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AULA 4

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DIREITO 
OBRIGACIONAL
AULA 4
Obrigação de Dar Coisa Incerta, de Fazer e 
de Não Fazer
Prof. THIAGO SERRANO
OBRIGAÇÃO DE DAR 
COISA INCERTA 
(ARTS. 243/246, CC)
• Conceito (art. 243, CC): É a obrigação de dar
coisa indeterminada, sendo somente indicada
pelo gênero e pela quantidade, restando uma
indicação de sua qualidade posteriormente.
• A concentração é o ato pelo qual a parte,
designada pela lei ou pelo contrato, realiza a
escolha, constituindo um ato jurídico unilateral,
transformando a obrigação indeterminada em
obrigação determinada.
O ATO DE ESCOLHER
(ART. 244, CC)
• Em relação à pessoa: A escolha, no
silêncio do contrato, caberá ao devedor.
• Em relação à coisa: Aquele que couber
escolher, não poderá dar a coisa pior e
nem será obrigado a dar a coisa melhor, o
que decorre do princípio da equivalência
das prestações. Deverá dar, pois, o gênero
intermediário. Para a melhor doutrina,
trata-se de norma cogente de ordem
pública, não podendo ser afastada pela
vontade das partes.
O ATO DE 
CONCENTRAÇÃO
(ART. 245, CC)
• Quando couber ao devedor a escolha,
este deverá cientificar o credor. Este
momento é denominado concentração,
no qual a obrigação genérica passa a ser
específica, sendo, a partir de agora,
regulamentada pelas regras inerentes à
obrigação de dar coisa certa.
PERDA DA COISA ANTES DA 
ESCOLHA
(ART. 246, CC)
• Antes da escolha, não há que se falar em
inadimplemento, pois somente depois da
escolha é que a obrigação genérica passa
a ser específica.
• Assim, o gênero nunca perece (genus
nunquam perit) antes da concentração,
mesmo em decorrência de caso fortuito
ou força maior.
DÍVIDA GENÉRICA 
LIMITADA
• Existem situações em que todos os gêneros são
perdidos em decorrência de caso fortuito ou força
maior – a perda de todas as ovelhas de um rebanho. A
lei não faz menção a esta possibilidade, fazendo com
que o devedor arque com o pagamento das perdas e
danos. Porém, existe entendimento doutrinário em
sentido contrário, fundamentado pelo seguinte texto
incorporado ao projeto de lei 6.960/02: “Antes de
cientificado da escolha o credor, não poderá o
devedor alegar perda ou deterioração da coisa,
ainda que por força maior ou caso fortuito, salvo se
tratar de dívida genérica limitada e se extinguir toda a
espécie dentro da qual a prestação está
compreendida”.
OBRIGAÇÃO DE FAZER
(ARTS. 247/249, CC)
• Conceito: Trata-se da obligatio ad faciendum,
ou seja, de uma obrigação positiva, cuja
prestação consiste no cumprimento de uma
tarefa ou atribuição por parte do devedor.
• Classificação:
• Obrigação de fazer fungível: pode ser
realizada por outra pessoa.
• Obrigação de fazer infungível: personalíssima
ou intuito personae, decorrente do
instrumento negocial ou da própria natureza.
INADIMPLEMENTO DA 
OBRIGAÇÃO DE FAZER 
INFUNGÍVEL (ART. 247, CC)
• O credor poderá: exigir o pagamento do
equivalente, mais perdas e danos,
momento em que a obrigação de fazer
será convertida em obrigação de dar; ou,
exigir o cumprimento da obrigação,
através da fixação das astreintes pelo juiz
(arts. 536 e 537, CPC/2015 e 84, CDC), sem
prejuízo das perdas e danos.
ASTREINTES NO 
CPC DE 2015
• Art. 536: No cumprimento de sentença que reconheça
a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer,
o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a
efetivação da tutela específica ou a obtenção de
tutela pelo resultado prático equivalente, determinar
as medidas necessárias à satisfação do exequente.
• Art. 537: A multa independe de requerimento da parte
e poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em
tutela provisória ou na sentença, ou na fase de
execução, desde que seja suficiente e compatível
com a obrigação e que se determine prazo razoável
para cumprimento do preceito.
INFORMATIVO 361, STJ
• Trata-se de contrato de locação com cláusula de
exclusividade firmado para instalação de joalheria (ora
recorrente) em hotel de luxo. Posteriormente, o mesmo grupo a
que pertence o hotel firmou contrato também com cláusula de
exclusividade com outra joalheria, atualmente instalada no
hotel. Observa-se que há dois óbices fáticos para o
cumprimento específico da obrigação: a instalação de outra
joalheria no hotel e a informação do acórdão recorrido de que
funciona um bar no local em que deveria instalar-se a
recorrente. Logo, para a Min. Relatora, o cumprimento da
obrigação demandaria onerosidade maior que o prejuízo de
espera de seis anos causado à recorrente. Assim, diante da
impossibilidade do cumprimento da obrigação, impõe-se sua
conversão em perdas e danos (art. 461, § 1º, do CPC/1973) a
serem calculados na forma de lucros cessantes, apurados em
liquidação por arbitramento (perícia contábil).
INADIMPLEMENTO DA 
OBRIGAÇÃO DE FAZER 
FUNGÍVEL E INFUNGÍVEL
• Art. 248: Dispõe sobre o inadimplemento
da obrigação de fazer fungível e infungível
• Resolução sem culpa do devedor:
Ocorrência de caso fortuito ou força
maior, que desoneram o devedor do
pagamento das perdas e danos.
• Resolução com culpa do devedor:
Pagamento das perdas e danos.
INFORMATIVO 507, STJ
• Resolve-se, por motivo de força maior, o contrato de
promessa de compra e venda sobre o qual pendia
como ônus do vendedor a comprovação do trânsito
em julgado de ação de usucapião, na hipótese em
que o imóvel objeto do contrato foi declarado território
indígena por decreto governamental publicado após a
celebração do contrato. Sobrevindo a inalienabilidade
antes do implemento da condição a cargo do
vendedor, não há falar em celebração do contrato
principal de compra e venda, não se caracterizando
como contrato deferido, nem incidindo a teoria da
imprevisão. Trata-se de não perfazimento de contrato
por desaparecimento da aptidão do bem a ser
alienado.
INADIMPLEMENTO DA 
OBRIGAÇÃO DE FAZER 
FUNGÍVEL
• Art. 249: Dispõe sobre o inadimplemento da obrigação
de fazer fungível, em que existe a possibilidade do
credor requerer que um terceiro cumpra a obrigação.
• O credor poderá exigir o cumprimento da obrigação
pelo próprio devedor, com a fixação das astreintes,
sem prejuízo das perdas e danos, ou;
• O credor poderá exigir o pagamento do equivalente,
mais perdas e danos, momento em que a obrigação
de fazer será convertida em obrigação de dar, ou;
• O credor poderá exigir que um terceiro realize a
obrigação a custa do devedor, sem prejuízo das
perdas e danos.
FIXAÇÃO DO DANO 
MORAL IN RE IPSA NA 
OBRIGAÇÃO DE FAZER 
• O dano moral in re ipsa é o dano moral
presumido, como ocorre na inscrição do
nome do sujeito no cadastro de
inadimplentes de forma equivocada.
Segundo o STJ, se já existe inscrição
legítima, não cabe indenização por
danos morais – Súmula 385.
• O STJ tem entendimento de que ele
somente poderá interferir no quantum
indenizatório, caso este seja ínfimo ou
muito elevado.
OBRIGAÇÃO DE NÃO 
FAZER
(ARTS. 250/251, CC)
• Classificação:
• Legal: A lei proíbe a realização de algo, como no
caso do proprietário de imóvel, que tem o dever de
não construir até certa distância do imóvel vizinho –
arts. 1.301/1.303.
• Convencional: O contrato proíbe a realização de
algo, como no caso do ex-empregado que celebra
com a ex-empregadora um contrato de sigilo
industrial, por ter sido contratado pelo concorrente –
secret agreement.
RESPONSABILIDADE DO 
DEVEDOR
• Art. 250: Ausência de culpa.
• Art. 251: Presença de culpa.
• Obrigação de não fazer instantânea ou
transeunte (irreversível): Só cabe o pagamento
das perdas e danos.
• Obrigação de não fazer permanente (reversível):
O credor poderá exigir o desfazimento, mais
perdas e danos.
AUTOTUTELA NAS 
OBRIGAÇÕES DE FAZER E 
DE NÃO FAZER 
E O ABUSO DE DIREITO
• Pelo parágrafo único do art. 249, tem-se uma
espécie de autotutela, pois possibilita que o credor,
independentemente de autorização judicial,
execute ou mande executar a obrigação, em
caráter de urgência. Tal fato decorre do processo
de desjudicialização dos conflitos.
• Pelo parágrafo único do art. 251, tem-se uma
espécie de autotutela, pois possibilita que o credor,
independentemente de autorização judicial,
desfaça ou mande desfazer a obrigação, em
caráter de urgência.
INFORMATIVO 526, STJ
• DIREITO PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL. CUMULAÇÃO DAS
OBRIGAÇÕES DE RECOMPOSIÇÃO DO MEIO AMBIENTE E DE
COMPENSAÇÃO POR DANO MORAL COLETIVO. Na hipótese de
ação civil pública proposta em razão de dano ambiental, é
possível que a sentença condenatória imponha ao responsável,
cumulativamente, as obrigações de recompor o meio ambiente
degradado e de pagar quantia em dinheiro a título de
compensação por dano moral coletivo. Isso porque vigora em
nosso sistema jurídico o princípio da reparação integral do dano
ambiental, que, ao determinar a responsabilização do agente por
todos os efeitos decorrentes da conduta lesiva, permite a
cumulação de obrigações de fazer, de não fazer e de indenizar.
Ademais, deve-se destacar que, embora o art. 3º da Lei 7.347/1985
disponha que “a ação civil poderá ter por objeto a condenação
em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não
fazer”, é certo que a conjunção “ou” – contida na citada norma,
bem como nos arts. 4º, VII, e 14, § 1º, da Lei 6.938/1981 – opera com
valor aditivo, não introduzindo, portanto, alternativa excludente.
EXERCÍCIO
• Sobre as obrigações, responda:
• I. As obrigações de não fazer são extintas se a abstenção do ato se
tornar impossível sem culpa do devedor.
• II. Nas obrigações de dar coisa certa, se a coisa se perder sem culpa
do devedor antes da tradição, a obrigação fica resolvida para ambas
as partes.
• III. Nas obrigações de restituir coisa certa, se a coisa se perder sem
culpa do devedor antes da tradição, o credor sofrerá a perda e a
obrigação se resolverá.
• IV. Nas obrigações de dar coisa incerta não há que se falar em perda
da coisa antes da escolha.
• Assinale a correta:
• a) Todas as assertivas são verdadeiras.
• b) Apenas as assertivas I, II e IV são verdadeiras.
• c) Apenas as assertivas II, III e IV são verdadeiras.
• d) Apenas as assertivas I, II e III são verdadeiras.

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