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Tomo_I_Psicologia Interdisciplinar

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Material Específico – Psicologia – Tomo I – CQA/UNIP
	Material Específico – Psicologia – Tomo I – CQA/UNIP
PSICOLOGIA
MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO
Tomo I
SUMÁRIO 
	
	Página
	Questão 1 – O nascimento da Psicologia Científica
	3
	Questão 2 – Demanda econômica na década de 1930 e início das práticas psicológicas no Brasil
	
6
	Questão 3 – Psicologia na atualidade
	11
	Questão 4 – Epistemologia Positivista e Ciências Humanas
	15
	Questão 5 – A mente como objeto de estudo
	20
	Questão 6 – Teorias da personalidade
	24
	Questão 7 – Aprendizagem sob o enfoque da Psicologia Comportamental
	29
	Questão 8 – Psicologia Cognitiva e Psicologia Fenomenológica
	34
	Questão 9 – Psicologia e o diagnóstico de quadros psicopatológicos
	38
	Questão 10 – Psicanálise e Neurociência
	44
	Questão 11 – Representação social e racismo
	48
	Questão 12 - A inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho 
	53
	Questão 13 – Psicologia diante da homossexualidade e homofobia
	58
	Questão 14 – Psicologia do trânsito e percepção de risco
	61
	Questão 15 – A Psicologia no Cenário das Políticas Públicas de Saúde 
	66
	Questão 16 – Psicologia Comunitária
	70
	Questão 17 – Estratégias de intervenção grupal
	74
	Questão 18 – Psicologia Comunitária e intervenção psicossocial
	78
	Índice remissivo
	82
Questão 1
Questão 1[1: Questão 11 – Enade 2006.]
O nascimento da Psicologia Científica na Europa e no Brasil deu-se
na primeira metade do século XVII, quando da publicação do Novum Organum de Bacon.
na segunda metade do século XVIII, quando da publicação do Discurso do Método de Descartes.
na primeira metade do século XIX, quando da criação do primeiro laboratório de Psicologia Experimental por Wundt.
na segunda metade do século XIX, quando da criação da primeira escala métrica de inteligência na França e sua introdução por Binet no Brasil.
na segunda metade do século XIX lá e na primeira metade do século XX aqui, quando se criou o primeiro laboratório de Psicologia Experimental.
Introdução Teórica 
Fundamentos epistemológicos, teórico-metodológicos e históricos das principais vertentes do pensamento em Psicologia
O Nascimento da Psicologia Científica
O nascimento da Psicologia como disciplina autônoma e como ciência ocorreu na Europa, mais precisamente em Leipzig, na Alemanha. Constitui marco de sua origem a criação do primeiro laboratório de Psicologia Experimental, por iniciativa de Wundt em 1879, portanto, na segunda metade do século XIX. Nesse laboratório Wundt procurou isolar e quantificar algumas variáveis, com o objetivo de realizar uma aferição precisa das respostas de sujeitos a estímulos sensoriais. Nas primeiras experiências, relativas à visão e à audição, ele buscava medir o tempo de reação aos estímulos. Esse âmbito inicialmente restrito foi se ampliando, de modo a permitir compreender e analisar fenômenos mais complexos, relativos à percepção, à aprendizagem, à memória, à linguagem e ao raciocínio.
No Brasil o nascimento da Psicologia como disciplina autônoma e como ciência ocorreu posteriormente, já na primeira metade do século XX. Uma sequência de fatos históricos contribuiu para o seu surgimento. Em 1808 a família real chegou ao Brasil e catorze anos mais tarde, em 1822, foi proclamada a Independência. Esses dois eventos favoreceram processos de desenvolvimento social, que incluíram a criação de órgãos oficiais de elaboração e divulgação do conhecimento, como cursos superiores e sociedades científicas. Em 1833 foram criados cursos de Medicina na Bahia e no Rio de Janeiro, foram organizadas sociedades científicas voltadas para a área da Saúde e teve início a produção de periódicos científicos. Apesar de haver na Medicina um grande interesse pela Psicologia, e mesmo alguma produção de conhecimento, desse movimento inicial não decorreu imediatamente uma prática psicológica específica, definida e regulamentada. Isso veio a ocorrer somente em 1906, com a inauguração dos laboratórios de Psicologia Experimental voltados para a Educação.
Indicações bibliográficas
ANTUNES, M. A. M. A Psicologia no Brasil. São Paulo: Unimarco; Educ, 1999.
MASSIMI, M. História da Psicologia brasileira: da época colonial até 1934. São Paulo: EPU, 1990.
PEREIRA, F. M.; PEREIRA NETO, A. O psicólogo no Brasil: notas sobre seu processo de profissionalização. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 8, n. 2, jul.-dez. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413737220 03000200003&script=sci_arttext>. Acesso em: 02 de jun. 2010.
PESSOTTI, I. Notas para uma história da Psicologia brasileira. In: Conselho Federal de Psicologia. Quem é o psicólogo brasileiro? São Paulo: Edicon, 1988, p. 17-31.
Análise das alternativas
A. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Bacon, em sua obra Novum Organum, propôs uma classificação das ciências, mas seu trabalho não deu origem à Psicologia.
B. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. O Discurso do Método, de Descartes, influenciou o desenvolvimento das ciências, mas não deu início, especificamente, à Psicologia.
C. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. A criação do primeiro laboratório de Psicologia Experimental, por Wundt, ocorreu em 1879 – na segunda metade do século XIX.
D. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. A Escala Métrica de Binet, destinada à avaliação da inteligência, foi desenvolvida a pedido do governo francês. A solicitação já pressupunha, portanto, a existência de uma Psicologia Científica.
E. Alternativa correta.
JUSTIFICATIVA. O nascimento da Psicologia Científica ocorreu em Leipzig, na Alemanha. Tal fato se deu na segunda metade do século XIX, a partir de 1879, com a criação do primeiro laboratório de Psicologia Experimental, por Wundt. Somente na primeira metade do século XX, a partir da inauguração de laboratórios de Psicologia Experimental voltados para a Educação, ocorrida em 1906, a Psicologia passaria a ocupar o palco científico brasileiro.
 
Questão 2
Questão 2[2: Questão 11 – Enade 2009.]
Leia o texto:
No Brasil, o início das atividades psicológicas aplicadas deu-se posteriormente aos países desenvolvidos. Surgiram em período de mudanças econômicas, sociais e políticas, desencadeadas pela revolução de 1930, a qual inicia o processo de industrialização, absorvendo certas ideias em voga nos países desenvolvidos, e que tinham na organização racional do trabalho uma de suas principais bandeiras. A psicologia no Brasil, na década de 1930, ocupa-se em selecionar e a recrutar os trabalhadores para diferentes cargos, no serviço público, nas indústrias e no comércio. Nesse contexto, entendia-se que a avaliação objetiva das aptidões e das habilidades, como um critério racional de alocação dos sujeitos no trabalho, promoveria, ao lado do aperfeiçoamento técnico, uma adaptação mais harmoniosa e produtiva aos cargos e funções.
MANCEBO, D., 2008 (adaptado).
Qual é a relação entre a demanda econômica do período e o início das práticas psicológicas no Brasil?
A atividade econômica fomentou o desenvolvimento da psicologia de forma que fosse possível identificar os indivíduos proativos adequados ao exercício dos cargos. 
A contribuição da psicanálise para o recrutamento e para a seleção foi significativa, por ser capaz de identificar características dos sujeitos compatíveis com as demandas organizacionais. 
A psicologia começou a se constituir no Brasil, nesse período, como campo de atuação, a partir do surgimento de centros de estudo e de aplicação, voltados para a seleção de pessoal.
O aspecto econômico demandou do psicólogo uma posição critica quanto ao uso, pelo capitalismo, dos seus instrumentos de avaliação psicológica. 
O início da profissão do psicólogo no Brasil ocorreu em 1962; portanto, tais práticas devem ser consideradas como atividade de administração de empresa.
Introdução teórica 
Fundamentos epistemológicos, teórico-metodológicos e históricosdas principais vertentes do pensamento em Psicologia
Demanda econômica na década de 1930 e início das práticas psicológicas no Brasil
Mancebo (2004) considera que as atividades psicológicas aplicadas foram desencadeadas no Brasil pela revolução de 1930, à qual seguiu-se o processo de industrialização. Naquele período histórico uma grande ênfase recaiu sobre a organização racional do trabalho, para a qual a Psicologia foi chamada a participar, recrutando e selecionando trabalhadores em diferentes contextos. O que se pretendia promover era uma adaptação mais harmoniosa e produtiva a cargos e funções. 
Pereira e Pereira Neto (2003) discorrem sobre o fato de haver sido a partir das décadas de 1940 e 1950 que o psicólogo passou a conquistar espaço profissional nas áreas da Educação e do Trabalho (ESCH et JACÓ-VILELA, 2001, apud PEREIRA et PEREIRA NETO, 2003). Segundo esses autores, o processo de industrialização, sobretudo no governo de Getúlio Vargas, abriu espaço para os psicólogos no mercado. A ênfase na racionalidade, aplicada ao modo de administrar o trabalho vigente na época, exigia o ajustamento dos trabalhadores aos comportamentos necessários para o desempenho perfeito de tarefas. Em decorrência disso, aumentou a demanda por recrutamento e seleção de pessoal. Esperava-se que a capacidade das pessoas fosse medida por meio de testes. Essa capacidade, considerada em relação às exigências próprias de cada função, definiria qual o trabalhador que poderia melhor desempenhá-la. 
A Psicanálise e a Psicologia Organizacional e do Trabalho desenvolveram uma “Psicodinâmica do Trabalho” que, ao contrário do proposto pela abordagem anterior, não se baseava em testes e medidas de fatores da personalidade, mas propunha
uma análise dinâmica dos processos intersubjetivos e interativos que se desenvolvem no ambiente de trabalho, do sofrimento criativo e patogênico que podem acometer o indivíduo, das estratégias de defesa individuais e coletivas, bem como de um novo conceito de saúde. (DUARTE et al, 2011).
Indicações bibliográficas 
DUARTE, D. A.; CASTRO, M. D.; HASHIMOTO, F. Psicologia do Trabalho e Psicanálise: uma possibilidade de compreensão do sofrimento psíquico. Disponível em: <http://www.assis.unesp.br/encontrosdepsicologia/ANAIS DOXIXENCONTRO/112DANIELEALMEIDADUARTE.pdf>. Acesso em: 10 de nov. 2011.
MANCEBO, D.  Formação em Psicologia: gênese e primeiros  desenvolvimentos. Mnemosine, v. 1, p. 53-72, 2004.
PEREIRA, F. M.; PEREIRA NETO, A. P. O psicólogo no Brasil: notas sobre seu processo de profissionalização. Psicol. estud. v. 8, n. 2, Maringá, jul-dez. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-73 722003000200003&script=sci_arttext>. Acesso em: 02 de nov. 2011.
Análise das alternativas
A. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Logo após a revolução de 1930 ocorreu o processo de industrialização e, durante aquele período histórico, grande ênfase foi dada à organização racional do trabalho. Os psicólogos participavam, principalmente, recrutando e selecionando trabalhadores em diferentes contextos, com o objetivo de promover a adaptação produtiva de indivíduos a cargos e funções. Naquele contexto sócio-histórico os recursos teórico-metodológicos da Psicologia eram utilizados para adequar trabalhadores a funções e esse objetivo não demandava esforços para identificar se os indivíduos eram – ou não – proativos. 
B. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Nessa alternativa são formuladas duas afirmativas: (1) A Psicanálise contribuiu significativamente para as ações de recrutamento e seleção, nos anos de 1930 e (2) A Psicanálise é capaz de identificar características dos sujeitos compatíveis com as demandas organizacionais. A primeira afirmativa é incorreta porque nas décadas de 1920 e 1930 apenas eram desenvolvidas pesquisas sobre a influência de fatores ambientais na produtividade, segundo o viés behaviorista. Somente no final dos anos de 1950, quando os fatores psicológicos começaram a ser valorizados, é que se passou a considerar as relações entre características pessoais e produtividade. A segunda afirmativa também é incorreta, pois a Psicanálise deposita ênfase na subjetividade e na dinâmica da personalidade, e não no comportamento.
C. Alternativa correta.
JUSTIFICATIVA. Dados históricos evidenciam que na década de 1930 foram constituídos no Brasil centros de estudo e de aplicação voltados para a seleção de pessoal. Com base nesses dados, ao considerarmos a relação entre a demanda econômica daquela década e o início das práticas psicológicas, é correto afirmar que a Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT) começou a se constituir como campo de atuação naquele período.
D. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Ao considerarmos a demanda econômica da década de 1930 e o início das práticas psicológicas no Brasil, constatamos que naquele período ainda não havia condições históricas para a adoção de uma posição critica por parte do psicólogo frente ao uso dos seus instrumentos de avaliação psicológica feito pelo capitalismo. Assim, é incorreto afirmar que o aspecto econômico daquele período histórico demandou tal postura crítica do psicólogo.
E. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. 
Nessa alternativa são formuladas duas afirmativas e é estabelecida uma relação de causa e efeito entre ambas: (1) o início da profissão do psicólogo no Brasil ocorreu em 1962; portanto, (2) as práticas psicológicas nesse país devem ser consideradas como atividade de administração de empresa. A primeira dessas afirmativas é incorreta, pois, conforme assinalado por Pereira e Pereira Netto (2003), do ponto de vista da sociologia das profissões, não se pode determinar uma data precisa para o início dessa profissão no Brasil. Além disso, em se tratando de Psicologia Organizacional e do Trabalho, embora desde o período situado entre 1930 e 1950 seja possível identificar a presença de psicólogos nas áreas de Educação e do Trabalho, essa presença somente se tornaria expressiva durante o processo de industrialização, sobretudo no governo de Getúlio Vargas, quando a mentalidade de administração racional do trabalho abriu novos espaços de ação profissional. Assim, tanto a segunda afirmativa quanto a relação causal entre ambas carece inteiramente de sentido.
Questão 3
Questão 3[3: Questão 12 – Enade 2006.]
O conhecimento produzido pela Psicologia na atualidade originou:
uma extensão dos campos e dos métodos de atuação do psicólogo que o está levando a uma perda da identidade profissional.
alternativas psicoterapêuticas que estão levando o psicólogo de volta a seu lugar ideal de trabalho: o consultório.
novos conhecimentos sobre grupos e instituições que ampliam as possibilidades de ação do psicólogo para além da clínica.
É correto APENAS o que se afirma em:
I
II
III
I e II
II e III
1. Introdução teórica
Fundamentos epistemológicos, teórico-metodológicos e históricos das principais vertentes do pensamento em Psicologia
Psicologia na atualidade
É indiscutível o fato de ter havido uma extensão de campos e de métodos de atuação do psicólogo a partir do conhecimento produzido pela Psicologia na atualidade. Com base nesse fato muitas questões podem ser formuladas: (1) De tais transformações decorreu uma perda de identidade profissional? (2) As múltiplas novas alternativas psicoterapêuticas estão levando o psicólogo de volta ao consultório? (3) Seu lugar ideal de trabalho é o consultório? (4) As transformações produzidas por novos conhecimentos sobre grupos e instituições ampliam as possibilidades de ação do psicólogo para além da clínica?
O desenvolvimento da Psicologia e das demais ciências determinou uma extensão de campos e métodos de ação profissional sobre a realidade e o psicólogo não ficou à margem dessas transformações. A expansão de conhecimentos e a ampliação do espectro de intervenções possíveis sobre o mundo subjetivo e sobre a realidade sociocultural foram, necessariamente, transformadoras da representação social de psicólogo no imaginário coletivo.Novas representações relativas ao psicólogo e ao seu papel social vieram a enriquecer a sua identidade profissional. A identidade, entendida como um processo e não como uma condição estática, jamais se conclui, dado encontrar-se em contínua transformação.
Novos conhecimentos propiciaram novas possibilidades de intervenção psicológica, tanto psicoprofiláticas quanto psicoterapêuticas. O espaço de ação do psicólogo também se expandiu: do consultório, da sala de aula e da sala de recrutamento e seleção de pessoal para as empresas, estendeu-se para a ação institucional e comunitária. Atualmente os psicólogos têm a importância de sua ação reconhecida em múltiplos âmbitos sociais e culturais.
2. Indicações bibliográficas
BOCK, A. M. B. Estudos de Psicologia: A Psicologia a caminho do novo século: identidade profissional e compromisso social. Scielo Brazil, São Paulo, v. 4, n. 4, p. 315-329, 1999. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/epsic/v4n2/a08 v4n2.pdf>. Acesso em: 21 de jul. 2010.
BLEGER, J. Psico-higiene e Psicologia Institucional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
CABRAL, W. B. Casa de apoio social: uma entrevista com visão da psicanálise institucional. Rede Psi, 2008. Disponível em:<http://www.redepsi.com.br/portal/modules/smartsection/item.php?itemid=1119>. Acesso em: 21 de jul. 2010.
CREPOP – Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas. Disponível em: <http://crepop.pol.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=64>. Acesso em: 21 de jul. 2010.
3. Análise das afirmativas
I. Afirmativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Esta afirmativa é, de fato, constituída de duas outras: (1) o conhecimento produzido pela Psicologia na atualidade originou uma extensão dos campos e dos métodos de atuação do psicólogo; e (2) essa extensão de campos e métodos de atuação conduziu o psicólogo a uma perda de identidade profissional. A primeira dessas afirmativas é correta: o conhecimento produzido pela Psicologia na atualidade certamente ampliou os campos e os métodos de atuação do psicólogo. Porém, a segunda afirmativa é incorreta porque tais fatos determinaram transformações em sua identidade profissional, e não uma perda de identidade. Segundo Bock, “se entendermos que a identidade é movimento, é metamorfose, devemos entender que a identidade profissional nunca estará pronta; nunca terá uma definição” (BOCK, 1999, p. 328). A compreensão da identidade como um processo dinâmico permite afirmar que a expansão dos campos e métodos de atuação do psicólogo não conduziu a uma perda de identidade: propiciou uma nova definição de papéis e funções desse profissional.
II. Afirmativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Esta afirmativa é constituída de três outras: (1) o conhecimento produzido pela Psicologia na atualidade originou alternativas psicoterapêuticas; (2) tais alternativas estão levando o psicólogo de volta a seu lugar ideal de trabalho; e (3) o consultório é o lugar ideal de trabalho do psicólogo. A primeira dessas afirmativas é correta: novos conhecimentos, apoiados em diversas correntes da Psicologia e voltados para a satisfação de distintas necessidades humanas, levaram à formulação de múltiplas alternativas psicoterapêuticas, algumas das quais requerem uma atuação para além do consultório. A segunda dessas afirmativas é, portanto, incorreta: a expansão de conhecimentos relativos à ação psicoterápica ampliou seus horizontes profissionais, ao invés de reconduzi-la às origens. A terceira dessas afirmativas também é incorreta: o consultório, tido como local ideal de trabalho do psicólogo, graças à influência do modelo médico, teve sua importância relativizada ao longo de um processo histórico que favoreceu o reconhecimento da importância política e social dessa prática profissional. 
III. Afirmativa correta.
JUSTIFICATIVA. Novos conhecimentos sobre grupos e instituições ampliaram as possibilidades de ação do psicólogo. Um bom exemplo disso é a sua participação em equipes multidisciplinares de Educação, Saúde e Trabalho, bem como em projetos comunitários e sócio-ambientais. Sua colaboração se torna cada dia mais necessária nos âmbitos da psicologia educacional, clínica, institucional e comunitária, entre outras.
Alternativa correta: C – apenas a afirmativa III está certa, conforme as justificativas apresentadas.
Questão 4
Questão 4[4: Questão 13 – Enade 2006.]
Na perspectiva epistemológica histórico-crítica, a epistemologia positivista
identifica o objeto de estudo das Ciências Humanas com o objeto de estudo das Ciências Naturais, sem fazer a mesma identificação do método de estudo.
identifica o método de estudo das Ciências Humanas com o método de estudo das Ciências Naturais, sem realizar a mesma identificação do objeto de estudo.
introduz o estudo dos seres humanos numa história natural evolucionista que o isenta de posições político ideológicas.
identifica o objeto e o método de estudo das Ciências Humanas com o objeto e método das Ciências Naturais.
introduz o estudo dos seres humanos em moldes experimentais que o distancia de concepções filosóficas vagas.
1. Introdução teórica 
Fundamentos epistemológicos, teórico-metodológicos e históricos das principais vertentes do pensamento em Psicologia
Epistemologia Positivista e Ciências Humanas
A ciência é um empreendimento desenvolvido na Modernidade que se sobrepôs a outras formas de conhecimento, características da Antiguidade e da Idade Média: as formas metafísicas de pensar. Ao longo da Modernidade, a atividade científica gradativamente ampliou o seu âmbito de ação, com resultados significativos para a explicação e o controle da natureza.
O sucesso obtido na investigação dos fenômenos naturais contribuiu para a legitimação da ciência como instância hegemônica, capaz de produzir conhecimento a partir do pressuposto segundo o qual o homem tem a possibilidade de representar em sua mente os objetos do mundo externo. Assim, mantendo uma atitude neutra e objetiva e valendo-se do método experimental, o homem pode conhecer as leis causais que regem o mundo. O método experimental apresenta-se, portanto, como meio de obtenção de conhecimentos cientificamente válidos. Com base nesse modelo desenvolveram-se as Ciências Naturais, entre as quais a Física, a Química e a Biologia.
O desenvolvimento inicial das Ciências Humanas deu-se em conformidade com o paradigma das Ciências Naturais, ou seja, postulando que os fenômenos humanos, quer no âmbito individual, quer no social, sendo regidos por leis da natureza, são passíveis de estudo através de procedimentos análogos aos utilizados pelas Ciências Naturais: a observação e a experimentação. 
Segundo esse paradigma, defendido por Auguste Comte, criador do Positivismo, a ciência tem por objetivo exclusivo observar e descrever, e, para que seu objeto – o “objeto positivo” – se submeta à observação e à descrição científicas, ele deve reunir as seguintes características: ser real (em oposição ao especulativo), útil e preciso. Comte afirmava que a realidade se limita à ordem natural do universo físico, sendo possível, pois, criar uma física social capaz de, à semelhança da física natural, explicar todos os fenômenos humanos.
Com o desenvolvimento das Ciências Humanas, surgiram controvérsias acerca da adequação da metodologia das Ciências Naturais ao estudo de fenômenos humanos: o Positivismo de Comte tornou-se objeto de críticas severas quando aplicado a fenômenos humanos, como os psicológicos, considerados fluidos e passageiros, diferentemente dos objetos das Ciências Naturais. No final do século XIX e na primeira metade do XX surgiram propostas alternativas para se pensar o objeto das Ciências Humanas e a relação sujeito-objeto. Assim, novos paradigmas epistemológicos e, consequentemente, novos métodos de produção de conhecimento foram estabelecidos.
No início da década de 1920, no Instituto de Pesquisas Sociais de Frankfurt, teve início um movimento de grande importância na busca de uma cientificidade adequada ao objeto das Ciências Humanas: a “Escola de Frankfurt”, quereuniu expoentes intelectuais de grande porte, entre os quais Theodor Adorno, Herbert Marcuse e Walter Benjamin. Eles colocaram em questão a pretensa neutralidade da ciência, consideraram que à racionalidade científica subjazem estruturas ideológicas e assinalaram que o empreendimento científico se distanciara da realidade social, posto estar a serviço de interesses das classes dominantes. Marcadas pelo marxismo, suas proposições integram a Teoria Crítica.
Ao afirmar a impossibilidade de desenvolvimento de uma ciência neutra, a perspectiva histórico-crítica afirma também que todo conhecimento é inevitavelmente permeado por visões de mundo historicamente criadas, que determinam a concepção do objeto, os métodos de investigação, seus resultados e os usos a serem feitos do conhecimento produzido. Assim, cabe ao cientista levar em consideração os fatores histórico-culturais que condicionam sua atividade.
2. Indicações bibliográficas 
APPOLINÁRIO, F. Metodologia da Ciência: filosofia e prática. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006.
JAPIASSU, H. F. Epistemologia. O mito da neutralidade científica. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
LOWY, M. As aventuras de Karl Marx contra o Barão de Münchhausen. Marxismo e positivismo na sociologia do conhecimento. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
MINAYO, M. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 27. ed. Petrópolis: Vozes, 2007.
3. Análise das alternativas
A. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Nessa alternativa é afirmado que, segundo a perspectiva epistemológica histórico-crítica, a epistemologia positivista identifica o objeto de estudo das Ciências Humanas com o das Naturais, mas não identifica os métodos de estudo de uma com os da outra. Essa afirmativa é incorreta, pois, como vimos, o Positivismo identifica tanto os fenômenos humanos quanto os da natureza como objetos passíveis de sujeição aos mesmos procedimentos experimentais.
B. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Nessa alternativa é afirmado que, segundo a perspectiva epistemológica histórico-crítica, a epistemologia positivista identifica os métodos de estudo das Ciências Humanas e das Ciências Naturais, porém não identifica os seus objetos de estudo. Essa afirmativa é incorreta, pois, como vimos, o Positivismo identifica os objetos de estudo dessas ciências ao defender que tanto os objetos das Ciências Humanas quanto os das Ciências Naturais reúnem características de “objeto positivo”, sujeitando-se, por isso, aos mesmos métodos de estudo.
C. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Nessa alternativa é afirmado que, segundo a perspectiva histórico-crítica, a epistemologia positivista introduz o estudo dos seres humanos no contexto de uma história natural evolucionista que isenta os pesquisadores de assumirem posições político-ideológicas. Essa afirmativa é incorreta porque os estudos conduzidos sob a ótica positivista têm por pressuposto a possibilidade de produção de conhecimentos de modo neutro, ou seja, negam a relevância do condicionamento sócio-histórico do conhecimento, bem como o seu caráter ideológico. 
D. Alternativa correta.
JUSTIFICATIVA. Nessa alternativa é afirmado que, segundo a perspectiva epistemológica histórico-crítica, a epistemologia positivista identifica tanto o objeto quanto o método de estudo das Ciências Humanas e das Naturais. Essa afirmativa é correta, pois como vimos o positivismo afirma que os fenômenos humanos, tal como os da natureza, constituem “objetos positivos”, passíveis de estudo através dos mesmos procedimentos de observação e experimentação. 
E. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Nessa alternativa é afirmado que, segundo a perspectiva histórico-crítica, quando a epistemologia positivista introduz a aplicação de moldes experimentais ao estudo de seres humanos, distância esse estudo de concepções filosóficas vagas. De fato, o positivismo objetiva distanciar esse estudo de concepções filosóficas por ele consideradas “vagas”, na medida em que não podem ser verificadas experimentalmente. Porém, o foco do debate nessa questão é outro: discute-se aqui a possibilidade – ou a impossibilidade – de manter-se neutro ao estudar fenômenos humanos. 
Questão 5
Questão 5[5: Questão 13 – Enade 2009.			]
Em relação à visão de homem, contrastante na abordagem comportamental e na psicologia evolutiva, são feitas as seguintes afirmativas: 
A abordagem comportamental considera que o homem é ambientalmente determinado pela sequência de comportamentos e de reforços, criando uma ilusão de liberdade. 
A abordagem comportamental surge como uma modalidade de discurso psicológico crítico da visão monista materialista de homem e da correspondente desvalorização daquilo que ocorre privadamente no indivíduo. 
A psicologia evolutiva descreve os componentes fundamentais da natureza humana, os quais podem ser compreendidos em termos de mecanismos psicológicos selecionados pelo indivíduo como úteis para a evolução pessoal. 
A psicologia evolutiva sustenta que o comportamento humano depende de mecanismos psicológicos que foram modelados pela seleção natural no ambiente anterior de adaptação. 
Estão CORRETAS somente as afirmativas 
I e II. 
I e IV. 
II e III. 
II e IV. 
III e IV. 
1. Introdução teórica
Fundamentos epistemológicos, teórico-metodológicos e históricos das principais vertentes do pensamento em Psicologia 
A mente como objeto de estudo da Psicologia
Entre as diversas abordagens teórico-metodológicas da Psicologia incluem-se a Psicologia Comportamental e a Psicologia Evolutiva.
A Psicologia Comportamental surgiu nos Estados Unidos em 1913, com a publicação do artigo Psychology as the behaviorist views it, no qual John B. Watson elegia como único objeto de estudo da Psicologia o comportamento observável e controlável experimentalmente. Mais tarde, nas décadas de 1940 e 1950, Skinner desenvolveria sua proposta – o Behaviorismo Radical – que, negando qualquer valor aos estados mentais na determinação dos comportamentos, entende que qualquer comportamento humano pode ser estudado a partir da análise de fatores ambientais com que esse comportamento estabelece relações funcionais. Observando-se um organismo – animal ou humano – é possível identificar um aumento na frequência de alguns comportamentos, dado o fato de eles acarretarem consequências “reforçadoras”, ou a redução de sua frequência, dado o fato de eles terem por consequência “estímulos aversivos”. Ao longo da vida vai sendo composto um repertório de comportamentos reforçados pelo ambiente, enquanto os seguidos por estímulos aversivos tendem a desaparecer.
A Psicologia Evolutiva, por sua vez, surgiu nos anos de 1990, período em que as investigações realizadas pelas neurociências renovaram o interesse pelo estudo das bases biológicas do comportamento humano. Trata-se de uma corrente de pensamento que considera as características psicológicas humanas como resultantes da evolução da espécie. Os teóricos desta abordagem – Leda Cosmides, John Tooby e Steven Pinker, entre outros, defendem a tese de que os processos psicológicos próprios dos humanos – linguagem, habilidade para reconhecer expressões faciais, percepção espacial, habilidade para usar ferramentas e padrões de atração e convivência com parceiros e de cuidados com a prole, entre outros – tornaram, por seu valor adaptativo, seus possuidores aptos para a sobrevivência e a procriação. Ao longo da história da espécie humana, esses “órgãos mentais”, como outros sistemas orgânicos, foram mantidos por seleção natural.
2. Indicações bibliográficas 
OLIVA, A. D. et al. Razão, emoção e ação em cena: a mente humana sob um olhar evolucionista. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, v. 22, n. 1, abr. 2006. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722006000100007&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 03 de set. 2010.
PINKER, S. Como a mente funciona. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. 
SKINNER, B. F. Ciência e Comportamento Humano. 11. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
SKINNER, B. F. O mito daliberdade. 3. ed. São Paulo: Summus, 1983.
WATSON, J. B. Psychology as the Behaviorist Views it. Psychological Review, 20, 158-177, 1913.
3. Análise das afirmativas 
I. Afirmativa correta.
JUSTIFICATIVA. Segundo a abordagem comportamental, a liberdade é uma ilusão, pois a ação do homem é determinada por uma sequência de comportamentos e reforços. Isso significa que não há possibilidade de exercício de livre-arbítrio e o que poderia parecer escolha é, na verdade, decorrência inevitável de um aumento de frequência na ocorrência de determinado comportamento, dado ter sido ele seguido por circunstâncias ambientais reforçadoras. Embora possa parecer que as escolhas de um individuo sejam livres elas são, de fato, determinadas pela história de reforçamentos.
II. Afirmativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Essa afirmativa faz referência a uma questão central da Psicologia: a relativa à definição da natureza do fenômeno psi. As correntes dualistas entendem que mente e corpo têm naturezas distintas, enquanto as correntes de pensamento monista entendem haver identidade entre essas instâncias do ser. O monismo imaterialista reduz os fenômenos corporais à percepção que temos deles e o monismo materialista sustenta que todos os fenômenos “psicológicos” são exclusivamente físicos.
Aqui é afirmado que a visão monista materialista de homem desvaloriza o que ocorre privadamente no indivíduo, o que é verdadeiro. É afirmado também que a abordagem comportamental critica a visão monista materialista e isso não é verdadeiro, pois o behaviorismo nega a efetividade da mente na determinação do comportamento humano e se propõe a construir uma Psicologia livre de conceitos mentalistas e de métodos que consideram a possibilidade de inclusão da subjetividade.
III. Afirmativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Afirma-se aqui que a Psicologia Evolutiva considera que os mecanismos psicológicos úteis para a evolução pessoal são selecionados pelo próprio indivíduo. Isso não é verdadeiro, pois, como vimos, essa corrente de pensamento considera as características psicológicas humanas como resultantes da evolução da espécie, de modo que a seleção não ocorre graças à ação voluntária dos indivíduos, que julgam certas capacidades como mais ou menos úteis em termos pessoais, e sim graças à sobrevivência e à procriação de indivíduos aleatoriamente dotados de tais capacidades.
IV. Afirmativa correta.
JUSTIFICATIVA. É correto afirmar que a Psicologia Evolutiva defende a ideia de que o comportamento humano depende de mecanismos psicológicos modelados pela seleção natural no ambiente anterior de adaptação. Essa afirmativa sintetiza o proposto pela Psicologia Evolutiva. Processos psicológicos humanos – como o uso da linguagem, a habilidade para usar ferramentas e os padrões de atração e convivência com parceiros e de cuidados com a prole – tiveram valor adaptativo no passado remoto da espécie humana e constituem adaptações orgânicas próprias do processo de seleção natural.
Alternativa correta: B – apenas as afirmativas I e IV estão certas, conforme as justificativas apresentadas.
Questão 6
Questão 6[6: Questão 26 – Enade 2009.			]
A conceituação de personalidade retrata a complexidade do campo do saber psicológico. A personalidade pode ser definida como o conjunto das características da pessoa que explicam padrões consistentes de sentimentos, de pensamentos e de comportamentos. As teorias de personalidade são estudadas em uma perspectiva pluralista. 
Sobre as teorias de personalidade, as seguintes afirmativas são feitas: 
As teorias cognitivas reforçam a visão da personalidade como um sistema ativo de processamento de informações sobre si e sobre o mundo, uma vez que não é possível abordar cognitivamente as emoções. 
As teorias psicodinâmicas descrevem a personalidade como um sistema energético marcado por forças conscientes e inconscientes que, em conflito não resolvido, podem levar aos sintomas psicopatológicos. 
As teorias humanistas colocam em relevo as características emergentes e irredutíveis do homem, propondo o foco na experiência psicossocial e na cultural, como fontes determinantes da constituição da pessoa. 
A psicologia evolutiva descreve a personalidade como uma função biopsicológica, com traços geneticamente herdados, cujas características foram selecionadas pela interação com o ambiente evolutivo de adaptação. 
Estão CORRETAS somente as afirmativas: 
I e II. 
I e IV. 
II e III. 
II e IV. 
III e IV. 
1. Introdução teórica 
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais, processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica, personalidade e inteligência
Teorias da Personalidade
Não há um consenso absoluto sobre o que seja “personalidade”. Em função de seus pressupostos teóricos e epistemológicos, cada abordagem teórica elege estes ou aqueles fatores como determinantes da personalidade e tal variação se dá num continuum entre dois pólos extremos: um deles enfatiza a importância dos fatores biológicos e o outro a importância dos fatores ambientais. Há dezenas de definições de personalidade, que pode ser definida, por exemplo, como “o conjunto de características da pessoa que explicam padrões consistentes de sentimentos, de pensamentos e de comportamentos”. 
Se da multiplicidade de teorias psicológicas elegemos as cognitivistas, as psicodinâmicas, as humanistas e a Psicologia Evolutiva, constatamos o seguinte: as teorias cognitivistas descrevem a personalidade como um sistema ativo de processamento de informações; as psicodinâmicas ressaltam as forças subjetivas, conscientes e inconscientes; as humanistas atribuem grande importância às potencialidades humanas e a Psicologia Evolutiva recorre à lógica dos mecanismos de seleção natural e de seleção sexual, propostos por Darwin, ao considerar os processos mentais e os comportamentos humanos. Ou seja, a psicologia evolutiva busca identificar estratégias comportamentais e mecanismos psicológicos propiciadores de soluções para problemas adaptativos enfrentados pela espécie humana ao longo de sua história evolutiva. Subjacente a cada teoria psicológica há uma noção de pessoa e uma concepção de psiquismo humano. Para melhor situar o tema debatido nesta questão, convém recorrer a Maslow (1962), que 
agrupa as psicologias em quatro categorias, por ele denominadas “forças”. 
A Primeira Força é considerada "clássica" por descender em linha direta das antigas concepções de ciência ligadas à Astronomia, Mecânica, Física, Química e Geologia e "acadêmica" por haver florescido nos departamentos de Psicologia das universidades. Ela acha-se enraizada no mecanicismo e inclui as psicologias behaviorista (teorias S-R, de Skinner, 1953), associacionista e experimental. 
A Segunda Força reúne as psicologias psicanalíticas, oriundas de Freud e de seus seguidores.
A Terceira Força reúne psicologias de cunho humanista e existencial, agregando junguianos, adlerianos, rankianos, rogerianos, lewinianos, adeptos da psicologia organística de Kurt Goldstein, adeptos da psicologia genética de Piaget, cognitivistas, evolucionistas, psicanalistas do ego e psicólogos da personalidade - Allport, Murphy, Murray, Maslow. A Psicologia Humanista, que inclui a autorrealização entre as metas básicas de desenvolvimento, tem o principal mérito de reconhecer que a compreensão do fenômeno psicológico demanda conhecimento de fatores psíquicos e de fatores sociais, culturais, ecológicos, econômicos e políticos. 
A Quarta Força reúne psicologias que consideram, além dos fatores já enunciados, outra dimensão: a transindividual – ou seja, que incluem aspectos que transcendem o eu pessoal. Na condição de expansoras do movimento humanista, estas psicologias conservam a ótica da terceira força – inclusão de aspectos complementares ao intrapsíquico - e, de certo modo, ampliam o espectro ao considerarem e valorizarem a dimensão espiritual do humano. 
2. Indicações bibliográficas 
BECK, A.T.; FREEMAN, A; DAVIS, D. D. Terapia cognitiva dos transtornos de personalidade. Porto Alegre: ARTMED, 2005.
DAVIDOFF, L. Introdução à Psicologia. São Paulo: Mc Graw-Hill, 1983.
MASLOW, A. Toward a psychology of being. New York: Van Nostrand Reinhold, 1962.
ROGERS, C. Terapia centrada na pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
WEITEN, W. Introdução à Psicologia: temas e variações. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
3. Análise das alternativas 
I. Afirmativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Todas as teorias cognitivistas consideram as emoções como parte do fenômeno cognitivo ou como um aspecto do sistema psicológico largamente influenciado pelas cognições. Assim, é possível abordar as emoções a partir desse referencial teórico, ao contrário do que propõe a afirmativa.
II. Afirmativa correta.
JUSTIFICATIVA. As teorias psicodinâmicas consideram a personalidade resultante da interação de forças psicológicas, ou energias psíquicas, em grande parte determinada por dinamismos inconscientes. A Psicanálise, por exemplo, parte do princípio de ser o aparelho psíquico constituído por três instâncias: id, instância inconsciente e fonte das pulsões, que opera segundo o princípio do prazer; ego, instância consciente e mediadora, cuja função é garantir segurança e sanidade; e superego, instância em parte consciente e em parte inconsciente, que atua a serviço das leis, normas e regras morais internalizadas. Entre as três instâncias há uma tensão permanente: o ego age continuamente no controle e na conciliação das exigências do id e do superego. Os sintomas psicopatológicos advêm da falta de controle ou da impossibilidade de resolução dos conflitos ocorridos na relação entre essas três instâncias. Assim, é correto afirmar que as teorias psicodinâmicas descrevem a personalidade como um sistema energético e que conflitos não resolvidos produzem sintomas psicopatológicos.
III. Afirmativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Para as teorias humanistas (Terceira Força) o homem tem uma “tendência atualizadora”, isto é, ele busca atualizar a própria potencialidade, mesmo em ambiente hostil. Assim, ainda que esteja vivendo em condições adversas, a tendência atualizante do homem o leva a agir, buscando sempre manter o organismo da melhor forma possível.
IV. Afirmativa correta.
JUSTIFICATIVA. De acordo com a Psicologia Evolutiva, não há razão para acreditar que o ser humano seja uma exceção às forças organizadoras da evolução pelos processos naturais de seleção. Assim, se evoluímos em conformidade com os princípios de seleção natural e sexual, o pensamento e o comportamento humanos, enquanto resultantes de processos psicológicos, também são produtos passíveis de análise pela ótica das teorias darwinianas. Essa perspectiva teórica fornece modelos e métodos para examinar processos mentais e comportamentos humanos, usando a lógica dos mecanismos de seleção natural e de seleção sexual propostos por Darwin. Seu objetivo central é identificar os mecanismos psicológicos e estratégias comportamentais que se constituíram em soluções evoluídas para problemas adaptativos enfrentadas por nossa espécie ao longo de sua história evolutiva.
Alternativa correta: D – apenas as afirmativas II e IV estão certas, conforme as justificativas apresentadas.
Questão 7
Questão 7[7: Questão 27 – Enade 2009.			]
Um professor corrige a tarefa escolar feita por seus alunos. Eles estão sentados individualmente em carteiras enfileiradas e são chamados um a um para levar o caderno até a mesa do professor. Este age batendo um carimbo que associa uma figura com uma expressão elogiosa como “muito bem”, “ótimo” ou “excelente”. E não usa figura alguma, caso não tenha feito a tarefa. Em seguida, registra quem fez e quem não fez a tarefa, dizendo que o aluno que cumprir todas as tarefas sem erro receberá um ponto na média final bimestral. Depois, fala à classe que quem não realizou a tarefa deverá fazer durante o horário do recreio. 
A conduta desse professor é corretamente interpretada pela abordagem 
comportamental, que preconiza a modelagem do comportamento da criança pelo reforço positivo dos comportamentos adequados e pela extinção dos inadequados. 
gestáltica, a qual destaca a correção do erro e o controle do comportamento como necessários para que o aluno estabeleça a distinção figura e fundo, criando a boa forma, favorecendo insights (introvisão) e raciocínios específicos sobre os problemas dados na tarefa. 
piagetiana, que preconiza a aprendizagem como envolvendo processos de assimilação e acomodação de novos conteúdos à estrutura cognitiva do aluno, tornada possível, enfatizando o erro cometido. 
rogeriana, a qual compreende a conduta do professor como um convite à heteronomia do aluno como pessoa humana, pois a punição do erro deve acontecer num clima de afetividade e empatia. 
sócio-histórica, que enfatiza o papel do parceiro mais experiente como muito valorizado para a aprendizagem, o que faz com que a correção do erro pelo professor favoreça a zona de desenvolvimento proximal. 
1. Introdução teórica 
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais, processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica, personalidade e inteligência. Abordagens do processo ensino-aprendizagem
Aprendizagem sob o enfoque da Psicologia Comportamental
A toda prática educativa subjaz uma concepção de aprendiz e de processo de aprendizagem. Assim, é possível identificar pressupostos subjacentes às situações planejadas de ensino-aprendizagem, mesmo que o educador que neles fundamenta sua ação profissional não tenha clareza a respeito disso.
O enunciado da questão descreve uma estratégia de ensino-aprendizagem na qual alguns comportamentos, como o de realizar corretamente uma tarefa, são elogiados, enquanto outros, como o de não realizar a tarefa, são punidos com a retirada de uma circunstância apreciada, como a de ir ao recreio. A esse arranjo de contingências ambientais com o objetivo de modificar comportamentos subjaz a teoria de aprendizagem característica da Psicologia Comportamental.
Segundo a abordagem comportamental, determinadas consequências ambientais reforçadoras, contingentes à emissão de certos comportamentos aumentam a probabilidade desses comportamentos voltarem a ocorrer no futuro. Outras consequências, como a retirada de um benefício ou a introdução de uma ocorrência desagradável, tornam menos provável a repetição do comportamento que produziu determinado resultado indesejável. 
Ao longo do desenvolvimento, a criança vai tendo o seu comportamento modelado por consequências ambientais – prazerosas ou aversivas – de suas ações. Quando se trata da aquisição de repertório escolar, ocorre o mesmo processo: comportamentos “bem-sucedidos” tendem a se manter, enquanto outros, “malsucedidos”, tendem a desaparecer.
Segundo a abordagem comportamental, cabe ao professor o planejamento de contingências favoráveis à aquisição e à manutenção de comportamentos desejáveis e à extinção (eliminação) de comportamentos indesejáveis.
O enunciado da presente questão ilustra uma situação em que a criança recebe elogios quando se comporta da maneira desejada: uma frase elogiosa é carimbada na folha de seu caderno. Além disso, ela terá um acréscimo na nota se realizar todas as tarefas. O pressuposto que determina esse planejamento é o de que elogios e notas funcionam como reforçadores, aumentando a probabilidade de a criança, no futuro, realizar novas tarefas. Por outro lado, a criança que não realiza a tarefa, não tem a folha de seu caderno carimbada. O procedimento de não oferecer as consequências ambientais reforçadoras que mantêm um comportamento desejável deverá, conforme os postulados teóricos dessa abordagem, contribuir para a “extinção” do comportamento indesejável.
Outro arranjo de contingências descrito no referido enunciado refere-se à punição pela retirada de um reforçador disponível: crianças que não realizaram a tarefa devempermanecer em sala de aula, privadas do recreio. Essa consequência aversiva terá como resultado uma redução da probabilidade de ocorrência desse comportamento no futuro.
As abordagens gestáltica, piagetiana, rogeriana e sócio-histórica partem de outros pressupostos referentes à aprendizagem. Elas não se fazem presentes no enunciado da questão.
2. Indicações bibliográficas
 
CASTORINA, J. A. (Org.). Piaget-Vygotsky: novas contribuições para o debate. São Paulo: Ática, 1988.
MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986.
POZO, J. I. (Org.). A solução de problemas: aprender a resolver, resolver para aprender. Porto Alegre: Artmed, 1998.
ROGERS, C. Liberdade de aprender em nossa década. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.
SKINNER, B. F. Tecnologia do ensino. São Paulo: EPU, 1975.
Análise das alternativas 
A. Alternativa correta.
JUSTIFICATIVA. O planejamento de contingências descrito no enunciado objetiva modelar por reforçamento diferencial o comportamento que se quer instalar ou manter – no caso, fazer a lição – e objetiva, pelo não reforçamento do comportamento indesejável, promover sua extinção.
B. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Para a abordagem gestáltica, a aprendizagem resulta de uma organização do campo perceptual que possibilita a resolução de problemas. A aprendizagem ocorre graças a processos de insight, ou seja, graças à compreensão espontânea de relações estabelecidas entre objetos. Resulta, pois, da capacidade de organizar e reorganizar estímulos em unidades significativas. A estruturação do campo perceptual obedece a princípios de organização perceptual típicos das espécies. As práticas educativas fundamentadas nessa abordagem não utilizam contingências reforçadoras ou punitivas. 
C. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. De acordo com Piaget, as capacidades cognitivas humanas são construídas ao longo de estágios de desenvolvimento, sendo cada estágio caracterizado por um conjunto de estruturas, que possibilitam certas operações mentais. Segundo essa ótica teórica, todos os indivíduos vivenciam uma determinada sequencia de aquisições, desde o nascimento até a conquista do pensamento abstrato, capaz de realizar operações lógico-formais. A aprendizagem é tida como um processo de organização de novas informações e sua integração a estruturas cognitivas já estabelecidas na criança, em conformidade com um processo cognitivo denominado assimilação. A modificação das estruturas cognitivas ocorre graças ao processo cognitivo denominado acomodação. O conhecimento, construção contínua, resulta da interação do homem com o mundo. Nesse sentido, as práticas educativas devem propiciar situações que possibilitem à criança observar para depois agir sobre o mundo. Cabe ao professor planejar situações instigantes, geradoras de desequilíbrio, sempre considerado o nível de desenvolvimento do aluno. Segundo essa concepção, o erro é parte inevitável do processo de construção do conhecimento e deve ser compreendido como uma informação relativa ao tipo de raciocínio que o aluno está utilizando para solucionar o problema proposto. Em outras palavras, o erro é fonte de informação das estruturas cognitivas presentes na criança. O enunciado da questão não descreve uma estratégia de aprendizagem baseada nos conceitos acima.
D. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. A abordagem rogeriana pressupõe que o homem tende à autorrealização e ao desenvolvimento pleno de suas capacidades. Assim, há uma tendência natural para a aprendizagem e o aprimoramento de habilidades, desde que estas sejam significativas para os indivíduos. Nesse sentido, o processo de ensino-aprendizagem é centrado no aprendiz e o professor atua como mero facilitador, oferecendo um clima propício à aprendizagem espontânea. Coerentemente com essa postura, o erro não é enfatizado e a autonomia é incentivada. A situação apresentada no enunciado não ilustra esta concepção.
E. Alternativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. A abordagem sócio-histórica considera o homem inserido em dado contexto histórico. Segundo essa concepção, as capacidades humanas – pensamento, memória, atenção voluntária, consciência - resultam das relações (mediadas pela linguagem) que os homens mantêm entre si. Um conceito fundamental dessa abordagem é o de zona de desenvolvimento proximal, que se refere a capacidades ainda não desenvolvidas no sujeito, mas que podem vir a se desenvolver desde que haja auxílio advindo de outro sujeito, mais desenvolvido. Assim, na abordagem sócio-histórica, o professor atua intencionalmente como mediador do conhecimento, favorecendo nos alunos mudanças que não ocorreriam espontaneamente. Não é isso o que faz o professor apresentado no enunciado: ele age de modo a reforçar os comportamentos adequados e extinguir os inadequados.
Questão 8
Questão 8[8: Questão 14 – Enade 2009.			]
A Psicologia como ciência caracteriza-se pela tensão entre recortes epistemológicos e pressupostos ontológicos sobre seu objeto, criando, ao longo de sua história, uma diversidade de abordagens, tal como o cognitivismo e a psicologia fenomenológica. Em relação à concepção da psicologia como ciência nessas duas abordagens, são feitas as seguintes afirmativas: 
Ambas preconizam uma visão de ciência centrada na concepção de descrição precisa e objetiva dos dados da experiência. 
O cognitivismo contrapõe-se à psicologia fenomenológica, por considerar que a abordagem científica adequada será do processamento da informação como dado objetivo. 
Para a psicologia fenomenológica, a experiência é irredutível a uma análise descontextualizada da subjetividade do sujeito; portanto, os métodos experimentais são adequados. 
O cognitivismo apresenta uma dispersão de métodos que se origina de desdobramentos da abordagem comportamental, da psicologia social e da influência da cibernética e da teoria da informação e da teoria geral dos sistemas. 
Estão CORRETAS somente as afirmativas 
I e II. 
I e IV. 
II e III. 
II e IV.
III e IV. 
1. Introdução teórica
Fundamentos epistemológicos, teórico-metodológicos e históricos das principais vertentes do pensamento em Psicologia
Psicologia Cognitiva e Psicologia Fenomenológica
A Psicologia Cognitiva dedica-se ao estudo da cognição, ou seja, dos processos mentais que subsidiam os comportamentos. Investiga diversos aspectos relacionados a memória, atenção, percepção e representação do conhecimento, bem como raciocínio e resolução de problemas. O termo começou a ser usado em 1967, a partir da publicação do livro Cognitive Psychology, de autoria de Ulrich Neisser. No âmbito do cognitivismo considera-se que os processos mentais são comparáveis a um software, a ser executado num computador, aqui representado pelo cérebro.
A Psicologia Fenomenológica, por sua vez, supõe a indissociabilidade da consciência e de seu objeto. Disso decorre que a subjetividade do pesquisador não pode ser eliminada e, portanto, não se pode aspirar a uma condição de total neutralidade e objetividade nas investigações. A Psicologia Fenomenológica, que se contrapõe ao pensamento positivista, decorre de uma corrente filosófica cujo marco histórico inicial situa-se em 1913, com a publicação Ideias relativas a uma Fenomenologia pura, de Edmund Husserl, e deu origem às abordagens de terceira Força em Psicologia, como o Humanismo e a Gestalt Terapia. A Psicologia Fenomenológica propõe o estudo das experiências, resgatando a subjetividade e a constituição de sentidos como características humanas. Privilegia os métodos qualitativos de pesquisa, contrapondo-se, pois, aos paradigmas experimentais, tanto pela definição de objeto quanto pelos métodos investigativos.
2. Indicações bibliográficas 
Van den BERG, J. H. O paciente psiquiátrico: esboço de uma psicopatologia fenomenológica. Campinas: Livro Pleno, 2000.
FORGHIERI, Y. C. Psicologia fenomenológica: fundamentos, método e pesquisas. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.
POZO, J. I. Teorias cognitivas da aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2002.WADSWORTH, B. J. Inteligência e afetividade da criança na teoria de Jean Piaget: fundamentos do construtivismo. São Paulo: Pioneira, 2003.
3. Análise das afirmativas 
I - Afirmativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Não se pode afirmar que tanto o cognitivismo quanto a Psicologia Fenomenológica concebem que a ciência deva centrar-se na descrição precisa e objetiva dos dados da experiência. De fato o cognitivismo concebe dessa maneira, mas a Psicologia Fenomenológica, no entanto, considera a consciência indissociável do objeto, o que implica na inclusão da subjetividade na produção do conhecimento. Não há, portanto, concordância entre os pressupostos básicos que norteiam essas abordagens psicológicas.
II - Afirmativa correta.
JUSTIFICATIVA. A Psicologia Cognitiva considera possível processar as informações como dados objetivos e conhecer de maneira objetiva processos mentais subjacentes aos comportamentos. Para a Psicologia Fenomenológica, entretanto, como a consciência do pesquisador não pode ser dissociada do objeto, sua subjetividade é incluída na produção do conhecimento. Assim, é correto afirmar que a Psicologia Cognitiva se contrapõe à Psicologia Fenomenológica, ao se considerar que somente através do processamento da informação como dado objetivo é que se pode abordá-la adequadamente.
III - Afirmativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Essa afirmativa é, de fato, composta de duas outras, sendo que a segunda afirmativa é tida como conclusão da primeira: (1) para a Psicologia Fenomenológica a experiência de um sujeito não pode ser reduzida ou descontextualizada de sua subjetividade para análise; portanto, (2) os métodos experimentais (que pressupõem a objetividade) são adequados ao estudo do objeto da Psicologia Fenomenológica. A primeira dessas afirmativas é verdadeira; no entanto, ao contrário do método fenomenológico, o método experimental baseia-se no pressuposto de que consciência e objeto são separáveis e, portanto, é possível conhecer de modo neutro e objetivo. Assim, ele não é adequado ao estudo do objeto da Psicologia Fenomenológica. 
IV - Afirmativa correta.
JUSTIFICATIVA. A Psicologia Cognitiva analisa a maneira como as pessoas realizam tarefas mentais. A construção de seus modelos teóricos é feita com base em conhecimentos desenvolvidos no interior de diversos outros sistemas – Psicologia Comportamental, Psicologia Social, Cibernética, Teoria da Informação e Teoria Geral dos Sistemas. Disso decorre sua dispersão de métodos.
Alternativa correta: D – apenas as afirmativas II e IV estão certas, conforme as justificativas apresentadas.
Questão 9
Questão 9[9: Questão 22 – Enade 2009.]
Uma paciente de 20 anos de idade, em uma entrevista inicial, relata um quadro diagnosticado como Transtorno de Pânico Sem Agorafobia (DSM IV 300.01): 
“Doutora, não sei o que eu tenho... estava na minha casa sozinha. Quando fui à cozinha, comecei a sentir mal! Senti como se algo horrível fosse acontecer. Senti como se estivesse morrendo... Minhas mãos começaram a formigar. Meu coração disparou, mal conseguia respirar. Nada estava acontecendo e eu não sabia o que me acontecia. Achei que meu coração ia parar! Comecei a chorar! O médico me disse que eu não tinha nada. Me receitou um ansiolítico e me mandou para casa. Isso foi há um ano. Isso ocorreu mais de uma vez e sempre de repente! Às vezes, quando menos espero. Eu estou apavorada! Não sei o que acontece, nem quando vai acontecer! Tenho medo de enlouquecer ou de ter um ataque cardíaco! E eu sou atleta! Sei que não tem nada a ver! Nunca tive nada disso! Nunca usei drogas! E o médico me disse que minha saúde está bem. Meus pais estão bem! Minha relação com eles é boa! Tenho namorado! Agora não consigo nem ir à aula na faculdade sem ter medo! Mesmo em casa fico preocupada! O que é que eu tenho? Tem tratamento?” Considerando-se a diversidade de abordagens em psicologia para compreender os quadros psicopatológicos e seu diagnóstico, são feitas as seguintes afirmativas: 
Para a psicanálise, os sintomas relatados são reveladores de complexos inconscientes relacionados à repressão cultural do corpo e do gênero, levando a um estado regressivo, cujo principal mecanismo de defesa é a projeção; portanto, a psicanálise tem validada sua descrição da psicopatologia no DSM IV. 
A abordagem comportamental procura, por meio da análise funcional, descrever, neste caso, as relações complexas entre os comportamentos, seus reforçamentos e condicionamentos, considerando que descrições de categorias nosológicas não são úteis, pois não revelam as relações entre variáveis de controle do comportamento. 
Na perspectiva da abordagem sistêmica, a complexidade dos quadros psicológicos não pode ser reduzida a classificações nosológicas, pois elas ocultam a relação complementar entre o sistema e o sintoma; logo, uma descrição centrada na psicopatologia não revela aspectos de recursividade e de circularidade sistêmicas. 
Em uma perspectiva fenomenológica existencial, a classificação de quadros psicopatológicos elucida as vivências subjetivas, pois a classificação explica o sintoma e valida o relato do paciente. Assim, a descrição das vivências da paciente é objetivada. 
Estão corretas somente as afirmativas 
I e II. 
I e III. 
II e III. 
II e IV.
III e IV.
 
Introdução teórica
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais, processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica, personalidade e inteligência. 
Psicologia e o diagnóstico de quadros psicopatológicos 
O primeiro Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) surgiu no âmbito da Medicina somente em 1952, elaborado pela Associação Psiquiátrica Americana. A essa primeira edição seguiram-se outras: DSM-II (1968), DSM-III (1980), DSM-III-R (1987) e DSM-IV (1994), atualmente em uso. O DSM apresenta a descrição de transtornos, relaciona sintomas e fornece dados sobre a prevalência de um quadro psicopatológico na população e atribui códigos numéricos aos diferentes quadros para possibilitar a comunicação entre os profissionais que fazem uso dele.
As considerações a respeito dos quadros psicopatológicos apresentados no DSM variam de uma abordagem teórica para outra. O enunciado da questão considera apenas algumas das abordagens que integram o conjunto de possibilidades do saber psicológico: as abordagens comportamental e sistêmica, a Psicanálise e a perspectiva fenomenológico-existencial.
Para a Psicanálise os sintomas, ao revelarem dinamismos inconscientes, atuam como porta-vozes do sistema psíquico e, por isso, não podem ser submetidos a classificações generalizantes, nem a uma apreciação crítica com vistas a sua classificação. Assim, segundo essa abordagem, as descrições e classificações do DSM não apresentam utilidade. Para a abordagem comportamental as categorias nosológicas também não se mostram úteis, dado que objetiva identificar as variáveis presentes nos comportamentos e as relações estabelecidas entre elas. A abordagem sistêmica, por sua vez, dispensa totalmente o uso do DSM, pois, visando a identificar a relação complementar entre o sintoma e o sistema no qual ele se manifesta, considera que as classificações nosológicas prestam um desserviço, na medida em que contribuem para ocultar dinâmicas do sistema, ao atribuir as causas do sintoma a um único indivíduo, desconsiderando o contexto em que ele está inserido. Finalmente, a perspectiva fenomenológico-existencial também dispensa o uso do DSM por considerar que a classificação de quadros psicopatológicos em nada contribui para elucidar vivências subjetivas, que devem ser compreendidas e acolhidas, ao invés de serem rotuladas. 
2. Indicações bibliográficas
BICALHO, C. F. S. Síndrome do pânico: angústia avassaladora? Quadro nosológico? Estud. psicanal., Belo Horizonte, n. 32, nov. 2009. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-3437200 9000100006&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 10 de jun. 2011.FIRST, M. B.; WILLIAMS, J. B. W.; SPITZER, R. L. DSM-IV: Casos clínicos. Porto Alegre: Artmed, 2007, v. 2.
GOMES DE MATOS, E.; GOMES DE MATOS, T. M.; GOMES DE MATTOS, G. M. A importância e as limitações do uso do DSM-IV na prática clínica. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul, Porto Alegre, v. 27, n. 3, dez. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010181082005000 300010&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 10 de jun. 2011.
LOPES, E. J.; LOPES, R. F. F.; LOBATO, G. R. Algumas considerações sobre o uso do diagnóstico classificatório nas abordagens comportamental, cognitiva e sistêmica. Psicol. estud., Maringá, v. 11, n. 1, abr. 2006. Disponível em: <http: //www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722006000100006 &lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 22 de jun. 2011.
SIEBERT, G. Transtorno de pânico: investigação sobre alterações de relato em terapia analítico comportamental. 2006. Dissertação (Mestrado). PUC-CAMP, Campinas, SP, 2006.
TENÓRIO, C. M. D. A psicopatologia e o diagnóstico numa abordagem fenomenológico-existencial. Universitas ciências da saúde, Brasília, v. 1, n. 1, p. 31-44, 2003. Disponível em: http://www.publicacoesacademicas.uniceub. br/index.php/cienciasaude/article/view/493/315. Acesso em: 20 de jun. 2011.
Análise das afirmativas
I. Afirmativa incorreta
JUSTIFICATIVA. A afirmativa I é, de fato, constituída de três afirmativas: (1) para a Psicanálise os sintomas relatados revelam complexos inconscientes relacionados à repressão cultural do corpo e do gênero; (2) esses complexos inconscientes produzem um estado regressivo, cujo principal mecanismo de defesa é a projeção; com base nessas duas afirmativas, chega-se à uma conclusão: (3) a Psicanálise, portanto, tem validada sua descrição da psicopatologia no DSM IV. Os sintomas descritos no enunciado não caracterizam repressão cultural do corpo ou do gênero (a paciente é atleta e tem namorado). O encaminhamento descrito não caracteriza um processo de projeção. A terceira afirmativa, por sua vez, é incorreta, entre outras razões, por sua falha lógica: trata-se de uma conclusão indevida, pois não há relação lógica entre essa afirmativa e as outras duas que a antecedem.
II. Afirmativa correta
JUSTIFICATIVA. De acordo com a abordagem comportamental, isto é aquela que se reporta ao Behaviorismo Radical de Skinner, todo e qualquer comportamento (inclusive os relacionados à linguagem, ao pensamento e à cognição) deve ser compreendido a partir das relações funcionais que estabelece com eventos ambientais. Segundo essa concepção teórica, o Transtorno do Pânico (TP) é compreendido como um conjunto de respostas psicofisiológicas associadas a certas condições ambientais. Como outros transtornos de ansiedade, o TP envolve a relação entre eventos ambientais com funções de estímulo e respostas organísmicas. Assim, diante de uma queixa de TP, o psicoterapeuta comportamental fará uma análise funcional do comportamento para identificar as variáveis ambientais a serem manipuladas com o objetivo de eliminar ou reduzir a frequência do comportamento alvo, no caso as crises de pânico. Vê-se, portanto, que uma atuação profissional orientada por essa abordagem teórica prescinde do DSM, por considerar que ele não auxilia na identificação das variáveis ambientais envolvidas no quadro, nem contribui para o planejamento da intervenção.
III. Afirmativa correta
JUSTIFICATIVA. Segundo a abordagem sistêmica a compreensão de uma queixa demanda a ampliação do foco de análise e considera os indivíduos como integrantes de uma rede de sistemas e subsistemas, isto é, de um conjunto de elementos interligados, cada qual com suas peculiaridades. Nos sistemas, a interdependência das partes determina que qualquer mudança em um dos elementos afete o todo e cada uma das outras partes. O homem, considerado um sistema aberto, só pode ser compreendido como inserido em determinado contexto. Assim, as disfunções indicam um desequilíbrio de relações no interior do sistema. O paciente, considerado como o membro sintomático de um grupo, é compreendido como aquele que denuncia a disfunção do sistema, estando, portanto, todos os demais membros implicados no fenômeno. O processo psicoterápico – seja individual, seja de grupos familiares – busca identificar o padrão de funcionamento do sistema e a função desempenhada pelo sintoma nesse contexto. A utilização de um sistema classificatório como o DSM em nada contribuiria para a compreensão sistêmica do fenômeno.
IV. Afirmativa incorreta
JUSTIFICATIVA. A concepção fenomenológico-existencial não busca explicar sintomas ou validar relatos, objetivando-os. Sua abordagem é compreensiva, e não explicativa. Procura elucidar os significados da experiência dos pacientes, favorecendo o autoconhecimento e a autonomia. Por essa razão, não recorre a quadros psicopatológicos por considerá-los estáticos e genéricos, incapazes, portanto, de contemplar as especificidades de cada caso.
Alternativa correta: C – apenas as afirmativas II e III estão certas, conforme as justificativas apresentadas.
Questão 10
Questão 10[10: Questão 26 – Enade 2006.]
A psicanálise não tem nenhum motivo para ter medo do formidável avanço atual da neurociência. Ela o espera com impaciência, na medida em que esses novos dados nos servirão como novas portas de entrada em nosso modelo − necessariamente multifatorial − de qualquer situação psicopatológica.
(LEBOVICI, S.).
Do ponto de vista da neurociência, a frase de Lebovici não é verdadeira, na medida em que a psicopatologia não é multifatorial, mas determinada exclusivamente pela biologia.
Do ponto de vista da psicanálise, a frase de Lebovici não é verdadeira, porque o avanço da neurociência poderá provocar o fim da psicanálise.
Na atualidade, há psicanalistas e neurocientistas trabalhando em conjunto por acreditarem na colaboração das pesquisas nessas áreas.
Do ponto de vista da psicanálise, não há convergência possível entre a pesquisa psicanalítica e a da neurociência porque ambas partem de pressupostos teórico-epistemológicos absolutamente diversos.
É correto APENAS o que se afirma em:
I e II.
I e IV.
III.
IV.
III e IV.
1. Introdução teórica
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais, processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica, personalidade e inteligência. 
Psicanálise e Neurociência
Silva Filho (2003) identifica motivos pelos quais a Psicanálise não teme o avanço da Neurociência e procura mostrar que é falso o suposto antagonismo entre a teoria psicanalítica e os conhecimentos sobre o cérebro. Considera que esses conhecimentos se complementam na medida em que o conceito neurocientífico de plasticidade cerebral oferece base orgânica para a teoria psicanalítica. Pesquisas sobre funções cerebrais ampliaram as possibilidades de compreensão do psiquismo e vêm subsidiando alguns postulados da Psicanálise, como por exemplo o reconhecimento de que a liberação de sinapses se faz necessária para a ocorrência de lapsos de linguagem e para o sonhar. Essa evidência não elimina a função da Psicanálise de compreender os significados da dinâmica intrapsíquica, como por exemplo, o significado dos lapsos e dos sonhos. 
Soussumi (2004) publicou no site da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência um trabalho cujo objetivo foi tratar da Neuropsicanálise, um novo método científico que consiste em combinar dois métodos já existentes – o da Psicanálise e o da Neurociência – evidenciando articulações entre esses dois campos do saber. Considerando as diferenças entre os pressupostos teórico-metodológicos dessas duas áreas, o diálogo interdisciplinar estabelecido apresenta convergências e divergências.
As principais concepções contemporâneas da Psicopatologia a consideram multifatorial, e não determinada exclusivamente pela Biologia. As instâncias psicológicas e sociais são consideradas fundamentais para a compreensão, o diagnóstico e o tratamento de distúrbiospsicopatológicos, por conceberem o homem como um ser biopsicossocial. A Neurociência também admite que fatores biológicos, psicológicos e sociais interagem na determinação de fenômenos psicopatológicos.
2. Indicações bibliográficas
FAVERET, B. M. S. Neurociências e psicanálise: há possibilidade de articulação? Psicol. Clin., Rio de Janeiro, v. 1, n. 18, p. 1-1, 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-56652006000 100002&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 5 de mai. 2010.  
MATURANA, H. R.; VARELA, F. Autopoiesis and cognition. Dordrecht: D. Reidel, 1980.
MATURANA, H. R.; VARELA, F. El arbol del conocimiento. Santiago: Universitaria, 1990.
SILVA FILHO, A. C. P. Psicanálise e Neurociências. Revista de Psiquiatria Clínica, São Paulo, v. 3, n. 30, p. 1-1, 1 de jan. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010160832003000300010&script=sci_arttext>. Acesso em: 5 de mai. 2010.
SOUSSUMI, Y. O que é Neuro-Psicanálise. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 4, n. 56,  p. 1-1, 2006. Disponível em:<http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid =S0009-67252004000400019&script=sci_arttext.>. Acesso em: 5 de mai. 2010.
3. Análise das afirmativas
I – Afirmativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. 
Conforme afirma Lebovici, a Psicanálise acompanha os avanços da Neurociência e considera que os conhecimentos dela advindos contribuem para a compreensão de quadros psicopatológicos, dado o seu caráter multifatorial. Sendo a Psicopatologia multifatorial, e não determinada exclusivamente pela Biologia, é incorreto afirmar que do ponto de vista da Neurociência a frase de Lebovici não é verdadeira.
II – Afirmativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. O avanço da Neurociência “vem confirmando inúmeros postulados psicanalíticos modernos, no estudo das funções cerebrais mais diferenciadas” e, por outro lado, também “contribui cada vez mais para compreensão da mente humana, seus distúrbios e seu tratamento” (SILVA FILHO, 2003, p. 1). Assim, a Psicanálise é beneficiada pelo desenvolvimento das Neurociências.
III – Afirmativa correta.
JUSTIFICATIVA. Como aponta Soussumi (2004), em 1994 o Grupo de Estudos de Neurociência e Psicanálise do Instituto de Psicanálise de Nova York já reunia psicanalistas e neurocientistas voltados para a busca de correlações entre suas áreas. Atualmente são de fácil acesso as informações advindas de pesquisas e debates baseados no diálogo interdisciplinar que visa à compreensão dos fenômenos psíquicos. No Brasil identifica-se a presença de grupos interessados por essa temática.
IV – Afirmativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. Conforme afirma Faveret (2006), ainda que os pressupostos teórico-epistemológicos da Psicanálise e das Neurociências sejam distintos, a articulação entre esses dois campos do saber é possível, desde que se promova um trabalho interdisciplinar que, além dos conhecimentos próprios desses campos do saber, possa ser enriquecido por contribuições advindas da Filosofia, da Sociologia e das Ciências Naturais. 
Alternativa correta: C – apenas a afirmativa III está certa, conforme as justificativas apresentadas.
Questão 11
Questão 11[11: Questão 25 – Enade 2006.			]
Segundo o psicólogo social e sociólogo francês Sergei Moscovici, a representação social é uma produção coletiva que tem como uma de suas dimensões a atitude ou orientação geral de grupos em relação ao objeto da representação. O historiador inglês Eric Hobsbawm, por sua vez, afirma: 
o racismo, além de conveniente enquanto legitimação da dominação do branco sobre indivíduos de cor e de ricos sobre pobres, é um mecanismo através do qual uma sociedade fundamentalmente desigual, mas baseada numa ideologia fundamentalmente igualitária, racionaliza as suas desigualdades. Para isso, a ciência, o trunfo do liberalismo, veio para provar que os homens não são iguais. 
Nesse contexto, o preconceito racial e a violência que o acompanha
são predominantemente manifestação da lógica que rege as relações sociais em sociedades profundamente desiguais e hierarquizadas.
são manifestações de uma natural divisão social do trabalho em sociedades complexas, que requer a classificação das pessoas segundo suas aptidões naturais.
são inevitáveis, pois a espécie humana é biologicamente agressiva e sempre haverá grupos violentos em relação a algum objeto de representação coletiva.
não pertencem ao âmbito das representações sociais, pois decorrem de uma reação natural da espécie humana de medo diante do que é diferente.
não pertencem ao âmbito das relações de poder, pois são desencadeados pelos próprios negros, que se encontram em estágios pouco evoluídos de civilização e cultura.
1. Introdução teórica
 
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais, processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica, personalidade e inteligência
Representação social e racismo
A representação social torna-se um instrumento da Psicologia Social, na medida em que articula o social e o psicológico como um processo dinâmico, permitindo compreender a formação do pensamento social e antecipar as condutas humanas. Ela favorece o desvendar dos mecanismos de funcionamento da elaboração social do real, tornando-se fundamental no estudo das ideias e condutas sociais. (ALEXANDRE, 2004, p. 130).
De acordo com Alexandre (2004), os interesses dos grupos são os determinantes de produção das representações sociais. Assim, grupos impõem suas concepções de mundo social de acordo com suas conveniências. As representações sociais podem tornar-se “um instrumento de compreensão e de transformação da realidade”. (ALEXANDRE, 2004, p. 130). Elas contribuem para a construção de uma realidade comum, possibilitando a comunicação entre os indivíduos; além disso, modelam o comportamento e justificam sua expressão.
	O racismo não se apóia em evidências genéticas. Seus pressupostos servem ao objetivo de preservar estruturas de desigualdade social e econômica entre segmentos demográficos. A lógica subjacente ao racismo prevê a existência de raças humanas, com diferentes qualidades e habilidades físicas, psicológicas e morais, ordenadas segundo um gradiente hierárquico. Esse pressuposto estabelece um sistema difuso de predisposições (internas), de crenças e de expectativas de ação, não formalizadas nem expressas logicamente, que se manifesta por meio de atitudes e comportamentos concretos. Nos processos de violência simbólica a dominação, ocorrida no plano simbólico, contribui para manter as atitudes e os comportamentos de submissão e a interiorização – e é a reprodução do discurso dominante, por parte dos indivíduos e dos grupos discriminados, que garante a eficácia dos mecanismos de dominação.
	A lógica que se contrapõe ao racismo afirma a existência de uma única raça, a humana, e sustenta que as formações sociais e culturais – formas de organização, mecanismos de poder, divisão de trabalho, representações de grupo, entre outras – são construídas coletivamente e predominam sobre as constituições biológicas.
 2. Indicações bibliográficas
 
ALEXANDRE, M. Representação Social: uma genealogia do conceito. Disponível em: <http://www.facha.edu.br/publicacoes/comum/comum23/Artigo7.pdf>. Acesso em: 12 de ago. 2010.
BOURDIEU, P. O que falar quer dizer: a economia das trocas simbólicas. Algés: Difel, 1998.
GUIMARÃES, A. S. A. Preconceito e discriminação. São Paulo: Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo; Editora 34, 2004.
HOBSBAWM, E. J. Globalização, democracia e terrorismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
MOSCOVICI, S. Representações Sociais: investigações em Psicologia Social. 5. ed. São Paulo: Vozes, 2007.
SANTOS, H. A busca de um caminho para o Brasil. A trilha do círculo vicioso. São Paulo: Ed. SENAC São Paulo, 2001.
SPINK, M. J. (Org.). O conhecimento no cotidiano: as representações sociais na perspectiva da Psicologia Social. São Paulo: Brasiliense, 1993.
3. Análise das alternativas
 
A. Alternativa correta.

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