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Resumo_Direito Obrigacional

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Direito Privado – OBRIGAÇÕES – Resumo: Bianca Renófio – 24/09/16
Conceito: relação jurídica de natureza pessoal, por meio da qual uma pessoa (devedor) fica obrigada a cumprir uma prestação economicamente apreciável – dar, fazer ou não fazer- em proveito de outrem (credor). Vínculo que lei estabelece entre sujeito ativo e passivo. 
Importância Atual Direito Obrigacional: é responsável por equilibrar as relações entre credor e devedor, pois é neste que a atividade econômica do homem encontra sua ordenação, pois determina conceitos jurídicos de varias espécies: contratos, transmissão de obrigações e outros. Maneira para regular e pessoas ficarem tranquilas. 
Dívida x Responsabilidade 
Dívida (schuld): dever do sujeito passivo de prestar aquilo que se comprometeu. 
Responsabilidade (haftung): ocorrendo inadimplência procede a execução do patrimônio do devedor. Assim, se devedor se obriga, seu patrimônio responde. So ocorre quando há o descumprimento da obrigação. 
*Existe obrigação sem responsabilidade: Sim. Dívida Prescrita e Dívida de Jogo. Devedor não pode ser condenado a cumprir a obrigação. 
*Existe responsabilidade sem obrigação: Sim. Caso do fiador que não renunciou ao beneficio de ordem. (Evitar que fiador sofra execução).
Elementos Constitutivos do Direito das Obrigações:
- Vínculo Jurídico (imaterial): sujeita o devedor a determinada prestação em favor do credor, elemento que garante o cumprimento da obrigação. É disciplinado por lei e acompanhado pela sanção. 
-Prestação (material): objeto da obrigação, ato de dar, fazer ou não fazer. Ato que devedor deve cumprir. Deve ser licita, possível juridicamente e fisicamente, determinada ou determinável e patrimonial (convertida em valor econômico). 
-Sujeitos (pessoal): as partes, sujeito ativo (credor) e sujeito passivo (devedor). Podendo ser pessoa física ou jurídica, determinada ou determinável (alguns casos como emissão cheque ao portador). 
Fonte das Obrigações – fatos jurídicos (acontecimentos) que condicionam aparecimento das obrigações, reguladores de relações particulares entre duas ou mais pessoas. 
Fontes Imediatas – primária: LEI, pois rege condições determinantes do aparecimento das obrigações. 
Fontes Mediatas – fatos humanos suscetíveis de criar relações creditórias, fatos que a lei considera de criar relação jurídica obrigacional. Latu sensu: dependem da vontade humana. 
* Segundo Doutrina:
- Imediatas: LEI
- Mediatas: 
 Ato Jurídico em sentido Estrito: voluntário, realização da vontade do a gente, gerando consequência jurídica prevista pela lei. 
 Negócio Jurídico: voluntário, normas de interesse das partes, harmonizando vontades. E subordinam autonomia da vontade. 
 Ato Ilícito: involuntário, alheias a vontade do a gente, ato ilícito que produz efeitos previstos em norma jurídica, como aplicação da sanção prevista em lei. Ex: indenização por perdas e danos. 
*Segundo Código: 
 Contrato: negócios bilaterais, principal e maior fonte, a partir deles, partes assumem obrigações, 
 Declaração Unilateral da Vontade: arts. 854 e 886. Ato gerador de obrigação e não um contrato. (Ex: perdi um cachorro e pago quem encontrar). 
 Ato Ilícito: ao praticar ato ilícito e causando dano a vitima, surge a obrigação de reparar o dano causado. (art. 186 e 927.CC). 
Classificação das Obrigações (Maria H.Diniz) – espécies e modalidades. 
 *Consideradas em si mesmas:
 1. Em relação ao vínculo: Obrigação Civil, Obrigação Moral e Natural. 
2. Em relação ao seu objeto:
a-) em relação a sua natureza: Obrigação de Dar ,Obrigação de fazer, Obrigação de não fazer 
b-) em relação a sua liquidez: Obrigação Liquida e ilíquida. 
3. Em relação ao modo de execução: Obrigação simples e comutativa, Obrigação alternativa e Obrigação Facultativa. 
4. Em relação ao tempo de adimplento: Obrigação Monetária ou instantânea, Obrigação de Execução continuada ou periódica.
5. Em relação aos elementos acidentais: Obrigação Pura, Obrigação Condicional, Obrigação Modal e Obrigação a termo. 
6. Em relação a pluralidades de sujeitos: Obrigação Única, Obrigação Múltipla (Divisível ou Indivisível e Solidaria). 
7. Em relação ao conteúdo: Obrigação de meio e Obrigação de Resultado.
*Obrigações Reciprocamente Consideradas: Obrigação Principal e Obrigação Acessória. 
1. Em relação ao vinculo jurídico: 
- Obrigação Civil: vinculo júris, sujeita devedor a realização de prestação do credor, liame entre sujeitos, abrangendo o dever da pesssoa obrigada a sua responsabilidade em caso de inadimplento, credor pode pedir intervenção estatal para obter prestação. Presença de 3 elementos: sujeito, prestação e vinculo. 
- Obrigação Moral: mero dever de consciência, cumprida por questões de princípios. Possui 3 elementos, mas o vinculo jurídico não gera responsabilidade de pagamento ao credor. EX: idoso promete casa ao cuidador sem registrar em cartório, filhos não são obrigados a cumprir, agem de acordo com moral e consciência.
- Obrigação Natural: aquela em que o credor não pode exigir do devedor uma certa prestação, poderá receber a obrigação a titulo de pagamento, mas não pode exigir pagamento. Vinculo jurídico sem responsabilidade, é obrigado a pagar, mas não pode executar, não possui direito de ação. Ex: dívida de jogo, aposta e dívida prescrita, artigos 814, 882 e 564. 
2. Em relação ao seu objeto: 
a-) Relativos a sua natureza: 
- Obrigação de dar (positiva): obrigação do devedor de promover a tradição da coisa móvel ou imóvel, obrigação de dar alguma coisa certa ou determinada – obrigação específica (art. 233 a 242) ou incerta, objeto indeterminado – obrigação genérica ( art.243 a 246). 
Obrigação de dar: quando prestação do obrigado é essencial a constituição ou transferência do direito real sobre coisa móvel ou imóvel, transferência do domínio ou de outros direitos reais (ainda que não tenha direito a propriedade). 
Obrigação de Restituir: devolver, consiste na entrega que está em posse temporariamente ,devolução da coisa para o dono (contrato de locação).
Obrigação de Contribuir: se obriga a dar uma contribuição (taxa condomínio), arts: 1315, 1334, 1336, 1568 e 1668. 
Obrigação de solver divida em dinheiro: prestações especiais, consistentes em dinheiro, pagamento do preço na compra e venda, dinheiro é meio e o objeto das prestações é o valor quantitativo. 
Obrigação de dar coisa certa: objeto é constituído por corpo certo e determinado, estabelecendo relação entre partes. EX: o iate Cristina. O objeto possui características próprias e individualizadas. Art.233 a 242. Assim, quando tiver corpo especificado o credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa ( art.313), se for coisa diversa não se realiza a obrigação. Se entrega outra coisa para pagar debito (art.356), para liberar a obrigação deve celebrar outro contrato. Obrigação de dar coisa certa confere ao credor simples direito pessoal (jus ad rem) e não real (jus in re), compra e venda é obrigacional e transferir domínio também. 
Transferência de domínio: tradição para bens móveis e o registro, tradição solene, para bens imóveis. 
A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios da coisa (art.233)
-Cômodos: vantagens produzidas pela coisa, ou seja, seus melhoramentos, que na obrigação de dar pertencem ao devedor, que poderá exigir um aumento do preço ou a resolução da obrigação. Se o credor não aceitar, a obrigação pode ser extinta (art.237). Até a tradição (entrega) os frutos pertencem ao devedor, apos a tradição frutos pertencem ao credor. 
Responsabilidade até entrega (tradição) da coisa certa: 
Aplica-se a parêmia res perit domino (suo)- coisa parece para o dono. 
-Perda Total (perecimento) sem culpa do devedor: art.234, a obrigação se extingue para ambas partes que voltarão ao status quo, situação que se encontravam, não sendo obrigado a pagar perdas e danos. Se a perda ocorrer na pendência da condição suspensiva: não se terá adquirido direito e devedor suportará risco
-Perda total (perecimento)com culpa do devedor: art.234, se houver culpa do devedor, responderá este pelo equivalente mais perdas e danos, o que credor perdeu e o que deixou de lucrar (art.402). 
-Deterioração (perda parcial) sem culpa do devedor: credor pode optar em resolver a obrigação, ou aceitar a coisa abatido de seu preço o valor que perdeu. Art. 235. 
-Deterioração (perda parcial) com culpa do devedor: resolução da obrigação com devolução do dinheiro +perdas e danos ou aceitação da coisa danificada + perdas e danos, art. 236. 
Obrigação de Restituir – subespécie da obrigação de dar coisa certa. 
Hipótese de coisa alheia em poder do devedor, a quem cumpre devolvê-la ao dono. Ex: comodatário, locatário. 
Restituir x Dar: Dar – transferir o domínio, que se encontra com devedor na compra e venda, ex: vendedor na compra e venda. Restituir – a coisa se acha com devedor para seu uso, mas pertence ao credor, titular do direito real. 
Questão do risco na Restituição: prejuízo vai para dono real
Perecimento da coisa a restituir sem culpa do devedor: art 238, se a coisa certa se perder antes da tradição sem culpa do devedor, sofrerá o credor a perda e a obrigação se resolverá, sem pagamento de perdas e danos. 
Se devedor estiver em mora? A pessoa atrasou para entregar, impossibilidade de prestação, mesmo que esta decorra de caso fortuito ou força maior , se estes ocorreram durante o atraso, assim devedor arcará com prejuízo. Art. 399. 
Parte final artigo 238: se coisa emprestada gerou frutos naturais ou civis, sem despesa ou trabalho do comodatário, o comandante terá direitos a eles. 
Artigo 241: se no caso do artigo 238, sobreviver melhoramento ou acréscimo a coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização. 
Perecimento da coisa a restituir com culpa do devedor: art. 239, se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá pelo equivalente mais perdas e danos. 
Obrigação Pecuniária – espécie particular de obrigação de dar. 
Obrigação de solver dívida em dinheiro, obrigação de dar dinheiro e não coisa. Prestação em dinheiro. 
Artigo 315: as dividas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo em artigos subseqüentes. 
Valor nominal: valor de face da moeda, valor que o estado lhe atribuiu no ato de sua emissão. 
- Para superar a inflação, surgiu a escala móvel, meio pré-convencionado de determinar reajuste automático no valor do pagamento. É clausula de reajuste e não meio de pagamento. Isso decorrerá da lei e da previa estipulação contratual. 
Divida de dinheiro e de valor: divida de dinheiro, objeto da prestação é próprio dinheiro. Divida de valor: representa a coisa em dinheiro, dinheiro não é objeto. 
Dividas remuneratórias: pagamento de juros, representada pela prestação de juros. Pagar valor pelo uso do dinheiro de outra pessoa. Natureza acessória. 
Obrigação de dar Coisa Incerta – obrigação genérica. Arts: 243 a 246. 
O objeto indicado de forma genérica no inicio da relação, vem a ser determinado num ato de escolha, por ocasião de seu adimplento. Essa forma é mais vantajosa para devedor, já que a coisa é genérica, sendo mais fácil de cumprir. Porém a responsabilidade do devedor aumenta, pois mesmo em caso fortuito ou de força maior, deve-se cumprir a obrigação. Seu pagamento é precedido de ato preparatório. 
- A coisa incerta deve ser indicada ao menos pelo gênero (categoria de bens) e pela quantidade. (art.243). Por ex: 30kgs de café. 
- Lei estabelece critério, segundo qual o devedor não poderá dar a coisa pior, nem ser obrigado a prestar melhor, deverá então entregar a coisa de qualidade media,art244.
-Principio genus nunquam perit: até o ato de escolha, a coisa não se perde (perece), não se perde enquanto for coisa incerta, indeterminada. 
- É Preciso que coisa indeterminada de determine por meio de ato de escolha ou seleção de coisas do gênero, para que sejam depois enviadas ao credor – estado de indeterminação é transitório. Ato jurídico unilateral: individualização da coisa, concentração, até o instante do cumprimento da obrigação, isso ocorre com a separação (medição, contagem) e a expedição. 
- A quem cabe a escolha? – as partes estabelecem, se nada for estipulado, seguirá o art.244 e a concentração competirá ao devedor, que deverá selecionar o meio termo da melhor ou pior qualidade, ou seja, entregar a coisa de qualidade media (principio do meio termo). Em caso de desacordo da qualidade, poderá ser discutida em juízo. 
- A partir da concentração, a responsabilidade passa a ser de coisa certa (individualizada), se houver perdas ou deterioração, seguirá regras de coisa certa. 
- Antes da escolha, não estando sob regime de dar coisa certa, se houver perda ou deterioração, não poderá o devedor falar em culpa por força maior ou caso fortuito, art.246. 
Obrigação de fazer – vincula devedor a prestação de um serviço ou ato positivo, material ou imaterial, seu ou de terceiro, em beneficio do credor ou terceira pessoa. 
Essa obrigação tem por objeto qualquer comportamento humano, licito e possível do devedor ou de outra pessoa a custa dele. Seja a prestação de trabalho físico ou material, ou realização de serviço intelectual, artístico ou cientifico, ou seja ele a prática de certo ato ou negocio jurídico que não configura execução de qualquer trabalho (locar um imóvel). 
Exemplos: obrigação de cunho contratual: fazer empreitada, locar um imóvel; obrigação de prestar serviços: fazer construção; obrigação de atividade imaterial: compor opera e obrigação de realizar obras: construção de casa. 
Diferenças Obrigação de Dar X Obrigação de Fazer: obrigações positivas, e muitas vezes se mesclam: vendedor tem obrigação de entregar coisa vendida (dar) e de responder pela evicção e vícios (fazer). 
a-) Obrigação de Dar: entrega do bem, Obrigação de fazer: realização do ato ou confecção de algo. Se devedor tiver que confeccionar algo para depois entregar a obrigação será de fazer.
b-) Tradição (transferência de domínio) é imprescindível na obrigação de dar (arts. 1226 e 1267), enquanto não da na de fazer. 
c-) Obrigação de dar: pessoa do devedor fica em segundo plano (art.304,305), na de fazer se for personalíssima, pois ato tem de ser prestado por aquele sujeito. (Ex.Show)
d-) Erro sobre pessoa do devedor na obrigação de fazer personalíssima acarreta anulabilidade, na obrigação de dar raramente haverá anulação por este motivo
e-) Astreinte (multa que força devedor cumprir a obrigação) só serve de instrumento coercitivo para ações que visam a obrigação de fazer, não pode ser invocada na obrigação de dar. 
Espécies Obrigação de Fazer 
- Natureza Infungível: personalíssima, a pessoa que cumpre a prestação é essencial, não pode ser substituída por outra, intuitu personae, devedor é insubstituível. Se devedor contratado para realizar serviço de natureza infungível não o fizer ou não aparecer, responderá por perdas e danos. (art.247). 
- Natureza fungível: quando serviço pode ser realizada tanto pelo devedor quanto por um terceiro, o devedor é facilmente substituído, sem prejuízo para credor. Visam a coisa não importando quem seja devedor( art.249). Ex: pedreiro, eletricista. 
Conseqüências de Inadimplento:
-Sem culpa do devedor: resolve-se obrigação, retornando ao estado anterior. Devolução do dinheiro se já houve algum pagamento. (art.248). Prove fato que impossibilitou, art. 393. 
-Com culpa do devedor: responderá por perdas e danos, art.248. e a prestação se converterá no equivalente pecuniário e assim, torna-se obrigação de dar.
 Recusa do devedor: 
Natureza infungível: so ele pode cumprir, mas ele não pode ser coagido a cumprir, há indenização de perdas e danos. (art.247). 
Natureza fungível: credor por exigir que terceiro cumpra no lugar do devedor e as custas dele. Ou poderá requerer perdas e danos. 
Impossibilidade de cumprimento da obrigação de fazer 
Com culpa: perdas e danos
Sem culpa: resolve-se, retornando status quo. 
Obrigação de Não Fazer – devedor assumecompromisso de se abster de algum ato, que poderia praticar livremente se não tivesse obrigado para atender interesse jurídico do credor ou terceiro. Abstenção de um ato: é obrigação negativa, não confundir com obrigação negativa de caráter geral (direitos reais). EX: não vender a casa a não ser para o credor. 
Descumprimento da obrigação de não fazer: 
a-) Impossibilidade de abstenção do fato, sem culpa, que se obrigou a não praticá-lo: resolve-se a obrigação, volta status quo e se houve adiantamento: devedor restitui ao credor o pagamento. 
b-) Inexecução culposa do devedor: por negligência ou interesse, credor pode exigir que o desfaça (reposição ao estado anterior), sob pena de desfazer a sua custa e de o credor pedir ressarcimento das perdas e danos, exceto se o desfazimento o satisfazer. Art.251. 
c-) Se for impossível desfazer ato, devedor se sujeitará a reparar o prejuízo.
É necessário sempre a intervenção judicial, porém, se houver urgência o credor esta autorizado a desfazer ou mandar desfazer. 
b-) em relação sua liquidez:
Obrigação Líquida: obrigação certa, quanto a sua existência e quanto ao seu objeto. Qual é obrigação: valor, espécie, quantidade e qualidade. É expressa por algarismo. Pelo artigo 397, o inadimplento da obrigação positiva e liquida, no seu termo, constitui pleno direito do devedor em mora. 
Obrigação ilíquida: é aquela incerta, quanto sua quantidade e que se torna certa pela liquidação, que é o ato de fixar o valor da prestação momentaneamente indeterminada, para que se possa cumprir, logo sem liquidação dessa obrigação, o credor não poderá cobrar. Depende assim, da previa apuração, por ser incerto o montante de sua prestação, tendendo a converter-se em obrigação liquida. A conversão se realiza processualmente mediante liquidação (art783 cpc) que lhe fixara valor, mas pode advir de transação quando transigentes acomodam seus interesses como julgarem conveniente, a judicial da-se se não houver a legal ou convencional. Art. 947, 948 e 954.

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