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Prof. Me. Paulo Younes LINKs da aulas no Prezi: 01 - http://prezi.com/e3dmfv6nk5oi/?utm_campaign=share&utm_medium=copy&rc=ex0share 02 - http://prezi.com/xbo2vhkb2kuy/?utm_campaign=share&utm_medium=copy 03 - http://prezi.com/2pmzjvcnsppc/?utm_campaign=share&utm_medium=copy&rc=ex0share Aula 01 DIREITO PROCESSUAL PENAL – I Teoria Geral do Processo Penal O DIREITO "O direito é uma coação universal, que protege a liberdade de todos" (KANT). "O direito é uma liberdade limitada por outra liberdade" (STUART MILL). "O direito se constitui primordialmente como um sistema de normas coativas permeado por uma lógica interna de validade que legitima, a partir de uma norma fundamental, todas as outras normas que lhe integram" (KELSEN). "Por direito entende-se a totalização de valores e fatos em normas que obrigam os seus destinatários a determinadas condutas, possibilitando a convivência destes em sociedade" (MIGUEL REALE). O PROCESSO Origem da palavra: procedere, que significa proceder, caminhar, ir a diante. "É o instrumento democrático de que se vale o Estado para dar resposta à pretensão punitiva e fazer Justiça" (DINAMARCO). Princípio nulla poena sine iudicio: impossivel a aplicação de qualquer sanção penal sem processo. NÃO SE ESQUEÇA NUNCA... JURISDIÇÃO é função, e PROCESSO, o instrumento por meio do qual se verifica o seu exercício. PROCESSO não é PROCEDIMENTO PROCEDIMENTO é a marcha ordenada de atos processuais. "O procedimento é para o processo o que os trilhos são para o trem" (MIGUEL FENECH). ATOS PROCESSUAIS: são atos jurídicos praticados no processo, com vistas a criar, modificar ou extinguir direitos processuais. E a RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL? O Processo é composto por dois elementos: o procedimento e a relação jurídica processual "O procedimento diz respeito à forma extrínseca do processo... Já, a relação jurídica processual, é o liame subjetivo que vincula os sujeitos do processo" (RENATO MARCÃO). O DIREITO PROCESSUAL PENAL "É o conjunto de regras jurídicas que disciplinam a persecução penal em sentido amplo, da investigação até a decisão final do processo, ou, como ensina MAIER, é um ramo da ordem jurídica interna de um Estado, cujas normas instituem e organizam os órgãos públicos que cumprem a função judicial penal do estado e disciplinam os atos que integram o procedimento necessário para impor uma pena ou medida de segurança. É um dos ramos do direito público" (MARCÃO). Hoje o Processo Penal (justo) deve ser entendido como um instrumento de tutela de direitos fundamentais. DUAS FINALIDADES Imediata: administração e solução do conflito de natureza penal Mediata: a paz social, na medida em que soluciona casuisticamente as questões penais. OBS.: não se esqueça de assistir ao vídeo final da aula 01 nos slides do PREZI. Aula 02 DIREITO PROCESSUAL PENAL – I Teoria Geral do Processo Penal PRINCÍPIOS GERAIS DO PROCESSO PENAL "Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma." "(...) Porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra" (Bandeira de Mello). São eles: Princípio da Dignidade da Pessoa Humana (art. 1., III CF/88) - um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito. - deve nortear qualquer edição, interpretação e aplicação das regras jurídicas. - "(...) se assenta sobre o pressuposto de que cada ser humano possui um valor intrínseco e desfruta de uma posição especial no universo" (Luís Roberto Barroso). Principio da Legalidade (art. 5., XXXIX CF/88 e 1. CP) - a instauração da persecução penal é vinculada; exigindo requisitos mínimos indicativos da prática de conduta típica. - "Enquanto o particular, na vida privada, pode fazer tudo o que não for proibido, o Estado só pode fazer o que for permitido" (Renato Marcão). Princípio do Devido Processo Legal (art. 5., inc. LIV CF/88) - ninguém será privado de seus bens sem o devido processo legal (exs.: afronta ao art. 396 e não cumprimento do art. 212 CPP. - "forma é garantia, e o descumprimento do procedimento tipificado é causa de nulidade por evidente violação ao princípio do devido processo legal" (Renato Marcão). Veja que interessante... Habeas Corpus 94.016/SP - STF - rel. Min. Celso de Mello: "O direito do réu à observância, pelo Estado, da garantia pertinente ao "due process of law", além de traduzir expressão concreta do direito de defesa, também encontra suporte legitimador em convenções internacionais que proclamam a essencialidade dessa franquia processual, que compõe o próprio estatuto constitucional do direito de defesa, enquanto complexo de princípios e de normas que amparam qualquer acusado em sede de persecução criminal, mesmo que se trate de réu estrangeiro, sem domicílio em território brasileiro, aqui processado por suposta prática de delitos a ele atribuídos. " Princípio da Oficialidade (arts. 92 e ss., 129 e 144 CF/88) - a persecução penal, como obrigação constitucional imposta ao Estado, se desenvolve por seus órgãos legitimados, sendo que todas as suas atividades são públicas, desempenhadas por órgãos oficiais. - na ação penal privada (caso de substituição processual) o Estado outorga ao particular a legitimidade (o jus persequendi in judici, e não o jus puniendi) para o direito de ação. Princípio do Juiz Natural (art. 5., LIII CF/88) - "Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente." - não basta a jurisdição, tem de ter competência (analisar os arts. 29, X; 96, III; 102, I, letra a CF/88). Princípios da Obrigatoriedade, indisponibilidade, oportunidade ou conveniência e disponibilidade - regra: acões penais públicas incondicionadas (o bem jurídico tutelado é de natureza pública. Isso quer dizer que... concluino o IP pela prova da materialidade e indícios de autoria, obrigatoriamente o MP deve oferecer a denúncia Art. 129, I CF/88). - ajuizada a acão penal, o MP não poderá dela desistir (art. 42 CPP), nem mesmo do eventual recurso interposto (art. 576 CPP). - no caso das ações penais públicas condicionadas à representação do ofendido, vigora o princípio da disponibilidade até o oferecimento da denúncia pelo MP (art. 25 CPP), admitindo-se a retratação da representação. - na ação penal privada, incide o princípio da oportunidade ou conveniência. Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa (art. 5., LV CF/88) - "São elementos essenciais do contraditório a necessidade de informação e a possibilidade de reação" (Scarance). -"É a ciência bilateral dos atos e termos processuais e a possibilidade de contrariá-los (Canuto Mendes). - "O princípio da ampla defesa se sustenta no desequilíbrio que existe entre o acusado e o Estado, sendo aquele hipossuficiente por natureza e este último sempre mais forte" (Nucci). - Ampla defesa: dois enfoques: 1) defesa técnica (arts. 5., LV e LXXIV CF/88; 261, caput e 263 CPP; 2) autodefesa, manifestada no direito de audiência, direito de presença e no direito a postular pessoalmente. Princípios da Celeridade, Economia Processual e da Duração Razoável do Processo (art. 5., LXXXVIII CF/88) - o Estado há de garantir a celeridade necessária para que o processo termine em "prazo razoáel", isto é, no tempo adequado para atingir a sua finalidade, evitando entraves procedimentais inúteis. - duas súmulas - STJ: 52 e 64. - a economia: exemplos explícitos na legislação - arts. 2., 62, 67, 72, 71, p. 1., 80, 81, p. 1., 2. e 3. Lei 9.099/95. Princípio da Verdade Real - no processo penal prevalece o interesse público, buscando a prestação jurisdicional esclarecer, de forma precisa, a maneira como os fatos imputados verdadeiramente se deram. - "no processo penal brasileiro o princípio da verdade real não vige em toda a sua inteireza",quer dizer que, alguns institutos legais permitem que ela (a verdade) não seja alcançada (Exs.: trânsito em julgado da sentença absolutória, a transação penal, a perempção, dentre outras causas extintivas de puniblidade). Princípios da Presunção de Inocência e Favor Rei - "Todo acusado é considerado inocente até ser considerado culpado" (art. 9. da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão (1789) - Beccaria, Voltaire, Montesquieu, Rousseau. - "Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se comprovar legalmente sua culpa" (Pacto de São José da Costa Rica - art. 8., p. 2. da Convenção Americana sobre Direitos Humanos). - o favor rei: enquanto o princípio in dubio pro reo orienta a decisão do juiz diante de prova insegura ou não convincente a respeito de qualquer das versões existentes nos autos, o princípio do favor rei indica a adequada interpretação da regra jurídica. Princípio do ne bis in idem - veda a reiteração de processos pelo mesmo fato. - "O acusado absolvido por sentença transitada em julgado não poderá ser submetido a novo processo pelos mesmos fatos" (Pacto de São José da Costa Rica). Aula 03 DIREITO PROCESSUAL PENAL – I Teoria Geral do Processo Penal SISTEMAS DE PROCESSO PENAL "É o modelo político-jurídico adotado pelo legislador para o início e desenvolvimento da persecução penal em juízo; do oferecimento da inicial acusatória até o resultado final da prestação jurisdicional" (Marcão). Sistema Inquisitivo: regimes totalitários ou absolutistas (origem romana) - juiz acusa, defende e julga. A confissão tem valor absoluto sobre qualquer outro meio de prova. O processo não instrumentaliza o Direito Penal e, sim, é apenas um meio para se aplicá-lo, sendo que o imputado é considerdo um mero objeto de persecução, desconhecendo-se sua dignidade. Sistema Acusatório: feição democrática (grécia antiga) - repartição de funções entre órgãos distintos (MP acusa; defesa efetiva e desempenhada por advogado ou defensor público; presidência do processo e julgamento de competência do Poder Judiciário). Imputado é sujeito de direito, portanto, presumidamente inocente até prova em contrário. Desenvolve-se apoiado no princípio da dignidade da pessoa humana e demais princípios processual penais. ADOTADO NO BRASIL. Sistema Misto: combinação entre os dois sistemas anteriores. Duas fases: instrução preparatória inquisitiva (juiz instrutor) e a fase de julgamento (juiz com características do modelo acusatório). FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL Fonte é o manancial de onde se origina a regra jurídica. Materiais ou de produção: criam a regra jurídica (é o Estado - art. 22 CF/88); Estados-Membros e Distrito Federal possuem competência concorrente - art. 24 CF/88; Leis de organização judiciária dos TJs estaduais disciplinam em matéria proc. penal - art. 125 CF/88). Formais: - Diretas: espécies normativas (leis ordinárias e complementares; emenda à CF e normas constitucionais; tratados e convenções internacionais). - Indiretas: costumes e princípios gerais de direito. A doutrina e a jurisprudência são apenas formas de interpretação da regra jurídica. A analogia é uma forma de autointegração da lei. PRA QUEM NÃO SABE: Interpretação da lei Processual Penal - art. 3. CPP Espécies de Interpretação (Analisar exemplos dos manuais): 1) Quanto ao sujeito: autêntica (ex. 327 CP), doutrinária ou judicial. 2) Quanto aos meios empregados: literal (leva em conta o significado das palavras), lógica (finalidade da lei), histórica ou sistemática. 3) Quanto ao resultado: declarativa, restritiva ou extensiva. LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO – art. 1. CPP O CPP adota o cirtério territorial, com algumas exceções, devendo ser aplicado em todo território brasileiro, envolvendo o espaço aéreo (lei 7565/86), as águas interiores, o mar territorial e a plataforma continental (lei 8617/93). Lugar da infração penal: à toda infração praticada no território nacional - arts. 4. a 8. CP. Tratados, Convenções e Regras de Direito Internacional: o art. 5., parágrafo 4. da CF/88 submete o Brasil à jurisdição do Tribunal Penal Internacional. Nosso país aderiu ao Estatuto de Roma do TPI (analisar o art. 1. do Estatuto de Roma). Adotamos a teoria monista - as regras dispostas em tratado ou convenção a que o Brasil se encontre vinculado ingressam no sistema normativo sem que seja necessário editar lei específica a respeito. As que versarem sobre proteção a direitos humanos, ingressam no ordenamento jurídico brasileiro com força de norma constitucional. LEI PROCESSUAL PENAL NO TMEPO – art. 2. CPP - Vigência e Vacatio Legis. - Revogação: expressa ou tácita; ab-rogação e derrogação - Repristinação: em regra não é possível a lei revogada se restaurar por ter a lei revogadora perdido a vigência (art. 2, parágrafo 3. do decreto-lei 4657/42) - Tempus regit Actum: irretroatividade da lei processual penal. Em consequência, nos moldes do art. 2. do CPP, aplica-se o princípio da incidência imediata.
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