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CCJ0058-WL-A-RA-05-A eficácia dos direitos sociais e a reserva do possível

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Turma A – Manhã - 2012.1�� HYPERLINK "http://portal.estacio.br/" \o "Estácio" �� INCLUDEPICTURE "http://portal.estacio.br/img/logo.png" \* MERGEFORMATINET ������Direitos Humanos
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CCJ0058��Aula:
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A eficácia dos direitos sociais e a reserva do possível�Folha:
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	APRESENTAÇÂO DA DISCIPLINA:
DIREITOS HUMANOS
É do conhecimento de todos que a redemocratização no Brasil deslocou os direitos fundamentais para a centralidade do ordenamento jurídico em detrimento das chamadas razões de Estado. Nesse sentido, a Constituição passa a ser percebida como norma jurídica e, na sua esteira, desponta a tão propalada força normativa da Constituição.
Destarte, estudar a eficácia dos direitos fundamentais nos dias atuais será a linha dominante do nosso aprendizado. Em conseqüência, faz parte da disciplina o entendimento da efetividade dos direitos fundamentais em suas diferentes dimensões, vale dizer, a primeira relativa aos direitos civis e políticos, a segunda relativa aos direitos sociais e econômicos e finalmente a terceira atinente aos direitos coletivos e difusos. A abordagem da disciplina inclui ainda as restrições impostas aos direitos fundamentais em decorrência da implementação dos sistemas constitucionais de emergência (estado de sítio e estado de defesa).
	BIBLIOGRAFIA
Bibliografia básica
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.
BARROSO, Luís Roberto. A reconstrução democrática do direito público no Brasil. Rio de Janeiro: Renovar, 2007.
SILVA NETO, Manoel Jorge e. Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Lumen&Juris, 2008.
Bibliografia Complementar
ALEXY, Robert. Teoria da argumentação jurídica. Trad. de Zilda Hutchinson Schild Silva. São Paulo: Landy Livraria Editora e Distribuidora, 2001.
BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição. São Paulo: Saraiva, 2003.
ÁVILA, Humberto. Teoria dos princípios: da definição à aplicação dos princípios jurídicos. Rio de janeiro: Malheiros, 2004.
ZIMMERMANN, Augusto. Curso de direito constitucional. Rio de Janeiro: Lumen&Juris, 2006.
	AVALIAÇÃO:
A Avaliação é contínua, com ênfase nos aspectos colaborativos, incluindo tarefas grupais, e contempla o diagnóstico, o processo e os resultados alcançados por intermédio de avaliações diagnóstica, formativas e somativas, considerando os aspectos de autoavaliação.
A avaliação somativa da aprendizagem é realizada presencialmente pelo aluno no Polo de EAD da Estácio e segue a normativa da universidade, se constituindo em AV1, AV2 e AV3, sendo realizada de acordo com o calendário acadêmico divulgado para o aluno.
Durante o Curso, os alunos realizaram atividades propostas compostas de questões objetivas e discursivas referentes ao domínio cognitivo nos níveis de conhecimento, compreensão, aplicação, síntese e avaliação do conteúdo do Curso. Os exercícios discursivos são corrigidos e comentados pelo professor. Os exercícios objetivos possuem resposta automática, o que permite que o aluno saiba imediatamente a sua performance.
	OBJETIVO DA AULA
Aula 5: A eficácia dos direitos sociais e a reserva do possível:
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
Analisar as dificuldades existentes na proteção judicial dos direitos humanos prestacionais (reserva do possível e ilegitimidade do Poder Judiciário para definir alocação de recursos públicos).
==XXX==
Livros Recomendados:
VER: Bibliografia.
Resumo Aula (Waldeck Lemos)
Fonte: Web-Aula Estácio.
	
	5ª AULA – A eficácia dos direitos sociais e a reserva do possível:
	
	TELA_01: 5ª AULA – A eficácia dos direitos sociais e a reserva do possível:
	TELA-02: Objetivo desta Aula:
Vídeo-01: Fonte:
Ao final desta aula, você será capaz de:
Analisar as dificuldades existentes na proteção judicial dos direitos humanos prestacionais (reserva do possível e ilegitimidade do Poder Judiciário para definir alocação de recursos públicos).
Clique aqui para ver o estudo dirigido desta aula.
ESTUDO DIRIGIDO DA AULA
Leia o texto condutor da aula.
Acesse os links indicados.
Leia os dois textos de complementação de conteúdo.
Leia a síntese da aula.
Realize os exercícios de autocorreção.
Ora se é verdade que a democracia liberal, vazada no pensamento individualista burguês e sob influência do racionalismo iluminista, lançou cimentos indestrutíveis à limitação do arbítrio estatal e à garantia dos direitos civis e políticos, por outro, não menos verdade é o impulso que o welfarismo deu na evolução dos direitos fundamentais ao fixar um novo catálogo de direitos positivos, voltado precipuamente para o bem-estar social de toda a sociedade. No vídeo acima, você vê situações do cotidiano relacionadas aos direitos sociais, em especial à pobreza, à falta de moradia e ao abandono.
	TELA_03: 5ª AULA – A eficácia dos direitos sociais e a reserva do possível:
Retomando nosso percurso
 A eficácia dos direitos sociais fica muito comprometida tendo em vista sua natureza de posições jusfundamentais de caráter positivo que demandam uma ação prestacional por parte do Estado. De fato, existem muitos outros fatores que comprometem a efetividade dos direitos sociais, como por exemplo:
Uma crescente inflação de direitos fundamentais (direito ao sono, direito ao turismo, direito a não se submeter a trabalho aborrecido, etc.);
A baixa densidade normativa dos direitos sociais que dependem da ação interpretativa do operador do direito;
O caráter programático dos direitos sociais que se submetem à regulamentação superveniente do legislador ordinário.
Tais fatores vêm induvidosamente reduzindo a eficácia jurídica dos direitos sociais. Daí muitos autores não considerarem os direitos sociais como verdadeiros direitos fundamentais. À margem das controvérsias existentes quanto à conveniência de se consagrarem os direitos sociais e econômicos como legítimos direitos fundamentais, é necessário admitir que nosso constituinte optou por lhes reconhecer status privilegiado em nossa ordem constitucional.
	TELA_04: 5ª AULA – A eficácia dos direitos sociais e a reserva do possível:
Direitos de segunda geração e a CRFB
�� Os direitos da segunda geração correspondem ao ideal de Igualdade preconizado na Revolução Francesa.
Assim, os direitos de segunda geração aparecem destacados em um capítulo próprio dentro do Título II da Constituição de 1988, destinado justamente aos direitos e garantias fundamentais. Formalmente, portanto, qualquer tentativa de desclassificar a jusfundamentalidade dos direitos sociais no ordenamento jurídico brasileiro carece de fundamento.
ATENÇÃO!
 Com efeito, mantendo-se o argumento apenas no plano topográfico-literal, cumpre observar que nosso constituinte, na divisão do Título II da Constituição, reconhece a existência de quatro “espécies” de direitos fundamentais: os direitos e deveres individuais e coletivos (Capítulo I), os direitos sociais (Capítulo II), os direitos de nacionalidade (Capítulo III) e os direitos políticos (Capítulos IV e V).
	TELA_05: 5ª AULA – A eficácia dos direitos sociais e a reserva do possível:
Brasil e Portugal
Questão diversa da colocada é saber se todos osdireitos fundamentais merecem o mesmo tratamento jurídico. Vejamos uma comparação entre o ordenamento jurídico de Portugal e do Brasil (clique nas palavras em laranja para acessar o texto constitucional, e clique em avançar para ver o restante da animação):
Link:
http://www.parlamento.pt/Legislacao/Paginas/ConstituicaoRepublicaPortuguesa.aspx
Clique para avançar =>
Brasil
Já no Brasil a questão é bem mais complicada. Nossa Constituição, ao estabelecer o regime dos direitos fundamentais, o fez por meio de dois parágrafos colocados ao final do artigo 5°, que abrange todo o Capítulo I (Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos) do Título II (Dos Direitos e Deveres Fundamentais). Nesses dois parágrafos encontra-se prevista a aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais (§1°) e a abertura material do elenco de direitos fundamentais, tanto para outros direitos decorrentes dos princípios adotados pela própria Constituição, quanto para aqueles previstos em tratados internacionais em que o Brasil seja parte (§2°).
Clique para avançar =>
Portugal
Não é o que acontece, por exemplo, em Portugal, onde a Constituição expressamente estabelece um regime jurídico para os direitos, liberdades e garantias (previstos no Título II da Parte I – artigos 24° ao 57°), e outro para os direitos e deveres econômicos, sociais e culturais (Título II da Parte I – artigos 58° ao 79°).
	TELA_06: 5ª AULA – A eficácia dos direitos sociais e a reserva do possível:
Retomando a problemática na CRFB
Uma vez que a aplicabilidade imediata – que torna desnecessária a edição de norma integrativa para sua incidência nas relações concretas – foi reconhecida por um parágrafo inserido no artigo 5°, que trata dos direitos e deveres individuais e coletivos, uma leitura precipitada poderia levar à conclusão de que esta característica não se aplicaria às outras categorias de direitos fundamentais (direitos sociais, de nacionalidade e políticos).
Clique para avançar =>
A Noção de Aplicabilidade
Mas, ao estabelecer que “as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata”, sem especificar as espécies de direitos fundamentais que possuiriam este regime, ou excluir qualquer delas, o constituinte deixou claro que a aplicabilidade imediata é atributo de todos eles.
Aplicabilidade X Tratamento
No entanto, reconhecer aplicabilidade imediata a todos os direitos fundamentais reconhecidos pelo ordenamento jurídico pátrio não pode significar que mereçam todos o mesmo tratamento, justamente por causa das diferenças e dificuldades que cada um deles apresenta.
Comentários do Professor
Especificamente quanto aos direitos sociais, é comum afirmar-se que, por implicarem custos que devem ser arcados pelo Estado para a sua satisfação, dentro de um panorama de escassez de recursos, o poder judiciário não poderia interferir no âmbito das escolhas relacionadas à alocação dos recursos públicos. Desta maneira, tais direitos não seriam aptos a gerar verdadeiros direitos subjetivos à prestação material relacionada àquele direito. É por isso que vamos conhecer em seguida os conceitos de reserva do possível (fática e jurídica) que permeiam a eficácia dos direitos sociais.
	TELA_07: 5ª AULA – A eficácia dos direitos sociais e a reserva do possível:
Conceito de reserva do possível fática
Em virtude de sua própria natureza de prestações estatais positivas, a eficácia dos direitos sociais fica à mercê da chamada reserva do possível fática, vale explicar, a dependência real dos recursos disponíveis no orçamento público.
Esfera programática
Assim sendo, a juridicidade para além do núcleo essencial dos direitos sociais é remetida para a esfera programática, cuja concretização efetiva fica ao talante do legislador ordinário, responsável pela formulação de políticas públicas em função da disponibilidade de recursos financeiros do Estado.
Restrições do entendimento
Em consequência, a reserva do possível fática limita a concretização dos direitos sociais em sua plenitude, atuando mesmo como verdadeira barreira financeira à sua eficácia social. De observar-se, pois, que a questão da reserva do possível fática desafia a dogmática constitucional contemporânea que se vê impelida a construir fórmulas hermenêuticas avançadas, como, por exemplo, o conceito de núcleo essencial dos direitos constitucionais. Nesse passo, a nova hermenêutica advoga a tese de que o poder judiciário não depende de interposição legislativa superveniente para concretizar direitos subjetivos sociais atrelados a um núcleo essencial garantidor das condições mínimas de vida digna dos hipossuficientes.
Eficácia X Recurso
Na verdade, a dificuldade representada pela “reserva do possível” não pode inibir a percepção de que os direitos sociais são sim direitos subjetivos. Atento às disparidades econômicas existentes no seio da sociedade brasileira, o direito constitucional não pode condicionar a realização dos direitos sociais à existência de recursos financeiros do Estado brasileiro. Ou seja, submeter a eficácia dos direitos sociais à reserva do possível fática significa reduzir a eficácia destes direitos à zero, desqualificando-se em sua jusfundamentalidade material assegurada pela nossa Carta Ápice.
Explica mas não justifica...
No âmbito do neoconstitucionalismo, não pode prevalecer a tese da insuficiência financeira do Estado como justificativa de impedir a criação jurisprudencial do direito. Não se pode olvidar que a norma constitucional tem por escopo moldar a realidade, e não apenas regulamentá-la. Não faria nenhum sentido hermenêutico negar ao poder judiciário a possibilidade de concretizar os direitos sociais em nome da tão propalada dificuldade contramajoritária.
Dificuldade contramajoritária
Vale explicar a dificuldade que se impões ao poder judiciário em virtude de seu défict democrático, na medida em que juízes não são legitimados pelo voto popular, logo não podem impor sua vontade política sobre a dos verdadeiros representantes do povo. Na formulação de políticas públicas, a criação do direito pelos juízes fica também limitada pela dificuldade contramajoritária, ou seja, juízes não são eleitos pelo povo e portanto não podem querer impor sua vontade política sobre o legislador e o administrador democráticos. Esse conceito é simples, porém muito importante no direito constitucional contemporâneo.
	TELA_08: 5ª AULA – A eficácia dos direitos sociais e a reserva do possível:
Legislativo X Judiciário
Em conseqüência, não pode prosperar a tese da reserva do possível fática como obstáculo intransponível à efetividade dos direitos sociais, notadamente nesses tempos de interpretação moral da Constituição e da dogmática pós-positivista que reaproxima o direito da ética. De outra banda, há que se reconhecer que a superação da tese da reserva do possível fática (e, na sua esteira, da impossibilidade financeira do Estado) deve se limitar à garantia do conteúdo mínimo das normas constitucionais, sem o que correríamos o risco de transformar a Constituição brasileira em mera folha de papel, tal qual preconizado por Lassale.
Antes de continuar esta aula, leia o texto Outras considerações sobre o conceito de reserva do possível fática, também disponível na Biblioteca da Disciplina.
Outras considerações sobre o conceito de reserva do possível fática
Para além desse espectro mínimo ou essencial, o debate democrático sobre a escassez relativa de recursos financeiros e suas respectivas políticas públicas deve ser conduzido pelo legislador e administrador democráticos. Ou seja, não cabe ao poder judiciário penetrar na esfera de discricionariedade de escolhas políticas feitas pelos representantes do povo.
Em suma, ainda que sob um cenário de escassez de recursos financeiros regido pela reserva do possível fática, o magistrado pode garantir um direito subjetivo relativo ao conteúdo mínimo de um direito social. Conforme amplamente visto antes, a temática é complexa e perpassa pelaanálise da legitimidade ou não do poder judiciário para superar a sua assim chamada dificuldade contramajoritária de modo a substituir a vontade do legislador democrático em nome da proteção do núcleo constitucional intangível. Não se pode olvidar que a tarefa de formular políticas públicas é da competência dos poderes legislativo e executivo, logo a efetividade dos direitos sociais deve estar atrelada a tais poderes.
No entanto, por outro lado, há que se reconhecer que não seria correto deixar, no atual contexto político brasileiro, os direitos fundamentais, notadamente os de segunda dimensão sob a absoluta subordinação à reserva do possível fática. A hermenêutica pós-positivista tem a missão de garantir a eficácia social dos direitos fundamentais, especialmente quando em jogo o conteúdo mínimo destes mesmos direitos.
Em conclusão, o conceito de núcleo essencial dos direitos fundamentais deve projetar a imagem pós-positivista de um direito superador da lei que garante sindicabilidade instantânea, sem dependência da reserva do possível fática e nem de interposição legislativa superveniente. Esta é a razão pela qual acreditamos que a tão propalada crise do welfare state a partir do conceito da reserva do possível fática deve ser interpretada com parcimônia, na medida em que se tem plena consciência dos avanços da dogmática contemporânea, cuja latitude científica é capaz de assegurar a fruição dos direitos estatais prestacionais em sua essencialidade mínima.
	TELA_09: 5ª AULA – A eficácia dos direitos sociais e a reserva do possível:
Conceito de reserva do possível jurídica
Para além da questão da reserva do possível fática, existe ainda, no âmbito do direito constitucional brasileiro, a reserva do possível jurídica, ou seja, mais uma limitação à plena efetividade dos direitos sociais, e desta feita com base em prescrição constitucional que atribui ao poder legislativo a competência para aprovar as leis orçamentárias (plano plurianual, lei de diretrizes orçamentária e lei do orçamento anual), cuja iniciativa é privativa do Presidente da República.
ATENÇÃO!
Isso significa dizer que o poder judiciário não tem legitimidade constitucional para participar da elaboração orçamentária, salvo naquilo que tange à sua autonomia financeira.
Em outros termos, a fixação de políticas públicas (escolha de prioridades dentro do orçamento público) se encontra no campo discricionário dos poderes legislativo e executivo, responsáveis pela elaboração das leis orçamentárias que regulam os gastos públicos. Não cabe ao poder judiciário superar a reserva do possível jurídica, criando direitos a prestações positivas sem que haja expressa previsão legislativa e/ou administrativa para tanto.
	TELA_10: 5ª AULA – A eficácia dos direitos sociais e a reserva do possível:
Explorando o conceito
Em última instância, a reserva do possível jurídica pretende atuar como óbice ao positivismo jurisdicional, expressão cunhada por Pedro de Vega García (segundo Gilberto Bercovici) e que significa a criação jurisdicional do direito, isto é, o ativismo judicial no qual o juiz age como legislador positivo ao fixar sua decisão judicial, independentemente da existência ou não da letra da lei. In verbis:
“Os tribunais constitucionais, de defensores da Constituição, tornaram-se os donos da Constituição: para eles só é constituição aquilo que o tribunal constitucional diz que é. Acaba havendo um processo de formalização excessiva, em que se discutem os acórdãos do tribunal, não se discute a democracia, não se discute a questão política e este é o problema fundamental. Afinal (...) o Direito Constitucional é o direito do político, é a ligação do político com o jurídico (...) não podemos achar que as soluções serão alcançadas pelo Judiciário, limitando o Direito Constitucional às decisões judiciais”.
	TELA_11: 5ª AULA – A eficácia dos direitos sociais e a reserva do possível:
Concluindo esta aula...
Por isto, vale insistir na intelecção de que não é lícito ao poder judiciário criar jurisdicionalmente norma outorgando determinado direito social sem que haja sua previsão em lei orçamentária prévia. Há que se considerar nesse sentido, que a Constituição atribuiu ao legislador e/ou administrador democráticos a tarefa de decidir sobre a destinação de recursos públicos que deságua diretamente na questão orçamentária.
Antes de encerrar esta aula, leia o texto O magistrado e a reserva do possível jurídica, também disponível na Biblioteca da Disciplina.
O magistrado e a reserva do possível jurídica
O magistrado não pode imiscuir-se no jogo democrático do processo político propriamente dito, desconsiderando a reserva do possível jurídica e substituindo a vontade majoritária pela sua própria. Eis aqui o cerne da reserva do possível jurídica: impedir que magistrados – mediante sua atividade jurisdicional normal - tenham o poder de fixar políticas públicas, agindo como legisladores positivos, pois não têm autorização constitucional para participar do processo legislativo atinente ao orçamento público.
No entanto, o leitor deve compreender, com agudeza de espírito, que na proteção do núcleo essencial dos direitos sociais, isto é, naquele seu conteúdo mínimo garantidor da igualdade de oportunidades, aos juízes não faltará legitimidade constitucional - com base no artigo 5 § 1º de nossa Carta Ápice - para gerar prestações estatais positivas, na medida em que tal núcleo não pode ficar na dependência de condições macroeconômicas ou de atividade parlamentar legiferante superveniente. Há que se garantir o núcleo essencial a despeito de qualquer que seja a qualificação da reserva do possível. É a aplicação do princípio da mínima efetividade fazendo valer a proteção do conteúdo jurídico mínimo ou essencial do direito, sem o qual estaria completamente esvaziado.
Entendemos que há um rol de direitos sociais que integra o núcleo essencial da dignidade da pessoa humana e por isso mesmo são direitos subjetivos diretamente sindicáveis perante o poder judiciário com validade erga omnes.
Concordamos com Ingo Sarlet quando explicita que a liberdade de conformação do legislador encontra seu limite no momento em que o padrão mínimo para assegurar as condições materiais indispensáveis a uma existência digna não for respeitada, isto é, quando o legislador se mantiver aquém desta fronteira. (Cf ob.cit.p.311). A nosso juízo, esta é a pedra angular do direito internacional contemporâneo, isto é, conceber um núcleo constitucional mínimo, englobando aqueles direitos fundamentais imprescindíveis para a garantia de uma vida digna para todos os cidadãos brasileiros. Como bem salienta Norberto Bobbio citado por Patrícia Glioche os direitos do homem são aqueles que pertencem, ou deveriam pertencer, a todos os homens, ou dos quais nenhum homem pode ser despejado. (Cf. Direito penal internacional, p. 149). Esta nobre tarefa somente será plenamente atingida quando doutrina, jurisprudência e legisladores forem capazes de delinear os contornos daquilo que seria o mínimo existencial, as condições mínimas garantidoras da igualdade de oportunidades e não a mera igualdade formal perante a lei. Esta é a tônica da nossa próxima aula, qual seja os desafios da construção hermenêutica do mínimo existencial.
Na próxima aula vamos estudar o conceito de mínimo existencial. Não deixe de realizar os exercícios de autocorreção e de participar do fórum desta aula. Até lá!
	
	REGISTRO DE FREQUÊNCIA
	
	Registro de freqüência
Olá, agora você irá responder às questões e exercícios referentes ao registro de frequência desta aula. Como você já sabe a sua presença é computada a partir da finalização das atividades e exercícios que compõem este registro, e o procedimento é o mesmo a cada aula.
Lembre-se de que tais atividades e exercícios não valem ponto na avaliação da disciplina, mas são importantes para marcar sua presença na sala de aula virtual.
IMPORTANTE: Para concluir esse registro, clique em Registrar frequência no finaldas questões. Somente aparecerá esta opção caso você tenha respondido a todas as questões.
1. O emprego de argumento fundado na reserva do possível fática mira:
a) Enfraquecer a efetividade dos direitos sociais;
b) Fortalecer a efetividade dos direitos individuais;
c) Enfraquecer a efetividade dos direitos estatais;
d) Fortalecer a efetividade dos direitos fundamentais;
Responder| Resposta correta
2. Na concretização dos direitos sociais, a criação do direito pelo juiz a partir da solução do caso concreto encontra um grande óbice representado pela escassez de recursos orçamentários do Estado e que a melhor doutrina denomina de:
a) Reserva do possível fática;
b) Reserva do possível jurídica;
c) Dificuldade contramajoritária;
d) Dificuldade legislativa;
Responder| Resposta correta
3. Apresenta-se como obstáculo na plena concretização dos direitos fundamentais a questão da falta de legitimidade democrática do poder judiciário para fixar políticas públicas no lugar do legislador e/ou administrador eleitos pelo povo. Trata-se no caso da chamada:
a) Reserva do possível fática;
b) Reserva do possível jurídica;
c) Dificuldade contramajoritária;
d) Dificuldade legislativa;
Responder| Resposta correta
4. São fatores que comprometem a efetividade dos direitos sociais, EXCETO:
a) a crescente inflação de direitos fundamentais;
b) o caráter negativo dos direitos sociais que demandam apenas posturas de não intervenção do Estado;
c) a baixa densidade normativa dos direitos sociais que dependem da ação interpretativa do operador do direito;
d) o caráter programático dos direitos sociais que se submetem à regulamentação superveniente do legislador ordinário;
Responder| Resposta correta
	
	SLIDES
	
	Aula 5 - A eficácia dos direitos sociais e a reserva do possível:
Professor Doutor Guilherme Sandoval Góes
AULA 5 – A eficácia dos direitos sociais e a reserva do possível
Objetivos da Aula
Analisar as dificuldades existentes na proteção judicial dos direitos humanos prestacionais (reserva do possível e ilegitimidade do Poder Judiciário para definir alocação de recursos públicos).
DENTRE OUTROS DIREITOS SOCIAS NA CRFB/88:
Artigo 6º
São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
Artigo 7º, inciso IV
Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS DIREITOS SOCIAIS
 São direitos de Segunda Dimensão ou Geração.
 São capazes de gerar um direito subjetivo diretamente sindicável perante o poder judiciário.
 São considerados verdadeiros direitos fundamentais, isto é, têm jusfundamentalidade material.
 Tem aplicabilidade imediata no que tange ao seu conteúdo jurídico mínimo (núcleo essencial).
 Devem ser interpretados sob a ótica do modelo pós-positivista que reaproxima o direito da ética.
 São direitos estatais prestacionais que ficam submetidos ao conceito de reserva do possível.
Desafios
 *RESERVA DO POSSÍVEL FÁTICA: Falta de recursos financeiros do Estado para atender a todas as demandas sociais.
 *RESERVA DO POSSÍVEL JURÍDICA: O poder judiciário não está autorizado constitucionalmente para participar da feitura das leis orçamentárias.
Uma crescente inflação de direitos fundamentais (direito ao sono, direito ao turismo, direito a não se submeter a trabalho aborrecido, etc.).
A baixa densidade normativa dos direitos sociais que dependem da ação interpretativa do operador do direito.
O caráter programático dos direitos sociais que se submetem à regulamentação superveniente do legislador ordinário.
Obstáculos à eficácia dos direitos sociais
OUTRO ÓBICE PARA A CONCRETIZAÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS: A DIFICULDADE CONTRAMAJORITÁRIA
O Conceito de Dificuldade Contramajoritária do Poder Judiciário apresenta-se como obstáculo na plena concretização dos direitos fundamentais porque significa a falta de legitimidade democrática do poder judiciário para fixar políticas públicas no lugar do legislador democrático eleito pelo povo.
Ou seja, o Poder Judiciário não se submete ao sufrágio popular logo tem um déficit democrático para legislar positivamente no lugar do legislador democrático.
Existe um conjunto de direitos sociais que integram o núcleo essencial da dignidade da pessoa humana
Direito à Educação Básica = Direito à Saúde = Outros Direitos Sociais
��
NÚCLEO ESSENCIAL
PRINCÍPIO
DA DIGNIDADE
HUMANA
A VIRADA KANTIANA
No campo jurídico-constitucional, o Estado Social (Welfare State) refaz a modelagem garantista do Estado Liberal, pois agrega direitos de índole social ao texto da Constituição. Nesse sentido, realinha o eixo constitucional, deslocando-o para uma concepção de estatalidade positiva que rejeita a postura absenteísta. Volta-se, por conseguinte, para combater o déficit econômico-social dos hipossuficientes, vale explicitar, as classes menos favorecidas do tecido social, que no Brasil somente foram assinaladas a partir da Constituição de 1934.
Ora se é verdade que a democracia liberal, vazada no pensamento individualista burguês e sob influência do racionalismo iluminista, lançou cimentos indestrutíveis à limitação do arbítrio estatal e à garantia dos direitos civis e políticos, por outro, não menos verdade é o impulso que o welfarismo deu na evolução dos direitos fundamentais ao fixar um novo catálogo de direitos positivos, voltado precipuamente para o bem-estar social de toda a sociedade.
==XXX==
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0058/Aula-005/WLAJ/DP
MD/Direito/Estácio/Período-04/CCJ0058/Aula-005/WLAJ/DP
JURÍDICA
RESERVA 
DO
POSSÍVEL
FÁTICA
Falta de recursos financeiros do estado
Poder judiciário não participa do orçamento público
Os direitos sociais são dependentes de recursos financeiros
Representa um óbice pois enfraquece a efetividade dos direitos sociais
Também representa um óbice para a efetividade dos direitos sociais
Aula 5 – A eficácia dos direitos sociais e a reserva do possível
DIREITOS HUMANOS
Aula 5 – A eficácia dos direitos sociais e a reserva do possível
DIREITOS HUMANOS

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