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O SERVIÇO PARALELO (BICO) COMO ATIVIDADE EXTRA NO CBMPA.

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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SOCIEDADE E GESTÃO 
DE SEGURANÇA PÚBLICA 
 
 
 
 
O SERVIÇO PARALELO (BICO) COMO ATIVIDADE EXTRA NO CBMPA 
 
 
 
Aldemar Batista Tavares de Sousa 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belém – PA 
2008 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ 
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS 
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS 
REDE NACIONAL DE ALTOS ESTUDOS EM SEGURANÇA 
PÚBLICA 
 
 
 
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SOCIEDADE E GESTÃO 
DE SEGURANÇA PÚBLICA 
 
ERRO! FONTE DE REFERÊNCIA NÃO ENCONTRADA. 
 
O SERVIÇO PARALELO (BICO) COMO ATIVIDADE EXTRA NO CBMPA 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para 
obtenção do grau de Especialista em Sociedade e 
Gestão de Segurança Pública pela Universidade 
Federal do Pará 
 
 
 
Prof. Dr. Daniel Chaves de Brito - Orientador 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belém – PA 
2008 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ 
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS 
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS 
REDE NACIONAL DE ALTOS ESTUDOS EM SEGURANÇA 
PÚBLICA 
 
 
 
 
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SOCIEDADE E GESTÃO 
DE SEGURANÇA PÚBLICA 
 
 
 
Por 
Aldemar Batista Tavares de Sousa 
ERRO! FONTE DE REFERÊNCIA NÃO ENCONTRADA. 
 
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado com 
nota ___ como requisito parcial para a 
obtenção do grau de Especialista em Sociedade 
e Gestão de Segurança Pública, tendo sido 
julgado pela Banca Examinadora formada 
pelos professores: 
 
____________________________________________________________ 
Presidente: Prof. Dr. Daniel Chaves de Brito – Orientador, UFPA 
 
____________________________________________________________ 
Membro: Prof. Mesc. Hélio da Silva Almeida, IESP 
 
____________________________________________________________ 
Membro: Prof. Mesc. Roseane Magalhães Lima, UFPA 
 
29 fevereiro de 2008.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ 
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS 
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS 
REDE NACIONAL DE ALTOS ESTUDOS EM SEGURANÇA 
PÚBLICA 
 
 
 
DECLARAÇÃO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE 
 
 
 
Através deste instrumento, isento meu Orientador e a Banca Examinadora de 
qualquer responsabilidade sobre o aporte ideológico conferido ao presente trabalho. 
 
 
 
 
Aldemar Batista Tavares de Sousa 
________________________________________ 
 
 
 
ERRO! FONTE DE REFERÊNCIA NÃO ENCONTRADA.AGRADECIMENTOS 
 
A Deus pela vida, capacidade e oportunidade de apresentar este trabalho como 
contribuição à sociedade. 
 
A meu Orientador. Prof. Dr. Daniel Brito, pelo especial incentivo que me deu 
animo para a consecução deste trabalho, corroborando pela paciência e dedicação dispensada. 
 
A todos aqueles que colaboraram direta ou indiretamente para a conclusão 
desse trabalho e realização profissional. 
 
 
 
RESUMO 
 
O bico ou serviço paralelo, apesar de sua ilegalidade, vem se tornando uma 
prática comum entre os órgãos do sistema de segurança pública e, assim como as demais 
instituições, o Corpo de Bombeiros Militar também enfrenta essa realidade. 
Essa atividade vem seguindo uma tendência nacional, que com maior ou menor 
incidência é um problema que se apresentam a todos os estados da federação. 
A atividade do bico é exercida pelos militares da corporação, geralmente, nos 
momentos de folga destinados à sua recuperação ou repouso depois de uma jornada dura 
estressante de trabalho. 
Tal atividade apesar de trazer renda extra para ao bombeiro, traz também 
consigo o cansaço físico e mental assim como deixa o bombeiro, cada vez mais distante da 
família, causando com isso, prejuízo, tanto ao desempenho profissional quanto ao convívio 
familiar dos Bombeiros. 
 
 
 
 
Palavras-chave: Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Pará. Trabalho paralelo (bico). 
Convívio familiar. Segurança pública. 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The nozzle or service parallel, despite its illegality, is becoming a common 
practice among firefighters military; is generally exercised by them at times intended to 
recovery or rest. This activity despite bring extra income to the fire, also brings physical and 
mental fatigue and leaves the fireman, increasingly distant from the family. (No finish). 
 
 
Keywords: Military Fire Brigade of the State of Pará Working parallel (beak). 
Social family. Public Safety. 
 
 
 
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 8 
CAPÍTULO I: O CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO PARÁ ............................... 10 
1.1 – ORIGEM DO CORPO DE BOMBEIROS NO BRASIL ................................................ 10 
1.2 – ORIGEM DO CORPO DE BOMBEIROS NO PARÁ. .................................................. 11 
1.3 – BOMBEIRO NA POLÍCIA MILITAR. .......................................................................... 11 
1.4 – A ESTRUTURA HIERÁRQUICA DO CBMPA. .......................................................... 13 
1.5 – AS NOVAS ATRIBUIÇÕES. ......................................................................................... 14 
1.6 – A ESTRUTURA GERAL. .............................................................................................. 15 
1.7 – AS UNIDADES OPERACIONAIS. ............................................................................... 16 
1.8 – O PESSOAL DO CBMPA. ............................................................................................. 17 
CAPÍTULO II: O SERVIÇO PARALELO (BICO). .......................................................... 21 
2.1 – O QUE É O BICO. .......................................................................................................... 21 
2.2 – O SERVIÇO PARALELO NO CENÁRIO NACIONAL. .............................................. 21 
2.3 – O SERVIÇO PARALELO NO CENÁRIO PARAENSE. .............................................. 24 
2.4 – O SERVIÇO PARALELO NO CORPO DE BOMBEIROS PARAENSE. .................... 25 
2.5 – A TENTATIVA DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DO BICO. ....................................... 27 
CAPÍTULO III: O CANSAÇO E A AUSÊNCIA. ............................................................... 28 
3.1 – A CONSEQUENCIA DO SERVIÇO BOMBEIRO MILITAR. .................................... 28 
3.2 – O CANSAÇO E O BICO. ............................................................................................... 30 
3.3 – A CONSEQÜÊNCIA DO BICO NO CONVÍVIO FAMILIAR. .................................... 31 
CAPÍTULO IV: ENTRE O SERVIÇO E O EXPEDIENTE. ............................................ 33 
4.1 – A DIVISÃO DO SERVIÇO ............................................................................................ 33 
4.2 – O SERVIÇO DE BOMBEIRO ........................................................................................ 34 
 
 
4.3 – A ESCALA DE SERVIÇO E EXPEDIENTE ................................................................ 34 
4.4 – ESCALA DE SERVIÇO PROPICIA SERVIÇO PARALELO ...................................... 38 
CAPÍTULO V: O QUE É SER BOMBEIRO/ PORQUE O BICO. ................................... 40 
5.1 – QUEM ESTÁ POR DE TRÁS DA FARDA ................................................................... 40 
5.2 – A JUSTICATIVA DO BICO .......................................................................................... 40 
5.3 – OS TIPOS MAIS COMUNS DE BICO .......................................................................... 41 
CONSIDERAÇÕES FINAIS. ................................................................................................ 42 
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................43 
 
 
 
8
 
INTRODUÇÃO 
Esse trabalho tem o objetivo de fazer uma reflexão a cerca do serviço paralelo, o 
bico, no efetivo de praças do Corpo de Bombeiros Militar do Pará, sediados na Região 
Metropolitana de Belém. 
O interesse surgiu durante as orientações e discussões provocadas pela disciplina 
seminários de pesquisa com o objetivo de despertar no discente do Curso de Especialização 
em Sociedade e Gestão de Segurança Pública o (interesse) a cerca de uma temática que 
culminasse com a elaboração de uma monografia. A idéia foi amadurecendo, e ganhando 
força e, seguiu em torno da necessidade de conhecer como o ciclo de praças do CBMPA1 faz 
para complementar sua renda e suprir suas necessidades financeiras, tendo como foco 
principal a conseqüência que a atividade exercida trás tanto ao convívio familiar quanto ao 
desempenho profissional dessa classe. 
O ciclo de praças do CBMPA foi escolhido em decorrência de se imaginar que é a 
mais é susceptível e esse tipo de serviço e por possuir um rendimento mensal relativamente 
inferior aos do ciclo de oficiais. Outra razão, é que buscamos o máximo delimitar nosso tema, 
sendo dessa forma, possível realizar a reflexão sobre o tema citado. 
O método de pesquisa escolhida para coleta de dados foram as entrevistas pre-
elaboradas na forma de conversas com os entrevistados geralmente nos locais de trabalho. A 
aproximação, o método de abordagem, se deu em função do conhecimento prévio do 
entrevistado, o que não causou repulsa e até mesmo uma vontade de colaborar com o 
trabalho. Entretanto, foi observado que apesar de ter essa colaboração, muita das vezes era 
visto como superior e não como um pesquisador. Outro ponto a se observar foi o 
comportamento diante da entrevista que; quando a conversa tomava caráter de entrevista os 
entrevistados tinham muito cuidado em falar ou citar certos detalhes, entretanto quando 
tomava caráter de conversa a interação se tornava mais espontânea o que trazia um melhor 
proveito ao objetivo proposto. 
Em se tratando do serviço paralelo o bico, segundo certas entrevistas, ficou claro 
que existe a participação de oficiais ou no recrutamento, organização ou realizando serviços. 
Entretanto essa participação se vê em número menor que o encontrado comparando com o 
número de praças que fazem uso de tal prática. Isso é devido a vários fatores um deles é, pois 
 
1 CBMPA, iniciais de Corpo de Bombeiros Militar do Pará. 
 
 
9
 
os Cargos Comissionados (DAS) que já se torna um outro emprego visto que o oficial para 
garantir tal gratificação, deve exercer uma carga horária maior de trabalho, o que muita das 
vezes não o disponibilizando tempo para o exercício de outra atividade. 
Com relação as entrevista, foram realizadas num total de 7 (sete) com duração 
variando entre 16 a 31 minutos, das quais 02 foram realizadas com soldados, 3 com cabos, 1 
(uma) com Sargento e 1 (uma) com Subtenente. Pessoas das quais exercem no momento ou já 
exerceram o serviço paralelo remunerado o popular bico. 
O primeiro capítulo desse trabalho trata de um pequeno histórico do CBMPA, sua 
origem no Brasil, como foi o processo de criação no Pará, sua passagem pela Polícia Militar 
juntamente com sua desincorporação, as novas atribuições a partir da Constituição de 1989, 
sua estrutura hierárquica organizacional; fala também de seu efetivo e a formação profissional 
dos homens que compõem essa briosa corporação; 
O segundo capítulo trata exclusivamente sobre o Bico, sua definição, sua origem 
no cenário nacional e como se apresenta atualmente, sua problemática para o estado do Pará, e 
, com a utilização de trechos de entrevista, enfocamos como o bico esta inserido no corpo de 
bombeiros paraense e, por fim apresentamos a tentativa de institucionalizar o bico no âmbito 
naciona; 
O terceiro capítulo, fala um pouco sobre o cansaço proporcionado pelo serviço 
bombeiro militar, a convivência do cansaço causado pela atividade extra funcional e a 
atividade Bombeiro Militar, a seqüelas que o bico trás para o convívio familiar, o afastamento 
da família e dos filhos; 
O quarto capítulo mostra um pouco da rotina de um quartel de bombeiros, a 
relação existente entre serviço e expediente, tratando como o serviço e desenvolvido dentro de 
uma unidade operacional e seu sistema de folga e descanso que contribui para a pratica do 
serviço paralelo; 
E por as considerações finais, que tenta pontuar de forma sintética as situações 
que vem no bojo do trabalho de psquisa. 
 
 
 
 
10 
CAPÍTULO I: O CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO PARÁ 
Apesar de quase não haver literaturas que relatem à história do Corpo de Bombeiros, 
no Estado do Pará foi publicada em 1998 a Resenha Histórica: “O Corpo de Bombeiros no 
Pará” pelo jornalista José Pantoja de Menezes, que foi adotada como fonte de pesquisa para 
esse capítulo, além de algumas legislações que normatizam o corpo de bombeiros paraense. 
1.1 – ORIGEM DO CORPO DE BOMBEIROS NO BRASIL 
A arte de apagar incêndios chegou ao Brasil com os portugueses, que traziam em 
suas caravelas os marinheiros denominados “vigias do fogo”, com a missão de combater 
eventuais incêndios nessas embarcações, todas de madeira. 
Com a criação do Arsenal de Marinha da Bahia em, no ano de 1651, que 
propiciou o desenvolvimento da indústria naval no Brasil, tanto na construção de novas 
embarcações com na reforma da já existente, adotou-se o mesmo sistema de vigilância contra 
incêndios. 
Diante da necessidade de dotar a capital do Vice-Reino de um sistema de combate 
a incêndios mais organizado, o Alvará Régio de 12 de agosto de 1797 determinava que o 
Arsenal de Marinha passasse a ser o órgão público responsável pela extinção de incêndios. 
Essa escolha se deu em razão da experiência que os marinheiros possuíam na extinção de 
incêndios em embarcações. 
Com o crescimento da cidade do Rio de Janeiro as ocorrências de incêndio se 
sucediam e já intervinham nesse combate não apenas os marinheiros, mas o pessoal do 
Arsenal de Guerra, da Repartição de Obras Públicas e até da Casa de Correção. 
Reunindo sob uma só administração esses serviços, em 1856 foi criado por D. 
Pedro II o primeiro Corpo de Bombeiros do país, o Corpo Provisório de Bombeiros da Corte. 
Em Julho do mesmo ano, foi nomeado o diretor geral do Corpo de Bombeiros o Major João 
Batista de Castro Moraes Antas, do Corpo de Engenheiros do Exército, que organizou o 
Corpo de Bombeiros (MENEZES, 1998). 
 
 
 
11 
1.2 – ORIGEM DO CORPO DE BOMBEIROS NO PARÁ. 
A história do Corpo de Bombeiros no Pará começou muito antes de sua criação 
oficial em 1882: 
Até 1994/95 não havia um consenso em torno da verdadeira data de criação do 
Corpo de Bombeiros no Pará. Até esse ano, a data de criação comemorada era 
erroneamente a 8 de novembro, e um opúsculo preparado para subsidiar o processo 
de desincorporação dos Bombeiros da PM cita mais duas datas como sendo a da 
criação: 2 de julho de 1856 (data de criação dos bombeiros no Rio de Janeiro) e 8 de 
Abril de 1872 (quando o Presidente da Província mandou que o serviço de combate 
a incêndios fosse feito por praças da Polícia). Para completar a confusão, Paes de 
Carvalho cita o 12 de novembro como data de criação do Corpo de Bombeiros. 
(Menezes, 1998 p. 28) 
O certo é que no dia 24 de novembro de 1882 o Dr. Justino Ferreira Carneiro, sob 
pressão da Imprensa e da Assembléia Legislativa Provincial baixou a portaria criando 
oficialmente a Companhia de Bombeiros (que mais tarde passaria a corpo) com um efetivo de 
29 homens. Hoje, após 126 anos de história, o CBM-PA, conta com mais de dois mil homens 
distribuídos nos diversos municípiosdo Estado em cerca de 18 unidades operacionais2. 
Para Menezes, Desde sua criação no Pará e principalmente no primeiro quarto 
deste século, o Corpo de Bombeiros foi objeto de uma “disputa” velada entre o Estado e o 
Município, pela força que representava como um contingente armado, numa época em que a 
instabilidade política favorecia a eclosão, de tempos em tempos, de revoltas e rebeliões. 
Isso fez com que o Corpo, por diversas vezes, estivesse ora sob a administração 
do Estado, que o viu nascer, ora sob o comando da Intendência ou Prefeitura, que o ajudou a 
crescer. (MENEZES, 1998). 
1.3 – BOMBEIRO NA POLÍCIA MILITAR. 
A divisão das fases histórica do Corpo de Bombeiros – estadual ou municipal - às 
vezes não é muito clara e se confunde num emaranhado de leis, decretos e portarias, de um e 
 
2 Segundo a LOB BM, Unidades Operacionais são órgãos de execução diretamente subordinadas ao 
Comandante Geral e, de acordo com as suas peculiaridades de emprego, são encarregadas do cumprimento das 
missões específicas de Bombeiro Militar, nos territórios de suas jurisdições. 
 
 
12 
outro Poder, permitindo até dizer-se em determinados momentos o corpo de bombeiros era 
estadual e municipal, conforme veremos resumidamente. 
Estadual/Subordinado à PM 1882 a 1898 / 1944 a 1948 / 1971 a 1990 
Municipal/Independente 1898 a 1935 / 1939 a 1944 / 1948 a 1971 
Municipal/Vinculado à PM na parte militar 1935 a 1939 
Estadual/Independente A partir de 1990 
 Fonte: O Corpo de Bombeiros no Pará – Resenha Histórica. 
Segundo Menezes, durante quase 19 (dezenove) anos (de 15 de setembro de 19713 
a 21 de abril de 1990, citado no quadro acima), o Corpo de Bombeiros Militar do Pará fez 
parte da Polícia Militar, primeiramente sob um comando único e, a partir de 1974, como uma 
Unidade Administrativa, com comando e quadros próprios, mas, subordinados ao Comando 
Geral da Polícia Militar. Esse contato não foi o primeiro e também não foi bem aceito por 
ambas as forças, mas deixou muitas heranças o que explica, em parte, o motivo pelo qual o 
Corpo de Bombeiros ainda usa Leis e Regulamentos da PMPA. 
 
Não há informações ao longo da história de como os integrantes da Força Pública 
encararam as inúmeras incorporações e desincorporações do Corpo, mas em 1.971 
os Bombeiros foram recebidos na PM como “intrusos”, conforme afirmam os 
coronéis BM/RR Raimundo Nonato da Costa e Gilberto Lima, ambos tenentes, na 
época, e posteriormente Comandantes Gerais do CBMPA. 
Além de perderem algumas vantagens e gratificações, “os Bombeiros eram tratados 
como filhos bastardos. Sem nenhuma formação policial, os Bombeiros eram 
obrigados a tirar serviço de Oficial ou Superior de dia e como tal comandar ações 
tipicamente policiais, além de terem criado uma companhia de Bombeiros destinada 
ao policiamento das praças de Belém, fugindo completamente à nossa formação 
profissional...” afirma o Coronel Nonato. (MENEZES, 1998, p. 228-229). 
 
Por esse motivo, pelo fato de ambas as instituições serem reserva do exercito e 
viverem sob mesmo regime, seja pelo uso das leis recorrentes e, também pelo fato da 
Corporação não ter aprovado Leis próprias para definição de sua estrutura, o Corpo de 
Bombeiros utiliza algumas Leis da co-irmã com a estrutura organizacional que veremos a 
seguir. 
 
 
3 Por força da Constituição Federal, já emendada em 1967, e novamente alterada pelo Ato Institucional 
nº 5, de 13 de dezembro de 1968 e, de acordo com o decreto Lei nº 667, de 2 de julho de 1969, assinado pelo 
presidente Arthur da Costa e Silva, Policiais Militares e Corpos de Bombeiros em todo o País foram 
reorganizados, passando a um comando único, estadual mas sob o controle e coordenação do Ministério do 
Exército. 
 
 
13 
1.4 – A ESTRUTURA HIERÁRQUICA DO CBMPA. 
A estrutura hierárquica do Corpo de Bombeiros Militar do Pará está 
estabelecida no Estatuto dos Policiais Militares da Polícia Militar do Estado do Pará4 e segue 
o mesmo modelo das Forças Armadas, e que foi demonstrada por LIMA em sua dissertação 
de Mestrado, onde divide seu recurso humano em duas grandes categorias praças e oficias: as 
praças possuem graduação5, enquanto os oficiais são reconhecidos pelos postos6 que ocupam 
e que estão assim distribuídos: 
 
Oficiais: 
H I E R A R Q U I Z A C A O Postos e Graduações 
 
Círculo de Oficiais Superiores 
Coronel PM 
Tenente Coronel PM 
Major PM 
Círculo de Oficiais Intermediários Capitão PM 
Círculo de Oficiais Subalternos 1º Tenente PM 
2º Tenente PM 
 
Praças Especiais7: 
 
Freqüentam Círculo de Oficiais Subalternos Aspirante-a-Oficial PM 
Excepcionalmente ou reuniões sociais; tem acesso ao 
Círculo de Oficiais. 
 
Aluno Oficial PM 
Excepcionalmente ou reuniões sociais; tem acesso ao 
Círculo de Subtenentes e Sargentos. 
 
Aluno do CFS PM 
 
Praças: 
 
Círculo de Subtenentes e Sargentos 
Subtenente PM 
1º Sargento 
2º Sargento 
3º Sargento 
 
4 Lei Estadual nº 5.251 de 31 de julho de 1985. 
5 É o grau hierárquico das praças, correspondente ao respectivo cargo, conferido pelo Comandante-
Geral da Polícia Militar. 
6 É o grau hierárquico dos oficiais, correspondente ao respectivo cargo, conferido por ato de 
Governador do Estado e atestado em Carta Patente. 
7 Denominação atribuída aos aspirantes a oficial e aos alunos da Escola de Formação de Oficiais e 
Praças. 
 
 
14 
 
Círculo de Cabos e Soldados 
Cabo PM 
Soldado PM 1º Classe 
Soldado PM 2º Classe 
Soldado PM 3º Classe 
Soldado PM Classe Simples 
 Fonte: Estatuto dos Policiais Militares do Estado do Pará. 
É uma estrutura rígida, onde cada militar deve freqüentar apenas seu circulo 
sob pena de sanções disciplinares. 
Desse modo, cada policial militar deve freqüentar os círculos hierárquicos8 que 
pertence, caso não cumpra essa determinação, pode sofre sanções disciplinares, 
como estipulado pelo Estatuto do Policial-Militar da Polícia Militar do Pará, no Art. 
13, Parágrafo 3º: (LIMA, 2007). 
 
1.5 – AS NOVAS ATRIBUIÇÕES. 
Com a promulgação da Constituição Federal de 5 de outubro de 1988, começou 
um movimento por oficiais e praças bombeiros buscando a desincorporação da Polícia 
Militar. 
Menezes afirma que com a promulgação da Constituição Estadual de 05 de 
outubro de 1989 o então Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado do Pará se 
emancipou, ganhando autonomia e novo regime jurídico, subordinado diretamente ao governo 
do Estado, com a denominação de Corpo de Bombeiros Militar do Pará. 
A nova Constituição Estadual também unificou o comando do Corpo de 
Bombeiros Militar com a Coordenação Estadual de Defesa Civil9, passando o Coronel BM 
Comandante do CBMPA a ser também o titular da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil - 
CEDEC. 
Coma a nova denominação e novo regime jurídico, os Bombeiros viram também 
ampliadas suas atribuições, conforme o capítulo IV, Artigo 200 da Constituição Estadual, que 
são: 
I – Serviço de prevenção e extinção de incêndios, de proteção, busca e salvamento; 
II – Socorro de emergência; 
III – perícia em local de incêndio; 
IV – proteção balneária por guarda-vidas; 
 
8 São âmbitos de convivência entre os policiais militares da mesma categoria e têm a finalidade de 
desenvolver o espírito de camaradagem, em ambiente de estima e confiança sem prejuízo do respeito mútuo. 
9 Até antes da promulgação da Constituição do Estado do Pará em 1989, a Coordenadoria Estadual de 
Defesa Civil era vinculada à Secretariade Planejamento. 
 
 
15 
V – prevenção de acidentes e incêndios na orla marítima e fluvial; 
VI – proteção e prevenção contra incêndio florestal; 
VII – atividades de defesa civil, inclusive planejamento e coordenação da mesma; 
VIII – atividades técnico-científicas inerentes ao seu campo de atuação. 
 
Diante desse novo cenário, dessas novas atribuições surgiu a necessidade do 
crescimento orgânico e estrutural da Corporação, com vistas a atender o que preceitua a 
Constituição Estadual. 
A Lei de Organização Básica – LOB10, do Corpo de Bombeiros Militar do Estado 
do Pará – CBMPA, acreceta que a corporação é uma instituição permanente, Força Auxiliar e 
Reserva do Exército, organizado com base na hierarquia e disciplina militar, subordinando-se 
diretamente ao Governador do Estado, em conformidade com o § 6º do art. 144 da 
Constituição Federal11 e Caput do Art. 200 da Constituição do Estado do Pará12, competindo-
lhe realizar os serviços específicos de Bombeiros em todo o território do Estado do Pará. 
Segundo esta mesma Lei, além das atribuições prevista na Constituição Estadual, 
é ainda de competência do CBMPa realizar: Atividades de segurança contra incêndio e pânico 
com vistas à proteção de pessoas, dos bens públicos e privados, incluindo a proteção de 
locais, o transporte, o manuseio e a operação de produtos perigosos; Atividades de proteção 
contra incêndio, com vistas à proteção ambiental; Socorros nos casos de sinistro, calamidades 
públicas, catástrofes. sempre que haja ameaça de destruição de haveres, vítimas ou pessoas 
em iminente perigo de vida. 
1.6 – A ESTRUTURA GERAL. 
O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Pará está estruturado e dividido 
em quatro tipos de órgãos que são o de Direção Geral, Direção Setorial, de Apoio e de 
Execução. 
Os órgãos de Direção realizam o comando e a administração da Corporação. 
Incumbem-se do planejamento geral, visando a organização da Corporação em todos os 
pormenores, às necessidades em pessoal e em material e ao emprego da Corporação para o 
 
10 Lei Estadual nº 5.731 de 15 de dezembro de 1992, que dispõe sobre a Organização Básica do Corpo 
de Bombeiros Militar do Pará e dá outras providencias. 
11 § 6º - As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reservas do 
Exército, subordinam-se juntamente com as policias civis, aos Governadores dos estados... 
12 Art 200 – O Corpo de Bombeiros Militar é uma instituição permanente, força auxiliar e reserva do 
Exército, organizado com base na hierarquia e disciplina militares, subordinando-se ao Governador do Estado e 
competindo-lhe... 
 
 
16 
cumprimento de suas missões. Acionam, por meio de diretrizes e ordens, os órgãos de apoio e 
os órgãos de execução. coordenam, controlam e fiscalizam a atuação desses órgãos. 
Os órgãos de apoio atendem às necessidades de pessoal e de material de toda a 
Corporação, realizando a atividade-meio da Corporação e atuam em cumprimento das 
diretrizes e ordens dos órgãos de direção. 
Os órgãos de execução realizam a atividade-fim da Corporação e cumprem as 
missões da Corporação. São constituídas pelas Unidades Operacionais da Corporação, pelo 
Centro de Atividades Técnicas (CAT) e pelo Centro de Operações Bombeiros Militares. 
 
1.7 – AS UNIDADES OPERACIONAIS. 
As Unidades de Bombeiro Militar são órgãos de execução e constituem as 
Unidades Operacionais da Corporação, diretamente subordinadas ao Comandante Geral e, de 
acordo com as suas peculiaridades de emprego, são encarregadas do cumprimento das 
missões específicas de Bombeiro Militar, nos territórios de suas jurisdições. 
As Unidades de Bombeiro Militar são dividias das seguintes maneiras: 
Grupamento de Bombeiro Militar (GBM) - é órgão de execução do Corpo 
de Bombeiros Militar, tem a seu cargo as missões de extinção de incêndio e suas 
decorrências, em determinadas áreas delimitadas, onde terão suas subunidades 
descentralizadas pelas diversas zonas de incêndio em Belém, e pelos diversos municípios de 
sua área de atuação, quando no interior; 
Grupamento Marítimo e Fluvial (GMAF) - é o órgão de execução do Corpo 
de Bombeiros Militar, que terá a seu cargo as missões de prevenção de acidentes e incêndios 
marítimo e fluvial, além de outras missões específicas de Bombeiros Militares, em todo 
Estado do Pará, onde terá suas subunidades destacadas formando sua malha operacional. 
Grupamento de Incêndio Florestal é o órgão de execução do Corpo de 
Bombeiros Militar, que tem a seu cargo a missão de prevenção e combate a incêndio florestal 
e queimadas, proteger o ecossistema em todo o Estado do Pará. 
Grupamento de Busca e Salvamento (GBS) – que é órgão de execução do 
Corpo de Bombeiros Militar, e terá a seu cargo a missão de busca e salvamento e socorro de 
emergência, além de outras específicas de Bombeiro Militar, em todo o território do Estado 
do Pará. 
 
 
17 
A LOB BM, também preve a criação de Subgrupamentos e Seções em numero 
de tantos quantos forem necessários em função dos riscos existentes na sua área de atuação 
das unidades operacionais. 
1.8 – O PESSOAL DO CBMPA. 
Devido à grande necessidade operacional, administrativa e de especialista o 
efetivo do Corpo de Bombeiros Militar do Pará é composto de profissionais que 
desempenham as mais variadas atividades e são distribuídos nos Postos e Graduações, 
conforme os Quadros de Organização, especificados na LOB BM para oficiais e na Lei nº 
7.057, de 22 de novembro de 200713, para praças, e se apresenta da seguinte forma: 
I - Quadro de Oficiais Combatentes Bombeiros Militares - (QOBM), que é 
constituído pelos Oficiais possuidores do Curso de Formação de Oficiais Bombeiros Militares 
– CFO BM, atualmente raalizado no Instituto de Ensino de Segurança do Pará – IESP, com 
duração de 3 (três) anos letivos; 
II - Quadro de Oficiais Complementar Bombeiros Militares - (QOCBM), 
que é constituído pelos Oficiais que, mediante concurso, ingressarem na Corporação, com 
qualificação de nível superior em Arquitetura, Administração de Empresas, Direito, Bacharel 
em Ciência da Computação, Comunicação Social, Ciências Contábeis, Educação Física, 
Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Engenharia Química, Nutrição 
e Psicologia, por escola oficial ou reconhecida oficialmente. 
III - Quadro de Oficiais de Saúde Bombeiros Militares - (QOSBM), que é 
constituído pelos Oficiais que, mediante concurso, ingressarem na Corporação, diplomados 
em Medicina, Odontologia e Farmácia, por escola oficial ou reconhecida oficialmente. 
Entretanto com a Lei nº 7.057, de 22 de novembro de 2007, aparecem apenas as duas 
especialidades: 
a) Quadro de Oficiais BM Médicos (QOSBM/Méd) 
b) Quadro de Oficiais BM Cirurgiões Dentistas (QOSBM/Den); 
IV - Quadro de Oficiais de Administração Bombeiros Militares - 
(QOABM), que é constituído pelos oficiais oriundos da situação de praça, mediante Curso de 
Habilitação de Oficial – CHO; 
 
13 Altera a Lei nº 6.005, de 23 de dezembro de 1996, que dispõe sobre o efetivo do Corpo de Bombeiros 
Militar do Pará e dá outras providências. 
 
 
18 
V - Quadro de Oficiais Músicos Bombeiros Militares - (QOBM/Mus), que 
assim como o QOABM, é constituído pelos oficiais oriundos da situação de praça, mediante 
curso de habilitação. 
VI - Quadro de Oficiais Capelães Bombeiros Militares - (QOCABM), que é 
constituído pelos Oficiais que, mediante concurso, ingressarem na Corporação, com 
habilitação em curso específico, ministrado em instituição de ensino superior ou entidade 
religiosa competente, de acordo com a Legislação da Educação Nacional. 
VII - PraçasBombeiros Militares - (PRAÇAS BM), as Praças Bombeiros 
Militares são agrupados em Qualificação Bombeiro Militar Geral Combatente (QBMG-0) e 
Qualificação Bombeiro Militar Geral Especialista (QBMG-1). 
Com relação ao Quadro de Praças Especialistas (QBMG-1), encontramos três 
subdivisões, que são as Qualificações Bombeiro Militar Particular (QBMP), as quais 
especificam as especialidades Bombeiro tais como: 
1. Praças Condutores e Operadores de Viaturas (QBMP-1), que segundo 
FREITAS e SÁ, é o profissional responsável por conduzir a Viatura em segurança ao local do 
sinistro e, efetuar as operações com a finalidade de suprir de água a viatura bem com as linhas 
de mangueiras. Na Corporação, os integrantes desse quadro devem possuir carteira de 
habilitação tipo “D”. 
2. Praças Músicos (QBMP-2); praças componentes da banda de música; 
3. Praças Auxiliares de Saúde (QBMP-3) são militares que possuem o curso 
de Auxiliar de enfermagem, para atendimento especializado do próprio pessoal. 
 
1.9 – OS CURSOS E ÁREAS DE ATUAÇÃO 
Os cursos de formação capacitam os bombeiros a desempenharem ou 
exercerem funções no dia-a-dia. Na maioria das vezes torna-se a única via de ingresso do 
mundo civil para a vida militar. Existem na corporação vários cursos de formação os quais 
instruem os novos bombeiros a atividade fim da corporação. O foco principal desses cursos é 
a formação profissional nas mais diversas áreas tais como: Combate a Incêndio; Salvamento 
Terrestre; Salvamento aquático, Salvamento em Altura; Emergência e socorros de Urgência; 
Operações com Produtos Perigosos; Operações de defesa Civil etc. 
A atividade Bombeiro Militar é tão diversificada que às vezes se torna até alvo 
de piadas, caso notório é o fato onde de certa mulher idosa acionar o corpo de bombeiros para 
 
 
19 
tirar seu gato da árvore. Tal atividade foi perfeitamente relatada por MONTEIRO et al onde 
mostra o real cotidiano dessa classe tão eclética. 
 
No imaginário social, a palavra “bombeiro”, na maioria das vezes, aparece carregada 
de um sentido de heroísmo e salvação. De fato, ao ser tarefa de um bombeiro todo e 
qualquer tipo de salvamento - entre eles o combate e resgate de vítimas em 
incêndios, primeiros socorros e resgate em situação de acidentes de trânsito, buscas 
e salvamentos terrestres e aquáticos, ajuda em situações de calamidades como 
destelhamentos e desabamentos, salvamento em altura, captura de animais, corte de 
árvores, vistorias contra incêndios, palestras preventivas, e até mesmo partos de 
emergência a caminho do hospital – fica subjacente ao título um certo brilho de 
“superherói”, um “super-homem” invencível, a solução nas piores tragédias, quando 
tudo está perdido. (MONTEIRO et al) 
 
Para uma melhor preparação técnica e psicológica de seu efetivo e o 
desempenhos dos serviços e missões, após curso de formação, o CBMPA, assim como outras 
Corporações co-irmãs, propicia a seus integrantes cursos de aperfeiçoamento e especialização, 
os quais capacitam os bombeiros a desenvolverem seu o serviço no dia-a-dia buscando 
sempre a eficiência e uma melhor qualidade nos serviços oferecidos à população. O órgão 
responsável por esses cursos no âmbito do CBMPA é o Centro de Formação, 
Aperfeiçoamento e Especialização – CFAE. 
 
O Centro de Formação, Aperfeiçoamento e Especialização (CFAE) foi criado...com 
o objetivo de administrar curso de formação ou especialização de praças...é 
responsável pela seleção, admissão e preparação de soldados e cabos, como também 
por cursos de reciclagem, extensão e adaptação, buscando sempre a eficiência e a 
melhor qualidade dos serviços desenvolvidos pelos bombeiros em suas missões. 
(MENEZES, 1998). 
 
Dentre os cursos mais comuns oferecidos pelo CBMPA encontramos o Curso 
de Guarda-Vidas (CGV), que capacita o Bombeiro a desempenhar Salvamento e Resgate em 
meio líquido; Curso de Mergulho Autonomo de Resgate (CMAUTR) possibilitando o 
profissional bombeiro à pratica de mergulho de resgate e atividades em meio líquido; o Curso 
de Salvamento em Altura (CSAlt) capacitando o bombeiro a desempenhar com destreza 
atividades de salvamento e outros serviços, acima da cota zero do solo14; Curso de Socorro de 
Urgência (CESUR) aperfeiçoando e capacitando o profissional bombeiro a trabalhar na 
ocorrências que envolva socorro de urgência, emergências pré-hospitalar e, acidentes 
automobilístico etc. 
 
14 Cota zero do solo refere-se a qualquer altura, qualquer salvamento realizado em qualquer altitude, é 
considerado salvamento em altura. 
 
 
20 
Com a formação adquirida nos cursos de formação, aperfeiçoamento e 
especialização oferecidos pelo corpo de bombeiros, considerados cursos de formação 
profissionais, somando-se a isso a formação profissional já anteriormente desempenhada, 
grande parte do efetivo do CBMPA se lança numa outra jornada de trabalho, o serviço 
paralelo o popular “bico” objetos de estudos dos próximos capítulos. 
 
 
 
21 
CAPÍTULO II: O SERVIÇO PARALELO (BICO). 
2.1 – O QUE É O BICO. 
Segundo a definição de FEEREIRA15, entre outras definições aparece esta: bico é, 
“pequenos ganhos avulsos, biscate, gancho;...; quantia insignificante”. Entretanto, tal 
definição não pode mais ser aplicada. O bico tomou uma nova conotação sendo, inclusive, 
sinônimo de segundo emprego, emprego paralelo ou até mesmo, o emprego que dá a maior 
renda a seu executor. 
Para DURÃO, o bico, na verdade, trata-se da expressão coloquial utilizada para 
registrar ou denominar a atividade extra-funcional admitida no meio policial militar como 
emprego subsidiário (DURÃO). 
Para LIMA, o bico é um tipo de trabalho exercido pelos policiais em seu horário 
de folga e consiste em atividades como: segurança de eventos, transportes de valores e, 
segurança particulares. Ou seja, são diversas tarefas que exigem, sobretudo, o treinamento 
especializado e o conhecimento profissional que somente os policiais possuem, adquiridos por 
meio de treinamentos especializados. (LIMA, 2007). 
Para melhor entendimento e, para efeito de utilização nesse trabalho, bico é o 
serviço paralelo, um trabalho ou atividade extra-funcional, exercido por funcionário público 
militar (Bombeiros e Policiais Militares), em seu horário de folga, que utilizam de seus 
conhecimentos técnico-profissionais, para exercerem essa função com a finalidade de obterem 
uma renda extra. 
 
2.2 – O SERVIÇO PARALELO NO CENÁRIO NACIONAL. 
O resultado de uma pesquisa atribuída à Comissão de Segurança Pública e 
Assuntos de Polícia da Assembléia Legislativa do Estado (Alerj), com mil policiais 
de diversos batalhões da capital, em julho de 2002, chegou à conclusão que apenas 
três em cada 100 policiais militares do Rio de Janeiro não fazem o chamado 
“bico”16 Túlio Kahn (1999), em um ensaio sobre a expansão da segurança privada, 
 
15 FERREIRA, Aurélio Buarque de Hollanda. Pequeno dicionário brasileiro da língua portuguesa, 
10ª Edição1961, São Paulo Editora S.A. – São Paulo, Brasil. 
16 A reportagem não discrimina a patente dos entrevistados. Neylor Toscan, “Bico institucionalizado na PM – 
Pesquisa mostra que 97% dos policias tem atividade extra para reforçar renda, o que é ilegal. Exaustor, alguns 
dormem durante patrulhamento”. O DIA, terça, 6 de agosto de 2002. (citado por CORTES, 2004) 
 
 
22 
faz referência a dados de 1992 que apontam para o fato de que 33% dos policiais 
paulistas têm segundo emprego. (CORTES, 2004) 
 
Com esse exemplo CORTES mostra a situação de um dos órgãos do sistema de 
Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro sobre o envolvimento de seus funcionárioscom o serviço paralelo, o popular bico. CORTES também enfatiza a situação em São Paulo, 
que apesar de possuir um percentual menor que no Rio de Janeiro, possui também grande 
parte do efetivo envolvido com atividade extra. Com certeza, em qualquer pesquisa, teremos 
muita dificuldade para chegarmos a um número exato, mas a certeza que temos é que o 
serviço paralelo está presente em todos os estados. Uns mais que outros, mas que está 
presente em todos. 
Segundo o jornal “O POVO” de Fortaleza-CE, em sua página virtual17 publicada 
em 04 de agosto de 2007, ás 01h43 através da matéria de THIAGO CAFARDO, com o título 
“ATIVIDADE PARALELA”, afirma que o Estado não tem controle de "bicos" na Polícia 
Militar e, que a instituição e a Secretaria da Segurança Pública dizem ser impossível ter um 
controle sobre o número de policiais que realizam trabalho por fora. 
A reportagem afirma ainda: 
... a alta cúpula da Polícia Militar e da Segurança do Estado, apesar de admitir, não 
tem qualquer controle sobre a quantidade de policiais que realizam atividades 
paralelas. "É impossível você ter um levantamento. Quando ficamos sabendo de 
algum caso, tomamos as providências", diz o comandante geral da PM no Ceará, 
coronel Adahil Bessa. Este ano, de acordo com o comandante, quatro policiais estão 
respondendo a Inquérito Policial Militar (IPM) por causa de trabalhos por fora. (“O 
POVO”, 2007). 
O secretário da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) do Estado do Ceará, 
Roberto Monteiro, em sua entrevista ao jornal “O POVO” afirmou que é impossível ter uma 
estimativa do número de policiais que realizam atividades paralelas. 
Por ser um trabalho ilícito, ela é feito por debaixo do pano. A gente não tem uma 
maneira de diagnosticar quantos têm trabalho paralelo. Qualquer número seria um 
grande exercício de chute (“O POVO”, 2007). 
Nem mesmo a Associação dos Cabos e Soldados do Corpo de Bombeiros e 
Polícia Militar, desse mesmo estado da federação, possui dados sobre o assunto. "Não dá nem 
para precisar. São muitos. Mais de mil (policiais), com absoluta certeza", diz o entrevistado 
Luzimar Ferreira, presidente da associação, que tem 4,6 mil sócios - a PM tem cerca de 13 mil 
integrantes naquele estado. 
 
17 Disponível em: http://www.opovo.com.br/opovo/fortaleza/717913.html 
 
 
23 
Para o mesmo sindicalista, a culpa do trabalho “por fora” ou serviço paralelo, é do 
salário base recebido pelos soldados e cabos - cerca de R$ 1,3 mil, afirma Luzimar Ferreira: 
“O baixo nível salarial é o principal motivo para o PM procurar uma atividade paralela. É 
muito difícil sustentar a família só com esse valor (“O POVO”)”. 
Já para o comandante Adahil Bessa existe um conjunto de fatores que contribuem 
para o assunto. "Não há corrupto sem o corruptor. A culpa não é só do salário. É do Estado, 
por não oferecer melhores condições, das empresas, que pensam em burlar a lei...", diz. 
“O POVO” também conversou com cinco policiais militares. Um deles diz que 
trabalha também em uma empresa que vende telefones celulares. Dois afirmaram que nunca 
tiveram uma atividade paralela. Outros dois admitiram que já trabalharam em empresas de 
segurança, mas que abandonaram o serviço pelo qual recebia entre R$ 800 e R$ 1,6 mil como 
segurança, dependendo do local. 
Outra reportagem sobre essa problemática, do serviço paralelo, o popular bico, 
vem do jornal “VALE PARAIBANO”18 que em sua edição de 23 de maio de 2004, 
(domingo), com o título de “Vigilância Clandestina: Oficiais controlam serviço paralelo de 
“bico” para PM’s no comércio de São José” afirma que Policiais Militares controlam o 
serviço de segurança particular em parte dos estabelecimentos comerciais de São José dos 
Campos, principalmente nas regiões mais violentas e carentes de recursos da própria PM. O 
"bico", proibido pela corporação, seria empresariado por oficiais graduados. 
Em um trecho da reportagem, o ”VALE PARAIBANO” ao entrevistar um policial 
militar, obteve certas informações que comprovam a necessidade financeira, o desgaste físico 
pelo qual passam e, o perigo gerado pela falta do descanso devido por parte dos policiais que 
exercem essa atividade. Veja os trechos: 
(...) trabalhamos em escalas e na folga pegamos o “bico”. Com isso, trabalhamos 
cansados e o serviço não rende, mas, se não fizermos, a família passa fome (de um 
policial militar que não quis se identificar) 
...................................................................................................... 
(...) Eu sempre fiz “bico” em minha vida porque os vencimentos não davam para 
sobreviver. Acho que o comando deveria regularizar: é um absurdo o PM arriscar a 
vida todos os dias e ainda ter que fazer “bico” (Rollemberg da Gama é presidente da 
Associação dos Subtenentes e Sargentos). 
O mais grave é que isso (esquema paralelo de segurança privada) envolve patentes 
mais altas, com oficiais e delegados agenciando este tipo de serviço. É uma ação 
criminosa. (VALE PARAIBANO). 
 
18 http://jornal.valeparaibano.com.br/2004/05/23/sjc/bico1.html 
 
 
24 
Essas duas reportagens são exemplos do que ocorre em todo território Nacional. A 
atividade paralela, o bico, não se restringe apenas à realidade das Polícias. Em muitos estados 
do País, principalmente naqueles onde não houve a separação entre Bombeiro e Policia 
Militar (exemplo maior temos o estado de São Paulo), tais atividades são desempenhadas por 
Bombeiros e, também por agentes prisionais. E mesmo onde já houve a divisão, atividades 
como de segurança, guarda-costas, transporte de valores, etc. funções desempenhadas em sua 
maioria por PM’s também, são desenvolvidas por bombeiros. 
 
2.3 – O SERVIÇO PARALELO NO CENÁRIO PARAENSE. 
MILITARES VÃO PRESOS POR ESCOLTA ILEGAL. 
Por: Fabiano Baptista 
Após três meses de investigação, três policiais militares e dois bombeiros foram 
presos no final da manhã de ontem por agentes da Polícia Federal em parceria com o 
Ministério Público e a Polícia Militar. Eles são acusados de fazer escolta clandestina 
e segurança privada para a empresa Frangos Cearense, localizada no quilômetro 18, 
da rodovia BR-316. Para que os policiais pudessem exercer a atividade, a empresa 
necessitava de uma autorização expedida pela Polícia Federal, documentos que não 
possuía. (DIÁRIO DO PARÁ, diário policia, p.3) 
Com o trecho acima que foi extraído do da página 3 do caderno DIÁRIO 
POLÍCIA do jornal DIÁRIO DO PARÁ19 publicado no dia 23 de outubro de 2007. O mesmo 
demonstra parte da realidade vivida pelos profissionais da segurança pública da capital 
paraense. Onde, por vários motivos, esses profissionais se lançam em uma outra jornada de 
serviço, deixando seus momentos de descanso, para exercerem essa atividade clandestina. 
Notamos também a presença de militares do Corpo de Bombeiros que também encontram 
espaço nessa atividade para exercerem uma outra jornada laboral. 
Um trabalho importantíssimo que mostra de maneira objetiva e clara a realidade 
de militares da Polícia Militar é a dissertação de Mestrado de Roseane Magalhães LIMA20 
com o título “UMA DUPLA VIDA DE RISCO: REFLEXÕES SOBRE O TRABALHO 
PARALELO (BICO) NA POLÍCIA MILITAR DO PARÁ”, onde mostra as mais diversas 
faces que o bico se apresenta aos militares da PMPA seus riscos e anseios. LIMA resume seu 
trabalho da seguinte forma: 
 
 
19 Jornal que circula diariamente em Belém Capital do estado do Pará. 
20 LIMA, Roseane Magalhães é praça da Polícia Militar do Estado do Pará e Mestre em Sociologia pela 
Universidade Federal do Pará. 
 
 
25 
O bico ou trabalho paralelo éumas das práticas mais comuns entre os policiais 
militares; é exercido por eles: em festas, eventos e segurança de pessoas físicas. 
Embora seja a garantia de uma renda extra, entretanto, isso propicia que o policial se 
torne uma pessoa sem lazer e sempre ausente da família. ... Também mostraremos 
como ocorrem as jornadas de trabalho paralelo e os seus riscos, bem como as 
conseqüências de sua informalidade. Além disso, apresentaremos os meandros 
destas organizações, a sua estrutura, a sua hierarquia e como ela opera, onde 
constatamos que há uma inversão dos valores hierárquicos da organização militar. 
(LIMA, 2007). 
 
Comparando com as atividades desempenhadas por Policiais Militares e civis, 
existe a semelhança de que essa atividade é desenvolvida pelos bombeiros nos horários 
destinados para a folga e descanso dos servidores. Isso leva a má qualidade de vida tanto no 
desenrolar de suas atividades profissionais quanto ao convívio familiar desses profissionais. 
 
2.4 – O SERVIÇO PARALELO NO CORPO DE BOMBEIROS PARAENSE. 
Na corporação Bombeiros Militar do nosso estado, essas práticas e situações 
também acompanham a tendência nacional. O Corpo de Bombeiros do Estado é uma 
instituição pública que, há um tempo relativamente pequeno, se tornou independente da 
Polícia Militar, mas o longo tempo em que ambas às instituições foram comandadas pelo sem 
o comandante geral, por terem a mesma estrutura militar e, por utilizarem os mesmos 
regulamentos e leis, seus problemas se assemelham. 
 
Eu arranjei uma maneira de complementar a minha renda familiar que é justamente 
os bicos que eu tiro como guarda-vidas em uma piscina. E com esse bico que eu 
consegui é que tá ajudando a sair do vermelho mensalmente porque, basicamente 
com o dinheiro que o bombeiro me paga, eu não tenho como levar o padrão de vida 
que eu levo hoje. Então, agradeço muito ao bico que eu tiro que é uma jornada de 
trabalho de oito horas que é só no final de semanas e feriados ... (Soldado BM 8 
anos de serviço). 
 
Nas entrevista realizadas com o pessoal do Corpo de Bombeiros, fica claro a 
participação dos militares da corporação nessa atividade seja para complementar a renda 
familiar, seja para pagar dívidas, ou seja, para manter um padrão de vida que não condiz com 
a realidade dos vencimentos pago pelo governo a classe. Seja pelo consumismo que hoje 
impera, seja pelas necessidades enfrentadas no dia-a-dia de cunho pessoal ou familiar ou por 
outro motivo que não conseguimos identificar, o certo é que os bombeiros se lançam nessa 
jornada buscando resolver seu problema financeiro através do bico. 
 
 
26 
 
A gente tem que dá uma brigada por fora para complementar a renda, 
principalmente quem tem família, quem tem criança pequena ainda que necessita um 
pouco mais de conforto. Eu tive que meter a cara no serviço mesmo e trabalhar pra 
construir essa casa aqui que o senhor tá vendo, porque se não fosse a ajuda do bico 
eu acho que eu ainda não teria nem terminado isso aqui ou então eu tava morando 
num conjunto desse aí da COHAB, numa unidade sanitária, porque realmente o 
salário dá pra viver, pra gente passar o mês comendo, bebendo, mas pra gente fazer 
mais alguma coisa a gente precisa ter outro serviço. (Sargento, 19 anos de serviço). 
 
Muitos vêem no bico a única saída para resolverem seus problemas financeiros e 
também de realizações de algumas necessidades tais como o da realização do sonho da casa 
própria, de morar com um mínimo de conforto e não apenas morar em uma unidade sanitária 
oferecida pelo governo. 
 
Apesar de muitas vezes achar o bico algo degradante, os militares que fazem uso 
dessa prática se vêem e às vezes totalmente dependentes dessa pratica. “Muito cansado. Sono. 
É... o bico, como a gente diz. Os biqueiros diz “um mal necessário” (cabo, 19 anos de 
serviço). 
 
E muito porque... desde 1992, como eu já frisei, né. E fica até um pouco difícil viver 
sem o bico, né. A rotina do mês, né. O dinheiro entra na minha residência. Tem que 
pagar o colégio da minha filha, condução todo dia, né e curso de inglês que eu pago 
pra ela e fica um pouco difícil viver sem o bico, né. Ai eu ia ter que voltar a 
sobreviver só com o dinheiro que o Estado nos paga. (Cabo, 19 anos de serviço). 
 
Outros acreditam que o bico é a forma que tem para saldarem dívidas ou pra 
adquirirem um bem que a sua situação financeira não permite ou para oferecer aos filhos uma 
educação de melhor qualidade, mantendo-os na escola particular, pagando transporte, 
cursinho de Inglês, fardamento livros etc., e que, novamente são impelidos a se lançarem 
nessa jornada e, que de certa forma já se vêem totalmente dependentes desse serviço paralelo. 
Sabemos que atualmente as instituições que trabalham com segurança pública 
estão envolvidas por esse mau e que em sua maioria, se formos perguntar ao servidor porque 
faz bico o mesmo certamente responderá que é devido a sua questão financeira. Entretanto 
nosso foco de pesquisa estará direcionado para as conseqüências que essa atividade traz para 
o bom desempenho de sua atividade profissional e a qualidade do convívio familiar das praças 
do Corpo de Bombeiros. 
 
 
 
27 
2.5 – A TENTATIVA DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DO BICO. 
Primeiramente Segundo o capitão Antonio César da Silva Santos, coordenador de 
Operações Extraordinárias do Comando de Policiamento de Salvador, cada PM da 
Bahia pode fazer, no máximo, 60 horas extras por mês. Nesse caso, o incremento no 
salário chega a 40%. Parte dos policiais que atuam no Pelourinho no período 
noturno e durante a madrugada está fazendo horas extras. De acordo com Santos, 
54% dos policiais de Salvador dizem ter abandonado os bicos externos para fazer 
horas extras para a corporação. Em Salvador, os policiais que trabalham para a 
corporação além do horário normal são mandados para as áreas mais carentes de 
segurança. (Revista ÉPOCA, julho de 2007). 
 
O Pará, juntamente com outros estados como Amazonas, Goías e Bahia, adotaram 
a prática de horas extras, ou “bico institucional”, vetada no resto do país. Essa ação foi uma 
tentativa de combater o serviço extra em nosso estado, comprando de certa, de certa forma, a 
folga do militar, deixando impossibilitado de exercer a atividade ilegal, garantindo no final do 
mês uma renda extra. entretanto o que parece até o presente momento é, que tal tentativa não 
surtiu nenhum efeito. 
“O policial prefere aumentar a renda trabalhando para o Estado que se arriscar 
fazendo bicos para empresas privadas, como num posto de gasolina, por exemplo”, 
diz Hélio Cesar da Silva, presidente da Associação dos Subtenentes e Sargentos da 
Polícia Militar do Estado de São Paulo. O bico interfere na qualidade do trabalho do 
policial porque seu tempo de descanso fica reduzido. Também são comuns os casos 
de agentes que usam a arma da corporação para fazer segurança privada. E a 
probabilidade de eles morrerem é maior que enquanto prestam serviços ao Estado, 
quando podem contar com o reforço de colegas para enfrentar criminosos. (Revista 
ÉPOCA, julho de 2007). 
 
Embora proibido, o bico já está s incorporado à cultura policial. Por isso, é 
praticamente impossível eliminá-lo. “O melhor é combater o segundo emprego. Mas, como 
acabar com ele não é possível, é necessário estabelecer limites”, diz o professor Luís Antônio 
Francisco de Souza, da Unesp. Cidades americanas como Nova York e Miami fazem isso. Lá, 
os policiais são obrigados a informar os trabalhos extras à corporação. Não podem, por 
exemplo, fazer segurança em boates e são obrigados a respeitar um tempo mínimo de 
descanso. 
 
 
28 
CAPÍTULO III: O CANSAÇO E A AUSÊNCIA. 
3.1 – A CONSEQUENCIA DO SERVIÇOBOMBEIRO MILITAR. 
(...) Há consenso na literatura de que a privação de sono está entre os estressores 
associados à diminuição de células do sistema de defesa imunológica (Cohen & 
Herbert, 1996; Kiecoltglaser, 1999; O'Leary, 1990), o que permite supor que esse 
grupo ocupacional seja particularmente susceptível a problemas em imunidade e 
conseqüente vulnerabilidade a doenças diversas. (MURTA e TRÓCCOLI) 
 
Naturalmente, o serviço realizado por Bombeiros Militares em nosso país já é 
considerada uma atividade estressante segundo o artigo de Sheila Giardini MURTA e 
Bartholomeu Tôrres TRÓCCOLI, intitulado “Stress ocupacional em Bombeiros: efeitos de 
intervenção baseada em avaliação de necessidades21”. Para MURTA e TRÓCCOLI, 
Bombeiros e outros profissionais que lidam com situações de emergência em saúde estão 
mais susceptíveis ao desenvolvimento de stress no trabalho e que além da exposição a riscos 
psicossociais, os bombeiros lidam também com riscos biológicos, como exposição a sangue 
contaminado e privação de sono por escala noturna de trabalho ou ciclos longos de trabalho-
descanso. 
 
Além dos estressores ocupacionais presentes no ambiente de trabalho, vários 
bombeiros estavam também trabalhando em outras funções em seus horários de 
folga, o que resultava em mais de 40 horas de trabalho semanais e alta sobrecarga. 
Os resultados da avaliação de necessidades foram comunicados às chefias, que já 
estavam informalmente cientes do grau de stress vivido entre os bombeiros 
socorristas e motoristas e já estavam analisando possibilidades de mudanças nas 
condições de trabalho. (MURTA e TRÓCCOLI) 
 
Com o desenrolar da pesquisa os autores comprovaram alguns fatores, tais como: 
a carga horária elevada possibilita o aumento do stress por parte dos pesquisados e, o trabalho 
paralelo (bico) é um desses elementos que também influenciou diretamente no resultado da 
 
21 Neste estudo os autores descrevem os efeitos de uma intervenção para o manejo do stress 
ocupacional, baseada em avaliação de necessidades junto a sete bombeiros. Entrevistas grupais foram feitas para 
identificar estressores ocupacionais, estratégias de coping e sintomas de stress. Baseando-se em evidências de 
que a população-alvo apresentava um repertório restrito de coping e muitos sintomas de stress, implementou-se 
uma intervenção com 12 sessões, contendo informação, relaxamento, treino assertivo, treino em solução de 
problemas, manejo de tempo e reestruturação cognitiva. Medidas pré e pós-teste foram obtidos para imunidade, 
pressão arterial e respostas verbais de stress, saúde geral e coping. A comparação entre medidas pré e pós-
intervenção evidenciou redução em stress e sintomas somáticos; aumento em auto-eficácia e em pressão arterial 
diastólica. Intervenções organizacionais ou combinadas foram recomendadas. 
 
 
29 
pesquisa. Para eles os pesquisados trabalhavam em média 67 horas semanais. Vários deles 
exerciam outras atividades profissionais que não a de bombeiro em seus dias de folga. 
 
(...) quando eu era do quadro operacional eu não tinha tempo, eu vivia pro quartel, ... 
escala muito apertada ... é ... além de escala apertada, ... material ... de trabalho, o 
próprio material, fardamento alterado, ... e devido essa situação de aperto na escala, 
na época, pintou a oportunidade de eu vim pra cozinha. Mas antes de eu vim pra 
cozinha eu fui pra Resgate, sendo que na resgate, onde eu trabalhava como 
socorrista, onde eu não tinha o curso de socorrista e não tenho, só que lá, ... a escala 
era apertada, o ... profissional que ali 24 horas, a onde era observado que o 
motorista, o condutor ficava mais cansado que todos, certo, ... devido ao horário 
dele, e se observar, não tinha um médico na viaturas e nem no CIOp (...) (Cabo, 14 
anos de serviço) 
 
A nossa realidade também não é diferente, no trecho acima, onde o cabo 
praticamente desabafa e justifica a sua saída do meio operacional, apresentando algumas 
dificuldades enfrentadas por alguém que se dedica á operacionalidade e, relata o quão 
cansativo é ter uma escala de serviço “apertada”, somado a dificuldade de não possuir curso 
de especialização na área onde passou a atuar. Se associarmos toda essa carência de tempo e 
instrução com a atividade paralela extra funcional, chegaremos a um ponto onde nenhum ser 
humano suportaria tal pressão, levando certamente a uma carga de estresse muito elevada. 
 
Com tão irrisórios salários, primeiro só buscam a profissão aqueles que não possuem 
muita qualificação - conseqüentemente a seleção é insatisfatória para os anseios da 
sociedade -; segundo, a grande maioria dos policiais vê-se obrigada a buscar uma 
atividade extra-corporação, o famoso "bico". Com uma má seleção, não se pode 
exigir que estes homens compreendam conceitos muitos elevados de cidadania nem 
que ajam com completa isenção diante de fatos criminosos que abalam e revoltam 
até os mais esclarecidos. Já a atividade extra-corporação acarreta sérias 
conseqüências tanto a nível profissional, como em termos pessoais (NETTO). 
 
É que leva o profissional da Sistema de Segurança a se lançar nessa nova jornada 
de serviço? Para NETTO22, em seu artigo “Violência e impunidade da Polícia Militar - 
Críticas e sugestões”23, onde analisa e critica um relatório da Comissão Interamericana de 
Direitos Humanos sobre a violência policial no Brasil24, (essa análise se restringiu à Polícia 
Militar e Corpo de Bombeiros de seu Estado), os profissionais da Segurança Pública se vêem 
 
22 Martinho de Moraes Netto é 1º Tenente PM da Polícia Militar do Estado de São Paulo e Acadêmico 
de Ciências Jurídicas PUC-SP. 
23 Disponível em: http://www.hottopos.com/videtur4/policia3.htm. 
24 O relatório possui dez capítulos, dos quais o mais longo (cap.III) trata do tema citado. Para o autor, 
dada à importância do assunto, e do interesse geral que normalmente suscita, ele escolheu esse tema para análise, 
por ter notado que o relatório não buscou os argumentos das polícias, nem analisou o problema com a 
profundidade e isenção que merece. Ele procurou trazer na análise, alguns elementos que possam esclarecer 
melhor a questão, numa visão ‘de dentro para fora’. 
 
 
30 
impelidos a exercer atividades remuneradas para equilibrar o orçamento doméstico em virtude 
das más remunerações percebidas, da má qualificação destes em virtude da deficiência no 
processo seletivo, a grandes necessidades em que seus familiares se encontram. Atividade 
essa que poderá trazer prejuízo à sua saúde ou ao convívio familiar. 
 
Ainda no campo profissional, ocorre que por vezes, o "bico" paga mais que o 
Governo, o que leva o policial a ser mais pontual e melhor cumpridor do seu dever 
fora da corporação, passando, em pouco tempo, a desprezar sua profissão principal. 
Com este sentimento acaba por ser um profissional tendente ao relaxo, ao pouco 
caso, à ausência de empenho. 
O "bico", é voraz, implacável; não concede folgas, não dá garantias, pode fazer do 
PM um mercenário. Logo o policial pode passar a ver a PM como "bico", e o "bico" 
como profissão. É no "bico" que muitos morrem, já que esta atividade, via de regra, 
constitui-se em segurança patrimonial ou pessoal; é no "bico" que surgem as 
corrupções, as inversões de papéis, sendo freqüente que o superior hierárquico seja 
comandado por seu subordinado. (NETTO). 
 
Para NETTO, por causa das vantagens, principalmente as financeiras, que o bico 
oferece, o profissional poderá ser levado a um descontentamento, um desinteresse com sua 
atividade oficial, levando o militar a ser mais pontual na sua atividade paralela, provocandoqueda no seu rendimento profissional e levando-o a não desempenhar suas missões como 
deveria. Por causa desses fatores surge outra conseqüência: a inversão de prioridades, onde o 
agente dará mais importância ao serviço paralelo tratando-o como se fosse seu emprego 
principal. 
 
3.2 – O CANSAÇO E O BICO. 
 
Profissionalmente o chamado “bico”, sendo exercido nas horas de folga, leva o 
policial ao "stress" físico e mental em pouco tempo. Muitas vezes trabalhando 
durante toda a noite na PM, policiais deixam o necessário repouso para trabalharem 
fora durante o dia, o que traz como conseqüência que venha a dormir durante seu 
serviço, seja na PM seja no ‘bico’. Os que trabalham de manhã vivem o mesmo 
regime, apenas invertendo-se os horários. Neste dia-a-dia, muitos são vitimados nas 
ações por estarem fisicamente pouco dispostos. (NETTO). 
 
Outro motivo considerado preocupante por NETTO é que a atividade paralela, o 
“bico”, é sempre exercida nos horários destinados ao repouso dos militares. Esse intervalo é 
destinado à recuperação e preparação para outras jornadas de serviço que é bastante 
desgastante, principalmente se for no horário noturno. Por esse motivo, ocorrem deficiências 
em ambos os serviços, seja no emprego oficial, como na Polícia Militar e Corpo de 
 
 
31 
Bombeiros como no próprio “bico”, o que poderá levá-los a uma estafa física e mental, que 
influenciará diretamente no seu desempenho profissional. 
 
(...) não, chefe, eu saio do serviço e vou direto pro bico e, do bico, muitas das vezes, 
direto pro quartel ... mas agente ainda tá com todo preparo físico em cima e a gente 
vai se segurando. (Sargento, 19 anos de serviço). 
 
Em nossa busca para esclarecer a situação no CBMPA constatamos em nossas 
averiguações, que situações semelhantes vem acontecendo com os “biqueiros” do nosso 
Corpo de Bombeiros. Percebe-se pelo trecho acima, o quanto o bico é cruel e, não propicia 
oportunidade para o descanso, aonde, o agente, vai do serviço para o bico e do bico para o 
serviço o que pode causar sérios comprometimentos da saúde mental e física do efetivo que 
faz uso dessas praticas. 
 
3.3 – A CONSEQÜÊNCIA DO BICO NO CONVÍVIO FAMILIAR. 
 
A vida pessoal do policial, também aí encontra sua ruína. Com pouco tempo para a 
família - já que nas horas de folga está trabalhando -, massacrado por um "stress" 
desumano, estará exposto a vícios de bebidas e drogas. O número de divórcios na 
PM é grande, mesmo assustador; os suicídios também ocorrem, mas não com tanta 
freqüência. A causa não é o regime militar como querem alguns, mas o baixo salário 
que leva o homem a buscar seu sustento fora da Corporação. (NETTO) 
 
Outro aspecto referenciado por NETTO é a questão do tempo dedicado pelos 
militares ao convívio familiar. Como o Policial ou Bombeiro, sacrifica seu tempo de folga 
executando outra atividade, geralmente remunerada, e que também exige sua atenção ao 
desempenhá-la, resta-lhe pouco tempo para dedicar-se ao convívio familiar. Essa não é a 
única conseqüência. Com tudo isso, acompanha o cansado vai se acumulando, o corpo vai 
sentindo a fadiga e o estresse se instala, o que às vezes, leva o profissional a vícios e 
dependências químicas a substâncias não recomendadas. 
 
(...) só tendo o domingo de lazer e no caso, no domingo às dezoito horas pra não 
deixar a minha família desprovida de atenção, assim que eu saio do meu bico, eu 
pego a minha família, a minha esposa, no caso, e saio com ela pra passear, pra tomar 
um sorvete, pra comer uma pizza. (soldado BM, 8 anos de serviço). 
 
O tão precioso tempo para se dedicar a família fica prejudicado, pois o bico toma 
para si quase todo tempo disponível, deixando um tempo ínfimo para o convívio familiar. 
 
 
32 
 
Tem um prejuízo muito grande porque às vezes do quartel eu vou pro bico e quando 
eu chego em casa minha filha já está dormindo e quando eu saio também ela tá 
dormindo e é mais fim de semana ou feriado que a gente tem mais tempo pra 
família, mas no dia normal. No dia útil mesmo, de segunda a sexta-feira é muito 
difícil. (Cabo, 18 anos de serviço). 
 
O bico, também afasta o militar dos filhos, a interação entre pais e filhos fica 
comprometida, tem dias que o “biqueiro” nem sequer tem a oportunidade de vê seus filhos 
acordados. 
 
Com certeza, eu ... eu... passo quase o dia todo fora, só chego em casa à noite, 
muitas das vezes tarde, às vezes não venho, passo à noite fora viajando. Não é um 
serviço que, devo dizer, estou sendo bem remunerado, não, ganho pouco, ganho 150 
por semana, né. Tô pensando agora, seriamente ... , tô pensando muito em parar 
porque meus filhos estão precisando da minha presença aqui em casa, 
principalmente o maiorzinho que tá com 12 anos, tá entrando pra ... adolescência, 
então tenho que dá força pra ele ir pro colégio, tenho que tá com eles que reclamam 
muito a ausência. Pai, folga hoje! Pai, folga hoje! Aí, só tô esperando só o CAS 
agora que ainda estou ... já ... com a meta de parar, de dar um tempo, fazer o CAS e 
ficar em casa. (Sargento, 19 anos de serviço). 
 
Apesar de viver nessa atividade, há a preocupação e o reconhecimento de que o 
bico traz prejuízo ao convívio familiar. Surge, entretanto, a vontade de sair do serviço e de se 
dedicar mais a família, principalmente porque os filhos estão entrando na puberdade e 
necessitam da presença dos pais para se sentirem mais seguros para enfrentarem suas 
dificuldades. Outro ponto importante, e o reconhecimento de que não ganha muito com o 
bico, e que espera uma oportunidade para deixá-lo. 
 
 
 
33 
CAPÍTULO IV: ENTRE O SERVIÇO E O EXPEDIENTE. 
4.1 – A DIVISÃO DO SERVIÇO 
O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Pará, assim como instituição militar 
e os demais corpos de bombeiros e Polícias Militares do Brasil, subdivide-se suas atividades 
basicamente em dois tipos: atividade meio e a atividade fim. 
 
Art. 7º - Os órgãos de apoio atendem às necessidades de pessoal e de material de 
toda a Corporação, realizando a atividade-meio da Corporação e atuam em 
cumprimento das diretrizes e ordens dos órgãos de direção. (LOB BM) 
 
A atividade meio é a parte do trabalho administrativo Corpo de Bombeiros, que 
corresponde à gestão, recrutamento, planejamento, suporte, logística, manutenção de viaturas, 
comunicação e etc. os militares que executam estas atribuições normalmente trabalham dentro 
de seções ou em Unidade especializadas, como é o caso do Centro de Suprimento e 
Manutenção de Viaturas. A atividade fim, são os serviços executados pelas unidades 
Operacionais e pelo Centro de Atividades Técnicas (CAT25) que cumprem as missões da 
corporação, tais como o serviço diário operacional de prontidão de Incêndio, Salvamento e 
Resgate nas unidades; o serviço de Guarda-vidas em balneários e praias, prevenção em 
logradouros públicos, serviços de vistorias etc. 
 
(...) Não. Atualmente a função que eu exerço aqui, eu fui dispensado do serviço de 
vinte e quatro horas uma vez que eu fico à disposição do comando. Sem hora pra 
sair e a maneira que me deram pra recompensar todo o tempo que eu permaneço 
aqui é não concorrer à escala de serviço. (soldado 8 anos de serviço). 
 
Podemos separar o efetivo do corpo de bombeiros Milita do Pará em dois grupos: 
o administrativo e operacional. O pessoal do serviço administrativo trabalha geralmente 
internamente em seções, e cumprem expediente que variam de 6 a 8 horas diárias. Já o 
pessoal identificado como operacionais, montam serviços de 24, e cumprem expediente 
diário, geralmente de 4 horas de duração. 
 
25 O Centro de Atividades Técnicas (CAT) – é um órgão de execuçãosubordinado à Diretoria de Serviços 
Técnicos incumbido de estudar, analisar, exigir e fiscalizar as atividades pertinentes à segurança contra incêndio 
e pânico, proceder ao exame de projetos e realizar perícias, testes de incombustibilidade. vistorias e emitir 
pareceres com autoridade para notificar, multar e interditar na forma da lei especificada. 
 
 
34 
4.2 – O SERVIÇO DE BOMBEIRO 
Diferentemente da Policial Militar, que é uma tropa ostensiva e, que 
preferencialmente, desempenha o seu trabalho nas ruas, o efetivo do Corpo de Bombeiros, 
com exceção do serviço de Guarda-vidas nas praias, é uma tropa que desenvolve seu serviço 
operacional em local aquartelado e, que exerce sua atividade fim, aguardando a ocorrência 
nos quartéis pronta para se deslocar até o local de onde é gerada a solicitação. 
O serviço operacional do Corpo de Bombeiros está diretamente ligado ao emprego de um 
veículo (viatura) que, quando apresenta algum problema mecânico, elétrico ou de outra 
natureza, que impeça a sua utilização, a guarnição, que se encontra no quartel, fica 
impossibilitada de se deslocar até o local da ocorrência para atendê-la. 
Apesar de às vezes ser de difícil compreensão, buscarei mostrar o funcionamento 
do serviço diário em uma Unidade Operacional do Corpo de Bombeiros. Tal dificuldade 
ocorre em virtude de que existem vários tipos viaturas operacionais. Umas que servem 
exclusivamente para o serviço de combate e extinção de incêndio; outras que servem para o 
serviço de busca, resgate e salvamento; outras que servem para executar ambas as ações 
anteriormente citadas e outras que são exclusivamente para emergências médicas e pré-
hospitalares. É, portanto, de acordo com o tipo de viaturas existente na unidade serão 
montadas as escalas de serviços diárias. 
Apesar dos mais diferentes tipos de serviços oferecidos à população, em uma unidade 
operacional do Corpo de Bombeiros, existem basicamente três tipos de guarnições de serviço, 
tais como: Guarnição de combate a incêndio, que realiza atividades de combate e extinção de 
incêndio, lavagem de pista etc.; Guarnição de salvamento que realiza os serviços de busca, 
salvamento, resgate, corte de árvore, captura de animais peçonhentos, extermínio de insetos e, 
outros serviços e, a guarnição de Emergência Pré-hospitalar, conhecida como guarnição de 
Resgate, que realiza serviços relacionados às emergências médicas. 
 
4.3 – A ESCALA DE SERVIÇO E EXPEDIENTE 
A escala de serviço diária, em um quartel operacional, depende muito da função 
desempenhada pelo militar ou membro da guarnição e pela disponibilidade de viatura no 
quartel onde serve. Existem quartéis que possuem mais de uma viatura de combate a incêndio 
 
 
35 
além das plataformas e escadas mecânicas as quais são consideradas viaturas de apoio e, 
portanto, para cada viatura que se encontra no trem de socorro, estará sendo escalado um 
condutor e operador de viatura. 
 
(...) no bombeiro, aqui no Grupamento Contra Incêndio26 está mais ou menos cinco 
dias de folga por um de serviço27. Ou seja, uma escala boa com relação a outros 
quartéis e, devido essa escala ela não atrapalha o meu serviço. Porque o serviço é 
aqui 24 horas e no outro dia eu estou folgando e nos três dias quatro dias, eu cumpro 
até meio dia, uma hora no máximo. A não ser quando há uma necessidade do 
serviço que saia mais tarde, mas a rotina é essa. Não atrapalha. (Soldado 5 anos de 
serviço). 
Vale ressaltar que o serviço operacional desempenhado por uma guarnição tem a 
duração de 24 horas por uma folga mínima de 48 horas. Entretanto quando uma viatura deixa 
de compor o trem de socorro de uma Unidade Operacional, a folga do efetivo pode aumentar 
para 72, 96 ou até mesmo 120 horas. Quando uma guarnição sai de serviço operacional de 24 
horas, conseqüentemente o dia seguinte estará de folga de 24 horas, nos dias subseqüentes, o 
pessoal cumpre expediente que tem início às 08h00 e não ultrapassa às 12h00. 
Considerando que o comando de cada unidade operacional tem autonomia para 
gerenciar e regular o serviço e expediente em suas unidades e, considerando o limite legal de 
sua discricionariedade, foram encontradas várias formas de se cumprir o expediente nas 
unidades consultadas. 
 
Não, ... não, atrapalha, que eu tiro meus serviços, nos dias de serviços normais, vou 
pra minhas formaturas, né (...) A escala de serviço está 24 por 48, tiro um e folgo 
dois, e ... as formaturas, são dias de quinta e sexta-feira. (Sargento, 19 anos de 
serviço). 
 
A maneira de cumprir e o número de dias de expediente, para o efetivo do serviço 
operacional, também depende do comando da unidade que aprova ou não o Quadro de 
Trabalho Semanal (QTS28) da Unidade. Em nossas idas e vindas, foi identificados várias 
formas de cumprimento de expediente. Em algumas unidades, o cumprimento do expediente 
se dá todos os dias de segunda à sexta-feira; em outras, o expediente tem início às terças-
feiras e vai até sexta-feira; outros o expediente se dá de segunda a sexta-feira, com folga na 
 
26 Nome do grupamento foi modificado para guardar sigilo. 
27 Cinco dias de folga por um de serviço, equivale à escala de 24 por 120. 
28 O Quadro de Trabalho Semanal é o documento que regula as atividades de instruções e serviços para o efetivo 
de uma unidade. 
 
 
36 
quarta-feira; outro ainda tem expediente, somente dias de quinta e sexta-feira, e outros dias de 
terça e sexta-feira. 
Tabela X – Sobre expedientes cumpridos nas unidades Operacionais do CBMPA. 
Unidade 
Operacional 
segunda-feira terça-feira quarta-feira quinta-feira sexta-feira sábado domingo 
Unidade 1 SIM SIM SIM SIM SIM 
Unidade 2 NÃO SIM SIM SIM SIM 
Unidade 3 SIM SIM NÃO SIM SIM 
Unidade 4 NÃO NÃO NÃO SIM SIM 
Unidade 5 NÃO SIM NÃO NÃO SIM 
Fonte: Pesquisa nas Unidades Operacionais. 
Como enfatizamos anteriormente, existem basicamente dois tipos de expediente: o 
expediente, que é cumprido pelo pessoal interno, identificados como administrativos, e o 
expediente que é cumprido pelo pessoal do serviço operacional. Sempre é bom enfatizar que 
muitos militares empregados no serviço burocrático, administrativos, montam também o 
serviço operacional quando a necessidade exige. 
 
O expediente no grupamento de combate a incêndio29 é das 8 da manhã às 12 
horas ... todos os militares que estão de folga participam do expediente, com 
exceção dos militares que estão saindo de serviço e a equipe do corte de árvores que 
fica a disposição do corte de árvore e não precisam cumprir expediente ... os 
cozinheiros, também os cozinheiros, os cozinheiros também tem essa regalia de tirar 
o serviço deles de 24 horas e folgam em casa o expediente e vêm só as sextas-feiras 
para o paradão30. Paradão que nós chamamos de, ... , toda sexta-feira nós reunimos 
todos os militares, mesmos aqueles que estão de folga, aqueles que estão saindo de 
serviço, aqueles que estão entrando (de serviço), os cozinheiros, todos; na sexta-
feira, todos entram em forma, é ... quando o Comandante conversa com a tropa. O 
expediente interno, ele funciona, os militares que trabalham em seção, além de 
tirarem seu serviço de 24 horas, além da escala extra ... (Subtenente 25 anos de 
serviço) 
 
Existem unidades onde o certas funções, certos serviços tem privilegio com 
relação ao expediente. Quartel onde existe a equipe de corte de árvore, geralmente os 
integrante de tal equipe comparecem ao quartel para montar o serviço e responde expediente 
apenas nas sextas-feiras para o paradão. Outra equipe encontrada com o mesmo benefício é a 
equipe de cozinheiros, que igual a equipe do corte de árvore, comparecem apenas para os

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