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ATPS DE PESQUISA SOCIAL

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A violência contra o mulher envolve os atos de violência, que se manifestam por meio das relações assimétricas entre homens e mulheres, envolvendo por vezes discriminação e preconceito.
A violência contra mulher pode assumir diversas formas que não uma agressão sociopática de natureza sexual e perversa no sentidopsicanalítico do termo, até formas mais sutis como assédio sexual,discriminação, desvalorização do trabalho doméstico de cuidados com a prole e maternidade.
Segundo Casique, Furegato (2006) [1] dentre as diferentes formas de violência de gênero citam-se a violência familiar ou violência doméstica e a violência no trabalho, que se manifestam através de agressões físicas, psicológicas e sociais. Na violência intrafamiliar, contra as mulheres e/ou as meninas incluem o maltrato físico, assim como o abuso sexual, psicológico e econômico.
Ainda segundo as referidas autoras para melhor entendimento da condição geradora desse agravo é necessário evidenciar a condição de relação entre gêneros onde ocorre e assim a definem...a violência de gênero é aquela exercida pelos homens contra as mulheres, em que o gênero do agressor e o da vítima estão intimamente unidos à explicação desta violência. Dessa forma, afeta as mulheres pelo simples fato de serem deste sexo, ou seja, é a violência perpetrada pelos homens mantendo o controle e o domínio sobre as mulheres... Casique, Furegato (o.c.)
No Brasil a Lei No 10.778, de 24 de novembro de 2003 estabelece a notificação compulsória, no território nacional, do caso de violência contra a mulher que for atendida em serviços de saúde públicos ou privados. Essa lei é complementada pela Lei Maria da Penha como mais um mecanismo para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, com medidas mais efetivas (penais) para o seu controle além do dimensionamento do fenômeno. Embora a notificação e investigação de cada agravo em si já proporcione um impacto positivo pra reversão da impunidade que goza o agressor, de certo modo, defendido por uma tradição cultural machista além de naturalmente ser um instrumento direcionador das políticas e atuações governamentais em todos os níveis como previsto na legislação em pauta.
A notificação compulsória das agressões contra a mulher foi resultado da constelação de que a ausência de dados estatísticos adequados, discriminados por sexo sobre o alcance da violência dificulta a elaboração de programas e a vigilância das mudanças efetuadas por ações públicas, conforme explícito na Plataforma de Beijing/95 (parágrafo 120)[2] . O Brasil tanto é signatário da Declaração e Plataforma de Ação da IV Conferência Mundial Sobre a Mulher, Pequim, 1995 como da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher, Belém do Pará, (1995)
Apesar de ser um crime e grave violação de direitos humanos, a violência contra as mulheres segue vitimando milhares de brasileiras reiteradamente: 43% das mulheres em situação de violência sofrem agressões diariamente; para 35%, a agressão é semanal. Esses dados foram revelados no Balanço dos atendimentos realizados em 2014 pela Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR).
Em relação ao momento em que a violência começou dentro do relacionamento, os atendimentos de 2014 revelaram que os episódios de violência acontecem desde o início da relação (23,51%) ou de um até cinco anos (23,28%).
Em 2014, do total de 52.957 denúncias de violência contra a mulher, 27.369 corresponderam a denúncias de violência física (51,68%), 16.846 de violência psicológica (31,81%), 5.126 de violência moral (9,68%), 1.028 de violência patrimonial (1,94%), 1.517 de violência sexual (2,86%), 931 de cárcere privado (1,76%) e 140 envolvendo tráfico (0,26%).
Dos atendimentos registrados em 2014, 80% das vítimas tinham filhos, sendo que 64,35% presenciavam a violência  e 18,74% eram vítimas diretas juntamente com as mães. Saiba mais.
Feminicídio
Entre 1980 e 2010 foram assassinadas mais de 92 mil mulheres no Brasil, 43,7 mil somente na última década. Segundo o Mapa da Violência 2012 divulgado pelo Instituto Sangari, o número de mortes nesse período passou de 1.353 para 4.465, que representa um aumento de 230%. Já o Mapa da Violência 2013: Homicídios e Juventude no Brasil revela que, de 2001 a 2011, o índice de homicídios de mulheres aumentou 17,2%, com a morte de mais de 48 mil brasileiras nesse período. Só em 2011 mais de 4,5 mil mulheres foram assassinadas no país.
“O crescimento efetivo acontece até o ano de 1996, período que as taxas de homicídio feminino duplicam, passando de 2,3 para 4,6 homicídios para cada 100 mil mulheres. A partir desse ano, e até 2006, as taxas permanecem estabilizadas, com tendência de queda, em torno de 4,5 homicídios para cada 100 mil mulheres. No primeiro ano de vigência efetiva da lei Maria da Penha, 2007, as taxas experimentam um leve decréscimo, voltando imediatamente a crescer de forma rápida até o ano 2010, último dado atualmente disponível, igualando o máximo patamar já observado no país: o de 1996.”
De 2001 a 2011, o índice de mulheres jovens assassinadas foi superior ao do restante da população feminina. Em 2011, a taxa de homicídios entre mulheres com idades entre 15 e 24 anos foi de 7,1 mortes para cada 100 mil, enquanto a média para as não jovens foi de 4,1.  Saiba mais no Mapa da Violência 2013: Homicídios e Juventude no Brasil.
Já a Pesquisa Avaliando a Efetividade da Lei Maria da Penha (Ipea, março/2015) apontou que a Lei nº 11.340/2004 fez diminuir em cerca de 10% a taxa de homicídios contra mulheres praticados dentro das residências das vítimas, o que “implica dizer que a LMP foi responsável por evitar milhares de casos de violência doméstica no país”.
Violência sexual 
Em 2011, foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, 12.087 casos de estupro no Brasil, o que equivale a cerca de 23% do total registrado na polícia em 2012, conforme dados do Anuário 2013 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Saiba mais acessando estudo sobre estupro no Brasil realizado pelo Ipea com base nos microdados do Sinan.
Em 2013, o Ipea levou a campo um questionário sobre vitimização, no âmbito do Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), que continha algumas questões sobre violência sexual. A partir das respostas, estimou-se que a cada ano no Brasil 0,26% da população sofre violência sexual, o que indica que haja anualmente 527 mil tentativas ou casos de estupros consumados no país, dos quais 10% são reportados à polícia. Tal informação é consistente com os dados do 8º Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) de 2014, que apontou que 50.320 estupros foram registrados no País em 2013. Todavia, essa estatística deve ser olhada com bastante cautela, uma vez que, como se salientou anteriormente, talvez a metodologia empregada no SIPS não seja a mais adequada para se estimar a prevalência do estupro, podendo servir apenas como uma estimativa para o limite inferior de prevalência do fenômeno no País.
Percepção da população sobre a violência contra as mulheres
Pesquisa realizada pelo Data Popular e Instituto Patrícia Galvão revelou que 98% dos brasileiros conhecem, mesmo de ouvir falar, a Lei Maria da Penha e 86% acham que as mulheres passaram a denunciar mais os casos de violência doméstica após a Lei. Para 70% dos entrevistados, a mulher sofre mais violência dentro de casa do que em espaços públicos.
Segundo a última pesquisa DataSenado sobre violência doméstica e familiar (2015), uma em cada cinco mulheres já foi espancada pelo marido, companheiro, namorado ou ex. E 100% das brasileiras conhecem a Lei Maria da Penha.
Sobre a violência contra mulheres jovens da periferia
Énois Inteligência Jovem realizou estudo, em parceria com os institutos Vladimir Herzog e Patrícia Galvão, com mais de 2.300 mulheres de 14 a 24 anos, das classes C, D e E, que envolveu a aplicação de questionário online eentrevistas em profundidade visando compreender como a violência contra as mulheres e o machismo atingem as jovens de periferia. Os números levantados pelo estudo mostram que 74% das entrevistadas afirmam ter recebido um tratamento diferente em sua criação, por serem mulheres; 90% dizem que deixaram de fazer alguma coisa por medo da violência, como usar determinadas roupas e frequentar espaços públicos; e 77% acham que o machismo afetou seu desenvolvimento.
Metodologia
O projeto tem como finalidade apontar a necessidade da inserção do Serviço Social na educação. Para tanto será realizada uma pesquisa qualitativa com o método dialético ou marxista, com o intuito de analisar as transformações ocorridas no ambiente escolar. O tema será abordado através do estudo de caso, possibilitando ao pesquisador conhecer o fenômeno estudado de maneira aprofundada na Instituição.
Para que seja feita uma avaliação crítica do tema abordado e como forma de avanço do conhecimento teórico realizar-se-á uma pesquisa bibliográfica, a partir de obras dos mais diversos autores como: Maria Cristina Piana, Ney Luiz Teixeira de Almeida, Glaucia Schneider, Maria do Carmo Hernandorena e através de sites confiáveis como CFESS, CRESS entre outros, além de leis e estatutos que abrangem as temáticas relacionadas à educação.
Atividades/Período (5semanas) 1 2 3 4 5
1 Revisão do projeto de pesquisa x x
2 Levantamento da leitura x x
3 Coleta de dados x x
4 Tratamentos dos dados e informações x
5 Entrega do trabalho x
Referências Bibliográficas:
O presente artigo tem como finalidade mostrar uma visão do serviço social frente às mulheres vítimas de violência doméstica, trazendo reflexões, debates que envolvem a centralidade da violência doméstica contra a mulher, enfocando o fazer profissional e a ética profissional do Assistente Social numa perspectiva crítica. Constitui-se de pesquisa bibliográfica de diversos autores, artigos de internet e publicações sobre a mulher vítima de violência. A Violência contra a Mulher apresenta de acordo com a (ONU) Organização das Nações Unidas como sendo uma transgressão aos direitos dos seres humanos, bem como um problema de Saúde Pública, e como um dos obstáculos fundamentais para que diversos países possam desenvolver de maneira plena. Finalizamos dizendo que os Assistentes Sociais são responsáveis por elaborar, executar e garantir políticas públicas para este campo.
Palavras-Chave: Serviço Social, Violência doméstica contra a mulher, Ética profissional.
1 INTRODUÇÃO
Na contemporaneidade o tema acerca da violência é valorizado quer seja no campo social, político e até mesmo acadêmico, fazendo parte de nossas vidas como um evento banalizado. Em outras palavras, muitos de nós mesmos, acabamos achando normal, por exemplo, ‘um policial atirar em um suspeito pelas costas’, mulheres sendo vítimas de violência domésticas, entre outras.
O objetivo deste trabalho não é encerar o tema, mas, servir de discussão, deste problema existente na sociedade contemporânea possibilitando entendimentos, ao Serviço Social, pois se trata de uma profissão historicamente determinada, tendo sua origem vinculada às relações sociais.
Portanto, a interlocução do Serviço Social com essa questão acima exposta, faz-se necessária. Uma vez que a violência contra a mulher é um fenômeno social e necessita ser enfrentada através de um conjunto de estratégias políticas e de intervenção social.
A profissão do Assistente Social deve levar em consideração a realidade vivida na sociedade, trazendo subsídios para mudanças no enfrentamento de novas demandas através do posicionamento ético-político da profissão.
No que diz respeitos à relação da Assistência Social e violência doméstica contra a mulher, discutiu-se a relevância deste profissional diante das vítimas dessa violência. O método usado é a pesquisa bibliográfica, cujos principais autores referenciados foram, Araújo, Azambuja, Bulla, Czapski, Faustini, entre outros, os quais trazem reflexões sobre a ética profissional; visão do Serviço Social especificamente sobre a questão da violência doméstica contra a mulher.
2 A VIOLÊNCIA
Não obstante com algumas peculiaridades, a trajetória da violência física familiar contra a mulher segue, grosso modo, às fases identificadas na trajetória de reconhecimento social do fenômeno, a nível internacional. Assim, já nas Ordenações do Reino, no Brasil Colônia, encontramos dispositivos segundo o qual é “permitido ao marido emendar a mulher dos maus artifícios pelo uso da chibata”.
A antropóloga Alba Zaluar (1999) ao tratar da expressão “violência” diz o seguinte:
O termo violência vem do latim violenta que remete a vis (força, vigor, emprego de força física, ou recurso do corpo para exercer sua força vital). Essa força torna-se violência quando ultrapassa um limite ou perturba acordos tácitos e regras que ordenam relações, adquirindo assim, carga negativa, ou maléfica. É a percepção do limite e da perturbação (e do sofrimento causado), que vai caracterizar um ato como violento, percepção que varia cultural e historicamente.
De acordo com esta autora, esta força adquire status quando entra no campo da violência quando extrapola os limites que são socialmente instituídos através dos acordos, regras que regulamentam as relações, adquirindo caráter negativo ou prejudicial.
Para Costa & Pimenta (2006, p. 7), a violência pode ser praticada pelo estado, instituições, grupos sociais e religiosos, organizações públicas e privadas, sistemas de comunicação e econômico, pessoas, finalmente, por todos nós.
No percurso histórico, se é verdade que o Código Penal de 1940 permite criminalizar as violências físicas contra a mulher considerando-as agressões ou lesões corporais (art.129), como homicídio (art.121) ou como instigação ao suicídio (art.122), na prática, as penas ou são pequenas ou, quando aplicadas são com muitos atenuantes.
A despeito da luta que o movimento feminista desenvolve e desenvolveu, especificamente a partir da década de 80, para colocar a violência contra a mulher como um problema social e para reclamar medidas e soluções urgentes, a conscientização de que a violência contra a mulher é antinatural e pode e deve ser condenada, começou então este embate no Brasil como diz Azevedo (1985, p. 59), a partir da luta feminista contra a impunidade dos agressores nos chamados crimes de paixão.
Havia uma série de idéias que as feministas tinham a respeito da violência, que em muito influenciadas pelos acontecimentos na Europa. Muitas mulheres feministas vieram um pouco da Europa, na França, na Itália, etc. na verdade, no Brasil, as coisas saíram um pouco diferentes do que imaginava. Pensava-se que aqui, como aconteceu praticamente em todos os países da Europa, a grande questão, o grande aspecto da violência que permitira ao feminismo sair em campo, denunciar, ir aos tribunais seria a questão do estupro. E, no entanto, aqui foi à questão do assassinato das mulheres. (AZEVEDO, 1985).
É neste momento que se inicia um pensamento presente nos países europeus, possibilitando ao movimento denominado feminismo de denunciar, buscar a garantias dos seus direitos.
As primeiras respostas feministas concentraram-se inicialmente no eixo Minas Gerais - São Paulo - Rio de Janeiro e como relatam Sorj, Bila e Monteiro Paula: O centro de defesa da mulher em Minas Gerais surgiu em agosto de 1980 como resultados de mobilizações de mulheres em repudio aos assassinatos de duas mineiras por seus maridos. O clima de indignação já havia sido criado há alguns meses com o primeiro julgamento de Doca Street, o qual culminou com a impunidade do assassino e sua transformação em herói (SORJ, BILA & MONTEIRO PAULA, apud AZEVEDO, 1985, p. 37).
Em outubro de 1981 é fundado o SOS Mulher de São Paulo e o SOS Mulher do Rio de Janeiro, teve sua criação proposta num encontro feminista de Volta Redonda em 1981. Mas aos poucos, o próprio movimento feminista foi alargando suas perspectivas de modo a incluir entre seus alvos de luta, não apenas os assassinatos oucrimes de sangue, mas também os “pequenos assassinatos”, isto é, todas as formas sutis, veladas, mas igualmente perversas de violência, que a mulher sofre no seu dia-a-dia. A autora Celmer (2010) In: A Violência Contemporânea que tem Almeida (2010) como organizadora, diz que:
A tarefa não é nada simples, pois a realidade que transborda das inúmeras expressões do constrangimento não consegue ser apreendida em um único conceito. Nesse sentido, seria mais adequado falar em violências, utilizando o plural para uma aproximação do caráter multifacetado dos fenômenos violentos.
Percebe-se que tanto aqui como no restante do mundo, essa luta não tem sido fácil. Segundo Costa & Pimenta (2006, p. 88) “... a violência no mundo contemporâneo, principalmente nas últimas décadas, se teria renovado em suas manifestações e passado a se apresentar de um modo com que as pessoas não estavam acostumadas”.
A violência contra a mulher é apontada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como “uma transgressão dos Direitos Humanos”, como um problema de Saúde Pública, ou seja, como uma das principais causas de doenças de mulheres (hipertensão, angústia, depressão, sofrimento psíquico, e outras); da mesma forma, a violência cometida contra as mulheres é apontada como um dos principais entraves ao desenvolvimento de países do mundo inteiro (ONU, 2006).
Essa violência que é praticada contra a mulher fere os direitos humanos da mulher, torna-se u problema de saúde pública, resultando em origem de diversas, além de ser obstáculos ao desenvolvimento de diversos países.
3 CONTEXTUALIZANDO A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
O conceito de violência contra as mulheres presente neste trabalho é o adotado pela Política Nacional de enfrentamento à violência contra as mulheres e que “está fundamentado na definição da Convenção de Belém do Pará de 1994, conhecida como Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher”.
Entende-se que: “a violência contra a mulher é composta de qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado” (Art. 1°). O termo “violência contra a mulher”, portanto, engloba a violência doméstica, a violência familiar e a violência conjugal.
É uma definição, ampliada e que aborda as diferentes maneiras de violência contra as mulheres, tais como define, a (Secretaria Nacional de enfrentamento à violência contra as Mulheres, 2011, p. 19):
A violência doméstica ou em qualquer outra relação interpessoal, em que o agressor conviva ou haja convivido no mesmo domicílio que a mulher, compreendendo, entre outras, as violências física, psicológica, sexual, moral e patrimonial (Lei nº 11.340/2006);
A violência ocorrida na comunidade e que seja perpetrada por qualquer pessoa e que compreende, entre outros, violação, abuso sexual, tortura, tráfico de mulheres, prostituição forçada, sequestro e assédio sexual no lugar de trabalho, bem como em instituições educacionais, estabelecimentos de saúde ou qualquer outro lugar; A violência perpetrada ou tolerada pelo Estado ou seus agentes, onde quer que ocorra (violência institucional) .
A mulher acaba sofrendo diversas formas de violências: sendo que doméstica, em que muitos casos elas convivem com o agente agressor, há também a que acontece na comunidade ocasionada por pessoas, o assédio sexual, no trabalho e institucional.
4 CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE VIOLENCIA DOMÉSTICA
Segundo Almeida, (2010, p. 73), deve-se entender por violência doméstica o comportamento que ocasione prejuízo físico, psíquico ou sexual não somente à mulher como também a outras pessoas que convivem na mesma casa, compreendendo empregados e agregados.
Conforme a Convenção de Belém do Pará, violência contra mulher é “qualquer ação ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como privado”. O termo “violência contra a mulher”, portanto, engloba a violência doméstica, a violência familiar e a violência conjugal. (ALMEIDA, 2010, p. 73)
A violência contra a mulher tanto pode ocorrer dentro de casa, como fora dela e também de diversas formas. Muitas vezes ela é praticada por pessoas não relacionadas à família, mas que mantém um chamado “poder” sobre a mulher. A justificativa para os atos de violência estaria somente no fato de ser mulher (violência de gênero); portanto um ser submisso e que teoricamente deve obediência ao homem.
5 A VÍTIMA E O AGRESSOR
Na opinião de Almeida (2010, p. 82) é Importante é analisar a etiologia das palavras vítima e mulher, para entender a origem da união entre elas. Para esta autora a palavra vítima advém de vincere que expressaria vencer, ser vencedor, sendo a vítima aquele vencido, o derrotado, o abatido ; e mulher teria derivado de mulier , que indicaria pessoa tímida, frágil, fraca. Compreende-se que a associação realizada entre vítima e mulher está sedimentada na definição dessas duas palavras. Resulta, dessa maneira, como a mulher é vista e vê a si mesma como a fraca, a submissa, ou seja, a dominada.
A violência doméstica não paira somente sobre as mulheres e/ou as crianças. Em alguns casos, é o marido que é vitima da violência de sua esposa, entretanto esse percentual é bastante reduzido (Baested,1997). De acordo com estatísticas norte-americanas, 95% das vitimas de violência doméstica são mulheres. (GROSSI & WERBA, 2011, p. 60)
De acordo com Araújo & Mattioli, (2004, p. 18), a mulher é a maior vitima da violência de gênero. Segundo as estatísticas, em 95% dos casos de violência praticada contra a mulher, o homem é o agressor. Em função disso, usam-se frequentemente as expressões violência de gênero e violência contra a mulher como sinônimos.
Almeida (2010, p. 84), nos chama a atenção para o fato de que a maioria das mulheres em situação de violência acaba não denunciando às autoridades seus agressores ou não manterem as acusações, não querem representá-los criminalmente. Especialmente, quando existem instrumentos legais que, embora muitas vezes não sejam adequados ou satisfatoriamente para seus fins, tendem à proteção das mulheres em condição de vulnerabilidade.
Esta autora diz que são dois os motivos para tais comportamentos: a dependência econômica do suposto agressor e as ameaças feitas pelo agressor diante da denuncia ou da continuidade do processo criminal.
Apesar de a dependência econômica ser aspecto importante que levam inúmeras mulheres em condição de violência a voltarem atrás da representação criminal, a dependência emocional, com seus diversos fatores, geralmente é a razão fundamental das mulheres não registram o fato ou desistem de processar o agressor.
6 O NÚMERO DE MULHERES AGREDIDAS
De acordo com o site da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso , esta instituição atende 90% dos casos de violências contra a mulher, bem como busca mecanismos de reduzir esses crimes.
Ainda de acordo com os dados apresentados neste site, fora realizado um levantamento pela Polícia Judiciária Civil acerca da violência contra a mulher, em Cuiabá e Várzea Grande, destacando-se dentre as ocorrências de violência doméstica registradas contra a mulher um aumento considerável em ameaças (12%), lesões corporais (15%) e maus tratos (200%), por exemplo, comparado o primeiro semestre de 2011 com o ano passado. Ciúmes, humor alterado, problemas financeiros, álcool, drogas, ou quaisquer outras justificativas são usados pelos agressores para justificar o crime.
7 A LEI MARIA DA PENHA
Em 07 de Agosto de 2006 foi aprovada a lei de nº 11.340, Intitulada “Lei Maria da Penha”, que recebeu esse nome como forma de homenagear uma mulher vítima da violência doméstica.
Em maio de 1983, a cearense Maria da Penha Maia Fernandes estava dormindo quando o marido lhe deu um tiro nas costas. Ficou paraplégica aos 38 anos, mãe de três filhas, a mais velha com 6 anos, e a caçula com 2. Foram 4 meses de hospital, muita dor física e emocional, até voltar pra casa numa cadeira derodas. (ABRÃO, 2009, p. 77)
Segundo Maluf (2012, p. 23), no que diz respeito ao seu objetivo a Lei Maria da Penha, Lei nº 11.340/2006, trata da violência contra a mulher, o afeto está inserido no art. 5º, III: “em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação”, ou seja, a Lei Maria da Penha constitui-se uma ferramenta útil na luta contra o crime relacionado à mulher.
A lei foi criada para garantir os direitos da mulher e impedir que continuem sendo vítimas de agressões. Logo na sua introdução, a lei deixa clara a finalidade: “cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher (...)”, ações estas que devem ser coibidas pelo Poder Público e punido o agressor.
8 O SERVIÇO SOCIAL E A VÍTIMA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
O Serviço Social luta contra a violência doméstica dentro das instituições que oferecem atendimento à mulher vítima de violência, com base em seu projeto ético político, atua em três dimensões: ético-política, teórico metodológica e a técnico operativa.
De acordo Bulla & Araújo (1997, p. 30) a direção ética, a construção coletiva e a competência técnica são básicas e, com esses elementos, o Serviço Social caracteriza com propriedade a dimensão politica de sua prática.
Essa dimensão do exercício profissional orienta as mulheres na busca pelos seus direitos, assim como na luta por políticas contra violência em que são vítimas.
O Código de Ética da profissão dos assistentes sociais orienta as suas intervenções e a sua postura profissional que deve ser adotada.
Cabe destacar que o Código de Ética profissional do assistente social (1993) marca, através de seus princípios, a direção do compromisso profissional do assistente social brasileiro e identifica a dimensão politica da prática profissional, a partir de alguns eixos fundantes: a liberdade reconhecida como valor ético central da prática profissional, para isso requer o reconhecimento da autonomia, da emancipação, da expansão dos direitos sociais; a defesa dos direitos humanos contra formas de arbítrio e autoritarismo; a defesa, o aprofundamento e a consolidação da cidadania e da democracia... (FAUSTINI, 2004, p. 57)
A dimensão teórico-metodológica tem como finalidade esclarecer a prática profissional, dando subsídios na elaboração de planos para enfrentar as exigências desta área. Para Guimarães & Kern (2010, p. 118), a “competência profissional é elemento transversal e constitutivo da formação e do exercício profissional, cujo constructo deve viabilizar uma capacidade teórico-metodológica e ético-politica, como requisito fundamental para o exercício de atividades técnico-operativas”.
A dimensão técnico-operativa instrumentaliza o profissional do Serviço Social para atuar e intervir junto às demandas que lhes são apresentadas, ou seja, é a ênfase dado aos processos interventivos utilizados. (AZAMBUJA et. al, 2011, p. 261)
De acordo com Lisboa & Pinheiro (2005, apud Czapski, p. 325), os instrumentos técnicos operativos empregados na atuação profissional do assistente social para atender às vítimas de violência doméstica são: entrevista, visita domiciliar, reuniões em grupo, equipe multiprofissional, documentação, relatórios, parecer social, planejamento de programas, projetos, construção de indicadores, pesquisa, articulação em rede.
De modo que para manejar esses instrumentais, é necessário o emprego da ética profissional e o posicionamento ético político, objetivando o estabelecimento de estratégias que vão de encontro com a criação de uma identidade profissional que compromissada contra a violência doméstica.
9. CONCLUSÃO
A posição que o profissional do Serviço Social ocupa torna-se um exercício permanente. Diante de novos cenários o seu fazer profissional necessita estar em consonância com seu Código de Ética fundamentado em princípios de liberdade, democracia, justiça social, respeito e defesa das minorias.
Diante dessa escolha pela ética e por uma postura política compromissada como o combate às desigualdades construiu uma identidade profissional respeitada, requisitada e imprescindível às diversas políticas públicas sociais praticadas pelos governantes.
Essa situação acima citada possibilitou ampliação da sua atuação profissional, até mesmo diante do combate à violência contra a mulher. Trata-se de uma problemática social, ‘antigo, grave, delicado e perverso’, cuja atuação requer do profissional uma postura ética.
É indispensável ao assistente social, no seu trabalho diante da violência contra a mulher, descobrir opções e meios voltados para uma prática que supere todos os obstáculos presente nesta área, reconhecendo as circunstâncias apresentadas, capacitando-se para o trabalho com as mulheres, atuando na modificação no modo das condições de vida, nas discussões sobre a questão da violência contra a mulher, organização de acontecimentos voltados a este espaço, na militância nos conselhos e direitos da mulher, priorizando as políticas públicas de combate à violência com base no que preconiza o Código de Ética profissional do Serviço Social.
10 REFERENCIAS
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Viol%C3%AAncia_contra_a_mulher
ABRÃO, Sonia. Abaixo a mulher capacho. Barueri: Manole, 2009.
ALMEIDA, Maria da Graça Blaya.(Org.) A violência na sociedade contemporânea. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010. 161p
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AZAMBUJA, Maria Regina Fay de; FERREIRA, Maria Helena Mariante. [et al.] Violência sexual contra crianças e adolescentes. Porto Alegre: Artmed, 2011.
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FAUSTINI, Márcia Salete Arruda. O ensino no serviço social. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004. 150p
GUIMARÃES, Gleny Terezinha Duro; KERN, Francisco Arseli. (orgs.) ENADE comentado 2007: serviço social Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010. 127p
GROSSI, Patrícia Krieger de, WERBA, Grasiela C. Violências e Gênero: coisas que a gente não gostaria de saber organização. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2011. 163p
MALUF, Adriana Caldas do Rego Freitas Dabus. Direito das famílias: amor e ética. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

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