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COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 57 4.14. Phase-Locked Loop e Sintetizadores de Frequência Um PLL, phase-locked loop, consiste de 3 componentes básicos: (1) um detetor de fase, (2) um filtro passa-baixas, e (3) um oscilador controlado por tensão (VCO), conforme ilustrado na figura 4-19. O VCO é um oscilador que produz uma forma de onda periódica, cuja frequência pode ser variada em torno de uma frequência de oscilação livre, fo, de acordo com o valor da tensão v2(t) aplicada. A frequência de oscilação livre, fo, é a frequência de saída do VCO quando a tensão aplicada v2(t) for zero. O detetor de fase produz um sinal de saída v1(t) que é função da diferença de fase entre o sinal de entrada vin(t) e o sinal do oscilador vo(t). O sinal filtrado v2(t) é o sinal de controle que é usado para mudar a frequência de saída do VCO. A configuração PLL pode ser projetada tal que atue como um filtro de sincronização faixa-estreita quando o filtro passa-baixas (LPF) for um filtro faixa-estreita. Nestes modo de operação a frequência do VCO será uma das componentes de linha do espectro do sinal de entrada, tal que o sinal de saída do VCO será um sinal periódico com uma frequência igual a frequência média desta componente do sinal de entrada. Assim que o VCO tiver adquirido esta componente de frequência, a frequência do VCO se amarrará a esta componente do sinal de entrada, se a entrada variar ligeiramente em frequência. Em outro modo de operação, a largura de faixa do LPF é mais larga, tal que o VCO pode se amarrar à frequência instantânea do sinal de entrada. Quando o PLL se amarrar ao sinal de entrada em um desses modos o PLL é dito estar “travado” (locked). Figura 4-19 – PLL básico. Se o sinal aplicado tiver uma frequência inicial de fo, o PLL adquirirá “lock” e o VCO será amarrado com a frequência do sinal de entrada dentro de certa faixa, cuidando-se para que a frequência de entrada varie lentamente. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 58 Todavia, a malha permanecerá travada somente dentro de uma faixa finita de deslocamento de frequência. Esta faixa é chamada de faixa de amarração. A faixa de amarração depende do ganho DC total da malha, que inclui o ganho DC do LPF. Por outro lado, se o sinal aplicado tiver uma frequência inicial diferente de fo, a malha pode não adquirir “lock” mesmo que a frequência de entrada esteja dentro de faixa de amarração. A faixa de frequência na qual a entrada aplicada causará amarração (lock) é chamada de faixa de captura. Esta faixa é determinada primariamente pelas características do filtro de malha, e nunca é maior do que a faixa de amarração. Ver figura 4-23. Outra importante especificação do PLL é a taxa de varredura amarrada máxima. É definida como a máxima taxa de variação da frequência de entrada para a qual a malha permanecerá amarrada. Se a frequência variar mais rapidamente do que esta especificação, a malha perderá o travamento (lock). Figura 4-20 – Algumas características de detector de fase. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 59 Se o PLL for implementado usando-se técnicas de circuitos analógicos, é chamado de APLL (analog phase-locked loop). Por outro lado, se circuitos digitais forem usados, ele é dito ser um DPLL (digital phase-locked loop). Por exemplo, a característica do detetor de fase depende da implementação exata que foi usada. Algumas características do detetor de fase estão ilustradas na figura 4-20. A característica senoidal é obtida se um multiplicador (circuito analógico) for usado e os sinais periódicos forem senoidais. O multiplicador pode ser implementado usando-se um misturador balanceado duplo. As características triangular e dente-de-serra obtidas através de circuitos digitais. Além do uso de circuitos VCO e PD (detetor de fase) digitais, o DPLL pode incorporar um filtro de malha digital e técnicas de processamento que usam microprocessadores. Gupta publicou um trabalho, tipo tutorial, sobre APLL no IEEE Proceedings [Gupta, 1975], e Lindsey e Chie seguiram com um trabalho sobre técnicas DPLL [Lindsey and Chie, 1981]. Além disso, há excelentes livros disponíveis [Blanchard, 1976; Gardner, 1979, Best 1993]. Uma discussão detalhada sobre PLL’s está além do objetivo deste livro, mas alguns dos resultados importantes serão desenvolvidos aqui. Figura 4-21 – PLL analógico. O PLL pode ser estudado examinando-se o APLL, como ilustrado na figura 4-21. Nesta figura uma multiplicador (característica PD senoidal) é usado. Suponha que o sinal de entrada seja: vin(t) = Ai sem [wot + q(t)] (4-92) e que o sinal de saída do VCO seja: vo(t) = Ao cos [wot + qo(t)] (4-93) COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 60 onde ( )ò ¥- tt=q t 2vo dvK)t( (4-94) Kv é a constante do ganho do VCO (rad/V-s) A saída do detetor de fase, PD, é v1(t) = Km AiAo sen [wot + qi(t)]cos [wot + qo(t)] [ ] [ ])t()t(t2sen 2 AAK )t()t(sen 2 AAK oio oim oi oim q+q+w+q-q= (4-95) onde Km é o ganho do circuito multiplicador. O termo de frequência somada não passa através do LPF, tal que a saída do LPF é: v2(t) = Kd[sem qe(t)] * f(t) (4-96) onde )t()t()t( oie q-q=q D (4-97) e 2 A A K K oimd = (4-98) e f(t) é a resposta impulsiva do LPF. qe(t) é chamado de erro de fase, Kd é a constante equivalente do detetor de fase, a qual para o PD do tipo multiplicador depende dos níveis do sinal de entrada, Ai, e do nível do sinal do VCO, Ao. A expressão total que descreve a operação do PLL, pode ser obtida tomando-se a derivada de (4-94) e (4-97), e combinando-se o resultado pelo uso de (4-96). A equação não-linear resultante, que descreve o PLL, fica: [ ] ( )ò ll-lq- q = q t o evd ie dtf)(senKK dt )t(d dt )t(d (4-99) COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 61 onde qe(t) é a incógnita e qi(t) é a “função forcing”. Em geral, esta equação do PLL é difícil de se resolver. Entretanto ela pode ser reduzida para uma equação linear se o ganho Kd for grande, tal que o erro qe(t) seja pequeno. Neste caso, sen qe(t) » qe(t), e a equação linear resultante é: )t(f*)t(KK dt )t(d dt )t(d evd ie q- q = q (4-100) Figura 4-22 – Modelo linear do PLL analógico. Um diagrama de blocos que decorre desta equação linear está ilustrado na figura 4-22. Pode ser compreendido que neste modelo de PLL, a fase do sinal de entrada e a fase do sinal de saída do VCO são usadas ao invés dos próprios sinais reais. A função transferência de malha-fechada )f( )f( i o Q Q é: )f(FKKf2j )f(FKK )f( )f( )f(H vd vd i o +p = Q Q = (4-101) onde Qo(f) = Á [qo(t)] e Qi(f) = Á [qi(t)]. Naturalmente, as técnicas de análise e projeto usadas para avaliar os sistemas de controle realimentados lineares, tal como os diagramas de Bode, que indicam ganhos de fase e margens de fase, são aplicáveis. De fato, eles são extremamente úteis na descrição do desempenho de PLL’s amarrados. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 62 A expressão para a faixa de amarração (hold-in range) pode ser obtida examinando-se o comportamento não-linear do PLL. A partir de (4-94) e (4-96), o desvio de frequência instantâneo do VCO em relação a wo é: )]t(f*)t([senKK)t(vK dt )t(d edv2v o q== q (4-102) Para obter a faixa de amarração, a frequência de entrada é variada muito lentamente em relação a fo. Aqui o ganho DC do filtro é o parâmetroque controla, e (4-102) fica: Dw = Kv Kd F(o) sen qe (4-103) Os valores máximo e mínimo de Dw nos dão a faixa de amarração, e estes são obtidos quando sem qe = + 1. Portanto o máximo da faixa de amarração (caso sem ruído) é: )0(FKK 2 1 f dvn p =D (4-104) Figura 4-23 – Tensão de controle de VCO do PLL para uma varredura senoidal do sinal de entrada. Uma característica de amarração típica está ilustrada na figura 4-23. A curva sólida mostra o sinal de controle do VCO v2(t) quando o sinal de teste senoidal esta varrendo a partir de uma baixa frequência para uma alta frequência (com a frequência de oscilação livre do VCO, fo, estando dentro da faixa de varredura). A curva tracejada mostra o resultado quando da COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 63 varredura de alto para baixo. A faixa de amarração Dfh está relacionada ao ganho DC do PLL, como descrito por (4-104). A faixa de aquisição Dfp (pull-in range) é determinada primariamente pelas características do filtro de malha. Por exemplo, suponha que a malha não tenha adquirido travamento e que o sinal de teste esteja varrendo lentamente em direção a fo. Na saída do PD haverá um tom de sinal, e sua frequência êfin - foú variará de um grande valor para um pequeno valor, a medida que a frequência do sinal de teste varrer em direção a fo. Quando a frequência do sinal de teste estiver mais próxima à fo, a forma de onda da frequência de batimento tornar-se-á não-simétrica tal que ela terá um valor DC não-zero. Este valor DC tende a mudar a frequência do VCO para a frequência do sinal de entrada, tal que a malha tenderá a se amarrar. A faixa de aquisição, Dfp, na qual a malha adquire travamento, dependerá de como exatamente o filtro de malha F(f) processa a saída do PD para produzir o sinal de controle do VCO. Além disso, mesmo se o sinal de entrada estiver dentro da faixa de aquisição, pode levar um certo tempo para que a malha adquira travamento, já que o LPF atua como um integrador e leva algum tempo para a tensão de controle (saída do filtro) apresentar um valor grande o suficiente para que o travamento ocorra. A análise do fenômeno de aquisição é complicada. É de natureza estatística porque depende da relação de fase inicial entre os sinais de entrada e do VCO, e do ruído presente no circuito. Consequentemente, na medida de Dfp, várias tentativas repetidas podem ser necessárias para se obter um valor típico. O fenômeno de travamento não é peculiar aos circuitos PLL, ocorre em outros tipos de circuito também. Por exemplo, se um sinal externo for injetado para dentro de um “port” de saída de um oscilador (isto é, um oscilador simples, não um VCO), o sinal do oscilador tenderá a mudar a frequência e eventualmente travará dentro da frequência do sinal externo se o sinal externo estiver dentro da faixa de aquisição do oscilador. Este fenômeno é chamado de travamento por injeção ou sincronização de um oscilador. Este fenômeno de travamento por injeção pode ser modelado por um modelo de PLL [Couch, 1971]. O PLL tem numerosas aplicações em sistemas de comunicações. Algumas destas aplicações são: (1) detecção de FM, (2) geração de sinais de FM altamente estáveis, (3) detecção AM coerente, (4) multiplicação de frequência, (5) síntese de frequência, e (6) uso como bloco constitutivo COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 64 dentro de sistemas digitais complicados para prover sincronização e detecção de dados. Vamos agora determinar quais condições são requeridas para o PLL tornar- se um detector de FM. Na figura 4-21, considere o sinal de entrada do PLL como sendo um sinal FM: úû ù êë é ll+w= ò ¥- t fciin d)(mDtsenA)t(v (4-105a) onde ll=q ò ¥- d)(mD)t( t fi (4-105b) ou )f(M f2j D )f( fi p =Q (4-105c) e m(t) é a modulação banda-básica (por exemplo, áudio) que é para ser detectada. Isto é, queremos encontrar as condições tais que a saída do PLL, v2(t), seja proporcional à m(t). Suponha que fc esteja dentro da faixa de aquisição, ou captura, do PLL; portanto, por simplicidade, seja fo = fc. Então o modelo linearizado do PLL, como ilustrado na figura 4-22, pode ser usado para análise. Trabalhando-se no domínio da frequência, obtemos a saída. )f( KK f2 j)f(F )f(F K f2 j )f(V i dv 1 1 v 2 Q ÷÷ ø ö çç è æ p + p = a qual, usando (4-105c), fica: COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 65 )f(M KK f2 j)f(F )f(F K D )f(V dv 1 1 v f 2 ÷÷ ø ö çç è æ p + = (4-106) Agora necessitamos encontrar as condições tais que V2(f) seja proporcional à M(f). Suponha que a largura de faixa de modulação seja B hertz, e que F1(f) seja um filtro passa-baixas. Portanto F(f) = F1(f) = 1 , êfú < B (4-107) Também considere: B 2 KK dv >> p (4-108) Então (4-106) fica: )f(M K D )f(V v f 2 = (4-109) ou v2(t) = C m(t) (4-110) onde a constante de proporcionalidade é C = Df/Kv. Portanto, o circuito PLL da figura 4-21 tornar-se-á um circuito detector de FM onde v2(t) é a saída de FM detectada quando as condições de (4-107) e (4-108) forem satisfeitas. Em outra aplicação, o PLL pode ser usado para suprir o sinal do oscilador coerente para a detecção de produto de um sinal AM (figura 4-24). Lembrando, a partir de (4-92) e (4-93), de que o VCO de um PLL trava a 90o fora de fase em relação ao sinal de entrada, então vo(t) necessita ser deslocado por –90o, tal que ele estará em fase com a portadora do sinal AM de entrada. Este é o requisito para a detecção coerente de AM, como dada por (4-77). Nesta aplicação a largura de faixa do LPF necessita ser ampla o suficiente para prover a faixa de aquisição necessária de forma que o VCO possa adquirir amarração na frequência de portadora, fc. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 66 Figura 4-24 – PLL usado para detecção coerente de AM. A figura 4-25 ilustra o uso do PLL como um sintetizador de frequência. Este sintetizador de frequência gera um sinal periódico de frequência. xout fM N f ÷ ø ö ç è æ= (4-111) onde fx é a frequência do oscilador estável e N e M são parâmetros de divisores de frequência. Este resultado pode ser verificado recordando-se de que quando a malha esta travada, o sinal de controle v3(t) desloca a frequência do VCO, tal que v2(t) terá a mesma frequência do que vin(t). Portanto: N f M f outx = (4-112) que é equivalente a (4-111). Se divisores programáveis forem usados, a frequência de saída do sintetizador pode ser variada à vontade, de acordo com (4-111), através da seleção apropriada dos valores de N e M. Naturalmente isto pode ser obtido pelo uso de um microprocessador sob controle de um programa de software. Pode-se notar que, para o caso de M = 1, esta configuração de sintetizador atua de modo semelhante a um multiplicador de frequência. Além disto, podem ser construídas configurações de sintetizadores à PLL mais complicadas, as quais incorporam misturadores e osciladores adicionais. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 67 Figura 4-25 – PLL usado em um sintezador de frequência. 4.15. Síntese Digital Direta Figura 4-26 – Síntese digital direta (DDS). A síntese digital direta (DDS) é um método para geração de uma forma de onda desejada (tal como uma onda senoidal) através do uso de uma técnica de computador descrita na figura 4-26. Para configurar o sistema DDS para gerar uma forma de onda, amostras da forma de onda desejada são convertidas em palavrasPCM e armazenadas na memória (memória de acesso aleatório, RAM, ou memória somente de leitura, ROM) do sistema microprocessador. O sistema DDS pode então gerar a forma de onda desejada por “playing back”, ou seja, reproduzindo as palavras armazenadas através do conversor digital para analógico. Esta técnica DDS tem muitas qualidades. Por exemplo, se a forma de onda for periódica, tal como uma onda senoidal, somente um ciclo de amostras necessita ser armazenado na memória. A onda senoidal contínua pode ser gerada por leituras repetitivas de ciclos através da memória. A frequência da onda senoidal gerada é determinada pela taxa na qual a memória é lida. Se desejado, o microprocessador pode ser programado para gerar uma certa frequência durante um certo intervalo de tempo e então comutar para uma frequência diferente (e/ou outra forma de onda) durante um intervalo de tempo diferente. Também saídas simultâneas de seno e cosseno (duas fases) podem ser geradas pela adição de um outro DAC (conversor digital-
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