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FICHAMENTO LIBERDADE, MAU ENCONTRO, INOMINÁVEL PÁG.155 A 171 CLASTRES, Pierre. 2004

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Fichamento de Antropologia Jurídica 
CLASTRES, Pierre. 2004. Arqueologia da violência – pesquisas de antropologia política. Capitulo 7 São Paulo: Cosac & Naify
Liberdade, mau encontro, inominável * (Pág.155 a 171)
O autor se põe a introduzir o capítulo 7, de seu livro, com uma indagação que a priori não consegue compreensão específica e ainda deixa uma questão no ar: ' os que fazem com que as pessoas desejem a submissão da obediência?' Conforme a indagação de La Boétie, com seus pensamentos livre e firmeza singular, onde o alicerce fincado de uma sociedade dominada em prol de um Estado inquiriu o indivíduo à agressão, sobre a questão referida a liberdade. Como pode haver a possibilidade de obediência submissa e uma serventia, assim sobre a querença desta? Está indagação paira no primeiro parágrafo, a forma que se esquece da liberdade e se sujeita amar a servidão.
Logo, o autor, se põe a reflexão de como surgiu esta servidão desenfreada, por ordem de sua natureza de fatos. Assim, levando a suposição contrária de uma lógica intermitente de servidão impregnativa voluntária social e aquela pregada por hora, que ignorasse tal servidão. Segundo o autor, o prosélito La Boétie configura uma visão de heroísmo e liberdade embutida na concepção inominável de que não se poderia pensar na sociedade indivisa, abrindo assim outras possibilidades viáveis. Conferi a este que denota tal servidão como caráter histórico, não possui eternidade e nem nascimento próprio, que, por conseguinte, algo importante deva ter acontecido, para que os homens esquecessem a liberdade e se entregassem a submissão e servidão por quase que voluntária. O desejo de liberdade perdido, por obra de um acaso com nome e forma, que escravizou o homem sem que ele sentisse que perdesse a liberdade.
.Pierre Clastres, cita as averiguações e formulações de La Boétie, sobre a óptica do mau encontro, a que fins ele se deu com a abolição da memória de antes e substituição desta liberdade. O nascimento deste mau encontro, segundo o autor se deu acidentalmente, dividindo a sociedade entre os que mandam e os que obedecem, assim ocasionando o mau encontro gerando a historicidade e desgraça como o nascimento do Estado. Desta forma caindo em submissão ordinariamente voluntária, esquartejada com a perda do desejo de liberdade solidificando a servidão sob os olhos da força institucional estatal, agora que por coercitiva. Ainda, o autor reforça a linha de pensamento reflexivo de La Boétie, que se o homem perder a liberdade, ele perde também sua humanidade, fazendo com que essa perda gere a renúncia perpetua de sua vida livre.
Diante disso, dispõe o autor veemente sobre o mistério do mau encontro que deturpou a sociedade a hierarquizando entre os que mandam e os que obedecem, excluindo assim o princípio de liberdade que se tornou sem consistência para a sociedade ao homem. Por conseguinte se deliciando sem resignação ao amor à submissa impretante servidão. Ora, o autor ressalta que La Boétie reafirma que a vivência do homem é destinada à liberdade, viver abertamente, um fundamento de certa forma não preceituário pelas sociedades que comandam. À vista disso, expondo o saber que a figura matriz que é a liberdade, de ser de necessidade substancial, como a da ausência de divisão social onde deve haver uma disparidade, para que o poder não sobrevenha, causando a inversão da instituição princípio lógica da sociedade. Levando assim ao fato de princípio de La Boétie, que o conjunto relacional precedido de uma força coercitiva e opressiva, abnega a natureza epistemológica da liberdade. 
Por conseqüência, diz o autor, que com o surgimento do Estado, que é o indesejável mau encontro dentro da História, priorizando em seu nascimento a herança divisão da sociedade, nominada em má e boa. O fundamento de exploração desta boa sociedade se entrevê pelo ápice de ausência divisional acarretando assegurar a certificação da liberdade, sociedades que não perdem seu valor, mais sim o poder hierárquico. A segunda nominação de sociedade, a má, segundo o autor, há uma permissão eloqüente de tirania, numa divisão triunfal em predominância do mau encontro.
Destarte, que o autor comenta o que é diagnosticável deste mau encontro dentre a natureza do corpo social, onde demonstra o grau maléfico que ele causa a sociedade. Assim, expondo os resultados de uma análise, que consta o explicar dos efeitos dessa divisão social causados pelo aparecimento deste mal estatal, que esta divisão não é um mal estrutural e manifesta-se em uma sociedade sem servidão. Mas, por conseguinte, a perda do exercício da liberdade, La Boétie não crer que exista razões para a volta, que mesmo antes de sua existência, ela já co-existe na sociedade.
O autor faz referência uma interrogação do Discurso de La Boétie, quanto ao empirismo, daquilo que não se inferi mais diretamente nas observâncias a sociais anteriores do estadista, o mau encontro. O conhecimento destas sociedades selvagens que antecederam a escrita e a História, ora primitivas, a sua divisão manifestada por ignorância histórica, antes do destrutível e insólito mau encontro, regida pela exclusividade de estudo prestigioso das sociedades sem Estado.
Aludido ao Estado, torna-se claro ao autor que a divisão já sub-existia na eminência do seu ser, mas também do próprio poder estatal introduzido a essa divisão. Onde a desigualdade é ignorada pelas sociedades primitivas de caráter igualitário, assim ninguém detém o poder nessa sociedade, não gerando a priori a instituição estatal entre dominantes e dominados. Desta forma, não havendo divisão nas tribos, porque o chefe não manda, ele apenas um porta-voz do querer da comunidade, assim sendo quem decide é a comunidade.
O autor reforça que o Estado é o estabelecimento da relação primordial do poder, que sem o exercício deste, não haverá Estado e nem poder, mas sim, aparentemente uma mascará de poder. Segundo o autor, como exemplo sociedade africana e outras que, aparentam o poder, mas se torna apenas fachada. Assim, o poder executa uma operação de suma capacidade, sendo o âmago da sociedade estadista que por ordem tornando-se o Estado uma mera extensão da execução deste poder, que dentre uma sociedade primitiva ela será exercida relacionalmente pela ausência do poder. Logo, o autor nos termos de La Boétie, reforça que as sociedades que antecederam o mau encontro, não se depuseram a essência estatal, portanto não realizando uma formação para o simplório Estado e sua mão forte predominante na desigualdade. Onde mesmo, sob esse mal absoluto estatal, a ausência de liberdade nas sociedades sem hierarquização não é sentido, mas lembrando que ocorreu a perda e que não há como saciá-las.
Destarte, o autor cita que La Boétie não pode nomear o nascimento do Estado, a não ser pela própria falta de noção da perda dessa liberdade, nas sociedades primitivas, sendo que este acontecimento torna-se impossivelmente impensável, mas assim pensável, que se proliferou. Dessa forma, se frutificando em questões pertencentes ao Discurso da servidão voluntária de La Boétie, onde ele indaga o porquê e como o homem perdeu a sua essência de liberdade, deste modo ocorrendo à divisão e como ela se instalou, trazendo consigo o mau encontro. Por conseqüência, como essa desnaturação humana se reproduziu e gerou a sensação de eternidade submissa? Assim, algumas questões não sendo respondidas por ele, se advêm ao questionamento do surgimento do Estado, ora ele (La Boétie) responde sem sentido, referindo a irracionalidade da pergunta.
O autor introduz o parágrafo referido, sobre a óptica de que era para ser o fundamento do princípio humano: a liberdade. Por o homem ter nascido para viver abertamente e que deve dispor e desfrutar dessa liberdade neste plano de sua natureza. Mas, por conseguinte, a desnaturação indica para adquiri - lá em uma natureza regressiva e de outra forma estrutural, não humana, oura angelical ou animal, que segundo o autor, essa animalidade não é tão latente, por não ser desnaturado, mas por ser
inominável. Possuindo uma natureza intrínseca, nascendo assim à nova idéia antropológica moderna. Sendo então precedida pelos conhecimentos de Nietzche e Marx, dissonante uma visão degradativa e alienativa. Portanto, a predominância da alienação, diz o autor, gera dessa forma a vontade de obediência voluntária, a servidão desejada sem força da coação, provando uma síntese estranha de que o homem desnaturado é livre por prover a escolha de servir ou não. Assim, alienando a conjuntura inominável da realidade tornando-se a liberdade um sinônimo e servidão a essa desnaturação humana, precedida do desejo com mau encontro.
Logo, Pierre Clastres, refere-se a mais uma questão do Discurso de La Boétie no que tange o funcionamento das sociedades primitivas, para impedir a divisão e ascensão do Estado de como se faz para evitar o mal absoluto. Portanto, o não desenvolvimento da sociedade primitiva dar-se-á pela recusa presencial da instituição estatal, tornando-se a ignorar o mesmo, para manutenção de sua quase oligarquia de poder e chefia. Mantendo a detenção da forma em que segue sem dar poder institucional ao chefe, reafirmar assim, a recusa da obediência. Reforça ainda mais o autor, que essa recusa com altivez de obediência a maquina estatal, é um efeito contra exacerbação do funcionamento à elas, assim tornando-se força de uma explicação plausível pra essa negação de comando-obediência estadista, apenas reforça a tese que elas (as sociedade primitivas) se entregaram ao Estado, e depois se arrependeram, retornando ao seu estado normal de primitivos. Só que não há ponto de vista anterior favorável a ele, somente que os primitivos se deleitaram na maquina social e se tornaram obedientes. De forma que não há retorno para a condição pré-estatal, na qual mesmo, que o Estado venha a desmoronar, continuará a sua proliferação de poder dentre os pequenos feudos, sob a asa branda, ora carrasca do mal absoluto.
O autor indaga por início, o porquê há extrema incompletude na possibilidade de morte do Estado, pelo o homem já sendo possuído pela obediência, não haveria possibilidade de retorno por ele já está dominado ao desejo de submissão, onde há predominância de poder, há necessidade de obedecer. Já nas sociedades primitivas, que ocorre a existência da repulsa do mau desejo, pois a aceitação deste condiciona admitir a inovação que não pertence aos primitivos. Segundo o autor, as relações assim referidas a liberdade, se dispõe a não aceitação dessa submissão, impedindo a eminência do poder, pois para as sociedades primitivas predomina a existência de sua lei sem mudanças e desigualdade, abnegando o mal absoluto por ele reproduzir-se para geração do Estado. Mas, por conseguinte, o chefe tribal que se destina ao exercício do poder pleno, será amaldiçoado e posto em exclusão total por não ser aceito esse tipo de atitude na sociedade primitiva, que recusa a desigualdade e a inserção do poder.
Assim, o autor reforça mais ainda a essência de cada sociedade, onde na primitiva há necessidade da não mudança e a recusa pela desigualdade e pelo poder, ficando todos no mesmo patamar. Na Sociedade com Estado, a inovação é valida, onde ela nunca deixa de desejar por essa submissão e mudança hierárquica assim predominando a eterna mudança social.
O autor, ainda refere-se aos estudos e pensamentos revolucionários e libertários de La Boétie, onde as estranhezas de certas nuances de seu Discurso se tornam em alguns casos sem resposta a questões tão debatidas. De certo modo, seu pensamento segue a linha que se o homem nasceu livre, não há quem ou o que impeça ou modifique essa natureza, então não há divisão ou quiçá desigualdade.
O autor relata o cunho que forma que as noticias de além-mar chegaram a Europa, as primeiras informações significativas do Novo Mundo, que começa a ser desbravado em suas expedições, onde são publicadas em cartas noticiais do descobrimento da América, sobre a menção aos povos primitivos ali encontrados. Segundo o autor, as informações preponentes se tornaram um sucesso editorial na época, como por exemplo, o relato da primeira viagem de Américo Vespúcio, que se transcreveram na versão traduzida latina. Uma avalanche de informações, ora referente ao sucesso editorial, mesmo com dificultosa de grande circulação, de caráter interessado aos cultos da socialite Européia, que almejavam de curiosidade sobre os mundo primitivo, o Novo Mundo, que por hora só haviam lido em livros antigos. Assim, promovendo uma extensão intelectual e geografia européia.
Por esta forma, o autor admite a marca dessa rica literatura que se foi formada sob origem espanhola e portuguesa sobre o Novo Mundo, com suas expedições financiadas pelo Estado, como preço tinha que manter um caráter regular à informações sobre o novo desbravamento. Mas a coroa Francesa, cita o autor, que não interessados com a possibilidade de colonização ainda se entreterem por tempo com documentos. Mas alguns interessados de debandaram a procura de Ilhas, estes que mais tarde se referiam a Franca de equinocial. O Estado Francês não se pronunciou sobre esse desbravamento, e mais tarde apenas notou-se que citou em algumas crônicas que via a contêm nomes de capitães e marinheiros que atravessaram o além-mar. E ainda vale ressaltar que na segunda década do século XVI, o homem culto francês já se mantém informado sobre o Novo Mundo.
Portanto, o autor alude quanto a precocidade, mas inebriante capacidade de La Boétie, que aos 16 anos remete um discurso um tanto quanto coeso e estimulante sobre sob a óptica da servidão voluntária. Após cinco anos que o jovem prosélito escreveu o Discurso, tentou fazer reparos, se o fez foi em caráter superficial, com a função de apenas explicar com mais clareza a sua exposição sobre tão servidão voluntária.
Assim, Pierre Clastres, sintetiza a citação de La Boétie sobre sua alusão a América, numa referência extrema dotada de avidez sobre a liberdade natural e intensa desses povos primitivos, em que sua lei é obedecer a sua razão e não a força institucional do Estado que por hora a desbrava, de forma arrebatadora, mas sofria por não compreender tal inconstância da alma desse povos tão primitivos. No entanto, isso sobrevém a La Boétie, por este não se interessar o que se passa nesse Novo Mundo, pois ele já havia quiçá pensado e escrito sobre tal assunto, ora argumentativo.
Segundo o autor, a relação dominativa exercida no Estado não pode de medrar abertamente a liberdade, por para um chefe estadista o desejo de poder e a devoção de seus súditos, ornamente e infla o ego do déspota que comanda o Estado. Sendo assim, o tênue desejo de liberdade, por ter sido arrancada dela, mas sobre a anuência de duração da sociedade dividida, onde o fanatismo ora embutido nos dominados pelos seus Reis, detentores de poder, priorizam a desigualdade e a ausência de relação entre os sujeitos. Refletindo assim, o autor sobre a existência de uma paixão avassaladora do súdito pelo tirano, supra essa introspecção difundida nas sociedades estadistas. 
Assim, o autor faz menção as sociedades primitivas e sua relação aberta de igualdade pregada pelo seu todo, priorizando que qualquer relação fora à natureza igualitária da sociedade primitiva é mortal e poluidora a ela. A referência do autor, a La Boétie que dado ouvido a cantos sagrados indígenas conta que o Pajé lhe conta, que seu grande deus, sucedeu a criação da humanidade e o destino de acolher a palavra, assim a sociedade é a fruição dessa palavra, coabitando e solidificando o sentido de vida fundamental de unidade. A flor da liberdade desabrochada e cuidada diariamente pela tribo indígena gerando o sentimento fiel de afeição assim, tornando os homens da sociedade em um só.
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Samara de Maria Quirino Lopes

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