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MARÇO / 200778 REVISTA PROTEÇÃO PROTEÇÃO DE MÁQUINAS Injetoras necessitam de sistemas de segurança e manutenção adequada Perigo extremo Após a expansão da automação nas grandes fábricas subiram em larga escala os acidentes com máquinas automatiza- das. As injetoras são grandes responsá- veis por acidentes graves desde amputa- ções até mortes, muitos deles por descui- do, imperícia, burla dos dispositivos de segurança, mas a grande maioria ocorre por ausência de sistemas de segurança e falta de manutenção nos equipamentos existentes. As injetoras são máquinas extremamen- te perigosas, talvez até mais do que as prensas. Seu princípio de funcionamento é o de uma prensa hidráulica horizontal com o agravante de possuir um sistema de injeção de matéria-prima quente em alta pressão. Os europeus são fornecedo- res tradicionais deste tipo de equipamen- to, mas já são fabricadas no mundo todo, inclusive no Brasil e na Ásia. Embora a normas mais conhecidas EN 201/1985 e ANSI/SPI B151.1/1972 já exijam inúme- ros sistemas de segurança, nem todas as máquinas atendem a todos os requisitos, sem falar na tecnologia descrita nas nor- mas que já está ultrapassada. O Brasil possui uma norma específica que é a NBR 13536:1995, nela são deta- lhados e ilustrados inúmeros sistemas de segurança que minimizam os riscos de acidentes em injetoras, mas a norma é desconhecida pela maioria dos emprega- dores. Alguns fabricantes também não conhecem o conteúdo na íntegra, o que significa que estamos comprando máqui- nas sem a segurança exigida pelo Minis- tério do Trabalho. Já são vários os fabri- cantes de máquinas autuados por fabri- carem equipamentos sem o atendimento de todas as normativas de segurança. EXIGÊNCIASEXIGÊNCIASEXIGÊNCIASEXIGÊNCIASEXIGÊNCIAS Atualmente, as exigências da NT 16/ 2005 (Prensas e Similares) já começam a ser incorporadas às injetoras visto que em virtude de sua atualidade, ela traz o que existe de mais atual em tecnologia para Leonardo Andrade do Nascimento - Tecnólogo em automação, especialista em Segurança para máquinas e diretor da Krafix Soluções Industriais. leonardo@krafix.com.br Leonardo Andrade do Nascimento segurança. É importante checar se as máquinas adquiridas possuem todas as proteções, conforme a NBR 13536:1995, mas alguns itens como, por exemplo, sis- tema de emergência, deve estar de acor- do com a NT 16/2005, visto que nesta norma está explícito a necessidade de categoria de segurança 4. Isto quer dizer redundância e autoteste desde os botões, passando pelo relé de segurança (ou CLP de segurança) até as duas contatoras de ação positiva. Sem este conjunto de equi- pamentos não está assegurada a seguran- ça total em categoria 4. Fazendo uma simples analogia dos pe- rigos encontrados em uma injetora pode- se verificar que elas realmente represen- tam riscos alarmantes se não possuírem sistemas de segurança, pois, na grande maioria das vezes, o homem expõe ambas as mãos dentro do molde e, no caso de máquinas grandes, o tronco e, às vezes, todo o corpo do trabalhador fica exposto durante a extração da peça pronta. O elevado número de normas e a sua interpretação gera um importante agra- vante que dificulta o entendimento entre fabricantes de máquinas, empregadores, auditores fiscais e sindicato. No Estado de São Paulo já existe uma convenção coletiva, o PPRI (Programa de Prevenção de Riscos em Injetoras) que é um grande avanço no entendimento e cumprimento da legislação e metas de redução de aci- dentes, onde as descrições dos níveis de segurança requeridos estão bastante cla- ras. Entretanto, esta convenção ainda dei- xa brechas, visto que não especifica as for- mas de monitorar os sensores, não infor- ma da obrigatoriedade do uso de CLP de seguranca ou relés de segurança para ga- rantir o funcionamento dos sensores ins- talados nas proteções. CAPCAPCAPCAPCAPACITACITACITACITACITAÇÃOAÇÃOAÇÃOAÇÃOAÇÃO Existem vários sistemas de segurança que podem ser utilizados nestes equipa- mentos. Entretanto, chamamos a atenção para o correto uso e aplicação destes equi- pamentos que devem ser usados por pro- fissionais experientes e capacitados em automação industrial, hidráulica, pneumá- tica e Normas ABNT. Todas as pessoas da cadeia de instala- ção de segurança devem ser capacitadas, desde o vendedor técnico, passando pelo projetista, o responsável técnico até o ele- tricista e o serralheiro/mecânico, visto que estes profissionais devem saber exata- mente o que estão fazendo, pois do traba- lho deles depende a segurança de todos os operadores e manutentores que vão trabalhar com a injetora. Para elaboração de um projeto de se- gurança é necessário conhecimento das normativas brasileiras e européias pois todos equipamentos são certificados fora do Brasil. As empresas de engenharia de automação devem, obrigatoriamente, es- tudar a fundo a aplicação do produto de segurança corretamente, pois, podem ge- rar um expectativa de segurança no ope- rador que ficará ainda mais exposto ao ris- co. É extremamente importante que após Proteção do bico com um sensor de segurança (sensor + relé de segurança = categoria 3) Porta do lado do operador com dois sensores (Sensores + relé de segurança = categoria 4) Porta do lado não operado com dois sensores (sensores + relé de segurança = categoria 4) Bloco hidráulico de segurança monitorado por sensores e relé de segurança Proteção mecânica no lado operado. Tapete de segurança ou cortina de luz na horizontal em máquinas de grande porte Sistema de emergência com um relé de segurança, duas contatoras de segurança por motor, dois botões dentro do molde, e um botão de cada lado Equipamentos básicos MARÇO / 200780 REVISTA PROTEÇÃO PROTEÇÃO DE MÁQUINAS a adequação das máquinas sejam gerados vários documentos do sistema instalado. Um deles é o Memorial Descritivo, um do- cumento com fotos e a descrição de todo o funcionamento dos equipamentos de se- gurança, incluindo falhas e sinalizações. Outro documento refere-se à ART (Ano- tação de Responsabilidade Técnica). En- tre os demais documentos está o Relató- rio de Testes que reúne todos os testes realizados no equipamento para simular as falhas e os bloqueios de segurança. O Plano de verificação diária que é o docu- mento contendo as instruções para os operadores realizarem verificações antes do início do seu turno de trabalho e a pla- nilha de registro das verificações que traz os itens a serem verificados, a data e o número do operador que realizou a veri- ficação também fazem parte dos registros importantes. Por fim, é importante ainda o Plano de manutenção preventiva, Re- gistro das manutenções realizadas e Pla- no de treinamento operacional, documen- to com itens a serem passados para os o- peradores, preparadores e manutentores, contendo todo o funcionamento da má- quina, procedimento de troca de ferra- mentas e itens de segurança. AUTOMOTIVOAUTOMOTIVOAUTOMOTIVOAUTOMOTIVOAUTOMOTIVO As injetoras estão presentes nos mais variados setores produtivos. Isto dificul- ta muito a proteção dos equipamentos, pois as pequenas fábricas, responsáveis pela grande maioria dos empregos, não possuem investimento para adequar e tornar seus equipamentos seguros e a- tualizados tecnologicamente. Contudo, o setor automotivo é responsável pela re- volução tecnológica da automação e da segurança de máquinas. Suas plantas re- cebem, constantemente, equipamentos novos e estes, usualmente, já vêm com a segurança incorporada. Todavia, é impor- tante a fiscalização do comprador, pois nela estará garantida a tranqüilidade de realmente adquirir um equipamento se- guro e produtivo. O empresariado e seus prepostos devem estar atentos às máquinas já instaladas em suas plantas, visto que a NR-12 exige que as máquinas sejam seguras e, caso as nor- mas mudem, as empresas devem assegu- rar que as suas máquinassejam atualizadas. A fiscalização vem sendo ex- pandida neste sentido e as empresas de- vem efetuar um planejamento, caso não queiram possuir acidentes em seus histó- ricos, nem paralisações por embargos da DRT (Delegacia Regional do Trabalho). A grande novidade no mercado são as injetoras asiáticas que custam um preço espantosamente reduzido, chegando a custar, às vezes, um terço do preço das máquinas brasileiras, italianas e alemãs. Entretanto, estas máquinas, na grande maioria, não possuem os itens básicos de segurança ou são cópias das européias mas sem certificação nenhuma, o que não é aceito pelos auditores fiscais do Minis- tério do Trabalho. As empresas devem estar atentas pois a NR-12 exige que o importador ou fabri- cante estrangeiro fabrique máquinas, con- forme a nossa legislação, ou seja, de acor- do com as NRs e NBRs. Quando alguém importar uma injetora deve verificar se ela está em conformidade com a NBR 13536: 1995. Se não estiver deverá contratar uma empresa ou profissional especializado e adequá-la antes mesmo de ligar o equipa- mento. Caso contrário, estará infringindo os termos da NR-12, sendo passivo de multa pelo MTE. FISCALIZAÇÃOFISCALIZAÇÃOFISCALIZAÇÃOFISCALIZAÇÃOFISCALIZAÇÃO Os fiscais do MTE têm um papel bas- tante importante na manutenção e im- plementação dos sistemas de segurança das injetoras. Os grupos de estudo relacionados à pro- teção de máquinas são de grande impor- tância para o desenvolvimento de mate- riais orientativos e de normas focadas nos problemas de segurança. O PPRPS e a NT16/2005 são exemplos vivos destes grupos. Atualmente, a Federação das In- dústrias do Estado do Rio Grande do Sul através do Grupo de Estudos do Ambien- te do Trabalho, lançou o Manual de Pren- sas e Similares, trabalho realizado ao lon- go de um ano visando esclarecer todos os conceitos da NT 16/2005 com ilustrações de boas práticas e conteúdo altamente acessível. O trabalho foi realizado por um grupo multidisciplinar e contou com a par- ticipação do MTE, engenheiros, médicos, advogados, técnicos e representantes do Sindicato dos Trabalhadores de Caxias do Sul. Iniciativas deste tipo devem ser in- centivadas, pois os profissionais que for- mam estes grupos têm vivência de chão de fábrica e conhecimento técnico para desenvolver soluções criativas e viáveis para proteger trabalhadores e reduzir o número crescente de acidentes.
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