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O PODER LEGISLATIVO & O PODER JUDICIÁRIO No Brasil, o Poder Legislativo é exercido tanto através da União – Congresso Nacional - , como dos estados – Assembleias Legislativas – e dos municípios – Câmaras Municipais. Somente no caso da União o sistema é bicameral, sendo o Congresso nacional composto de Senado Federal e Câmara dos Deputados. Ao Poder Legislativo compete legislar e fiscalizar o estado. Por legislar se entende a capacidade de fazer, alterar, emendar e revogar as leis do estado. O papel de fiscalizar importa na fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Poder Executivo (CF, art. 70). Essas são as funções típicas do Poder Legislativo. As funções atípicas são as de administrar e julgar. A primeira, quando dispõe sobre sua organização e operacionalidade interna, provimento de cargos, promoção de seus servidores; a de julgar ocorre no processo e julgamento do Presidente da República por crime de responsabilidade. O CONGRESSO NACIONAL (art. 44 a 50) O Poder Legislativo Federal, como dissemos retro, é bicameral, vale dizer, é composto de duas Casas Legislativas, o Senado Federal e a Câmara dos Deputados. Esse bicameralismo decorre da forma federativa do estado brasileiro, onde o Senado representa, de forma paritária, todos os estados brasileiros e o Distrito Federal, consagrando o equilíbrio da Federação. Demais disso, reforça a ideia de que os estados-membros são realmente partícipes ativos da formação da vontade nacional. O Congresso Nacional é dirigido por uma mesa, presidida pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, de forma alternada, pelos cargos equivalentes na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Assim, o 1º Vice-Presidente do Congresso será o 1º Vice-presidente da Câmara, o 2º vice, o 2º vice-presidente do Senado, e assim sucessivamente. CÂMARA DOS DEPUTADOS (art. 51) É a casa legislativa integrada por representantes do povo, eleitos de forma direta pelo sistema proporcional, em cada estado, e no Distrito Federal (e nos Territórios que vierem a ser criados). A CF determina o número máximo de 70 e mínimo de 8 cadeiras por estado na Câmara Federal. Assim, estados menos populosos, como Acre e Amapá, por exemplo, que tem 8 cadeiras na Câmara Federal, acabam super-representados enquanto outros, como São Paulo, por exemplo, com uma população muitas e muitas vezes maior que o estado do Acre, pode ter apenas 70 cadeiras. À Câmara Federal compete, privativamente: > autorizar, por 2/3 de seus membros, a instauração de processo contra o presidente e o vice-presidente da República e os ministros de Estado; > proceder à tomada de contas do presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de 60 dias após a abertura da sessão legislativa; > elaborar o seu regimento interno; > dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias; > eleger dois membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII. O SENADO FEDERAL (art. 52) É a casa legislativa composta de representantes dos estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. São três senadores por estado para cada unidade federativa, com mandato de 8 anos para cada um, eleitos alternadamente a cada quatro anos: em uma eleição elegem-se dois, e, na outra, elege-se um senador. Além das condições mínimas de elegibilidade, é exigido que o senador tenha a idade mínima de 35 anos. O Senado Federal possui a mesma relevância e força dada à Câmara dos Deputados, diferentemente do bicameralismo britânico onde o Senado tem uma função secundária. A competência privativa do Senado Federal encontra-se fixada no art. 52, incisos I a XIV, da Constituição Federal. O Congresso Nacional reúne-se anualmente, de maneira ordinária, de 2/02 a 17/07 e de 1º/08 a 22/12. Quando estas datas caem em sábados, domingos e feriados, as reuniões são transferidas para o primeiro dia útil subsequente. A Câmara e o Senado podem se reunir separadamente ou em conjunto, dependendo da situação prevista na CF. O Congresso Nacional vale dizer, a Câmara e o Senado atuando conjuntamente, somente atuam para os casos previstos na Constituição, em especial os mencionados no art. 57: a) inaugurar a sessão legislativa; b) elaborar o regimento comum e regelar a criação de serviços comuns às duas Casas; c) receber o compromisso do presidente e do vice-presidente da República; d) conhecer do veto e sobre ele deliberar. O Congresso Nacional organiza seus trabalhos por legislaturas, que tem a duração de 4 anos, coincidindo com o mandato do Deputado Federal. Cada legislatura possui 4 sessões legislativas ordinárias, constituindo o calendário anual dos trabalhos ordinários. O Congresso Nacional, à partir da emenda constitucional n° 50, de 14/02/2006, reúne-se, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro, diminuindo, assim, o recesso de meio e final de ano que antes totalizavam noventa dias, e que agora perfazem 55 dias. Fora desse período, o Congresso poderá se reunir em virtude de convocação extraordinária, por convocação do Presidente do Senado (em casos de decretação de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autorização para decretação de estado de sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente da República) – é a hipótese do inciso I, do §6º, do art. 57 – ou, ainda, por convocação do Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara e do Senado, ou a requerimento da maioria dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse público relevante, sendo que, neste último caso, mediante a aprovação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso Nacional (inciso II, do §6º, do art. 57). Observar que na sessão legislativa extraordinária o Congresso Nacional somente poderá deliberar sobre a matéria para a qual foi convocado, salvo se houver medidas provisórias em vigor na data da convocação, pois, neste caso, serão elas automaticamente incluídas na pauta da convocação, sobrestando as demais, vale dizer, as medidas provisórias terão que ser votadas antes mesmo daquelas constantes da convocação extraordinária. Por fim, a emenda constitucional de n° 50, em muito boa hora, acabou com o pagamento de parcela indenizatória em razão da convocação extraordinária. A FUNÇÃO FISCALIZADORA DO PODER LEGISLATIVO Como afirmado retro, o Poder Legislativo não se limita à elaboração das leis, mas exerce, também, função fiscalizadora sobre os atos do estado, através de controle externo (art. 70, CF). O Tribunal de Contas da União – TCU – é órgão auxiliar do Congresso Nacional, composto de 9 ministros, que, conquanto não devam ser considerados magistrados, gozam das mesmas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens do Ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). DAS COMISSÕES PARLAMENTARES (art. 58. CF). Os integrantes do Poder Legislativo não atuam apenas no plenário, mas também nas chamadas comissões parlamentares. Essas comissões dividem-se em permanentes e temporárias, e devem observar a proporcionalidade da representação partidária. Podem existir comissões, permanentes e temporárias, de cada uma das Casas do Congresso, e comissões conjuntas, também chamadas mistas. As atribuições das Comissões encontram- se dispostas no §2º, do art. 58. As Comissões temporárias são aquelas “criadas para apreciar determinado assunto, que se extinguem ao término da Legislatura, ou antes dele, quando alcançadoo fim a que se destinam ou expirado seu prazo de declaração” (Regimento Interno da Câmara, art. 22, II). COMISSÕES PARLAMENTARES DE INQUÉRITO Ao Parlamento incumbe, também, a investigação de fatos determinados e por prazo certo, mediante requerimento de 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal. As Comissões Parlamentares de Inquérito têm poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos de cada uma das Casas. As conclusões das Comissões Parlamentares de Inquérito devem ser encaminhadas ao Ministério Público para que este promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores. As comissões parlamentares devem estar submetidas aos princípios norteadores do Estado de Direito, de modo a não se converterem em instrumentos geradores de abuso de poder. Os poderes investigatórios das Comissões Parlamentares de Inquérito compreendem: possibilidade de quebra de sigilo bancário, fiscal e de dados; oitiva de testemunhas, inclusive com a possibilidade de condução coercitiva das testemunhas; ouvir investigados ou indiciados; realização de perícias e exames necessários à dilação probatória, bem como a requisição de documentos e busca de todos os meios de prova legalmente admitidos; determinar buscas e apreensões de documentos necessários às investigações. DO PROCESSO LEGISLATIVO Segundo previsão constitucional contida no artigo 59, o processo legislativo compreende a elaboração de: emendas à Constituição; leis complementares; leis ordinárias; leis delegadas; medidas provisórias; decretos legislativos; resoluções. Estas são as espécies normativas primárias, aquelas que retiram seu fundamento de validade diretamente da Constituição. Com exceção das emendas constitucionais, todas as demais espécies estão situadas no mesmo plano jurídico, cada qual dentro do seu próprio campo de atuação, inexistindo, assim, hierarquia entre elas. Daí que, na lição de Celso Ribeiro Bastos, “se uma espécie invadir campo de atuação de outra estará ofendendo diretamente a Constituição. Será inconstitucional”. E arremata o doutrinador, “o que distingue uma espécie normativa de outra são certos aspectos na elaboração e o campo de atuação de cada uma delas. Lei Complementar não pode cuidar de matéria de lei ordinária, da mesma forma que lei ordinária não pode tratar de matéria de lei complementar ou de matéria reservada a qualquer outra espécie normativa, sob pena de inconstitucionalidade”. O parágrafo único do artigo 59 determina que lei complementar disponha sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. Para esse efeito foi promulgada a LC nº 95, em 26/02/98. DA EMENDA CONSTITUCIONAL - Segundo Alexandre de Moraes, “O legislador constituinte de 1988, ao prever a possibilidade de alteração das normas constitucionais através de um processo legislativo especial e mais dificultoso que o ordinário, definiu nossa Constituição Federal como rígida, fixando-se a ideia de supremacia da ordem constitucional”. A emenda constitucional, assim, situa-se em um plano acima das demais espécies normativas, uma vez que, após a sua aprovação através de processo legislativo específico, ela adquire a mesma natureza jurídica e o mesmo posicionamento hierárquico das normas constitucionais originárias. A emenda constitucional sofre limitações expressas, de natureza formal, circunstancial, e substancial (ou material) em razão das vedações e limitações que foram impostas pelo legislador constituinte; e, para alguns doutrinadores, limitações implícitas, que são aquelas que visam a assegurar a efetividade das cláusulas pétreas. LIMITAÇÕES - FORMAIS (art. 60, caput, §2º e 3º): decorrem do modelo rígido da nossa Constituição que somente pode ser emendada através da iniciativa de um 1/3 da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal. Demais disso, pode ser de iniciativa do presidente da República, e por mais da metade das Assembleias Legislativas dos estados-membros, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. A proposta de emenda constitucional necessita ser discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, 3/5 dos votos dos respectivos membros. É dizer, necessita ter 3/5 dos votos favoráveis da Câmara dos Deputados e 3/5 dos votos favoráveis do Senado Federal. Aprovada a emenda constitucional, ela é levada à fase imediatamente seguinte, de promulgação conjunta pelas duas casas legislativas, com o respectivo número de ordem, e publicação, não cabendo veto e nem sanção presidencial. CIRCUNSTANCIAIS: são limitações vigentes em determinadas situações, anormais e excepcionais, do país (encontram-se previstas no art. 60, §§ 1º e 5º). Assim, a Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal em qualquer estado-membro, de estado de defesa ou de estado de sítio. De igual modo, a proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser reapresentada na mesma sessão legislativa, somente na sessão seguinte, vale dizer na sessão legislativa do ano seguinte. SUBSTANCIAIS OU MATERIAIS (art. 60, §4º): são as limitações fixadas pela própria Constituição na fixação das chamadas cláusulas pétreas. Assim, não será objeto de deliberação a proposta de emenda constitucional tendente a abolir: a forma federativa de estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos poderes; os direitos e garantias individuais. Demais disso, decidiu o Supremo Tribunal Federal na Adin nº 939/7-DF, ser cláusula pétrea a garantia constitucional assegurada ao cidadão no art. 150, III, b, da CF – princípio da anterioridade tributária – ao argumento de que emenda constitucional que vise a abolir o princípio da anterioridade tributária fere direitos e garantias individuais constitucionalmente assegurados. DA LEI COMPLEMENTAR - Trata-se de, em verdade, um desdobramento da norma constitucional, como procedimento legislativo próprio e matéria reservada. A lei complementar existe em razão da necessidade estabelecida pelo legislador constituinte de que certas e determinadas matérias sejam regulamentadas, e que essa regulamentação se dê de forma mais solene que através de lei ordinária. A lei complementar exige quorum qualificado de maioria absoluta, vale dizer, da maioria da totalidade dos membros de cada Casa Legislativa do Congresso Nacional. A lei complementar não pode contrariar a Constituição, estando abaixo das normas constitucionais originárias e derivadas, e, para alguns juristas, está acima da lei ordinária, da medida provisória e da lei delegada, sendo inválidas quando a contradigam. Esse é o entendimento, por exemplo, de Miguel Reale, que coloca a lei complementar como um “tertium genus de leis, que não ostentam a rigidez dos preceitos constitucionais, nem tampouco devem comportar a revogação (perda da vigência) por força de qualquer lei ordinária superveniente”118. Esse entendimento de que a lei complementar encontra-se acima das leis ordinárias (e delegadas e das medidas provisórias) é rechaçado por outra grande parte da doutrina, Celso Ribeiro Bastos à frente, ao argumento de “lei complementar não pode cuidar de matéria de lei ordinária, da mesma forma que lei ordinária não pode tratar de matéria de lei complementar”. A lei complementar pode ser de iniciativa do presidente da República, tal como a qualquer deputado ou senador, assim como tem ele o direito de vetar os projetos de lei complementar. DA LEI ORDINÁRIA - Trata-se de norma legal de caráter genérico e abstrato, de âmbito bastante abrangente. A iniciativa de lei ordinária cabe a qualquer parlamentar ou comissão, ao presidente da República, ao STF, aos Tribunais Superiores,ao procurador-geral da República e aos cidadãos, sob a forma de iniciativa popular. As leis ordinárias são aprovadas pela maioria simples de votos, vale dizer, maioria simples dos presentes no momento da votação, desde que presentes mais de 50% dos membros da casa legislativa. Assim, a lei complementar diferencia-se da lei ordinária em dois aspectos o material e o formal. No que respeita ao aspecto material, o alcance da lei ordinária é residual ou por exclusão – o que não for matéria de lei complementar –; no aspecto formal, a lei complementar exige maioria absoluta e a lei ordinária exige maioria simples para sua aprovação. DA LEI DELEGADA - É ato normativo elaborado e editado pelo presidente da República por delegação expressa do Congresso Nacional através resolução, depois de prévia solicitação do chefe do poder Executivo. A resolução do Congresso que delegar competência ao presidente da República para editar uma lei especificará o seu conteúdo e os termos do seu exercício (art. 68, §2º). A lei delegada tem sua natureza jurídica igual às demais previstas no art. 59 da CF. Nem todas as matérias são passíveis de delegação legislativa ao presidente da República. As vedações estão explicitadas no art. 68, §1º, I ao III. São elas: os atos de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; a matéria reservada a lei complementar; a legislação sobre: a) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; b) nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; c) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. Como se observa, é reduzida a possibilidade de edição de lei delegada pelo presidente da República, mesmo porque a medida provisória vem sendo utilizada abusivamente pelo Poder Executivo, sem as limitações estabelecidas pela lei delegada. A lei delegada não depende de sanção presidencial, uma vez que já é elaborada e editada pelo próprio presidente da República, e não teria sentido lógico ele vetar o que elaborou. DA MEDIDA PROVISÓRIA - O antecedente imediato das medidas provisórias, no direito pátrio, é o decreto-lei, excrescência jurídica previsto na Constituição anterior, larga e abusivamente utilizado pelo presidente da República. A medida provisória é “um instrumento jurídico potencialmente autoritário, haja vista a subjetividade dos elementos condicionantes da elaboração normativa permitirem um vasto grau de atuação política por parte do Chefe do Poder Executivo”120. A Constituição Federal, em seu art. 62, estabelece que, em caso de urgência ou relevância, o presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las ao Congresso Nacional. Com essa autorização constitucional vinha a Presidência da República, desde a promulgação da nova Carta Constitucional, abusando da edição de medidas provisórias, usurpando, assim, do Poder Legislativo a atividade de legislar, haja vista que a única vedação que existia, inserida pela Emenda Constitucional nº 6, de 15/08/95, foi a de vedar a adoção de medidas provisórias para regulamentar artigo da Constituição cuja redação tivesse sido alterada por meio de emenda promulgada a partir de 1995. Com a Emenda Constitucional nº 32, de 11/09/2001, importantes modificações foram introduzidas no texto constitucional limitando a edição de medidas provisórias pelo Poder Executivo. A partir de então as medidas provisórias não mais poderão versar sobre as seguintes matérias: nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; direito penal e processual penal e civil; organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvadas os necessários ao atendimento de despesas imprevistas e urgentes, como por exemplo, as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública; que vise à detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro; as reservadas a lei complementar; a já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. A medida provisória que não for aprovada, e, em consequência, convertida em lei, no prazo de 60 dias contados da sua publicação, prorrogável uma única vez por igual período, perde a sua eficácia desde a sua edição (efeito ex tunc), situação em que o Congresso Nacional deverá disciplinar, através de decreto legislativo, as relações jurídicas dela decorrentes. O prazo de 60 dias acima referido é suspenso com o advento dos períodos de recesso parlamentar. Na hipótese de não ser editado o decreto legislativo até 60 dias após a rejeição ou perda de eficácia da medida provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos praticados durante a sua vigência conservar-se-ão por ela regidas (CF, art. 62, §11). Trata-se, como afirma com propriedade o Professor Alexandre de Moraes, de “retorno envergonhado dos efeitos ex nunc resultantes da rejeição do antigo Decreto-lei, que possibilitavam a manutenção da vontade unilateral do Presidente da República, mesmo tendo sido rejeitada pelo Congresso Nacional”. Se a medida provisória não for apreciada em até 45 dias contados da sua publicação, entrará em regime de urgência, subseqüentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando (CF, art. 62, §6º). O § 10, do artigo 62, da CF, veda de forma expressa a possibilidade de reedição, na mesma sessão legislativa, vale dizer, na sessão legislativa do mesmo ano, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido a sua eficácia por decurso de prazo. A medida provisória, antes de ser apreciada em sessão separada pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional, será examinada pela Comissão Mista de Deputados e Senadores, que sobre ela emitirá parecer (CF, art. 62, §9º). A votação da medida provisória tem início na Câmara dos Deputados (§8º). Caso seja apresentado um projeto de lei de conversão, alterando o texto original da medida provisória, esta se mantém integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o referido projeto (§ 12). DO DECRETO LEGISLATIVO - Trata-se de ato praticado pelo Congresso Nacional que prescinde de sanção ou veto presidencial, muito embora o seu processo de elaboração seja o mesmo para a elaboração de lei ordinária. Enquadra-se como espécie normativa que trata de matérias de competência exclusiva do Congresso Nacional, dispostas no artigo 49, do Texto Constitucional, dentre os quais se destacam: resolver sobre tratados, acordos ou atos internacionais; autorizar o presidente da República a declarar guerra e celebrar a paz; autorizar a ausência do país do presidente e do vice-presidente da República, se superior a 15 dias; aprovar o estado de defesa e a intervenção federal; autorizar o estado de sítio; fixar os subsídios para deputados, senadores, presidente e vice-presidente da República e ministros de estado; julgar as contas do presidente da República; escolher 2/3 dos membros do Tribunal de Contas da União. O decreto legislativo não se presta, como observado, à elaboração de normas gerais e abstratas, mas de normas específicas, individuais de sua competência exclusiva. A promulgação do decreto legislativo é da competência do presidente do Senado Federal. DA RESOLUÇÃO - É ato do Congresso Nacional ou de qualquer de suas casas, separadamente, destinado a regular matéria interna de sua competência. Excepcionalmente produz efeito externo,como a que dispõe sobre a delegação legislativa ao Presidente da República (CF, art. 68). Tem procedimento inteiramente diferente da elaboração de leis, e não depende de sanção presidencial e nem se sujeita ao seu veto, cabendo ao Regimento Interno do Congresso Nacional e de cada uma das Casas Legislativas a sua disciplina. A promulgação de resolução do Congresso Nacional é feita pela Mesa do Senado Federal. Se for expedida por uma das Casas Legislativas, a promulgação será feita pela Mesa respectiva. DO PODER JUDICIÁRIO Ente autônomo que tem como objetivo a aplicação contenciosa das leis aos casos particulares122. É a sua função típica. As suas funções atípicas são aquelas de natureza administrativa – cuidar da sua própria administração, conceder férias aos seus integrantes, elaborar orçamento, etc – e legislativa – propor leis de interesse do Poder Judiciário, como por exemplo, as normas regimentais. O Poder Judiciário é o sustentáculo do Estado Democrático de Direito, pois é quem garante a devida separação entre os poderes e a proteção dos direitos individuais e coletivos. Conceito de Magistrado: é aquele que, a título perpétuo ou temporário, encontra-se investido do poder de julgar. É o aplicador da lei, sendo o seu objetivo precípuo a realização da justiça. O Poder Judiciário brasileiro encontra-se organizado no título IV, capítulo III, da Constituição Federal, com as alterações introduzidas pela Emenda Constitucional n° 45, de 8/12 2004. O capítulo IV, complementar ao capítulo III, versa sobre os órgãos promotores dos interesses múltiplos e juridicamente protegidos, ou seja, o Ministério Público, a Advocacia Pública (da União), e Advocacia e a Defensoria Pública. Diferentemente do que ocorre na França, onde o Ministério Público integra o Poder Judiciário, entre nós o Ministério Público é órgão do Poder Executivo, embora expressamente reconhecido como essencial no exercício da função jurisdicional do estado. O Poder Judiciário brasileiro, mantendo a tradição federalista inaugurada com a Constituição de 1891, encontra-se disposto em um duplo aspecto federal e estadual. Em razão da competência outorgada pela Constituição Federal, existe, também, a dualidade de justiças, a comum e a especializada, esta prestando atendimento jurisdicional nas áreas militar, eleitoral e trabalhista. GARANTIAS DO PODER JUDICIÁRIO - Para que os magistrados possam exercer tão importantes atribuições e deveres faz-se necessária a existência de garantias constitucionais de modo a salvaguardar a sua independência e imparcialidade. Essas garantias do Judiciário podem ser divididas em garantias institucionais do Poder e garantias aos membros do próprio Poder. As garantias institucionais dizem respeito à independência do Poder Judiciário nas suas relações com os demais Poderes. Alexandre de Moraes, a respeito das garantias institucionais da magistratura, assim define: “Tão importante são as garantias do Poder Judiciário, que a própria constituição considera crime de responsabilidade do Presidente da República atentar contra seu livre exercício, conforme o art. 85, pois como afirma Carlos S. Fayt, as imunidades da magistratura não constituem privilégios pessoais, mas relacionam-se com a própria função exercida e o seu objeto de proteção contra os avanços, excessos e abusos dos outros poderes em benefício da Justiça e de toda a Nação. A magistratura se desempenha no interesse geral e suas garantias têm fundamento no princípio da soberania do povo e na forma republicana de governo, de modo que todo avanço sobre a independência do Poder Judiciário importa em um avanço contra a própria constituição”. São garantias institucionais: 1) Autonomia funcional, administrativa e financeira do Poder Judiciário (CF, art. 99) – é a primeira garantia institucional do Judiciário. Essa garantia assegura aos Tribunais o autogoverno, garantindo-lhes o direito de elaborar suas próprias propostas orçamentárias, dentro dos limites previamente estipulados com os demais Poderes na lei de diretrizes orçamentárias. Além disso, o Poder Judiciário é quem organiza administrativamente a sua secretaria e serviços auxiliares necessários ao desempenho de suas atividades; dá provimento, na forma prevista na própria Constituição e no Estatuto da Magistratura, aos cargos de juiz de carreira; propõe a criação de novas varas; concede licenças prêmio, sem vencimento, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores, etc.; 2) Modo de escolha dos dirigentes dos Tribunais – a CF assegura aos Tribunais a competência para eleger os seus órgãos diretivos, sem qualquer ingerência dos demais Poderes. As garantias aos membros do poder judiciário podem ser de duas naturezas: a) Garantias de liberdade: 1) Vitaliciedade – é o direito que tem o magistrado de ser mantido no cargo, após o cumprimento do estágio probatório (3 anos), dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, quando condenado em processo judicial através sentença transitada em julgado; 2) Inamovibilidade – é a garantia que tem o magistrado de não ser destituído, removido e nem promovido sem que haja o seu consentimento. A exceção à regra é o chamado interesse público, quando, pelo voto de 2/3 dos votos do órgão competente, mediante escrutínio secreto e com direito a ampla defesa, um magistrado pode ser removido ou promovido ex officio; 3) Irredutibilidade de subsídios – é a garantia que têm os magistrados de não sofrerem redução alguma nos seus vencimentos, salvo no que respeita à incidência de impostos. b) Garantias de imparcialidade: As garantias de imparcialidade decorrem de vedações constitucionais previstas no art. 95, parágrafo único, incisos I a III: exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério; receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; dedicar-se às atividades político-partidárias; receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. Além disso, como todo agente público, o juiz está obrigado a residir no local onde exerce a sua função, salvo autorização do tribunal (ver Estatuto da Magistratura, e no estado da Bahia, ver Constituição estadual, artigo 116, IV). DA ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO - A estrutura do Poder Judiciário no Brasil, tal como disposto no artigo 92 da Carta Magna, é a seguinte: I – Supremo Tribunal Federal; I-A – o Conselho Nacional de Justiça; II – Superior Tribunal de Justiça; III – Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais; IV – Tribunais e Juízes do Trabalho; V – Tribunais e Juízes Eleitorais; VI – Tribunais e Juízes Militares; VII – Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. As principais diretrizes sobre o funcionamento do Poder Judiciário são encontradas na Constituição Federal, mas as normas sobre ingresso na carreira, provimento das vagas, subsídios, promoção e acesso dos juízes, assim como a formação e os princípios procedimentais dos tribunais são fixados através de Lei Complementar, através do Estatuto da Magistratura (art. 93, CF). A Emenda Constitucional nº 62, de 09/12/2009, alterou a redação do artigo 100, que trata do regime especial de pagamento de precatórios pelos Estados, Distrito federal e Municípios, introduzindo-lhe alguns outros incisos. DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - É o órgão máximo do Poder Judiciário, a sua mais alta Corte de Justiça, que tem como competência maior a guarda da Constituição,não obstante tenha um sem número de competências originárias e recursais ordinárias. É composto de 11 membros, divididos em duas Turmas de cinco membros cada, ambas no mesmo plano hierárquico – o presidente apenas participa das sessões plenárias, vale dizer, conjuntas das duas Turmas – e tem a sua sede em Brasília. Os membros do STF são nomeados pelo presidente da República após prévia escolha da maioria absoluta do Senado Federal, dentre aqueles brasileiros natos e no gozo dos seus direitos políticos, com mais de 35 e menos de 65 anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada. As competências do Supremo Tribunal Federal são divididas em originárias e recursais. No exercício da sua competência originária, compete ao STF processar e julgar: ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; nas infrações penais comuns, o Presidente e o Vice-Presidente da República, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I (julgamento pelo Senado Federal dos crimes de responsabilidade), os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente; o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas a a c do inciso I, do art. 102; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território; as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta; a extradição solicitada por estado estrangeiro; o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição em uma única instância; a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais; a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados; os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal; o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade; o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal; as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público. No que respeita à sua competência recursal, compete-lhe julgar ordinariamente o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única ou última instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão, e o crime político (art. 102, II). Compete ao STF, ainda, julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida contrariar dispositivo da CF, declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal, e julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição ou de lei federal (CF, art. 102, III). Trata-se, já aqui do controle de constitucionalidade, de forma incidental, porque somente se realizará em virtude da ocorrência efetiva de determinado litígio. No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. A argüição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente da Constituição Federal, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos (erga omnes) e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. O presidente do Supremo Tribunal Federal é escolhido pelos próprios Ministros da Corte, sendo vedada a sua reeleição, de modo a impedir a presença perene de um mesmo presidente. DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (CF, art. 103-B) - Órgão criado pela emenda constitucional n° 45/2004 e com sede na capital Federal, “... compõe-se de quinze membros com mandato de dois anos, admitida uma recondução, sendo” (nova redação dada pela EC nº 61, de 11/11/2009): o Presidente do Supremo Tribunal Federal (nova redação dada pela EC nº 11/11/2009); 1 Ministro do Supremo Tribunal Federal, indicado pelo respectivo tribunal; 1 Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal; 1 Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal; 1 desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; 1 juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; 1 juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; 1 juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; 1 juiz do Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; 1 juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; 1 membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador Geral da República; 1 membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador Geral da República dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual; 2 advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; 2 cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. O Conselho Nacional de Justiça será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal, e, nos seus impedimentos e ausências, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal. Os demais membros do Conselho serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. Caso as indicações dos membros do Conselho não sejam feitas no prazo legal, caberá a escolha ao Supremo Tribunal Federal. Ao Conselho Nacional de Justiça compete o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes. Suas competências e atribuições são, dentre outras não enumeradas exemplificativamente pela Constituição Federal, e que poderão ser acrescidas pelo Estatuto da Magistratura: zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo, para tanto, expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;zelar pela observância do art. 37 da Constituição Federal e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União; receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa; representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de autoridade; rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano; elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por Estado, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País, e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa. O Procurador-Geral da República e o Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil não compõem o Conselho Nacional de Justiça, muito embora oficiem junto a ele. A União criará, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, como uma forma de garantir uma maior efetividade do CNJ, ouvidorias de justiça, competentes para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional de Justiça. DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - É o guardião das leis federais, ou, como afirma Alexandre de Moraes, “o guardião do ordenamento jurídico federal”. É composto de, no mínimo, 33 ministros nomeados pelo presidente da República dentre brasileiros, natos ou naturalizados, com mais de 35 anos e menos de 65 anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, devendo ser observadas as seguintes regras: > 1/3 de juízes dos Tribunais Regionais Federais (TRF‟s) e 1/3 de desembargadores dos Tribunais de Justiça Estaduais, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal; > 1/3 assim divididos: 1/6 de advogados e 1/6 de membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente. A criação do STJ objetivou desafogar o STF que, no passado, julgava também recursos ordinários originários das Justiças federal e estadual. A competência do STJ, que pode ser originária ou recursal está definida no artigo 105 da CF. Originariamente compete-lhe processar e julgar: nos crimes comuns e de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do DF, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do DF, os membros dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais; os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; os habeas corpus, nos casos previstos na alínea a do art. 105, I, ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvadas as competências da Justiça Eleitoral; os conflitos de competência entre quaisquer Tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, o, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos; as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados; a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre deste e da União; o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal; a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias Em recurso ordinário, julgar: os habeas corpus e os mandados de segurança decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais dos Estados, do DF e Territórios, quando a decisão for denegatória; as causas em que forem partes, estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, município ou pessoa residente ou domiciliada no País. Julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: contrariar tratado ou lei federal ou negar-lhes vigência; julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face de lei federal; der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal (art. 105, I a III). Junto ao Superior Tribunal de Justiça funcionarão a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados – para, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira – e o Conselho da Justiça Federal – cabendo- lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante. DA JUSTIÇA FEDERAL COMUM - Conta com duas instâncias ordinárias, sendo exercida, em primeiro grau de jurisdição, pelos juízes federais. O segundo grau de jurisdição é exercido pelos Tribunais Regionais Federais. A cada estado-membro e ao Distrito Federal corresponde uma Seção Judiciária que terá por sede a respectiva Capital, e varas segundo o estabelecido em lei (de organização judiciária). Os Tribunais Regionais Federais (TRF ‟s”) são compostos de, no mínimo, 7 juízes, preferencialmente recrutados na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros com mais de 30 e menos de 60 anos, sendo: 1/5 dentre advogados com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público Federal também com mais de 10 anos de carreira; os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de 5 anos de exercício, por antiguidade e merecimento, alternadamente (CF, art. 107, I e II). Os Tribunais Regionais Federais instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. Os Tribunais Regionais Federais poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. Compete aos Tribunais Regionais Federais,dentre outras coisas, processar e julgar, originariamente: os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região; os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou Juiz Federal, e os habeas corpus, quando a autoridade coatora for Juiz Federal; os conflitos de competência entre juízes federais, vinculados ao Tribunal. Em grau de recurso, compete aos TRF ‟"s”, julgar as causas decididas pelos Juízes Federais e pelos Juízes Estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição. Aos Juízes Federais compete processar e julgar: as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto os casos de falência, de acidente de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional; os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; as causas relativas a direitos humanos a que se refere o §5º do artigo 109 da CF. os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; a disputa sobre direitos indígenas. Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. DA JUSTIÇA DO TRABALHO - A Justiça do Trabalho exerce função especializada, competindo-lhe, nos termos do artigo 114 da CF, conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, assim como outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho. São órgãos da Justiça do Trabalho: o Tribunal Superior do Trabalho – TST; os Tribunais Regionais do Trabalho – TRT’s’; os Juízes do Trabalho. O Tribunal Superior do Trabalho – TST – é composto de 27 ministros, togados e vitalícios, escolhidos dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, nomeados pelo presidente da República, após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal. Destes ministros, um quinto (1/5) dentre advogados e membros do Ministério Público do Trabalho, com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no artigo 94; os demais dentre Juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, integrantes da carreira da Magistratura trabalhista, indicados pelo próprio Tribunal Superior. Funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho – para, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira – e o Conselho da Justiça do Trabalho – cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema , cujas decisões terão caráter vinculante. A lei criará as Varas do Trabalho; nas comarcas onde não forem instituídas as Varas do Trabalho pode-se atribuir jurisdição de matéria trabalhista aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; as ações que envolvam exercício do direito de greve; as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o; as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. Frustrada a negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros. Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente. Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à Justiça do Trabalho decidir o conflito. Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo um quinto (1/5) dentre advogados com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94, e os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente. Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. Nas Varas do Trabalho, a jurisdição será exercida por um juiz singular. DA JUSTIÇA ELEITORAL - Especializada em questões eleitorais, possui os seguintes órgãos: o Tribunal Superior Eleitoral – TSE; os Tribunais Regionais Eleitorais – TRE‟s; os Juízes Eleitorais. O TSE é composto de,no mínimo, 7 ministros, assim escolhidos: a) 3 juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; b) 2 juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça; c) 2 juízes dentre 6 advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal, e escolhido pelo Presidente da República. Na capital de cada estado e no Distrito Federal haverá um Tribunal Regional Eleitoral, composto de sete juízes, assim escolhidos: a) 2 juízes eleitos, pelo voto secreto, dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça; b) 2 juízes eleitos, pelo voto secreto, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça; c) 1 juiz federal, integrante do Tribunal Regional Federal com sede na capital do estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal escolhido, em qualquer caso, pelo TRF da região; d) 2 juízes, dentre 6 advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça e nomeados pelo Presidente da República. O mandato dos Juízes Eleitorais, salvo motivo justificado, é de dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria. São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem a Constituição e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança. Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando: proferidas contra disposição expressa da Constituição Federal ou de lei; ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais; versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais; denegarem habeas corpus, mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção. DA JUSTIÇA MILITAR - Compreende o Superior Tribunal Militar – STM –, os Tribunais e Juízes Militares. O STM é composto de 15 (quinze) Ministros vitalícios, nomeados pelo presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três oficiais Generais da Marinha; quatro oficiais Generais do Exército e três oficiais Generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco civis, todos maiores de 35 anos, dos quais três escolhidos dentre advogados de notável saber jurídico e conduta ilibada, com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional, e dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar. À Justiça Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. DA JUSTIÇA ESTADUAL - É exercida pelos juízes estaduais, inclusive pelos Juizados Especiais (art. 98, II), no primeiro grau de jurisdição, e pelo Tribunal de Justiça, que é o órgão jurisdicional superior. A competência dos Tribunais de Justiça é determinada pelas Constituições estaduais; a Lei de Organização Judiciária é de iniciativa do Tribunal de Justiça (art. 125, §1º). Os estados podem criar, através de lei específica, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo da polícia militar seja superior a vinte mil integrantes. Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação dos praças. Aos juízes de direito do juízo militar compete processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares. O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a criação de varas especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias. Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-se-á presente no local do litígio.
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