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Defeitos nos negocios juridicos

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139
Defeitos nos negócios jurídicos
Ahyrton Lourenço Neto*
Todos os doutrinadores civilistas corroboram o entendimento de que a 
vontade é elemento essencial dos negócios jurídicos.
É sobre o escudo da real vontade das partes que se estabelecem os negó-
cios jurídicos, mas se a vontade não é manifestada de forma livre e conscien-
te, tem-se uma vontade viciada.
O Código Civil (CC) combate com a anulabilidade os vícios dos negócios 
jurídicos.
CC,
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
[...]
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra 
credores.
A parte interessada possui prazo decadencial de quatro anos para pleitear 
a anulação dos negócios jurídicos que contenham vícios, sendo contado 
este prazo:
coação � – do dia em que ela cessar;
erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo e lesão � – do 
dia em que se realizou o negócio jurídico.
Com exceção da fraude contra credores, os demais são chamados de 
vícios do consentimento, pois expressam uma vontade que não reflete a real 
intenção do sujeito.
A fraude contra credores não é um vício de consentimento, porque ela 
reflete a real vontade do sujeito de prejudicar direitos de terceiros ou violar a 
lei, sendo considerada um vício social.
* Professor de Direito Civil, 
Direito do Consumidor e 
Direito Internacional Pú-
blico, ministrando aulas 
presenciais e telepre-
senciais. Especialista em 
Administração Tributária, 
pela Universidade Castelo 
Branco (UCB). Graduado 
em Direito, pela Pontifí-
cia Universidade Cató-
lica do Paraná (PUCPR). 
Advogado.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
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140
Defeitos nos negócios jurídicos
Vícios do consentimento 
Erro 
O erro é a falsa ideia que se tem da realidade.
O CC equiparou o erro à ignorância, compreendendo esta, o completo 
desconhecimento da realidade.
Os negócios jurídicos que são realizados com erro são anuláveis, mas so-
mente o erro substancial, escusável e real.
CC,
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem 
de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face 
das circunstâncias do negócio.
O erro escusável é o erro desculpável, ou seja, a parte deveria ter percebido 
o erro com uma conduta diligente, caso não tenha, o erro será inescusável.
O erro substancial compreende o erro sobre aspectos relevantes do ne-
gócio, a ponto de que em se conhecendo a realidade o negócio não seria 
realizado, compreendendo:
error in ipso negotio � – referente à natureza do negócio celebrado – 
contrato de compra e venda que se imagina ser uma doação.
error in ipso corpore � – quando o erro recai sobre o objeto principal da 
declaração de vontade do negócio – pessoa pensa estar adquirindo um 
quadro de Picasso e na realidade é de outro artista.
error in corpore � – quando o erro incide sobre a qualidade do objeto 
– adquire um colar pensando ser de água-marinha e na realidade é de 
topázio azul.
error in persona � – quando o erro recai sobre as qualidades essenciais 
da pessoa (físicas ou morais) – pessoa deixa bens em testamento para 
filho e depois vislumbra que o beneficiário não é seu filho.
error juris � – o erro de direito, não importando em recusa da lei, pode 
se dar quando a pessoa desconhece a norma local ou que a norma não 
é mais válida – pessoa adquire um imóvel residencial urbano, mas ignora 
que o tamanho do referido imóvel é inferior a um módulo urbano, não 
podendo, dessa forma, ser fracionado para venda.
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Defeitos nos negócios jurídicos
141
CC,
Art. 139. O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das 
qualidades a ele essenciais;
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração 
de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou 
principal do negócio jurídico.
Falso motivo � – em regra, não anula um negócio jurídico – faz-se um 
investimento acreditando na valorização da área urbana adquirida, não 
valorizando não se invalida o negócio; anulará apenas quando expresso 
no negócio como condição determinante – venda de um comércio que 
apresenta um faturamento e depois se descobre que esse faturamento 
mensal não era real.
CC,
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão 
determinante.
Transmissão de vontade � – caso a pessoa utilize meios para transmitir 
a sua vontade e esses meios falharem ou não transmitirem de forma 
adequada a vontade, pode ser anulada, desde que o erro seja substan-
cial ao negócio – transmissão via fac-símile, e-mail, rádio e congêneres, 
que no momento falham apresentando uma vontade diversa.
CC,
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos 
casos em que o é a declaração direta.
Não se anulará as vontades:
erro acidental � – indicação da pessoa ou coisa errada, mas que facil-
mente se consegue identificar a coisa ou pessoa correta – detalhe na 
grafia do nome da pessoa indicada;
CC,
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de 
vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder 
identificar a coisa ou pessoa cogitada.
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142
Defeitos nos negócios jurídicos
erro de cálculo � (error in quantitate e erro de cálculo) – não anula a 
vontade, apenas determina a retificação – erros aritméticos ou de peso 
ou medida;
CC,
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.
cumprimento da vontade � – também não prejudica a vontade quando 
em erro se estabelece determinada coisa, mas na entrega da coisa a 
outra parte cumpre a obrigação nos termos da vontade – no contrato 
de compra e venda de um imóvel condominial se estabelece que a fração 
ideal do apartamento 01, do sétimo andar, será do adquirente, mas no 
contrato consta o 01 do sexto andar, hipótese em que o erro invalida o ne-
gócio, mas o proponente entrega o 01 do sétimo, confirmando a vontade.
CC,
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem 
a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da 
vontade real do manifestante.
Dolo 
É a vontade livre e consciente de induzir alguém à prática de ato que lhe 
é prejudicial, mas que aproveita ao autor do dolo ou a terceiro.
Quando o negócio jurídico for concluído com dolo, este será anulável.
CC,
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
O dolo pode ser dividido em:
dolus bonus � – dolo tolerável pelo Direito, não induzindo a anulabi-
lidade – exagero nas qualidades; dissimulação de defeitos; não pode o 
comerciante enganar o consumidor, violando o princípio da boa-fé;
dolus malus � – o real dolo, combatido pelo Direito;
dolo acidental � – é a espécie de dolo que leva a vítima a realizar um ne-
gócio jurídico em condições mais onerosas ou menos vantajosas, não 
acarretando a anulação do negócio, apenas indenização – vendedor 
aplica índice diverso do legal ou contratualmente estabelecido;
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Defeitos nos negócios jurídicos
143
CC,
Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando,a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.
dolo omissivo ou negativo � – quando uma parte oculta algo essencial 
do negócio jurídico que a outra parte deveria saber para a consubs-
tanciação – contratação de seguro de vida omitindo moléstia grave que 
acarreta o falecimento do segurado;
CC,
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a 
respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, 
provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
dolo de terceiro � – somente será anulável se uma das partes sabia do 
dolo feito por terceiro e deixou de comunicar a outra parte, caso con-
trário, apenas acarretará direito indenizatório – terceiro afirma que de-
terminada obra de arte é de Portinari e o vendedor, ouvindo o absurdo, 
não orienta o comprador sobre a obra ser uma réplica, nesse caso, será 
anulável o negócio jurídico;
CC,
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a 
quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que 
subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a 
quem ludibriou.
dolo do representante legal (pai, mãe, tutor, curador) � – somente 
obriga o representado até o limite em que aproveitou o dolo, pois foi a 
lei que elegeu o representante, não se podendo punir o representado;
dolo do representante convencional � – obriga o representante e o re-
presentado perante a parte que de boa-fé fez o negócio, havendo ação 
de regresso contra o representante, se o representado não foi cúmpli-
ce – aplicação da culpa in eligendo e in vigilando;
CC,
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a 
responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do 
representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por 
perdas e danos.
dolo de ambas as partes � – não há anulação do negócio jurídico, nem 
indenização, se ambas as partes agem com dolo.
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144
Defeitos nos negócios jurídicos
CC,
Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o 
negócio, ou reclamar indenização.
Coação 
A coação é caracterizada pela violência psicológica para viciar a vontade. 
“Coação é toda ameaça ou pressão exercida sobre um indivíduo para forçá- 
-lo, contra a sua vontade, a praticar um ato ou realizar um negócio” (GONÇAL-
VES, 2003, p.137).
Requisitos para a coação:
causa do ato � – deve haver elemento de causalidade entre o ato coator 
e a obtenção do negócio jurídico;
deve ser grave � – o ato deve ser feito de tal intensidade que a parte 
coagida não tenha alternativa senão firmar o negócio jurídico, atingin-
do a pessoa, a família ou os seus bens. Caso a coação seja exercida 
sobre pessoa não membro da família do coagido, o juiz decidirá sobre 
a coação.
CC,
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente 
fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus 
bens.
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, 
com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.
O caso concreto determinará a existência ou não da coação, não se levan-
do em consideração o homem médio, pois em determinadas circunstâncias 
o homem médio não se sentirá coagido.
CC,
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, 
o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na 
gravidade dela.
A coação somente existirá se houver ameaça de realização de coisa ilícita; 
não sendo também coação o simples temor reverencial – exemplos: temor de 
desgostar os pais, chefes religiosos.
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Defeitos nos negócios jurídicos
145
CC,
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o 
simples temor reverencial.
Coação exercida por terceiro vicia o negócio jurídico, se a parte sabe ou 
deveria saber da coação, ensejando responsabilidade solidária do terceiro 
coator e da parte que aproveita. Caso a parte que aproveita da coação do 
terceiro desconheça ou não deveria saber da coação, o negócio jurídico per-
manece válido.
CC,
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse 
ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele 
por perdas e danos.
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte 
a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação 
responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.
Estado de perigo 
O estado de perigo, equiparando-se ao estado de necessidade, ocorre 
quando, em virtude de uma situação grave de perigo iminente e conhecido 
pela outra parte, que incidirá sobre a pessoa ou a alguém de sua família, esta 
assume obrigação excessivamente onerosa com intuito de evitá-la.
CC,
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de 
salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume 
obrigação excessivamente onerosa.
O CC determina a anulabilidade do negócio jurídico quando incidente o 
estado de perigo, por entender o legislador que, nessa hipótese, a vítima não 
se encontra em condição psicológica de declarar livremente a sua vontade.
Caso o estado de perigo recaia sobre pessoa não pertencente à famí-
lia, ainda pode ser o negócio jurídico anulado, sendo necessário o crivo do 
magistrado.
CC,
Art. 156. [...]
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146
Defeitos nos negócios jurídicos
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz 
decidirá segundo as circunstâncias.
Lesão 
Constitui a lesão quando uma parte obtém lucro exagerado e despropor-
cional, aproveitando-se da inexperiência ou da necessidade da outra parte.
CC,
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por 
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da 
prestação oposta.
§1.o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em 
que foi celebrado o negócio jurídico.
Dois são os elementos essenciais da lesão:
objetivo � – manifesta desproporção ao valor da prestação oposta;
subjetivo � – inexperiência ou estado de necessidade da pessoa.
Presentes os dois requisitos, o contrato é passível de anulação. Dessa 
forma, mesmo que o beneficiado não tenha conhecimento da inexperiência 
ou do estado de necessidade da pessoa, ainda sim o negócio pode ser anula-
do, pois o legislador pátrio optou por uma postura protetiva e não punitiva.
Caso o lesado receba um complemento da obrigação ou uma redução na 
contraprestação desproporcional, o negócio jurídico não será anulado.
CC,
Art. 157. [...]
§2.o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se 
a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
Vício social 
Fraude contra credores 
A fraude contra credores não é considerada um vício do consentimento, 
pois nestes as partes realizam um negócio jurídico que na realidade não re-
percute a sua real vontade.
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Defeitos nos negócios jurídicos
147
Na fraude contra credores, aspartes realizam um negócio jurídico expres-
sando a sua real vontade, mas esta é com o objetivo de prejudicar terceiros, 
ou seja, os credores, por isso é que a fraude contra credores é considerada 
um vício social.
Configura-se a fraude contra credores quando o devedor for insolvente, 
ou que em virtude dos negócios jurídicos de transmissão de bens ficar insol-
vente, pois esses negócios jurídicos ferem o princípio da responsabilidade 
patrimonial.
Caso o patrimônio seja suficiente com folga para saldar dívidas, ou seja, o 
devedor seja solvente, ele pode dispor livremente do seu patrimônio.
Hipóteses legais 
Tanto nas transmissões onerosas como nas gratuitas pode ocorrer a 
fraude contra credores.
CC,
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar 
o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, 
poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
§1.o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
§2.o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação 
deles.
Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando 
a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.
Há fraude, também, quando um credor quirografário1 de dívida não ven-
cida recebe do devedor insolvente; ficará o credor obrigado a repor ao acervo 
o que recebeu, pois a intenção da lei é colocar todos os credores em pé de 
igualdade. Caso a dívida já esteja vencida, o pagamento é considerado 
normal.
CC,
Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da 
dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se 
tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.
A fraude também existe quando o devedor insolvente dá garantia de 
dívida (hipoteca, penhor, anticrese) privilegiando algum credor. Não se inva-
lida o negócio nessa hipótese, apenas a garantia.
1 Credor quirografário – é 
o credor que não possui 
direito real de garantia, 
seus créditos estão re-
presentados por títulos 
advindos das relações 
obrigacionais. Exemplos: 
os cheques, as duplicatas, 
as promissórias.
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148
Defeitos nos negócios jurídicos
CC,
Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de 
dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor.
[...]
Art. 165. [...]
Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais, 
mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação 
da preferência ajustada.
Contudo, serão considerados de boa-fé os negócios ordinários pratica-
dos pelo devedor insolvente – por exemplo, um comerciante insolvente pode 
vender mercadorias de sua loja, estando vedado a vender o estabelecimento 
comercial.
Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis 
à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do 
devedor e de sua família.
Caso o adquirente não tenha pagado pelos bens que o devedor insolven-
te o vendeu, o negócio jurídico poderá ser válido se depositar o real valor da 
coisa em juízo e solicitar a citação de todos os interessados.
CC,
Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço 
e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a 
citação de todos os interessados.
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o 
preço que lhes corresponda ao valor real.
Ação anulatória ou pauliana 
O CC determina que, em caso de fraude contra credores, pode-se pleitear 
a anulação dos negócios jurídicos mediante a ação pauliana, devendo obe-
decer aos seguintes requisitos:
ser o crédito do autor anterior ao ato fraudulento; �
que o ato que se pretenda revogar tenha causado prejuízos; �
que haja a intenção de fraudar, presumida pela consciência do estado �
de insolvência;
prova da insolvência. �
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Defeitos nos negócios jurídicos
149
O principal objetivo da ação pauliana é revogar os negócios jurídicos le-
sivos aos interesses dos credores, por isso pode ser proposta pelos interes-
sados contra o devedor insolvente, contra a pessoa com que ele celebrou a 
estipulação considerada fraudulenta ou adquirentes de má-fé, retornando 
os bens ao patrimônio do devedor, para que possam satisfazer os débitos 
contraídos.
CC,
Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor 
insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou 
terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé.
[...]
Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito 
do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores.
Resolução de questão
1. (Esaf ) Assinale a opção verdadeira.
a) A forma única é aquela que, por lei, não pode ser preterida por outra.
b) O estado de perigo e a lesão são atos prejudiciais praticados em es-
tado de necessidade, visto que na base do estado de perigo há risco 
patrimonial e na da lesão tem-se risco pessoal.
c) O erro acidental induz anulação do negócio por incidir sobre a de-
claração de vontade, mesmo se for possível identificar a pessoa ou a 
coisa a que se refere.
d) Exige-se, por lei, que o instrumento particular seja subscrito por duas 
testemunhas.
e) O novel Código Civil não admite a conversão do ato nulo em outro de 
natureza diferente.
 Assertivas:
a) Certa. É a forma determinada pela lei como exclusiva para a validade 
de certos negócios jurídicos.
b) Errada. A relação é inversa, a proteção ao estado de perigo é sobre a 
pessoa e na lesão sobre o patrimônio.
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150
Defeitos nos negócios jurídicos
c) Errada. (CC, art. 142).
d) Errada. Apenas para as partes que quiserem atribuir ao contrato força 
executiva. (CPC, art. 142).
e) Errada. (CC, art. 170).
 Solução: A
Atividades de aplicação
1. (Esaf ) A lesão especial acarreta anulabilidade do negócio, permitindo-se, 
porém, para evitá-la:
a) a dispensa da verificação do dolo da parte que se aproveitou.
b) a comprovação da culpabilidade do beneficiado e apreciação da des-
proporção das prestações, segundo valores vigentes ao tempo da ce-
lebração do negócio pela técnica pericial.
c) a prova da premência de necessidade da inexperiência e da despro-
porção das prestações.
d) a oferta de suplemento suficiente, inclusive em juízo, para equilibrar 
as prestações, evitando enriquecimento sem causa, ou se o favore-
cido concordar com a redução da vantagem, aproveitando, assim, o 
negócio.
e) a prova da existência de um risco pessoal que diminui a capacidade 
da parte de dispor livre e conscientemente.
2. (Esaf ) Assinale a opção correta, levando em consideração as disposições 
do ordenamento jurídico brasileiro vigente, no que tange aos negócios 
jurídicos.
a) Nos negócios de transmissão gratuita de bens, a caracterização da 
fraude contra credores não exige a presença do elemento subjetivo 
(consilium fraudis), bastando apenas a existência do elemento objeti-
vo (eventus damni).
b) Quando a lei proibir a prática de um negócio jurídico, sem cominar 
sanção, o prazo para pleitear-se a anulação do mesmo será de 2 (dois) 
anos, a contar da conclusão do ato.
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Defeitos nos negócios jurídicos
151
c) Tanto a simulação absoluta quanto a simulação relativa, quando pre-
sentes no negócio jurídico, eivam de nulidade absoluta o negócio ju-
rídico como um todo, sendo impossível a subsistência de qualquer 
ato negocial dissimulado.
d) Tem-se por inexistentes as condições incompreensíveis ou contradi-
tórias, mantendo-se o negócio jurídico.
e) Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, mesmo que 
se constitua em motivo determinante da liberalidade.
3. (Esaf ) Se um contratante supõe estar adquirindo um lote de terreno de 
excelente localização, quando, na verdade, está comprando um situado 
em péssimo local, configurado está:
a) o dolo acidental.
b) o dolo negativo.
c) o dolo principal.
d) o erro sobre o objeto principal da declaração.
e) o dolo positivo.
Dica de estudo 
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: parte geral. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
Referências
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil – parte geral. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 
2003. p. 137. (Coleção Sinopses Jurídicas).
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de Direito Civil – parte I. 32. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2003.
RODRIGUES, Marcelo Guimarães. Direito Civil. Belo Horizonte: Inédita, 1999.
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Defeitos nos negócios jurídicos
Gabarito
1. D
2. A
3. D
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