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COMO SE APLICA O MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS NA CULTURA DA SOJA

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COMO SE APLICA O MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS NA CULTURA DA 
SOJA 
O manejo integrado de pragas (MIP) foi a resposta da comunidade científica aos 
problemas gerados pelo uso indiscriminado de agroquímicos na agricultura. Por 
conceito, trata-se do “conjunto de medidas que visa manter as pragas abaixo do nível de 
dano econômico (NDE), levando-se em conta critérios econômicos, ecológicos e 
sociais”. O objetivo principal do MIP, portanto, é manter as pragas abaixo do nível que 
causa dano econômico ao produtor. 
Entretanto, o controle deve ser realizado quando a população da praga atinge o nível de 
controle (NC), que é a menor densidade populacional do organismo nocivo na qual 
táticas de manejo necessitam ser tomadas para impedir que o NDE seja alcançado. Para 
definir se as pragas atingiram ou não o NC, é necessário amostrá-las ou monitorá-las 
constantemente. Para a maioria das pragas, o NC é inferior ao NDE. 
A amostragem ou monitoramento tem por objetivo determinar onde e quando a praga 
está presente na lavoura e em que quantidade. Em programas de MIP, utiliza-se a 
amostragem de decisão, cujo o objetivo é determinar se a abundância de uma praga, em 
um dado momento, está seguramente abaixo de um nível crítico (Nível de controle), ou 
se está acima e justifica uma ação corretiva. Nesse caso, se a população da praga atingiu 
o nível de controle deve ser tomada a decisão e, em caso não tenha atingido, continuar 
amostrando as pragas da cultura (Figura 1). 
 
 
 
Figura 1. Diagrama mostrando o papel da amostragem/monitoramento em programas de 
Manejo Integrado de Pragas. 
 
Pano-de-batida 
Um dos métodos mais utilizados e mais eficientes de monitorar pragas em soja é o 
pano-de-batida. O método é eficiente para monitoramentos de lagartas e percevejos na 
cultura e pode ser utilizado a partir do estágio V4 (terceira folha trifoliolada 
completamente desenvolvida). 
Existem três tipos de pano-de-batida: o tradicional, chamado somente de pano-de-
batida, o pano-de-batida largo e o pano-de-batida vertical. O pano-de-batida tradicional 
foi o mais utilizado para estimar a densidade populacional de insetos-praga em soja. 
Entretanto, com a diminuição do espaçamento entre linhas e a utilização de cultivares 
com elevado índice de área foliar, a eficiência desse pano-de-batida ficou 
comprometida, pois esta técnica foi desenvolvida quando a soja era cultivada com 
espaçamentos maiores. Atualmente, em função do espaçamento da soja, tem se adotado 
o pano-de-batida largo - são sacudidas as plantas de apenas uma fileira de soja. Para 
essa situação, tem-se utilizado também o pano-de-batida vertical, que é recomendado na 
Argentina, para a amostragem de insetos em espaçamentos reduzidos. 
O pano-de-batida tradicional é constituído de dois bastões de madeira ligados entre si 
por um tecido branco, com comprimento de 1 m e largura de 0,6 m, ajustável ao 
espaçamento entre linhas, que é desenrolado sobre o solo, entre as fileiras de soja, com 
posterior sacudida das plantas das duas fileiras, vigorosamente, a fim de derrubar os 
insetos-praga sobre o pano. 
O pano-de-batida largo é o mesmo do pano tradicional, mas com dimensões de 1 m de 
comprimento × 1,4 m de largura, grande o suficiente para cobrir a linha de soja 
adjacente à amostrada, ficando apoiada sobre essa linha durante o monitoramento. 
Nesse método, somente as plantas de 1 m da linha de soja são sacudidas, 
vigorosamente, a fim de derrubar os insetos-praga sobre o pano. 
O pano-de-batida vertical é constituído de um bastão de madeira, na extremidade 
superior, e de um tubo de policloreto de polivinila (100 mm), cortado ao meio 
longitudinalmente, na extremidade inferior, ligados entre si por um tecido branco, com 
comprimento de 1 m e com altura ajustável à estatura das plantas de soja. 
O tubo de policloreto de polivinila serve de calha coletora dos insetos-praga. Para a 
coleta dos insetos, o pano deve ser colocado verticalmente na entrelinha da cultura, e as 
plantas de apenas uma fileira são sacudidas contra a superfície do pano. 
Vários trabalhos realizados no Brasil e também no exterior têm demonstrado que, para 
os insetos-praga de maior ocorrência na cultura da soja, assim como também para a 
coleta de seus inimigos naturais, o método do pano tem sido o mais eficiente e prático. 
 
 
Quanto ao número de batidas nas plantas de soja necessárias para maior eficácia do 
método do pano, os estudos têm demonstrado que para os percevejos, a extração foi 
maior quando realizada com três a cinco batidas, pois, quando efetuado com um número 
maior de batidas, a movimentação dos adultos do pano leva a uma menor eficiência, em 
função do maior tempo gasto. 
Entretanto, para lagartas, as extrações são significativamente inferiores quando as 
plantas recebem apenas duas batidas, sendo as extrações de lagartas mais eficazes com 3 
a 6 batidas nas plantas. Portanto, valores entre 3 a 5 devem ser as adotadas em termos 
de número de batidas das plantas para extração de pragas da soja. 
 
Rede-de-varredura 
 
A rede é comumente utilizada nos estudos com insetos da soja. Usualmente tem 38 cm 
de diâmetro e pode ser utilizada de diferentes formas para o monitoramento de pragas. 
Na cultura da soja, a rede é passada por uma fileira de soja formando um desenho em 
“oito aberto”; em uma fileira em “oito fechado”; ou em fileiras em “oito aberto”. 
Apesar de ser um método mais rápido, sua precisão na estimativa é baixa, e a 
interpretação dos resultados é mais difícil em comparação com o método do pano-de-
batida. 
Em trabalhos comparativos, vários autores comprovaram que a rede-de-varredura é um 
método pouco eficiente na estimativa dessas populações de lagartas, percevejos e 
inimigos naturais na cultura da soja. Comparativamente, a rede é um método mais 
eficiente na amostragem de pragas e vem sendo mais utilizada. 
 
Exame visual 
 
O exame visual das plantas é um método e um método de monitoramento utilizado e 
indicado para o monitoramento de algumas pragas que atacam as plantas de soja que 
não são extraídas no pano-de-batida, como a broca-das-axilas Crosidosema aporema 
(Walsingham, 1914), broca das vagens Etiella zinckenella (Treitschke, 1832), por 
exemplo, ou mesmo para a leitura da ocorrência de adultos de Sternechus subsignatus 
Boheman, 1836, sendo a leitura, normalmente, realizada nas plantas de 1 m de fileira. 
É um método extremamente dependente da capacitação profissional, habilidade pessoal 
e da acuidade visual de cada monitor de pragas, tendo alguns fatores como o vento, 
incidência de radiação solar, porte das plantas e características da espécie amostrada que 
podem interferir no resultado obtido. 
 
 
 
Uso de semioquímicos 
 
Semioquímicos são químicos que atuam como estímulos, mediam interação entre 
organismos e induzem alterações comportamentais tais como mudança no 
comportamento de busca, agregação, dispersão ou atração para o acasalamento. Podem 
ainda resultar em alterações fisiológicas no destinatário 
Levando em consideração o baixo uso do pano-de-batida e outros métodos de 
monitoramento dos insetos-praga em lavouras de soja, semioquímicos vêm sendo 
estudados para melhorar o monitoramento e até para uso no controle de pragas. 
Dentre esses, surge a possibilidade de utilização de feromônios como um método de 
monitoramento para uso em programas de MIP-Soja. Feromônios são substâncias 
químicas que são liberadas por um indivíduo e afetam outros indivíduos da mesma 
espécie (efeitos intraespecíficos). 
Para pragas que atacam a soja, são disponíveis no mercado brasileiro feromônios para 
monitoramento dos lepidópteros Chrysodeixis includens, Spodoptera frugiperda, 
Helicoverpaarmigera e Heliothis virescens. Nesses casos, os feromônios são sexuais e 
capturam machos. Os feromônios sempre são utilizados com uma armadilha específica, 
geralmente armadilha delta (Figura 2). 
 
 
Figura 2. Armadilha Delta iscada com feromônio para monitoramento de lepidópteros-
praga em soja. 
 
Outras possibilidades são a utilização do composto 2,6,10 trimetiltridecanoato de metila 
para monitoramento de percevejos da família Pentatomidae, especialmente Euschistus 
heros. Neste caso, feromônio sexual; para Sternechus subsignatus, com o uso de um 
 
 
feromônio de agregação; e para o coró-da-soja Phylophaga cuyabana (Moser, 1918), os 
estudos têm sido realizados com o feromônio sexual da fêmea. 
 
 
 
Insetos de hábito subterrâneo 
 
O nível populacional de pragas de hábito subterrâneo, que atacam as raízes da soja, deve 
ser estimado por meio de amostragens de solo, preferencialmente realizadas nas antigas 
linhas de soja, com a contagem direta dos indivíduos no campo. 
Em soja, usualmente são indicadas trincheiras de 20 ou 25 cm de largura x 50 cm de 
comprimento x 30 a 40 cm de profundidade, realizadas com auxílio de uma vanga ou pá 
de corte. Nessas trincheiras deve ser observada a espécie, o ínstar e o tamanho dos 
insetos, e também a profundidade em que eles estão localizados. 
No caso do percevejo-castanho Scaptocoris spp., que apresentam alta capacidade de 
movimentação vertical no solo, aprofundando-se em função das condições adversas, as 
amostragens devem levar em consideração os períodos e datas, pois, em períodos do 
ano mais quentes e em períodos secos, a população poderá ser subestimada se as 
amostras forem realizadas apenas na camada superficial de solo. 
 
 
 
Pedro Takao Yamamoto 
Engenheiro Agrônomo pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de 
Jaboticabal, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” 
(FCAVJ/UNESP), Mestre em Entomologia Agrícola pela Universidade Estadual 
Paulista e Doutor em Agronomia também pela Universidade Estadual Paulista. 
Atualmente é Professor Associado da ESALQ/USP, com experiência na área de Manejo 
Integrado de Pragas (MIP).

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