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Universidade de Pernambuco Departamento de Geografia Geografia do NE e PE 8º período 2016.2 Ananda de Albuquerque Moraes Resenha do Capítulo 5 do livro A Terra e o Homem no Nordeste Nazaré da Mata 06 de setembro V O latifúndio, a divisão da propriedade e as relações de trabalho no sertão e no litoral setentrional 1. A pecuária e o latifúndio na conquista do sertão e do litoral setentrional. A pecuária no sertão acompanha a atividade de cana-de-açúcar desde que o sertão nordestino foi introduzido a colonização portuguesa por meio de Salvador e Olinda, movimentos populacionais dos centros açucareiros. Os latifundiários buscavam a conquista de terras para a criação de gado. Foram construídos os maiores latifúndios do Brasil a partir de doações de terras e sesmarias, onde os latifundiários interessados em riqueza penetraram no sertão travando lutas principalmente contra os indígenas resistentes que durou 10 anos, guerra essa que provocou muitas mortes e ficou conhecida como Guerra dos Bárbaros. Em algumas partes do sertão desenvolveu-se a civilização sui generis por conta da dificuldade de transporte e comunicação, onde esses se auto abasteciam, como afirma Manoel Correia de Andrade: Assim, na alimentação usava-se principalmente a carne e o leite, este abundante apenas no “inverno”, frutos silvestres e alguns produtos de uma incipiente lavoura de subsistência feitas nos brejos, nas vazantes dos rios ou nos bons invernos, na própria caatinga. Para chegar ao mercado consumidor, o gado deveria fazer longas caminhadas assim, emagrecendo-os, nas caminhadas existiam paradas onde os bois se refaziam e só depois continuavam a trajetória. Sendo o gado do Ceará por ter sua trajetória mais longa até Olinda estes chegavam muito magros, vendiam suas reses já abatidas e transformadas em carne seca e em couros. A grande seca de 1790-92 praticamente arrasou com o rebanho cearense, dando espaço aos produtores de Parnaíba e aos gaúchos. Manoel Correia afirma que: [...] foi a pecuária quem conquistou para o Nordeste a maior porção de sua área territorial. Complementou a área úmida agrícola com uma atividade econômica indispensável ao desenvolvimento da agro-indústria do açúcar e ao abastecimento das cidades nascentes. Assim como, também acarretou ao sertão o movimento populacional nos momentos de baixa produção açucareira, onde as pessoas que não tinham condições psicológicas e econômicas para estarem na civilização de “casa grande” e “senzala” tinham onde trabalhar. 2. O desenvolvimento da agricultura sertaneja. A agricultura se limitava a milho, mandioca, feijão, melancia, algodão e melão. Era alto os custos de produtos vindos de fora do sertão, tornando a prática da agricultura, mesmo que restrita, necessária. Os pequenos roçados eram feitos pelo vaqueiro e sua família, as lavouras ocupavam pequenas áreas, e cercados eram construídos para proteger os cultivos dos bois e cavalos. Manoel Correia de Andrade afirma na p. 190 que: Nas “serras frescas”, porém, além desses produtos, surgiram logo a cana-de-açúcar e as fruteiras. As áreas agrícolas constituíam, porém, pequenas manchas, “ilhas” isoladas na vastidão da caatinga. A partir do século XVIII começaram a surgir as “engenhocas”, primeiros engenhos de mel e rapadura, de estruturas improvisadas. Os cafezais tornaram-se concorrentes das engenhocas chegando a ser cultivados para exportação. No fim do século XVIII a produção do algodão tomou conta do sertão e agreste, quando passava a época de alta produção do algodão, a família ajudava o chefe da família a fazer as semeaduras, mantendo o roçado limpo enquanto o chefe trabalhava em grandes e médias propriedades, Manoel Correia diz que: O salário pago aos trabalhadores variava muito durante o ano, durante o ano de acordo com a lei da oferta e da procura, ou de um ano para outro, conforme fosse o inverno e, consequentemente, as perspectivas da produção agrícola. A agricultura de subsistência veio com o aumento populacional, mas a falta de comunicação do Sertão com a Mata dificultou seu processo fazendo com que ficasse mais “ilhado”, e também o fato de que as áreas úmidas são bem menores no sertão do que no Agreste, assim, ainda hoje o sertão permanece como critério extensivo e o agreste como agropecuário. 3. Parceria e trabalho assalariado na economia sertaneja. O maior problema enfrentado pelo sertanejo é a falta d’água, caminhadas longas devem ser dadas com o gado para bebedouros distantes. O vaqueiro, recebe ajuda de outros de fazendas vizinhas para marcar o gado, e de sua própria família, sendo que este trabalhador recebe um valor abaixo do salário mínimo pelos seus serviços, mesmo sendo quem administra a fazenda na ausência do proprietário. Os carreiros e os tangerinos também são assalariados, mesmo que estejam desaparecendo desde que o transporte caminhão chegou ao sertão. Nos ambientes de solos mais férteis, os trabalhadores podem cultivar roçados e meiam a produção com o proprietário da terra. Outras áreas sertanejas praticam o corte e a produção de leite, também utilizando do trabalho assalariado e dos moradores das vilas próximas, que por cinco dias na semana trabalham duro em condições pesadas. Nas margens do Rio São Francisco a pesca, confecção artesanal de rendas de bilros, extração de sal da terra e tecelagem de redes são altamente ativos, já nos vales secos do Rio Grande do Norte e Ceará e exploração de carnaúbas é desenvolvida assim como a de extração de sal, e a comunidade pobre trabalha se dividindo entre as duas. Manoel Correia diz: Os carnaubais só ocupam os trabalhadores praticamente durante a colheita, de setembro a dezembro, excepcionalmente até janeiro ou fevereiro, já que quase sempre eles são nativos e não se usa fazer a capina dos mesmos. A cera vem como papel de freio das carnaúbas, os proprietários tomaram sua produção como mais positivas, mesmo sua colheita sendo trabalhosa e complexa. Após o período da carnaúba e da cera, os moradores cuidam das agriculturas de subsistência, fazendo uso das terras vazantes aproveitando para a cultura do feijão. O jerimum, milho, melancia e melão, fica para quando a água baixa, e nas áreas de várzeas as fruteiras em geral predominam. Nos engenhos rapadureiros as máquinas são movidas a tração animal, vapor, ou motor a diesel. Os moradores se instalam em casas de taipa perto de seus roçados, esses roçados não são divididos com os proprietários, mas se o plantio for de cana-de-açúcar a divisão acontece. Os pequenos engenhos muitas vezes chamados de “sítios” têm se tornado cada vez mais numerosos, Manoel Correia diz que: A sucessão hereditária fez com que nessas áreas as primitivas sesmarias se dividissem muito e se formasse uma grande população de pequenos proprietários. Os trabalhadores recebem diárias de acordo com a especialidade de cada um, e também de acordo com sua produção, lembrando também que as longas jornadas de trabalho não deixa sobrar muito tempo para o trabalhador cuidar do seu próprio roçado, tornando fundamental a ajuda de sua família, trabalhos braçais feitos por mulheres e crianças, além de quase nenhum ou nenhum conhecimento técnico sobre controle de pragas, onde a maior preocupação do proprietário se volta a grande lavoura para exportação, visando especialmente seu lucro. O conhecimento técnico exige existência e sua reforma torna-se indispensável,fará com que a produção seja de boa qualidade requerendo menos desgaste.
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