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Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Introdução O zinco(do alemão Zink) é um elemento químico de símbolo Zn, número atômico 30 (30 prótons e 30 elétrons) com massa atómica 65,4 uma. À temperatura ambiente, o zinco encontra-se no estado sólido. As ligas metálicas de zinco têm sido utilizadas durante séculos - peças de latão datadas de 1000-1400 a.C. foram encontrados na Palestina , e outros objetos com até 87% de zinco foram achados na antiga região da Transilvânia. A principal aplicação do zinco - cerca de 50% do consumo anual - é na galvanização do aço ou ferro para protegê-los da corrosão, isto é, o zinco é utilizado como metal de sacrifício (tornando-se o ânodo de uma célula, ou seja, somente ele se oxidará). 2 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Introdução Ele também pode ser usado em protetores solares, em forma de óxido, pois tem a capacidade de barrar a radiação solar. O zinco é um elemento químico essencial para a vida: intervém no metabolismo de proteínas e ácidos nucleicos, estimula a atividade de mais de 100 enzimas, colabora no bom funcionamento do sistema imunológico, é necessário para cicatrização dos ferimentos, intervém nas percepções do sabor e olfato. Foi descoberto pelo alemão Andreas Marggraf em 1746. 3 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Características O zinco é um metal, às vezes classificado como metal de transição ainda que estritamente não seja, apresenta semelhanças com o magnésio e o berílio além dos metais do seu grupo. Este elemento é pouco abundante na crosta terrestre, porém pode ser obtido com facilidade. É um metal de coloração branca azulada que arde no ar com chama verde azulada. 4 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Características O ar seco não o ataca, porém, na presença de umidade, forma uma capa superficial de óxido ou carbonato básico que isola o metal e o protege da corrosão. Praticamente o único estado de oxidação que apresenta é 2+. Reage com ácidos não oxidantes passando para o estado de oxidação 2+ e liberando hidrogênio, e pode dissolver-se em bases e ácido acético. O metal apresenta uma grande resistência à deformação plástica a frio que diminui com o aquecimento, obrigando a laminá-lo acima dos 100 °C. 5 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Principais Minérios Os principais minérios de Zinco são: • Blenda - ZnS • Zincita - ZnO • Smithsonita - ZnCO3 • Willemita - ZnSiO3.ZnO • Calamina - ZnSiO3.Zn(OH)2 • Franklinita - xFeZnO4.yMn3ZnO4 • Marmatita - xFeS.yZnS. 6 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Principais Minérios Embora os minérios puros tenham alta percentagem de Zn, os minérios sulfetados nunca têm mais de 7% de Zn, ao passo que os oxidados raramente excedem 20% de Zn. Deve-se considerar que a concentração de sulfetados é bem mais fácil. • Geralmente por flotação Composição típica de um concentrado de blenda: • Zn - 60%; S - 30%; SiO2 - 3%; Fe - 2%; CaO - 1%; MgO - 0,5%; Ni, Cu, Co, Al, As e Sb. 7 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ocorrência As reservas mundiais cuja exploração é economicamente viável ultrapassa a casa dos 220 milhões de toneladas, a maior parte nos Estados Unidos , Austrália, China e Cazaquistão. As reservas mundiais (incluindo aquelas cuja extração atualmente não é viável) são estimadas em 2000 milhões de toneladas. A produção mundial foi em 2003, segundo dados da Agência de Prospecção Geológica dos Estados Unidos (US Geological Survey) de 8,5 milhões de toneladas, liderada pela China com 20% e Austrália com 19%. Estima-se que um terço do zinco consumido é reciclado. 8 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Beneficiamento A produção do zinco começa com a extração do mineral que pode ser realizada tanto a céu aberto como em jazidas subterrâneas. Os minerais extraídos são triturados e, posteriormente, submetidos a um processo denominado flotação para a obtenção do mineral concentrado. Os minerais com altos teores de ferro são tratados por via seca. O concentrado é queimado (calcinação) para transformar o sulfeto em óxido, que recebe a denominação de calcina. O óxido obtido é reduzido com carbono produzindo o metal (o agente redutor na prática é o monóxido de carbono formado). 9 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Beneficiamento As reações por etapas são: • Por via úmida o minério é calcinado (queimado) para a obtenção do óxido, posteriormente lixiviado com ácido sulfúrico diluído. • A lixívia obtida é purificada para a separação dos diferentes componentes, principalmente o sulfato de zinco. • O sulfato é submetido a um processo de eletrólise com ânodo de chumbo e cátodo de alumínio, sobre o qual se deposita o zinco, formando placas de alguns milímetros. • O zinco obtido é fundido e lingotado para sua comercialização. Como subprodutos, diferentes metais são obtidos, como mercúrio, cádmio, ouro, prata, cobre e chumbo, em função da composição dos minerais. O dióxido de enxofre obtido na calcinação é usado para produzir o ácido sulfúrico utilizado na lixiviação. O excedente é comercializado. 10 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Metalurgia Extrativa O zinco funde a 419oC e entra em ebulição a 905oC, a fusão à mate não seria possível pois o ZnS sublima-se a 1900oC, aí o ponto de fusão de qualquer mate seria superior à temperatura de ebulição do zinco. A redução direta dos sulfetos pelo C ou CO só se realizaria a altas temperaturas, sendo industrialmente impraticáveis. Também os sulfetos não são diretamente solúveis no ácido sulfúrico ou em outro solvente usual. Resta então, para os sulfetos de zinco, iniciar-se pela ustulação. 11 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Metalurgia Extrativa Teríamos então: • ustulação letal a ZnO, • redução do ZnO pelo C ou CO. (pirometalurgia). Mas poder-se-ia optar pela via hidrometalúrgica nas condições seguintes: • Ustulação parcial a ZnSO4 que é solúvel até na água ou dissolução do ZnO (ustulado) no ácido sulfúrico. Os minérios oxidados como a zincita (ZnO) ou a smithsonita (ZnCO3) podem ser tratados por via hidrometalúrgica ou pirometalúrgica. A smithsonita deve ser previamente calcinada: ZnCO3 ZnO + CO2 12 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Metalurgia Extrativa A via hidrometalúrgica, quando aplicada aos minérios silicatados (calamina e willemita), necessitam tratamento especial para floculação da sílica coloidal, formada pela decomposição do ácido silícico, resultante do ataque dos silicatos pelo ácido sulfúrico. ZnSiO3.Zn(OH)2 + 2H2SO 2ZnSO4 + H2SiO3 + 2H2O H2SiO3 SiO2 + H2O A SiO2 coloidal é floculada com Al2(SO4) e pode ser retida num filtro. 13 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Colóide? Em química, colóides (ou sistemas coloidais), são, na verdade, misturas heterogêneas em que o diâmetro médio das partículas do disperso se encontra na faixa de 10 a 1000 angstroms. É uma dispersão, é quando substâncias que não são solúveis e naturalmente se apresentariam como uma solução heterogênea, mas por um processo de mistura diferenciado acabam se agregando as moléculas da água, 14 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro MetalúrgicoUstulação A ustulação do Sulfeto de Zinco pode ser feita de duas maneiras: • Parcial: ZnS + 2O2 ZnSO4 (solúvel até na água) • Letal (ou à morte): ZnS + ½ O2 ZnO + SO2 O SO2 destina-se a fabricação do H2SO4 , utilizado na lixiviação do ZnO. esponja de Pt SO2 + ½O2 SO3; ou V2O5 SO3 + H2O H2SO4 15 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ustulação A temperatura de ustulação não pode ser muito elevada, senão poderá haver: • Formação de filmes pastosos (fusão incipiente, migração de enxofre) que impedem ou retardam a ação ustulante do oxigênio; • Formação de ZnO.Fe2O3, composto de grande estabilidade química, não redutível pelo CO e de difícil solubilização pelo H2SO4. 16 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ustulação Controla-se a temperatura adicionando, se necessário, enxofre na carga para elevá-la e água para diminuí-la. Se o diâmetro médio das partículas do concentrado for em torno de 1mm a ustulação inicia-se a 650oC, se for 2mm a 800oC, mas como o concentrado vem da flotação, médio < 48# (40 m). 17 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Ustulação Partículas menores expõem maior superfície à ação ustulante do O2 , diminuindo assim eventual retardamento devido a ação de bloqueio do ZnO formado na superfície das partículas. 18 ZnS ZnO ZnO Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Redução do ZnO Opera-se em temperaturas elevadas por questões cinéticas. ZnO(s) + C(s) Zn(g) + CO(g); ΔH o = 54 kcal Reação endotérmica com alto consumo de combustível. Reagentes sólidos - mistura compatível. Produtos gasosos - influência vigorosa no equilíbrio. 19 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Redução do ZnO A temperatura de redução do ZnO pelo C é 950oC quando Pzn + PCO = 2atm, mas quando esta soma é 1atm, a temperatura de redução desce para 897oC. De qualquer maneira usa reduzir o ZnO acima de 1000oC, pois nessas condições a reação assume velocidades mais elevadas. 20 Go (kJ) -600 400 800 oC Tf Zn Teb Zn 950oC 2Zn + O2 2ZnO 2C + O 2 2CO Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Redução do ZnO Uma reação secundária altamente indesejável que tende a ocorrer é: Zn + CO2 ZnO + CO, mas o CO pode se decompor em presença do C. 2CO CO2 + C. Deve-se então: • Utilizar C em excesso para consumir o CO2 formado; • Operar em temperaturas mais elevadas, que tornam mais difícil a reação: Zn + CO2 ZnO + CO (reação exotérmica); • Resfriar rapidamente a mistura gasosa para diminuir o tempo de contato do Zn com o CO2. 21 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Redução do ZnO A condensação do vapor é uma transformação exotérmica, deve-se então procurar realizá-la sobre um núcleo que possa absorver o calor desenvolvido, dissipando-o. 22 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Hidrometalurgia do Zn Como já mencionado, a hidrometalurgia do Zinco é recomendável para minérios oxidados pois são atacados pelo ácido sulfúrico. As principais etapas são: • Ustulação • Lixiviação • Purificação da Solução • Eletrólise 23 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Lixiviação A lixiviação se dá segundo a reação: ZnO + H2SO4(s) ZnSO4(s) + H2O Simultaneamente com o Zn algumas impurezas também se solubilizam: sílica, alumina, óxidos de Fe, Sb, As, Ni, Cu, Cd, Co, Pb, Ag, ... • Os óxidos são provenientes do minério ou formados durante a ustulação. Muitas impurezas são precipitadas pela simples neutralização da solução ácida. Este excesso de H2SO4 é neutralizado pela adição de mais ustulado. Outras impurezas necessitam tratamento especial para eliminá-las. 24 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Purificação da Solução Uma vez neutralizada a solução, adiciona-se bióxido de manganês que transforma o Fe do sulfeto ferroso em sulfato férrico. 2 FeSO4 + H2SO4 + MnO2 Fe2(SO4)3 + MnSO4 + 2 H2O O sulfato férrico formado transforma-se em hidróxido de ferro que age como floculante do As e do Sb. Fe2(SO4)3 + 3 ZnO + 3 H2O 3 ZnSO4 + 2 Fe(OH)3 ustulado a mais, para a neutralização. 25 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Purificação da Solução Após a filtragem iniciam-se novos estágios de purificação: • Para eliminar o Cu, Cd, Ni, parte do Co e Al, Sb, As remanescente, adiciona-se Zn em pó visando cementação; 26 Zn Zn++ Cu++, Cd++, Ni++ Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Purificação da Solução • Para eliminar o Co remanescente adiciona-se alfa-nitroso-beta- naftol que com ele forma um complexo que precipita em seguida; • Eliminam-se os íons Cl-, eventualmente presentes na solução, adicionando gotas de Ag2SO4, pois os mesmos iriam, dificultar a descascagem dos cátodos, após a eletrólise; 2 Cl- + Ag2SO4 2 AgCl + SO4 -- ppt Filtrada, a solução de ZnSO4, agora límpida está pronta para a eletrólise 27 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Eletrólise A eletrólise do Zinco se da segundo as reações abaixo, recuperando o Zn do banho. ZnSO4 Zn ++ + SO4 = Reação Catódica.: Zn++ + 2e- Zn • O Zn depositado na folha de Al é descascado a cada 24 h. Reação Anódica.: SO4 = - 2e- (SO4) o (SO4) o + H2O H2SO4 + ½O 2 28 G + - SO4 = Zn++ O2 Pb com 0,75% de Ag Placa de Al Zn que vai para fusão Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Eletrólise Para obter Zn com 99,99% de pureza e com kWh/ton de Zn, teremos: • V = 3,5 V • dc = 315 A/m 2 • I = 7000 A • c = 92 % 29 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico Tipos de Zinco Os tipos de zinco obtidos se classificam segundo a norma ASTM em função da sua pureza: • SHG, Special High Grade (99,99%) • HG, High Grade (99,90%) • PWG Prime Western Grade (98%) A norma EN 1179 considera cinco níveis (Z1 a Z5) com teores de zinco entre 99,995% e 98,5%, existindo normas equivalentes no Japão e Austrália. Para harmonizar todas as normas a ISO publicou em 2004 a norma ISO 752 regulando a classificação e requisitos necessários em relação ao zinco. 30 Prof. Brenno Ferreira de Souza – Engenheiro Metalúrgico OBRIGADO! Niquelândia, 2011 brenno.senai@sistemafieg.org.br 31
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