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[Instituto Luzes] A “teoria da sombra” e sua influência em nossas vidas

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02/04/2015 [Instituto Luzes] A “teoria da sombra” e sua influência em nossas vidas
http://www.luzes.org/conteudo.php?ar=3&a=121&Cod=128 1/4
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Artigo (veja mais 2 artigos nesta área)
A “teoria da sombra” e sua influência
em nossas vidas
Todos nós temos um lado obscuro da personalidade, a
que Jung chamou de “Sombra”. Ela é formada pelos
aspectos que fazem parte de nós mas que insistimos em
negar, por diversos motivos. Esta negação acaba levando
a conflitos internos e distúrbios de comportamento, que
afetam a saúde da pessoa e daqueles que com ela
convivem.
Na postura da Psicologia tradicional, a
“sombra” viria do inconsciente coletivo e
acabaria tornando­se parte do inconsciente
individual. A Sombra está presente na
formação do psiquismo, inclusive a partir da
concepção, gestação e nascimento. Ela
acaba fazendo parte da mente e vai
influenciá­la ao longo de toda aquela
existência. Falando em termos mais simples,
o “lado Sombra” é aquele aspecto da nossa
personalidade que insistimos em negar. Por
isto, ele permanece obscuro e quase sempre
com tendências a se projetar naqueles que
estão próximos de nós, na maioria das vezes
vendo­o em pessoas do mesmo sexo. 
Analisando a Sombra sob as luzes da psicanálise transpessoal, vamos entendê­la como a
bagagem da nossa história, das diversas “vidas” que já vivemos em nossas existência e
que permanecem dentro de nós, através das personalidades que já vivemos, não
elaboramos, e que continuam presentes influenciando nossas atitudes
inconscientemente. 
Sob o ponto de vista espiritualista, o fato de termos vivido muitas encarnações significa
que o ser humano é uma personalidade em construção, sendo a soma personalidades
transitórias vividas. Quando alguma dessas personalidades deixa conflitos não
resolvidos, que não foram elaborados pela consciência para se transformarem em
produtos de evolução, esses conflitos continuam aguardando resolução. Nesse estado
psíquico, apesar de estarmos com a nova personalidade da vida atual, as anteriores se
mantêm influenciando o comportamento. 
O fato é que acabamos por ver nosso lado Sombra no comportamento alheio,
valorizando­o no outro porque, na verdade, ele se ressalta a partir de nós mesmos. Nem
sempre conseguimos ver como estamos, por isso fazemos uso de um “espelho” que
reflita nossa imagem. E a melhor forma de analisar a íntegra de quem somos é
observar, no “espelho” da mente alheia, as projeções que fazemos de nossa Sombra,
para que, olhando­a frente a frente, venhamos a aceitá­la e elaborá­la no rumo da
saúde mental. Quando observamos estar muito sistematicamente criticando as pessoas
e, mais especificamente, determinados tipos de comportamento, convém prestar
atenção pois poderá ser um aspecto de nossa própria Sombra que estamos querendo
02/04/2015 [Instituto Luzes] A “teoria da sombra” e sua influência em nossas vidas
http://www.luzes.org/conteudo.php?ar=3&a=121&Cod=128 2/4
negar. 
Um exemplo de manifestação da Sombra: alguém que detesta e agride pessoas
homossexuais pode ser porque, na verdade, ele(a) mesmo tem um lado homossexual
reprimido. Outro caso: alguém que critica outra pessoa por ser inconseqüente e boêmia
pode estar incomodada porque, na verdade, esta outra pessoa faz exatamente o que
ele(a) gostaria de fazer. 
O lado sombra é ruim?
Podemos pensar na Sombra como características do nosso ego com as quais perdemos
contato, esquecemos ou renegamos. Pensando por este lado fica fácil perceber que a
Sombra pode conter não somente os aspectos “maus” aos quais tentamos renunciar —
como violência e perversidade, por exemplo – mas também aspectos “bons” – como a
bondade e compreensão – que, muitas vezes, acabamos esquecendo que possuímos. 
Lembrando que o conceito de “bom” ou “ruim” é relativo, é preciso dizer que o lado
Sombra não é composto apenas de sentimentos ruins, ainda que esta seja a
prevalência. A Sombra pode também ser algo de bom que queremos negar, por não ser
útil as necessidades do contexto de nossas vidas. Para determinadas pessoas, um
comportamento bom pode vir a ser motivo de fraqueza diante de relações sociais regidas
pela competitividade e violência, tornando­se a Sombra algo perigoso para a
sobrevivência. Numa guerra, por exemplo, o soldado não tem como ficar pensando em
bondade e caridade, por isso precisa reprimir estes sentimentos durante a ação. 
A menos que tenhamos consciência de sua existência e funcionamento, a sombra quase
sempre é projetada. Isto significa que a colocamos cuidadosamente sobre alguém ou
alguma coisa para não termos que assumir responsabilidade por aquilo que estamos
renegando. Entenda, portanto, que geralmente as pessoas fazem os outros
carregarem a sua Sombra no lugar delas. Quando você recebe uma projeção deste
tipo, sua própria sombra irrompe e aí então o conflito é inevitável. 
É preciso entender que rejeitar a sombra do outro não é lutar contra ela mas, segundo
uma conhecida analogia, o certo é fazer como um bom toureiro, que deixa o touro
passar sem o atingir. A dificuldade está na complicada teia de trocas de sombras nos
relacionamentos, que acaba por roubar de ambas as partes sua plenitude potencial. 
O grande problema dessa situação é o desconhecimento do fato, o que se dá no caso da
Sombra, quando os conteúdos psíquicos negados se transformam em complexos que
poderão adquirir autonomia, imunes à ação da consciência. Nessas condições, algo
parece existir que nos leva em uma direção quando gostaríamos de seguir em outra,
fazendo não aquilo que conscientemente sabemos ser o melhor, mas o que as forças
inconscientes nos induzem. 
Determinados casos de vícios, de comportamentos obsessivos­compulsivos, de emoções
e atitudes repetitivas e incontroláveis podem ser explicados dentro desse referencial.
Assim, um grande desafio para o encontro do equilíbrio emocional é tornar consciente
nossa Sombra – no processo que Jung chamou de “individuação” ­­ dando­nos uma
visão mais clara de nosso “Self”, de nossa totalidade. Estudar­se e conhecer­se a si
mesmo, como autodidata ou em processos psicanalíticos, é o melhor caminho para
encontrar medidas profiláticas e terapêuticas para o alcance da felicidade e da paz
interior. 
Medidas profiláticas para o “lado Sombra”
Já vimos como o “lado sombra” existe e se manifesta, passemos então a refletir sobre
como prevenir ou lidar com a existência de aspectos inconscientes de nossa
personalidade, mas que governam nossos pensamentos e atitudes. 
Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que não é possível evitar o desenvolvimento do
lado Sombra. A Sombra surge como um processo natural do psiquismo, a partir da
infância, e tem funções defensivas importantes quanto às características nossas com as
quais o Ego não consegue lidar e que, por isso mesmo, as mantêm “escondidas”, em
regime de repressão. 
Quando dizemos que o lado sombra encontra­se reprimido, nos aproximamos de uma
definição freudiana dos conteúdos inconscientes, enquanto que o conceito “lado
sombra” compõe a teoria psicanalítica de Jung. Contudo, a diferença principal fica
02/04/2015 [Instituto Luzes] A “teoria da sombra” e sua influência em nossas vidas
http://www.luzes.org/conteudo.php?ar=3&a=121&Cod=128 3/4
quanto à origem de sua constituição que, para Jung, seria um arquétipo primordial
absorvidodo inconsciente coletivo pelo psiquismo humano, enquanto os conteúdos
reprimidos, para Freud, seriam fruto das experiências infantis que foram transferidas
para o inconsciente por não serem suportadas pelo Ego. Em ambos os casos,
continuamos a ter, ao longo da vida, complexos emocionais estruturados na mente que,
muitas vezes, ganham autonomia. 
Não existem, portanto, medidas profiláticas para impedir o surgimento do lado sombra.
Entretanto, existem muitas formas de tomarmos consciência do fato e adotarmos
medidas profiláticas para sermos felizes, de maneira a impedir que o lado sombra ganhe
autonomia e passe a governar nossas vidas mesmo que a nossa revelia. Nesse sentido,
a profilaxia para o alcance da felicidade corresponde à terapia para a elaboração do
lado sombra. 
A palavra “elaboração” ganha um sentido especial quando tratamos de conceitos
psicanalíticos transpessoais. “Elaborar” significa “refletir verbalizando uma emoção” para
que, na instância do Ego, sejam apreciados os prazeres e desprazeres em jogo, ou seja,
nossa sujeição aos desejos inconscientes ou nossa necessidade de adaptação às
exigências da realidade exterior, a fim de que o resultado final possa ser utilizado como
produto de experiência para o amadurecimento da alma. 
Parece confuso? Entenda que todos os conteúdos inconscientes ficam registrados sob
sua forma simbólica e não verbal. Dessa maneira, para os trazermos à atividade
reflexiva do Ego consciente é preciso dar­lhes uma forma concreta e verbal. Aí se inicia a
elaboração. Só que alguém já deve estar se perguntando: se o conteúdo é inconsciente,
e eu não o conheço, como trazê­lo à luz da razão, traduzindo­o em palavras? 
Os conteúdos inconscientes não podem ser observados diretamente, mas se
apresentam indiretamente pelos sintomas produzidos. Entre os diversos sintomas
podemos citar:
Os “atos falhos”, que são erros de linguagem como trocar o nome da esposa pelo
da mãe, o do chefe pelo do marido,
Cargas emocionais despropositadas que aplicamos em determinadas situações
Repetição de nossos discursos,
Naquilo que criticamos nos outros, que funcionam muitas vezes como um
espelho de nós mesmos.
Conteúdos dos sonhos
Tiques nervosos,
Pensamentos que escondemos de todos e até tentamos esconder de nós
mesmos.
Sintomas físicos reais, como dores e disfunções orgânicas.
Através de um estudo detalhado desses comportamentos podemos retornar às origens
das pulsões que os produzem, concluindo sobre os conteúdos guardados no
inconsciente. É preciso refletir sobre quais as motivações que nos levaram a reprimi­los,
ou seja, que conceitos equivocados sobre nós mesmos tentamos manter, e que são
ameaçados caso esses conteúdos sejam conhecidos. Essa clarificação proporciona a
percepção exata de nossos mais profundos desejos, muitas vezes altamente censuráveis
pelo Ego, e que evitamos enxergar. Disso, surge uma outra questão: que imagem nós
desejamos manter para o mundo exterior? Uma imagem que, apesar de irreal, traz
alguma forma de gratificação. Todas essas reflexões vão clarificando a visão que temos
de nós mesmos, tornando nossos pensamentos e decisões mais conscientes e próximos
da realidade. 
Contudo, mesmo aí o lado sombra ainda não está passível de controle. Somente a
experiência do cotidiano, em que vamos confrontando nossos comportamentos mais
espontâneos com a compreensão de nossa mente é que, entre erros e acertos, pouco a
pouco, o caminho de nossa libertação vai surgindo. 
Certamente que é um processo difícil, que exige paciência e perseverança. Mas vale a
pena, qualquer esforço valerá sempre à pena quando nos mostre a verdade e nos
mostre como viver melhor com nós mesmos, com tudo o que trazemos dentro de nosso
consciente e inconsciente.
Publicado em 17/03/2009 às 17:36 hs, atualizado em 04/09/2012 às 15:38 hs
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