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COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 1 CAPÍTULO V SISTEMAS MODULADOS AM, FM E DIGITAL Este capítulo preocupa-se com as técnicas passa-faixa clássicas de modulação em amplitude (AM), faixa-lateral única (SSB), modulação de fase (PM), e modulação de freqüência (FM); e com as técnicas de modulação digital OOK (on-off keying) BPSK (binary-phase shift keying), FSK (frequency-shift keying), QPSK (quadrature phase-shift keying), QAM (quadrature amplitude modulation). Todas estas técnicas de sinalização passa-faixa consistem da modulação de um sinal analógico ou digital dentro de uma portadora. Isto foi introduzido na seção 4-2. Em particular, o sinal passa-faixa modulado pode ser descrito por: { }tj ce )t(gRe)t(s w= (5-1) onde wc = 2pfc, fc é a freqüência da portadora. O tipo desejado de sinal modulado, s(t), é obtido pela escolha da função de mapeamento de modulação apropriada g[m(t)] da tabela 4-1, onde m(t) é o sinal banda-básica digital ou analógico. O espectro da tensão (ou corrente) do sinal banda-básica é: ( ) ( )[ ]c*c ffGffG2 1 )f(S --+-= (5-2a) e a PSD é: ( ) ( )[ ]cgcgs ffff4 1 )f( --r+-r=r (5-2b) onde G(f) = Á[g(t)] e rg(f) é a PSD da envoltória complexa g(t). Os objetivos deste capítulo são: COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 2 · Estudar g(t) e s(t) para vários tipos de modulações analógicas e digitais. · Avaliar o espectro para vários tipos de modulações analógicas e digitais. · Examinar algumas estruturas de transmissores e receptores. · Estudar alguns padrões adotados. · Aprender sobre sistemas por espalhamento espectral. 5.1. Modulação em Amplitude A partir da tabela 4-1, a envoltória complexa de um sinal AM é dada por: g(t) =Ac [1 + m(t)] (5-3) Onde a constante Ac foi incluída para especificar o nível de potência, e m(t) é o sinal de modulação (que pode ser analógico ou digital). Estas expressões resultam na representação do sinal AM: s(t) = Ac [1 + m(t)] cos wc t (5-4) A forma de onda ilustrando o sinal AM, como vista em um osciloscópio, está ilustrada na figura 5-1. Figura 5-1 – Forma de onda do sinal AM. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 3 Por conveniência será admitido que o sinal de modulação m(t) seja uma senóide. Ac [1 + m(t)] corresponde à componente em-fase x(t) da envoltória complexa; também corresponde à envoltória real |g(t)| quando m(t) > -1 (caso mais freqüente). Se m(t) tiver um valor de pico positivo de +1 e valor de pico negativo de –1, o sinal AM é dito estar modulado em 100%. Definição: A porcentagem de modulação positiva de um sinal AM é: ( )[ ] 100 x tmmax100 x A AA positiva modulação % c cmax = - = (5-5a) e a porcentagem de modulação negativa é: ( )[ ] 100 x tm-min100 x A AA negativa modulação % c minc = - = (5-5b) A porcentagem de modulação total é: ( )[ ] ( )[ ] 100 x 2 tmmintmmax 100x A2 AA modulação % c minmax -= - = (5-6) onde Amax é o valor máximo de Ac[1 + m(t)], Amin é o valor mínimo, e Ac é o nível da envoltória AM sem modulação, isto é, m(t) = 0. A expressão (5-6) pode ser obtida tomando-se a média entre as modulações positiva e negativa, como dado por (5-5a) e (5-5b). Amax, Amin, e Ac estão ilustrados na figura 5-1b, onde, neste exemplo, Amax = 1,5 Ac e Amin = 0,5 Ac, tal que as porcentagens das modulações positiva e negativa são ambas 50 % e a modulação total é 50%. A porcentagem de modulação pode estar acima de 100% (Amin terá um valor negativo) providenciando-se que um multiplicador de quatro quadrantes seja usado para gerar o produto de Ac[1 + m(t)] e cos wc t, tal que a forma de onda AM verdadeira, como dada por (5-4), seja obtida. Todavia, se o transmissor COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 4 usar um multiplicador de dois quadrantes que produza uma saída zero quando Ac [1 + m(t)] for negativo, o sinal de saída será: [ ] î í ì < ³w+ = 1- m(t) se , 0 -1 m(t) se , tcos)t(m1A )t(s cc (5-7) que é um sinal AM distorcido. A largura de faixa deste sinal é muito mais larga do que do sinal AM não distorcido, como pode ser facilmente demonstrado por análise espectral. Esta é a condição de sobremodulação que o FCC não permite. Um transmissor AM que usa modulação de placa é um exemplo de um circuito que atua como um multiplicador de dois quadrantes. Aqui, para geração de sinal AM de alta potência, o sinal de portadora não modulada é aplicada na grade da válvula, e a tensão de placa DC é variada proporcionalmente á Ac[1 + m(t)], onde Ac [1 + m(t)] > 0. Isto produz o produto Ac[1 + m(t)] cos wc t, desde que tenhamos m(t) > - 1, mas não produz saída quando m(t) < -1. Se a porcentagem de modulação negativa for menor do que 100%, um detector de envoltória pode ser usado para recuperar a modulação sem distorção, já que a envoltória |g(t)| = çAc[1 + m(t)]ç, é idêntica à Ac[1 + m(t)]. Se a porcentagem de modulação negativa for maior do que 100%, modulação sem distorção poderá ser recuperada desde que tenhamos um tipo de detector adequado, um detector de produto. Isto é visto a partir de (4-76) com qo = 0. Além disso, o detector de produto pode ser usado para qualquer porcentagem de modulação. No Capítulo 7 conclui-se que um detector de produto é superior à um detetor de envoltória quando a relação sinal-ruído for pequena. Usando-se (4-17), concluimos que a potência média normalizada do sinal AM é: [ ] =++=+== )t(m)t(m21A 2 1 )t(m1A 2 1 )t(g 2 1 )t(s 22c 22 c 22 )t(mA 2 1 )t(mAA 2 1 22 c 2 c 2 c ++ (5-8) Se a modulação não contiver nível DC, ám(t)ñ = 0 e a potência normalizada do sinal AM é: COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 5 44 344 2143421 lateral-banda da potência 22 c discreta portadora de potência 2 c 2 )t(mA 2 1 A 2 1 )t(s += (5-9) Observe que este resultado é idêntico aquele dado por (4-21) se Ac = 1. Definição: A eficiência de modulação é a porcentagem da potência total do sinal modulado que contém informação. Em sinalização AM, somente as componentes de banda-lateral contém informação, tal que a eficiência de modulação é: ( ) 100% x )t(m1 tm E 2 2 + = (5-10) A maior eficiência que pode ser obtida para um sinal AM 100% deverá ser 50%, que é obtida somente para modulação de onda quadrada. Usando (4-18), obtemos a potência de pico de envoltória normalizada (PEP) do sinal AM. [ ]{ }2 2 c PEP )t(mmax12 A P += (5-11) O espectro de tensão do sinal AM foi obtido em (4-20a) do Exemplo 4-1 e é ( ) [ ])ff(M)ff()ff(M)ff( 2 A fS cccc c +++d+-+-d= (5-12) O espectro AM está dado na figura 4-2. O espectro AM é relativamente fácil de se obter, já que é uma versão transladada do espectro de modulação mais as funções delta que formam a componente espectral de linha da portadora. A largura de faixa é o dobro da modulação. Como veremos brevemente, o espectro para um sinal FM é muito mais complicado já que a função de mapeamento da modulação g(m) é não-linear. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 6 Exemplo 5-1 – Potência de um Sinal AM O FCC classifica os transmissores da faixa de radiodifusão AM por sua potência de portadora média, isto é comum em outras aplicações de áudio AM. Suponha que um transmissor AM de 5000 W esteja conectado à uma carga de 50 W; então a constante Ac é dada por 500050/A2 1 2 c = . Portanto a tensão de pico através da carga será Ac = 707 V durante o tempo sem modulação. Se o transmissor for 100% modulado por um tom de teste de 1000 Hz, a potência média total (portadora mais banda lateral) será, a partir de (5-9), 7500W(5000) x )5,1( 50 A 2 1 5,1 2 c ==ú û ù ê ë é ÷ ø ö ç è æ porque 2 1 )t(m2 = para uma forma de onda de madulação senoidal de amplitude unitária (100 %). Observe que 7500W é a potência real, não a potência normalizada. A tensão de pico (100 % de modulação) é (2) (707) = 1414 V através da carga de 50W. A partir de (5-11), a PEP é: ú û ù ê ë é ==÷ ø ö ç è æ W200005000 x 4 50 A 2 1 4 2 c A eficiência de modulação deverá ser 33%, já que 2 1 )t(m2 = . Existem muitas maneiras de se construir transmissores AM. Primeiro podemos considerar a geração do sinal AM em nível de potência baixo (pelo uso de um multiplicador) e então amplificá-lo. Isto, todavia, requer o uso de amplificadores lineares (tais como Classe A, B, discutidos na seção 4-9) tal que o AM não seja distorcido. Devido a estes amplificadores lineares não serem muito eficientes na conversão da potência da fonte de energia para o sinal de RF, boa parte da energia é dissipada em forma de calor. Não confundir esta eficiência de conversão com a eficiência de modulação, (5-10). Consequentemente, os transmissores de radiodifusão AM de alta potência são construídos amplificando-se o sinal oscilador de portadora para um nível de potência alto com amplificadores eficientes, Classe C ou Classe D, e então COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 7 modulando a amplitude no último estágio de alta potência. Isto é chamado de modulação de nível alto, e um exemplo esta ilustrado na figura 5-2a. Figura 5-2a – Geração de AM em alta potência utilizando PWM. COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 8 Para um alta eficiência de conversão, é usada a técnica PWM (pulse width modulation) para se conseguir o AM (De Angelo, 1982), como ilustrado nesta figura. A entrada de áudio é convertida para um sinal PWM que é usado para controlar um circuito de chaveamento de alta potência (válvula ou transistor). A saída do circuito de chaveamento consiste de um sinal PWM de alto nível que é filtrado por um filtro passa-baixas para produzir a componente DC que é usada como fonte de energia para o estágio amplificador de potência (PA). A freqüência de chaveamento PWM é usualmente escolhida na faixa de 70 a 80 kHz, tal que as componentes fundamental e harmônica do sinal PWM possam ser suprimidas facilmente pelo filtro passa-baixas, e, por outro lado, o “DC” possa variar na faixa de áudio até 12 ou 15 kHz para uma boa resposta de freqüência de áudio AM. Esta técnica apresenta excelente resposta em freqüência e baixa distorção já que não são necessários transformadores de áudio de alta potência. 5.2. Padrões Técnicos da Radiodifusão AM Alguns dos padrões ou normas técnicas do FCC para estações de radiodifusão AM estão ilustrados na tabela 5-1. Nos EUA, as freqüências de portadora que são atribuídas estão classificadas de acordo com a cobertura pretendida para a emissora: canal exclusivo, regional, ou local. Emissoras de canal exclusivo, também chamadas de emissoras Classe I ou Classe II, estão licenciadas para operar com potência de portadora tão grande quanto 50 KW. Estas emissoras destinam-se à cobertura de grandes áreas. Além disso, para se acomodar tantas estações quanto possível, estações de canal não-exclusivo podem ser atribuídas para operarem em freqüências de canal exclusivo quando elas puderem ser implementadas sem interferirem com a estação de canal exclusivo dominante. Costumeiramente, para se prevenir interferências estas emissoras secundárias devem operar com diagramas de antenas direcionais, tal que exista um nulo na direção da emissora dominante. Isto é particularmente verdadeiro para operação noturna quando a propagação de onda celeste permite que emissoras de canal exclusivo cubram a maioria dos EUA. Outras emissoras secundárias são permitidas de operarem somente durante o dia já que qualquer operação noturna pode interferir com a emissora de canal exclusivo. Outras freqüencias são especificadas para emissoras regionais, também chamadas de emissoras Classe III, que se destinam à cobertura de áreas de tamanho médio. Estas emissoras têm níveis de potência de portadora até 5 KW. Uma terceira classe de freqüências é destinada as emissoras locais (Classe IV), para COMUNICAÇÃO ANALÓGICA E DIGITAL 2 Universidade Federal de Uberlândia Departamento Engenharia Elétrica 9 cobertura de uma cidade e são licenciadas para uma potência de 1KW. Existem listas com as respectivas freqüências para estas quatro classes de estações com suas potência permitidas. As emissoras de radiodifusão AM internacionais, que operam nas faixas de ondas curtas (3 até 30 MHz), geralmente operam com níveis de potência maiores. Algumas destas enviam 500 KW de potência de portadora em antenas direcionais. Estas antenas produzem níveis de potência irradiada efetiva (ERP) na faixa de megawatt (isto é, quando o ganho da antena é incluído). Tabela 5-1 – Padrões técnicos para emissoras de radiodifusão AM. Por muitos anos, os radiodifusores AM tiveram o sonho de oferecerem transmissões estéreo para seus ouvintes. Tecnicamente este avanço já é possível a muito tempo, mas por razões políticas ele não foi implementado até a década de 1980. Em 1977 o FCC conduziu a avaliação de cinco sistemas AM estéreo, os quais foram propostos pela Kahn Communication/ Hazeltine Corporation, Belar Electronics, a Magnavox Corporation, a Harris Corporations, e Motorola [Mennie, 1978; Murphy, 1988]. Cada um destes sistemas tem vantagens e desvantagens, e o FCC permitiu cada radiodifusor AM implementar qualquer um dos sistemas. Isto levou a uma confusão do mercado, já que cada sistema requer um circuito de decodificação estéreo no receptor AM. Entretanto aconteceu que o sistema da Motorola é a escolha da maioria dos radiodifusores, e o FCC tem adotado agora o sistema Motorola para o padrão do AM estéreo.
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