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TEXTO 1 – A NATUREZA E ESCOPO DO COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Addie Perkins Williamson, Eríka Hayes e Cheryl Henderson são psicólogas especializadas em comportamento organizacional. O grupo recebe frequentemente a tarefa de ajudar empresas sobre como fundir, desenvolver expectativas realistas sobre a fusão, assim como ajudariam casais românticos a antecipar alguns dos conflitos que poderão encontrar após o casamento. A equipe de consultoras encoraja as companhias no estágio pré-fusão a realmente conhecerem-se mutuamente e a garantir que ambas tenham as mesmas expectativas sobre a fusão. Numa de suas tarefas de consultoria, a equipe trabalhou com uma grande empresa americana que adquiriu uma agência de viagens estrangeira. A princípio, a companhia estava apenas interessada em melhorar suas economias de escala e não tinha nenhum interesse em conhecer a estratégia do ramo de viagens. Porém, durante as negociações sobre a fusão, os diretores da agência de viagens convenceram a empresa a absorver as práticas comerciais bem-sucedidas da agência, não apenas o pessoal e o equipamento. Henderson assinala que, infelizmente, poucos executivos tomam essas providências antes de entrarem num acordo sobre fusão. Assim que a fusão está em andamento, Williamson, Hayes e Henderson encorajam as companhias a enfrentar e resolver pro- blemas antes que fiquem fora de controle. Por exemplo, Hayes diz que os executivos devem imediatamente informar os funcionários-chave de que são necessários para evitar que esses indivíduos peçam demissão por medo de serem demitidos. E DAÍ? O que os comentários feitos por essas consultoras dizem-nos sobre como as companhias podem usar os conhecimentos de comportamento organizacional para ajudar a melhorar a eficácia organizacional? Quando as empresas levam a sério os conselhos sobre como resolver os problemas humanos antes de uma fusão, elas melhoram as chances de que a fusão tenha sucesso. Ao mesmo tempo, as empresas minimizam as chances de se ter esforço humano desperdiçado, tais como trabalhadores produtivos se demitindo por medo de rebaixamento. A finalidade deste livro é apresentar conhecimentos sistemáticos sobre como as pessoas e as organizações podem ser usadas para melhorar a eficácia individual e organizacional. Gerentes e gerentes em potencial têm a possibilidade de aplicar essa informação. No entanto, a mesma informação é importante para outros funcionários. Dentre eles estão profissionais, representantes de vendas, especialistas em atendimento e especialistas técnicos. Nas modernas organizações, os funcionários em todos os níveis exercem parte do trabalho que anteriormente era reservado aos gerentes. Muitas vezes, por exemplo, espera-se que membros de equipes treinem e motivem uns aos outros. Um dos motivos pelos quais a organização se dá bem com menos gerentes do que antes é que se espera que os próprios funcionários se auto-administrem, até certo ponto. A auto-administração desse tipo inclui a programação de trabalho pelas próprias equipes e a apresentação de recomendações para o aprimoramento da qualidade. Uma meta importante no estudo do comportamento organizacional é poder fazer sentido de qualquer organização na qual você está empregado. Por exemplo, você poderá responder à seguinte pergunta: "O que está acontecendo aqui do ponto de vista humano?" O SIGNIFICADO E MÉTODOS DE PESQUISA DO COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Um ponto de partida para a compreensão da potencial contribuição do comportamento organizacional é entender o significado do termo. É também importante estar familiarizado com a maneira pela qual o comportamento organizacional é adquirido. Comportamento organizacional é o estudo do comportamento humano no local de trabalho, a interação entre as pessoas e a organização em si. As principais metas do comportamento organizacional são explicar, prever e controlar o comportamento. A explicação refere-se à descrição dos motivos básicos ou processos pelos quais fenômenos ocorrem. Para explicar, prever e controlar o comportamento, os especialistas em comportamento organizacional (CO) precisam coletar informações sistematicamente e conduzir pesquisas. A finalidade da coleta de dados é a de realizar pesquisas. Métodos de Coleta de Dados Três métodos usados frequentemente na coleta de dados no comportamento organizacional são levantamentos, entrevistas e observações diretas de comportamento. O questionário de pesquisa usado por um especialista em comportamento organizacional é preparado com rigor. Antes de preparar o questionário final, o cientista coleta fatos relevantes e gera hipóteses (adivinhações educadas) sobre questões importantes a serem exploradas. O questionário é cuidadosamente formulado para medir questões relevantes sobre o tópico sob pesquisa. Pesquisa sobre o comportamento humano no local de trabalho depende muito da entrevista como método de coleta de dados. Mesmo quando um questionário é o método primário de coleta de dados, é provável que entrevistas tenham sido usadas para obter ideias para as perguntas do levantamento. As entrevistas também são úteis para desvendar explicações sobre fenômenos e para fornecer dicas para investigações futuras. Outra vantagem das entrevistas é que um entrevistador hábil pode fazer sondagens à procura de informações adicionais. Uma desvantagem do método de entrevistas é que são necessários entrevistadores hábeis. Muita informação sobre comportamento organizacional é coletada por observadores colocados no ambiente de trabalho. As observações sistemáticas são então realizadas sobre o fenômeno em estudo. Uma preocupação sobre esse método é que as pessoas que estão sendo observadas poderão adotar atitudes atípicas quando sabem que estão sendo observadas. Uma variante da observação sistemática é a observação do participante. O observador se torna um membro do grupo do qual está coletando informações. Por exemplo, para estudar o estresse experimentado pelos representantes de atendimento ao cliente, um pesquisador poderá trabalhar temporariamente num centro de atendimento. COMO VOCÊ PODE SE BENEFICIAR DO ESTUDO DO COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL O estudo do comportamento organizacional pode melhorar sua eficácia como gerente ou profissional. No entanto, os benefícios advindos de estudar o comportamento organizacional não são imediatamente tão aparentes quanto os benefícios oriundos do estudo de campos funcionais, como contabilidade, marketing, vendas, compras ou sistemas de informação. Esses campos constituem o conteúdo do trabalho profissional e administrativo. O comportamento organizacional, ao contrário, está relacionado ao processo de conduzir esse trabalho. Uma exceção poderá ser vista com os especialistas de comportamento organizacional cujo conteúdo, ou conhecimento funcional, é o comportamento organizacional. Visualize um especialista em sistemas de informação que tem habilidades interpessoais extremamente limitadas, tais como comunicações, motivação e solução de conflitos. Esse especialista terá dificuldades em aplicar seu expertise técnico a problemas de organização. Portanto, fracassará em servir seus clientes internos porque deixa de usar processos interpessoais eficazes. Em contrapartida, se o mesmo especialista em sistemas de informações tiver sólidas habilidades interpessoais, poderá realizar um trabalho melhor de servir seus clientes. (Além disso, provavelmente manterá seu emprego por mais tempo.) O estudo e a aprendizagem do comportamento organizacional oferecem quatro importantes vantagens: (1) desenvolvimento das habilidades, (2) crescimento pessoal, (3) melhoriada eficácia organizacional e (4) apuro e refinamento do bom senso. Desenvolvimento de habilidades Um requisito essencial para entrar, sobreviver e ser bem-sucedido no moderno local de trabalho é ter habilidades apropriadas. Uma pessoa precisa de habilidades relacionadas à disciplina e habilidades gerais, como a resolução de problemas e o trato com as pessoas. O estudo de comportamento organizacional contribui diretamente para essas habilidades genéricas. Mais adiante, neste capítulo, daremos detalhes de como a pessoa desenvolve habilidades relacionadas ao comportamento organizacional. As habilidades do comportamento organizacional ganharam importância no local de trabalho moderno. Segundo o consultor de pesquisa executiva, Millington F. McCoy, a contínua mudança rápida nas organizações tem alterado o mix de habilidades de que a cúpula (bem como outros gerentes) precisam. "Porque as organizações são menos hierárquicas e mais globais, os executivos precisam poder trabalhar eficazmente em equipes que agrupem os diversos públicos, habilidades e talentos. Isso requer mais força nas características suaves — não apenas um grande currículo, mas uma empatia cultural com as organizações de clientes. A pessoa brilhante que carece de habilidades interpessoais básicas pode se tornar rapidamente isolada — e portanto ineficaz. " A distinção entre habilidades suaves e sólidas é relevante para compreender a importância do desenvolvimento de habilidades no comportamento organizacional. Habilidades suaves geralmente se referem a habilidades interpessoais como monitoramento de outros, comunicações e uma adaptação a pessoas de culturas diferentes. Habilidades sólidas geralmente se referem a habilidades técnicas, como tecnologia da informação e design de cargo. Algumas habilidades, como as envolvidas na tomada de decisões, parecem ser uma mistura de componentes suaves e sólidos. Para tomar uma boa decisão, você precisa ser criativo e imaginativo (talvez uma habilidade suave) e, no entanto, você precisa medir as provas cuidadosamente (provavelmente uma habilidade sólida). Desenvolver habilidades no comportamento organizacional significa aprender a trabalhar eficazmente com indivíduos, grupos e forças organizacionais. A distinção entre habilidades sólidas e suaves mencionada anteriormente não é necessariamente uma distinção entre difícil e fácil. Tampouco são as atividades sólidas melhores que as suaves ou vice-versa. O presidente de uma empresa poderá ter um cargo difícil, no entanto, usa habilidades suaves, tais como liderar os outros e proporcionar mudança organizacional. Ao contrário, um analista financeiro poderá usar habilidades sólidas na preparação de uma análise. Seu cargo, no entanto, poderá ser considerado mais fácil do que o do presidente da empresa. Desenvolver a maior parte das habilidades organizacionais é mais complexo do que desenvolver uma habilidade estruturada, como conduzir um inventário físico ou preparar uma agenda de endereços e-mail. Não obstante, você pode desenvolver habilidades de comportamento organizacional ao ler os textos e fazer os exercícios propostos nos estudo e disciplina de CO. Crescimento pessoal mediante percepção do comportamento humano Conforme explicação de Robert P. Vecchio, um motivo importante para estudar comportamento organizacional é a realização pessoal resultante de compreender os outros. Compreender os seres humanos também pode levar ao aprimoramento do autoconhecimento e da autopercepção. Por exemplo, ao estudar o que motiva os outros, você poderá obter uma compreensão do que motiva você mesmo. Participar de exercícios experimentais muitas vezes incluídos no estudo de comportamento organizacional é outro veículo de crescimento pessoal. O crescimento pessoal por meio da compreensão dos outros e a autopercepção são meritórias por si só e possuem também aplicações práticas. Posições gerenciais e profissionais requerem percepções argutas em relação aos outros para tarefas como as de selecionar pessoas para cargos e tarefas, comunicação e motivação. Os representantes de vendas que podem sentir as necessidades dos clientes em potencial e dos clientes atuais possuem uma vantagem competitiva. Melhorando a eficácia organizacional Um benefício importante do estudo do comportamento organizacional proporciona informações que podem ser aplicadas aos problemas organizacionais. Uma meta importante do comportamento organizacional é melhorar a eficácia da organização, isto é, a extensão pela qual uma organização é produtiva e satisfaz as exigências de suas partes interessadas. Um exemplo visível é o uso disseminado de equipes no local de trabalho. É certo que especialistas em comportamento organizacional não inventaram as equipes. Suspeitamos que até os povos pré-históricos tenham organizado suas incursões de caça em equipes. Não obstante, as conclusões dos pesquisadores de CO facilitaram a elevação das equipes nas organizações. Há 40 anos, os especialistas em comportamento organizacional começaram a conduzir pesquisa formal sobre o funcionamento de equipes. Uma descoberta geral dessa pesquisa foi o fato de que, quando aos membros de uma equipe é dada uma responsabilidade substancial, esses indivíduos ficam mais felizes e obtêm maior produtividade. O acúmulo desse conhecimento reforçou e inspirou tentativas por parte de muitas organizações a se organizarem em equipes. Compreender o comportamento organizacional também melhora a eficácia organizacional, porque revela fatores que contribuem para, ou impedem, o desempenho eficaz. Entre os vários fatores estão a motivação dos funcionários, fatores de personalidade e barreiras à comunicação. Além do mais, uma compreensão avançada das pessoas é um fator importante que contribui para o sucesso gerencial. Isso é particularmente verdade porque grande parte do cargo de um gerente envolve realizar tarefas por intermédio das pessoas. Aguçando e refinando o bom senso Um gerente comentou o seguinte, após ter lido vários capítulos de um texto sobre comportamento organizacional: "Por que devo estudar este assunto? É simplesmente bom senso. Meu trabalho envolve lidar com pessoas e isso não se aprende nos livros". Os sentimentos expressados por esse gerente são compartilhados por muitos outros estudantes de comportamento organizacional. Entretanto, por mais lógica que essa opinião possa parecer, o bom senso não é um substituto para o conhecimento de CO. O conhecimento de comportamento organizacional aguça e amplia o domínio para o bom senso. Reduz drasticamente o tempo necessário para aprender o conhecimento importante do comportamento e habilidades, assim como a faculdade de direito reduz o tempo gasto anteriormente pelo indivíduo em ser um aprendiz de direito (num escritório de advocacia). Você poderá saber pelo senso comum que dar reconhecimento às pessoas é geralmente um método eficaz de motivá-las no sentido de um melhor desempenho. Ao estudar comportamento organizacional, você poderia aprender que o reconhecimento deve ser dado frequentemente, mas não sempre quando uma pessoa atinge um alto desempenho. (Você aprende especificamente aspectos de recompensas intermitentes em seu estudo sobre motivação.) O conhecimento formal, portanto, aprimora sua eficácia. O conhecimento de comportamento organizacional também refina o bom senso ao desafiá-lo para reexaminar ideias geralmente aceitas que podem ser apenas parcialmente verdadeiras. Uma dessas ideias é que a inatividade é um meio eficaz de reduzir o estresse causado por uma programação atribulada. Na realidade, algumas pessoas que trabalham muito acham quea inatividade é mais estressante do que a atividade. Para elas, deitar numa praia durante uma semana poderá desencadear severas dores no peito. Para essas pessoas, a atividade diversificada — como fazer trabalho de jardinagem — é mais relaxante do que a inatividade. BREVE HISTÓRIA DO COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL A história do comportamento organizacional está enraizada na abordagem comportamental à administração, ou a crença de que a atenção específica dada às necessidades dos funcionários cria maior satisfação e produtividade. Ao contrário da ênfase largamente técnica da administração científica, um tema comum da abordagem comportamental é a necessidade de enfocar as pessoas. A administração científica não ignorou as pessoas. Por exemplo, enfatizou pesadamente os incentivos financeiros para aumentar a produtividade. No entanto, o empuxo geral girou em torno do desempenho, de maneira altamente eficiente. O comportamento organizacional é também fortemente influenciado pela sociologia em seu estudo do comportamento de grupos, estrutura organizacional, diversidade e cultural As percepções de antropólogos culturais também contribuem para uma compreensão da cultura organizacional (os valores e costumes de uma empresa). Nos anos recentes, várias companhias contrataram antropólogos para.ajudá-las a cultivar a cultura organizacional correta. O comportamento organizacional também recebe percepções de ciência política a fim de compreender a distribuição de poder nas organizações. Três desenvolvimentos importantes na história do comportamento organizacional são os estudos de Hawthorne, o movimento das relações humanas e a abordagem contingencial à administração e à liderança. Muitos acadêmicos identificam os estudos de Hawthorne como o verdadeiro início da abordagem comportamental para a administração. Sem as percepções colhidas desses estudos, o comportamento organizacional poderia não ter surgido como uma disciplina. A finalidade do primeiro estudo conduzido na unidade Hawthorne da "western Electric (uma subsidiária da AT&T) era determinar o efeito de mudanças de iluminação na produção. Nesse estudo, os trabalhadores foram divididos em um grupo experimental e um grupo de controle. As condições de iluminação para o grupo experimental variavam de intensidade, de 24 a 46 e a 70 velas. A iluminação para o grupo de controle permaneceu constante. Como seria de se esperar, a produção do grupo experimental aumentou com cada aumento na intensidade da luz. Mas, inesperadamente, o desempenho do grupo de controle também mudou. A produção do grupo de controle aumentou na mesma proporção que a do grupo experimental. Mais tarde, a iluminação no local de trabalho do grupo experimental foi reduzida. A produção do grupo continuou a aumentar, assim como o do grupo de controle. Um declínio na produção do grupo de controle finalmente ocorreu, mas somente quando a intensidade da luz ficou aproximadamente igual à luz do luar. Claramente, os pesquisadores perceberam que algo além da iluminação causou as mudanças na produtividade. A sala de testes da montagem de relés produziu resultados semelhantes ao longo de um período de seis anos. Nesse caso, foi examinada a relação entre descanso, fadiga e produtividade. Primeiro, a produtividade normal foi estabelecida sem nenhum período de descanso numa semana de 48 horas. Os períodos de descanso de várias durações e frequência foram então introduzidos. A produtividade aumentou à medida que os períodos de descanso aumentavam. Finalmente, as condições originais foram restabelecidas. O retorno às condições normais, entretanto, não resultou na queda de produtividade esperada. Em vez disso, a produtividade permaneceu em seu alto nível usual. Nossa interpretação desses resultados foi a de que os trabalhadores envolvidos na experiência gostaram de ter sido o centro das atenções. Reagiram positivamente porque a administração lhes deu atenção. O fenômeno é conhecido como efeito Hawthorne. É uma tendência de as pessoas comportarem-se de forma diferente quando estão recebendo atenção, porque elas respondem às exigências da situação. Num ambiente de pesquisa, isso pode significar que as pessoas engajadas num grupo experimental desempenham melhor simplesmente porque estão participando de um experimento. Num ambiente de trabalho, isso pode significar que os funcionários desempenham melhor quando fazem parte de qualquer programa — quer esse programa seja valioso ou não. Os estudos de Hawthorne também produziram outras descobertas que serviram como base para o movimento de relações humanas. Embora muitas dessas descobertas possam parecer óbvias hoje em dia, documentá-las reforçou o que muitos gerentes acreditavam ser verdade. As descobertas-chave foram as seguintes: 1. Os incentivos econômicos são menos potentes do que geralmente se acredita em influenciar os funcionários a atingir altos níveis de resultado. 2. Lidar com os problemas humanos é complicado e desafiador. 3. Práticas de liderança e pressões de trabalho em grupo influenciam profundamente a satisfação e o desempenho dos empregados. 4. Problemas pessoais podem influenciar fortemente a produtividade do funcionário. 5. Comunicação eficaz com trabalhadores é fator crítico para o sucesso administrativo. 6. Qualquer fator que influencie o comportamento do empregado está enraizado num sistema social. (Por exemplo, para compreender o impacto do pagamento sobre o desempenho, você precisa compreender o clima no grupo de trabalho e o estilo de liderança do gerente.) A despeito das contribuições dos estudos de Hawthorne, esses trabalhos têm sido muito criticados como desprovidos de rigor científico. A crítica mais interessante sustenta que os trabalhadores no grupo de controle estavam recebendo feedback de seu desempenho. Simultaneamente, esses indivíduos estavam recebendo mais dinheiro à medida que produziam mais. O impacto duplo de feedback e remuneração adicional produziu os resultados surpreendentes — e não o efeito Hawthorne. O movimento das relações humanas foi baseado na crença de que existe uma conexão importante entre práticas gerenciais, moral e produtividade. Os trabalhadores trazem várias necessidades sociais para o trabalho. No desempenho de suas funções, os trabalhadores normalmente tornam-se membros de vários grupos de trabalho. Muitas vezes esses grupos proporcionam satisfação para algumas de suas necessidades. Trabalhadores satisfeitos, argumentou-se, seriam trabalhadores mais produtivos. O desafio para os gerentes era reconhecer as necessidades dos trabalhadores e a poderosa influência que os grupos de trabalho podem ter sobre a produtividade individual e organizacional. Um segundo tema de importância do movimento de relações humanas foi uma forte crença nas capacidades dos trabalhadores. Dado o ambiente de trabalho adequado, virtualmente todos os trabalhadores seriam altamente produtivos. Quantidades expressivas de cooperação entre trabalhadores e gerentes foram muito importantes para atingir altos níveis de produtividade. Uma pedra fundamental do movimento de relações humanas é a análise de Douglas McGregor sobre as suposições que os gerentes fazem sobre a natureza humana. A Teoria X é um conjunto de suposições tradicionais sobre as pessoas. Os gerentes que sustentam essas suposições são pessimistas em relação às capacidades dos trabalhadores. Acreditam que as pessoas não gostam de trabalhar, procuram evitar a responsabilidade, não são ambiciosas e precisam ser supervisionadas de perto. McGregor insistiu para que os gerentes desafiassem essas suposições sobre a natureza humana porque, na maioria das circunstâncias,podem não ser verdadeiras. A Teoria Y é um conjunto alternativo e otimista de suposições. Elas incluem a ideia de que as pessoas aceitam a responsabilidade, são capazes de exercer o autocontrole, têm a capacidade de inovar e consideram o trabalho tão natural quanto o descanso e a diversão. McGregor argumentou que essas suposições descrevem com precisão a natureza humana em muito mais situações do que acreditam os gerentes. Ele propôs, portanto, que essas suposições deveriam guiar a prática gerencial. No início da década de 1960, os adeptos do comportamento organizacional enfatizaram que é difícil encontrar práticas universais na administração de pessoas que possam ser aplicadas em todas as situações. Para fazer uso eficaz do conhecimento sobre o comportamento humano, é preciso compreender quais fatores são mais influentes na situação. A abordagem contingencial para a administração enfatiza que não existe uma melhor maneira de gerenciar pessoas ou o trabalho. Um método que leva à alta produtividade ou à moral numa situação talvez não consiga obter os mesmos resultados em outra. A abordagem de contingência deriva do estudo de estilos de liderança. Gerentes e líderes experientes sabem que nem todos os trabalhadores reagem de forma idêntica a iniciativas idênticas de liderança. Um exemplo recorrente é que membros de uma equipe competente e bem motivada requerem menos supervisão do que pessoas menos motivadas e menos competentes. A força da abordagem contingencial é que encoraja gerentes e profissionais a examinar diferenças individuais e situacionais antes da decisão sobre um curso de ação. Seu problema principal é que essa técnica é usada muitas vezes como desculpa para não adquirir um conhecimento formal sobre o comportamento organizacional e a administração. Se a administração depende da situação, por que estudar administração ou comportamento organizacional? A resposta, é claro, é porque o estudo formal de administração ajuda o gerente a decidir quais fatores são relevantes numa determinada situação. A vantagem da produtividade de enfocar as pessoas Evidências substanciais têm-se acumulado no sentido de enfatizar que os fatores humanos aumentam a produtividade e proporcionam uma vantagem competitiva à empresa. Jeffrey Pfeffer examinou as provas de centenas de estudos sobre as práticas de administração orientadas para o indivíduo sobre o desempenho econômico. Por exemplo, uma revisão de 131 estudos de campo tratando de uma mudança nas práticas administrativas voltadas para uma maior preocupação com as pessoas revelou que melhorias econômicas ocorreram em três quartos do tempo. Além disso, um estudo de aproximadamente 200 bancos verificou que práticas melhores de recursos humanos estão associadas a diferenças substanciais no desempenho financeiro. Por que prestar mais atenção ao elemento humano melhora o desempenho dos negócios? Uma explicação que Pfeffer oferece é que as pessoas se empenham mais. Por exemplo, quando as pessoas têm um controle maior sobre o ambiente de trabalho e quando são encorajadas pela pressão de seus pares nas equipes de trabalho, o esforço aumenta. Vantagem ainda maior vem de pessoas trabalhando de maneira mais inteligente. As práticas de administração orientadas para as pessoas permitem que os trabalhadores usem sua própria sabedoria para receber treinamento apropriado. Outra contribuição para o melhor desempenho provém de eliminar posições que enfocam basicamente observar e controlar os trabalhadores. Grande parte do comportamento organizacional trata das práticas de administração orientadas para o indivíduo. Muitas dessas práticas serão descritas em capítulos posteriores. Por enquanto, veja o Quadro 1-1, que relaciona oito práticas gerenciais importantes de organizações bem-sucedidas. 1. Segurança no emprego. Os trabalhadores não estão sob a ameaça constante de serem rebaixados ou demitidos por motivos fúteis. 2. Altos padrões na seleção do pessoal. A companhia atrai um grande número de candidatos e procura encontrar candidatos altamente qualificados para todos os cargos. 3. Uso extensivo de equipes auto-administradas e tomadas de decisão descentralizadas. Os funcionários são organizados em equipes com autoridade para tomar decisões e os gerentes em toda a empresa podem tomar decisões independentemente. 4. Remuneração relativamente alta com base no desempenho. Remunerar os funcionários melhor que a concorrência leva ao sucesso, assim como remunerar os empregados sobre seu próprio desempenho ou o desempenho do departamento ou companhia. 5. Emprego extensivo de treinamento. As empresas mais bem-sucedidas investem no treinamento como questão de crença, porque acreditam que uma força de trabalho bem treinada contribui para os lucros no longo prazo. 6. Redução nas diferenças de status entre os mais altos gerentes e outros funcionários. Empresas de sucesso tomam providências para diminuir as diferenças de status entre os indivíduos e grupos que fazem com que certas pessoas se sintam diminuídas. Exemplos incluem chamar todos de associados e diminuir as diferenças na remuneração entre níveis de funcionários. 7. Compartilhamento de informações entre gerentes e outros funcionários. Compartilhar informações sobre assuntos como desempenho financeiro e planos da companhia ajuda a fomentar confiança entre os empregados. Ter pronto acesso a informações úteis também ajuda muitos funcionários a desempenhar melhor suas funções. 8. Promoção interna. A lealdade é melhorada quando os empregados acreditam que podem ter a oportunidade de ser promovidos para bons cargos dentro da empresa. Quadro 1-1. Políticas Administrativas importantes de organizações bem-sucedidas. Adaptado de: DU BRIN, Andrew J. Fundamentos do comportamento organizacional. São Paulo: Pioneira – Thomson – Learning, 2003.
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