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F´ısica do Solo Cap.9 - Relac¸o˜es de esforc¸o e tensa˜o no solo Prof. H.J.Kliemann Curso de Agronomia - Campus Palotina Universidade Federal do Parana´ - UFPR Palotina, PR, janeiro de 2013 Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 1 / 46 Esforc¸o, tensa˜o resisteˆncia do solo Relac¸o˜es de esforc¸o e tensa˜o e resisteˆncia do solo - Introduc¸a˜o ⇒ Os conceitos fundamentais de reologia e dinaˆmica do solo, e a cieˆncia aplicada da mecaˆnica do solo referem-se ao comportamento dos solos sob o efeito de forc¸as aplicadas. ⇒ Engenharia civil - Problemas relacionados a` estabilidade e resisteˆncia de encostas e fundac¸o˜es. ⇒ Agricultura/pecua´ria -Recentemente esses mesmos conceitos, com algumas adaptac¸o˜es vendo usados na mecaˆnica de solos agr´ıcolas, no cultivo e na trac¸a˜o, principalmente (Koolen & Kuipers, 1983) [2]. ⇒Para lidar com a deformac¸a˜o e a resisteˆncia do solo, precisamos primeiro revisar os princ´ıpios de uma disciplina cient´ıfica conhecida como reologiaa. Todavia, ela trata de todos os tipos de deformac¸o˜es, das quais o fluxo e´ apenas um. Em sentido extensivo, ela pode ser descrita como a mecaˆnica dos corpos deforma´veis. ⇒ A reologia, enta˜o, e´ usada para estabelecer as propriedades ba´sicas de um l´ıquido, de um so´lido pla´stico e de um so´lido ela´stico para descrever as diferentes relac¸o˜es que eles mostram entre as varia´veis forc¸a, deformac¸a˜o e tempo sobre as propriedades de l´ıquidos e so´lidos (ela´sticos e pla´sticos). Os corpos ela´sticos, ao contra´rio dos pla´sticos, reassumem seus formatos originais apo´s cessarem as forc¸as que causaram a deformac¸a˜o inicial. ⇒ Teoria das tenso˜es - O comportamento mecaˆnico do solo pode ser descrito por seu estado de tensa˜o. Tenso˜es aplicadas na superf´ıcie do solo geram tenso˜es no seu interior, resultando em deformac¸o˜es tridimensionais ou ser transmitidas como um corpo r´ıgido. - Para se definir o estado de tensa˜o de um corpo de solo devem-se levar em conta as treˆs fases (so´lida, l´ıquida e gasosa). Em solos saturados, a tensa˜o efetiva (σ′, kPa) e´ a diferenc¸a entre a tensa˜o total (σ, kPa) e a tensa˜o neutra (uw , kPa). A tensa˜o efetiva (σ′) e´ transmitida pela fase so´lida e a tensa˜o neutra (uw , kPa) pela fase l´ıquida: σ ′ = σ ± uw (1) a τα piαητα ρ�ιν (ta panta rhein, do grego) = todas as coisas fluem Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 2 / 46 Esforc¸o, tensa˜o resisteˆncia do solo Relac¸o˜es de esforc¸o e tensa˜o e resisteˆncia do solo - Introduc¸a˜o Figura ETS901. Componentes da tensa˜o do solo (apud Koolen & Kuipers, 1983). Em solos na˜o saturados, as tenso˜es sa˜o transmitidas pelas treˆs fases: so´lida, l´ıquida e gasosa. A equac¸a˜o 1 toma a seguinte forma: σ ′ = (σ ± uw ) + χ (ua − uw ) (2) em que: Ua e´ a pressa˜o de ar nos poros (kPa); uw , a tensa˜o da a´gua nos poros (kPa); χ, fator dependente da saturac¸a˜o efetiva (na succ¸a˜o de a´gua (ψ)a 0 kPa. Se ψ=10 kPa, χ=0). Para solos arenosos, pouco compress´ıveis e na˜o agregados, χ pode ser calculado pela equac¸a˜o: χ = 0,22 + 78Θ5 (3) em que: Θ e´ a saturac¸a˜o efetiva (m3 m−3). Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 3 / 46 Esforc¸o, tensa˜o resisteˆncia do solo Relac¸o˜es de esforc¸o e tensa˜o e resisteˆncia do solo - Introduc¸a˜o ⇒ Em solos argilosos e siltosos as equac¸o˜es (1) e (2) dependem da agregac¸a˜o do solo, do arranjo e resisteˆncia dos poros e das propriedades hidra´ulicas. Em solos estruturados as func¸o˜es dos componentes somente sera˜o va´lidas se a resisteˆncia interna dos agregados dos solos na˜o for excedida pela aplicac¸a˜o externa de tenso˜es. As func¸o˜es mudam, se os agregados forem destru´ıdos durante a deformac¸a˜o. ⇒ Para descrever a tensa˜o em um dado ponto A (Figura ETS901) usa-se um sistema de coordenadas xyz. Considere-se um cubo no ponto A, com lados paralelos aos planos das coordenadas. A linha pontilhada representa os limites do corpo de solo que sofreu pressa˜o. A pressa˜o na face direita do cubo e´ resolvida como o componente perpendicular, chamado de ”tensa˜o normal” σy - usa-se y porque a tensa˜o normal e´ paralela ao eixo y e os dois componentes tangenciais, as ”tenso˜es cisalhantes” (τyz e τyx : o primeiro subscrito representa a tensa˜o paralela ao eixo x ou y , e o segundo subscrito representa a coordenada paralela ao eixo da tensa˜o cisalhante considerada), paralela a`s coordenadas axiais (Figura ETS901). ⇒ Nas Figuras ETS901(c) e (d) descrevem-se as condic¸o˜es para os planos superior e frontal, respectivamente. ⇒ Os nove componentes da Figura ETS902(b), (c) e (d) sa˜o combinados em uma matriz: σx τxy τxzτyx σy τyz τzx τzy σz Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 4 / 46 Esforc¸o, tensa˜o resisteˆncia do solo Relac¸o˜es de esforc¸o e tensa˜o e resisteˆncia do solo - Introduc¸a˜o ⇒ A matriz e´ uma descric¸a˜o completa das tenso˜es no ponto A, em que cada componente tem sua posic¸a˜o na matriz. As tenso˜es normais esta˜o na diagonal, do topo, a` esquerda para baixo; e as tenso˜es de cisalhamento esta˜o nas outras posic¸o˜es. ⇒ A matriz apresenta va´rias propriedades, destacando-se que os componentes das tenso˜es de um sistema de coordenadas conhecido correspondem a`s tenso˜es no ponto considerado, significando que tenso˜es em qualquer direc¸a˜o podem ser calculadas (Figura ETS902). Figura ETS902. Determinac¸a˜o da tensa˜o em um plano ` arbitra´rio, quando a maior e a menor tensa˜o sa˜o conhecidas (apud Koolen & Kuipers, 1983). Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 5 / 46 Esforc¸o, tensa˜o resisteˆncia do solo Relac¸o˜es de esforc¸o e tensa˜o e resisteˆncia do solo - Introduc¸a˜o ⇒ Na Figura ETS902(a) a tensa˜o principal esta´ no ponto A e a segunda e´ perpendicular ao plano do desenho. A tensa˜o no plano `, no aˆngulo θ com a horizontal pode ser calculada. A tensa˜o no plano ` sera´ igual a` pressa˜o no plano pq paralelo a `,pois um pequeno deslocamento paralelo na˜o altera a tensa˜o. Assim, σ e τ tem de ser calculados e, portanto, deve-se considerar o equil´ıbrio das forc¸as no corpo pqr . ⇒ Considerando que esse corpo tenha largura igual na direc¸a˜o perpendicular ao desenho, o comprimento pq e´ denominado L, que tambe´m representa o lado inclinado do corpo pqr . Os outros lados possuem a´rea rq=L sin θ e pr=L cos θ. ⇒ Os produtos das a´reas versus as correspondentes tenso˜es dos componentes de forc¸a gera os componentes de forc¸a. Equacionando cada soma dos componentes de forc¸a horizontal e vertical e igualando-os a zero, obteˆm-se as equac¸o˜es que descrevem o equil´ıbrio: Lσ sin θ − Lτ cos θ − Lσ3 sin θ = 0 Lσ cos θ − Lτ sin θ − Lσ3 cos θ = 0 Resolvendo as eqac¸o˜es para obter σ e τ : σ = σ1 cos 2 θ + σ3 sin 2 θ (4) τ = (σ1 − σ3) sin θ cos θ (5) Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 6 / 46 Esforc¸o, tensa˜o resisteˆncia do solo Teoria da deformac¸a˜o ⇒ Um me´todo para representar as tenso˜es em qualquer plano e´ conhecido por c´ırculo de Mohr (Figura ETS902), representado por σ e τ para determinado σ1 e σ3, com direc¸a˜o θ varia´vel. As varia´veis envolvidas sa˜o apresentadas a` esquerda na Figura ETS902(b)e a soluc¸a˜o, a` direita. ⇒ Para obter σ e τ para qualquer θ, se σ1 e σ3 sa˜o conhecidos, deve-se desenhar um sistema de coordenadas σ e τ retangular; representar σ1 e σ3 no eixo-σ, desenhar um c´ırculo atrave´s de σ3 no eixo-σ com centro no eixo-σ; desenhar uma linha ab a partir de σ3, em aˆngulo θ na horizontal; a linha cruza o c´ırculo em b; determinar as coordenadas no ponto b; essas coordenadas representam σ e τ , respectivamente. O c´ırculo da Figura ETS902(b) representa o local das duas equac¸o˜es anteriores. ⇒ A deformac¸a˜o normal pode ser observada na Figura ETS902(a): um segmento linear inifitamente pequeno, possui um comprimento ` (m), antes da deformac¸a˜o; apo´sa deformac¸a˜o da linha normal sera´ ∆` ` e o comprimento, `+∆`. ⇒ A deformac¸a˜o por cisalhamento e´ definida na base do aˆngulo antes da deformac¸a˜o, com lados infinitamente pequenos. Se o lado vertical for girado no sentido hora´rio, acima do pequeno aˆngulo α e o lado horizontal rotacionado no sentido anti-hora´rio, acima do pequeno aˆngulo β, a deformac¸a˜o por cisalhamento sera´ 1 2 (α+ β). ⇒ A deformac¸a˜o em um ponto pode ser descrita como: na linha pontilhada da mesma figura tem-se um corpo de solo com um ponto A sem ter sofrido pressa˜o. Usando um sistema de coordenadas xyz e um corpo de solo com forma cu´bica, infinitamente pequeno e lados paralelos aos eixos das treˆs coordenadas, se for aplicada uma pressa˜o e o solo se deforma, o cubo tambe´m sera´ deformado e, de modo geral, tomara´ a forma de um paralelep´ıpedo, pois a deformac¸a˜o sera´ ta˜o pequena que os lados praticamente permanecem paralelos. Os lados mudara˜o em: Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 7 / 46 Esforc¸o, tensa˜o resisteˆncia do solo Teoria da deformac¸a˜o 1 Comprimento: - Deformac¸a˜o normal na direc¸a˜o x , denominada de �x ; - Deformac¸a˜o normal na direc¸a˜o y , denominada de �y ; - Deformac¸a˜o normal na direc¸a˜o z, denominada de �z . 2 Aˆngulos: - Deformac¸o˜es por cisalhamento entre as direc¸o˜es x e y : �xy ; - Deformac¸o˜es por cisalhamento entre as direc¸o˜es x e z: �xz ; - Deformac¸o˜es por cisalhamento entre as direc¸o˜es y e z: �xz . Figura ETS903. Definic¸a˜o dos componentes de cisalhamento (a) e o tensor de cisalhamento (b) (apud Koolen & Kuipers, 1983). Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 8 / 46 Esforc¸o, tensa˜o resisteˆncia do solo Teoria da deformac¸a˜o ⇒ Essas seis situac¸o˜es geram uma matriz sime´trica (tensor de deformac¸a˜o) que juntamente com o sistema de coordenadas, descreve a deformac¸a˜o de um ponto. As propriedades da matriz sa˜o, em geral, as mesmas do tensor da tensa˜o. As deformac¸o˜es normais sa˜o referidas como deformac¸o˜es principais �1, �2 e �3 e a direc¸a˜o das coordenadas como direc¸o˜es principais. No caso, a matriz sera´: �1 0 00 �2 0 0 0 �3 ⇒ Tambe´m existe uma posic¸a˜o na qual a deformac¸a˜o de cisalhamento tem um valor ma´ximo 1 2 (�1 − �3), ou γmax = �1 − �3. A primeira invaria´vel da deformac¸a˜o de tensor e´: J1 = �x + �y + �z = �1 + �2 + �3 (6) em que: J1 e´ uma frac¸a˜o do volume alterado do cubo de solo. A deformac¸a˜o normal octaedral e a formac¸a˜o de cisalhamento octaedral sa˜o, respectivamente: �oct = �1+�2+�3 3 γoct = 2 3 √ (�1 − �2)2 + (�2 − �3)2 + (�1 − �3)2 Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 9 / 46 Esforc¸o, tensa˜o resisteˆncia do solo Teoria da deformac¸a˜o As matrizes do tensor da deformac¸a˜o podem ser adicionadas ou decompostasUma maneira comum de decomposic¸a˜o usa �m= 1 3 (�x + �y + �z ), resultando em: �x �xy �xz�xy �y �yz �zx �zy �y = �m 0 00 �m 0 0 0 �m + �x −�m �xy �xz�yx �y −�m �yz �zx �zy �z −�m ⇒ A segunda matriz mostra a mudanc¸a de volume e a terceira matriz a deformac¸a˜o sem alterac¸a˜o do volume do cubo. A deformac¸a˜o tambe´m pode ser representada graficamente pelo c´ırculo de Mohr. Os pressupostos para cubos infinitamente pequenos tambe´m podem ser extendidos para corpos de solo finitos, se a deformac¸a˜o e´ a mesma ao longo do solo. Assumindo-se o solo como um meio cont´ınuo (continuum), seu movimento pode ser descrito como um campo de translocac¸a˜o ~d(~x ,t), cujas propriedades locais sa˜o geralmente carcterizadas pelos seus treˆs componentes de sua derivac¸a˜o espacial: ∇× ~d = ∂ ∂x dx ∂ ∂x dy ∂ ∂x dz ∂ ∂y dx ∂ ∂y dy ∂ ∂y dz ∂ ∂z dx ∂ ∂z dy ∂ ∂z dz Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 10 / 46 Esforc¸o, tensa˜o resisteˆncia do solo Teoria da deformac¸a˜o Embora seja interessante estudar os processos de compactac¸a˜o/descompactac¸a˜o e cisalhamento como efeitos diferenciados, todas as deformac¸o˜es que ocorrem nos solos sa˜o efeitos combinados. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 11 / 46 Esforc¸o, tensa˜o resisteˆncia do solo Conceitos ba´sicos de esforc¸o e tensa˜o ⇒ A reac¸a˜o de um corpo a uma forc¸a ou a uma combinac¸a˜o de forc¸as pode ser caracterizada em termos de sua deformac¸a˜o relativa, isto e´, a raza˜o de sua deformac¸a˜o para as suas dimenso˜es iniciais. Consideremos, por exemplo, um paralelep´ıpedo retangular de metal ou de borracha submetido a uma forc¸a Fa direcionada ao longo de seu eixo principal (Figura ETS904(a)). Figura ETS904. Deformac¸a˜o longitudinal de um corpo alongado que foi submetido a uma carga axial (a); deformac¸a˜o angular por cisalhamento simples de um cubo (b) [apud Hillel (1980)]. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 12 / 46 Esforc¸o, tensa˜o resisteˆncia do solo Conceitos ba´sicos de esforc¸o e tensa˜o ⇒ Se o comprimento inicial e´ lo e a mudanc¸a ∆l no comprimento, enta˜o a deformac¸a˜o axial relativa e´ � = ∆l l0 (7) em que: � e´ chamado de esforc¸o longitudinal. A mesma expressa˜o aplica-se se o corpo e´ comprimido ou distendido, mas e´ evidente que as duas direc¸o˜es do esforc¸o tem sinais opostos. Uma outra forma de deformac¸a˜o e´ quando os aˆngulos, ao inve´s de as dimenso˜es, do corpo mudam. O caso mais simples, chamado simplesmente de cisalhamento, e´ ilustrado na Figura ??(b). A medida da tensa˜o de cisalhamento (tambe´m chamada de esforc¸o tangencial) e´ a mudanc¸a relativa do aˆngulo inicialmente reto: � = h h (8) em que: u e´ o deslocamento lateral (ou tangencial) e h, a altura do corpo. A raza˜o u/h e´ a tangente da deformac¸a˜o do aˆngulo. As dimenso˜es de l , ∆l , u e h sa˜o de comprimento. Consequentemente, o esforc¸o, sendo uma raza˜o de comprimentos, e´ adimensional e e´ muitas vezes expressa como uma frac¸a˜o ou percentagem da dimensa˜o original. Ale´m disso, sendo o esforc¸o uma raza˜o de comprimentos, e´ adimensional e e´ muitas vezes expresso como uma frac¸a˜o ou percentagem da dimensa˜o original. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 13 / 46 Esforc¸o, tensa˜o resisteˆncia do solo Conceitos ba´sicos de esforc¸o e tensa˜o Figura ETS905. Deformac¸a˜o de uma viga sujeita a` deformac¸a˜o. ⇒ Consideremos agora que tipos poss´ıveis de deformac¸a˜o podem ocorrer dentro de um elemento cu´bico de um material submetido a va´rias forc¸as. Um cubo pode elongar-se ou contrair-se em treˆs direc¸o˜es principais, correspondendo a treˆs coordenadas ortogonais e tambe´m pode mostrar treˆs poss´ıveis direc¸o˜es de cisalhamento, afetando os aˆngulos de treˆs pares de planos paralelos. A deformac¸a˜o tem por isso seis componentes. ⇒ Embora alguns desses componentes possam ser desprez´ıveis em alguns casos especiais, em geral a deformac¸a˜o pode envolver um composto de esforc¸os de compressa˜o, tensa˜o e cisalhamento. Por exemplo, se uma viga e´ sustentada em ambas extremidades e submetidas a torque em direc¸o˜es opostas (Figura ETS905), enta˜o a viga se dobra de forma que o material no lado coˆncavo e´ comprimido e no lado convexo e´ distendido e os aˆngulos de qualquer unidade de volume sa˜o deformados. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 14 / 46 Esforc¸o, tensa˜o resisteˆncia do solo Conceitos ba´sicos de esforc¸o e tensa˜o ⇒ Os corpos submetidos a forc¸as aplicadas externamente tendem a resistir a` deformac¸a˜o pela mobilizac¸a˜o de forc¸as reativas internas. Embora essas forc¸as internas geralmente na˜o possam ser medidas diretamente, elas podem ser avaliadas definindo a distribuic¸a˜o interna das forc¸as aplicadas externamente sob condic¸o˜es de equil´ıbrio. ⇒ O equil´ıbrio pode ser assumido quando um corpo esta´ em repouso ou em movimento linear uniforme,de forma que na˜o existam forc¸as na˜o compensadas para causar acelerac¸a˜o, rotac¸a˜o ou posterior deformac¸a˜o. O equil´ıbrio assim implica em que o vetor soma de todas as forc¸as F e de todos os momentos M (com respeito ao centro de massa) seja iguais a zero:∑ F = 0 e ∑ M = 0 (9) ⇒ A experieˆncia mostra que o efeito de uma forc¸a causadora de deformac¸a˜o e´ relacionada diretamente a` grandeza da forc¸a e inversamente a` a´rea sobre a qual ela atua. A raza˜o da forc¸a para a´rea, isto e´, a forc¸a por unidade de a´rea, e´ chamada de tensa˜o. Uma tensa˜o normal e´ causada por uma forc¸a cuja direc¸a˜o e´ perpendicular a` a´rea sobre a qual ela atua. Uma tal tensa˜o, equivalente a uma pressa˜o, e´ comumente designada por σ. Assim, σ = Fa A (10) em que: Fa e´ a forc¸a normal atuando normal a` a´rea de superf´ıcie A. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 15 / 46 Esforc¸o, tensa˜o resisteˆncia do solo Conceitos ba´sicos de esforc¸o e tensa˜o ⇒ Quando a direc¸a˜o de uma forc¸a e´ na˜o perpendicular a` a´rea de superf´ıcie, ela causa a tensa˜o tangencial, tambe´m chamada de tensa˜o de cisalhamento, e comumente designada por: τ = Ft A (11) em que: Ft e´ a forc¸a tangencial atuando na a´rea A. Um outro importante fator na reologia e´ a taxa de tempo de aplicac¸a˜o da tensa˜o e a dependeˆncia temporal do esforc¸o. Assim, �˙ = d� dt = 1 l d∆l dt (12) em que: �˙ e´ a taxa de tempo de elongac¸a˜o (ou, quando negativa, taxa de compressa˜o), e γ˙ = dγ dt = 1 l du dt = ν h (13) em que: ν e´ a velocidade du dt e γ˙, o gradiente de velocidade na direc¸a˜o perpendicular a`quela do deslocamento do cisalhamento. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 16 / 46 Esforc¸o, tensa˜o resisteˆncia do solo Conceitos ba´sicos de esforc¸o e tensa˜o ⇒ As relac¸o˜es tensa˜o × esforc¸o × tempo determinam o seu cara´ter reolo´gico, isto e´, seja ele um so´lido ela´stico, um so´lido pla´stico, um l´ıquido Newtoniano ou na˜o Newtoniano, ou qualquer outro dos va´rios tipos de materiais caracterizados pelos reologistas. ⇒ De modo geral as tenso˜es e deformac¸o˜es nos solos sa˜o dependentes do tempo e da natureza do solo. Em solos resistentes a deformac¸a˜o pode ser desprez´ıvel; ao contra´rio, com pouca resisteˆncia, grandes deformac¸o˜es ira˜o ocorrer. Os processos sa˜o descritos por um cubo e a matriz usada no processo tem a seguinte forma (Koolen & Kuipers, 1983)[2]: σx (t) τxy (t) τxz (t)τxy (t) σy (t) τyz (t) τzx τzy σz (t) = f �x (t) �xy (t) �xz (t)�yx (t) �y (t) �yz (t) �zx (t) �zy (t) �z (t) ⇒ A relac¸a˜o entre tensa˜o e deformac¸a˜o e´ espec´ıfica para cada tipo de solo. As duas matrizes acima devem ser aplicadas apenas em pequenas deformac¸o˜es. Para defromac¸o˜es maiores, a posic¸a˜o da face dos paralelep´ıpedos sera´ diferentes da posic¸a˜o das faces usadas para descrever as tenso˜es. A func¸a˜o f e´ espec´ıfica para cada solo e por isto e´ determinada experimentalmente submetendo solo - na forma de cubo, cilindro ou esfera - a uma tensa˜o uniforme, medindo a tensa˜o ou deformac¸a˜o resultante. ⇒ Quando o solo se comporta como um material linearmente ela´stico, podem-se aplicar as func¸o˜es: Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 17 / 46 Esforc¸o, tensa˜o resisteˆncia do solo Conceitos ba´sicos de esforc¸o e tensa˜o �y = σy − ν (σx + σz ) E (14) �z = σz − ν ( σx + σy ) E (15) �xy = (1 + ν) E τxy (16) �yz = (1 + ν) E τyz (17) �xz = (1 + ν) E τxz (18) ou a matriz: σx τxy τxzτxy σy τyz τzx τzy σz = E 1 + ν �x −�m �xy �xz�yx �y −�m �yz �zx �zy �z −�m . . . . . . + E 3(1− 2ν) �m 0 00 �m 0 0 0 �m em que: E e´ o mo´dulo de elasticidade; ν, a relac¸a˜o de Poisson. Essas constantes descrevem o comportamento mecaˆnico de materiais linearmente ela´sticos. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 18 / 46 Esforc¸o, tensa˜o resisteˆncia do solo Conceitos ba´sicos de esforc¸o e tensa˜o ⇒ Para avaliar a natureza da tensa˜o que induz os movimentos das part´ıculas do solo foi desenvolvido um sistema transdutor de deslocamento (DTS). Se quatro ou mais DTS’ forem instalados em va´rias posic¸o˜es e distaˆncias da roda compressora, as deformac¸o˜es volume´tricas e respectivas direc¸o˜es podem ser quantificadas. �y = σy − ν (σx + σz ) E (19) �z = σz − ν ( σx + σy ) E (20) �xy = (1 + ν) E τxy (21) �yz = (1 + ν) E τyz (22) �xz = (1 + ν) E τxz (23) O sistema de avaliac¸a˜o da tensa˜o/deformac¸a˜o do solo sob efeito de rodados consiste na combinac¸a˜o de sensores SST/DTS (Soil stress transducer /displacement transducer system=transdutor de tensa˜o do solo/sistema transdutor de deslocamento), conectado a um dispositivo mo´vel de leitura, de modo que os movimentos nas direc¸o˜es x a z sa˜o determinados (Figura ETS906)(b). Os sensores de tensa˜o sa˜o em nu´mero de cinco, instalados em dutos horizontais no solo, na linha de tra´fego da roda compressora em va´rias profunidades (Figura ??)(a). Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 19 / 46 Esforc¸o, tensa˜o resisteˆncia do solo Avaliac¸a˜o da tensa˜o/deformac¸a˜o dos solos Figura ETS 906. Esboc¸o do sistema de avaliac¸a˜o da tensa˜o/deformac¸a˜o pelo SST/DTS; [Soil stress transducer (b)/displacement transducer system (a)=transdutor de tensa˜o do solo/sistema transdutor de deslocamento]. Fonte: Horn et al.(2004)[3]. doi:10.1016/j.stil.2004.07.009 Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 20 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Avaliac¸a˜o da tensa˜o/deformac¸a˜o dos solos ⇒ Um exemplo de utilizac¸a˜o do sistema de avaliac¸a˜o da tensa˜o/deformac¸a˜o do solo pelo SST/DTS foi publicado por Horn et al. (2004). ⇒ Para avaliar a tensa˜o causada por um ve´ıculo de colheita florestal (Forwarder HSM 904), os sensores foram instalados na profundidade de 0,20 m, abaixo dos pneus frontais. O ve´ıculo chegou apo´s 160 segundos, causando um tensa˜o ma´xima σ1 de aproximadamente 200 kPa (Figura ETS907). Durante os pro´ximos 1000 segundos quatro picos foram coletados nos sensores; as diferentes operac¸o˜es, aos 560 s (primeiro pico); aos 720 s (segundo pico); e aos 1000 s (terceiro pico) causaram tenso˜es de ate´ 230 kPa. O ve´ıculo comec¸ou o deslocamento aos 1200 s, ocasia˜o em que se verificou o maior impacto durante as leituras, chegando a` tensa˜o ma´xima σ1 de cerca de 300 kPa. Figura ETS607. Tenso˜es causadas na profundidade de 0,20 m por um ve´ıculo de colheita florestal (Forwarder HSM 904) com pressa˜o de inflagem no pneu de 250 kPa e massa vazia de 8710 kg . Fonte: Horn et al.(2004)[3]. doi:10.1016/j.stil.2004.07.009Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 21 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Elasticidade e plasticidade dos solos Ha´ treˆs se´culos anos passados, Robert Hooke(1635-1703) formulou a lei da elasticidade para os materiais, descrevendo a variac¸a˜o linear da tensa˜o com extensa˜o de uma mola, demonstrando suas propriedades ela´sticas. O cientista descobriu que, se diferentes pesos forem suspensos em molas (Figura ETS908), estas se distendiam na proporc¸a˜o da carga aplicada. Baseado nessa descoberta, foi formulada uma lei muitos anos mais tarde para descrever corpos ela´sticos, chamada de lei de Hooke. De acordo com essa lei o esforc¸o e´ proporcional a` tensa˜o, implicando, ale´m do mais, em que o esforc¸o ocorre instantaneamente, quando uma tensa˜o e´ aplicada e que desaparece imediata e completamente quando a tensa˜o e´ aliviada (Figura ETS908). A expressa˜o matema´tica dessa lei e´ Figura ETS908. Ilustrac¸a˜o de lei de Hooke. Mola sem carga (a).x0 corresponde ao comprimento natural; mola com carga (b), com peso P = mg , em que ha´ deformac¸a˜oda mola num valor ∆x = x − x0 � = σ E (24) em que: E e´ uma constante conhecida como mo´dulo de Young. Para materiais mais ela´sticos (metais, madeira, concreto, vidro), esse mo´dulo e´ da ordem de 105 ou 106 bars. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 22 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Elasticidade e plasticidade dos solos Figura ETS909. Relac¸a˜o tensa˜o-esforc¸o: a) para um comportamento idealmente ela´stico; b) idealizada para um material inicialmente ela´stico que se torna pla´stico quando submetido a` tensa˜o ale´m de sua resisteˆncia a` fadiga (equivale ao ponto de fadiga em σ0). ⇒ Na lei de Hooke a constante de proporcionalidade entre a tensa˜o e a deformac¸a˜o e´ o mo´dulo de elasticidade, tambe´m conhecido como mo´dulo de Young. Assim, a lei de Hooke estabelece uma relac¸a˜o linear entre a tensa˜o e a deformac¸a˜o, linearidade que na˜o se mante´m a` medida em que a deformac¸a˜o atinge altos valores. Em um diagrama tensa˜o-deformac¸a˜o t´ıpico, a lei de Hooke so´ e´ va´lida na regia˜o ela´stica de tensa˜o, na qual o carregamento e´ revers´ıvel. Acima do limite ela´stico, o material comec¸a a comportar-se irreversivelmente na regia˜o denominada de deformac¸a˜o pla´stica, em que a lei de Hooke na˜o mais se aplica (Figura ETS909). Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 23 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Elasticidade e plasticidade dos solos ⇒ No regime ela´stico ha´ uma dependeˆncia linear entre a forc¸a F e a deformac¸a˜o ∆x , como e´ descrito pela lei de Hooke: F = −k∆x (25) em que: k e´ a constante de proporcionalidade ou constante da mola. O sinal negativo na equac¸a˜o deve-se ao fato de a forc¸a F ter sentido contra´rio a ∆x . Ale´m disso, a constante k denota a maior ou menor rigidez da mola. Nas Figuras ETS908 (a) e (b). Em (a) temos uma mola, suspensa verticalmente, na˜o distendida, e em (b) a mesma mola sujeita a` ac¸a˜o de uma forc¸a que distende a mola ate´ o comprimento x = x0 + ∆x , devido ao peso P de um corpo com massa m. No equil´ıbrio ha´ duas forc¸as de mo´dulos iguais, mas de sentidos contra´rios P e F , agindo sobre o corpo. O peso P = mg e´ a forc¸a distensora da mola (em que g e´ a acelerac¸a˜o da gravidade); a outra, e´ a forc¸a restauradora da mola, de modo que F = −P. Da´ı, temos a lei de Hooke: P = −k∆x = −P, (26) donde: P = k∆x (27) ⇒ A tensa˜o uniaxial e a compressa˜o resultam na˜o somente em mudanc¸as no comprimento l de um corpo, mas tambe´m compreende as correspondentes mudanc¸as em sua largura ou dimensa˜o lateral d . A raza˜o da elongac¸a˜o ao longo de um eixo e´ chamada de raza˜o de Poisson, que geralmente e´ indicada por: ν = ∆d d0 ∆l l0 = − ∆d ∆l d0 l0 (28) A raza˜o de Poisson (adimensional) e´ pro´xima de zero para pequenas deformac¸o˜es de um material poroso como a cortic¸a e cerca de 0,49 para um material tipo borracha, que pode deformar-se praticamente sem mudanc¸a no volume. Nos solos ele depende da porosidade e do grau de saturac¸a˜o. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 24 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Elasticidade e plasticidade dos solos ⇒ A equac¸a˜o de elasticidade para a tensa˜o de cisalhamento, ana´loga a` equac¸a˜o (24), e´ γ = τ G (29) em que: G e´ o mo´dulo de cisalhamento ou rigidez. ⇒ Afirmamos no in´ıcio que quando um corpo e´ submetido a uma pressa˜o isotro´pica, seu volume decresce na proporc¸a˜o da pressa˜o aplicada. A constante de proporcionalidade nesse caso e´ chamada de mo´dulo global. �v = P κ (30) em que: �v e´ o volume de compressa˜o ou expansa˜o relativo ao volume original. ⇒ Em caso de materiais na˜o isotro´picos, p.ex., a madeira, exibe diferentes propriedades em direc¸o˜es paralelas e perpendiculares a`s das suas fibras. Em um corpo isotro´pico as interrelac¸o˜es entre os quatro paraˆmetros sa˜o como segue: E = 9κG 3κ + G (31) ν = 3κ− 2G 6κ + 2G (32) G = E 2(1 + ν) (33) κ = E 3(1− 2ν) (34) Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 25 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Modelos reolo´gicos ⇒ Uma te´cnica interessante na reologia e´ a formulac¸a˜o de modelos analo´gicos idealizados, presumidos para simular o comportamento de materiais reais. Um estudo desses modelos idealizados pode proporcionar viso˜es introspectivas na maneira pela qual os diferentes tipos de materiais sa˜o esperados a reagir a`s tenso˜es aplicadas de maneira variada. Os treˆs elementos prima´rios de modelos reolo´gicos sa˜o, conforme a Figura ETS910(a,b,c): Figura ETS910. Elementos reolo´gicos ba´sicos: a) mola; b) tucho (pista˜o); c) bloco de fricc¸a˜o e d) modelo reolo´gico de um corpo de Bingham. 1 Uma mola, que reage a` tensa˜o instantaneamente e numa maneira perfeitamente ela´stica, de acordo com a lei de Hooke; 2 um tucho, que e´ um pista˜o movendo se num flu´ıdo newtoniano de viscosidade constante em uma taxa de tempo proporcional a` tensa˜o; 3 um bloco de fricc¸a˜o, na˜o permitindo movimento ate´ que uma tensa˜o de fadiga caracter´ıstica e´ atingida, apo´s a qual uma deformac¸a˜o irrevers´ıvel se produz instantaneamente; 4 Os treˆs elementos podem ser combinados, como apresentado na Figura ETS910 (d). Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 26 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Distribuic¸a˜o da tensa˜o dentro do solo ⇒ Para analisar o conceito de tensa˜o no caso hipote´tico de um corpo cont´ınuo, imaginemos um plano de superf´ıcie atrave´s de um corpo e consideremos a interac¸a˜o entre as duas partes do corpo atrave´s desta superf´ıcie. O material de um lado do plano pode ser assumido como exercendo uma forc¸a no material no outro lado. Consideremos agora uma pequena a´rea A contendo o ponto 0 e vetor soma de todas as forc¸as F atuando nessa a´rea. O limite da raza˜o de F para A, na medida em que ∆A se aproxima de zero, e´ definido o vetor tensa˜o −→ S no ponto 0: −→ S = lim ∆A→0 ( F ∆A ) (35) Na Figura ?? uma superf´ıcie de separac¸a˜o foi desenhada normal ao eixo x , e as duas partes do corpo foram separadas do corpo por questo˜es de clareza no desenho. Assumimos que a superf´ıcie x nessa Figura ter o formato de retaˆngulo com os lados ∆y , ∆z. Figura ETS911. Tenso˜es normais e de cisalhamento atuando em um plano atrave´s de um plano de superf´ıcie por dentro de um corpo cont´ınuo. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 27 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Distribuic¸a˜o da tensa˜o dentro do solo ⇒ Quando as forc¸as consideradas sa˜o paralelas a` direc¸a˜o x , falamos de uma tensa˜o normal σx , igual a` grandeza da soma das forc¸as dividida pela a´rea ∆y , ∆z . Em geral, todavia, a forc¸a total pode na˜o ser perpendicular a` superf´ıcie x , mas obl´ıqua a ela, caso em que podemos resolver a forc¸a e a tensa˜o associada em seus componentes nas direc¸o˜es x , y e z. No plano mostrado na Figura ETS911 os componentes y e z sa˜o reconhecidos como a tensa˜o tangencial ou de cisalhamento e designada por τx y , τx z. ⇒ Esta notac¸a˜o indica a orientac¸a˜o da superf´ıcie (ortogonal ao eixo x) pelo primeiro subscrito e a direc¸a˜o da tensa˜o pelo segundo. ⇒ Para definir completamente todas as tenso˜es atuando no ponto 0, precisamos estar em condic¸o˜es de especificar as tenso˜es em todos os planos poss´ıveis que podem passar atrave´s deste ponto. ⇒ O plano mostrado na Figura ETS912 e´ apenas um de um nu´mero infinito de poss´ıveis planos que podem passar atrave´s do ponto 0. Para estar aptos a resolver as tenso˜es atuando em qualquer plano de qualquer orientac¸a˜o, precisamos, antes de tudo, especificar os vetores de tensa˜o nos treˆs planos mutuamente perpendiculares, ilustrando a poss´ıvel distribuic¸a˜o de tenso˜es nas superf´ıcies de um pequeno elemento de volume. Imaginando esse elemento devolume contrair se ate´ zero no ponto 0, temos no limite um ponto de intersec¸a˜o dos treˆs planos ortogonais tendo as mesmas tenso˜es. Figura ETS912. Componentes de tensa˜o em superf´ıcies de um elemento cu´bico de volume. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 28 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Tensa˜o, esforc¸o e ruptura em solos ⇒ A ruptura de um corpo sob tensa˜o e´ a base do muito importante conceito de resisteˆncia. ”Ruptura” e´ usada comutativamente com ”fadiga” (yield). O conceito de fadiga, na medida em que a tensa˜o e´ aumentada, e´ um ponto eventualmente alcanc¸ado, ale´m do qual e´ observado o comportamento pla´stico. ⇒ Na realidade existe uma considera´vel diferenc¸a entre a tensa˜o de fadiga e o que e´ conhecido como tensa˜o final ou tensa˜o de ruptura, na qual a fratura ou separac¸a˜o realmente ocorre. ⇒ A ruptura no solo e´ muito mais complexa nos solos, dependendo de da umidade e do teor de argila; podem variar as suas propriedades desde aquelas que lembram as de um l´ıquido viscoso ate´ aqueles que lembram as de um so´lido quebradic¸o. ⇒ A tensa˜o final de corpos de solo e´ medida para estabelecer o componente coesivo da resisteˆncia ao cisalhamento. ⇒ As medic¸o˜es sa˜o feitas em bloquetes de solo moldados e sa˜o deveras simples de ser conduzidas. A ruptura por compressa˜o e´ ainda mais dif´ıcil de ser definida do que a ruptura por tensa˜o, uma vez que a compressa˜o na˜o isotro´pica de um espe´cime de solo pode causar a ruptura por cisalhamento. ⇒ A ruptura de um solo por cisalhamento e´ definida quando o solo se encontra no estado r´ıgido e no estado quebradic¸o e mostra um plano distinto de fratura, que muitas vezes ocorre na assim chamada compressa˜o na˜o confinada, no qual o cilindro de solo e´ carregada axialmente, como mostrado na Figura ETS913 (a) e (b). Este tipo de fratura e´ observado em solos coesivos, relativamente secos. Se o solo estiver u´mido, e por isso menos r´ıgido, isto e´, ”mole” ao inve´s de ”duro”, nenhuma fratura distinta e´ discern´ıvel; a ruptura por cisalhamento ocorrera´ por fluxo pla´stico. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 29 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Tensa˜o, esforc¸o e ruptura em solos Figura ETS913. Ruptura por cisalhamento, quando cilindros de solos sa˜o submetidos a` tensa˜o axial: (a) solo r´ıgido ruptura por fratura; (b) solo mole fluxo pla´stico. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 30 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo O conceito de resisteˆncia do solo ⇒ Em termos qualitativos, a resisteˆncia do solo e´ a capacidade de solo resistir a forc¸as sem experimentar falheamento, quer por ruptura, quer por fragmentac¸a˜o ou fluxo. Em termos quantitativos, a resisteˆncia do solo pode ser definida como a tensa˜o ma´xima, que pode ser induzida em um dado corpo sem que o mesmo sofra ruptura. Figura ETS914. C´ırculo de tenso˜es (a) e envelope (envolto´ria) de tenso˜es de Mohr (b). ⇒ A habilidade de o solo em resistir a` tensa˜o por cisalhamento, conhecida por resisteˆncia ao cisalhamento. O modelo usado para a resisteˆncia ao cisalhamento e´ a teoria de Mohr, baseada na relac¸a˜o funcional entre σ × τ . ⇒ Se uma se´rie de estados de tensa˜o, suficiente para causar a ruptura, for imposta ao mesmo material e estes graficados como um conjunto de c´ırculos de Mohr (Figura ETS614), a linha tangente aos mesmos - envolope ou envolto´ria da fam´ılia de c´ırculos - e´ usada como crite´rio de resisteˆncia ao cisalhamento. Se a envolto´ria for uma linha completamente reta, ou aproximadamente, pode ser descrita pela equac¸a˜o τ = a + b (36) em que: a constante a, indicada na Figura ETS614 como τo , e´ a intersec¸a˜o da linha envolvente no eixo de τ ; e a constante b, a tangente do aˆngulo α que a linha envolvente faz com a linha horizontal. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 31 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Medic¸a˜o da resisteˆncia do solo Figura ETS916. Ilustrac¸a˜o da dilataˆncia (ou aumento de volume) no processo de cisalhamento de uma areia densa, devido ao efeito do rolamento interpart´ıculas. (Esta e´ a raza˜o porque uma pessoa caminhando em uma areia saturada se observa que a areia ao redor de seu pe´ se torna seca subitamente, tornando se novamente saturada quando o pe´ levantado). ⇒ A medic¸a˜o da resisteˆncia do solo e´ geralmente baseada em algum procedimento para determinar as tenso˜es atuando em ruptura incipiente. Como foi dito anteriormente, a resisteˆncia do solo a tenso˜es aplicadas pode ser caracterizada em termos de dois paraˆmetros: coesividade c, presumivelmente, representando a adereˆncia ou ligac¸a˜o de part´ıculas de solo, que precisam ser rompidas para ocorrer o cisalhamento e o aˆngulo de fricc¸a˜o interna, representando a resisteˆncia encontrada quando o solo e´ forc¸ado a deslizar sobre solo. Essa interpretac¸a˜o e´ meramente conceitual; em casos reais eles podem na˜o ser verdadeiramente independentes um do outro. ⇒ Solos que apresentam aprecia´vel coesividade, chamados de coesivos (hardsetting soils), geralmente tem uma razoa´vel quantidade de argila que tem a propriedade de cimentar internamente o solo. A areia seca, em geral, e´ na˜o coesiva, consequentemente, a u´nica resisteˆncia ao cisalhamento e´ devida a` fricc¸a˜o interpart´ıculas, que resulta do deslizamento e do rolamento de part´ıculas umas sobre as outras. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 32 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Medic¸a˜o da resisteˆncia do solo - Equipamentos de medic¸a˜o ⇒ O aparelho de cisalhamento direto (Figura ETS917), mostra um recipiente (container) seccionado, enchido com solo com densidade de part´ıculas conhecida. Uma tensa˜o normal e´ aplicada ao plano de cisalhamento, fazendo carga com uma pedra porosa tipo pista˜o, colocando-a em cima da superf´ıcie do solo. ⇒ O cisalhamento e´ induzido pelo aumento gradual da tensa˜o lateral ou tangencial ate´ que ocorra a ruptura. O teste pode ser conduzido ou a um ı´ndice constante de aumento da tensa˜o ou a um ı´ndice constante de deformac¸a˜o (os assim chamados me´todos de tensa˜o controlada × me´todos de esforc¸o controlado). O me´todo apresenta algumas ressalvas, ja´ que o plano na˜o permanece cosntante. Figura ETS917. Esquema do aparelho de cisalhamento direto (a). Prensa para cisalhamento direto (Departamento de Cieˆncia do Solo - UFLA) e amostra de solo cisalhada (b). Fonte: Rocha & Dias Junior, 2000.[R. Bras. Eng. Agr´ıc. Ambiental, Campina Grande, v.8, n.2/3, p.321-325, 2004]. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 33 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Medic¸a˜o da resisteˆncia do solo - Equipamentos de medic¸a˜o ⇒ Um me´todo alternativo, e melhor fundamentado, para a determinac¸a˜o da resisteˆncia ao cisalhamento e´ conhecido como teste tri-axial de cisalhamento. Neste teste, a superf´ıcie de ruptura na˜o e´ pre´-determinada, mas permitida a formar-se dentro de um espe´cime, na medida em que sucessivas combinac¸o˜es de tenso˜es laterais e axiais sa˜o aplicadas a uma se´rie de amostras do mesmo solo. Assim, uma se´rie de c´ırculos de Mohr, representando estados de tensa˜o, sa˜o determinados e a envolvente desses c´ırculos gera os valores desejados de c e b. Figura ETS918. Envolventes de Mohr para cisalhamento ”tri-axial” de solos saturados: (a) teste drenado, solo coesivo; (b) teste drenado, solo na˜o coesivo; (c) teste na˜o drenado, solo coesivo. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 34 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Medic¸a˜o da resisteˆncia do solo - Equipamentos de medic¸a˜o ⇒ O aparelho de cisalhamento tri-axial (Figura ETS918) e´ uma ce´lula pressurizada, em que se coloca uma amostra cil´ındrica de solo, que e´ acondicionada numa membrana de borracha tipo luva, hermeticamenteselada a`s placas meta´licas encaixadas em placas porosas no topo e na base das amostras. Tudo isto e´ colocado na ce´lula pressurizada cheia de a´gua que proporciona uma tensa˜o σ3 uniforme e constante. ⇒ Uma tensa˜o axial adicional σ1 - σ3 e´ aplicada por meio de um ar´ıete de carga acoplado a um anel de prova, e a tensa˜o e´ gradualmente aumentada, ate´ que ocorra a ruptura, momento em que se verifica a tensa˜o tri-axial, bem como a tensa˜o lateral. ⇒ Numa amostra saturada de solo a mudanc¸a de volume pode ser determinada pela quantidade de a´gua expelida da amostra durante o teste. Para medic¸o˜es de pressa˜o de poros de a´gua, os drenos sa˜o conectados a um manoˆmetro. No caso de amostras na˜o saturadas, medic¸o˜es tensiome´tricas da succ¸a˜o matricial e suas mudanc¸as podem ser feitas durante o teste. ⇒ A tensa˜o interna que atua em qualquer plano dentro de um corpo de solo consiste de dois componentes: a pressa˜o interpart´ıculas, chamada de tensa˜o efetiva; e a pressa˜o de poros-a´gua, que e´ neutra no sentido de que ela e´ isotro´pica e na˜o tem efeito sobre a tensa˜o de cisalhamento. ⇒ Aumentando-se a tensa˜o lateral σ3 em uma amostra saturada, em que na˜o e´ facultada a drenagem, na˜o tem efeito nenhum sobre a tensa˜o desviato´ria necessitada para causar a ruptura, ja´ que ela apenas aumenta a pressa˜o hidrosta´tica dos poros de a´gua, sem haver nenhum efeito sobre a matriz do solo. Consequentemente, a envolvente de Mohr no caso de um teste na˜o drenado (tambe´m chamado de teste ra´pido) e´ horizontal. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 35 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Medic¸a˜o da resisteˆncia do solo - Equipamentos de medic¸a˜o Figura ETS919. Esquema do aparelho de cisalhamento de he´lice. ⇒ Um outro me´todo de medic¸a˜o da coesividade do solo, adequado para determinac¸o˜es ”in situ” na˜o perturbadas, e´ o teste de cisalhamento de he´lice, ilustrado na Figura ETS919. No teste a he´lice e´ introduzida no solo ate´ a profundidade desejada e, enta˜o, girado. O torque necessa´rio para cisalhar o solo, gerado ao longo da superf´ıcie do cil´ındrico pelas extremidades das pa´s, e´ medido. A relac¸a˜o teo´rica entre o torque T , a coesividade do solo c e as dimenso˜es das pa´s e´ T = cpi ( 1 2d2 + 1 3d3 ) (37) Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 36 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Medic¸a˜o da resisteˆncia do solo - Equipamentos de medic¸a˜o - Resisteˆncia teˆnsil do solo Para a raza˜o altura raio padra˜o de 4:1, a coesividade pode ser computada a partir da equac¸a˜o c = 3T 28pir3 (38) ⇒ A vantagem deste me´todo e´ que as medic¸o˜es podem ser feitas em profundidades sucessivas sem retirar o aparelho, para obter um perfil completo da resisteˆncia de um solo natural. ⇒ A medic¸a˜o da coesividade dos solos e´ poss´ıvel na˜o somente por cisalhamento mas tambe´m por tensa˜o. A resisteˆncia teˆnsil do solo e´ a forc¸a normal por unidade de a´rea necessa´ria para destacar ou separar uma sec¸a˜o da outra (Figura ETS920). Figura ETS920. Me´todo para medir a resisteˆncia teˆnsil do solo em campo. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 37 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Medic¸a˜o da resisteˆncia do solo - Equipamentos de medic¸a˜o - Medic¸o˜es de coesividade em laborato´rio ⇒ Um outro me´todo de laborato´rio comumente usado para a determinac¸a˜o da resisteˆncia coesiva de bloquetes secos de solo e´ medindo o mo´dulo de ruptura. Este me´todo consiste no carregamento central de pequena viga de solo, apoiada em ambas as extremidades, ate´ que ocorra a ruptura (Figura 38). A equac¸a˜o para a determinac¸a˜o do mo´dulo de ruptura σb e´ σb = 3fl 2bd2 (39) em que: f e´ a forc¸a aplicada para causar a ruptura; l , o comprimento da viga; b a largura; e d a espessura da viga. Figura ETS921. Medic¸a˜o de mo´dulo de ruptura num espe´cimen de solo retangular ou cil´ındrico. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 38 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Medic¸a˜o da resisteˆncia do solo - Equipamentos de medic¸a˜o - Coesividade em laborato´rio Se a viga e´ cil´ındrica, a equac¸a˜o e´ σb = fl r3 (40) em que: r e´ o raio do cil´ındrico. Figura ETS922. Me´todo indireto de tensa˜o para a medic¸a˜o da resisteˆncia teˆnsil proposto por Sourisseau. ⇒ O mo´dulo de ruptura foi usado para caracterizar a tendeˆncia de certos solos insta´veis em se desintegrar e formar uma densa crosta superficial que inibe a germinac¸a˜o. O me´todo foi adaptado para a medic¸a˜o de amostras de crosta natural por Hillel (1959), citado por Hillel [1]. Ainda um outro me´todo para medir a resisteˆncia de um espe´cime cil´ındrico de solo foi proposto por Kirkham et al.(1959). Neste me´todo a amostra e´ carregada lateralmente, ate´ que ocorra a ruptura e o cilindro e´ partido em dois, como mostrado na Figura ETS922. A tensa˜o na ruptura e´ dada por: σ = f pilr (41) em que: l e r sa˜o os mesmos acima. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 39 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Medic¸a˜o da resisteˆncia do solo - Resisteˆncia a` penetrac¸a˜o - Penetroˆmetros ⇒ Outra te´cnica (Figura ETS923) e´ a resisteˆncia do solo a` penetrac¸a˜o. ⇒ O que e´ medido na˜o e´ a resisteˆncia do solo em si, mas um paraˆmetro composto supostamente relacionado a` resisteˆncia do solo, embora, quantitativamente, essa relac¸a˜o na˜o e´ conhecida em qualquer sentido exato. Apesar disso, essa te´cnica tem certas vantagens facilidade e simplicidade da medic¸a˜o ”in situ”. ⇒ Quando uma sonda meta´lica e´ inserida solo adentro, diversos processos ou efeitos podem ocorrer de forma combinada, incluindo separac¸a˜o ou corte no solo, ruptura por cisalhamento, fluxo pla´stico, compressa˜o, e fricc¸a˜o metal solo, bem como fricc¸a˜o solo/solo. ⇒ A combinac¸a˜o particular de processos, em qualquer caso espec´ıfico depende da geometria do instrumento, ale´m das condic¸o˜es do solo. Muitos tipos de instrumentos tem sido projetados, e alguns sa˜o comercialmente dispon´ıveis, mas ainda na˜o existe padronizac¸a˜o de forma ou tamanho da ponta ou do modo de introduzi-lo no solo. ⇒ A resisteˆncia do solo a` penetrac¸a˜o pode ser representada no m´ınimo de duas maneiras: (1) como a forc¸a necessa´ria para causar a penetrac¸a˜o por unidade de a´rea de ponta da sonda ou (2) como a energia necessa´ria para a penetrac¸a˜o, por unidade de profundidade de solo. ⇒ Os penetroˆmetros tem sido usados muito extensivamente para estimar a forc¸a requisitada para arar solos sob va´rias condic¸o˜es, bem como indicar a trafegabilidade (a habilidade de um solo em oferecer trac¸a˜o e permitir passagem desobstru´ıda de ve´ıculos tais como tratores, automo´veis, tanques, etc.). Outros usos tambe´m tem sido propostos; e.g., Morton & Buchele (1960), citados por Hillel (1980) usaram um penetroˆmetro para simular a emergeˆncia de plaˆntulas atrave´s de crostas de solo. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 40 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Medic¸a˜o da resisteˆncia do solo - Resisteˆncia a` penetrac¸a˜o - Penetroˆmetros Figura ETS923. Tipos de penetroˆmetros para caracterizar a resisteˆncia do solo: (a) tipo com martelo de impacto; (b) tipo de empurrar com mola. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 41 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Medic¸a˜o da resisteˆncia do solo a` penetrac¸a˜o - Penetroˆmetro modelo PLANALSUCAR ♣ A energia cine´tica e´ dada por: Ec = m.v2 2 , (42) mas como m = P/9,81 m s−2 e v2=2gh, tem-se Ec = Ph (43) em que: P e´ o peso do contrapeso ou martelo (dado em kgf ); e h, a altura da queda livre (m), como mostra a Figura ETS923. ⇒ Exemplo: Um penetroˆmetro de impacto, com contrapeso de 2,5 kgf e altura de queda de 0,4 m, em cadabatida desenvolve-se a seguinte energia cine´tica: Ec = 2,5 kgf × 0,4 m=1,0 kgf por batida ou Ec = 9,81 joule N/m por batida ou ainda em termos de poteˆncia para penetrar o solo: Ec = (9,81N/m)/0,286=34,3 watts por batida ⇒ Assim, a resisteˆncia a` penetrac¸a˜o pode ser expressa por meio da relac¸a˜o entre o nu´mero de batidas ou a energia (isto e´, o nu´mero de batidas × energia por batida) para que o penetroˆmetro atinja determinada profundidade no perfil do solo. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 42 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Medic¸a˜o da resisteˆncia do solo a` penetrac¸a˜o - Penetroˆmetro modelo PLANALSUCAR - Stolf et al. (1983) ⇒ Durante o procedimento de penetrac¸a˜o da haste registra-se o nu´mero de impactos a uma profundidade z (Figura ETS920a): Um exemplo encontra-se na Tabela ETS01 e no gra´fico da Figura ETS920b, gerados com dados de Stolf et al. (1983); Na primeira coluna de cada repetic¸a˜o anota-se a variac¸a˜o da profundidade; na segunda, o nu´mero de impactos efetuados para provocar a penetrac¸a˜o correspondente da haste (h); a terceira coluna e´ calculada dividindo-se o nu´mero de impactos (NI ) pela correspondente variac¸a˜o de profundidade (cm), multiplicando-se esse resultado por 10, para se obter o NI dm−1; Um exemplo de ca´lculo tirado da Tabela ETS01 - 2 impactos por (29-23cm) - o valor calculado de impactos dm−1 sera´: Nu´mero de impactos dm−1=10×2/(29-23)=20/6=3,3 NI dm−1 Em solos com camada superficial solta ira´ ocorrer a penetrac¸a˜o da haste apenas com o apoio do aparelho no solo. A` distaˆncia penetrada, nesse caso, e´ atribu´ıdo o valor 0,0 (zero). Tabela ETS01. Dados obtidos com penetroˆmetro de impacto: profundidade × nu´mero de impactos observados e calculados (NI dm−1. Fonte: Stolf et al. (1983). Repetic¸a˜o 1 Repetic¸a˜o 2 Profundidade Nu´mero de impactos Profundidade Nu´mero de impactos (cm) Observados Calculados (cm) Observados Calculados 0,0 - 9,0 1 1,11 0,0 - 14,0 1 0,71 9,0 - 13,0 2 5,00 14,0 - 19,0 2 3,64 13,0 - 17,5 2 4,44 19,0 - 23,5 2 5,00 17,5 - 23,0 2 3,64 23,5 - 27,5 2 5,00 23,0 - 29,0 2 3,33 27,5 - 31,0 2 5,71 29,0 - 35,0 2 3,33 31,0 - 35,0 2 5,00 35,0 - 41,0 2 3,33 35,0 - 40,0 2 4,00 41,0 - 52,5 2 1,74 40,0 - 46,5 2 3,08 52,5 - 60,5 2 2,50 46,5 - 54,0 2 2,67 - - - 54,0 - 60,0 2 3,33 Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 43 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Medic¸a˜o da resisteˆncia do solo a` penetrac¸a˜o - Penetroˆmetro modelo PLANALSUCAR - Stolf et al. (1983) Gra´fico de RP - dados transformados ⇒Para que os dados de impactos por dm (NI dm−1h) tenham aplicac¸a˜o pra´tica, eles teˆm que ser transformados para dados de pressa˜o [kPa ou MPa (Stone & Williams, 1939)]: NI =10 IO PP−PA em que: NI e´ o nu´mero de impactos calculados; PP, a(s) profundidade(s) posterior(es) a`(s) pancada(s); e PA, a(s) profundidade(s) anterior(es) a`(s) pancada(s). Figura ETS923a. Dados de impactos dm−1 transformados em dados de pressa˜o (MPa). Sistemas de poros de um solo Figura ETS923b. Resisteˆncia do solo a` penetrac¸a˜o [com penetroˆmetro de impacto de Stolf et al. (1983)] nas e´pocas chuvosa e seca ao longo dos anos em solos LVd, submetido ao Sistema Barreira˜o de manejo de pastagens, Piracanjuba, GO. Fonte: Magalha˜es et al.(2001). Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 44 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Medic¸a˜o da resisteˆncia do solo a` penetrac¸a˜o - Penetroˆmetro modelo PLANALSUCAR - Stolf et al. (1983) Gra´fico de RP - dados transformados ⇒Para que os dados de impactos por dm (NI dm−1h) tenham aplicac¸a˜o pra´tica, eles teˆm que ser transformados para dados de pressa˜o [kPa ou MPa (Stone & Williams, 1939)]: NI =10 IO PP−PA em que: NI e´ o nu´mero de impactos calculados; PP, a(s) profundidade(s) posterior(es) a`(s) pancada(s); e PA, a(s) profundidade(s) anterior(es) a`(s) pancada(s). Figura ETS923a. Dados de impactos dm−1 transformados em dados de pressa˜o (MPa). Sistemas de poros de um solo Figura ETS923b. Resisteˆncia do solo a` penetrac¸a˜o [com penetroˆmetro de impacto de Stolf et al. (1983)] nas e´pocas chuvosa e seca ao longo dos anos em solos LVd, submetido ao Sistema Barreira˜o de manejo de pastagens, Piracanjuba, GO. Fonte: Magalha˜es et al.(2001). Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 44 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Medic¸a˜o da resisteˆncia do solo - Resisteˆncia a` penetrac¸a˜o - Penetroˆmetros ⇒ Os modos de deformac¸a˜o e ruptura de va´rios tipos de solo durante o cultivo encontram-se na Figura ETS924. Figura ETS924. Modos de deformac¸a˜o e planos de cisalhamento em diferentes tipos de solos cortados por uma laˆmina plana inclinada. Fonte: So¨hne, W.H. Characterization of tillage tools. Sa¨rtryck ur Grundfo¨ba¨ttring, v.1, p.38-48, 1966. Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 45 / 46 Esforc¸o, tensa˜o e resisteˆncia do solo Soluc¸a˜o de problemas Soluc¸a˜o de problemas Exerc´ıcios Dois tijolos de crosta de solo foram testados em aparelhos de mo´dulo de ruptura, calcule qual dos dois espe´cimens oferece a maior resisteˆncia.: 1 O primeiro espe´cime tinha largura de 2 cm e espessura de 0,5 cm, e foi posto em suportes espac¸ados de 5 cm e fraturados por uma forc¸a de 1.105 dinas; 2 O segundo espe´cime tinha 5 cm de largura e 2 cm de espessura e quando colocados em suportes separados de 10 cm necessitaram uma forc¸a de 106 dinas para ser fraturados. Calculamos o mo´dulo de ruptura M pela seguinte equac¸a˜o: M = 3FL SBD2 em que: F e´ a forc¸a causadora da fratura; L, o comprimento do espe´cime entre os suporte; B, a largura; e D a profundidade (espessura). Soluc¸a˜o do exemplo 1: M = 3FL SBD2 = 3.105dinas.5cm 2,0cm.5cm.(2cm2) = 1,5.105dinas.cm2 = 1,5bars Soluc¸a˜o do exemplo 2: M = 3FL SBD2 = 3.106dinas.5cm 2cm.5cm.(2,0cm2) = 1,5.106dinas.cm2 = 0,75bars Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 46 / 46 Hillel, D. Fundamentals of soil physics. N. York: Academic Press. 1980. Koolen, A.J.& Kuipers, H. Agricultural soil mechanics. Berlin, Springer-Verlag, 1983. Horn, R; Vossbrink, J.; Becker, S. Modern forestry vehicles and their impacts on soil physical properties. Soil & Till Research, v.79, p.207-219, 2004. doi:10.1016/j.stil.2004.07.009 Prof.H.J. Kliemann (PVNS/CAPES/MEC) F´ısica do Solo ... 46 / 46
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