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TEORIA DA ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA RESUMO PARA G1 PROF. ANIZIO PIRES GAVIÃO FILHO Roberta Pacheco Minossi – 15100019 O que é Teoria da Argumentação Jurídica? O que propõe? TAJ se ocupa do estudo do raciocínio jurídico e como devem ser as justificativas e fundamentos das normas jurídicas para resolver o caso. Busca uma justificação racional para a aplicação do direito. Refutando as teses intuicionista, emotivista, decisionista e determinista, a teoria da argumentação procura provar que é possível, sim, solucionar um caso concreto racionalmente, propondo uma discussão racional do direito, em que a interpretação e a aplicação do direito ocorrem de forma racional. A teoria da argumentação jurídica afirma que as questões de saber teórico podem ser resolvidas a partir de prova, e as de saber prático podem ser resolvidas através da argumentação, da ponderação e da fundamentação. Preocupa-se com quais passos deve ser seguidos para a interpretação e aplicação das normas jurídicas para resolver casos. A tese por trás da teoria é que direito = argumentação; é uma questão de apresentar razões. RACIONALIDADE TEÓRICA: Mundo do “ser”. Frase descritiva. “A matou B” – questão de prova. Contra fatos não há argumentos. Norma universal. RACIONALIDADE PRÁTICA: Mundo do “dever ser”. Frase normativa justificada racionalmente. Mundo do Direito. Qualquer decisão judicial é do âmbito do dever ser. Questões morais, éticas e pragmáticas. Norma individual, norma do caso. TEORIA INTUICIONISTA: RESPONDA V OU F, JUSTIFICANDO: ( ) Os juízos de dever não são passíveis de verdade e, portanto, não podem ser analisados sob o ponto de vista lógico. _________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Nega a racionalidade em questões praticas (racionalidade prática) Juízos morais não podem ser verificadas empiricamente ou justificadas racionalmente, por serem propriedades não naturais. Não admite que razões possam ser apresentadas para justificar um juízo moral (juízo de dever). A justificação dos juízos morais é captada e imposta intuitivamente. Não é uma atividade racional. PROBLEMA – a intuição pode variar de uma pessoa para a outra. TEORIA EMOTIVISTA: Os juízos morais expressam uma atividade emocional subjetiva. Não podem ser verdadeiros ou falsos. Juízos morais expressam uma atitude emocional em outros. Não podem ser justificados racionalmente. PROBLEMA – leva ao irracionalismo e relativismo (qualquer emoção confere validade à teoria). Se tudo é moralmente válido, tudo está permitido (amoralismo) Ex: - Morreram 5 pessoas (pode ser comprovado). - Os desenvolvidos devem ser julgados por isso (não pode ser justificado racionalmente). TEORIA DETERMINISTA: Tudo no universo está submetido a leis necessárias e imutáveis. O comportamento humano está totalmente predeterminado pela natureza. O sentimento de liberdade não passa de uma ilusão subjetiva. Tudo é pré-determinado pela natureza. PROBLEMA – não aceita a racionalidade. TEORIA DECISIONISTA Juízos de dever são atos de vontade. Criação do direito é ato de poder da vontade do legislador. Interpretação e aplicação do direito são atos de vontade do juiz. “Moldura” de Kelsen – decisionismo moderado. INTERPRETAÇÃO COMO CONHECIMENTO E VONTADE - TEORIA PURA DO DIREITO DE 1934 : Concepção positivista do Direito. Depende da vontade do juiz. Não há como determinar racionalmente a aplicação e interpretação. A interpretação é um processo de conhecimento para determinar a moldura da discricionariedade judicial. O juiz não pode criar direito além da moldura deixada pelo legislador. No entanto, no espaço deixado pela indeterminação normativa, o juiz é livre para, conforme sua vontade, criar a norma individual do caso e, assim, criar direito. CONSTITUCIONAL ↓ INFRACONSTITUCIONAL ↓ CASO CONCRETO INTERPRETAÇÃO COMO VONTADE TEORIA PURA DO DIREITO DE 1960: Há uma ligação com o decisionismo. Decisionismo moderado. A interpretação é um ato de vontade. O juiz é livre para criar Direito para além da moldura, bem como tomar qualquer decisão dentro de sua competência. Leis não podem ser falsas ou verdadeiras por serem imperativas. A elas não se aplicam as regras da lógica. RESPONDA V OU F ( ) A aplicação das normas jurídicas, como ato de vontade, não pode aspirar racionalidade. ( ) A aplicação das normas jurídicas, segundo Kelsen, é ato de vontade. ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________ RACIONALISMO: Os juízos morais (certo e errado) podem ser justificados racional e objetivamente. A moral e o direito cumprem a função de regular o comportamento dos indivíduos em uma determinada sociedade. A pessoa que nasce e cresce nessa sociedade assimila esses valores, princípios e normas, adequando as suas próprias ações e exortando que os outros façam o mesmo. O indivíduo é adequado a essas normas por convicção íntima, força da tradição e do costume. Q: Como justificar racionalmente os juízos morais? R: A partir de razões devidamente justificadas. SILOGISMO JURÍDICO: O silogismo jurídico é a aplicação do silogismo ao raciocínio jurídico. Segue o esquema e a forma lógica do silogismo. O raciocínio do juiz é relacionar o fato à norma e atribuir a consequência jurídica prevista na norma jurídica. Fato (P) é a descrição narrativa da hipótese fática abstratamente estabelecida no antecedente condicional da premissa normativa. É a premissa fática. (Atribuição de uma hipótese fática abstrata e atribuição de uma consequência jurídica). Ex: P = Q: Negócio jurídico celebrado por absolutamente incapaz é nulo (art. 166, I, CC). P: X é incapaz e celebrou negócio jurídico. Então Q: O negócio jurídico celebrado por X é nulo. Q: As premissas levam à conclusão? A relação entre a norma e o fato implica a conclusão do caso submetido ao aplicador do direito? R: Não, não se sustenta. As premissas implicam qual deve ser a conclusão, mas não qual será. SUBSUNÇÃO: Reconhecer que a situação de vida S é um caso de P em “Se P, então Q”. Reconhecer que determinado caso concretiza uma das hipóteses da norma. Ex: Se P, então Q. S é uma situação de P. Para S, aplica-se a consequência jurídica Q. Aplicação silogística da norma ao fato concreto: 1º: Premissa maior (normativa); 2º: Premissa menor (fática); 3º: Conclusão. Estrutura da norma jurídica: Se P, então Q. APLICAÇÃO DA REGRA DE INFERÊNCIA MODUS PONENS: O silogismo jurídico pressupõe aplicação da regra de inferência modus ponens. (1) Se P, então Q. (2) P.(3) Logo, Q. Afirmação do antecedente (P). A verdade das premissas se transfere para a conclusão. A relação do fato e da norma implica a conclusão jurídica. Ex: (1) Todos os homens são mortais. (2) Sócrates é homem. (3) Sócrates é mortal. As premissas (1) e (2) implicam a conclusão (3) Não se trata de uma questão de aceitação, concordância ou consenso quanto à verdade da conclusão, pois as premissas são proposições descritivas passíveis de verdade. A verdade das premissas depende de verificação empírica. PROBLEMA: - Proposições normativas não podem ser verdadeiras ou falsas: não válidas ou inválidas. - Se válida, existe e vincula juridicamente. Ela obriga, estabelece deveres. - A frase “proibido estacionar” é uma norma jurídica válida ou inválida. - As regras da lógica somente podem ser aplicadas a frases passíveis de verdade (frases descritivas). - As proposições normativas não se sujeitam às regras da lógica. - A aplicação das normas jurídicas não obedece às regras da lógica. É um ato de vontade. ARGUMENTO DA IRRACIONALIDADE - Negar a pena a alguém que cometeu um crime exatamente igual ao descrito em lei que condene àquela pena (ex: pai pedreiro) ARGUMENTO DAS PALAVRAS LÓGICAS - Proposições normativas admitem palavras lógicas. - Podem entrar em contradição. ARGUMENTO DA TRANSFORMAÇÃO - Transformar premissas normativas em premissas de validez normativa. - As premissas não implicam a conclusão, depende da vontade de quem aplica. - As premissas são razões que dizem qual deve ser a decisão. LIMITES E PROBLEMAS DO ESQUEMA SIMPLES DO SILOGISMO JURÍDICO: Nos casos fáceis: um caso fácil pode se tornar um caso difícil. - Caso fácil: “proibido fumar cigarro” – A fumou cigarro. - Caso difícil: “proibido fumar cigarro” – A fumou cachimbo. Forma simples do silogismo jurídico: (1) Premissa maior - normativa (2) Premissa menos - fática (3) Conclusão O raciocínio jurídico silogístico não dá conta de todos os casos jurídicos. Poucos casos são resolvidos desta forma. Premissas adicionais. Ex: “Pena de 6 a 20 anos” → quantos anos? A forma simples do silogismo deve ser completada por outras premissas. Uma situação de vida S pode ter diversas interpretações. O raciocínio jurídico não se resume no silogismo. 1.RESPONDA V OU F: ( ) O raciocínio lógico-dedutivo tem lugar na interpretação e aplicação das normas jurídicas. 2.Explicar o modelo lógico-subsuntivo de aplicação das normas jurídicas ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ________ 3.O modelo lógico dedutivo serve para dar conta integralmente do raciocínio jurídico da interpretação e aplicação das normas jurídicas? Justificar. ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ _________ 4.Indicar a regra de inferência lógica do esquema simples do raciocínio jurídico, explicando o conceito de subsunção. ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ __________ TÓPICA JURÍDICA: Topik und Jurisprudenz de Theodor Viehweg. Viehweg propõe a retomada da retórica. Arte do disputar dialético, do pensamento problemático. O que importa é o caso. Direito não se ocupa da justiça geral, mas a justiça do caso. TOPOI DA ARGUMENTAÇÃO – algo amplamente aceito. Leva, em relação ao problema,a conclusões dialéticas. Juiz deve empregar a prudência para resolver os casos concretos. Reação ao método lógico-subsuntivo, de que o argumento de aplicação do direito deve responder a uma operação logico-matemática entre o fato e a norma. É uma resposta à insuficiência da tradição formalista. Não se resume ao modelo do silogismo. Viehweg propõe afastamento da ideia de que raciocínios jurídicos possam ser estruturados em premissas e que estas constituem cadeia dedutiva. Invenção de Juízo Formação de Juízo Tópica está aqui. Obtenção de argumentos. Passagem das premissas para a conclusão. TÓPICA – busca e exame de premissas. Ênfase nas premissas e não na conclusão. TOPOI – possibilidades de orientação. Fios condutores de pensamento. Premissas que detêm a presunção da plausibilidade. PROBLEMA – toda a questão que aparentemente permite mais de uma resposta é um problema. Falta critérios para racionalidade. Ausência de hierarquia entre os topoi. Puro decisionismo. No caso de 2 topoi diferentes para o mesmo caso, qual deve ser usado? Não há solução. Viehweg não deixa claro qual a relação entre os topoi e o direito positivo (o qual prevalece?). Não apresenta indicadores metodológicos para a escolha entre os topoi. 1.Por que a tópica jurídica não pode ser considerada uma verdadeira teoria da argumentação jurídica? ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ___ 2.A partir da tópica jurídica de Theodor Viehweg, o que o juiz deve escolher para solucionar o caso que lhe é apresentado – um topoi ou uma regra jurídica válida? ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ___ 3.RESPONDA V OU F ( ) A tópica se representa como uma rejeição ao modelo lógico-dedutivo para a aplicação do Direito. ( ) A tópica apresenta critérios para resolver a questão da hierarquia entre diferentes topoi. A NOVA RETÓRICA: Chaim Perelman Alargamento do conceito de razão "Nem todos os raciocínios partem depremissas verdadeiras, a maioria parte de premissas aceitáveis." Divide o mundo em "mundo da demonstração" (ciências da natureza) e "mundo da argumentação" (ciências humanas). No mundo da demonstração, é uma questão de prova, uma premissa pode ser verdadeira ou falsa. No mundo da argumentação, as premissas são plausíveis, razoáveis ou aceitáveis, pois incide uma questão de argumentação aceita por um auditório. Argumentação é uma questão de auditório. AUDITÓRIO O que é auditório? É um conjunto de pessoas que o falante pretende atingir com a sua argumentação. Toda argumentação se dá em função de um auditório. Argumentação é usada para influenciar o auditório pelo discurso. Objetivo da argumentação é a adesão do auditório. Argumentação exclui qualquer ato de intimidação, violência, etc. O falante deve conhecer o auditório para conhecê-lo de um ponto de vista sobre algo que já é conhecido pelo auditório (conhecimento prévio é requisito fundamental da retórica). Se o falante não conhecer o auditório, deve construir um presumido, conforme o ambiente cultural e social. TIPOS DE AUDITÓRIO PRÓPRIO SUJEITO Construído pelo próprio sujeito que argumenta consigo mesmo PARTICULAR Pessoa ou grupo de pessoas concretas UNIVERSAL Auditório ideal. Totalidade das pessoas razoáveis, adultas e normais. Todas as pessoas dotadas de capacidade argumentativa. O auditório universal é central à Nova Retórica. Este fundamenta a racionalidade da argumentação. A argumentação racional é desenvolvida perante o auditório universal. O falante deve buscar a adesão da maioria das pessoas ou de toda pessoa racional. O objetivo do falante é o acordo perante o auditório universal, a adesão de suas teses. O ponto de partida é o senso comum, algo razoável dentro de um espaço e tempo. A partir de opiniões comuns ou geralmente aceitas, a argumentação pretende a adesão do auditório. Problema do auditório particular é que a adesão ou acordo depende da adaptação da argumentação às crenças do auditório. Não é parâmetro para racionalidade porque a adesão ao discurso é mais unânime em um grupo específico de pessoas (mais fácil de convencer). Para um discurso persuasivo, o que importa é a adesão do auditório particular, mas isso não é algo racional e universalizável, pois é escolhido um discurso para determinado tipo de auditório para que ocorra sua adesão. Problema do auditório universal é que este é uma idealização. Não existe concretamente. O auditório universal é imaginário porque é difícil a definição de quais pessoas sejam dotadas de tal capacidade argumentativa e razoavelmente inteligíveis. Não há segurança no conceito de auditório universal: humanidade ilustrada? 1.Por que a nova retórica fracassa na sua proposta de alargamento do conceito de conceito? ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ___ 2.O auditório de Perelman é parâmetro para a racionalidade da argumentação? ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________ LÓGICA JURÍDICA DE PERELMAN TRÊS FASES DA IDEOLOGIA JURÍDICA 1ª- Anterior à revolução francesa Solução justa, conforme a regra de justiça de tratar casos iguais essencialmente iguais 2ª- Depois da revolução francesa Legalidade e segurança jurídica. Sistematização do Direito. Raciocínio jurídico dedutivo. 3ª- Direito do pós guerra -Confiar ao juiz a busca pela solução justa e razoável para o caso concreto. -Flexibilização entre a lei e a justiça. -Princípios gerais e tópicos jurídicos (topoi). OBS: algumas coisas não se sustentam. O legislador não detém o monopólio na formação do Direito. O papel do juiz não é criar o Direito, mas a obrigação de julgar leva à sua complementação e flexibilização. Abertura das normas jurídicas (moral, princípios). O raciocínio jurídico deve ser acompanhado de razões. Argumentação para afastar a arbitrariedade judicial. Garantia do equilíbrio jurídico e moral do aparato judicial. Como devem ser apresentados os argumentos jurídicos? Partes, advogados e juízes devem argumentar corretamente, conforme a deontologia profissional. É vedado ao advogado enganar o juiz. O juiz deve argumentar conforme as regras do procedimento (imparcialidade). QUESTÃO DOS PRECEDENTES -Não podem ser desprezados. -As partes podem invocar nas suas razões os precedentes favoráveis. -O juiz pode invocar os precedentes constantes para justificar a sua decisão. -Regra da justiça = casos iguais devem ter a mesma solução. -Então os precedentes constantes falam a favor de uma determinada solução para uma questão jurídica. A sentença judicial não é lugar para expressão da opinião subjetiva do juiz. A qualificação jurídica do caso deve ser resultado do Direito vigente, como entendido pela dogmática jurídica e precedentes (TAJ). No entanto, o juiz não é apenas a boca da lei, bem como a lei não constitui todo o Direito. A lei é o principal instrumento que guia o juiz no cumprimento de sua tarefa. A LÓGICA E A LÓGICA INFORMAL Uma das teorias da argumentação jurídica. Estudo das condições, exigências e regras da argumentação. Procedimento argumentativo que apresenta razões para justificar ou fundamentar de conclusões. Argumentos são razões. Bons argumentos são boas razões, tem a conclusão fundamentada. Falácias são as inimigas da argumentação correta. CASOS DE ARGUMENTAÇÃO Argumentação na altercação pessoal Argumentação na prática jurídica Argumentação na discussão crítica-científica Argumentação na negociação CASOS COMBINADOS DE ARGUMENTAÇÃO Objetiva informação Objetiva realização de curso de ação Objetiva transmissão (apreensão) de conhecimento O QUE SÃO ARGUMENTOS? Argumento é um conjunto de proposições em que as proposições chamadas premissas fundamentam a conclusão. Conjunto de proposições que se relacionam mutuamente. A conclusão de um argumento é o resultado da relação entre as premissas apresentadas para justificá-la. Necessário que haja relação. As premissas funcionam como evidências para justificar a conclusão. Ex: "Se todos os homens são mortais e se Sócrates é homem, então Sócrates é mortal." A relação entre a proposição 'todos os homens são mortais' e a proposição 'Sócrates é homem' implica a proposição conclusiva 'Sócrates é mortal'. Na estrutura desse raciocínio simples, as premissas podem ser consideradas como razões básicas. Em casos mais complexos, duas ou mais premissas podem ser apresentadas para justificar uma conclusão intermediária, que somada a duas ou mais premissas, justificam a conclusão final ou principal do raciocínio. É possível que a razão básica 1 e a razão básica 2 sejam independentes para fundamentara conclusão intermediária. Nesse caso, tanto a razão básica 1 como a razão básica 2 são suficientes para fundamentar a conclusão intermediária. Ex: A afirmação da autoria de um crime pode ser uma conclusão intermediária de um conjunto de premissas fáticas que, juntas, fundamentam a verdade da proposição que diz que A desferiu tiros contra B, causando- lhe a morte. VALIDADE OU CORREÇAO LÓGICA DOS ARGUMENTOS Um argumento é logicamente correto ou válido quando as premissas implicam a conclusão. Um argumento inválido ou logicamente incorreto é uma argumento formulado em desconformidade com as regras da logica. A validade ou correção lógica dos argumentos depende apenas da relação entre as premissas e a conclusão. ARGUMENTO VÁLIDO = ARGUMENTO LOGICAMENTE CORRETO Essa correção lógica ou validade não depende da verdade ou falsidade das premissas, mas da forma do argumento. Um argumento pode ser válido ou logicamente correto, embora todas as suas premissas e a sua conclusão sejam proposições falsas. Ex: Se todos os cavalos tem cinco patas e se todos os pássaros são cavalos, então todos os pássaros são cavalos. Esse é um exemplo de um argumento logicamente correto. As premissas e a conclusão são falsas, mas isso não importa para a validade do argumento. A questão de verdade ou falsidade das premissas importa apenas quando o interesse está na correção material (do conteúdo) do argumento. ARGUMENTO DEDUTIVOS Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão é verdadeira. Não há possibilidade das premissas serem verdadeiras e a conclusão ser falsa. A verdade das premissas se transfere para a conclusão. A conclusão explicita o já dito nas premissas. Os argumentos são validos ou inválidos, corretos ou incorretos. Não existem graus de validade ou de força de correção. ARGUMENTOS INDUTIVOS Se as premissas são verdadeiras, a conclusão muito possivelmente será verdadeira. É argumento ampliativo: o contido na conclusão vai além do dado nas premissas. A conclusão contém informação não contida, ainda que implicitamente, nas premissas. Os argumentos indutivos corretos admitem graus de força. Alguns são mais fortes e outros, mais fracos. Quanto maior a força das premissas, mais fortemente justificada a conclusão. 1.SILOGISMO Um argumento dedutivo. Possui três termos: TERMO MAIOR É o predicado na conclusão. TERMO MÉDIO O termo que não aparece na conclusão, mas nas duas premissas. Aparece uma vez em casa uma das premissas. TERMO MENOR É o sujeito da conclusão. Ex: Se todo M é P e todo S é M, então todo S é P. Todas as proposições e a conclusão são categóricas. PROPOSIÇOES CATEGÓRICAS Universal afirmativa Todos os cavalos têm cinco patas. Universal negativa Nenhum cavalo tem cinco patas. Particular afirmativa Alguns cavalos têm cinco patas Particular negativa Alguns cavalos não têm cinco patas. 2.ARGUMENTO DE REDUÇAO AO ABSURDO Argumento dedutivo. 1. Assunção de uma proposição como verdadeira; 2. Dedução de uma consequência ou resultado absurdo ou impossível; 3. Conclusão de que a proposição é falsa. Esse argumento é importante para a argumentação consequencialista (argumenta pelas consequências). Se funda em duas regras da lógica: Não contradição (1) e Terceiro excluído (2). 3.ARGUMENTO INDUTIVO POR ENUMERAÇAO Trata-se de uma generalização. A conclusão vai além das premissas. Ex: Todos os grãos da amostra observada são do tipo A. Logo, todos os grãos do barril são do tipo A. O problema central é saber se a amostra é suficiente para a verdade da conclusão. 4.SILOGISMO ESTATÍSTICO Argumento indutivo Conclusão vai além das premissas. Ex: 75% dos grãos do barril são do tipo A. O próximo grão retirado é um do barril. O próximo grão a ser retirado será do tipo A. SE A CONCLUSAO VAI ALÉM DAS PREMISSAS, O ARGUMENTO É INDUTIVO!!! 5.ARGUMENTO DE AUTORIDADE Sustentar algo com base em uma autoridade. Argumento indutivo: premissas verdadeiras, mas conclusão pode ser falsa. Questão central: idoneidade da autoridade sobre o assunto. Forma do argumento: 1. A é uma autoridade idônea sobre P. 2. A afirma P. 3. Logo, P. PROBLEMAS: 1.Autoridade é erroneamente citada ou interpretada (ex: Kelsen); 2.Autoridade não é autoridade: detém apenas prestígio ou popularidade; 3.Autoridade não é autoridade no assunto; 4.Expressão de opinião de autoridade sem provas confirmatórias; 5.Autoridades podem divergir. Ex: Em todos os tempos e lugares, em todas as culturas e civilizações, as pessoas sempre acreditaram na existência de alguma divindade. Logo, Deus existe. 6.ARGUMENTO CONTA A PESSOA Nega a verdade da proposição com uma crítica ao seu autor e não ao seu conteúdo. Conclusão sobre o valor da proposição sem examinar seu conteúdo. 7.ARGUMENTO CAUSAL Condição necessária. Condição obrigatória para assegurar o resultado (evento) Relação entre X e Y: X não pode ocorrer sem Y. Ex: Se A não for aprovado em TAJ, não concluirá Direito na FMP. O resultado (conclusão do curso) não ocorre se não cumprida a condição (aprovação em TAJ). 8.ARGUMENTO POR ANALOGIA Argumento indutivo Para ser um bom argumento, deve ser uma boa comparação. Dois tipos: 1. Similaridade entre os casos. A similaridade deve ser relevante. Ex: Exemplo do violinista. 2. Esquema: Os objetos do tipo Y têm as propriedades G, H, etc. Os objetos do tipo X têm as propriedades G, H, etc. Os objetos do tipo X têm a propriedade F. Os objetos do tipo Y têm a propriedade F. Ex: Experimento com ratos para determinar o efeito da sacarina no ser humano. FALÁCIAS Um argumento falacioso é aquele que parece que as razões apresentadas sustentam a conclusão, mas não sustentam, não justificam. Há padrões típicos de argumentação correta e de argumentos falaciosos. TIPOS DE FALÁCIAS 1.FALSO DILEMA Limitar o número de opções Ex: Ou concordas comigo ou não 2.APELO À IGNORÂNCIA Conclui-se que algo é verdadeiro porque não foi provado que é falso, ou o contrário Ex: Fantasmas existem! Já provaste que não existem? 3.DECLIVE ESCORREGADIO (Bola de neve) O argumento é falacioso quando pelo menos um de seus passos é duvidoso ou falso. A falsidade está ocultada em diversos "se" e "então". Ex das armas automáticas. 4.PERGUNTA COMPLEXA Pretende-se que o auditório aceite ou rejeite os dois tópicos, tratando-os como uma única proposição, quando uma pode ser aceitável e a outra, não. Ex: Apoias a liberdade e o direito de andar armado? 5.APELO À EMOÇÃO Argumento apoiado na emoção e não em razões. 6.APELO À FORÇA O auditório é informado das consequências desagradáveis que se seguirão à discordância com o autor. Ex: melhor admitires que a nova orientação da empresa é a melhor –se quiseres manter o emprego. 7.APELO À PIEDADE Pede-se a aprovação do auditório na base do estado lastimoso do autos. Ex: Como pode dizer que eu reprovo? Eu estudei 16h por dia. 8.APELO ÀS CONSEQUENCIAS O autor, para mostrar que tal crença é falsa, aponta consequências desagradáveis que advirão da sua defesa. Ex: Não se pode aceitar que a teoria da evolução é verdadeira, porque se fosse estaríamos ao nível dos macacos. 9.APELO AOS PRECONCEITOS Termos carregados e emotivos são usados para ligar valores morais às crenças na verdade da proposição. Ex: Os portugueses bem intencionados estão de acordo em plebiscitar a pena de morte. 10.APELO AO POVO Sustenta-se que uma proposição é verdadeira por ser aceita como verdadeira por algum setor representativo da populaçãoEx: Todos sabem que a Terra é plana. 11.ATAQUES PESSOAIS O foco não é o argumento, mas a pessoa. Ex: Dizes que não devo beber, mas não estás sóbrio faz mais de um ano. 12.APELO À AUTORIDADE A pessoa citada não está qualificada para ter uma opinião de perito no assunto. Não há acordo entre os peritos do campo em questão. Ex: O psicólogo Dr. Frasier Crane recomenda-lhe que compre o ultimo modelo de carro da Skoda. 13.AUTORIDADE ANÔNIMA A autoridade não é indicada ou sequer citada. Ex: Um membro do governo disse que uma nova lei sobre posse e uso de armas será proposta amanhã. 14.ESTILO EM SUBSTÃNCIA Confusão entre aparência e conteúdo. Ex: Nixon perdeu o debate presidencial porque tinha suor na testa. 15.FALÁCIAS INDUTIVAS Inferir de uma amostra para as propriedades de um elemento não pertencente à amostra ou para as propriedades da população como um todo. Ex: 1000 feijões. Alguns pretos e alguns brancos. Uma amostra de 100 feijões mostra que 50 eram pretos e 50 eram brancos. Conclui-se que metade da lata é preta e metade é branca. 16.GENERALIZAÇÃO PRECIPITADA A amostra é muito limitada e usada apenas para apoiar uma conclusão tendenciosa. Ex: Fred, australiano, roubou minha carteira. Portanto, australianos são ladrões. 17.AMOSTRA LIMITADA Diferenças relevantes entre a amostra usada na inferência dedutiva e a população como um todo. Ex: As maçãs do topo da caixa parecem boas. Portanto, todas as maçãs desta caixa devem ser boas. 18.FALSA ANALOGIA Não presta atenção na diferença entre os casos. Ex: Empregados são como pregos: temos que martelar a cabeça dos pregos para estes desempenharem a sua função. O mesmo deve acontecer com os empregador. 19.PETIÇÃO DE PRINCÍPIO Argumento circular. A verdade da conclusão é pressuposta pelas premissas. A conclusão só reafirma as premissas. Ex: Dado que não estou mentindo, estou falando a verdade. 20.CONCLUSÃO IRRELEVANTE Argumento prova uma coisa diferente da pretendida. As premissas não fundamentam a conclusão. Ex: Deves aceitar a nova política do arrendamento. Não podemos continuar a ver pessoas a viver nas ruas, devemos ter rendas mais baratas. 21.ESPANTALHO O autor, ao invés de atacar o melhor argumento do seu opositor, ataca um argumento diferente, mais fraco ou tendenciosamente interpretado. Ex: As pessoas que querem legalizar o aborto querem prevenção irresponsável da gravidez, mas nós queremos uma sexualidade responsável. Portanto, o aborto não deve ser legalizado. 22.NON-SEQUITUR Falácias que ocorrem em consequência da forma inválida do argumento usado. 23.AFIRMAÇÃO CONSEQUENTE Confusão entre condição suficiente e necessária. Todo argumento com a seguinte forma é inválido (Se P então Q. Ora, Q. Logo, P). Ex: Se jogamos bem, ganhamos. Ora, ganhamos. Logo, jogamos bem. 24.NEGAÇÃO DA ANTECEDENTE Confunde-se a condição suficiente com a condição necessária. Com uma frase condicional (se P, então Q) dizemos que se P for verdadeira, Q também é; mas não dizemos que a recíproca é verdadeira. (Se P, então Q. Não P. Logo, não Q.) Ex: Se fores atingido por um carro quando tiveres 6 anos, morres jovem. Mas não foste atingido por um carro aos 6 anos. Logo, não vais morrer jovem. 25.INCONSISTÊNCIA O autor avança pelo menos duas proposições que não podem ser verdadeiras ao mesmo tempo. As proposições podem ser contrárias ou contraditórias. Ex: John é maior que Jake, e Jake é maior que Fred, enquanto Fred é maior que o John. SISTEMA JURÍDICO COMO SISTEMA DE REGRAS E PRINCÍPIOS O sistema jurídico é um sistema de normas jurídicas e são regras ou princípios. O Estado de Direito constitucional democrático exige um sistema normativo de regras e princípios. Problema de um sistema jurídico só de regras: As regras não podem determinar tudo. O legislador não consegue disciplinas, antecipadamente, todos os fatos da vida. Quando isso acontece, o juiz está livre para se valer de critérios extrajurídicos. Problema de um sistema jurídico só de princípios: Indeterminação normativa. O auto grau de indeterminação dos princípios leva à incerteza, instabilidade, imprevisibilidade e insegurança jurídica. O sistema jurídico ideal é o de regras e princípios. O argumento de separação forte de regras e princípios foi desenvolvido por Dworkin e Alexy: distinção qualitativa entre estes. COMO SÃO APLICADAS AS REGRAS E OS PRINCÍPIOS? (DWORKIN) 1.REGRAS: São tudo ou nada (ou se aplica ou não se aplica). No caso de incidência de uma regra, há duas opções possíveis: 1a. A regra é valida, vinculando juridicamente e, assim, vale para determinar a proposição normativa singular da decisão judicial. Tem que se dar exatamente o que a regra determina. 2a. A regra é invalida e, portanto, incapaz de vincular juridicamente qualquer decisão judicial. 2.PRINCÍPIOS: Não determinam obrigatoriamente a decisão a ser tomada. Constituem fundamentos, razões, servem para fundamentar uma decisão, mas não diz qual decisão a ser tomada. O caso de colisão de princípios é resolvido pela dimensão de peso: -O princípio com peso relativamente maior supera o princípio de peso menor. -O peso maior ou menor depende do caso concreto. -O princípio de maior ou menor peso não é declarado inválido ou excluído do sistema jurídico. -O princípio de maior peso fundamenta a decisão do caso concreto. COMO SÃO APLICADAS AS REGRAS E OS PRINCÍPIOS? (ALEXY) 1.REGRAS: São mandamentos definitivos. São aplicadas mediante subsunção. Normas que ordenam definitivamente (devem ser cumpridos exatamente conforme o determinado). Se uma regra vale, está ordenado fazer exatamente o fixado no espaço do fático e do juridicamente possível. Se não se aceita isso, há duas alternativas: 1a. A regra deve ser declarada inválida e, assim, excluída do ordenamento jurídico; 2a. Deve ser inserida uma exceção na regra, criando-se, assim, uma nova regra. 2.PRINCÍPIOS: Normas que ordenam que algo seja realizado em uma medida tão alta quanto possível relativamente às possibilidades jurídicas e fáticas. São mandamentos a serem otimizados. Admitem o cumprimento em diferentes graus. A possibilidade fática e jurídica determina o grau. Constituem um dever ideal e não contem um dever definitivo, mas um dever prima-facie. Em caso de colisão entre princípios: a forma típica de aplicação dos princípios é a ponderação. Se da conforme as circunstâncias. A ponderação leva do dever prima-facie ideal ao dever real e definitivo. CRITICA À TEORIA DOS PRINCÍPIOS As normas jurídicas não são dividas em regras e princípios. Não existem regras e princípios, mas normas jurídicas. A interpretação e aplicação do direito não depende da distinção entre regras e princípios, mas dos cânones interpretativos dados pela hermenêutica. Teoria dos princípios leva à incerteza e insegurança jurídica. A teoria dos princípios abre espaço para o arbítrio e decisionismo judicial. Usurpação da competência do legislador democraticamente escolhido pelo povo. Judicialização da política e politização da atividade judicial.
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