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PROCEDIMENTOS ESPECIAIS CRIMES CONTRA A HONRA E DROGAS USF MARÇO DE 2016

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CRIMES CONTRA A HONRA
LEI DE DROGAS
Prof. Ms. Claudiney Albino Xavier 
USF – Itatiba – Março-2016
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PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
CRIMES CONTRA A HONRA
Com a promulgação da lei nº 10.259/01 quase todos os delitos contra a honra passaram a ser processados perante o JECRIM federal ou estadual, à EXCEÇÃO, por exemplo: 
(1) dos crimes eleitorais, onde não se tem um juizado especial eleitoral e há um rito próprio das leis eleitorais; 
(2) dos crimes militares, com previsão no CPM; 
(3) dos crimes contra honra perpetrados por agente com prerrogativa de função, cujo processo tem rito próprio estatuído em disciplina normativa específica;
 (4) se o fato, em razão da sua complexidade, não permitir o oferecimento da inicial nos juizados; e
 (5) havendo necessidade de citação por edital, por ser incompatível com o rito sumaríssimo.
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CRIMES CONTRA A HONRA
Artigo 519 do CPP. Este procedimento especial abrange todos os delitos contra a honra, INCLUSIVE a difamação, não citada neste dispositivo, pois, antes do CP de 1940, não era considerada tipo penal autônomo.
Calúnia (art. 138 do CP). É a falsa imputação a alguém de fato tipificado como crime.
Difamação (art. 139 do CP). É a imputação a alguém de fato ofensivo à sua reputação. Atinge a honra objetiva (o conceito, a reputação em que cada pessoa é tida).
Injúria (art. 140 do CP). É a ofensa ao decoro ou dignidade de alguém. Atinge a honra subjetiva (sentimento que cada pessoa tem a respeito de seu decoro ou dignidade).
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PROCEDIMENTO ESPECIAL
Este rito se particulariza notadamente pela previsão de tentativa conciliatória que deverá PRECEDER o recebimento da queixa, onde as partes serão ouvidas “separadamente, sem a presença dos seus advogados, não se lavrando termo” (art. 520 do CPP). Verificando a probabilidade de conciliação, o juiz, depois de ouvi-los em separado, “promoverá entendimento entre eles, na sua presença” (art. 521 do CPP). Se a conciliação se efetivar, a queixa será arquivada (art. 522 do CPP). Com o êxito da conciliação, acabará ocorrendo uma hipótese sui generis de renúncia ao direito de ação, o que enseja a extinção da punibilidade.
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A T E N Ç Ã O
Caso o querelante não compareça à audiência de conciliação, tem-se entendido pelo reconhecimento da perempção (art. 107, IV do CP).
O que é perempção? É a perda, causada pela inércia processual do querelante, do seu direito de continuar a movimentar a ação penal exclusivamente privada.
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INICIAL ACUSATÓRIA
 Recebida a inicial acusatória, será determinada a citação do demandado (em audiência, se estiver presente, ou por mandado) para responder a acusação em DEZ dias nos termos do art. 396 do CPP.
 A exceção de verdade poderá ser oferecida, em especial nas hipóteses em que for admitida segundo o CP. A exceção de verdade objetiva demonstrar que os fatos atribuídos ao indivíduo são verdadeiros. Assim, o fato objeto do processo passa a ser atípico.
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EXCEÇÃO DE VERDADE
Se o ofendido goza de foro privilegiado, a exceção de verdade será julgada perante o respectivo tribunal. 
Exemplificando: se a suposta vítima do crime contra a honra é um Deputado Federal, caso seja apresentada a exceção, esta deverá ser julgada perante o STF.
Apresentada ou não a exceção, e com esses traços distintivos, o procedimento seguirá, nos demais termos, o rito comum sumário.
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RESUMINDO
1) remessa e distribuição do TC ou do IP ao judiciário;
2) oferecimento da inicial acusatória;
3) audiência de conciliação (crimes de ação privada);
4) recebimento ou rejeição da denúncia ou da queixa-crime;
5) citação;
6) defesa preliminar e eventual exceção de verdade;
7) contestação: em dois dias, podendo-se alterar ou complementar o rol de testemunhas;
8) julgamento da exceção de verdade e possibilidade de absolvição sumária;
9) segue-se os demais termos do procedimento comum sumário.
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ENTORPECENTES
 O procedimento criminal para o processamento dos crimes alusivos a entorpecentes sofreu seguidas alterações legislativas nos últimos anos. 
 Os delitos de porte para consumo de entorpecentes continuam, todavia, regidos pelo rito da lei nº 9.099/95, por serem de menor potencial ofensivo. Com efeito, a lei nº 11.343/06 foi explícita ao afirmar, no § 1º de seu artigo 48, que “o agente de qualquer das condutas previstas no artigo 28 desta LEI, salvo se houver concurso com os crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei, será processado e julgado na forma dos arts. 60 e seguintes da Lei nº 9.099/95”.
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TRANSAÇÃO PENAL
A transação penal terá lugar, na forma da lei nº 9.099/95, com a observação de que “o MP poderá propor a aplicação imediata de pena prevista no art. 28 desta Lei, a se especificada na proposta”, a teor do § 5º, do art. 48, da Lei nº 11.343/06. São as seguintes:
“I- advertência sobre os efeitos da droga;
II- prestação de serviços à comunidade;
III – medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo”.
Caso o infrator se negue injustificadamente a cumpri-las, caberá ao juiz, sucessivamente, imprimir admoestação verbal ou pagamento de multa. Frustrada a transação penal, segue-se o procedimento regular dos Juizados Especiais. 
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TRÁFICO DE DROGAS
Quanto ao tráfico e condutas assemelhadas, a fase de investigação, pré-processual, pode iniciar-se com a lavratura do auto de prisão em flagrante delito, mercê da natureza material dos crimes de entorpecente. A prisão em flagrante deverá ser comunicada imediatamente, pela autoridade policial, ao juiz competente. Se o preso não tem advogado, cópia do auto, também em 24 horas, será remetida ao promotor e a defensoria pública, se houver.
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TRÁFICO DE DROGAS
O juiz, a seu turno, dará vista do auto lavrado ao Parquet, em vinte e quatro horas. A lavratura do auto de prisão em flagrante requer, ao menos, “laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, firmada por perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea”, de forma a indicar a materialidade delitiva. Trata-se, como se depreende, de um laudo de constatação prévio, provisório, que poderá ser confirmado ou infirmado pelo laudo definitivo, sendo verdadeira condição de procedibilidade para o início da persecução penal, afinal, não havendo evidência que se trata de substância entorpecente, nenhuma medida poderá ser adotada.
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PRAZO DIFERENCIADO
A lei traz prazo DIFERENCIADO para a conclusão do inquérito: será ele encerrado em TRINTA DIAS se o indiciado estiver preso ou em NOVENTA DIAS se solto. Tais prazos poderão “ser duplicados pelo juiz, ouvido o MP, mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária” (art. 51, parágrafo único, Lei nº 11.343/06). Nessa fase investigativa, é possível, mediante AUTORIZAÇÃO JUDICIAL e ouvido o Ministério Público, a INFILTRAÇÃO de agentes policiais e a não-autuação imediata de portadores de entorpecentes com o fito de identificar e responsabilizar maior número de pessoas envolvidas com o tráfico de drogas. É o flagrante postergado ou diferido, que terá cabimento se forem conhecidos os infratores envolvidos e o provável itinerário da droga que transita no país (art. 53, I e II, Lei 11.343/06)
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ENCERRAMENTO DO IP
Encerrado o inquérito, com o respectivo relatório, os autos serão remetidos ao magistrado. Como os crimes tratados pela norma são de ação pública INCONDICIONADA, os autos serão remetidos ao MP, para que em DEZ dias possa:
A) requerer o arquivamento;
B)requisitar novas diligências, imprescindíveis ao deslinde da causa, quando os autos devem voltar à Delegacia (cota ministerial);
C) oferecer denúncia;
D) requerer a remessa do feito ao JECRIM, se entender que se trata de porte para uso, ao invés de tráfico.
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FASE PROCESSUAL - LEI nº 11.343/06
 A fase processual tem particularidades traçadas pela Lei nº 11.343/06, em seu artigo 55 e parágrafos:
1) O prazo para o MP oferecer
a denúncia é de 10 dias do recebimento do IP ou das peças de informação, sem DIFERENCIAÇÃO quanto a indiciado preso ou solto;
2) Na denúncia, poderão ser arroladas até CINCO testemunhas, bem como requeridas diligências que o promotor de justiça ou procurador da república entender necessárias à comprovação da conduta narrada;
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FASE PROCESSUAL
3) Antes de receber a denúncia, o juiz mandará notificar o denunciado para que, POR ESCRITO, ofereça defesa “prévia”, em DEZ DIAS, no bojo da qual poderá alegar matéria preliminar e exceções (processadas em apartado), sustentar todas as razões de defesa e apresentar documentos e justificações, com indicação das provas que pretenda produzir, inclusive testemunhas até o número de CINCO;
4) Não apresentada resposta prévia no prazo legal, o juiz nomeará defensor para tanto e, quando apresentada, será prolatada decisão fundamentada em CINCO DIAS sobre o recebimento ou rejeição da denúncia (com base no art. 395 do CPP), havendo possibilidade de, antes, o juiz determinar diligências de ofício, exames, perícias ou a própria apresentação do preso, tudo em DEZ dias.
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DEFESA PRELIMINAR
A apresentação da defesa preliminar é OBRIGATÓRIA, devendo o denunciado ser notificado pessoalmente. Não sendo encontrado, admite-se a notificação por edital, e em face da omissão da apresentação, é que será nomeado defensor. Exige-se capacidade postulatória, e o fato da inicial estar acompanhada por IP não ilide sua apresentação, como ocorre no procedimento dos crimes funcionais (Súmula nº 330, STJ)
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INSTRUÇÃO CRIMINAL
 A instrução criminal será iniciada APÓS o recebimento da denúncia. É com esse ato judicial, que o juiz “designará dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, ordenará a citação pessoal do acusado, a intimação do MP, do assistente, se for o caso, e requisitará os laudos periciais” (art. 56 da Lei 11.343/06).
 É possível a decretação de afastamento cautelar de denunciado das atividades funcionais, quando servidor público, com a comunicação ao órgão a que esteja vinculado, quando se cuidar de crime de tráfico ou a ele ligado diretamente (artigos 33, caput e § 1º, 34,35,36 e 37 c/c art. 56, § 1º, Lei nº 11.343/06).
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AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
A audiência de instrução e julgamento deve ser regida pela regra da CONCENTRAÇÃO dos atos processuais. Ela deve ser realizada dentro dos trinta dias seguintes ao recebimento da peça acusatória, ressalvada a hipótese de dúvida quanto à dependência de drogas do acusado, quando será ordenada a realização de avaliação e, de conseguinte, a audiência será designada no prazo de NOVENTA dias contados da data do recebimento da denúncia.
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AUDIÊNCIA
 Na audiência será, inicialmente, interrogado o acusado, com a oportunidade para esclarecimentos de fatos apontados pelas partes. ATENÇÃO: Após a reforma do procedimento comum (Lei 11.719/08), que o interrogatório passou para o final da instrução (art. 400 do CPP) é recomendável que se proceda da mesma forma no procedimento especial de tóxicos.
 Em seguida, serão ouvidas as testemunhas: primeiro as arroladas pela acusação, depois, as indicadas pela defesa. Após a conclusão da produção probatória, na mesma audiência “será dada a palavra, sucessivamente, ao representante do MP e ao defensor do acusado, para sustentação oral”, pelo tempo de vinte minutos para cada um, prorrogáveis por mais dez minutos, mediante decisão fundamentada do juiz.
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A T E N Ç Ã O
 Por fim, o art. 59, da Lei nº 11.343/06, estabelece que “nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei, o réu NÃO PODERÁ APELAR sem recolher-se à prisão, salvo se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecidos na sentença condenatória”. 
 O STJ editou a Súmula nº 347 “O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão”. Vide art. 386,§ 1 do CPP. 
 EM SUMA, temos: os maus antecedentes ou a reincidência não são mais fundamentos para decretação de prisão cautelar. Além disso, decretada prisão na sentença condenatória (se estiverem os requisitos da preventiva), o recolhimento ao cárcere não condiciona o conhecimento do recurso de apelação.
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MEMORIAIS E DEBATES
 Nada impede que os debates sejam substituídos por memoriais, concedendo o magistrado prazo para que as partes, primeiro a acusação e depois a defesa, apresentem as alegações por escrito (art. 57, parágrafo único, Lei 11.343/06).
 Encerrados os debates, o juiz prolatará sentença imediatamente ou, não sendo possível, determinará a conclusão dos autos para proferi-la em DEZ dias (art. 58, caput, lei 11.343/06). Na sentença, o juiz decidirá sobre a destruição da substância entorpecente apreendida, por incineração, que será efetivada no prazo máximo de trinta dias. A prova será preservada mediante a guarda de amostras, na fração fixada pelo juiz.
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RESUMINDO 
PROCEDIMENTO NA LEI DE DROGA
1) remessa e distribuição do IP ao judiciário, sem prejuízo de diligências complementares da autoridade policial;
2) o MP se manifesta em DEZ dias: requerendo arquivamento, diligências, declinando da atribuição ou denunciando;
3) o Juiz determina notificação para defesa preliminar, a ser apresentada em 10 dias. É de natureza obrigatória;
4) possibilidade de diligências ex officio pelo juiz, em 10 dias;
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RESUMINDO
5) rejeição ou recebimento da inicial (em CINCO dias), marcando-se audiência de instrução e julgamento para os próximos TRINTA dias, com a devida citação e notificações pertinentes. Suscitado incidente de dependência, o prazo para a audiência passa para NOVENTA dias;
6) nova defesa escrita, em dez dias, que antecede a possibilidade do julgamento antecipado da causa;
7) as diligências complementares devem chegar aos autos até TRÊS dias antes da realização da audiência;
8) audiência: oitiva das testemunhas; interrogatório (por aplicação do art. 400 do CPP); debates orais, em vinte minutos, prorrogáveis por mais dez (nada impede a substituição por memoriais);
9) sentença: proferida na audiência, ou, conclusos os autos, em dez dias.
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