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TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS

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Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 1 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
4. TÍTULOS EXECUTIVOS EXTRAJUDICIAIS 
4.1 Considerações Gerais 
 
O título executivo extrajudicial é o fundamento de toda ação executiva extrajudicial, 
sem ele, a ação carece de fundamento, pois toda a ação executiva extrajudicial deve ser fundada 
em um título executivo extrajudicial, que reúna estes três requisitos: certo, líquido e exigível. 
O artigo 783 do NCPC prever que “a execução para cobrança de crédito fundar-se-á 
sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível”. 
Esses três requisitos são indispensáveis para que o título executivo judicial, instituído 
por lei, detenha força executiva legal, ou seja, possa ser levado a juízo pela via executiva. 
O direito do credor é certo quando o título não deixa dúvida em torno de sua 
existência; líquido quando o título não deixa dúvida em torno de seu objeto, quando é 
determinada a importância da prestação (quantum); exigível é a indicação de que só está apto para 
a execução o título vencido, ressalvando-se, neste aspecto que, quando se trata de obrigação 
sujeita à condição, o exequente, para legitimar a execução está obrigado a comprovar que adimpliu 
com a obrigação a ele contratada1. 
O título executivo, segundo Rosenberg2, tem a tríplice função de: 
(a) autorizar a execução, por ser o fundamento e condição suficiente da ação 
executiva. 
(b) definir a finalidade da execução, porque ele revela qual foi a obrigação contraída 
pelo devedor e qual a sanção que corresponde a seu inadimplemento, apontado o fim a ser 
alcançado no procedimento executivo. 
Se a obrigação é de pagar uma quantia em dinheiro, o procedimento 
corresponderá a uma execução por quantia certa [cheque]; se a obrigação é de dar, executar-se-á 
sob o rito para execução de entrega de coisa [contrato de promessa de compra e venda de imóvel]; se a 
obrigação é de prestar fato (de fazer ou não fazer), caberá a execução prevista para as 
obrigações de fazer e não fazer [contrato de prestação de serviços]. 
(c) a de fixar os limites da execução – essa função define os sujeitos ativo/exequente 
e passivo/executado, quem responde pela dívida e quem pode exigi-la, o objeto da obrigação, o 
valor da obrigação e seus acessórios. 
 
 
1 LIVRAMENTO, op. cit. p. 25. 
2 THEODORO JÚNIOR, op. cit. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 2 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
4.2 O rol do art. 784 do NCPC e a tipicidade dos títulos executivos 
extrajudiciais 
Os títulos executivos extrajudiciais autorizam a exigir o seu cumprimento pelo 
processo de execução autônomo, sem que antes tenham de enfrentar o processo de 
conhecimento, pois os mesmos são dotados de certeza e de garantias que assim os privilegiam. 
A liquidez, a certeza e exigibilidade não são atributos absolutos, mas sim, presumidos, pois cabe 
prova em contrário que o devedor pode fazê-lo por qualquer meio de defesa que possa ter, sendo 
esta geralmente apresentada por via de embargos do devedor, ainda que possíveis outras espécies 
de defesa3. 
Conforme determina o Novo Código de Processo Civil, são títulos executivos 
extrajudiciais: 
a) A letra de câmbio, nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque 
(art. 784, I) 
Os institutos contidos no inciso I do art. 784 do NCPC tem em comum o fato de 
serem títulos de crédito, mas isso não significa, em hipótese alguma, que todo e qualquer título 
de crédito será título executivo extrajudicial. Só é título executivo extrajudicial aquele que a lei 
assim o preveja – regra da tipicidade (reserva legal), pois só serão títulos executivos judiciais, 
os títulos de crédito e/ou qualquer documento cuja a lei federal lhe atribua força executiva, 
não obrigatoriamente devam estar no rol do art. 784 do NCPC, mas precisam estar previstos em 
lei. 
O dispositivo legal do art. 784 não é o único que contém rol dos títulos executivos 
extrajudiciais, outras normas, também, os preveem, tais como o Decreto nº 2.044, de 31 de 
dezembro de 1908 e a Lei Uniforme de Genebra, firmada em 30 de junho de 1930. Portanto, 
para ser título executivo extrajudicial precisa, obrigatoriamente, estar previsto em lei. 
Os títulos de crédito arrolados no inciso I do art. 784 do NCPC só adquirem força 
executiva se preencherem todos os requisitos determinados para cada um deles, no Decreto e na 
Lei Uniforme Cambial e na Lei do Cheque. 
São classificados em causais e não causais. Os causais são aqueles cuja emissão 
está condicionada a um negócio jurídico subjacente (vinculado a um negócio jurídico 
prévio), como a DUPLICATA. Os não causais guardam autonomia sobre qualquer relação 
 
3 LIVRAMENTO, op. cit. p. 42. 
 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 3 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
subjacente, como a NOTA PROMISSÓRIA e o CHEQUE. 
 
a.1 A letra de câmbio 
A letra de câmbio é título de crédito (cambial ou cambiariforme), que é regulada pelo 
Decreto nº 2.044, de 31 de dezembro de 1908 e a Lei Uniforme de Genebra, firmada em 30 de 
junho de 1930. “A letra de câmbio é uma ordem de pagamento dirigida a determinada pessoa 
para que faça um pagamento a outra. Nela há três envolvidos: o que emite a ordem de pagamento, 
denominado de sacador; o que a recebe, o sacado; e aquele a quem o pagamento deve ser feito, 
chamado beneficiário”4. É o título mais antigo da história, mas que hoje em dia tem pouca 
utilidade prática, caiu em desuso. 
 
No exemplo acima, configura-se como sacado/devedor: Marco e Marcos Ltda e como 
sacador/favorecido: Alberto Roberto da Silva. Então o exequente é o favorecido/credor e o executado 
é o sacado/devedor. 
 
a.2 A nota promissória 
É uma ordem de pagamento a prazo, pela qual o emitente, seu devedor, promete 
pagar determinada quantia em favor do credor ou à sua ordem. Apresenta-se como título não 
causal, razão pela qual sua execução independe da prova do negócio jurídico subjacente 
(anteriormente formalizado). Trata-se de um dos títulos de crédito mais utilizados em nossas 
 
4 LIVRAMENTO, op. cit. apud GONÇALVES p. 42. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 4 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
atividades econômicas e creditícias5. 
 
a.3 A duplicata 
 
A duplicata é um título formal, causal, à ordem, regido pela Lei 5.478/68, extraído 
por vendedor ou prestador de serviços, que visa documentar o saque fundado sobre o crédito 
decorrente de compra e venda mercantil ou prestação de serviços, que tem como pressuposto a 
emissão da fatura. 
A duplicata só tem força executiva se vinculada a um negócio de compra e venda ou 
de prestação de serviços e se preencher os seguintes requisitos: 
 
a) se for aceita; 
b) se não for aceita deverá estar acompanhada do instrumento de protesto e 
do comprovante de entrega da mercadoria ou da prestação de serviço. 
 
A emissão de duplicata sem o negócio jurídico antecedente válido é considerada crime, 
tipificado no art. 172 do CPB (duplicata simulada). 
 Situação prática: 
Uma loja de material de construção (devedor) comprou de um fornecedor 500 sacos de cimento, 
cujo pagamento será feito a prazo através de duplicata. O fornecedor (credor) com base na nota 
fiscale fatura de entrega da mercadoria emitirá a duplicata para pagamento. 
 
5 LIVRAMENTO, op. cit. p. 42. 
 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 5 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
 
a.4 A debênture (regida pela Lei nº 6.404/1976, arts. 52 a 74) 
A debênture constitui-se ou se formaliza quando a sociedade anônima (S/A) toma 
empréstimo junto ao público em geral. É um título de dívida, com vencimento a médio e longo 
prazo, e que confere ao seu detentor direito a um crédito contra a sociedade emissora. Embora 
pouco divulgada, esta modalidade de captação de crédito é uma das formas mais antigas, e todos 
os requisitos ou características deste investimento, como remuneração, prazo, e etc., são definidas 
na escritura de emissão.6 
A escritura de emissão da debênture é um documento legal que especifica as 
condições sob as quais foi emitida, os direitos dos possuidores e os deveres do emitente. Trata-
se de um documento extenso, contendo cláusulas padronizadas, restritivas e referentes a garantia. 
 
Situação prática: 
Eva investiu em debêntures do Banco Bradesco S/A, no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), 
cujo resgate se dará a médio prazo, ou seja, no período de 36 (trinta e seis) meses, com 
remuneração pré-fixada. Assim teremos: Emitente (devedor): Banco Bradesco S/A; e 
Possuidor (credor): Eva. 
 
6 LIVRAMENTO, op. cit. p. 43. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 6 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
 
a.5 O cheque 
O cheque é o título de crédito mais utilizado em nosso meio e segundo sua definição 
clássica: é uma ordem de pagamento à vista. As regras relativas a este título estão dispostas na 
Lei 7.357/85. 
 
 
 
b) Escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor (art. 
784, II) 
A escritura pública é espécie do gênero documento público, a primeira é ato privativo 
do tabelião de notas e o segundo pode ser produzido por qualquer agente público no exercício 
de suas funções. 
A escritura pública que tem força executiva é aquela que contém declaração de 
vontade do devedor, comprometendo-se a cumprir determinada prestação. Não é necessária a 
assinatura de testemunhas, nem do próprio devedor, bastando que o tabelião de notas, que 
goza de fé pública, certifique que ele manifestou a sua vontade7. 
Trata-se a escritura pública de confissão de dívida e representa o reconhecimento 
expresso de dívida pelo próprio devedor ou mandatário, com poderes específicos. É necessário 
que o documento indique obrigação certa, líquida e exigível, sem o que o contrato não será 
considerado título executivo. Não há limitação no que se refere à natureza da obrigação assumida 
pelo devedor, podendo indistintamente tratar-se de pagar quantia certa, fazer, não fazer ou 
entregar coisa.8 
Os demais documentos públicos somente serão considerados títulos executivos se 
 
7 GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado. 6ª. ed. São Paulo: Saraiva. 2016. 
8 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. 8a. ed. rev. atual. e ampl. Salvador: Juspodivm, 2016. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 7 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
contiverem a declaração de vontade escrita e assinada pelo devedor reconhecendo a dívida/ 
obrigação de prestação.9 
ESCRITURA PÚBLICA DOCUMENTO PÚBLICO 
Espécie do gênero documento público Gênero 
Ato privativo tabelião de notas Produzido por qualquer agente público 
Dispensa a assinatura de testemunhas e do próprio 
devedor 
Dispensa a assinatura de testemunhas, mas não 
dispensa a do devedor 
Exemplo: 
Escritura pública de compra e venda 
Exemplo: 
Confissão de dívida firmada na presença do 
Delegado de Polícia 
 
c) Documento particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas (art. 
784, III) 
Para que esse documento tenha eficácia executiva exige-se que seja assinado pelo 
devedor e por duas testemunhas. A razão da exigência da assinatura das testemunhas é para 
fins de eventual comprovação em juízo que o devedor manifestou sua vontade de forma livre e 
espontânea, ou seja, sem vício de consentimento. Só servirão como testemunhas as pessoas que 
não são impedidas e suspeitas de depor como testemunha, não podendo os incapazes, impedidos 
e suspeitos, segundo determina o art. 447, do NCPC. Esses requisitos só serão analisados se o 
devedor arguir em juízo a invalidade do título. Não havendo arguição, não deverá se fazer essa 
análise. 
O contrato assinado pelo devedor e por duas testemunhas é um exemplo de 
documento particular com força executiva. Se o contrato não preencher esses requisitos legais 
não será considerado título executivo, mesmo que as partes em seu texto façam constar que se 
trata de um título executivo extrajudicial. 
O documento particular que não preencher esses requisitos legais só serve de prova 
para a ação monitória e ação de conhecimento. 
Situação prática 
1ª) Francisco contratou o pedreiro Raimundo para fazer uma reforma em sua 
residência, com prazo de execução de 60 dias, material de construção por conta do contratante, 
para construção de uma suíte. O contrato foi assinado pelos contratantes e por duas testemunhas. 
2ª) Roberto contratou o eletricista João para fazer a instalação elétrica de sua loja, com 
prazo de execução de 30 dias, material por conta do contratante. O contrato foi assinado apenas 
 
9 NEVES, op. cit. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 8 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
pelo contratado (eletricista). 
Francisco na hipótese do descumprimento do contrato poderá, se quiser, ajuizar ação 
executiva extrajudicial. Enquanto Roberto só poderá ajuizar ação monitória e de conhecimento. 
 
d) Instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, pela 
Defensoria, pela Advocacia Pública, pelos advogados dos transatores ou por conciliador 
ou mediador credenciado pelo tribunal (art. 784, IV) 
Essa transação é aquela que é formalizada fora do Poder Judiciário, ou seja, transação 
extrajudicial, sem necessidade de testemunhas, só a assinatura das partes com o referendo do 
Ministério Público, Defensoria Pública, Advocacia Pública, advogados dos transatores, 
conciliador ou mediador credenciado pelo tribunal, não homologada judicialmente. Se for 
homologada judicialmente deixa de ser extrajudicial para ser judicial e poderá ser submetida ao 
procedimento aplicado ao cumprimento de sentença. 
Essa espécie de título extrajudicial já existia no CPC/1973 e o NCPC trouxe a inclusão 
da transação referendada pelo conciliador ou mediador credenciado pelo tribunal, que 
estarão habilitados a atuar fora do juízo na atividade consensual dos conflitos, sendo 
capaz de referendar a solução, criando um título executivo extrajudicial[no momento do exame 
da admissibilidade desse título, há de se verificar a habilitação do conciliador e do mediador]. O referido 
dispositivo legal se reporta a atuação desses profissionais fora do Poder Judiciário, como ocorre 
nas casas de mediação e conciliação comunitárias. 
Quanto ao título referendado pelos advogados dos transatores deverá vir 
acompanhado da procuração ad judicia outorgadapelas partes. 
 
e) Contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito real de 
garantia e aquele garantido por caução (art. 784, V) 
Hipoteca, penhor, anticrese são tipos garantias de direito real, pois recaem sobre 
determinado bem móvel ou imóvel, o qual fica afetado como garantia para pagamento do débito, 
e encontram-se disciplinadas no Código Civil (art. 1.225 e 1.419 e ss). 
Na hipótese de inadimplemento do contrato, o exequente/credor ajuíza a ação 
executiva de título extrajudicial e a penhora deve recair sobre o bem dado em garantia, 
independente de nomeação (art. 1.419, CC). E caso o bem afetado não seja suficiente para 
garantir o juízo, pode-se fazer a penhora de outros bens. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 9 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
A hipoteca é garantia de direito real para bens imóveis. É muito utilizada em nosso 
meio e está disciplinada no art. 1.473, CC. Os contratos com garantia de hipoteca para terem 
validade contra terceiros precisam estar devidamente registrados no cartório imobiliário onde o 
imóvel estiver registrado. A importância desse registro é para garantir do direito de preferência 
do credor, uma vez que um mesmo bem imóvel pode garantir vários contratos com diferentes 
credores (art. 1.476, CC). A hipoteca com o primeiro registro terá preferência sobre as outras. 
Havendo pluralidade de hipotecas sobre um mesmo imóvel, a lei estabelece o 
privilégio dos credores anteriores sobre os credores posteriores, em que o primeiro credor detém 
uma hipoteca de primeiro grau, o segundo credor é titular de hipoteca de segundo grau, e assim 
sucessivamente. 
O penhor é uma garantia que afeta bens móveis e está disciplinado nos arts. 1.431 a 
1.467 do Código Civil. Nesse tipo de garantia o bem afetado fica na posse do credor. 
A anticrese é um instituto jurídico com pouca aplicação nos contratos, daí porque 
pouco conhecida em nosso meio jurídico. É espécie de direito real de garantia, pela qual o 
devedor entrega um bem imóvel ao credor para que os frutos deste bem compensem a 
dívida. É disciplinada pelos arts. 1.506 a 1.510 do Código Civil. 
A reserva de domínio pode ser colocada como exemplo de outro direito real de 
garantia e está disciplinada nos arts. 521 a 528 do Código Civil. Consiste no vendedor de coisa 
móvel reservar para si a propriedade do bem, até que o preço do bem esteja integralmente pago. 
A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e depende de registro no domicílio 
do comprador para valer contra terceiros. 
Situação prática 
Jonas vendeu uma motocicleta para Alfredo pelo preço de R$ 5.000,00 (cinco mil 
reais). O pagamento foi de forma parcelada, em 20 parcelas de R$ 250,00 (duzentos e cinquenta 
reais), cada uma. Jonas e Alfredo firmaram um contrato de compra e venda com reserva de 
domínio que foi registrado em cartório e comunicado ao órgão de trânsito (Detran) para 
averbação da cláusula de reserva de domínio. 
 
A caução é garantia que visa assegurar ao credor o pagamento. Pode ser de duas espécies: 
real e fidejussória. 
A caução real é aquela em que um bem é afetado ao pagamento da dívida, para que, em 
futura excussão, o produto sirva prioritariamente para pagar o credor beneficiário. 
A caução fidejussória é a que decorre de fiança, que poderá ser legal, judicial ou convenci-
onal. A fiança é sempre um contrato acessório e terá a mesma natureza do contrato principal. Se o con-
trato principal for um título executivos extrajudicial, ela segue o contrato principal. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 10 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
Situação prática 
Armando firmou contrato de locação de imóvel residencial com Antonio, com 
garantia de caução fidejussória. Rosmildo foi fiador de Antonio nesse contrato de locação. 
Antonio quedou-se inadimplente e Armando ajuizou ação executiva de título extrajudicial em 
face de Antonio (devedor) e Rosmildo (fiador). 
E o mais grave na posição do fiador é que não pode opor impenhorabilidade de bem 
família. 
 
f) Contrato de seguro de vida em caso de morte (art. 784, VI) 
Segundo o dispositivo legal, o único contrato de seguro a ser título executivo é o de seguro 
de vida, não sendo título executivo extrajudicial o contrato de seguro de acidentes pessoais, e tampouco 
o contrato de seguro de automóvel, que demandarão para cobrança do prêmio não pago pela seguradora 
a propositura de processo de conhecimento pelo rito comum.10 
O contrato de seguro de vida, para ter eficácia de título executivo extrajudicial, há a necessi-
dade do evento morte e diante do não pagamento pelo segurador, o favorecido poderá promover a ação 
executiva para o recebimento do prêmio. O óbito do segurado faz com que o contrato se apresente 
líquido e exigível, ensejando a sua execução, uma vez que o contrato formalizado já se apresenta 
como certo.11 
g) Crédito decorrente de foro e laudêmio (art. 784, VII) 
O foro e o laudêmio são institutos de direito material, decorrem da enfiteuse que é 
instituto de rara aplicação e com tempo curto de vida. Conforme determina o art. 2.038, do CC, 
foi proibida a constituição de enfiteuses e de subenfiteuses, restando somente as já existentes à 
época da entrada da vigência do atual Código Civil até sua extinção12. 
O foro é a renda anual que o enfiteuta deve pagar ao proprietário do imóvel, enquanto 
que o laudêmio é o valor devido pelo alienante ao senhorio direto, sempre que realizar a transfe-
rência de domínio útil, por venda ou dação em pagamento. O valor a ser pago pelo laudêmio 
deverá ser fixado no respectivo título de aforamento, contudo, na falta de fixação do preço a ser 
pago pelo laudêmio, este será de 2,5% (dois e meio por cento) da alienação.13 
É raro o ajuizamento de execução de título extrajudicial fundada nesse tipo de título. 
Situação prática: 
Uma grande parte dos municípios cearenses, principalmente na zona urbana, são 
foreiros e sob o Senhorio da Igreja Católica, portanto, os proprietários de imóveis são obrigados 
a pagar foro e laudêmio a Igreja Católica. Em muitos municípios os imóveis quase não são 
 
10 NEVES, op. cit. p. 1040. 
11 LIVRAMENTO, op. cit. p. 49. 
12 NEVES, op. cit. p. 1041. 
13 LIVRAMENTO, op. cit. p. 49. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 11 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
registrados no cartório imobiliário, utiliza-se o laudêmio como “documento de propriedade”. 
 
h) Crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, 
bem como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio (art. 784, 
VIII) 
O contrato de locação escrito, regulado pela Lei 8.245/91 (Lei de Locação) é a repre-
sentação documental desse crédito e nessa espécie de contrato é dispensada a assinatura de tes-
temunhas, bastando a do locador, do locatário e fiador (se houver). 
O crédito decorrente do contrato de locação de imóvel é composto tanto pelo valor 
dos aluguéis, quanto pelas despesas e taxas condominiais, IPTU (se convencionado o contrato) 
bem como pelos demais encargos da locação: despesas de telefone e de consumo de força, luz, 
telefone, água e esgoto14. 
 
i) Certidão de Dívida Ativa da fazenda pública da União, Estado, Distrito Fe-
deral, território e município, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei (art. 
784, IX) 
A certidão de dívida ativa da Fazenda Pública é um título executivo extrajudicial dis-ciplinado por lei especial ou específica, Lei 6.830/80 (Lei das Execuções Fiscais), a qual se apre-
senta de natureza mista, ou seja, de direito material e processual, pois traz normas que regulam o 
título e sua forma e materialidade, assim como traz normas procedimentais próprias, embora, 
subsidiariamente, apliquem-se as regras do código de processo civil. 
 
j) O crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condo-
mínio edilício, previstas na respetiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, 
desde que documentalmente comprovadas (art. 784, X) 
O Novo Código de Processo Civil trouxe uma novidade: o documento que com-
prove o crédito referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio 
edilício, previstas em Convenção de Condomínio ou aprovadas em Assembleia-Geral foi insti-
tuído título executivo extrajudicial. 
 
14 NEVES, op. cit. p. 1041. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 12 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
Trata-se de importante novidade trazida pelo NCPC, já que o anterior não permitia a 
cobrança de despesas condominiais pela via executiva, exigindo processo de conhecimento, de 
procedimento sumário. 
A inicial da execução deve vir instruída com a cópia da convenção condominial e da 
ata da assembleia que estabeleceu o valor das cotas condominiais, ordinárias ou extraordinárias. 
 
l) Certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de 
emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabe-
las estabelecidas em lei (art. 784, XI) 
Cuida-se de mais um novo título executivo extrajudicial trazido pelo NCPC, eis que 
não estava previsto no código anterior. Os Tabelionatos Oficiais de Registros Públicos poderão 
emitir certidão, que goza de presunção de fé pública, para cobrança dos emolumentos ou despe-
sas relativas aos atos praticados de acordo com os valores estabelecidos em tabela criada por lei. 
A segurança quanto a liquidez da obrigação exequenda está garantida pelo dispositivo 
legal quando exige que as certidões contenham o valor fixado nas tabelas estabelecidas em lei. 
A execução fundada nesse título, a priori, dificilmente será necessária para o recebi-
mento dos emolumentos e demais despesas cartorárias, pois os emolumentos devem ser pagos 
por antecipação, ou seja, o pagamento dos emolumentos deve ser feito antes da realização do 
serviço15. 
m) Todos os demais títulos, aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir 
força executiva (art. 784, XII) 
Depreende-se da redação do referido dispositivo legal que o rol dos títulos executivos 
extrajudiciais trazidos pelo NCPC não é taxativo, ou seja, fechado, pois permite expressamente 
que leis federais extravagantes criem títulos executivos extrajudiciais, mas impossibilita que as 
partes realizem o chamado “pacto executivo”. A Lei Federal pode criar quantos títulos desejar, 
as partes, não. São inúmeros os títulos formados por leis extravagantes, tais como: 
a) crédito da OAB contra os inscritos 
b) contrato de honorários advocatícios, formalizado entre o contratante e o advo-
gado, em cujo documento particular fixam o valor dos honorários pela prestação 
de serviços e sua constituição obedece as formalidades contidas na Lei 8.906/94; 
c) a cédula rural pignoratícia; 
 
15 LIVRAMENTO, op. cit. p. 54. 
Novo CPC: Prática de Secretaria de Vara, Cumprimento de Sentença e Execução de Título Extrajudicial 13 
 
 
Facilitadora: Jacilene Vieira de Alencar 
 
d) a cédula hipotecária; 
e) a cédula rural pignoratícia e hipotecária; 
f) nota de crédito rural; 
g) nota promissória rural; 
h) duplicata rural; 
i) cédula de crédito industrial; 
j) nota de crédito industrial; 
k) crédito da previdência social, entre outros.

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