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Acessewww.planetadeagostini.com.br Colecione já e reviva as aventuras deste célebre repórter! Reúna pela primeira vez as figuras dos personagens das aventuras Tintin em suas caracterizações mais emblemáticas! Descubra, com os livros da coleção, cada detalhe das aventuras de Tintin © H er g é- M o u lin sa rt 20 16 TINTIN ~CAPITAO HADDOCK DUPOND PROFESSOR GIRASSOL MILU...TINTIN CA OF IC IA L F IGURA©HERGÉ FIGURAS INÉDITAS DE GRANDE QUALIDADE Reproduções fiéis aos desenhos de Hergé Acabamentos magníficos Detalhamento impressionante Realizadas em polirresina LIVROS INÉDITOS EM CAPA DURA Descubra o universo Tintin e de seu criador, Hergé Documentos do arquivo histórico nunca antes publicados Análise detalhada das aventuras Tintin realizadas por especialistas já nas bancas! Im ag en s ilu st ra tiv as . *M S, M T, M G, RJ (in te rio r), SP (in te rio r), PR e SC Concorra a um IPAD saibamais no site NovoappGalileu OmundOestámudandO cOnstantemente. tenhatudOOque precisasabersObre Ostemasatuaisna palmadasuamãO. Todo o conteúdo e todas as edições de GALILEU disponíveis em seu celular ou tablet, totalmente adaptados à tela. disponível paraenvie um sms GrÁTis com a palavra GALILEU para 30133 e baixe o aplicaTivo. P.19 P.79 C U R T O -C IR C U IT O P.80 PANORÂMICA P. 16 DIRETORADEGRUPOCASAECOMIDA, CASAE JARDIM, CRESCEREGALILEU: Paula Perim REDAÇÃO EDITORA-CHEFE:Cristine Kist EDITORADEARTE: Fernanda Didini EDITORES:Giuliana de Toledo, Nathan Fernandes e Thiago Tanji REPÓRTERES:André Jorge de Oliveira e IsabelaMoreira DESIGNERS: Felipe Eugênio (Feu) e João Pedro Brito ESTAGIÁRIOS: Bruno Vaiano (texto) eMayraMartins (arte) ASSISTENTEDEREDAÇÃO:Gabriela Nogueira COLABORADORESDESTAEDIÇÃO: André Bernardo, Carol Castro, Cartola Conteúdo, Felipe Floresti, Juliana Cunha, Marcelo Soares, Marília Marasciulo, Leandro Saioneti e Thiago de Araújo (texto); Brunna Mancuso, Diego de Paiva, Marcus Penna, Rodolfo França, Tomás Arthuzzi e Zansky (arte); Monique Murad Velloso (revisão). E-MAILDAREDAÇÃO: galileu@edglobo.com.br DIRETOR-GERAL: Frederic Zoghaib Kachar DIRETORDEAUDIÊNCIA: Luciano Touguinha de Castro DIRETORADEMERCADOANUNCIANTE:Virginia Any OBureauVeritas Certification, combase nos processos e procedimentos descritos no seu Relatório deVerificação, adotando umnível de confiança razoável, declara que o Inventário deGases de Efeito Estufa—Ano 2012 da Editora Globo S.A. é preciso, confiável e livre de erro ou distorção e é uma representação equitativa dos dados e informações deGEE sobre o período de referência para o escopo definido; foi elaborado em conformidade coma NBR ISO 14064-1:2007 e as Especificações doProgramaBrasileiro GHGProtocol. INOVAÇÃODIGITAL DIRETORDE INOVAÇÃODIGITAL:AlexandreMaron GERENTEDEESTRATÉGIADECONTEÚDODIGITAL:Silvia Balieiro TECNOLOGIA DIRETORDETECNOLOGIADE INFORMAÇÃO:Rodrigo José Gosling DESENVOLVEDORES: Everton Ribeiro, Fabio AlessandroMarciano, Jeferson Mendonça, Leandro Paixão, Leonardo Turbiani, Marcelo Amendola, Marcio Costa, Murilo Amendola e Victor Hugo Oliveira da Silva;OPECONLINE:Rodrigo Santana Oliveira, Danilo Panzarini, Higor Daniel Chabes, Rodrigo Pecoschi e Thiago Previero GERENTEDEEVENTOS:Daniela Valente COORDENADORDEOPECOFFLINE: José Soares MERCADOANUNCIANTE SEGMENTOS FINANCEIRO, IMOBILIÁRIO, TI, COMÉRCIO E VAREJO—Diretor de negóciosmultiplataforma: Emiliano Morad Hansenn; Gerente de negócios multiplataforma:Ciro Horta Hashimoto; Executivosmultiplataforma: SelmaMaria de Pina, Cristiane de Barros Paggi Succi, Christian Lopes Hamburg, Milton Luiz Abrantes e Taly CzeresniaWakrat.MODA, BELEZA EHIGIENE PESSOAL— Diretor de negóciosmultiplataforma: Cesar Bergamo; Executivosmultiplataforma: Adriana Pinesi Martins, Eliana Lima Fagundes, Juliana Vieira, Selma Teixeira da Costa e Soraya Mazerino Sobral. CASA, CONSTRUÇÃO, ALIMENTOS E BEBIDAS, HIGIENE DOMÉSTICA E SAÚDE—Diretora de negóciosmultiplataforma:Marilia Guiti Hindi; Executivosmultiplataforma: Giovanna Sellan Perez, Keila Ferrini, Lucia Helena Lopes Messias, Rodrigo Girodo Andrade e Valeria Glanzmann. MOBILIDADE, SERVIÇOS PÚBLICOS E SOCIAIS, AGRO E INDÚSTRIA—Diretor de negóciosmultiplataforma: Renato Augusto Cassis Siniscalco; Executivos multiplataforma: Andressa Aguiar, Diego Fabiano, Cristiane Soares Nogueira, João Carlos Meyer e Priscila Ferreira da Silva. EDUCAÇÃO, CULTURA, LAZER, ESPORTE, TURISMO,MÍDIA, TELECOMEOUTROS—Diretora de negócios multiplataforma: Sandra Regina de Melo Pepe; Executivosmultiplataforma: Ana Silvia Costa, Guilherme Iegawa Sugio, Lilian de Marche Noffs e Dominique Petroni de Freitas. DIGITAL— Diretora de negócios digitais: Renata Simões Alves de Oliveira. ESCRITÓRIOS REGIONAIS—Gerentemultiplataforma: Larissa Ortiz; Executivamultiplataforma: Babila Garcia Chagas Arantes. UNIDADEDE NEGÓCIOS/RIO DE JANEIRO—Gerentemultiplataforma: Rogerio Pereira Ponce de Leon; Executivosmultiplataforma: Andréa Manhães Muniz, Daniela Nunes, Lopes Chahim, Juliane Ribeiro Silva, Maria Cristina Machado e Pedro Paulo Rios Vieira dos Santos. UNIDADEDENEGÓCIOS/BRASÍLIA— Gerentemultiplataforma: Barbara Costa Freitas Silva; Executivosmultiplataforma: Camila Amaral da Silva e Jorge Bicalho Felix Junior. ESTÚDIO GLOBO—Diretora:Roberta Ristow; Coordenador de projetos especiais: Renan Abdalla; Estratégia comercial: Renata Dias Gomes; Criação: Vera Ligia Rangel Cavalieri; Arte: Rodolpho Vasconcellos AUDIÊNCIA Diretor demarketing: Cristiano Augusto Soares Santos Diretor de clientes e planejamento:Ednei Zampese Gerente de vendasde assinaturas:ReginaldoMoreira da Silva Gerente de criação:Valter Bicudo Silva Neto Gerente de inteligência demercado:Wilma ConceiçãoMontilha Coordenadores demarketing: Eduardo Roccato Almeida e Patricia Aparecida Fachetti GALILEU é umapublicação da EDITORAGLOBOS.A.—Av. Nove de Julho, 5.229, 8º andar, CEP01406-200, São Paulo/SP. Tel. (11) 3767-7000. Distribuidor exclusivo para todo oBrasil: Dinap—DistribuidoraNacional de Publicações. Impressão: Plural Indústria Gráfica Ltda.—Av.Marcos Penteado deUlhoaRodrigues, 700, Tamboré, Santana deParnaíba/SP, CEP06543-001 ATENDIMENTOAOASSINANTE Disponível de segunda a sexta-feira, das 8às 21 horas; sábados, das 8às 15horas. INTERNET:www.sacglobo.com.br SÃOPAULO: (11) 3362-2000 DEMAIS LOCALIDADES:4003-9393* FAX: (11) 3766-3755 *Custo de ligação local. Serviço nãodisponível em todooBrasil. Para saber dadisponibilidadedo serviço emsua cidade, consulte sua operadora local. PARAANUNCIARLIGUE: SP: (11) 3767-7700/3767-7500 RJ: (21) 3380-5924 E-MAIL:publigalileu@edglobo.com.br PARASECORRESPONDERCOMAREDAÇÃO: endereçar cartas ao Diretor de redação, GALILEU. Caixa postal 66011, CEP 05315-999, São Paulo/SP. FAX: (11) 3767-7707 E-MAIL:galileu@edglobo.com.br As cartas devemser encaminhadas comassinatura, endereço e telefonedo remetente. GALILEU reserva-se odireito de selecioná-las e resumi-las para publicação. EDIÇÕESANTERIORES: o pedido será atendido pormeio do jornaleiro pelo preço da edição atual, desde que haja disponibilidade de estoque. Faça seu pedido na bancamais próxima. Contatos para Justiça Eleitoral: E-mail: justicaeleitoral@edglobo.com.br Fax: (11) 3767-7091 GUERRAS INVISÍVEIS P. 7 UMALÍNGUAPARATODOS P.10 Bonecaécoisa demenino P.11 RETROCESSOSNASLEISAMBIENTAIS ENTREVISTA P. 12 LUNETA P.14 P. 18 DAPAZEDOAMOR CIVILIZAÇÃO OFICINA SOMMELIERDEGAMBIARRAS BATE-PAPO DASH SHAW COM O QUADRINISTA Novelaaumenta onúmero dedivórcios MOEDA P. 26 ELE- MEN- TAR OSCAR PARA HISTÓRIA P.22 P. 27 DOSSIÊ MUDANÇAS CLIMÁTICAS CARNÍVOROS CAÇAAOS P.20 ALTURAS DA HUMANIDADE INFOMANIA P. 23 P.21 SUMÁRIO DE REPORTAGENS P.35 NOVEMBRO 2016 ANTIMATÉRIA COMPOSIÇÃO 304Composicao.indd 3 18/10/2016 14:29:35 o fim de agosto, o jornal Folha de S.Paulo publicou um artigo em que o presidente de uma grande rede de lojas de de- partamento descascava a capa da GALILEU demarço, ainda que sem citá-la pelo nome. A reportagem em questão, Escravos da moda, trata- va das condições precárias a que com frequência são submetidos os trabalhadores das confecções que abastecem as nossas lojas preferi- das. O artigo do empresário fazia, basicamente, uma grande defesa da revisão das leis trabalhistas. Dizia ele: “A interpretação do que é jornada exaustiva de trabalho faz com que relações entre empregador e empregado sejam, erroneamente, consideradas trabalho escravo”. Pois que, em janeiro, o grupo presidido por essemesmo executivo havia sido condenado a indenizar uma costu- reira que colocava elástico em 500 calças por hora e evitava beber água para diminuir as idas ao banheiro, que eram controladas por fichas. Jor- nada exaustiva ou não? Coincidente- mente, poucas semanas depois que o artigo do empresário foi publicado, o editor Thiago Tanji ganhou um prê- mio do Ministério Público do Tra- balho por essamesmíssimamatéria. Não fosse isso motivo suficiente para comemorar, em outubro nossa equipe— capitaneada pelo editor Na- than Fernandes — recebeu também o prêmio Vladimir Herzog de Anis- tia e Direitos Humanos pela reporta- gem de capa da edição de fevereiro, O bandido estámorto. E agora?Trata- -se do prêmio jornalístico mais tra- dicional do país na área dos direitos humanos. Essas duas reportagens são exemplos do jornalismo que a GALILEU se propõe a fazer. Acre- ditamos de verdade que o conheci- mento é o primeiro passo para qual- quer transformação. E, infelizmente, há muito a ser transformado. Volta- mos a conversar no mês que vem! NINGUÉM FAZ MATÉRIA PARA GANHAR PRÊMIO, MAS.. . N ! DUASVEZES GALILEU Desde meados de ou- tubro nossos leitores cario- cas podemnos acompanhar também no jornal Extra. A seção Extra em Revista, publicada às segundas, relembra algumas das melhores matérias feitas por nós nos últimos tempos. Cristine Kist — editora-chefe ckist@edglobo.com.br ONDE NASCEU E ONDE MORA Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP) HISTÓRICO Foi editor de audiência da Folha de S.Paulo e tradutor de quadrinhos da Marvel. É professor da ESPM. O QUE FEZ NESTA EDIÇÃO O levantamento de dados que serviu de base para a matéria de capa (p. 36) ONDE NASCEU E ONDE MORA São Paulo (SP) HISTÓRICO Já foi designer gráfico, mas a vida o levou para a ilustração. Ilustra para editoriais, publicidade e seus projetos pessoais pela Edições de Zaster. O QUE FEZ NESTA EDIÇÃO Ilustrações do Antimatéria (p. 7) ONDE NASCEU E ONDE MORA Salvador (BA) e São Paulo (SP) HISTÓRICO Foi repórter da Folha de S.Paulo, é mestranda em Teoria Literária na Universidade de São Paulo e autora do blog Já Matei por Menos. O QUE FEZ NESTA EDIÇÃO A guerra da esquina (p. 60) Marcelo Soares JORNALISTA Zansky ILUSTRADOR Juliana Cunha JORNALISTA COLABORADORES DOMÊS ILUSTRAÇÃOMarcus Penna QUEM FEZA CAPAPRIMEI - RAMENTE WWW.GALILEU.GLOBO.COM PORCRISTINEKIST 11.2016#304 304Primeiramente.indd 5 17/10/2016 22:13:54 Edição • Outubro/2016 Nossos nobres conselheiros provaramque estão enxergandomuitíssimo beme leram (e avaliaram) a edição anterior todinha COMO ELES VIRAM A EDIÇÃO DE OUTUBRO “A editoria de ciência é sempre uma das mais complicadas de ler. E sempre que acabo os textos fico pensando: ok, e o que eu faço com essa informação agora?” CAMILAOLIVEIRA (PortoAlegre, RS) sobreUmaestrela bemestranha E agora, José? “A pluralidade de informações e a imparcialidade da edição fizeram com que eu apreciasse a capacidade da revis- ta em abordar temas polêmicos sem influenciar o leitor.” JULIANOSANTANNA (RiodeJaneiro, RJ) sobreComovocê vêoBrasil Para todos os gostos “A equipe de arte arrasou. Eu adoro as fotos criativas que vocês fazem, e, nessa matéria em particular, a parte visual ficou linda. Todos de parabéns!” ELLENDASILVA (Goiânia, GO) sobreUniversidades no vermelho Beleza é fundamental Atirando para os dois lados “TENDO FREQUENTADO CURSOS tanto de humanas quanto de ‘exatas’ (prefiro ‘naturais’, porque é Biologia), vejo como a formação humana faz falta de um lado e como, de outro, carecemos de maior interação entre polí- tica e ciência. Alain de Botton, em Religião para Ateus, relembra muito bem como os discursos de formatura mais convencionais são vazios de sentido, sugerindo que ‘as faculdades formam seus estudantes também como pes- soas’, quando não há nada muito seriamente planejado e sistematicamente executado nessa direção!” SÁVIOMOTA (Fortaleza,CE)sobreCiênciasmaisoumenosexatas MÉDIAS DASMATÉRIASO QUE ELESACHARAM: O QUE ELES ACHARAM: Universidades no vermelho Ciências pouco exatas Uma estrela bem estranha Dossiê Criptografia 9,1 9,5 9,2 9 9,3 9 Capa: Como você vê o Brasil A vida não é empreto e branco Gostei, matéria inspiradora em tempos de crise Não gostei, essa matéria deveria estar na Época Negócios Não sou capaz de opinar DO ABRE DO ANTIMATÉRIA, SOBRE A BOA FASE DAS STARTUPS BRASILEIRAS DO ENSAIO FOTOGRÁFICO DA NAMÍBIA Gostei, por favor tragam a África para mais perto do Brasil Não gostei, prefiro o Globo Repórter Não sou capaz de opinar Gostei, o universo é tão fascinante quanto essa matéria Não gostei, espero que caia em um buraco negro e desapareça para sempre Não sou capaz de opinar DAMATÉRIA SOBRE A ESTRELAMAIS ESTRANHA DA GALÁXIA DO DOSSIÊ SOBRE CRIPTOGRAFIA Gostei, é por isso que prefiro ler no papel Não gostei, a matéria pareceu encriptada e indecifrável para mim DA ENTREVISTA COMO HISTORIADOR E ESCRITOR BENJAMINMOSER Gostei, publicar mais entrevistas assim não é uma exigência exótica Não sou capaz de opinar Gostei, demorou para falarem sobre isso Não gostei, isso é coisa de esquerdistas DAMATÉRIA CIÊNCIAS MAIS OUMENOS EXATAS? 85% 71% 72% 72% 87,5% 15% 15% 14% 14% 14% 14% 14% 12,5% 100% 06 CON - SE- LHO PORN A T H A N F E R N A N D E S CON - SE- LHO PORNAT H A N F E R N A N D E S 304Conselho.indd 6 18/10/2016 12:07:35 GUERRAS INVISÍVEIS Enquantoasatençõessevoltampara conflitosnoOrienteMédio,paísesdaÁfrica vivemdécadasdeviolência ininterrupta PORFELIPE FLORESTI 1 1 . 2 0 16 1 ZANSKY (ZK)2 BRUNNAMANCUSO (BM)3 ESTÚDIOBARCA (EB) 4 MARCUSPENNA (MP) ILUSTRADORES CONVIDADOS DESIGN FEU Fig. 01 -(ZK) P.0711.2016 ANTI- MATÉ- RIA EDIÇÃOCAROLCASTRO 304AMabre.indd 7 18/10/2016 14:21:57 ADEMOCRACIANÃO conflito — o maior banho de sangue no mundo desde a Segunda Guerra Mundial. O conflito começou em Ruanda, vizinho da República Democrática do Congo, quan- do uma guerra entre grupos ét- nicos matou mais de 800 mil pessoas durante três meses do ano de 1994 e levou milhares de refugiados aos países vizi- nhos. Os rebeldes de Ruanda, então, perseguiram os fugiti- vos, ignorando qualquer fron- teira. Começava ali uma “guer- ra mundial” na África, que envolveu mais de nove nações. Mas a história sangren- ta da República Democrática do Congo é ainda mais anti- ga. Desde sua independência, em 1960, o país teve um pre- sidente assassinado pela CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos, passou por três golpes de Estado, viveu 32 anos de ditadura e mudou segunda, 19 de setembro. Sem pilhagens ou roubos. Marchem com sua raiva para que seu país possa ter democracia e mudan- ça de poder. A força está no povo!”, dizia um comunicado escrito pelos manifestantes. Os protestos aconteceram de forma descentralizada, principalmente em bairros po- pulares de Kinshasa, capital do país. Mas nem deu tempo de fazer muito barulho. Forças de segurança do governo abri- ram fogo contra a popula- ção, matando pelo menos 37 pessoas. Como retaliação, grupos ligados à oposição queimaram vivo um policial e incendiaram a sede do parti- do ligado ao governo. A barbá- rie venceu a democracia. Esse foi apenas o mais re- cente episódio de uma ca- deia de violência que matou quase 6 milhões de pessoas em mais de duas décadas de ... FUNCIONOUNA República Democrática do Congo nas úl- timas décadas. Pela primeira vez na história do país, no en- tanto, a população estava ani- mada com a possibilidade de uma transição política pacífi- ca. O atual presidente, Joseph Kabila, está há 15 anos no po- der — herdou o cargo do pai, assassinado em 2001, e venceu as eleições em 2006. É o pri- meiro governante eleito da na- ção a completar seu mandato e, nesse tempo, aprovou uma nova Constituição que previa eleições para novembro deste ano. Mas ele preferiu deixar essa determinação para lá. Alegando falta de dinheiro, Kabila e a elite política do país postergaram o pleito para 2018. A oposição, então, convocou protestos: “Levantem-se, con- goleses. Inimigos do povo que- rem dar a Kabila um terceiro mandato. Passeata pacífica na 3,7 MILHÕES É O NÚMERODE REFUGIADOS NA REGIÃO SUBSAARIANA 120 MORTES POR DIA NA ÁFRICA 52% DOSCONFLITOS MUNDIAIS ACONTECEMNO CONTINENTE Fontes: Institute for Security Studies in Africa; Armed Conflict Location & Event Data Project P.08 11.2016 304AMabre.indd 8 18/10/2016 14:21:57 ADEMOCRACIANÃO de nome e bandeira quatro vezes. Com território equi- valente ao da área de toda a Europa Ocidental e abrigan- do mais de 250 diferentes gru- pos étnicos, a nação nunca experimentou a paz. Em 2002, parecia que a situação mudaria. Um acor- do assinado naquele ano pôs fim à fase mais sangrenta dos combates da guerra na África. Mas os conflitos na República Democrática do Congo não acabaram: atualmente, são mais de 40 pequenos gru- pos armados espalhados pela região leste do país, a mais de 1,5 mil quilômetros da capital. “Muitas fronteiras foram fir- madas de forma artificial no período colonial, aleatoriamen- te”, afirma EJ Hogendoorn, di- retor do International Crisis Group, uma organização in- dependente que estuda esses conflitos. “Quando parte da população não se sente repre- sentada, a revolta é o único jeito de chamar a atenção da elite.” Enquanto fogem de exér- citos e da ONU, os rebeldes, que mantêm 22 mil homens na região, aterrorizam vilare- jos com assaltos, estupros e até casos de canibalismo. Não é só mudança política que os revoltosos desejam. Eles também lutam para controlar os recursos minerais do país — a região é rica em tântalo e ouro, fundamentais para a indústria de produtos eletrônicos. Com a venda desses minérios, con- seguem financiar suas lutas. E é bem provável que você car- regue parte desse conflito no bolso, em seu celular. Com pequenas alterações no enredo, a história se repe- te nos países vizinhos, como República Centro-Africana e Sudão do Sul — as nações também enfrentam guerras ci- vis há anos. O Sudão do Sul, aliás, é o segundo país mais perigoso do mundo, de acordo com o Índice Mundial da Paz, perdendo apenas para a Síria. Cada conflito abre espaço para a chegada de novos gru- pos extremistas, como acon- teceu na Nigéria, com o Boko Haram. “Nunca se resolvem os problemas e a sociedade fica sem perspectivas”, diz Jonuel Gonçalves, professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense. O resultado da escalada da violência é uma horda de refugiados à pro- cura de uma vida melhor: na região subsaariana da África, 3,7 milhões de pessoas estão em busca de um novo lar. Só na Somália, sem gover- no central há 20 anos, mais de 900 mil indivíduos fugiram do país e enfrentam dificuldades para se estabelecer em outros locais. OQuênia quer fechar um campo de refugiados, alegando a existência de células terroris- tas. Outros somalianos retorna- ram à terra natal após encontrar amesma pobreza no Iêmen, na- ção do Oriente Médio. A última década foi mar- cada por um declínio históri- co de paz mundial, o que não acontecia desde a Segunda Guerra. Hoje, 2,58 bilhões de pessoas vivem em lugares pe- rigosos — 36% da população do planeta. Em 2015, o mun- do gastou US$ 1,6 bilhão em armas e guerras. Metade desse dinheiro seria sufi- ciente para atender todas as metas de desenvolvimen- to sustentável determinadas pela ONU. Com 20% dos re- cursos bélicos, os objetivos para a educação seriam cum- pridos, e a fome e a pobreza extrema acabariam. Mas isso interessaria aos governantes? OCAOSNAÁFRICA Regiões do continente onde aconteceram conflitos em2015 ARÁBIA SAUDITA ARGÉLIA LÍBIA NÍGER MALI EGIT0 CHADE ANGOLA ZÂMBIA BOTSUANA NAMÍBIA SUDÃO ÁFRICA DO SUL IÊMEN OMÃ TANZÂNIA MOÇAMBIQUE REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO REPÚBLICA CENTRO- AFRICANALIBÉRIA SENEGAL SAARA OCIDENTAL ÁREA COMMENOS CONFLITOS ÁREA COMMAIS CONFLITOS GUINÉ EQUATORIAL NIGÉRIA MARROCOS MAURITÂNIA SOMÁLIA QUÊNIA SUDÃO DO SUL UGANDA CONGO P.0911.2016 304AMabre.indd 9 18/10/2016 14:21:57 FIG. 02 - ZK OSOME OSENTIDO Palavras básicas, como nariz ou água, têm as mesmas letras na maior parte das línguas do mundo. E isso muda tudo para a ciência da linguagem PORBRUNOVAIANO alavras são códigos aleatórios. Você só descobriu que “dog” era “cachorro” depois que al- guém que já sabia inglês fez o favor de lhe contar. O linguista francês Ferdinand de Saussure, aliás, percebeu isso há muito tempo, e na primeira década do século 20 cravou que “o signo é arbitrário”. Esse é um princípio básico da linguís- tica, e por mais de cem anos, ninguém encontrou provas do contrário. Mas a ci- ência é um moinho, e o cientista Damián Blasi transformou as ilusões de Saussure em pó. A equipe do pesquisador do Instituto Max Planck, da Alemanha, apos- tou que nossa fonética não podia ser as- sim tão aleatória. E acertou em cheio. Testar a validade da hipótese não foi fácil. “Primeiro, precisamos encontrar pa- lavras para conceitos que esperamos en- contrar em todas as línguas, como ‘água’, ‘pedra’ ou ‘língua’”, explica Blasi. “Esse é o vocabulário básico.” A equipe, então, analisou um grupo restrito de cem pala- vras em mais de 4 mil idiomas. E calhou que o signo não era, afinal, tão arbitrário assim. Mesmo em sistemas de linguagens sem descendência comum, a palavra “re- dondo”, por exemplo, geralmente tem um “r”, enquanto “nariz” tende a ter “n”. Essas coincidências se repetem por toda a lista. “Foi uma surpresa”, afirma Blasi. “Sabe- -se que o ser humano é sensível a relações entre som e significado desde a década de 1920, mas ninguém havia demonstrado isso com um grande número de línguas.” Há várias hipóteses para explicar o fenô- meno. Uma das favoritas de Blasi é a de que associamos fonemas à textura e à apa- rência das coisas. Um “espeto”, por exem- plo, tem sons secos, como “p”. Já “mãe” teria um “m”macio. Um som, mil sentidos. 1 ÉOTAMANHODA MANCHADESUJEIRA NOPACÍFICO,ENTREA CALIFÓRNIAEOHAVAÍ MILHÃODEKM2 P As unhas dos pés precisam de um tempo até três vezes maior para crescer. Esse pedaço de unha que acabou de des- pontar na cutícula dos dedos do seu pé, por exemplo, só será cortado daqui a 12 ou 18 meses. Nas mãos, esse processo de reno- vação é bem rápi- do: demora apenas seis meses. Ou seja, a cada três vezes que você cortar as unhas das mãos, só precisará cortar uma vez as dos pés. Mas ninguém sabe ao certo por que isso acontece. De acordo com a biólo- ga Karlla Patrícia, o sangue corre mais rapidamente nas mãos do que nos pés — o que acelera o crescimento das unhas. Além disso, os sapatos que você calça ajudam a frear esse crescimento. Mas o que se sabe mesmo é que as unhas não passam de um amontoado de células mortas, formadas embaixo da pele. E, no fim das contas, o corpo só quer se livrar delas. R: POR QUE AS UNHAS DOS PÉS DEMORAM MAIS PARA CRESCER? Júlia da Cunha, via e-mail SEM DÚVIDA Equivale a metade da área do México P. 10 11.2016 304AMliguaBONECASredesocial.indd 10 18/10/2016 12:16:02 FIG. 04 - EB FIG. 03 - BM ANORTE-AMERICANAKRISTEN JARVIS vasculhou as lojas de brinquedos em busca de uma boneca para o filho de dois anos. Só achou bonecas femininas, bebês e super-heróis. Não era nada do que esperava. Grávida, Jarvis queria umbo- neco paramostrar a ele como seria divertido ter um irmão. Mas se nos Estados Unidos é difícil encontrar um brinquedo desses, imagine, então, no Catar, onde Jarvis vivia. Porém, brinquedos assim deveriam existir. De acordo com ChristiaSpearsBrown,psicólogadaUniversidadedoKentucky, nosEstadosUnidos, bonecasajudamascriançasadesenvolver empatia. Como simulam situações reais da vida, elas conver- sam e tomam conta das bonecas, como se fossem amigas de verdade, aprendendo a sermais carinhosas e cuidadosas. E meninos gostam dessas brinca- deiras tanto quanto as garotas, prin- cipalmente até o primeiro ano devida. “Eles recebem menos estímulos para desenvolver empatia. Ainda que o cé- rebro seja umpouco diferente, eles se interessam por pessoas tanto quanto as meninas, passam o mesmo tempo observando os outros”, escreve Brown no livroParenting Beyond Pink&Blue (PaternidadeAlémdoRosa eAzul, em tradução livre). Ou seja, nada prova que garotos tenhamdesinteresse nato por brincadeiras que simulem intera- ções humanas, como as com bonecas. Existe só o preconceito dos pais. Foi por isso que Jarvis e a irmã de- cidiram criar a marca Boy Story, que lançou recentemente os primeiros bonecos, graças a mais de US$ 28 mil arrecadados em crowdfunding. Deram vida aBilly, negro de cabelos crespos, e Mason, branco de cabelos lisos. “Que- remos diversidade, fazer comquemais crianças sejam representadas”, diz. BONECA TAMBÉM É COISA DE MENINO Reveja seus conceitos, parça: garotos que brincam com bonecas se tornam crianças mais carinhosas e empáticas — PORC.C. NÃOMINTANO FACEBOOK É fácil fingir ser outra pessoa nas redes sociais. Mas a ciência garante: não vale a pena. Só vai causar sofrimento e estresse —PORCAROLCASTRO NO FIM DOS ANOS 1990, quando a internet ainda engatinhava, William Swann, da Universidade do Texas, descobriu que funcionários com baixa au- toestima costumam se demitir depois de receber aumento salarial. Essas pessoas enfrentam um conflito interno: pensam que o chefe não conse- gue vê-los como realmente são. Eles se sentem desconectados e perdidos, com um nó na cabeça. Vinteanosdepois, doispsicólogosaustralianos,Ra- chelGrieveeJarrahWatkinson, decidiram investigar se a internet causa omesmo efeito de incompatibili- dade. Afinal, nada mais fácil do que ser uma pessoa navida real e outra bemdiferente nomundovirtual. Para tirar a prova, eles entregaram a 164 pes- soas dois testes de personalidade: um deveria ser respondido de acordo com o perfil do Facebook e o outro teria de sermais sincero, com base em como pensame agemquando estão offline, semninguém porperto. Perguntaram, então, quão satisfeitos es- tavam com a vida. Por mais populares que fossem nas redes sociais, quando o perfil virtual destoava muito da personalidade real, essas pessoas se sen- tiam da mesma forma que aqueles trabalhadores entrevistados porWilliamSwann: desconectados de tudo e todos. E erammuitomais tristes em relação aos entrevistados que não tinhamuma “vida dupla”. P. 1111.2016 304AMliguaBONECASredesocial.indd 11 18/10/2016 12:16:03 FIG. 05 - EB FIG. 06 - BM O pesquisador Philip Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas daAmazônia, publica artigo na revistaNature para denunciarmudanças nas leis ambientais— PORFELIPE FLORESTI GOLPECONTRA ANATUREZA QUAIS SÃO OS PROJETOS DE LEI EM TRA- MITAÇÃONOCONGRESSOQUEMAIS PREO- CUPAM OS AMBIENTALISTAS? Omais famoso é a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 65, de 2012, que ressurgiu enquanto todos prestavam atenção no im- peachment de Dilma Rousseff. Ele acaba com a necessidade de licenciamento am- biental para obras. Há ainda o Projeto de Lei 654/2015, que determina umprazo impossí- vel para o Ibama aprovar licenças (umprazo sete vezes mais curto que o atual). Depois desse período, o licenciamento sairia auto- maticamente. Já pela PEC 215, passariam para o Poder Legislativo, que é controlado por ruralistas, a criação de áreas de conser- vação e a demarcação de terras indígenas. Não teríamos novas áreas demarcadas e as terras já existentes estariam ameaçadas. ESSESPROJETOSPODEMSERAPROVADOS? Veja o caso do Novo Código Florestal: 85%dapopulaçãodizia sercontra,masele foi aprovado mesmo assim. Isso mostra a força do dinheiro, que vem da soja. E o grupo que empurraessesprojetos fazpartedogoverno, como Blairo Maggi (ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e Romero Jucá (senador pelo PMDB). É grande o risco. COMO AVALIA A LEGISLAÇÃO ATUAL? Temmuito amelhorar.O licenciamentodeve- ria ser independente, não feito pela empresa querealizaaobra (aempreiteiracontratauma consultoria eenviao relatórioambiental para o Ibama). Isso forma um sistema enviesado. O desastre emMariana aconteceu por falhas nomodelo atual. Imagine sem a necessidade de um licenciamento, como propõe a PEC 65. NOME: Mariana Bittencourt NACIONALIDADE: Brasileira IDADE: 31 anos PROFISSÃO: Arquiteta FEITO: Ganhou uma competição de startups na França A ARQUITETA MARIANA Bitten- court, de 31 anos, nunca pensou em abrir o próprio negócio. Um curso de verão na Universidade Paris Saclay, onde atualmente cursa pós-graduação emEconomia Ecológica, a fez mudar de ideia. Há dois anos, ela conheceu o cientista francês Emmanuel Thiéry, que viria a se tornar seu sócio na startup Cophenol, criada para dar um fim sustentável aos resíduos agrícolas. Com um processo chamado pirólise — combustão em alta temperatura —, eles transformam os compostos em biogás, combustível renovável e biocarvão, responsável por equilibrar a aci- dez dos solos e que pode até virar fertilizante. Agora, Bittencourt quer atuar no cerrado de MinasGerais, transformandoos restosdaprodu- çãode café embiocarvão. “Encontramos empre- sas que trabalham com pirólise na Europa, mas no Brasil ainda não. Queremos desenvolver um produto que funcione como compostomineral e reduzaos custosdas cooperativas locais”, explica. A Cophenol tem feito sucesso na França. No ano passado, eles faturaram a primeira tem- porada do French Tech Ticket, uma competição entre startups. Commais de 700 concorrentes, o projeto ficou entre os 23melhores. Ganharam umfinanciamentode45mil euros.Desde janeiro, Bittencourt e Thiéry participam de aulas, even- tos e encontros para acelerar o crescimento da empresa: “É um processo de tentativa e erro. O principal é acreditar no que desenvolvemos.” CAFÉ RECICLÁVEL Startup franco-brasileira transforma resíduos de produção agrícola em fertilizantes sustentáveis POR ISABELAMOREIRA NOTÁVEIS QUAL É O COMPUTADOR MAIS POTENTE DO MUNDO? Rafael Zanatto, via e-mail Omais poderoso computadorficanaChina. Inaugurado em junho, oSunwayTaihu- Light temmais de 10milhões denúcleos e realiza 93quadrilhões de cálculos porsegundo. É o equivalente a 50,5mil PlayStations deúltimageração trabalhando juntos. Ele precisa deumaenergia incrível para funcionar: 15,37megawatts—similar à energia de umacidadede 75mil habitantes. O alto consumodeenergia, aliás, é justamente apedra no sapatodomaior computadordaAmérica Latina. LocalizadonoLaboratórioNacional deComputação Científica, emPetrópolis (RJ), o supercomputador SantosDumont temcapacidadede 1,1 quadrilhão de cálculos porsegundo. E geramensalmente uma despesaR$500mil comenergia elétrica. Inaugu- rado em janeiro, corre o riscode serdesligado. R: SEM DÚVIDA P. 12 11.2016 304AMamazoniaFLORESTASnotaveis.indd 12 18/10/2016 12:20:50 FIG. 07 - ZK inco anos de seca no oeste norte-americano fizeram muito bem aos besouros. Agora, eles não precisam mais se esconder durante a chuva e so- bra tempo para se reproduzirem. Mas há um problema: com tanto besouro solto, as florestas do país correm perigo. Além de comerem as árvores e deixá-las mais fracas, esses insetos espalham doenças pelas matas nativas. “Não há nada que você possa fazer para pará-los, a não ser que eles matem tudo e fiquem sem comida”, afirmou Diana Six, entomolo- gista da Universidade de Montana, ao jornal britânico The Guardian. No Havaí acontece a mesma coisa. Quatro espécies de besouros se espalha- ram por lá. Eles se alimentam da árvore ohi’a, uma espécie do arquipélago, que compõe 80% da mata nativa. Para pio- rar, um novo fungo, o Ceratocystis fim- briata, que chegou a bordo de plantas ornamentais, se aproveitou domomento. Eles causam uma doença chamada “ohi’a morte rápida” e se espalharam por essas árvores. Ao todo, já exterminaram mais de 20 mil hectares de floresta. Enquanto isso, na Califórnia, outro bicho parecido com um fungo propa- gou uma doença batizada de “carva- lho morte súbita”: mais de 66 milhões de árvores morreram desde 2010 na Serra Nevada. Todo esse estrago, cau- sado principalmente pelas mudanças climáticas, alterará todo o ecossiste- ma. Árvores sequestram carbono da atmosfera e abrigam uma infinidade de vida. E, quanto menor a floresta, menor será a diversidade da vida. Brasileiro só não trabalhamais do que habitantes de Índia e Cingapura.Veja quantas horas semanais trabalhamos cidadãos de outros países CARGA PESADA O ATRASO NOS LICENCIAMENTOS NÃO TRAZ PREJUÍZOS FINANCEIROS? O problema é que os proponentes nunca cumprem as determinações e o licencia- mento fica parado. As empresas culpam o Ibama, mas não fazem sua parte. Além dis- so, existem poucas pessoas para fazer o li- cenciamento e centenas de projetos na fila. E a tendência é piorar. Mas é de propósito: se existe um prazo para liberar as obras, e não tem gente para fazer, a aprovação acaba saindo automaticamente. POR QUE DECIDIU PUBLICAR ESSE ALERTA EMUMAREVISTACIENTÍFICAESTRANGEIRA? É importante que as pessoas saibam o que está acontecendo aqui. Teve uma boa reper- cussão lá fora. Mas ainda é preciso que isso seja bastante divulgado por aqui também. INVASÕESBÁRBARAS Mudançasclimáticasespalhampragasedoençasque ameaçamflorestasdosEstadosUnidos— PORF.F. C Ci ng ap ur a Ín di a Br as il M éx ico EU A Ja pã o Ar ge nt in a Es pa nh a Su éc ia Al em an ha Re in o Un id o Fr an ça Itá lia Pa ís es Ba ix os 44 HORAS 42 40 39 37 36 Fo nt e: St at is ta P. 1311.2016 304AMamazoniaFLORESTASnotaveis.indd 13 18/10/2016 12:20:51 LU- NE- TA PONTE AÉREA PLANETÁRIA ATÉMARTEEALÉM SISTEMADETRANSPORTE INTERPLANETÁRIO (ITS) PODERÁLEVARHUMANOSATÉOSGIGANTESGASOSOS A CONQUISTA DO ESPAÇO PESOMUITOPESADO TENTAR A VIDA EMMARTE Preçodeumapassagemparaoplanetavermelho Toneladasdecargaqueos foguetes levamàórbitaterrestrebaixa (até2.000km) *Altura total é cincometrosmenor que a soma das duas partes pois osmotores da nave se alojam dentro do primeiro estágio FONTE:Making Humans aMultiplanetary Species (ElonMusk) *Inclui amortização, combustível e manutenção COMSÉRIE DE ÊXITOSNA ÚLTIMADÉCADA, A SPACEX DE ELONMUSKHOJE VALE SINGELOSUS$ 12 BILHÕES Primeiro lançamento do foguete Falcon 1: sim, Musk ama muito Star Wars. Explodem o veículo e sua carga, um satélite de US$ 800 mil da Força Aérea dos EUA Após três tentativas falhadas, o Falcon 1 entra em órbita. É a primeira companhia privada a conseguir. Contrato de US$ 1,6 bilhão é firmado com a Nasa Primeiro foguete Falcon 9 é lançado, podendo levar dez toneladas à órbita baixa. Cápsula Dragon chega ao espaço e re- torna com sucesso Com a Dragon, a SpaceX se torna a primeira empresa privada a acoplar cápsula na ISS. Carga é entregue com sucesso na Estação Espacial Versão melhorada do Falcon 9 é lançada, capaz de levar 22 toneladas à órbita baixa. Primeiro estágio do foguete retorna à base de lançamento GSLV ÍNDIA 5 H-IIB JAPÃO 19 DELPROTON-M RÚSSIA 22 SOYUZ2-1B RÚSSIA 8,2 ARIANE5 EUROPA 20 ATLASV551 EUA 18,8 LONGMARCH7 CHINA 13,5 FALCON9 EUA 22,8 PORANDRÉJORGEDEOLIVEIRA 20 06 20 08 20 12 20 10 20 15 77 ,5 m et ro s 12 2 m et ro s* Humano 17 metros de diâmetro 9 motores ESPAÇONAVE • Capacidade: até 450toneladas paraMarte • Tripulação: 100 pessoas oumais •Material: Fibra de carbono VIDAÚTILDECADAPARTEDOITS • Primeiro estágio: 1.000 usos • Nave-tanque: 100 usos • Espaçonave: 12 usos • Métodos tradicionais →US$ 10 bilhões (só ida) • ITS → US$ 200 mil = valor de uma casa (ida e volta) 12 metros de diâmetro MOTORES RAPTOR • Total: 42 • Anel exterior: 21 • Anel interior: 14 • Centro: 7 PRIMEIROESTÁGIO • Massa: 275 toneladas • Combustível: 6,7mil toneladas • Consumo: 7% do propelente p/voltar e pousar • Velocidade: 8,65mil km/h 49 ,5 m et ro s ATÉ A ÚLTIMA GOTA NA PONTA DO LÁPIS OTIMIZAÇÃODE 5.000.000% NOCUSTO PORTONELADA 1 2 3 Primeiro estágio lança espaçonave em órbita e retorna ao planeta para levar nave- -tanque ao espaço Espaçonave recebe combustível em órbita por meio da nave-tanque Nave-tanque e primeiro estágio retornam à Terra para usos futuros • Total por missão: US$ 62 milhões • Total por tonelada: US$ 140 mil Partes Fabricação Por viagem* 1º estágio 230 11 Espaçonave 200 43 Nave-tanque 130 8 • Frota pode chegar amil naves viajando ao mesmo tempo CUSTOSEMMILHÕESDEDÓLARES Outros projetos Sistema deTransporte Interplanetário (ITS) P. 14 11.2016 304AMluneta.indd 14 18/10/2016 13:03:51 Emeventoaeroespacial, o bilionário ElonMuskapresentouosplanosdaSpaceX decolonizarMarte já napróximadécadapara salvar ahumanidadedaextinção melhorada on 9 stágio do amento Depois de fazer história pousando em terra firme, a SpaceX traz o primeiro estágio de volta do es- paço e o faz pousar em um navio no oceano Meta é lançar o poderoso foguete Falcon Heavy até o fim deste ano Primeira cápsula tripulada, a Crew Dragon deve levar astronau- tas à ISS Dragon pousará em Marte para fazer testes DELTAIVHEAVY EUA 28,7 SATURNV EUA 135 FALCONHEAVY EUA 54,4 ITS EUA 550 Janela de lançamento paraMarte Janela de lançamento paraMarte Janela de lançamento paraMarte Janela de lançamento paraMarte TESTESORBITAIS VOOSDOITSPARAMARTE DESENVOLVERCREWDRAGON DESENVOLVIMENTODEPROPULSÃO MISSÕESREDDRAGON TESTESDANAVE DESENVOLVIMENTODEESTRUTURAS FALCONHEAVY POSTODEGASOLINAEMMARTE Será preciso produzir o propelente das naves (metano e oxigênio) em Marte, pormeio de reações entre elementos químicos coletados lá VIVENDOCOMOHOBBITS Deixar o planeta habitável leva tempo e o confinamento emmódulos pode ser um pouco sufocante. Alternativa a curto prazo é instalar domos em crateras e vales, criando “estufas” habitáveis 20 16 20 16 20 17 20 18 20 19 20 20 20 21 20 22 20 23 20 24 20 25 20 26 DOCE LAR AZUL É A CORMAIS QUENTE NADA DE PETRÓLEO TERRAFORMANDOMARTE Projetos de geoengenharia podem deixar o planeta vermelho com a cara da Terra. Explosões nucleares nos polos engrossariam a atmosfera e aumentariam a temperatura, graças à liberação do CO2 congelado 6 5 4 ebe Nave volta à Terra para levar mais pessoas até a colônia marciana Aerodinâmica desacelera a nave e motores centrais são acionados para o pouso Espaçonave segue rumo a Marte com entre- tenimento a bordo e jeitão de “cruzeiro espacial” DIAS CONTADOS TEMPODEVIAGEMPORJANELADE LANÇAMENTO(ACADA26MESES) •2020: 90 dias •2022: 120 dias •2024: 140 dias Média: 115 dias →Meta: 30 dias Água dióxido de carbono Oxigênio Metano • Nave atinge até 100mil km/h • Colonos podem voltar “de carona” a bordo das naves • Meta: criar colônia autossuficiente com 1 milhão de pessoas em cem anos • Reentrada na atmosfera marciana: temperatura de 1.700° C 2H2O+CO2 → 2O2+CH4 COMBUSTÍVELMARCIANO INFOGRÁFICO:MP | ÌCONES:EB TESTESDOPRIMEIROESTÁGIO P. 1511.2016 304AMluneta.indd 15 18/10/2016 13:03:52 FIG. 14 - EB FIG. 15 - BM PRESENTE DEGREGO PARAO COLESTEROL Cápsulas de remédio com anticorpos dão mãozinha ao sistema imunoló- gico no combate ao colesterol ruim POR BRUNOVAIANO NAS ARTÉRIAS, células do sistema imunológico chamadas macrófagos travam uma batalha silenciosa contra o LDL, o famoso mau colesterol. Um macrófago é uma célula de defesa roliça que realiza a fagocitose — ou seja, que come substâncias nocivas. Sua missão é evitar o acúmulo de uma placa de gordura nas paredes das artérias. Se o “cano” entope, o resultado é um in- farto do miocárdio ou um AVC. AcontecequeháumavariaçãodoLDL que, quando engolida por macrófagos, destrói essas células por dentro. Elas se tornam inúteis e morrem. Pior: seus resíduos estreitam ainda mais as arté- rias. Quempoderá nos defender, então? Dulcineia SaesAbdalla, da Faculdadede Ciências Farmacêuticas daUniversidade de São Paulo, lidera a batalha contra o mau colesterol. Sua equipe criou an- ticorpos capazes de identificar o LDL modificado e tirá-lo da circulação. Oproblemaéqueosmacrófagos con- tinuavam engolindo o colesterol, agora com tempero de anticorpos. A solução foi retirar a “aderência” do anticorpo espião, o que evitava que ele também virasse refeição.Mas issootornavamais frágil: para protegê-lo, foi criada uma nanocápsula, carregada de remédios quevãodireto ao LDL.Naprática, a téc- nica, testada emratos, diminuiu em74% o tamanho da inflamação na artéria. Os humanos aguardam— e agradecem. uhannad e Noor seguiram todas as tradições islâmicas na cerimônia de casamento, arranjado pelo avô do noivo. Teve leitura do Alcorão, sermão e festa. Mas Muhannad era um homem diferente para os padrões tradicionais do Oriente Médio. O jovem não se casou virgem — já tinha engravidado uma mulher antes de se comprometer com Noor. Além disso, depois do casório, Muhannad encheu a es- posa de carinho e respeito e a incentivou a seguir carreira de designer de moda. As cenas de amor de Muhannad e Noor, dois personagens de uma novela turca, che- garam às telas de 85 milhões de muçulma- nos em 2008. Sírios, iraquianos, jordania- nos e libaneses se renderam à história, e mais produções semelhantes não param de chegar aos países do Oriente Médio. Agora, essas novelas estão causando um alvoroço na família tradicional muçulmana. O respeito e o amor dos casais da ficção mostram uma novidade às mulheres: re- lacionamentos igualitários são possíveis e divórcios, bem-aceitos. Encorajadas, elas começaram a exigir mais respeito dos ma- ridos — e a optar pela separação. Enciu- mados, eles também preferem colocar um fim no casamento. Um site sírio contou a história de quatro casais que se separaram no embalo de amor de Noor e Muhannad. Na Jordânia, um portal local no- ticiou a ira domarido ao flagrar uma foto do galã Muhannad no celular da esposa — o amor acabou ali. Para se ter noção, o número de divórcios no Iraque quase dobrou nos últimos dez anos. Mas amotivação não vem só das telas de televisão. Em contraponto às ideias liber- tadoras das novelas, as leis impostas por grupos islâmicos radicais têm ficado cada vez mais rígidas. Sexo antes do casamento pode render punições pesadas. Daí, o único jeito de transar é casando. E é o que os muçulmanos têm feito. Só que a lei deixa uma brecha: recém-casados podem facil- mente se separar. Alguns casais, então, se unem em busca apenas de sexo. E, depois de algumas noitadas, pedem o divórcio. Além de tudo isso, no entanto, os con- flitos na região deixam cada vez mais pes- soas na miséria — sem ter como bancar a família, os maridos abandonam suas casas. Um motivo bem menos românti- co e libertador do que as emocionantes cenas de amor das novelas turcas. NOVELAS TURCAS AFUNDAM CASAMENTOS Pobreza e regras mais rígidas do islamismo também contribuem para o aumento dos divórcios em países do Oriente Médio PORCAROL CASTRO M P. 16 11.2016 304AMperseguicaoNOVELAquente.indd 16 18/10/2016 13:05:54 A SEMENTE PARA O CONHECIMENTO É A EDUCAÇÃO. EDUCAÇÃO: ALIMENTOPARAAVIDA. PARCEIROSMANTENEDORES FIG. 09 - BM FIG. 10 - EB ANICOTINAPRECISADEVOCÊ. Sem a sua crença, seu cérebro não libera dopamina— substância química que dá sensação de prazer e bem-estar. Parte do sistema de recompensa do cérebro, a dopamina faz você sentir vontade de procurar outra vez aquela fonte de satisfação. É ela quem torna o cigarro tão viciante. Mas isso tudo só acontece se você botar fé na nicotina. A descoberta é de psiquiatras ingleses e norte-americanos. Os cientistas deram cigarros a 24 fumantes crônicose, emseguida, pediramquefizessemumexamede ressonânciamagnética. Sóque avisaram: nem todos os cigarros tinham nicotina. Cada participante sabia o que fumava— com ou sem a substância. Quer dizer, mais oumenos. Os pesquisadores nem sempre contaram averdade. Ao conferir as imagens, eles perceberam que o cérebro só libera dopamina quando o volun- tário acredita ter fumado um cigarro com nicotina. Mesmo que a substância esteja presente, se o fumante não souber disso, o cérebro não produz a sensação de prazer. O contrário também funciona. Ou seja, no fim da história, a verdade é que o vício está apenas na sua cabeça. NICOTINADA FÉ Seu cérebro só libera dopamina se você acreditar no poder do cigarro, mostra nova pesquisa de psiquiatras ingleses e norte-americanos — PORC.C. Ao menos é o que parece. Pesquisadores não encontra- ram vestígios de armas nos 40 sítios arqueológicos des- cobertos até agora — em cem anos de estudo. Também não há desenhos representando ba- talhas. Entre os escombros, ao contrário de todas as civiliza- ções já estudadas, não há templos, palácios ou qualquer sinal de hierarquia e classes sociais. Só o desenho de um homem barbu- do, parecido com sacerdotes hindus e mon- ges budistas, remete à imagem de um rei. Ninguém sabe como os indos acabaram. A teoria mais forte é que o clima mudou e os rios secaram. Mas ainda há muito a ser descoberto. Arqueólogos querem desven- dar as escrituras para dar o veredito final sobre como viviam e se organizavam. Até lá, dá para sonhar com a ideia de que pelo menos um povo conseguiu prosperar em uma sociedade justa e sem guerra. á mais de 5 mil anos, cerca de 35 mil pessoas se espalha- ram ao longo do Rio Indo, na Ásia. Dominaram toda a re- gião do Paquistão, metade do Afeganistão e parte do oeste da Índia. E viveram bem por 700 anos. Aprenderam a desenhar e escrever, drenavam água do rio para os campos, criavam galinhas e ainda desen- volveram o primeiro sistema de sanea- mento básico da história — o esgoto era despejado em drenos cobertos. A civiliza- ção do Vale do Indo só deixou duas coisas de lado: guerras e desigualdade. CIVILIZAÇÃO DA UTOPIA Os indos viveram por 700 anos sem guerras e sem desigualdade — PORCAROLCASTRO H “NUNCA SABEREI O TAMANHO REAL DO SOFRIMENTO DELE. MAS SEI QUE VI O HOMEM MAIS VALENTE DO MUNDO ENCARANDO O PAPEL MAIS DIFÍCIL DE SUA VIDA” Susan Schneider, viúva do ator Robin Williams, que se matou em 2014. A autópsia mostrou que ele tinha demência com corpos de Lewy, uma doença neurodegenerativa. P. 18 11.2016 304AMcivilizacaoNICOTINAoficina.indd 18 18/10/2016 13:10:06 FIG. 11 - ZK FIG. 12 - EB O CANADÁ VIVE UMA epidemia de overdoses. Só na província da Colúmbia Britânica, os casos au- mentaram 61% entre janeiro e agos- to deste ano, em comparação com o mesmo período de 2015. Até ago- ra, 488 mortes foram registradas. Culpa do fentanil, um opiáceo usa- do em analgésicos e que, por ser ba- rato, tem tomado o lugar da heroína. Porém, essa droga é quase cem ve- zes mais forte e muito mais mortal. Preocupado, o primeiro-ministro, Justin Trudeau, liberou o uso de he- roína para viciados. Mas não para todos. Médicos só poderão prescre- ver diacetilmorfina, o princípio ativo da heroína, para pacientes que não respondem ao tratamento conven- cional, com metadona e buprenor- fina, outros dois opiáceos. A ideia, que provavelmente se- ria apelidada de “bolsa-droga” por aqui, segue os moldes do que já é realizado em países europeus, como Alemanha, Suíça e Holanda. Na clíni- ca Crosstown, em Vancouver, depen- dentes recebem injeções por até três vezes ao dia. A clínica mantémmédia de uma overdose a cada 6 mil doses. Nenhuma delas foi fatal, já que todos foram atendidos sem demora. É a lógica da redução de danos substituindo a política de guerra às drogas. Além de salvar vidas e ti- rar a necessidade de os dependen- tes químicos recorrerem a trafican- tes, faz sentido economicamente. Em média, cada usuário custa ao Estado US$ 16 mil por ano, con- tra US$ 23 mil se fossem deixados por conta própria, seja no sistema de saúde, seja nas penitenciárias. CONTRA OVERDOSE, USE HEROÍNA Canadá aprova uso da droga para tratar viciados. Amedida tenta acabar com os casos de overdose, que aumentaram mais de 60% neste ano PORFELIPEFLORESTI Commais vinho, acredite! Coloque umpouco de vinho branco imediatamente sobre amancha e pressione comum pano. Outra saída é aplicar sal e suco de limão. Passar gelo também funciona, evitando que o teci- do absorva ovinho. O importante é correr: mancha seca dificulta tudo. COMO TIRARMANCHA DE VINHO TINTO? Sim. O ideal é que seja um tênis de solado baixo e sem sistema de amortecimento. Encoste o fundo da garrafa dentro do calçado, onde fica o calcanhar, e bata-o contra uma parede diversas vezes.Aos poucos, a rolha vai semovimentando emdireção ao gar- galo, até se soltar completamente. DÁ PARA SACAR A ROLHA COMUMSAPATO? Parapreservar as características dabebida, existe uma ferramenta conhecida como “salva-vinho” ou “vacuvin”, umkit compostopor uma rolha euma bombinha.Arolha deve ser colocada nagarrafa edepois, comabomba, o oxigênio lá deden- tro é removidoo máximo possível. COMOCONSERVARUMAGARRAFAABERTA? COMABÊNÇÃO DODEUSBACO OFICINA PORPABLOPERINI,SOMMELIER Não adianta chorar sobre o vinho derramado. Aprenda a limpá-lo, guardá-lo e— por que não?— abri-lo com um sapato P. 1911.2016 304AMcivilizacaoNICOTINAoficina.indd 19 18/10/2016 13:10:07 FIG. 13 - ZK EM HARYANA, um estado no norte da Índia, policiais da Comissão de Serviço à Vaca (sim, isso existe por lá) passaram a vasculhar as despensas dos restauran- tes. Há suspeitas de que alguns lugares estejam vendendo bir- yani — arroz indiano vegetariano ou com cordeiro — mistura- do com carne bovina. Como naquela região a matança de vacas é proibida, os policiais intensificaram a fis- calização: apreendem o material suspeito e levam para análise. Essa veneração às vacas surgiu por volta TEMPORADA DE CAÇA AOS COMEDORES DE VACA Polícia indiana inspeciona restaurantes locais para averiguar vestígios de carne bovina — PORCAROLCASTRO de 1500 antes de Cristo, quando hinduís- tas escreveram textos sagrados sobre a relação do animal com a fertilidade e com Krishna, um dos deuses indianos. Mas a proibição não acontece em todo o país, ainda que 80% dos cidadãos sejam adep- tos do hinduísmo. Cada estado tem a pró- pria legislação — e pode ou não autorizar o abate de carne bovina. O consumo de outros tipos de carne é liberado. No estado de Haryana, a população local até arranja brigas quando suspeita que vizinhos tenhammatado vacas ou feito um despretensioso churrasquinho. Mas as práticas policiais têm gerado polêmica: al- guns comerciantes dizem ter perdido todo o estoque de comida, confiscado pela po- lícia. E garantem que jamais venderam ou comeram um bifezinho sequer da mimosa. Sua família acaba de ficar menor. Três es- tudos genéticos simultâneos conduzidos por pesquisadores de diferentes institui- ções do mundo concluíram que toda a população do planeta se originou de uma única migração, que deixou o continente africano entre 50 mil e 80 mil anos atrás. A descoberta foi quase um esforço di- plomático. A equipe de Luca Pagani, do Biocentro da Estônia, analisou 148 povos. Entre eles, alguns da região de Papua-Nova Guiné, país próximo à Austrália, em que 98% da população vêm de um único gru- po migratório. Já Swapan Mallick e David Reich, da Escola de Medicina de Harvard, deram uma olhada em 142 populações, e comprovaram que os aborígenes australia- nos e outras civilizações da Oceania têm a mesma origem que os demais povos não africanos. Por sua vez, Anna-Sapfo Malaspinas, do Museu de História Natural de Copenhague, fez algo pa- recido com 108 genomas da região, e as conclusões foram as mesmas. “Não é uma coincidência”, afirma Serena Tucci, especialista em genéti- ca e demografia pela Universidade de Washington. “São colaborações internacio- nais que unem instituições de vários luga- res do mundo há anos. Alguns participan- tes, inclusive, estão emmais de um estudo.” Na genética, a união faz a força. Afinal, mais do que recursos financeiros, é neces- sário um pequeno exército de cientistas para dar conta de analisar o mundo todo. VOU-ME EMBORAPARA A EURÁSIA Pesquisas simultâneas revelam que todos os seres humanos se originaram de ummesmo grupo que saiu daÁfrica há 50mil anos— PORBRUNOVAIANO “Fazer a análise de populações é muito di- fícil por questões éticas, logísticas e eco- nômicas”, explica Tucci. “Imagine como é para um pesquisador ir à savana africana ou a ilhas remotas no Pacífico para coletar sangue e saliva, e então levar as amostras de volta aos Estados Unidos ou à Europa.” Apesar das dificuldades, uma boa olhada nos genes ainda é ométodomais confiável para responder àmais clichê das perguntas: de onde viemos? “Há alterações aleatórias que surgem e se acumulam no genoma de populações diferentes”, afirma Tucci. São essas diferenças e semelhanças que permi- tem, pormeio de truques estatísticos, traçar o mapa da migração humana pelo mundo. E por que o Homo sapiens decidiu que dominar o mundo era um plano razoável? Bem, isso é mais complicado. “Migrações costumam ser motivadas pelas condições climáticas ou por disponibilidade de comi- da e água”, diz Tucci. “Mas pode ser que o desejo de explorar seja intrínseco ao ser humano, e isso já é assunto para a filosofia.” P.20 11.2016 304AMinfomaniaVAQUINHAquente.indd 20 18/10/2016 18:56:11 ALTOS E BAIXOS Haja fitamétrica: pesquisa inédita compara a alturamédia da população de todos os países domundo por um século—PORB.V. H O L A N D A IR Ã T IM O R -L E S T E L E T Ô N IA C O R E IA D O S U L G U A T E M A L A H O M E N S M U L H E R E S B R A S IL HO M EN S M AI S AL TO S M UL HE RE S M AI S AL TA S HO M EN S QU E M AI S CR ES CE RA M M UL HE RE S QU E M AI S CR ES CE RA M HO M EN S M AI S BA IX OS M UL HE RE S M AI S BA IX AS 1896 1916 19361906 1926 1946 1966 19861956 1976 1996 Um grupo internacional de cientistas chamado NCD Risk Fac- tor Collaboration analisou 1.472 pesquisas do último século em busca de informações sobre a altura média da população de 200 países. Na Coreia do Sul, as mulheres cresceram 20 cm. Já no Timor-Leste, os homens não saíram do 1,60 m. 100 cm 100 cm 100 cm 100 cm 100 cm 100 cm 100 cm 100 cm 150 cm 150 cm 150 cm 150 cm 150 cm 150 cm 150 cm 150 cm 50 cm 50 cm 50 cm 50 cm 50 cm 50 cm 50 cm 50 cm 169,4 cm 155,5 cm 157,1 cm 142,2 cm 153 cm 140,3 cm 163,2 cm 150,2 cm 171,2 157,3 159,4 144,7 154,5 142 164,2 151,3 173,2 159 161,8 147,2 155,9 143,7 165,2 152,5 175 160,7 164,4 149,9 157,2 145,5 166,3 153,8 176,8 162,3 166,4 152,8 158,4 147 167,4 155,2 178,5 163,9 168 155,4 159,7 148,1 168,5 156,3 180,4 165,5 169,6 157,4 160,9 148,9 169,5 157,2 181,9 167 170,9 159,1 161,2 149,2 170,4 158 182,5 168,1 172,6 160,5 161 149,1 171,6 158,8 182,6 168,9 173,3 161,5 160,6 149,2 172,7 159,7 182,5 169,8 173,6 162,3 159,8 149,4 173,6 160,9 P.2111.2016 IN F O M A N IA 304AMinfomaniaVAQUINHAquente.indd 21 18/10/2016 18:56:12 SEGREDOSREVELADOS Candidato do Brasil ao Oscar reflete sobre HIV, preconceitos e amor. Mas sem ser brega — PORNATHAN FERNANDES MANUAL DA JOGATINA Dos arcades instalados no bar da esquina aos apps viciantes, o recém-lançado Almanaque dos Games (Panda Books) traz fatos e curiosidades a respeito da história dos jogos de videogame. Para saber se você manja tudo sobre games, associe quem são as pessoas reais da primeira coluna que serviram de inspiração aos personagens virtuais: or mais de dez anos, a famí- lia Schurmann guardou uma informação que não era com- partilhada com ninguém que acompanhava suas expedições — várias delas noticiadas em programas como o Fantástico. Por medo do preconceito, a primeira família brasileira a dar a volta ao mundo em um veleiromanteve em segredo a condição de saúde da filha adotiva Kat: ela era portadora do HIV — vírus que ma- tou seus pais biológicos, em uma época na qual o tratamento para a AIDS era precário. A história foi contada em detalhes, em 2013, no livro escrito por Heloisa Schurmann, Pequeno Segredo — A Lição de Vida de Kat para a Família Schurmann, e agora poderá ser vista nos cinemas. Segundo o diretor David Schurmann, filho do casal Vilfredo e Heloisa e que já regis- trou várias das aventuras em documentá- rios, o filme Pequeno Segredo, que estreia no dia 10, não é uma adaptação do livro damãe. “Os dois foram feitos em paralelo”, afirma David à GALILEU. “Meus pais só irão ver o filme na estreia, eles não tiveram nenhum contato com o roteiro. E, sincera- mente, acho que minha mãe só vai conse- guir vê-lo uma vez.” A previsão faz sentido, dada a intensidade da história. Em umamensagem de 2006, os pais es- creveram: “A luta de uma criança contra essa doença é inglória. Mas nada é pior do que o preconceito e a falta de amor”. E é justamente disso que trata o filme. “Hoje, parece que o ódio está chegando com cada vez mais força e o amor está ficando para trás”, diz David. “A ideia é trazer o amor de volta, mas não aquele amor brega.” Na narrativa, quemistura histórias e per- sonagens, a preocupação do diretor era não enaltecer demais a família, tarefa em que teve apoio do roteirista Marcos Bernstein, de Central do Brasil. O elenco, que conta com Julia Lemmertz eMarcello Antony, tem ainda a irlandesa Fionnula Flanagan, que participou de séries como Lost e Star Trek. O filme foi indicado pelo Ministério da Cultura para representar o Brasil no Oscar na categoria demelhor filme estrangeiro. A escolha gerou polêmica: Pequeno Segredo concorria com Aquarius, que disputou a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes. No tapete vermelho da premiação, atores e diretores do filme protestaram con- tra o impeachment de Dilma Rousseff. Questões políticas à parte, o diretor David Schurmann acredita que a história de Kat deixará uma mensagem positiva em tempos difíceis. “Isso cria uma rever- beração do bem, que inspira e nos faz ver o lado positivo das coisas”, afirma. P LEIA A ENTREVISTA COMPLETA COM DAVID SCHURMANN NO SITE DA GALILEU RESPOSTAS: BRUCE LEE CHELL (Portal) ALÉSIA GLIDWELL SONIC MICHAEL MANDO KING BOHAN (Heavenly Sword) ANDY SERKIS FEI LONG (Street Fighter) FRANCISCO RANDEZ VAASMONTENEGRO (Far Cry 3) JOHNNY KNOX- VILLE + HARRISSON FORD SHEVA ALOMAR (Resident Evil 5) MICHAEL JACKSON (sapatos) +BILL CLINTON (personalidade) DESMOND MILES (Assassin’s Creed) MICHELLE VAN DERWATER NATHAN DRAKE (Uncharted) 1 A 2 3 4 5 B C D E F G H 6 7 8 1-D;2-A;3-E;4-F;5-C;6-H;7-B;8-G P.22 11.2016 304AMcultura.indd 22 18/10/2016 17:15:46 A HISTÓRIA DO FILME MY ENTIRE HIGH SCHOOL SINKING INTO THE SEA (MEU ENSINO MÉDIO INTEIRO AFUNDANDO NO MAR, EM TRADUÇÃO LIVRE) É AUTOBIOGRÁFICA? Eu diria que é uma autobiografia dramatizada. Usei elementos verdadeiros, é claro, mas procurei alterá-los um pouco para chegar mais perto do sentimento dos personagens. Um verdadeiro êxtase! Procurei captar o espírito do ensino médio em vez de apenas retratar os fatos como eles são. Acredito que seja esse o meu papel como artista: injetar drama e sentimento no que faço, e não simplesmente fazer um relato. O QUE ACHOU DA EXPERIÊNCIA DE DIRIGIR A ADAPTAÇÃO DOS QUADRINHOS PARA O CINEMA? Se tivesse que descrevê-la numa única palavra, eu diria que foi incrível! Escrevi o roteiro, montei a escaleta e desenhei boa parte do filme. Na medida do possível, procurei partici- par de todas as etapas da produção. Mas devo confessar que a animadora principal é Jane Samborski. Ela ficou com as cenas mais difíceis. Além disso, outros profissionais — a maioria deles desenhistas — deram sua contribuição. DE ONDE VOCÊ TIRA INSPIRAÇÃO PARA ESCREVER SEUS QUADRINHOS? DE ONDE VIERAM AS REFERÊNCIAS PARA SEU NOVO TRABALHO, COSPLAYERS, POR EXEMPLO? A inspiração vem dos mais diferentes lugares. No caso de Cosplayers, fui buscar referên- cias na minha juventude, no final dos anos 1990. Eu frequentava convenções de anime e conhecia muitos cosplayers. Pensei: “Por que não criar uma história sobre esse universo?”. HÁ QUEM DIGA QUE O QUE VOCÊ FAZ NÃO É QUADRINHO, É LITERATURA. QUAL SUA OPINIÃO A RESPEITO DESSA COMPARAÇÃO? Não sabia que as pessoas diziam isso a respeito do meu trabalho. Bem, o que faço são quadrinhos. Quando alguém pergunta o que faço, respondo que sou cartunista. Ou, ainda, romancista gráfico, quando julgo que isso poderá ajudar a entender melhor o meu trabalho. Às vezes, até chamo de “quadrinho literário”, apenas para distinguir os meus quadrinhos daqueles de super-he- róis. No entanto, não me importa muito como as pessoas chamam o que eu faço... QUAIS SÃO AS DICAS PARA AS PESSOAS QUE GOSTARIAM DE SE TORNAR QUADRINISTAS? Deixa eu ver... Vá em frente. Conte as his- tórias que só você pode contar. Por favor, não me dê o mesmo de sempre. E siga adiante. Tenha foco e seja engajado. EM ÁGUAS PROFUNDAS O quadrinista Dash Shaw estreia como diretor de animação emfilme com vozes de Susan Sarandon e Lena Dunham, e lança HQ sobre cosplayers— PORANDRÉ BERNARDO P.2311.2016 304AMcultura.indd 23 18/10/2016 17:15:49 CIÊNCIAEMDIA NOV16 O ESPAÇO DA CIÊNCIA BRASILEIRA O que seria da nossa vida sem tecnologia? E o que seria do nosso país sem inovações? A Torre Atto na Amazônia, por exemplo, permite aos pesquisadores compreender as mudanças climáticas globais. O Supercomputador Santos Dumont é um grande aliado nas pesquisas sobre a interação do vírus Zika com células mctic @mctic @mctic.gov.brCONHEÇANOSSASREDES IINNVVEESTIR EMNOOVVAASS TTEECCNNOLOGIAS ÉÉ IINNVVEESTIRR NNAA MMEELLHHORIAA DDAA VVIIDDAA DOOSS BRASILEIROOSS humanas. É por isso que o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) investe em novas tecnologias para incrementar estudos e pesquisas brasileiras. Para desenvolver a saúde, educação, indústria, agronegócio, comunicações, segurança e a conservação do meio ambiente. Para melhorar a nossa vida. MCTI InformePublicitário Revista Galileu AnúncioTecnologiaPáginaDupla 404x266mm indd 1 Publieditorial LNLS – LABORATÓRIO NACIONAL DE LUZ SÍNCROTRON Acelerador de partículas, funciona como um grande microscópio que permite a análise de diferentes materiais, comometais e células humanas. É considerado o maior projeto científico brasileiro de todos os tempos. NAVIO DE PESQUISA OCEANOGRÁFICA VITAL DE OLIVEIRA Entre as cinco melhores plataformas de pesquisa hidroceanográfica domundo, com equipamentos de alta precisão, incluindo um robô submarino que vai até 4 mil metros de profundidade. SUPERCOMPUTADOR SANTOS DUMONT Mais potente da América Latina, o supercomputador é capaz de fazer um quatrilhão de operações matemáticas por segundo e acelerar os resultados de pesquisas brasileiras. CONHEÇA AQUI OS PRINCIPAIS INVESTIMENTOS EM TECNOLOGIA DO MCTIC TORRE ATTO Torre com 325m de altura em plena Floresta Amazônica para monitorar as mudanças climáticas. 14/10/16 14:14 DINHEIRONAMÃOÉ... ... basicamente ferro e cobre. Saiba do que são feitas as moedasquepesamnoseubolso —PORSHANASUDBRACK* ogo que a Olimpíada aca- bou, começou a circular a informação de que a moe- da comemorativa de R$ 1 criada para os Jogos estava sendo vendida por até R$ 100 no mercado negro. O material usa- do na fabricação damoeda especial, no en- tanto, era igualzinho ao da moeda comum: muito ferro e algum cromo (veja ao lado). A fabricação de moedas e cédulas bra- sileiras é responsabilidade da Casa da Moeda desde 1694, quando a entidade foi criada pelos portugueses que admi- nistravam a Colônia a distância. O pro- cesso é sigiloso por questão de seguran- ça nacional (no caso, para que você não faça seu próprio dinheiro em casa), então ninguém sabe exatamente como funcio- na. Mas algumas etapas são conhecidas. Em relação à moeda de R$ 1, por exem- plo, tanto o aço inoxidável dos núcleos quanto o aço de carbono dos anéis são produzidos por diferentes fornecedores. Quando os núcleos e os anéis chegam à Casa da Moeda, eles são unidos e passam pelo processo de cunhagem. Depois, equi- pamentos alemães unem e travam as duas partes das peças e estampam as imagens em ambas as faces da moeda. Tudo isso acontece em frações de segundo: a prensa produz 650 moedas por minuto. No final, as moedas são contadas, embaladas e passam por um rigoroso controle de peso feito por funcionários. Robôs, então, colocam os sacos em cai- xas, que são organizadas em paletes e enviadas ao cofre, onde esperam até fi- nalmente serem retiradas pelo Banco Central e colocadas em circulação. L AmoedadeR$0,05, revestida de cobre, é a quemais sofre coma corrosão Si 14 S 16 P 15 Fe 26 C 6 Mn 25 Cr 24 MOEDADE R$ 1 NÚCLEO Cromo entre 16% e 18% Carbono aprox. 0,12% Silício aprox. 1% Manganês aprox. 1% Enxofre aprox. 0,030% Fósforo aprox. 0,040% Ferro entre 80% e 82% Cr C Si Mn S P F Cu 29 S 16 P 15 Fe 26 C 6 Mn 25 Sn 50 MOEDADE R$ 1 ANEL Ferromais de 99% Carbono entre 0,06% e 0,08% Manganês 0,35% Fósforo 0,03% Enxofre 0,05% Revestimento de bronze: Cobre entre 86% e 89% Estanho de 11% a 14% Cu Sn C Mn Fe S P *Com reportagem de Cartola Agência de Conteúdo Foto: Tomás Arthuzzi Fontes:Banco Central do Brasil e Casa da Moeda MOEDASDER$0,10ER$0,25 Ferromais de 99% Carbono entre 0,06% e0,08% Manganês 0,35% Fósforo 0,03% Enxofre 0,05% Revestimento de bronze: Cobre entre 86% e 89% Estanho de 11% a 14% S 16 Sn 50 P 15 Fe 26 C 6 Mn 25 Cu 29 Cu Sn S C Mn P Fe Cu S P MOEDADE R$0,05 Ferromais de 99% Carbono entre 0,06% e0,08% Manganês 0,35% Fósforo 0,03% Enxofre 0,05% Revestimento de cobre S 16 P 15 Fe 26 C 6 Mn 25 Cu 29 C Mn Fe MOEDADE R$0,50 Cromo entre 16% e 18% Carbono aprox. 0,12% Silício aprox. 1% Manganês aprox. 1% Enxofre aprox. 0,030% Fósforo aprox. 0,040% Ferro entre 80% e 82% Si 14 S 16 P 15 Fe 26 C 6 Mn 25 Cr 24 S P C Si Mn Cr Fe 26 ELEMENTAR MOEDAS 304ELEMENTAR.indd 26 18/10/2016 11:57:54 MARRAKESH PARALÁDE DOSSIÊ MUDANÇAS CLIMÁTICAS PORGIULIANADE TOLEDO DESIGN FEU Oanode2016 seencaminhapara seromais quentedahistória, e a concentração dedióxidodecarbononaatmosferanunca foi tãoalta. É comesseclimãoquea Conferência doClimanoMarrocosdiscutenestemêso futurodoplaneta NÃO QUE CONSEGUIR erguer 349 quilos não mereça comemo- ração com rodopios e rebolados, mas o motivo pelo qual o levan- tador de peso David Katoatau mostrou seu gingado após pro- va na Olimpíada do Rio foi muito diferente do que se poderia pen- sar. Apesar do sorriso no rosto enquanto dançava, ele, que ficou em sexto lugar, queria chamar a atenção da mídia internacional para um problema sério. Seu país, Kiribati, está condenado a desa- parecer. Por culpa das mudanças climáticas, o Oceano Pacífico co- bre ano a ano um pouco mais as ilhas e os atóis que formam a na- ção. Em décadas, os 100 mil ha- bitantes vão precisar de um novo lugar para viver. “Nós não temos recursos para nos salvar”, disse ele, que conhece o problema de perto, já que a família mora em uma área sujeita a alagamentos. O futuro de Kiribati — e de todo o planeta — está em discussão neste mês, entre os dias 7 e 18, em Marrakesh, no Marrocos. A COP- 22 é a primeira Cúpula do Clima após a entrada em vigor do Acordo de Paris. Criado em dezembro de 2015, o documento conseguiu só no mês passado adesões suficien- tes para passar a valer. De lá para cá, as notícias sobre o clima só pio- raram. O ano de 2016 se encami- nha para ser o mais quente de que se tem notícia desde 1880, quan- do a Nasa passou a monitorar as temperaturas de toda a Terra — o recorde anterior foi de 2015, e antes ainda, de 2014. Quinze dos 16 anos mais quentes ocorreram no século 21. Vamos dançar? 27 304DOSSIEclimatico.indd 27 17/10/2016 22:16:30 NÓSSEMPRE TEREMOSP ESPIRAL DOCALOR Estamos perto do aumento de 1,5°C na temperatura média global. Para mostrar o problema, o cientista inglês Ed Hawkins criou gráficos em espiral com dados desde o século 19 81 PAÍSESJÁRATIFICARAMOACORDO * Países que ratificaram até a conclusão desta edição | **Dados até março de 2016 | ***Números até agosto de 2016 A humanidade se supe- ra. Neste ano, o nível de dióxido de carbono na atmosfera atingiu o recorde de quase 410 partes pormilhão—medida de CO2 no ar em relação a outros gases. O nível seguro seria de 350 partes pormilhão. Isso significa que será mais difícil cumprir a meta do Acordo de Paris, de conter o aquecimento da Terra em até 2°C (de pre- ferência em 1,5°C) acima dos níveis pré-industriais. O esforço oficialmente co- meça agora. No total, o acordo já foi ratificado por 81 países, responsáveis por 60% das emissões globais. Para que ele entrasse em vigor, era neces- sária a adesão de ao menos 55 países que representassem 55% das emissões. Então já podemos ficar tranquilos? Na verdade, não. “Se a meta não for adaptada para o nível local, o acordo não vai ser cumprido”, diz Andrea Santos, secretária -executiva do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas. OACORDODEPARIS ENTRA EMVIGORNESTEMÊS, APÓSOSPAÍSES-MEMBROSDA UNIÃ 0° 191 PAÍSESJÁASSINARAMOACORDO 60% DASEMISSÕESGLOBAISVÊMDESSES81PAÍSES COMOLER: Jan Fev M ar Abr M ai JunJulA go Se t O ut No v Dez 1860 Jan Fev M ar Abr M ai JunJulA go Se t O ut No v Dez 1960 Jan Fev M ar Abr M ai JunJulA go Se t O ut No v Dez 2016** 2,0° 1,5° O C E A N O P A C Í F I C O O C E A N O A T L Â N T I C OBrasil Argentina Bolívia Mauritânia Estados Unidos México Cuba Jamaica Belize Rep. Dominicana Portugal Irlanda R U Groenlândia Equador Uruguai Peru Venezuela Colômbia El Salvador Panamá Canadá Alasca BLOCO DOMAL Veja quem lidera as emissões de gases de efeito estufa no planeta Re st od om un do Ja pã o In do né sia Ca na dá M éx ico Es ta do sU ni do s Ch in a Br as il Un iã oE ur op ei a Rú ss ia Ín di a 0% 100%50% 28 304DOSSIEclimatico.indd 28 17/10/2016 22:16:34 NÓSSEMPRE TEREMOSPARIS ESTUFA EMCONSTRUÇÃO Nos últimos dez anos, as emissões de dióxido de carbono crescerammuito TERRA COM FEBRE Quase todo o planeta esquentou em relação à temperatura média dos últimos cinco anos Fo nt es :C AI T Cl im at e Da ta Ex pl or er — W or ld Re so ur ce s In st itu te ,c om ba se em da do s de 20 14 da In te rn at io na lE ne rg y Ag en cy ;E d H aw ki ns /C lim at e La b Bo ok ;N as a Go dd ar d In st itu te fo rS pa ce St ud ie s PEQUENOSNOTÁVEIS Países pouco populosos, mas com grande produção de petróleo, lideram emissões per capita A UNIÃO EUROPEIA TEREMRATIFICADOODOCUMENTO. VEJAQUEMJÁADERIU* 80Toneladas de CO2 1°C = 1,8°F405 Partes pormilhão 400 395 390 385 380 375 60 -4 -3 -2 -1 0 °F 1 2 3 4 40 20 0 Ku w ai t 2006 2008 2010 2012 2014 2016*** 62 ,6 2 54 ,15 43 ,7 2 34 ,2 3 38 ,8 4 29 ,2 1 28 ,4 6 25 ,2 2 23 ,6 6 22 ,16 21 ,0 2 Br un ei Ca ta r O m ã Tr in id ad e To ba go Be liz e Gu in é Eq ua to ria l Au st rá lia Ar áb ia Sa ud ita Lu xe m bu rg o Es ta do s Un id os 404,07 O C E A N O P A C Í F I C O O C E A N O Í N D I C O China Mongólia Arábia Saudita Iraque Índia Rússia Japão Filipinas Indonésia Sudão Angola África do Sul Etiópia Tanzânia Argélia Líbia Egito Níger Chade Nigéria Rep. Dem. do Congo Malásia Mianmar Tailândia ortugal rlanda Noruega Reino Unido Itália Turquia Síria Cazaquistão Irã Austrália Papua-Nova Guiné Assinaramoacordo Ratificaramoacordo Indefinidos 29 304DOSSIEclimatico.indd 29 17/10/2016 22:16:36 O ANTROPOCENO, a Era do Homem — nomenclatura defendida por geólogos para definir os tempos em que vivemos, com grandes mudanças naturais provocadas pela ação humana —, é a hora de a Groenlândia poder prosperar, após anos e anos com território quase inteiramente coberto de gelo, pouco favorável a atividades econômicas. Ao menos é nisso que acreditam políticos e empresários animados com o fato de que o país não só não vai afundar como ainda vai se erguer Com cerca de 600 habitantes, o povoado de Shishmaref, no Alasca, provavelmente nunca viraria notícia mundo afora se não fosse pelo risco que corre de desaparecer em breve. Em agosto deste ano, os moradores aprovaram nas urnas a realocação do vilarejo, já que a área onde estão hoje, em uma ilha no Estreito de Bering, encolhe dia a dia por um processo de erosão da costa, acelerado pelo aumento do nível do oceano. Além de Shishmaref, outras 30 cidadezinhas do estado norte-americano têm de dez a 20 anos para fazerem as malas antes que fiquem debaixo d’água, estima a ONG The Arctic Institute. Trocar de território, no entanto, não é tão simples quanto votar e simplesmente ir arrumar as trouxas. São necessários US$ 180 milhões para a mudança — verba que ainda não foi liberada. Haja grana: para a realocação dos considerados primeiros refugiados climáticos dos EUA, da Isle de Jean Charles, na Louisiana, já foram investidos US$ 48 milhões no início do ano. QUEM GANHA Oaquecimentoglobalnãoénecessariamenteruimparatodos; empresasjáencontramoportunidadesdenovosnegócios uem disse que as mu- danças climáticas pre- cisam ser só um pro- blema? Para alguns setores, são oportunidade de negó- cios, como mostra McKenzie Funk no livro Caiu do Céu — O Promissor Negócio do Aquecimento Global (Três Estrelas), recém-lançado no Brasil. “A mudança climática costuma ser formulada como uma questão científica, econômica ou ambiental, e não como uma questão de justi- ça humana, como deveria ser com mais frequência. Isso também preci- sa mudar. A partir deste momento, muitos podem ficar ricos”, escreve o jornalista norte-americano, que visi- tou de fábricas de neve a segurado- ras de áreas sujeitas a queimadas. Para Mariana Nicolletti, gesto- ra da Plataforma Empresas pelo Clima do GVces (Centro de Estudos em Sustentabilidade) da Fundação Getulio Vargas, também no Brasil empresas estão atentas a novos ne- gócios, principalmente em biocom- bustíveis e no setor florestal. “Elas têm se voltado cada vez mais para essa agenda positiva, como a gente fala, de oportunidades de negócios no cenário de emissões restritas”, diz. Q MUDANÇA MILIONÁRIA POVOADONOALASCADECIDETROCARDE TERRITÓRIO,MASQUEMPAGAOCARRETO? CHEGOUAHORA DAGROENLÂNDIA? NACONTRAMÃODORESTODOPLANETA,OPAÍS PROJETABONANÇAAPÓSGELEIRASDERRETEREM POR ÁGUA ABAIXO Área da banquisa do Ártico diminui emmédia 13,4% a cada década CADÊ O GELO? Banquisa do Ártico, porção de água congelada no oceano, está menor; 2012 foi o pior em 30 anos TERRA CONDENADA Povoado de Shishmaref, no Alasca, fica próximo ao Estreito de Bering, entre os oceanos Pacífico e Ártico Fo nt es :N as a; N at io na lS no w an d Ic e D at a Ce nt er ;á re a m ed id a po rs at él ite s no s m es es de se te m br o, qu an do a ba nq ui sa at in ge se u ta m an ho m ín im o 8milhões de km2 7 6 5 4 3 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 4,63 2012 1980 Shishmaref Ilha de Sarichef 304DOSSIEclimatico.indd 30 17/10/2016 22:16:37 S abe aqueles sites com final “.tv”? Usado prin- cipalmente por páginas de vídeos, o domínio originalmente faz referência ao arquipélago de Tuvalu. Sejamos francos: acessar páginas “.tv” deve ser o maior contato que você já teve com esse país do meio do Pacífico, um dos mais sujeitos a sumir do mapa em breve. Para Tuvalu e outras pequenas nações, o problema é justamente esse: poucos se importam com o seu futuro. Nas cúpulas do clima, a Aliança dos Peque- nos Estados Insulares, que tem 44 países-mem- bros, é uma das vozes que tentam gritar mais alto. Até nos países mais ricos, não é fácil nem ba- rato realocar cidades que vão desaparecer (leia à esquerda sobre o Alasca). Mas o custo, claro, é uma questão relativa. O programa da Holanda para reacomodação de populações tem orçamento de US$ 3 bilhões, escreve o jornalista McKenzie Funk no livro Caiu do Céu, “mais do que a soma de tudo o que já foi gasto por
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