessa firma, a fim de conseguir captar sua essência e produzir o site da forma que empresa gostaria de aparecer na Internet.
Uma queixa importante relatada por Laura é o fato dos equipamentos de informática e demais instrumentos de trabalho se tornarem parte de seu mobiliário, dizendo que já não tem mais sala. Segundo os autores, essa superposição de espaços causa uma indiferenciação entre público e privado, ou seja, entre trabalho e lar, o que acaba por interferir na relação mãe-filho e marido-mulher, não existindo também,em consequência, uma diferenciação no tempo, entre sua jornada fora e dentro do lar. O trabalho doméstico e o trabalho passam a interferir um no outro, o que acaba nunca sendo resolvido totalmente, gerando sempre remorso ou culpa, pois, às vezes, a tensão causada pelo trabalho acaba sendo exteriorizada em forma de discussão com o filho.
Laura se queixa da falta de tempo para seu filho, da falta de rotina necessária na vida de uma criança e da frieza que se instala em seu casamento. O tempo de seu trabalho invade seu tempo de descanso, o tempo com sua família e amigos. Ela se queixa até mesmo de não conseguir dormir e se alimentar bem.
Quando questionada sobre seu futuro, Laura duvida, pois não existe um plano ou uma trilha institucional da carreira, o que dá espaço à incerteza, à insegurança e ao medo. Talvez seja necessária a busca por uma organização mais segura com uma renda certa, com horários de trabalho e lazer separados, pois os autores afirmam que a autonomia não constitui um ato de vontade e sim uma imposição de ritmos entranhados no cotidiano. Porém um emprego seguro não é seu objetivo, ela diz que quer terminar o curso universitário, para depois pensar em um emprego.
Os jovens vivem em um mundo obcecado pelo triunfalismo e pelo capitalismo, em que as experiências mal sucedidas produzem um sentimento de “ilusões roubadas” (expressão utilizada pelos autores), e ao mesmo tempo cria-se maior consciência com relação à vivência de liberdade-autonomia. 
A ruptura do antigo modelo de trabalhador ideal em quem era necessária a obediência, conformismo em consequência a falta de criatividade e de ousadia, fez com que jovens pudessem se tornar “livres” podendo se decidir quanto ao seu futuro, expressando um novo modo de ser-trabalhar-viver. Porem, para Durkheim isso seria a anomia, ou seja, uma liberdade sem rumo, que poderia levar ao suicídio na sociedade, pois exige dos indivíduos novas e criativas institucionalizações. O jovem sofre pela contradição enfrentada em que se ele decide por trabalhar segundo projetos é obrigado a viver de acordo com a lógica do velho mundo do trabalho, ou seja, o objeto de desejo é também o da frustração, em que ao se escolher pela autonomia, criatividade, liberdade, se opta ao mesmo tempo por ter seus espaços de vida invadidos pelo espaço de trabalho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
	
	O caso demonstra o impacto que as exigências do novo tempo de trabalho exigem do indivíduo. Ser polivalente e pró-ativo pode significar a não separação dos espaços de trabalho, vida pessoal, tempo de lazer e tempo em família. Tudo em nome de uma projeção no mercado de trabalho que exprima um funcionário de sucesso, e este é o novo tempo de trabalho de que o texto trata. A busca em descobrir o que o mercado está querendo atualmente gera conhecimento mas também gera angústia. A desordem instaurada na vida de Laura foi motivada por exigências de mercado que definem o novo tempo de trabalho em que o jovem deve ser dinâmico, polivalente e atento às mudanças rápidas que ocorrem o tempo todo. E tudo isso configura uma espécie de projeção do funcionário de sucesso, o que na prática não é bem assim, um “falso glamour” do mercado de trabalho atual, um funcionário de sucesso... mas a que preço? A atual organização do trabalho está em acordo com a forma de organização e estruturação do próprio indivíduo, e buscar apoio nas teorias sobre Psicologia das Organizações ou do Trabalho significa não encontrar todas as respostas, visto que estão fundadas num tempo de trabalho e numa organização que não mais existem. A configuração do trabalho é outra, mutante, transformadora e transformada constantemente, criadora de novos sentidos. Como afirmam os autores, as Lauras que assaltam nossa consciência em busca do sentido do trabalho e de conclusões de onde começa e termina o trabalho, qual é o espaço e o tempo ocupado pelo trabalhador nesse contexto, não serão respondidas nesse tempo, mas serão, um dia, quando provavelmente estaremos vivenciando um novo tempo.
Conclui-se que o trabalhador ideal seja um misto de tradição e modernidade, que consiga lidar com as demandas de si e das organizações, que consiga experimentar ser senhor de si ao passo que atende também as exigências do mercado sem que para isso se coloque em lugar de subordinação, mas com certa maturidade para que não experimente o adoecimento no trabalho, que pode ser gerado pela angústia de se projetar como um indivíduo que alcançou o sucesso e principalmente pelas exigências que o mercado coloca para se manter na “guerra econômica”.

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