Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INTRODUÇÃO À CATÁLISE HETEROGÊNEA Prof. Dr. Eliezer Ladeia Gomes Universidade Federal de São Paulo - 2º semestre de 2013 4. ADSORÇÃO DE UM FLUIDO SOBRE SÓLIDOS 4.1. A origem da adsorção Os sistemas agregados (gases, líquidos e sólidos) possuem dois tipos principais de energia: 1º) Energia cinética, Ec, ou energia térmica, que confere aos componentes do sistema (átomos, moléculas ou íons) diversos tipos de movimento (translação, vibração, rotação), e 2º) Energia potencial ou energia de interação entre os componentes, EI, como forças de Van der Walls e forças eletrostáticas. 4.1. A origem da adsorção É a relação entre esses dois tipos de energia que define as propriedades do sistema: a) Se a energia cinética for muito maior que a energia de interação, as partículas do sistema possuem o máximo grau de liberdade, pois a distância entre as partículas pode variar em um amplo intervalo. O volume do sistema passa a ser função de três grandezas: pressão (P), temperatura (T) e número de partículas (n). O estado da matéria que melhor representa esse sistema é os dos gases ideais. Devido à baixa interação entre as partículas, a distância entre elas é relativamente grande e por isso a densidade desses sistemas é baixa. b) Se a energia cinética for da mesma ordem de grandeza que a energia de interação, as partículas do sistema possuem um grau de liberdade de movimentação muito menor. Embora as partículas se desloquem umas em direção às outras, a distância mantida entre as partículas pode variar muito. O volume do sistema é uma função da temperatura e do número de partículas, mas praticamente independe da pressão. O estado da matéria que melhor representa esse sistema é os dos líquidos. Devido à menor distância entre as partículas desses sistemas, as densidades são geralmente maiores que no caso anterior. 4.1. A origem da adsorção c) Se a energia cinética dos componentes for bem menor que a energia de interação no caso ideal, o volume do sistema passa a depender principalmente do número de partículas. As partículas não podem mais ter um deslocamento das suas posições, sendo a energia cinética devido à sua vibração em torno de uma mesma posição. O estado que melhor representa este tipo de sistema é os dos sólidos. Devido à forte interação, a distância entre as partículas é mínima e por isso o sistema apresenta as mais altas densidades (Tabela 4.1). Tabela 4.1. Relação entre a energia e as propriedades dos sistemas agregados Os dois últimos sistemas são chamados também de estados condensados da matéria, já que seus volumes são definidos e são pouco sensíveis à pressão. 4.1. A origem da adsorção Energia do sistema Volume Estado físico Densidade (CNTP) Ec >> EI Ec EI Ec << EI V = f (P,T,n) V = f (T,n) V = f (n) gás ideal líquido sólido 0,01 g/cm3 2 g/cm3 20 g/cm3 Nos sistemas condensados, os componentes que se encontram na superfície do sistema estão numa situação diferente das que se encontram no interior do sistema: enquanto as partículas do interior estão sujeitas as forças em todas as direções, dando como resultante uma força nula, as partículas da superfície possuem forças oriundas só das partículas do interior ou laterais (Figura 4.1). A resultante R é uma força no sentido do interior do sistema, como se estivesse puxando a partícula para o interior. O que impede o seu deslocamento da superfície para o interior é que a interação entre as partículas subjacentes é maior que a resultante da superfície. 4.1. A origem da adsorção Figura 4.1. Interação entre as moléculas de um sistema condensado (líquido ou sólido) Por isso as partículas da superfície possuem um excesso de energia, chamada energia superficial, Es. Esta energia é a responsável pela tensão superficial dos líquidos e pela adsorção (Figura 4.2) de um fluido sobre um sólido Figura 4.2. Interação entre as moléculas de um fluido (gás ou líquido) com a superfície de um sólido. 4.1. A origem da adsorção 4.1. A origem da adsorção A adsorção de um fluido sobre a superfície é, portanto, um fenômeno espontâneo, já que com a adsorção o adsorbato exerce uma força que tende a diminuir o excesso de energia superficial (Figura 4.3). Termodinamicamente significa que a variação de energia livre do sistema final em relação ao inicial é menor que a saída (Gads < 0). Por outro lado, a entropia do sistema final também diminui já que ela mede o grau de desordem, e este é menor quando a molécula está adsorvida, logo Sads < 0. Figura 4.3. Fisissorção de um gás sobre um sólido. 4.1. A origem da adsorção Portanto, podemos estimar o que ocorre com a entalpia durante a adsorção. Como G = H - TS Hads = Gads + TSads, e como a energia livre e a entropia são negativas, também a entalpia (H) será negativa. Isso significa do ponto de vista termodinâmico que a adsorção deve ser um processo exotérmico, o que realmente se observa na maioria dos casos reais. 4.2. Tipos de interação fluido-sólido A intensidade da interação entre as moléculas gasosas e a superfície do sólido depende de alguns fatores como: valor da energia superficial Es, temperatura do sistema, possibilidade de interação química da molécula e da superfície. A entalpia de adsorção é o parâmetro que indica a intensidade da interação entre o gás e o sólido. Quanto mais exotérmica a adsorção, maior é a interação. Assim, costuma-se distinguir dois tipos de adsorção de gases sobre sólidos: Fisissorção = baixa entalpia de adsorção. Quimissorção = alta entalpia de adsorção. 4.2. Tipos de interação fluido-sólido 4.2.1. Fisissorção A fisissorção se caracteriza por um. baixo grau de interação entre o gás e o sólido As forças envolvidas são da mesma ordem de grandeza que as de Van der Waals, existentes entre as moléculas dos líquidos. O tipo de interação existente na interface gás-sólido poderá ser semelhante à interação entre as moléculas de um líquido. Esse processo de interação poderá se estender as outras moléculas mais afastadas da superfície, formando uma multicamada semelhante a uma espécie de película de líquido sobre a superfície do sólido tal como se o gás estivesse se afastando (Figura 4.3). Nestes casos, a energia livre de adsorção do gás sobre o sólido, Hfs (fisissorção) adquire um valor próximo à entalpia de condensação do gás em questão, Hc (de –0,5 a = –5 kcal/mol). O fenômeno da fisissorção pode ser esquematizado no nível molecular conforme a Figura 4.4. Os diâmetros de Van der Waals das moléculas estão indicados por dV. 4.2. Tipos de interação fluido-sólido 4.2.1. Fisissorção O fenômeno da fisissorção pode ser esquematizado no nível molecular conforme a Figura 4.4. Os diâmetros de Van der Waals das moléculas estão indicados por dV. Figura 4.4. Energia livre de um sistema que apresenta fisissorção. 4.2. Tipos de interação fluido-sólido 4.2.1. Fisissorção A fisissorção ocorre a temperaturas baixas, e é mais pronunciada quanto mais próxima à temperatura de adsorção estiver da temperatura de condensação do gás. Devido à baixa energia de interação com a superfície, Hfs, e à inexistência de uma energia de ativação para que esta adsorção ocorra, a fisissorção atinge rapidamente o equilíbrio, sendo por isso classificada como reversível. 4.2. Tipos de interação fluido-sólido4.2.1. Fisissorção A fisissorção ocorre a temperaturas baixas, e é mais pronunciada quanto mais próxima à temperatura de adsorção estiver da temperatura de condensação do gás. Devido à baixa energia de interação com a superfície, Hfs, e à inexistência de uma energia de ativação para que esta adsorção ocorra, a fisissorção atinge rapidamente o equilíbrio, sendo por isso classificada como reversível. 4.2. Tipos de interação fluido-sólido 4.2.2. Quimissorção A quimissorção se caracteriza por um forte grau de interação entre as moléculas do gás e a superfície do sólido. As entalpias de quimissorção são da ordem de – 10 a –100 kcal/mol, ou seja, da mesma ordem de grandeza que uma reação química. 4.2. Tipos de interação fluido-sólido 4.2.2. Qumissorção A quimissorção, ao contrário da fisissorção, ocorre a temperaturas bem maiores que a do ponto de ebulição do gás adsorvido, e por ser interação específica entre o gás e o sólido, ocorre em uma só camada. A existência de uma energia de ativação, Ea (que representa a repulsão da aproximação maior do gás à superfície), e o alto valor da entalpia Hqs, fazem que a dessorção da molécula quimissorvida seja lenta, ou que ocorra uma transformação química. Por isso, a quimissorção é classificada como irreversível. Metais O2 CH2=CH2 CO H2 CO2 N2 Cr, Ti, V, Fe Ni, Co, Pd, Pt Al, Mn, Cu Mg, Ag, Zn + + + + + + + - + + + - + + - - + + - - + - - - Tabela 4.2. Possibilidade de quimissorção de gases sobre metais à temperatura ambiente 4.2. Tipos de interação fluido-sólido 4.2.2. Qumissorção Para que a quimissorção ocorra deve haver uma interação especifica entre o gás e o sólido, e, portanto ela só ocorre para determinados sistemas. A Tabela 4.2 mostra que à temperatura ambiente o oxigênio quimissorve (sinal positivo) sobre a maioria dos sólidos, ao contrário do nitrogênio, que é o menos ativo dos gases listados na tabela. Metais O2 CH2=CH2 CO H2 CO2 N2 Cr, Ti, V, Fe Ni, Co, Pd, Pt Al, Mn, Cu Mg, Ag, Zn + + + + + + + - + + + - + + - - + + - - + - - - Tabela 4.2. Possibilidade de quimissorção de gases sobre metais à temperatura ambiente 4.2. Tipos de interação fluido-sólido 4.2.3. Comparação entre fisissorção e quimissorção A existência destes dois tipos de adsorção (fisissorção e quimissorção), em um determinado sistema gás- sólido, pode ser representada conforme a Figura 4.6. O processo consiste em se medir uma isóbara do sistema em equilíbrio (quantidade adsorvida a pressão constante e temperatura variável). Em alguns sistemas podemos distinguir três regiões na isóbara de adsorção: I) Adsorção física em equilíbrio: ocorre a temperaturas próximas a do ponto de ebulição do gás, Te, formando multicamadas (A > 1). II) Adsorção química em equilíbrio: ocorre a temperaturas bem acima da de ebulição do gás, Te, formando monocamadas completas (A = 1). Figura 4.6. Adsorção de um sistema gás-sólido a pressão constante (isóbara) 4.2. Tipos de interação fluido-sólido 4.2.3. Comparação entre fisissorção e quimissorção III) Adsorção química com transformação do adsorbato em equilíbrio: ocorre a temperaturas comparáveis à temperatura crítica do gás. Forma monocamadas incompletas (0 < A < 1) devido à dessorção de A ou transformação química do gás A em produtos: Aads Pads. No gráfico, Tc, representa portanto, a temperatura mínima para que ocorram transformações catalíticas. A medida dessas isóbaras é muito difícil na região intermediária entre I/II onde há uma diminuição da fisissorção, mas a temperatura não é suficientemente alta para que a quimissorção (curvas pontilhadas) ocorra a velocidades apreciáveis. Por isso nessa região é raro se obter equilíbrio no sistema porque se necessita de tempos muitos longos, podendo apresentar uma diminuição aparente na capacidade de adsorção, nessa região, como mostrado na Figura 4.6. Figura 4.6. Adsorção de um sistema gás-sólido a pressão constante (isóbara) 4.2. Tipos de interação fluido-sólido 4.2.3. Comparação entre fisissorção e quimissorção Resumindo, as características dos dois tipos de adsorção são: Tabela 4.3. Características da fisissorção e quimissorção Parâmetro Fisissorção Quimissorção Tipo de sólido Tipo de gás Temperatura Cobertura Reversibilidade Energia de ativação Adsorção, Hs ocorre com todos os sólidos ocorre com todos os gases próxima a Te do gás sempre multicamada reversível nula 5 kcal/mol depende do sólido depende do gás muito maior que Te (próxima Tc) monocamada nem sempre reversível maior que zero –100 kcal/mol Aplicação Determinação de área específica total e distribuição do raio dos poros, separação de gases Determinação de sítios ativos e transformação catalítica 5. QUIMISSORÇÃO 5. QUIMISSORÇÃO 5.1. Modelos de quimissorção A forma mais frequente de se saber o tipo de interação existente entre o gás e o sólido é através de medidas entre a quantidade de adsorbato adsorvido (gás ou sólido) por unidade de massa de adsorção de sólidos, a uma dada temperatura (constante) e diferentes concentrações (ou pressões) do adsorbato. A isoterma obtida, quando ocorre quimissorção do gás sobre o sólido, tem a forma mostrada na Figura 5.1. Na figura as variáveis são: P = pressão do gás em equilíbrio no sistema gás/sólido, à temperatura T de medida po = pressão de vapor do gás à temperatura T P/po = pressão relativa do gás. Figura 5.1. Isoterma de adsorção do hidrogênio sobre níquel a -100 oC. 5. QUIMISSORÇÃO 5.1. Modelos de quimissorção Uma característica dos sistemas que apresentam quimissorção é que a isoterma atinge a saturação próxima a baixas pressões relativas (p/po) em decorrência de que há uma rápida formação da monocamada completa. Diversos autores têm procurado interpretar teoricamente o significado das isotermas de quimissorção. Os três principais modelos que explicam a quimissorção são os de Langmuir, Freundlich e Temkim. Figura 5.1. Isoterma de adsorção do hidrogênio sobre níquel a -100 oC. 5. QUIMISSORÇÃO 5.1.1. Modelo de Langmuir A primeira teoria quantitativa da adsorção sobre sólidos foi apresentada em 1916 por Irving Langmuir. Para adsorção representada pela Figura 5.2, temos: Figura 5.2. A adsorção simples segundo Langmuir (ads) a d (S)(G) AX k k XA 5. QUIMISSORÇÃO 5.1.1. Modelo de Langmuir Figura 5.2. A adsorção simples segundo Langmuir Langmuir baseou seu modelo nas seguintes hipóteses: 1º) A superfície de um sólido contém um número definido, zm, de sítios X de adsorção para a molécula A; 2º) Cada sítio X pode adsorver somente uma molécula de A; 3º) A adsorção é um fenômeno dinâmico, com adsorção e dessorção contínua de moléculas. Quando o sistema gás/sólido se encontra em equilíbrio a velocidade de adsorção e dessorção são iguais, ra = rd. As unidades de ra são: sólido de massa x tempo adsorvem queA de moléculas de número ra 5. QUIMISSORÇÃO 5.1.1. Modelo de Langmuir Figura 5.2. A adsorção simples segundo Langmuir 4º) No equilíbrio, a uma certa temperatura e pressão, existe um número de moléculas, zA, de A adsorvidas, onde zA zm. A fração de sítios X ocupados por A ou grau de cobertura é dado por: , onde 0 A 1 (5.1) 5º) A energia liberada por umsítio não é perturbada caso os sítios vizinhos já estejam ocupados, isto é, Ha = constante e não depende do grau de cobertura da superfície. 6º) Todos os sítios são igualmente ativos e, portanto possuem a mesma entalpia de adsorção Hads. 7º) A uma dada temperatura a velocidade ra de adsorção do gás aumenta com a pressão, pA e com a fração de sítios vazios, v. A velocidade rd de dessorção aumenta na fração de sítios ocupados, A mas não depende da pressão pA. m A A z z θ 5. QUIMISSORÇÃO 5.1.1. Modelo de Langmuir 5.1.1.1. Adsorção e dessorção simples Baseando-se nessas hipóteses, Langmuir relacionou o grau de cobertura A em função da pressão pA, do gás A pois ra = ka . pa (1 - A) = ka . pa . v e rd = kd . A onde: ka = constante de adsorção de A (moles A/atm A . seg) kd = constante de dessorção de A (moles A/seg) no equilíbrio temos ra = rd, logo ka pA (1 - A) = kd A ka pA - (ka pA A) = kd A ka pA = (ka pA + kd) A (5.2) Aad Aa A pkk pk θ 5. QUIMISSORÇÃO 5.1.1. Modelo de Langmuir 5.1.1.1. Adsorção e dessorção simples lembrando que a constante de equilíbrio de adsorção de A é KA = ka/kd, e dividindo a equação (5.2) por kd temos ou seja (5.3) que é a equação de Langmuir para a adsorção simples. Aa d a A d a A pk k k 1 p k k θ AA AA A pk 1 pk θ 5. QUIMISSORÇÃO 5.1.1. Modelo de Langmuir 5.1.1.1. Adsorção e dessorção simples O valor da constante de equilíbrio de adsorção KA é um indicativo da afinidade do gás pelo sólido. Quanto maior o valor de KA mais o equilíbrio está deslocado para a adsorção e vice-versa. A Figura 5.3 indica o comportamento da isoterma de adsorção para diferentes valores de KA Figura 5.3. Isotermas de adsorção e dessorção simples, com diferentes valores da constante de equilíbrio. 5. QUIMISSORÇÃO 5.1.1. Modelo de Langmuir 5.1.1.1. Adsorção e dessorção simples O valor do grau de cobertura A, pode ser calculado também em função da massa mA ou do volume do gás adsorvido vA pois onde mA,m e vA,m são massa ou volume máximo de A adsorvidos. mA, A mA, A o o m A A m m v v sítios de máximo n ocupados sítios de n z z θ 5. QUIMISSORÇÃO 5.1.1. Modelo de Langmuir 5.1.1.1. Adsorção e dessorção simples As curvas da Figura 5.3 se caracterizam por dois casos extremos: 1º) Se 0 < KAPA << 1 logo o denominador da equação (5.3), 1 + KApA = 1 e portanto a equação fica sendo A = KApA, ou seja, a cobertura é proporcional à pressão do gás. Essa situação ocorre quando: a) KA = 0, ou seja, a afinidade do gás pelo sólido é pequena; b) pA = 0, conforme podemos ver na figura, corresponde ao trecho inicial de qualquer das curvas, ainda se KA for grande. Figura 5.3. Isotermas de adsorção e dessorção simples, com diferentes valores da constante de equilíbrio. 5. QUIMISSORÇÃO 5.1.1. Modelo de Langmuir 5.1.1.1. Adsorção e dessorção simples 2º) Se KAPA >> 1, logo o denominador 1 + KApA = KApA, e portanto a equação (5.3) fica sendo A = 1, ou seja, a cobertura é constante formando a monocamada completa. Essa situação ocorre quando: a) pA >> 0, ou seja, próximos à pressão de vapor saturado; b) KA >> 0, ainda que pA seja pequeno. O modelo de Langmuir também pode ser aplicado a adsorção com dissociação de moléculas, como os exemplos dados a seguir. Figura 5.3. Isotermas de adsorção e dessorção simples, com diferentes valores da constante de equilíbrio. Embora Langmuir tenha desenvolvido sua teoria para adsorção simples, o seu modelo também pode ser aplica uma dissociação do quando há (quebra de enlaces químicos) da molécula do adsorbato. Quando na dissociação são geradas duas espécies iguais, ela é chamada de simétrica. A adsorção com dissociação simétrica ocorre, por exemplo, com gases biatômicos (H2, O2) sobre metais: Neste caso, a dissociação é responsável pelo aumento da atividade do gás devido à quebra da ligação entre os átomos da molécula gasosa, conforme esquematizado na Figura 5.4. No caso da adsorção de hidrogênio e oxigênio sobre metais como níquel e prata, permite-se reações de hidrogenação e oxidação de hidrocarbonetos. 5. QUIMISSORÇÃO 5.2. Adsorção com dissociação simétrica A2(g) + 2X(s) a d k k 2AX(ads) Figura 5.4. Quimissorção com dissociação simétrica A equação de Langmuir correspondente a esse tipo de adsorção pode ser obtida da equação estequiométrica (5.4) levando em consideração pelas hipóteses de Langmuir é uma etapa elementar. ra = kapA (1 - A) 2 rd = kd A 2 no equilíbrio temos ra = rd, ou seja: kapA (1 - A) 2 = kd A 2 5. QUIMISSORÇÃO 5.2. Adsorção com dissociação simétrica pK θ1 θ pK k pk θ1 θ Aa A A Aa d Aa 2 A 2 A pKpK1θ pKθ1θ AaAaAAaAA Aa Aa A pK1 pK θ (5.4) As curvas da equação (5.4) são semelhantes à equação (5.3) resultando em A maiores ou menores se K < 1 e K > 1, respectivamente. Alguns gases adsorvem sobre sólidos com dissociação assimétrica, ou seja, os fragmentos que são repartidos por dois sítios não são idênticos. Exemplo desse tipo de adsorção é a de parafinas sobre certos metais, como por exemplo o metano, que dá origem ao etano e hidrogênio: Para estas expressões vale onde B e C são os produtos da reação. 5. QUIMISSORÇÃO 5.3. Outros tipos de adsorção: dissociação assimétrica CH4(g) + 2X H3CX(ads) + HX(ads) ½ CH3-CH3(g) + ½ H2(g) + 2X AA 1A CB PK21 PK θθ Certas moléculas gasosas podem adsorver simultaneamente sobre vários sítios sem haver dissociação, como por exemplo o eteno e o monóxido de carbono Para este tipo de reações, onde a soma dos coeficientes estequiométricos dos sítios X em ambos os lados da equação não são idênticos, não é possível obter uma equação utilizando-se as hipóteses de Langmuir. 5. QUIMISSORÇÃO 5.4. Adsorção associativa CH2 = CH2 (g) + 2X XCH3 – H2CX(ads) C O M M C O (g) M2+ Como veremos mais adiante, é possível determinar quando um sistema apresenta quimissorção ou fisissorção, através do comportamento das isotermas. Entretanto, esse método não permite determinar o valor numérico das constantes de adsorção. Com essas duas finalidades, os métodos mais utilizados são os seguintes: 1º) Linearização das equações Para as reações com quimissorção simples, por exemplo, a equação encontrada foi a (5.3): Para linearizá-la podemos invertê-las: Mas 5. QUIMISSORÇÃO 5.5. Determinação das propriedades de quimissorção AA AA A pK1 pK θ 1 pK 1 θ 1 seja,ou , pK pK1 θ 1 AAAAA AA A mAAmAm A A A z 1 pKz 1 z 1 logo e z z θ 1 θ Por tanto, graficando-se 1/zA em função de 1/pA se a adsorção ocorrer por esse modelo, devemos obter os pontos alinhados em uma reata, cujo coeficiente angular é 1/KAzm e a intersecção no eixo y = 1/zm. No caso de adsorção com dissociação simétrica, chegamos à equação (5.4): que pode ser linearizada também pela inversão da função: Graficando-se portanto 1/zA em função de 1/pA 1/2, deve-se obter os pontos sobre uma reta se o modelo estiver correto. O coeficiente angular da reta será 1/KA 1/2 zm e a interseção 1/zm. O valor de zm nos indica o número de sítios ativos para a quimissorção. 5. QUIMISSORÇÃO 5.5. Determinação das propriedades de quimissorção Aa Aa A pK1 pK θ Aa Aa A pK pK1 θ 1 1 pK 1 θ 1 1/2 A 1/2 aA ou seja, e portanto m 1/2 A 1/2 a mA z 1 )p(K z 1 z 1 2º) Otimização das constantes A linearização das funções é um método bastante fácil para determinar o tipo de adsorção e o valor das constantes envolvidas. Entretanto, o maior problema desse método é que envolve geralmente a inversão ou logaritmização das funções originais, A ou pA. Isso pode significar um aumento do erro da medida onde ele é pequeno e inversamente, reduzi-lo onde ele é maior, podendo nos levar a alguns impasses (nenhum modelo se ajusta aos resultados) ou a conclusões falsas (o melhor modelo não é o indicado do ponto de vista químico pela linearização). 5. QUIMISSORÇÃO 5.5. Determinação das propriedades de quimissorção Para evitar essa mudança de variáveis, o método mais indicado é o de otimização das constantes, e entre eles o mais simples é dos mínimos quadrados. Ele consiste em minimizar a somatória das diferenças entre os valores experimentais yi e dos valores calculados pelo modelo y. Como algumas diferenças são negativas, minimiza-se então a função que é a somatória dos quadrados (todos para cima) das diferenças: = (yi – y) 2 = mínimo 5. QUIMISSORÇÃO 5.5. Determinação das propriedades de quimissorção Se o modelo possui dois parâmetros desconhecidos, por exemplo a e b, tal que y = f(x,a,b), o mínimo (ou o máximo) da função pode ser encontrado por: como = (yi 2 – 2 yiy + y 2), logo: porém yi são valores numéricos experimentais, e portanto, yi/a = 0 e a equação anterior fica: Ou seja, 5. QUIMISSORÇÃO 5.5. Determinação das propriedades de quimissorção 0 b φ e 0 a φ 0 a (y) a yy2 a y a φ 2i 2 i 0 a y 2y a y 2y i 0 b y y b y y i (5.5) Analogamente Se a função que queremos ajustar aos dados experimentais for uma reta, o método é conhecido por regressão linear, e y = axi + b. Portanto, logo, das equações (5.5) e (5.6) temos: (axi + b)xi - yixi = 0 e (axi + b) - yi = 0 5. QUIMISSORÇÃO 5.5. Determinação das propriedades de quimissorção (5.6) 0 b y y b y y 1 b y e x a y i desta equação podemos isolar b pois se temos n pontos axi + b = yi logo a xi + nb = yi e b = ( yi - a xi)/n a primeira equação, por outro lado, pode ser escrita como: (axi 2 + bxi) = yixi, logo a xi 2 + b yi = yi xi e substituindo b 5. QUIMISSORÇÃO 5.5. Determinação das propriedades de quimissorção Finalmente, substituindo o valor de a na expressão de b este último ficará também determinado. O parâmetro indicativo do ajuste de nosso modelo aos resultados experimentais é o coeficiente de correlação r2, definido como: 0 < r2 < 1 5. QUIMISSORÇÃO 5.5. Determinação das propriedades de quimissorção iii ii2 i xyx n xa n y xa /n xyxy n xa xa iiii i 2 2 i /nxx /nxyxy a i 22 i iiii , ou seja 2 i 2 i2 yy yy 1r onde o numerador da fração corresponde à soma dos resíduos da função y em relação aos pontos experimentais yi e o denominador a soma dos resíduos em relação ao ponto médio. Quanto mais próximo r2 estiver da unidade melhor é a correlação entre o modelo e os pontos experimentais. Uma boa correlação é sempre superior a 0,99. Para uma correlação linear: 5. QUIMISSORÇÃO 5.5. Determinação das propriedades de quimissorção /nyy /nxx /nxyxy r i 22 ii 22 i 2 iiii2 Embora o modelo de Langmuir se apresente válido para muitos sistemas com quimissorção, ele não é um modelo válido para todos os sistemas desse tipo. Freundlich, muito antes de Langmuir, havia realizado estudos de adsorção em fase líquida encontrando que alguns sistemas seguiam a relação: Entretanto, seus resultados não tiveram muita aceitação pois era uma equação empírica, sem nenhum embasamento teórico. Hoje, entretanto, podemos ver que este é um caso particular da adsorção com dissociação (equação 5.4) ou de (fraca adsorção ou baixa pressão). 5. QUIMISSORÇÃO 5.6. Outros modelos de quimissorção A = KA pA 1/n, com n > 1 (5.7) Aa Aa A pK1 pK θ Por outro lado, Temkin encontrou que a isoterma de Langmuir não representava bem a adsorção de N2 sobre Fe metálico, sendo seus resultados melhor representados pela equação: A = KA ln (a pA), válida para 0,2 < A < 0,8 (5.8) Assim, conforme o sistema, uma determinada equação preenche melhor os resultados de adsorção, como mostra a tabela a seguir. 5. QUIMISSORÇÃO 5.6. Outros modelos de quimissorção Tabela 5.1. Modelos adequados para a quimissorção de alguns sistemas. 5. QUIMISSORÇÃO 5.6. Outros modelos de quimissorção Langmuir Freundlich Temkin gás sólido gás sólido gás sólido H2 O2 CHCH Cu Mn Ni H2 N2 CH2=CH2 W W Ni H2 O2 H2 Fe Fe Rh A principal falha do modelo de Langmuir para quimissorção se deve à suposição de que os sítios são igualmente ativos, independentemente do sólido. Em decorrência, a entalpia de adsorção depende do grau de cobertura, ou em outras palavras, moléculas já adsorvidas não interferem na adsorção dos sítios que lhe são vizinhos. A demonstração que a primeira hipótese não é verdadeira em sólidos reais foi realizada pela primeira vez em 1950 por Kummer e Emmett, que realizaram a adsorção de C12O e C14O (radioativo) sobre catalisador de ferro metálico de duas formas diferentes e será estudada mais adiante através da dessorção do adsorbato para patamares de temperatura. 5. QUIMISSORÇÃO 5.6. Outros modelos de quimissorção A segunda hipótese de Langmuir, de que a entalpia de adsorção não depende do grau de cobertura, também tem-se mostrado falha seja por decorrência da existência de sítios de diferentes atividades, ou por interferência das moléculas já adsorvidas nos sítios que ainda se encontram desocupados. Em ambos os casos, devemos observar uma diminuição da entalpia de adsorção com o grau de cobertura. Já que as primeiras moléculas adsorverão nos sítios mais fortes e poderão dificultar a adsorção das partículas. Esquematicamente observa-se na prática uma variação na entalpia (Figura 5.5) 5. QUIMISSORÇÃO 5.6. Outros modelos de quimissorção 1.Entalpia constante independente do grau de cobertura sugerindo o modelo de Langmuir. 2. Entalpia decrescente linearmente com o grau de cobertura conforme o modelo de Temkin exponencialmente. 3. Entalpia decrescente logaritmicamente com o grau de cobertura, como previsto pelo modelo de Freundlich. 5. QUIMISSORÇÃO 5.6. Outros modelos de quimissorção Figura 5.5. Modelos de entalpia de adsorção em função do grau de cobertura, > 0 Embora os sistemas reais não se comportem exatamente como os três modelos acima, o interessante é que as equações de Temkin e de Freundlich podem ser obtidas a partir da equação de Langmuir se admitirmos que as entalpias de adsorção variam com o grau de cobertura conforme o segundo e terceiro modelos, respectivamente. Para isso admitimos: a) Os zm sítios podem ser divididos em i tipos, cada um dos quais possuindo uma determinada entalpia de adsorção, Hi. b) Cada tipo de sítio possui um número ni de sítios com a mesma entalpia Hi. c) A isoterma de Langmuir é válida para cada tipo de sítio. 5. QUIMISSORÇÃO 5.6. Outros modelos de quimissorção d. A constante de equilíbrio de adsorção varia com a entalpia de adsorção segundo a lei de Arrhenius. Assim sendo, temos para cada tipo de sítio, i: 5. QUIMISSORÇÃO 5.6. Outros modelos de quimissorção pi o pi o i /RTΔH eK1 /RTΔH eK θ i ii A n θn θ e para todos os sítios Se admitirmos uma função de distribuição N, para ni, temos m i A z θ 0 θ d N θ Pode-se provar que supondo-se uma distribuição linear ou exponencial da entalpia chega-se às equações representadas pelas isotermas de Temkin e Freundlich, respectivamente.
Compartilhar