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ABREVIATURAS E SIGLAS ANC - African National Congress NCF- National coordination of the eleitoral commission fórum SANNC- South African National Native congress National ICOSA- Independent Civic Organization of South Africa IDEA -International Institute for Democracy and Electoral Assistance PU- United Part CET- Executive Broard Transition IEC- Independent Electoral Commission UDM- United Demcratic Movement DA- Democratic alliance LEO- Local Electoral Officers NCF- National Coordination of the Electoral Commission Forum TIC- Time Certificate identification NP- National Party IPF - Inkatha Feedom Party IPF - Inkatha Feedom Party KSS - Keep it Straight and Simple KGM - Kingdom Governance Movement 1. Introdução A transição do regime do Apartheid a um regime democrático na África do Sul em 1994 é considerada como um grande momento político, marcando o início duma nova era tanto política, como económica e social para o país. Após um longo período turbulento, marcado por um governo segregacionista, o governo democrático que assumiu o poder em 1994 teve que lidar com uma situação bastante complexa, a instalação de instituições capazes de efectivar o regime democrático adoptado pelo país e ultrapassar o cenário vivido anteriormente. Durante o processo de implantação democrática na África do Sul foram realizados processos eleitorais legislativos e municipais designadamente: cinco (5) processos de eleições legislativas em 1994, 1999, 2004, 2009 e 2014, e seis (6) autárquicas em 1995 e/1996, 2000, 2006, 2011 e 2016. Porem, os estudos sobre a governação eleitoral são recentes na literatura política. A governação eleitoral ganhou destaque a partir da preocupação com a credibilidade dos resultados eleitorais das democracias nascidas da terceira onda democrática (Huntington, 1994). Esta recente literatura argumenta que a governação eleitoral entendida como o conjunto de regras e instituições que organizam a competição política eleitoral foi uma variável negligenciada nos estudos sobre transição e consolidação democrática em função de um predomínio do foco nas questões normativas, como os sistemas de governo e as fórmulas eleitorais adoptados (Elklit e Reynolds, 2000; Mozaffar e Schedler, 2002). Portanto, o trabalho dará enfoque ao papel dos órgãos de administração eleitoral na consolidação da democracia e encontrar-se dividido em VII capítulos: No primeiro capítulo, falaremos sobre a introdução do trabalho, os objectivos gerais e específicos e a metodologia, no segundo capítulo iremos fazer uma breve retrospectiva socio- histórica e política da África do Sul e da sua localização geográfica. No terceiro capítulo, discutimos as principais questões teóricas sobre a consolidação democrática levantadas pela literatura em geral, da qual derivam algumas questões que guiaram o nosso trabalho, No quarto capitulo, iremos aborda sobre o quadro constitucional e legal, no quento iremos discutir sobre o historial eleitoral e partidos políticos, não obstante no capitulo seguinte iremos falar sobre a composição do órgão de administração eleitoral sul-africano e sua respectiva evolução, no sexto capitulo iremos abordar sobre o financiamento dos partidos políticos e finalmente no capitulo sétimo, apresentamos as conclusões e considerações finais. 1.1.Objectivos Geral • Analisar o papel da Independent Electoral Comission para a consolidação democrática na República da África do Sul. Específicos • Entender em que medida o desenho institucional do órgão de administração eleitoral pode garantir maior ou menor instabilidade ao regime político. • Perceber ate que ponto os processos de selecção e os requisitos básicos adoptados para ser membro da Independent Electoral Comission é capaz reforça o princípio da neutralidade do processo eleitoral. 1.2.Metodologia Para a realização do presente trabalho, usar-se-á a técnica hermenêutica do direito, que de acordo com Mendes (1994) consiste na interpretação da legislação, que manifesta através da fixação do sentido e determinação do alcance. Que neste caso será a interpretação existente e vigente, da lei eleitoral da África do Sul, que nos guiará a perceber a composição, funcionamento da lei eleitoral. Optar-se-á também pela pesquisa bibliográfica, que será feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e electrónicos, como livros, artigos científicos, páginas de websites. Para Fonseca (2002) A pesquisa bibliográfica, ajudará o grupo a perceber melhor acerca dos conceitos relacionados com o tema, através de obras, livros, artigos científicos publicados por alguns autores. As consultas às páginas de websites nos guiarão a perceber melhor as fases que marcaram a história da África do Sul. Em relação a parte prática do trabalho, o grupo optará por uma pesquisa de natureza qualitativa, sendo a técnica de recolha de dados, que consistirá na entrevista, através de um questionário aberto, que segundo Ghiglione e Matalon (2001), consiste na formulação e ordem de questões fixas, onde o entrevistado pode dar uma resposta tão longa quanto desejar, a escolha deste tipo de entrevista, nos guiará a uma compreensão vasta sobre o sistema eleitoral na África do Sul. Far- se-á uma entrevista na Embaixada da África do Sul, que nos guiará a compreender melhor sobre as tendências de voto dos cidadãos aos partidos políticos existentes, o funcionamento em geral dos órgãos de administração eleitoral na África do Sul, e à membros de alguns partidos políticos da África do Sul, através de perguntas abertas, para obter informações à cerca do funcionamento, eficiência, eficácia e efectividade da lei eleitoral na África do Sul, nos ajudará a perceber a visão de membros de alguns partidos políticos à cerca da comissão eleitoral independente e do sistema eleitoral vigente. 2. Democracia o que é? De acordo com Dahl (2001), foram os gregos - provavelmente os atenienses - que cunharam o termo demokratia: demos, o povo, e kratos, governar, que significa governo do povo. Bobbio (1997) afirma que único modo de se chegar a um acordo quando se fala de democracia, entendida como contraposta a todas as formas de governo autocrático, é o de considerá-la por : um conjunto de regras (primarias ou fundamentais) que estabelecem quem está autorizado a tomar as decisões colectivas e com quais procedimentos. Por sua vez Dahl (2001) refere que palavra democracia é usada de maneiras pasmosamente diferentes, para povos diferentes em diferentes tempos e diferentes lugares, no entanto, ele discute a forma da democracia como produto do século XX que pressupõe que a democracia assegure virtualmente a todo cidadão adulto o direito de voto. Dahl (2001), refere que existem pelo menos cinco critérios de um processo democrático nomeadamente: Participação efectiva; Igualdade de voto; Entendimento esclarecido; Controle do programa de planeamento Inclusão dos adultos. Interessa-nos a democracia do século XX, e para tal, é importante analisar as ondas de democratização ocorridas. Huntington (1994) define onda de democratização como um grupo de transições de regimes não-democráticos para democráticos, que ocorrem em um período de tempo específico e que significativamentesão mais numerosas do que as transições na direcção oposta durante tal período. No contexto moderno, ocorreram três ondas de democratização. Primeira onda Teve suas raízes na revolução americana e francesa, no entanto, as instituições democráticas nacionais são fenómeno do século XIX, tendo os Estados Unidos começado a primeira onda de democratização por volta de 1828 e ao todo, no decurso de cem anos, mais de trinta países estabeleceram pelo menos instituições democráticas nacionais mínimas. 2.1. Segunda onda Teve início na Segunda Guerra Mundial estendendo-se até década de 60, com ocupação dos aliados, promovendo a inauguração de instituições democráticas em países da Europa e Ásia e América-Latina. 2.2.Terceira onda Nos 15 anos que se seguiram ao fim da ditadura portuguesa em 1974, regimes democráticos substituíram regimes autoritários em aproximadamente trinta países na Europa, Asia e América- Latina. Os movimentos que promoviam a democracia ganharam força e legitimidade, o que nas palavras de Huntington (1994), parecia ter tomado característica de uma quase irresistível maré global, indo de um triunfo para outro, que se manifestou primeiro na Europa, tendo na década de 70 descolado para a América-Latina, em 77 na Asia e em 88 o mundo comunista. Em geral, o movimento em direcção à democracia foi global, onde em 15 anos, a onda democrática percorreu todo o sul da Europa, estendeu-se por toda a América Latina, moveu-se para a Asia e dizimou as ditaduras no bloco soviético. Porem, apesar de processo de democratização, alguns países regressavam ao modelo anteriormente adoptado, implicando que a cada onda de democratização, uma onda de reversão. Após a segunda onda de democratização, no final dos anos 50, o desenvolvimento político e as transições de regime estavam tomando uma feição autoritária, e a América Latina tendo sido mais dramática, seguida da Asia e trinta e três países africanos que haviam se tornado independentes entre 1957 e 1970, converteram-se em autoritários. A democracia moderna é a democracia da nação-estado e está associado ao desenvolvimento da nação-Estado, Huntington (1994). 2.3. Consolidada Democrática Segundo Linz e Stepan (1999), a consolidação democrática é “...uma situação política, onde a democracia passou a ser o único jogo disponível na sociedade” Existem alguns requisitos que precisam ser cumpridos para um país partir para um processo de consolidação democrática. Em primeiro lugar, é necessário que exista um Estado Soberano. Se esse não existir, não tem como haver democracia. Segundo, a democracia só estará consolidada quando a transição estiver completa. Para Linz e Stepan (1999), uma transição democrática está completa quando um grau suficiente de acordo foi alcançado, quanto aos procedimentos Nelson T. Vetevene Highlight Nelson T. Vetevene Highlight políticos, visando obter um governo eleito, quando um governo chega ao poder como resultado directo do voto popular livre; quando esse governo tiver a autoridade de gerar novas políticas; e quando os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, criados pela nova democracia, não têm que, de jure, dividir o poder com outros organismos, Linz e Stepan (1999). A terceira condição básica seria, a eleição por via democrática dos dirigentes políticos que vão governar. Para Linz e Stepan (1999), essas seriam as condições básicas, mas é preciso que haja, também, uma combinação de atitudes comportamentais, constitucionais e democráticas. Em relação a atitudes, uma democracia está consolidada quando, mesmo em situações de graves crises políticas, económicas ou sociais, a maioria das pessoas continua a acreditar que a única maneira de se mudar as coisas é baseando-se nos procedimentos democráticos. Quanto ao aspecto comportamental, a democracia está consolidada quando, numa sociedade, nenhum grupo político, mesmo que tenha força para isso, procura alcançar o poder sem ser pela via democrática. Finalmente, a dimensão constitucional indica que uma democracia está consolidada quando todos os atores políticos aceitam que, dentro do Estado, os conflitos políticos estão sujeitos aos princípios normativos estabelecidos por lei, e que o não cumprimento da lei trás consequência e custos altos (Linz e Stepan 1999). Além das condições acima mencionadas, Linz e Stepan (1996) enumeram outras condições adicionais que são necessárias para se ter uma democracia consolidada. Destarte, é preciso também que exista uma sociedade civil livre e activa; uma sociedade política autónoma, uma burocracia que possa ser utilizada pelo novo governo, e uma sociedade económica institucionalizada. Quando há uma sociedade civil forte e livre, é muito difícil que um processo de transição regrida ao autoritarismo, assim como também, se existir uma sociedade política autónoma, onde existam partidos políticos capazes de agregar e representar os interesses da sociedade, cria-se um ambiente de medição de conflitos o permitindo à sociedade agir dentro dos preceitos democráticos (Linz e Stepan, 1999). A existência de uma burocracia estatal que possa funcionar no novo regime democrático é muito importante porque, se essa não funciona, as chances de consolidação democrática diminuem. Em muitos casos, segundo Linz e Stepan (1999), os novos governos democráticos, que assumiram o poder após a transição, herdaram uma burocracia estatal que manteve algumas características autoritárias, e com atores autoritários ocupando cargos chaves na administração do Estado mantendo sobre seu domínio o controle de importantes recursos de poder. Esses empecilhos, quando não são removidos, vão constituir sérios obstáculos para consolidação da democracia. Nelson T. Vetevene Highlight Nelson T. Vetevene Highlight Nelson T. Vetevene Highlight A economia também exerce um papel importante no processo de consolidação. Hoje, é praticamente consensual entre os teóricos da democracia que a consolidação democrática requer uma economia mista, onde Estado e Mercado combinem entre si. Linz e Stepan (1999) afirmam que uma economia totalmente planificada é inadequada para garantir uma consolidação democrática e que é praticamente impossível, hoje, identificar uma democracia consolidada numa economia de puro mercado. Para esses dois autores, a sociedade económica ideal é aquela que permite ao mercado agir com autonomia, mas tendo o Estado como entidade reguladora. E mesmo com a “onda do neoliberalismo” pregando a ideia de puro mercado, o Estado tem que intervir, pois é dele que vai sair a legislação empresarial, a regulamentação das instituições financeiras, a normatização dos valores e dos padrões de pesos, a protecção da propriedade. 3. Governação eleitoral Segundo Mozaffar e Scheler (2002), Governação eleitoral é um conjunto de actividades relacionadas, que envolvem a formulação de regras, a aplicação de regras e o regulamento das regras, para garantir a credibilidade dos resultados eleitorais em democracias emergentes. Na acepção dos mesmos autores, a governação eleitoral é o conjunto mais vasto de actividades que criam e mantém o amplo quadro institucional em que a votação e competição eleitoral terão lugar. Esta opera na acepcao dos autores em três níveis: Rule making (formulação das regras), a fase de definição das regras do jogo eleitoral, a elaboração das normas que devem reger o processo eleitoral, uma actividade legislativa; Rule application (aplicação das regras), é onde se implementa e se gere o jogo eleitoral, ocorre a condução do processo eleitoral e administração das diversas actividades envolvidas no processo; Rule adjudication (adjudicação das regras), resolução dos litígiosentre os competidores eleitorais. Determinam-se as regras que garantem a neutralidade, transparência, e eficiência na administração eleitoral. Campo de actuação dos órgãos de administração eleitoral A fase de aplicação das regras compete aos Órgãos de Administração Eleitoral. 1 Órgão de administração Eleitoral é uma organização ou organismo que tem o propósito ou a responsabilidade de gerir alguns ou todos elementos essenciais para a realização de eleições e dirigir instrumentos de democracia Wall et al (2006). Os OGE têm por responsabilidades gerir elementos essenciais, tais como: Determinar quem é elegível para votar; receber e validar as nomeações dos participantes eleitorais (partidos políticos e/ou candidatos); realização de eleições; contagem de votos e tabulação dos votos. Os autores afirmam que é importante referir que um OGE deve ser uma instituição autónoma, ou uma unidade de gestão distinta dentro duma instituição maior que também possa ter tarefas não eleitorais. A composição e funcionamento dos órgãos de administração eleitoral, irá variar de acordo com o modelo de gestão eleitoral vigente em cada país. Wall et al (2006) apresentam três modelos de órgãos de administração eleitoral onde variam elementos como os arranjos institucionais, a forma como são implementados, formas de prestação de contas, poderes, composição e mandato. Existem três modelos de administração eleitoral nomeadamente: Modelo Independente, Modelo Governamental, Modelo Misto. 3.1.Modelo Independente Para os autores este modelo existe naqueles países onde as eleições são organizadas e geridas por um OGE que e institucionalmente independente e autónomo do braço executivo do governo, e que tem e gere o seu próprio orçamento. Neste modelo, o OGE não e responsável perante um ministério ou departamento governamental. Ele pode ser responsável perante o Legislativo, Judiciário e o Chefe de Estado. Os OGE podem gozar de vários graus de autonomia financeira e de prestação de contas, assim como, de vários níveis de responsabilização pelo desempenho. 3.2.Modelo Governamental Este modelo existe naqueles países onde as eleições são organizadas e geridas pelo Poder Executivo através de um ministério (como por exemplo o Ministério do Interior) e/ou através das autoridades locais. Neste modelo, os OGE existem a nível nacional e são liderados por um 1 Mozaffar e Scheler (2002) ministro ou funcionário público e são responsáveis perante um ministério. O orçamento dos OGE fica sob-responsabilidade do ministério do governo e/ou das autoridades locais. 3.3.Modelo Misto Relativamente a este modelo os autores advogam que, existem duas componentes dos OGE, nomeadamente: a componente Independente e a componente Governamental. Entretanto, a componente Independente tem a prerrogativa de monitorar, supervisionar e tomar decisões sobre o processo eleitoral, e a Governamental basicamente actua na implementação do processo eleitoral, sendo o responsável por sua logística. Neste modelo, as eleições são organizadas pela componente governamental do OGE, com algum nível de supervisão fornecido pela componente independente do OGE. 4. Localização Geográfica da Africa do Sul Africa do Sul, oficialmente Republica da Africa do Sul, é um pais localizado no estremo sul da Africa entre os Oceanos Atlântico e Indico, com 2798 quilómetros de litoral. É limitado pela Namíbia, Botswana e Zimbabwe ao norte; Moçambique e Swazilândia a leste; e com Lesotho, um enclave totalmente rodeado pelo território Sul Africano, A constituição reconhece 11 línguas oficiais. 4.1.Contexto sócio-histórico e político da Africa do sul O acto da África do Sul aprovada pelo Parlamento britânico em 1909 uniu as colónias britânicas de auto-governo do Cabo, Natal, Rio Orange e Transval para a União da África do Sul, um domínio dentro da comunidade britânica. A Lei, que serviu de constituição da União até 1961, estabeleceu um regime parlamentar ao longo das linhas do modelo Westminster, composto por uma casa directamente eleita da Assembleia e um Senado eleito indirectamente. 2 No entanto, apenas homens brancos poderiam ser eleitos para o Parlamento, e por conta disso, surgiram movimentos como o Congresso Nacional Africano (ANC), esta organização foi fundada inicialmente como o Congresso Sul-Africano Nativo Nacional (SANNC) em 8 de Janeiro de 2 http://www.electionsresources.org/za/2004. Acedido no dia 20 de Agosto de 2016. 1912, em Bloemfontein, com o objectivo de lutar pelos direitos dos negros sul-africanos. A organização foi rebaptizada como ANC em 1923 3 . A situação agravou-se apos as eleições gerais de Maio de 1948, em que o Partido Nacional-de base Afrikaner (PN) e seus aliados garantiram uma maioria dos assentos na Assembleia da República, apesar de receber menos votos do que o governista Partido Unido (PU). O Partido Nacional chegou ao poder com uma plataforma de estrita separação entre as raças, chamado apartheid em Africâner-literalmente, "distanciamento". Sob o apartheid, as políticas de segregação e discriminação raciais existentes foram codificadas e ampliadas, para cobrir todos os aspectos da vida na África do Sul. Em Janeiro de 1989, P. W. Botha sofreu um derrame. Em Fevereiro, ele deixou o cargo de líder do PN, mas manteve sua posição como chefe de governo. F. W. de Klerk, Ministro da Educação e líder da PN no Transvaal, foi escolhido para suceder Botha como líder do partido. Botha renunciou ao cargo de Presidente do Estado em agosto, depois de um período de dissensão cada vez mais aberto entre ele e de Klerk, o Gabinete, e parlamentares PN; Na Africa do Sul a transição para a democracia ocorreu de forma negociada, mas a sua lógica parece mais próxima do modelo de transição por afastamento voluntário do que o de transição por transacção. 4 Quando o presidente de Klerk deu início ao processo de transição, em Fevereiro de 1990 anunciou entre outras medidas, o levantamento das proibições ao ANC, o Partido Comunista Sul-Africano (SACP), o PAC, e outras organizações ilegais. Em agosto, o ANC suspendeu a luta armada que tinha lançado em 1961. Apos várias incursões, militares bem como na mesa de negociações, foi alcançado um acordo em Junho de 1993 para a realização das primeiras eleições gerais inclusivas na África do Sul no dia 27 de Abril de 1994. As eleições foram realizadas sob uma constituição provisória, aprovada em 18 de Novembro pela conferência multipartidária, e pelo Parlamento Europeu no dia 22 de Dezembro. A Constituição interina - Lei 200, de 1993, estabeleceu uma Assembleia Nacional eleita por representação proporcional, e um Senado eleito indirectamente pelas legislaturas de nove províncias recém- 3 http://www.sahistory.org.za/organisations/african-national-congresss-anc#sthash.SzQi4Ejp.dpuf acedido no dia 14 de Agosto. 4 Ibdem estabelecidas. As eleições para as legislaturas provinciais seriam realizadas ao mesmo tempo com as eleições para a Assembleia Nacional. 5 Com base nos acordos alcançados entre o governo NP e o ANC, em Fevereiro, o novo governo é composto por representantes de todos os partidos com mais de cinco por cento dos votos e iriam tomar decisões por consenso. Os dois maiores partidos, ou qualquer partido que recebeu mais de vinte por cento dos votos teria direito a designar um Vice-Presidente. Este governo de unidade nacional serviria para um mandato de cinco anos. UmConselho Executivo de Transição (CET) com representantes de cada partido foi estabelecido para supervisionar as eleições; uma Comissão Eleitoral Independente (IEC) foi criada para administrar, monitorar e certificar as eleições nacionais e provincial de1994. 5. Quadro constitucional e legal Na Africa do Sul há uma série de Leis e Regulamentos que são relevantes para a Eleitoral Comissão, como a Constituição da República da África do Sul, a electoral comission Act, a Lei Eleitoral e o Governo local: Municipal Eleitoral Aja. Além desses Atos também existem regulamentos que fornecem orientações sobre a execução de mandato e funções da Comissão Eleitoral A Constituição interina de 1993, bem como a Constituição adoptada em 1996 estabelecem um sistema eleitoral de representação proporcional, com objectivo de inclusão politica. De acordo com esse sistema, os partidos políticos apresentam listas de candidatos (para a Assembleia Nacional e para as nove legislaturas provinciais) ao eleitorado. Neste sistema, não há um limite mínimo que os partidos devam obter, assegurando-se assim a máxima proporcionalidade da representação. O Presidente e os deputados da Assembleia Nacional assim como os membros das Assembleias Provinciais são eleitos para um mandato de cinco anos. A Constituição também estabelece que a duração da legislatura da assembleia e o mandato do Presidente da República são de cinco anos. O Presidente é eleito pelos membros da Assembleia Nacional (câmara baixa), Uma vez eleito, o presidente deixa de ser membro do parlamento, embora mantenha o direito de se dirigir a ele e responder a questões, o Presidente designa os ministros e vice-ministros dentre os membros do 5 Ibdem Nelson T. Vetevene Highlight parlamento, sendo que ao contrário do Presidente, os ministros e vice-ministros mantem os seus assentos e são formalmente responsáveis perante Assembleia Nacional. 6 O presidente pode ser reeleito, mas não pode acumular mais de dois mandatos consecutivos. A atribuição de assentos obedece ao número de votos que um partido recebe que ira traduzir-se numa proporção dos assentos na Assembleia Nacional, primeiro a nível provincial e depois a nível nacional. Cada assento representa uma quota de votos. E faz-se através da divisão do número total de votos pelo número total de assentos. Lodge apud Southhall, os assentos são colocados a cada partido conforme o numero de votos, usando-se a cota Droop, com os assentos não ocupados na primeira divisão sendo distribuídos por meio do método das maiores sobras. É desta maneira que são preenchidos os 400 assentos da Assembleia Nacional. No caso das eleições legislativas provinciais as quotas são determinadas para cada província, pelo número total de votos da província e o número total de assentos disponíveis para aquela província. No que toca a nível nacional a cota é determinada pelo número total de votos no país e o número total de assentos disponíveis. Basedau afirma que apesar da fórmula eleitoral usada na Africa do Sul visar maior proporcionalidade na representação, ainda é difícil alcançar este objectivo, pelo facto do comportamento de voto ser fortemente influenciado por conflitos históricos, como ilustra o partido no poder (ANC) que goza de um enorme prestígio devido a sua luta anti apartheid, aliado a questão étnica que pode ter uma certa influência. O sistema político eleitoral sul-africano é caracterizado pela estabilidade da legislação eleitoral e da autonomia do órgão responsável pela organização das eleições. Este órgão obedece aos princípios constitucionais que o criaram e as demais leis infraconstitucionais que fixam o seu modus operando, como é o caso da acta eleitoral 51 de 1996. 6. História eleitoral e partidos políticos Com a queda do Apartheid realizam se na Africa do Sul as primeiras eleições gerais e inclusivas dia 27 de Abril de 1994. Estas eleições foram realizadas com base na constituição provisória, aprovada em 18 de Novembro que dentre outras questão estabelecia que as eleições para as legislaturas provinciais seriam realizadas ao mesmo tempo com as eleições para a Assembleia Nacional. 6 Roger Southhall, Sistema Eleitoral e Ideologia política: uma experiência nova. Nelson T. Vetevene Highlight 6.1.As primeiras eleições presidenciais e legislativas não raciais de 1994 7 As eleições foram ganhas pela ANC com 62,6% dos votos, assegurando 252 dos 400 assentos na Assembleia Nacional. O NP ganhou 82 assentos com 20,4%, enquanto o IFP obteve 43 assentos, com 10,5%. O FF, o DP, o PAC e o Partido Democrata Cristão Africano (ACDP) compartilharam os restantes 23 assentos. O ANC ganhou sete das nove províncias; NP ganhou no Cabo Ocidental, enquanto KwaZulu Natal foi ganha pelo IFP. E em 9 de maio de 1994, a Assembleia Nacional elegeu, por unanimidade Nelson Mandela Presidente da África do Sul. Estas eleições contaram com cerca de 22,7 milhões de inscritos e a participação este nos 87%. 6.2.As eleições presidenciais e legislativas gerais de 1999 Para estas eleições foram inscritos 18,1 milhões de eleitores e a participação foi de 89% do total dos inscritos. O ANC venceu com 66% dos votos correspondentes a 266 assentos, o PD ficou com 9,4% dos votos correspondentes a 39 assentos, o Intakha Feedom Party (IPF) obteve 8,6% dos votos correspondentes a 34 assentos e o Movimento Democrático Unido (UDM), criado em 1997 por dissidentes do ANC, obteve 3,4% dos votos correspondentes a 14 assentos na Assembleia Nacional. 6.3.As eleições presidenciais e legislativas de 2004 Estas eleições contaram com 20,6 milhões de inscritos e a participação foi de 76%. Mais uma vez o ANC sagrou se vencedor detendo 69,7% dos votos correspondentes a 76 assentos, a Aliança Democrática (DA) obteve 12,8% dos votos correspondentes a 50 assentos, o IPF obteve 6,9% do total dos votos correspondentes a 28 assentos, o UDM com 2,3% dos votos correspondentes a 9 assentos e o NNP com 1,6% dos votos correspondentes a 7 assentos. Estes resultados asseguraram um segundo mandato de Thabo Mbeki na chefia do Estado. 6.4.As eleições presidências e legislativas de 2009 Estas eleições realizaram se a 22 de Abril de 2009, em que se consagra vencedor o ANC com 65,9% dos votos, assegurando a presidência do país a seu candidato Jacob Gedleyinhlekisa Zuma esta nomeação que foi uma surpresa, pois este candidato constituia uma grande Ressureição politica pelo facto de em 2005 ter sido destituido do seu cargo de vice-presidente pelo presidente, Thabo Mbeki sob suspeitas de cobranças de propinas na compra de navios de geurra estranmgeiros, segundo o PUC Minas (2009). A Aliança Democrática ficou com 16,68% dos votos, seguido pelo Congresso do Povo, formado por dissidentes do ANC, com 7,42% dos votos. A taxa e participação eleitoral foi de 77,3% dos 23 milhões inscritos. 6.5.As eleições presidenciais e legislativas gerais de 2014 7 http:/ / www.G1.globo.com. G1Mundo–Noticias–eleições na Africa do Sul desde o fim do aparthaid 22/04/09 – 13h28 Esta eleição foi a quinta eleição Nacional do país desde a queda do regime do Aparthaid e foram realizadas a 07 de Maio de 2014 para a eleição dos novos membros da Assembleia Nacional e as Novas legislaturas provinciais. Esta foi vencida pelo ANC que deteve 62.1% dos votos validos correspondentes a 249 lugares na Assembleia Nacional, o partido de Hrlen Zille, Aliança Democrática deteve 22% dos votos, correspondentes a 89 assentos, mantendo o seu estatuto de partido oficial de oposição, e em terceirolugar ficou o Partido liderado por Julius Malema, antigo líder da juventude do ANC, o Partido dos Combatentes da Liberdade Económica “Economic Freedom Fighters” com 6.4% dos votos correspondentes a 25 assentos. No que diz respeito as eleições Provinciais o ANC venceu em 8 das 9 províncias Sul Africanas, tendo se colocado em segundo lugar no Cabo Oriental, onde a DA se sagrou em primeiro lugar e o Partido dos Combatentes da Liberdade Económica obteve 10% a mais dos votos em Gauteng, Limpopo e no Noroeste. Os historial dos resultados eleitorais da para a composição da Assembleia Nacional bem como do presidente da República desde o inicio das eleições democráticas ate aos dias de hoje tem demonstrado que a dominação do principal partido tem declinado, isso devido aos escândalos de corrupção que tem assolado o 7. Órgão de Administração Eleitoral nas Eleições Municipais A independent electoral comission na sua página oficial apresenta os seguintes resultados dos processos eleitorais municipais: 7.1.Eleições de 1995 e 1996 As primeiras eleições municipais foram realizadas em 1 de Novembro de 1995, na maior parte do país, mas as eleições foram adiadas para 29 de Maio de 1996, pois em 1995 houve disputas sobre demarcação em algumas partes, portanto, houve um atraso em algumas partes do país que resultou nas eleições municipais a ser realizada em 1996, em outras partes do país onde havia disputas de demarcação. Nestas eleições o ANC deteve 58,02% dos votos, o partido Nacional obteve 18.02% dos votos, o Inkatha Party deteve 8.73% dos votos, o partido democrata deteve 3.48% dos votos, a Frente da liberdade com 2.66% dos votos. 6.2 Eleições municipais de 2000 Estas eleições tiveram lugar a 5 de Dezembro de 2000 para eleger membros dos conselhos administrativos locais nos municípios. Os resultados da votação popular obtidos pela soma dos votos da ala e as cédulas municipais de representação proporcional foram as seguintes: o ANC deteve 59.4% do total dos votos, a DA com 22.1% e o IFP com 9.1% dos votos, o UDM obteve 2.6% dos votos, o ACDP 1.3%, o PACA com 1.2% do total dos votos. 7.2.Eleições municipais de 2006 Estas eleições foram realizadas a 1 de marco, onde participaram todos partidos políticos principais com excepção do SACP que são membros da aliança tripartida, apresentaram candidatos na eleição. Tendo se consagrado como vencedor o ANC que deteve a maioria dos assentos em todo o pais com um total de 66.3% dos votos, a oposição oficial, Aliança democrática deteve 14.8% dos votos a nível nacional, o Zulu baseados no Inkatha Freedom party detiveram 8.1% do total dos votos e os democratas independentes com 2 % dos votos, colocando se no quarto lugar entre os principais partidos. 7.3.Eleições municipais de 2011 Estas realizaram se a 18 de Maio de 2011 para a eleição de novos conselhos municipais para todo o país em que foram registados 23, 65 milhões de eleitores, tendo se registado uma taxa de participação efectiva de 13,66 milhões de eleitores representando uma participação de 57,64%, tornando se o maior numero de eleitores desde a primeira eleição municipal. O resultado destas eleições foi marcado por um declínio no apoio ao ANC e um aumento no apoio a DA. O ANC obteve 69.4% do total dos votos, a DA obteve 15.3% e o IFP com 5.2% dos votos, o FNP com 3.4% do total dos votos. 7.4.As eleições autárquicas de 2016 8 Estas eleições podem ser consideredas históricas pois representam uma grande queda da popularidade do ANC e do seu candidato Zuma, que domina a vida politica do país desde as primeiras eleições democráticas de 1994. O ANC apesar de ter sido a força politica mais votada a nivel nacional, com 53,9% contra a Aliança Democrática, a sua prestação nestas elições é considerada a sua maior derrota de sempre, tendo perdido a capital Pretória assim como a zona Metropolitana de Nelson Mandela Bay, mantendo o seu controlo em Joanesburgo numa percentagem de 45% contra 38,4% do DA. Porem, apesar da DA ter vencido na capital, com 43,1% contra 41,55 do ANC, a Aliança Democratica precisará do apoio dos deputados municipais do EFF (11,6%), para chegar à maioria. O mesmo se passa com Nelson Mandela bay. So somando aos 5% do EFF aos seus 46,7% sera possivel ao DA Governar com estabilidade. Em joansburgo, onde o EFF obteve 11%, devera ser o ANC a estender a mão a Malema 9 . Esses resultados ilustram de forma clara o desempenho da Independent Electoral Comission ao longo dos vários processos eleitorais. O ANC partido que dominou o cenário eleitoral durante as primeiras 3 eleições municipais tem vindo a decair desde as eleições municipais de 2011, tendo este declínio se acentuado nas ultimas eleições municipais de 2016, isto demonstra a imparcialidade dos órgãos de gestão eleitoral na condução do processo eleitoral, pois diferente da percepção existente entre alguns actores, que esta beneficiava o ANC, os resultados que favorecem os partidos da oposição devido a insatisfação dos eleitores provam o contrario. 8 GOUVEIA, José Fialho. ANC perde Pretória e Mandela Bay. Malema surge como peça Chave. 07 de Agosto de 2016 01h35min. Disponível em: www.dn.com. pt . Acesso em: 03. Set. 2016. 9 8. Composição do Órgão de Administração Eleitoral (Independent Electoral Commission) A Comissão Eleitoral Independente é estabelecida nos termos do Capítulo Nove da Constituição como uma das instituições do Estado ao serviço da democracia constitucional 10 . A estrutura da Comissão como um organismo autónomo é garantida pela Lei da Comissão Eleitoral 51 de 1996. A Comissão é composta por cinco membros (um dos quais deve ser um juiz), nomeados pelo Presidente da Republica 11 . O órgão de administração eleitoral da Africa do sul é do tipo Especializado, por isso, os seus comissários são nomeados a partir de uma lista de pelo menos, oito nomes apresentados por um painel de especialistas. Este painel é constituído pelo Presidente do Tribunal Constitucional, e os representantes de cada uma das seguintes instituições; Comissão de Direitos Humanos; o Protector Público e da Comissão sobre a Igualdade de Género (Comissão Eleitoral Act 51 1996). Os indicados por este painel de peritos devem ser aprovados por uma comissão da Assembleia Nacional, proporcionalmente composta por todos os partidos políticos representados na Assembleia e ainda devem ser aprovados por uma resolução da maioria dos membros da Assembleia. Os Comissários devem ser especialistas em matérias de gestão eleitoral, não devem possuir um grande envolvimento ou perfil político e são nomeados por um mandato de sete anos. Os membros do IEC podem ser removidos por má conduta, incapacidade ou incompetência do Presidente sobre uma resolução da Assembleia Nacional. A remoção deve ser iniciado pela Justiça Eleitoral e o membro deve primeiro ser achado em falta por uma comissão da Assembleia Nacional antes da própria Assembleia entretém a resolução de remoção (Comissão Eleitoral Act 51,1996). A Comissão Eleitoral é responsável perante a Assembleia Nacional e os relatórios sobre as suas actividades e o desempenho das suas funções para a Assembleia pelo menos uma vez por ano. As decisões da Comissão sobre questões eleitorais estão sujeitas a revisão pelo Tribunal 10 http://www.plato.org.za/pdf/legislation/Constitution%20of%20the%20Republic%20of%20South%20Africa%20%20 1996.pdf acedido no dia 22 de agosto de 2016. 11 Lei da Comissão eleitoral 51 1996. Eleitoral 12 . A administração da Comissão é gerida por um Director do Processo Eleitoral, que é nomeadopela Comissão. O Director do Processo Eleitoral, em consulta com a Comissão nomeia outros oficiais da Comissão. A Comissão determina as condições de serviço e remuneração dos seus funcionários. 8.1. Funções, Responsabilidades e Atribuições da (IEC) As funções, Responsabilidades e Atribuições da Comissão estão fixadas no artigo 190 da Constituição e na acta 51 de 1996 da comissão Eleitoral. Esta acta estabelece: Gestão de eleições livres e justas; Compilando lista de eleitores e verificar o registo da população, que é preparado pelo Departamento de Assuntos Internos; Registo dos partidos políticos para assegurar a sua conformidade com a Constituição; Promover condições favoráveis à realização de eleições livres e justas; Realizar pesquisas sobre questões eleitorais; Gerenciar eleições dos órgãos legislativos nacionais, provinciais e municipais; Assegurar que essas eleições sejam livres e justas; Declarar os resultados dessas eleições; Compilar e manter um rolo dos eleitores; Compilar e manter um registo das partes; Realizar e promover a investigação sobre questões eleitorais; Desenvolver e promover o desenvolvimento de conhecimentos eleitoral e tecnologia em todas as esferas de governo; Avaliar continuamente as leis eleitorais e as leis eleitorais propostas e fazer recomendações; Promover a educação dos eleitores; Declarar os resultados das eleições para os órgãos legislativos nacionais, provinciais e municipais dentro de sete dias; Nomear as administrações públicas apropriadas em qualquer esfera de governo para realizar eleições quando necessário. 12 IEC "Annual reports - IEC", [www] http://www.elections.org.za/content/About-Us/IEC-Annual-Reports/ ( ). Acessado no dia 19 de Agosto de 2016. 8.2.O órgão de administração eleitoral no processo eleitoral de 1994 As primeiras eleições não raciais realizadas na Africa do Sul em 1994, contaram com uma Comissão Eleitoral Independente (IEC), que foi posteriormente rebaptizada, de Comissão eleitoral independente da Africa do Sul, mantendo a mesma designação de IEC (1996), foi criada em (1993) para administrar, monitorar e certificar as eleições nacional e provincial de 1994, ( ato de Comissão eleitoral independente de 1993). A CEI também seria responsável por promover a conduta livre e justa das eleições e o processo de campanha em torno delas. Nas eleições de 1994 a Comissão Eleitoral Independente tinha na sua composição 16 comissários em tempo integral, 11 dos quais eram Sul-Africanos e cinco recrutados do exterior. A Comissão Eleitoral Independente foi composta de tal forma que seus membros representassem um corte transversal da população. Nenhum destes Comissários tinha um elevado perfil político-partidário reforçando o princípio da neutralidade do processo eleitoral. A Comissão Eleitoral Independente foi autorizada a agir em total independência de qualquer agência de governo. Para assistir a Comissão Eleitoral, o acto previu uma grande burocracia. Isto incluiu três direcções para administração, monitoramento e julgamento das urnas: uma direcção de controlo coordenando as actividades dos monitores e observadores (locais e internacionais) e investigando quaisquer violações do código de conduta eleitoral. A Secretaria de adjudicação coordenou o trabalho dos tribunais eleitoral e a justiça eleitoral 13 A CEI foi financiada através de uma alocação parlamentar especial para as eleições de 1994, e a Comissão foi dissolvida na conclusão dos seus trabalhos no final de 1994. 8.3.O processo de reforma do órgão de administração eleitoral em 1996 14 A lei da comissão eleitoral de 1996 estabeleceu a nova CEI como um órgão permanente encarregado de "reforçar a democracia constitucional e promover processos eleitorais democráticos". A Comissão assumiu o mesmo título de seu antecessor, o CEI, e herdou sua logomarca e muitos dos seus gestores. A reformulação da Comissão viu a nomeação dos cinco comissários, um dos quais seria um juiz. Os comissários são nomeados por um Comité representativo de todos os partidos na Assembleia Nacional. Este comité deve considerar oito 13 BOOYSEN & MASTERSON , (2009). 14 Ibidem. candidatos escolhidos por um painel presidido pelo Presidente do Tribunal Constitucional e composta dos candidatos da Comissão de direitos humanos, a Comissão de género e o protector de público. Recomendações do Comité são avaliadas e, finalmente, ratificadas por maioria de votos na Assembleia Nacional. Em 1996 também foi formalmente exigido que, no momento da nomeação do candidato para a CEI a pessoa não deve ter um alto perfil político. Com a CEI foi estabelecido como um órgão permanente desde 1997, os mesmos membros da Comissão de cinco levaram a CEI para as eleições nacionais e provinciais de Abril de 2004. (Os cinco membros da Comissão são eleitos por um período de sete anos). Embora, a legislação tenha concedido a CIE a responsabilidade de julgar as disputas, a adjudicação e monitoramento divisões da CEI anterior caiu em 1997. O CEI já recebeu outras tarefas e responsabilidades, incluindo a: Compilação de rolo de eleitor; Revisão da legislação; e Condução de educação eleitoral em grande escala. 8.4.Órgão de administração eleitoral: Processo e Reforma Eleitoral de 1999 15 De 1996 até 1999, o IEC empregou um pequeno número de pessoal permanente, com a intenção de recrutamento de voluntários e agentes temporários, como funcionários eleitorais locais (LEO) em períodos de pico, como para as unidades de registo e o processo de votação. As tensões entre a CEI e Departamento de Assuntos Internos, que sentiu que o papel da CEI deve ser circunscrito ao acompanhamento e assistência técnica (com uma pequena equipe de apoio apenas para a Comissão). No entanto, a legislação aprovada em 1996 deu o CIE um papel muito mais importante na administração das eleições. Esta disputa entre a CEI e Departamento dos Assuntos Internos tinha suas raízes no período pré- 1994, quando eleições sob o regime do apartheid foram realizadas por meio do Departamento de Assuntos Internos. A disputa entre os dois órgãos afectados sobre os preparativos para as eleições da África do Sul 1999. 15 BOOYSEN & MASTERSON ,(2009). O impacto mais significativo em causa foi a situação financeira da CEI, com orçamentos constantemente a ser revistos, e o mandato da CEI mudando para uma base regular, sem a contribuição da Comissão para essas decisões. Em Março de 1998, a CEI foi informado que seria responsável pela preparação de rolo de eleitor e da administração das eleições nacionais de 1999. Ele teria uma dotação orçamental de R500 milhões (US $ 86 milhões), mais tarde aumentou para R600 milhões (US $ 103,6 milhões), que se traduziram em cerca de dois terços do custo das eleições de 1994. 8.5.Órgão de administração eleitoral no processo Eleitoral de 2004 16 Em 2004, o desempenho CEI no processo eleitoral foi muito mais suave do que tinha sido para as eleições de 1999, principalmente devido à retenção da comissão de ambos pessoal eleitoral permanente e temporária, e um processo de dotação orçamental mais fácil. Recrutou oficiais eleitorais municipais voluntários para prestar assistência em cerca de 17 000 estações de voto em todo o país. Um total de 215 000 voluntários foram recrutados. Órgão de administração eleitoral: no processo eleitoral de 2009 As responsabilidades da CEI para as eleições de 2004 e 2009, permaneceu praticamente a mesmaque em 1999, com as suas responsabilidades primárias focado na administração do processo de recenseamento eleitoral, a formação do pessoal eleição temporária e, em particular oficiais eleitorais, a gestão dos partidos políticos processos de participação, e em ligação com e coordenação de observadores e monitores locais e internacionais. Programas de educação eleitoral e eleitores foram conduzidos principalmente por organizações da sociedade civil, embora a CEI também facilitou e conduziu programas substanciais. A CEI anunciou a eleição 2009 calendário formal no final de Fevereiro de 2009. Ela novamente empregou mais de 200 000 agentes temporários para gerenciar os processos de votação. A comissão foi amplamente elogiado pela gestão da eleição de 2009. Várias áreas para melhoria futura foram destacadas. 16 Ibdem. 9. Operações Técnicas das Eleições As operações técnicas realizadas pela Independent Electoral Commission são um dos factores cruciais para a neutralidade e transparência do jogo eleitoral. 9.1.Recenseamento Eleitoral 17 Na Africa do sul como em muitos países, o recenseamento eleitoral é um requisito necessário para poder se exercer o direito de voto e só é necessário recensear se uma vez, excepto em casos em que o individuo mude ou saia dos seus limites de votação distrital. Dessa forma, no decorrer das eleições municipais e das eleições parciais, o cidadão deve votar na mesa de voto em que esta inscrito, por isso é importante registrar se novamente sempre que se mover ou seus limites distritais de voto mudarem. Requisitos para o recenseamento eleitoral: Ser cidadão sul-africano; Ter no mínimo 16 anos de idade (mas só pode votar a partir dos 18 anos de idade); Ter um livro verde de identificação de código de barras; Ou um certificado temporário de identidade (TIC) válido. Quando e como recensear-se? Para processo de recenseamento eleitoral pode fazer se uma nomeação para solicitar o registro durante o expediente no escritório da IEC responsável pelo distrito eleitoral. Tem que se, sempre, telefonar para marcar uma consulta. Para a efectivação do recenseamento, é exigido por lei que a pessoa faça-se presente aos escritórios IEC (não há recenseamento on line ou por e-mail); Portar o livro verde de identificação de código de barras; Portar o smart card ID; Ou um certificado temporário de identidade (TIC) válido. Seguido esse passo, o cidadão é dado um adesivo que será colocado no formulário especial devidamente preenchido. O que não quer dizer que a partir deste momento já se encontra registrado, o recenseamento so se efectiva apos o processamento do aplicativo que leva 7 dias uteis. Consulta do registro Apos estes 7 dias, o cidadão pode fazer a consulta do seu registro da seguinte forma: 17 http://www.elections.org.za/content/for-voters/how-do-I-register-/. Acessado em: 22.09.2016 Através do envio de um SMS com o seu número de ID para o 32810; Descarregando uma aplicativo por telemóvel e entrar com o seu numero de ID; Através de uma verificação on line; Verificando no local da inscrição depois dos 7 dias; Verificar no escritório no escritório local do IEC nas horas uteis. 9.2.Voto, contagem e apuramento dos resultados 18 No contexto Sul-africano, o processo de votação e contagem dos votos ocorre no mesmo local, com o mesmo pessoal após o processo de votação for imediatamente fechada. As únicas excepções são com as estacões móveis de votações, onde a contagem tem lugar no último ponto de parada da rota móvel, ou se a comissão tem uma decisão contrária. No caso em que a contagem não tem lugar no mesmo local onde ocorreu o processo da votação, a verificação é muito importante como primeiro passo no processo de contagem, a razão disto é pelo facto das urnas serem transferidas para locais deferentes e neste contexto a contagem oficial deve assegurar a verificação destes se os selos não foram adulterados. A contagem dos votos começa em cada posto de votação, em que na presença de observador, as urnas inumeradas e seladas são abertas para o processo de contagem, os resultados globais de cada posto são trabalhados usando um sistema de computador que se encontra nos locais de controlo da IEC. Muito antes do processo de contagem dos votos começar são feitos os seguintes processo: Verificam-se as urnas recebidas usadas e não usadas Verificam-se as urnas abertas, células dobradas e colocados em separado Classificação das células marcadas por Selo Registro de total de células assinados por representante dos partidos 18 http://www.election.gov.np/ecn/uploads/userfiles/StudyVisitReportofSA2016.pdf: acessado no dia 24 de Agosto de 2016. 9.3.No curso de contagem O agente de segurança é informado para evitar o acesso e saída do local de contagem; Se possível as portas ficam fechadas; Não são permitidos qualquer tabela nem uso de conatas; Sem usos de telefones celulares (todos devem estas desligados); Todas as decisões tomadas pelo director de contagem são finais, e qualquer pessoa pode apresentar uma objecção em tendo em contas parâmetros legais. 9.4.No posto de contagem são permitidas as seguintes pessoas: O oficial de contagem dos votos; Director adjunto de contagem; Equipe de contagem; Observadores; 9.5.Candidatos Um membro da comissão e um oficial da comissão eleitoral. O número de candidatos que serão permitidos dentro da estação de contagem é limitado pelo oficial contagem, usando seu poder discricionário, regulamentação e tamanho da configuração do local de contagem. Nenhuma pessoa tem permissão para deixar a estação contagem antes de o processo de contagem for concluída e finalizada. Se ocorrer algum debate, a decisão do director de contagem é final. O oficial de contagem deve informar todos stackholders e funcionários que se encontram na estação da contagem e delinear a abordagem a ser seguida. No processo de votação os eleitores são encorajados a usar uma cruz (x) para marcar a cédula, mas qualquer marca, desenho ou palavra é aceitável, desde que indica a escolha dos eleitores. A única excepção é quando o eleitor escreveu um "não" contra um nome de um partido candidato. Neste caso, a cédula não é contada em favor de qualquer partido candidato. No entanto, se o boletim de voto é escrito "sim", então o voto deve ser contado a favor do partido candidato contra a qual a marca tenha sido feita. 9.6.Anúncio dos Resultados O processo de anúncio dos resultados começa assim que a votação tenha sido concluída. Cada passo do processo é cuidadosamente verificado e auditado - a partir da contagem e de gravação de votos para o digitalização e captura de resultados, culminando com o anúncio de os resultados finais da eleição. Os resultados de cada estação são anunciados assim contagem for concluída e os representantes dos partidos políticos assinaram a resultados. A declaração dos resultados acontece depois de todos os resultados de todas as estações de voto tenham sido recebidos a nível nacional, ou seja, depois de todos os resultados terem sido electronicamente capturados, auditado e verificado. Este processo conclui-se com o anúncio dos resultados num período de 7 dias contando a partir do dia das eleições. O mais cedo possível após o anúncio, dos resultados detalhados é publicado no Diário do Governo. 9.7.Mecanismos de Resolução de conflitos eleitorais Em caso de conflitoeleitoral que pode afectar os resultados das eleições, o protesto de deve ser apresentado antes das 17:00 (dezassete horas), do segundo dia após a votação. A IEC investiga a irregularidade cometida, e própria decide o que fazer sobre o caso e a decisão é tomada dentro de 3 (três) dias após o recebimento da irregularidade. Caso o lesado não estiver satisfeito com a decisão da IEC, um apelo é feito no tribunal eleitoral no prazo de 3 (três) dias a contar da data da decisão do IEC, depois de todas irregularidades forem sanadas o IEC anuncia os resultados finais dentro de 7 dias, na prática a IEC consegue anunciar os resultados no terceiro dia após as a votação mas por causa destas situações os resultados só podem ser apresentados depois de 7 dias. 9.8.O Papel do Tribunal Eleitoral na sua relação com a Comissão Eleitoral Independente A Electoral Comission Act 51 de 1996, no seu capítulo 5 estabelece que existe o tribunal eleitoral com o status do tribunal supremo. Composição do Tribunal Eleitoral O Tribunal Eleitoral é composto pelos seguintes membros nomeados pelo Presidente sobre a recomendação da Comissão do Serviço Judicial: • Um Presidente, que é um juiz da Divisão de Apelação do Supremo Tribunal, e outros dois juízes do Supremo Tribunal; • Dois outros membros que devem ser cidadãos Sul-Africanos. Competências, deveres e funções do Tribunal Eleitoral • O Tribunal Eleitoral pode rever qualquer decisão da Comissão relativa a uma matéria eleitoral; • Qualquer revisão deve ser efectuada de forma urgente e mais rápido possível; • O Tribunal Eleitoral pode ouvir e determinar sobre um recurso contra qualquer decisão da Comissão na medida em que a decisão diz respeito à interpretação de qualquer lei ou qualquer outra questão para a qual o recurso é previsto por lei; • Não existe qualquer recurso que pode ser ouvido, salvo com a autorização prévia do presidente do Tribunal Eleitoral concedida a pedido, no prazo e na forma determinada por esse tribunal; • O recurso deve ser ouvido, considerado e sumariamente determinado sobre submissões escritas apresentadas no prazo de três dias após a licença para recurso for concedido em termos da alínea anterior; O Tribunal Eleitoral pode determinar a sua própria prática e os procedimentos e produzir as suas próprias regras. A Justiça Eleitoral deve: • Estabelecer regras em termos das quais as disputas eleitorais e reclamações sobre infracções do Código de Conduta Eleitoral; • Determinar quais os tribunais de justiça são competentes para conhecer os litígios particulares e queixas sobre infracções e recursos contra decisões decorrentes dessas audiências; • O Tribunal Eleitoral pode ouvir e determinar qualquer assunto que diz respeito à interpretação de qualquer lei submetida pela Comissão. • O Tribunal Eleitoral pode investigar qualquer alegação de conduta imprópria, incapacidade ou incompetência de um membro da Comissão e fazer qualquer recomendação a comissão da Assembleia Nacional. O Director-Geral: Justiça deve fornecer o alojamento necessário, administração e apoio financeiro para a Justiça Eleitoral. 10. Actividades Extra da IEC Segundo o relatório anual da IEC (2015), diferentes programas são conduzidos pela comissão eleitoral de modo a educar e informar o público sobre a democracia e processo eleitoral tais como: Educação Cívica Democrática Este programa tem como objectivo incentivar a cidadania activa e informa-la sobre a participação cívica e significativa, não somente antes, mas depois e entre as eleições. A educação cívica democrática é um imperativo para uma eleição livre e justa, programas como estes são projectados para gerar diálogo permanente e aprofundar o discurso sobre conceitos gerais da sociedade democrática. Este tipo de programas é parte integrante da comissão eleitoral para promover um ambiente propício para eleições livres e justas. Semana de Democracia Escolar A comissão eleitoral tem um acordo de 3 (três) anos, com o departamento de educação básica para facilitar programas de democracia nas escolas, que tem a intensão específica de aumentar a participação dos jovens na democracia escolar no currículo. O objectivo da semana escolar é educar os alunos sobre os valores democráticos e os processos eleitorais. Educação Cívica e Democrática para as Comunidades A comissão eleitoral promove actividades e oferece apoio educacional nas comunidades, tal educação tem retornos imediatos do número de eleitores na lista dos eleitores. A larga escala de campanha educacional para as comunidades auxilia na mobilização das comunidades para participar no escrutínio e praticar seus direitos e responsabilidade cívica e política, mas estas campanhas de educação cívica e moral tende a intensificar-se no período que antecede as eleições e são movidas por funcionários permanentes e temporários da comissão eleitoral bem como através de programas de colaboração com parceiros estratégicos e stackholders. Fórum de Aplicações Moveis Antecedência em relação às eleições nacionais e provinciais de 2014, a Comissão Eleitoral desenvolveu uma série de aplicações móveis práticos e divertidos (apps), tendo como alvo os eleitores jovens, em particular. Um aplicativo do eleitor móvel permitido eleitor para verificar o seu estado de registo, encontre uma estação de votação, e manter-se actualizado com notícias eleição. A IXSA livre (eu voto África do Sul) jogo - disponível para as plataformas Apple iOS e Andróide, bem como no Facebook - os usuários autorizados a criar e projectar seus próprios personagens, e, em seguida, marcar pontos, interagindo com uma experiência de dia de eleição 3D. Fórum Nacional de Coordenação de Organizações da Sociedade Civil Como indicado acima, a Comissão Eleitoral conta com parcerias estratégicas com um amplo leque de formações a fim de aprofundar os seus esforços para aumentar o conhecimento e as habilidades, e nutrir os valores e as atitudes necessárias para consolidar a democracia constitucional. Fórum de Coordenação Nacional da Comissão Eleitoral (NCF) é um organismo guarda-chuva sob o qual a Comissão Eleitoral reúne OSC (organizações não-governamentais, comunidade e organizações baseadas na fé, e as autoridades tradicionais), para efeitos de coordenação dos esforços três áreas: educação cívica e de democracia, de observação eleitoral e de gestão conflito. Durante o período do relatório, a NCF continuou a reunir e discutir maneiras em que estas questões poderão ser reforçadas. 11. Relacionamento entre o órgão de administração eleitoral (IEC) e os principais stakeholders do processo. Normalmente, o gerenciamento das partes interessadas refere-se ao estabelecimento de relações entre a Comissão Eleitoral e vários intervenientes em relação à promoção da eleitoral democracia. Através da construção de relações fortes e parcerias com estratégico interessados, a Comissão Eleitoral Independente da Africa do Sul apoia e incentiva a garantia e responsabilidade colectiva com os parceiros no fortalecimento da democracia constitucional e consolidando uma cultura de democracia. Segundo o IDEA (2014) o sucesso do compromisso de um OAE na área dos processos de reforma da lei eleitoral depende da sua capacidade de estabelecer e gerenciar uma infinidade de relações com os stakeholders que façam parte integrante de decisão ou que têm interesse no resultado do processo de reforma mais em geral. Ainda na visão do Instituto existem princípios chave para a relação entre os OAE’s (IEC) e os stakeholders: igualdade, inclusão, transparência, receptividade, compartilhamento de informação, comunicação, imparcialidadee independência. O IDEA afirma que a gestão eficaz dos relacionamentos com os principais stakeholders é importante para fortalecer a confiança e a credibilidade dos OAEs em contribuir ao quadro jurídico que rege as eleições. Ao não incluir os stakeholders nas discussȏes correm o risco de se distanciar, e criar uma barreira entre si e outros actores com interesses directos no processo. As relações entre a IEC, partidos políticos e a sociedade civil, e os meios de comunicação são regidos pelos regulamentos sobre Comissões de Ligação, o registo dos partidos é feito pelo Director do Processo Eleitoral, partidos sem representantes eleitos em estruturas estatais não podem renovar o seu registo anualmente. Sociedade Civil Segundo o relatório anual da CEI (2015) A comissão eleitoral baseia-se em parcerias estratégicas com uma gama de informações, a fim de aprofundar os seus esforços para aumentar o conhecimento e as habilidades, e nutrir os valores e as atitudes necessárias para consolidar a democracia constitucional. O fórum nacional de coordenação da comissão eleitoral é o órgão sob o qual a CEI convoca as organizações da Sociedade Civil para coordenar esforços em três (3) áreas: • Educação cívica e democrática • Observação eleitoral • Gestão de conflitos. Educação cívica e eleitoral O IEC tem a tarefa de promover "o conhecimento dos processos eleitorais democráticos " e com a promoção da educação dos eleitores; a IEC tem poderes para credenciar agentes de educação eleitoral e também financiar organizações apartidárias a frequentar o ensino no passado. Segundo o relatório anual da IEC (2015) A CEI entrou em um memorando de entendimento com a Ordem dos advogados da Africa d Sul, cujo objectivo é capacitar os alunos que fazem parte dos programas de educação e desenvolvimento. O memorando levou a um módulo para lidar com a democracia eleitoral, composta por dez (10) escolas e vários centros em todas as províncias, onde após o treinamento os profissionais vão exercer influência nas suas comunidades conduzindo a educação eleitoral aos eleitores. Observação Eleitoral A IEC credencia os observadores, nacionais e internacionais, e é emitido um código de conduta para os observadores credenciados. Os partidos registados contestando as eleições têm direito a nomear agentes para observar as operações em locais onde a votação, contagem e resultados determinações são feitas e declaradas. 12. Financiamento eleitoral dos partidos políticos A legislação actual que governa o financiamento dos partidos sul-africanos está baseada na seção 236 da Constituição de 1996, que diz: “Para fortalecer a democracia multipartidária, a legislação nacional deve estipular o financiamento dos partidos políticos que participam das legislaturas nacional e provincial de forma equitativa e proporcional”. Os princípios incrustados nessa provisão constitucional fundamentaram a aprovação pelo Parlamento da Lei 103 de 1997 de Financiamento Público dos Partidos Políticos Representados que criou o Fundo dos Partidos Políticos Representados e uma comissão parlamentar para tomar as decisões centrais. sobre a fórmula de financiamento dos partidos; a Comissão Eleitoral Independente administra o fundo. O dinheiro dado aos partidos representados deve ser para qualquer objectivo compatível com o funcionamento de um partido político, inclusive para a disputa de eleição 19 . Além de receber financiamento público nos termos da legislação pertinente, os partidos também têm liberdade para levantar fundos de fontes privadas, inclusive de fora do país: na eleição de 1994, é quase certo que o ANC recebeu financiamento de simpatizantes e governos internacionais 20 . Porém, tendo em vista a insignificância da receita da contribuição de filiados, as principais fontes de financiamento privado vêm das empresas. Infelizmente, é impossível estimar a dimensão ou a proporção desse financiamento, uma vez que os partidos não estão obrigados a revelar esses dados No que tange a prestação de contas por parte dos partidos políticos, CEI é responsável por toda a contabilidade e registro financeiro de manutenção e essas contas e registros são auditadas pelo Auditor-Geral (Comissão Eleitoral Act 51 1996). A CEI deve apresentar relatórios financeiros auditados ao Parlamento no final de cada exercício de todos os rendimentos e despesas (Comissão Eleitoral Act 51 1996). As demonstrações financeiras e o relatório devem ser apresentados ao Auditor-Geral e, no prazo de 30 dias a contar da recepção do mesmo 21 , o relatório do Auditor-Geral e documentação relacionada deve ser apresentado ao Parlamento (Public Funding of Represented Political Parties Act 1997). Os relatórios financeiros referidos acima, o presidente pode exigir por escrito dos relatórios CEI das actividades da CEI deve publicar um relatório o mais rapidamente possível após cada eleição e pode também, por sua própria iniciativa "publicar um relatório sobre a probabilidade ou não de que será capaz de garantir que toda a eleição pendente será livre e justo " (Lei da Comissão eleitoral 51 1996). 19 Steytler, Nico (2004). “The legislative framework governing party funding in South Africa”, em Khabele Matlosa (ed.), The Politics of state resources: party funding in South Africa. Joanesburgo, Konrad Adenauer Stiftung. 20 Southall, Roger e Wood, Geoffrey (1998). “Political party funding in southern Africa”, em Peter Burnell e Alan Ware (eds.), Funding Democratiation, Manchester, Manchester University Press. 21 IEC "Annual reports - Represented Political Parties Fund", [www] http://www.elections.org.za/content/About- Us/Represented-Political-Parties/ (acedido no dia 18 Agosto de 2016). O uso de TIC’s pelo Órgão de Administração Eleitoral Sul Africano 22 A Comissão Eleitoral da Africa do Sul tem feito uso maciço da tecnologia nas eleições que permite uma maior eficiência e eficácia na condução das questões eleitorais, é importante ressaltar que a comissão eleitoral da Africa do Sul é uma das mais modernizadas de Africa no que tange o uso das tecnologias de informação que viabilizam as sua operações. Entretanto, essas operações ocorrem em vários sistemas existentes: Sistema de registro de eleitor (VRS) - Mantém a lista de eleitores, os eleitores de processamento dados de aplicação através de verificação e alterações para a aposentadoria, usado para gerar uma lista de eleitores; Sistema de registo de partidos (PRS) - Mantém um registo de política social dos partidos, com todos os detalhes do partido, liderança, contactos principais jogadores papel eleitorais; Logística e infra-estrutura (LIS) - Vários sistemas de aplicações que suporte de infra- estrutura e operacional logística eleitoral, tais como banco de dados de estações de voto, votação estação de disponibilidade de infra-estrutura e requisitos, locais e distribuições necessidades; Issue Tracker - Processamento de questões operacionais; Sistema de pessoal Eleitoral (ESS) - Suporta o processamento de pessoal eleitoral, o todo o processo de trabalho de recrutamento para pagamento, serviços gerais de apoio Sistemas de contabilidade financeira e administração - incluindo cadeia gestão de suprimentos; Serviços de suporte aos serviços públicos de móveis - variedade de automatização em tempo real dos serviços de resposta de tecnologias SMS. 22 http://www.election.gov.np/ecn/uploads/userfiles/StudyVisitReportofSA2016.pdf: acessado no dia 24 de Agosto de 2016. 13. Resultadosda pesquisa Evidentemente que a governação eleitoral não garante boas eleições, isso por causa do complexo conjunto de variáveis sociais, económicas e políticas que podem afectar o processo, a integridade e os resultados de eleições democráticas. Porém, boas eleições são impossíveis sem uma efectiva governação eleitoral, (Mozaffar e Schedler, 2002). Partimos do pressuposto de que o papel dos órgãos de administração eleitoral é de garantir a credibilidade dos resultados eleitorais, estabilizando e pacificando as disputas pelo poder político (Pastor, 1999). Mediante isso, podemos constatar que a forma ou o desenho institucional do órgão de administração eleitoral Sul-africano, relativamente a sua composição, independência, transparência, neutralidade, integridade permitem uma boa governação eleitoral que consequentemente resulta numa estabilidade politica. Os países que adoptaram órgãos de administração eleitoral sob o modelo independente e tipo especializado. Afinal, como afirmou (Sadek, 1995), "a experiência latino-americana tem demonstrado que esses organismos só conseguem garantir um mínimo de confiabilidade aos resultados eleitorais quando possuem autonomia frente aos conflitos partidários". Com esse perfil, pretende-se afastar os principais atores envolvidos no jogo competitivo exactamente por estarem interessados em resultados favoráveis a si e desfavoráveis a seus opositores podem garantir. Argumenta-se que a especialização dos membros do ODE reforça o princípio da neutralidade do processo eleitoral Sugestão 14. Conclusões e Recomendações Antes de aprofundar este debate, deve-se afirmar que não existe um sistema eleitoral ideal a ser aplicado universalmente, em qualquer local e a qualquer momento. Cada país adopta o sistema eleitoral que melhor se enquadra em função do seu contexto histórico e politico. Partindo da ideia supracitada, toma-se o sistema eleitoral usado na Africa do Sul, de representação proporcional pura, como o ideal a ser aplicado naquele país, tomando em consideração o foco que é a representação de todas opiniões e interesses de acordo com a sua força na sociedade, principalmente as forças emergentes no parlamento, evitando sistemas políticos dominados por um ou poucos partidos garantindo uma justa representação com objectivo de evitar sentimentos de derrota e marginalização entre alguns grupos, visto que o inverso pode conduzir à insatisfação social ou mesmo à violência política. Para além de propiciar uma maior capacidade de negociação de consensos e compromissos, este sistema é importante nos momentos de consolidação democrática visto que é capaz de traduzir em representação parlamentar as opções dos cidadãos e do desenvolvimento do sistema de partidos. O sistema eleitoral sul-africano goza de legitimidade, o que significa que este é aceite por grande parte da sociedade, e é caracterizado ou baseia-se na simplicidade e transparência, pois possibilita perceber as regras do jogo que ditam o modus operando da Independent electoral commission. A estabilidade do sistema eleitoral da África do Sul é um dos factores importantes para processo de consolidação da sua democracia, a titulo de exemplo, a África do Sul já presenciou cinco eleições democráticas (1994, 1999, 2004, 2009 e 2014), dentre as quais somente as eleições de 1994 não foram regidas pelo lei eleitoral aprovada em 1996, essas eleições realizaram-se sob condições que foram consideradas pelos observadores nacionais e internacionais livres, justas e transparente. Desde as primeiras eleições democráticas de 1994, o ANC tem dominado o campo politico sul- africano. Mas nos últimos anos, os fundamentos de seu domínio estão sendo desgastados, pelo declínio do entusiasmo dos eleitores do partido, causado pela adopção de políticas económicas que, ao mesmo tempo que abrem espaço para a mobilidade ascendente da comunidade empresarial negra e da classe média negra, causam um aumento da desigualdade entre ricos e pobres, a titulo de exemplo é o que aconteceu nas eleições autárquicas de 2016, onde o ANC perdeu na cidade de Pretoria (Capital Politica e Administrativa) para Aliança Democrática (DA), o que demonstra que a democracia esta sendo consolidada como já havia sido mencionado e as suas instituições funcionam, que no caso em estudo, Independent Electoral Comission, tem a função principal de zelar pela democracia e fazer cumprir as regras do jogo democrático, que pressupõem a realização das eleições regulares, justas, livres e transparentes como foi constitucionalmente estabelecido, dando abertura a todas forças políticas e igualdade na corrida eleitoral. A independência efectiva da Independent Electoral Comission constitui uma mais-valia para a consolidação da democracia, democracia que esta em vias de consolidação, tornando o sistema eleitoral sul-africano um dos mais bem-sucedidos de Africa, e um dos poucos onde os resultados eleitorais são amplamente aceites, evitando conflitos pós-eleitorais. Esses factores mostram a imparcialidade da Independent Electoral Comission, pois diferente da percepção que muitos actores tinham que esta favorecia o partido no poder (ANC), os últimos resultados tem ilustrado o engajamento da Independent Electoral Comission na consolidação democrática, Tendo em vista o exposto acima, o grupo encoraja o Independent Electoral Comission a continuar com a sua missão, enquadrando o seu modus operando ao contexto social, politico e económico no qual se encontra inserido. 15. Referências Bibliográfica AFRICA do sul/Autárquicas: Eleições decorrem com normalidade em todo o país. Jornal a Verdade. Maputo, 19 de Maio de 2016. Disponivel em: www.verdade.co.mz. Acesso em 03. Set. 2016. ELEIÇÕES na Africa do Sul desde o fim do aparthaid. G1Mundo–Noticias. 22/04/09 – 13h28. Disponível em http:/ / www.G1.globo.com. Acesso em: 03. Set. 2016. ELKLIT, Jørgen e REYNOLDS, Andrew. (2000), The Impact of Election Administration on the Legitimacy of Emerging Democracies: A New Research Agenda. Trabalho apresentado na 96ª reunião anual da American Political Science Association - APSA, Washington D.C., 30 de agosto-3 de setembro. EMBAIXADA da República da África do Sul. Consulado geral da República da Africa do sul. Apresenta a história da Africa do sul. Disponível em: www.africadosul.org.br/história. Acesso e 03. Set. 2016. FONSECA, J. J.S. Metodologiua da pesquisa cientifica. Fortaleza: UEC, 2002. GIL,A,C. Métodos e técnicas de pesquisa social, São Paulo: Atlas, 1999. GOUVEIA, José Fialho. ANC perde Pretória e Mandela Bay. Malema surge como peça Chave. 07 de Agosto de 2016 01h35min. 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