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Revista Galileu - Novembro de 2016

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P.19
P.79
C
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IT
O
P.80
PANORÂMICA
P. 16
DIRETORADEGRUPOCASAECOMIDA,
CASAE JARDIM, CRESCEREGALILEU: Paula Perim
REDAÇÃO
EDITORA-CHEFE:Cristine Kist
EDITORADEARTE: Fernanda Didini
EDITORES:Giuliana de Toledo, Nathan Fernandes e Thiago Tanji
REPÓRTERES:André Jorge de Oliveira e IsabelaMoreira
DESIGNERS: Felipe Eugênio (Feu) e João Pedro Brito
ESTAGIÁRIOS: Bruno Vaiano (texto) eMayraMartins (arte)
ASSISTENTEDEREDAÇÃO:Gabriela Nogueira
COLABORADORESDESTAEDIÇÃO:
André Bernardo, Carol Castro, Cartola Conteúdo, Felipe
Floresti, Juliana Cunha, Marcelo Soares, Marília Marasciulo,
Leandro Saioneti e Thiago de Araújo (texto);
Brunna Mancuso, Diego de Paiva, Marcus Penna, Rodolfo França,
Tomás Arthuzzi e Zansky (arte); Monique Murad Velloso (revisão).
E-MAILDAREDAÇÃO: galileu@edglobo.com.br
DIRETOR-GERAL: Frederic Zoghaib Kachar
DIRETORDEAUDIÊNCIA: Luciano Touguinha de Castro
DIRETORADEMERCADOANUNCIANTE:Virginia Any
OBureauVeritas Certification, combase nos processos e procedimentos descritos no seu
Relatório deVerificação, adotando umnível de confiança razoável, declara que o Inventário
deGases de Efeito Estufa—Ano 2012 da Editora Globo S.A. é preciso, confiável e livre de
erro ou distorção e é uma representação equitativa dos dados e informações deGEE sobre
o período de referência para o escopo definido; foi elaborado em conformidade coma
NBR ISO 14064-1:2007 e as Especificações doProgramaBrasileiro GHGProtocol.
INOVAÇÃODIGITAL
DIRETORDE INOVAÇÃODIGITAL:AlexandreMaron
GERENTEDEESTRATÉGIADECONTEÚDODIGITAL:Silvia Balieiro
TECNOLOGIA
DIRETORDETECNOLOGIADE INFORMAÇÃO:Rodrigo José Gosling
DESENVOLVEDORES: Everton Ribeiro, Fabio AlessandroMarciano, Jeferson
Mendonça, Leandro Paixão, Leonardo Turbiani, Marcelo Amendola, Marcio Costa,
Murilo Amendola e Victor Hugo Oliveira da Silva;OPECONLINE:Rodrigo Santana
Oliveira, Danilo Panzarini, Higor Daniel Chabes, Rodrigo Pecoschi e Thiago Previero
GERENTEDEEVENTOS:Daniela Valente
COORDENADORDEOPECOFFLINE: José Soares
MERCADOANUNCIANTE
SEGMENTOS FINANCEIRO, IMOBILIÁRIO, TI, COMÉRCIO E VAREJO—Diretor
de negóciosmultiplataforma: Emiliano Morad Hansenn; Gerente de negócios
multiplataforma:Ciro Horta Hashimoto; Executivosmultiplataforma: SelmaMaria
de Pina, Cristiane de Barros Paggi Succi, Christian Lopes Hamburg, Milton Luiz
Abrantes e Taly CzeresniaWakrat.MODA, BELEZA EHIGIENE PESSOAL—
Diretor de negóciosmultiplataforma: Cesar Bergamo; Executivosmultiplataforma:
Adriana Pinesi Martins, Eliana Lima Fagundes, Juliana Vieira, Selma Teixeira da
Costa e Soraya Mazerino Sobral. CASA, CONSTRUÇÃO, ALIMENTOS E BEBIDAS,
HIGIENE DOMÉSTICA E SAÚDE—Diretora de negóciosmultiplataforma:Marilia
Guiti Hindi; Executivosmultiplataforma: Giovanna Sellan Perez, Keila Ferrini,
Lucia Helena Lopes Messias, Rodrigo Girodo Andrade e Valeria Glanzmann.
MOBILIDADE, SERVIÇOS PÚBLICOS E SOCIAIS, AGRO E INDÚSTRIA—Diretor
de negóciosmultiplataforma: Renato Augusto Cassis Siniscalco; Executivos
multiplataforma: Andressa Aguiar, Diego Fabiano, Cristiane Soares Nogueira,
João Carlos Meyer e Priscila Ferreira da Silva. EDUCAÇÃO, CULTURA, LAZER,
ESPORTE, TURISMO,MÍDIA, TELECOMEOUTROS—Diretora de negócios
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Ana Silvia Costa, Guilherme Iegawa Sugio, Lilian de Marche Noffs e Dominique
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Alves de Oliveira. ESCRITÓRIOS REGIONAIS—Gerentemultiplataforma: Larissa
Ortiz; Executivamultiplataforma: Babila Garcia Chagas Arantes. UNIDADEDE
NEGÓCIOS/RIO DE JANEIRO—Gerentemultiplataforma: Rogerio Pereira Ponce
de Leon; Executivosmultiplataforma: Andréa Manhães Muniz, Daniela Nunes,
Lopes Chahim, Juliane Ribeiro Silva, Maria Cristina Machado e Pedro Paulo Rios
Vieira dos Santos. UNIDADEDENEGÓCIOS/BRASÍLIA— Gerentemultiplataforma:
Barbara Costa Freitas Silva; Executivosmultiplataforma: Camila Amaral da
Silva e Jorge Bicalho Felix Junior. ESTÚDIO GLOBO—Diretora:Roberta Ristow;
Coordenador de projetos especiais: Renan Abdalla; Estratégia comercial: Renata
Dias Gomes; Criação: Vera Ligia Rangel Cavalieri; Arte: Rodolpho Vasconcellos
AUDIÊNCIA
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GUERRAS
INVISÍVEIS
P. 7
UMALÍNGUAPARATODOS
P.10
Bonecaécoisa
demenino
P.11
RETROCESSOSNASLEISAMBIENTAIS
ENTREVISTA P. 12
LUNETA
P.14
P. 18
DAPAZEDOAMOR
CIVILIZAÇÃO
OFICINA
SOMMELIERDEGAMBIARRAS
BATE-PAPO
DASH SHAW
COM O QUADRINISTA
Novelaaumenta
onúmero
dedivórcios
MOEDA
P. 26
ELE-
MEN-
TAR
OSCAR
PARA
HISTÓRIA
P.22
P. 27
DOSSIÊ
MUDANÇAS CLIMÁTICAS
CARNÍVOROS
CAÇAAOS
P.20
ALTURAS DA
HUMANIDADE
INFOMANIA
P. 23
P.21
SUMÁRIO DE REPORTAGENS P.35
NOVEMBRO 2016
ANTIMATÉRIA
COMPOSIÇÃO
304Composicao.indd 3
18/10/2016 14:29:35
o fim de agosto,
o jornal Folha de
S.Paulo publicou
um artigo em que
o presidente de
uma grande rede de lojas de de-
partamento descascava a capa da
GALILEU demarço, ainda que sem
citá-la pelo nome. A reportagem em
questão, Escravos da moda, trata-
va das condições precárias a que
com frequência são submetidos os
trabalhadores das confecções que
abastecem as nossas lojas preferi-
das. O artigo do empresário fazia,
basicamente, uma grande defesa da
revisão das leis trabalhistas.
Dizia ele: “A interpretação do que
é jornada exaustiva de trabalho faz
com que relações entre empregador
e empregado sejam, erroneamente,
consideradas trabalho escravo”. Pois
que, em janeiro, o grupo presidido
por essemesmo executivo havia sido
condenado a indenizar uma costu-
reira que colocava elástico em 500
calças por hora e evitava beber água
para diminuir as idas ao banheiro,
que eram controladas por fichas. Jor-
nada exaustiva ou não? Coincidente-
mente, poucas semanas depois que o
artigo do empresário foi publicado, o
editor Thiago Tanji ganhou um prê-
mio do Ministério Público do Tra-
balho por essamesmíssimamatéria.
Não fosse isso motivo suficiente
para comemorar, em outubro nossa
equipe— capitaneada pelo editor Na-
than Fernandes — recebeu também
o prêmio Vladimir Herzog de Anis-
tia e Direitos Humanos pela reporta-
gem de capa da edição de fevereiro,
O bandido estámorto. E agora?Trata-
-se do prêmio jornalístico mais tra-
dicional do país na área dos direitos
humanos. Essas duas reportagens
são exemplos do jornalismo que a
GALILEU se propõe a fazer. Acre-
ditamos de verdade que o conheci-
mento é o primeiro passo para qual-
quer transformação. E, infelizmente,
há muito a ser transformado. Volta-
mos a conversar no mês que vem!
NINGUÉM
FAZ MATÉRIA
PARA GANHAR
PRÊMIO, MAS.. .
N
!
DUASVEZES
GALILEU
Desde
meados de ou-
tubro nossos
leitores cario-
cas podemnos
acompanhar
também no
jornal Extra.
A seção Extra
em Revista,
publicada
às segundas,
relembra
algumas das
melhores
matérias
feitas por nós
nos últimos
tempos.
Cristine Kist — editora-chefe
ckist@edglobo.com.br
ONDE NASCEU E ONDE MORA
Porto Alegre (RS) e São Paulo (SP)
HISTÓRICO
Foi editor de audiência da Folha de
S.Paulo e tradutor de quadrinhos da
Marvel. É professor da ESPM.
O QUE FEZ NESTA EDIÇÃO
O levantamento de dados que serviu
de base para a matéria de capa (p. 36)
ONDE NASCEU E ONDE MORA
São Paulo (SP)
HISTÓRICO
Já foi designer gráfico, mas a vida o
levou para a ilustração. Ilustra para
editoriais, publicidade e seus projetos
pessoais pela Edições de Zaster.
O QUE FEZ NESTA EDIÇÃO
Ilustrações do Antimatéria (p. 7)
ONDE NASCEU E ONDE MORA
Salvador (BA) e São Paulo (SP)
HISTÓRICO
Foi repórter da Folha de S.Paulo,
é mestranda em Teoria Literária
na Universidade de São Paulo
e autora do blog Já Matei por Menos.
O QUE FEZ NESTA EDIÇÃO
A guerra da esquina (p. 60)
Marcelo
Soares
JORNALISTA
Zansky
ILUSTRADOR
Juliana
Cunha
JORNALISTA
COLABORADORES DOMÊS
ILUSTRAÇÃOMarcus Penna
QUEM FEZA CAPAPRIMEI -
RAMENTE
WWW.GALILEU.GLOBO.COM
PORCRISTINEKIST
11.2016#304
304Primeiramente.indd 5 17/10/2016 22:13:54
Edição • Outubro/2016
Nossos nobres conselheiros provaramque
estão enxergandomuitíssimo beme leram
(e avaliaram) a edição anterior todinha
COMO ELES
VIRAM A EDIÇÃO
DE OUTUBRO
“A editoria de ciência
é sempre uma das
mais complicadas
de ler. E sempre que
acabo os textos fico
pensando: ok, e o
que eu faço com essa
informação agora?”
CAMILAOLIVEIRA
(PortoAlegre, RS)
sobreUmaestrela
bemestranha
E agora,
José?
“A pluralidade de
informações e a
imparcialidade da
edição fizeram com
que eu apreciasse a
capacidade da revis-
ta em abordar temas
polêmicos sem
influenciar o leitor.”
JULIANOSANTANNA
(RiodeJaneiro, RJ)
sobreComovocê vêoBrasil
Para todos
os gostos
“A equipe de arte
arrasou. Eu adoro
as fotos criativas
que vocês fazem,
e, nessa matéria em
particular, a parte
visual ficou linda.
Todos de parabéns!”
ELLENDASILVA
(Goiânia, GO)
sobreUniversidades
no vermelho
Beleza é
fundamental
Atirando para os dois lados
“TENDO FREQUENTADO CURSOS tanto de humanas quanto de ‘exatas’
(prefiro ‘naturais’, porque é Biologia), vejo como a formação humana faz
falta de um lado e como, de outro, carecemos de maior interação entre polí-
tica e ciência. Alain de Botton, em Religião para Ateus, relembra muito bem
como os discursos de formatura mais convencionais são vazios de sentido,
sugerindo que ‘as faculdades formam seus estudantes também como pes-
soas’, quando não há nada muito seriamente planejado e sistematicamente
executado nessa direção!” SÁVIOMOTA (Fortaleza,CE)sobreCiênciasmaisoumenosexatas
MÉDIAS DASMATÉRIASO QUE ELESACHARAM:
O QUE ELES
ACHARAM:
Universidades
no vermelho
Ciências
pouco
exatas
Uma
estrela bem
estranha
Dossiê
Criptografia
9,1 9,5 9,2 9 9,3 9
Capa: Como
você vê o
Brasil
A vida não
é empreto
e branco
Gostei, matéria inspiradora
em tempos de crise
Não gostei, essa matéria deveria
estar na Época Negócios
Não sou capaz de opinar
DO ABRE DO ANTIMATÉRIA,
SOBRE A BOA FASE DAS
STARTUPS BRASILEIRAS
DO ENSAIO FOTOGRÁFICO
DA NAMÍBIA
Gostei, por favor tragam a
África para mais perto do Brasil
Não gostei, prefiro
o Globo Repórter
Não sou capaz de opinar
Gostei, o universo é tão
fascinante quanto essa matéria
Não gostei, espero que
caia em um buraco negro e
desapareça para sempre
Não sou capaz de opinar
DAMATÉRIA SOBRE
A ESTRELAMAIS
ESTRANHA DA GALÁXIA
DO DOSSIÊ SOBRE
CRIPTOGRAFIA
Gostei, é por isso que
prefiro ler no papel
Não gostei, a matéria pareceu
encriptada e indecifrável para mim
DA ENTREVISTA COMO
HISTORIADOR E ESCRITOR
BENJAMINMOSER
Gostei, publicar mais
entrevistas assim não é
uma exigência exótica
Não sou capaz de opinar
Gostei, demorou para
falarem sobre isso
Não gostei, isso é
coisa de esquerdistas
DAMATÉRIA CIÊNCIAS
MAIS OUMENOS EXATAS?
85% 71%
72%
72%
87,5%
15%
15%
14%
14%
14%
14%
14%
12,5%
100%
06
CON -
SE-
LHO
PORN
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304Conselho.indd 6 18/10/2016 12:07:35
GUERRAS
INVISÍVEIS
Enquantoasatençõessevoltampara
conflitosnoOrienteMédio,paísesdaÁfrica
vivemdécadasdeviolência ininterrupta
PORFELIPE FLORESTI
1 1 . 2 0 16 1 ZANSKY (ZK)2 BRUNNAMANCUSO (BM)3 ESTÚDIOBARCA (EB)
4 MARCUSPENNA (MP)
ILUSTRADORES CONVIDADOS
DESIGN
FEU
Fig. 01 -(ZK)
P.0711.2016
ANTI-
MATÉ-
RIA
EDIÇÃOCAROLCASTRO
304AMabre.indd 7 18/10/2016 14:21:57
ADEMOCRACIANÃO
conflito — o maior banho de
sangue no mundo desde a
Segunda Guerra Mundial.
O conflito começou em
Ruanda, vizinho da República
Democrática do Congo, quan-
do uma guerra entre grupos ét-
nicos matou mais de 800 mil
pessoas durante três meses do
ano de 1994 e levou milhares
de refugiados aos países vizi-
nhos. Os rebeldes de Ruanda,
então, perseguiram os fugiti-
vos, ignorando qualquer fron-
teira. Começava ali uma “guer-
ra mundial” na África, que
envolveu mais de nove nações.
Mas a história sangren-
ta da República Democrática
do Congo é ainda mais anti-
ga. Desde sua independência,
em 1960, o país teve um pre-
sidente assassinado pela CIA,
a agência de inteligência dos
Estados Unidos, passou por
três golpes de Estado, viveu
32 anos de ditadura e mudou
segunda, 19 de setembro. Sem
pilhagens ou roubos. Marchem
com sua raiva para que seu país
possa ter democracia e mudan-
ça de poder. A força está no
povo!”, dizia um comunicado
escrito pelos manifestantes.
Os protestos aconteceram
de forma descentralizada,
principalmente em bairros po-
pulares de Kinshasa,
capital
do país. Mas nem deu tempo
de fazer muito barulho. Forças
de segurança do governo abri-
ram fogo contra a popula-
ção, matando pelo menos 37
pessoas. Como retaliação,
grupos ligados à oposição
queimaram vivo um policial
e incendiaram a sede do parti-
do ligado ao governo. A barbá-
rie venceu a democracia.
Esse foi apenas o mais re-
cente episódio de uma ca-
deia de violência que matou
quase 6 milhões de pessoas
em mais de duas décadas de
... FUNCIONOUNA República
Democrática do Congo nas úl-
timas décadas. Pela primeira
vez na história do país, no en-
tanto, a população estava ani-
mada com a possibilidade de
uma transição política pacífi-
ca. O atual presidente, Joseph
Kabila, está há 15 anos no po-
der — herdou o cargo do pai,
assassinado em 2001, e venceu
as eleições em 2006. É o pri-
meiro governante eleito da na-
ção a completar seu mandato
e, nesse tempo, aprovou uma
nova Constituição que previa
eleições para novembro deste
ano. Mas ele preferiu deixar
essa determinação para lá.
Alegando falta de dinheiro,
Kabila e a elite política do país
postergaram o pleito para 2018.
A oposição, então, convocou
protestos: “Levantem-se, con-
goleses. Inimigos do povo que-
rem dar a Kabila um terceiro
mandato. Passeata pacífica na
3,7
MILHÕES
É O NÚMERODE
REFUGIADOS
NA REGIÃO
SUBSAARIANA
120
MORTES POR
DIA NA ÁFRICA
52%
DOSCONFLITOS
MUNDIAIS
ACONTECEMNO
CONTINENTE
Fontes: Institute
for Security
Studies in Africa;
Armed Conflict
Location & Event
Data Project
P.08 11.2016
304AMabre.indd 8 18/10/2016 14:21:57
ADEMOCRACIANÃO
de nome e bandeira quatro
vezes. Com território equi-
valente ao da área de toda a
Europa Ocidental e abrigan-
do mais de 250 diferentes gru-
pos étnicos, a nação nunca
experimentou a paz.
Em 2002, parecia que a
situação mudaria. Um acor-
do assinado naquele ano pôs
fim à fase mais sangrenta dos
combates da guerra na África.
Mas os conflitos na República
Democrática do Congo não
acabaram: atualmente, são
mais de 40 pequenos gru-
pos armados espalhados pela
região leste do país, a mais de
1,5 mil quilômetros da capital.
“Muitas fronteiras foram fir-
madas de forma artificial no
período colonial, aleatoriamen-
te”, afirma EJ Hogendoorn, di-
retor do International Crisis
Group, uma organização in-
dependente que estuda esses
conflitos. “Quando parte da
população não se sente repre-
sentada, a revolta é o único
jeito de chamar a atenção da
elite.” Enquanto fogem de exér-
citos e da ONU, os rebeldes,
que mantêm 22 mil homens
na região, aterrorizam vilare-
jos com assaltos, estupros e
até casos de canibalismo.
Não é só mudança política
que os revoltosos desejam. Eles
também lutam para controlar os
recursos minerais do país — a
região é rica em tântalo e ouro,
fundamentais para a indústria
de produtos eletrônicos. Com
a venda desses minérios, con-
seguem financiar suas lutas. E
é bem provável que você car-
regue parte desse conflito no
bolso, em seu celular.
Com pequenas alterações
no enredo, a história se repe-
te nos países vizinhos, como
República Centro-Africana
e Sudão do Sul — as nações
também enfrentam guerras ci-
vis há anos. O Sudão do Sul,
aliás, é o segundo país mais
perigoso do mundo, de acordo
com o Índice Mundial da Paz,
perdendo apenas para a Síria.
Cada conflito abre espaço
para a chegada de novos gru-
pos extremistas, como acon-
teceu na Nigéria, com o Boko
Haram. “Nunca se resolvem
os problemas e a sociedade
fica sem perspectivas”, diz
Jonuel Gonçalves, professor
de Relações Internacionais
da Universidade Federal
Fluminense. O resultado da
escalada da violência é uma
horda de refugiados à pro-
cura de uma vida melhor: na
região subsaariana da África,
3,7 milhões de pessoas estão
em busca de um novo lar.
Só na Somália, sem gover-
no central há 20 anos, mais de
900 mil indivíduos fugiram do
país e enfrentam dificuldades
para se estabelecer em outros
locais. OQuênia quer fechar um
campo de refugiados, alegando
a existência de células terroris-
tas. Outros somalianos retorna-
ram à terra natal após encontrar
amesma pobreza no Iêmen, na-
ção do Oriente Médio.
A última década foi mar-
cada por um declínio históri-
co de paz mundial, o que não
acontecia desde a Segunda
Guerra. Hoje, 2,58 bilhões de
pessoas vivem em lugares pe-
rigosos — 36% da população
do planeta. Em 2015, o mun-
do gastou US$ 1,6 bilhão em
armas e guerras. Metade
desse dinheiro seria sufi-
ciente para atender todas as
metas de desenvolvimen-
to sustentável determinadas
pela ONU. Com 20% dos re-
cursos bélicos, os objetivos
para a educação seriam cum-
pridos, e a fome e a pobreza
extrema acabariam. Mas isso
interessaria aos governantes?
OCAOSNAÁFRICA
Regiões do continente onde aconteceram conflitos em2015
ARÁBIA
SAUDITA
ARGÉLIA
LÍBIA
NÍGER
MALI
EGIT0
CHADE
ANGOLA
ZÂMBIA
BOTSUANA
NAMÍBIA
SUDÃO
ÁFRICA
DO SUL
IÊMEN
OMÃ
TANZÂNIA
MOÇAMBIQUE
REPÚBLICA
DEMOCRÁTICA
DO CONGO
REPÚBLICA
CENTRO-
AFRICANALIBÉRIA
SENEGAL
SAARA OCIDENTAL
ÁREA COMMENOS CONFLITOS
ÁREA COMMAIS CONFLITOS
GUINÉ EQUATORIAL
NIGÉRIA
MARROCOS
MAURITÂNIA
SOMÁLIA
QUÊNIA
SUDÃO
DO SUL
UGANDA
CONGO
P.0911.2016
304AMabre.indd 9 18/10/2016 14:21:57
FIG. 02 - ZK
OSOME
OSENTIDO
Palavras básicas, como nariz ou água,
têm as mesmas letras na maior parte
das línguas do mundo. E isso muda
tudo para a ciência da linguagem
PORBRUNOVAIANO
alavras são códigos aleatórios.
Você só descobriu que “dog”
era “cachorro” depois que al-
guém que já sabia inglês fez
o favor de lhe contar. O linguista francês
Ferdinand de Saussure, aliás, percebeu isso
há muito tempo, e na primeira década do
século 20 cravou que “o signo é arbitrário”.
Esse é um princípio básico da linguís-
tica, e por mais de cem anos, ninguém
encontrou provas do contrário. Mas a ci-
ência é um moinho, e o cientista Damián
Blasi transformou as ilusões de Saussure
em pó. A equipe do pesquisador do
Instituto Max Planck, da Alemanha, apos-
tou que nossa fonética não podia ser as-
sim tão aleatória. E acertou em cheio.
Testar a validade da hipótese não foi
fácil. “Primeiro, precisamos encontrar pa-
lavras para conceitos que esperamos en-
contrar em todas as línguas, como ‘água’,
‘pedra’ ou ‘língua’”, explica Blasi. “Esse
é o vocabulário básico.” A equipe, então,
analisou um grupo restrito de cem pala-
vras em mais de 4 mil idiomas. E calhou
que o signo não era, afinal, tão arbitrário
assim. Mesmo em sistemas de linguagens
sem descendência comum, a palavra “re-
dondo”, por exemplo, geralmente tem um
“r”, enquanto “nariz” tende a ter “n”. Essas
coincidências se repetem por toda a lista.
“Foi uma surpresa”, afirma Blasi. “Sabe-
-se que o ser humano é sensível a relações
entre som e significado desde a década de
1920, mas ninguém havia demonstrado
isso com um grande número de línguas.”
Há várias hipóteses para explicar o fenô-
meno. Uma das favoritas de Blasi é a de
que associamos fonemas à textura e à apa-
rência das coisas. Um “espeto”, por exem-
plo, tem sons secos, como “p”. Já “mãe”
teria um “m”macio. Um som, mil sentidos.
1
ÉOTAMANHODA
MANCHADESUJEIRA
NOPACÍFICO,ENTREA
CALIFÓRNIAEOHAVAÍ
MILHÃODEKM2
P
As unhas
dos pés
precisam
de um tempo até
três vezes maior
para crescer. Esse
pedaço de unha
que acabou de des-
pontar na cutícula
dos dedos do seu
pé, por exemplo, só
será cortado daqui
a 12 ou 18 meses.
Nas mãos, esse
processo de reno-
vação é bem rápi-
do: demora apenas
seis meses. Ou seja,
a cada três vezes
que você cortar as
unhas das mãos, só
precisará cortar
uma vez as dos pés.
Mas ninguém sabe
ao certo por que
isso acontece. De
acordo com a biólo-
ga Karlla Patrícia, o
sangue corre mais
rapidamente nas
mãos do que nos
pés — o que acelera
o crescimento
das unhas.
Além
disso, os sapatos
que você calça
ajudam a frear
esse crescimento.
Mas o que se sabe
mesmo é que as
unhas não passam
de um amontoado
de células mortas,
formadas embaixo
da pele. E, no
fim das contas,
o corpo só quer
se livrar delas.
R:
POR QUE AS
UNHAS DOS PÉS
DEMORAM MAIS
PARA CRESCER?
Júlia da Cunha, via e-mail
SEM
DÚVIDA
Equivale a metade da área do México
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FIG. 04 - EB
FIG. 03 - BM
ANORTE-AMERICANAKRISTEN JARVIS vasculhou as lojas
de brinquedos em busca de uma boneca para o filho de dois
anos. Só achou bonecas femininas, bebês e super-heróis.
Não era nada do que esperava. Grávida, Jarvis queria umbo-
neco paramostrar a ele como seria divertido ter um irmão.
Mas se nos Estados Unidos é difícil encontrar um brinquedo
desses, imagine, então, no Catar, onde Jarvis vivia.
Porém, brinquedos assim deveriam existir. De acordo com
ChristiaSpearsBrown,psicólogadaUniversidadedoKentucky,
nosEstadosUnidos, bonecasajudamascriançasadesenvolver
empatia. Como simulam situações reais da vida, elas conver-
sam e tomam conta das bonecas, como se fossem amigas de
verdade, aprendendo a sermais carinhosas e cuidadosas.
E meninos gostam dessas brinca-
deiras tanto quanto as garotas, prin-
cipalmente até o primeiro ano devida.
“Eles recebem menos estímulos para
desenvolver empatia. Ainda que o cé-
rebro seja umpouco diferente, eles se
interessam por pessoas tanto quanto
as meninas, passam o mesmo tempo
observando os outros”, escreve Brown
no livroParenting Beyond Pink&Blue
(PaternidadeAlémdoRosa eAzul, em
tradução livre). Ou seja, nada prova
que garotos tenhamdesinteresse nato
por brincadeiras que simulem intera-
ções humanas, como as com bonecas.
Existe só o preconceito dos pais.
Foi por isso que Jarvis e a irmã de-
cidiram criar a marca Boy Story, que
lançou recentemente os primeiros
bonecos, graças a mais de US$ 28 mil
arrecadados em crowdfunding. Deram
vida aBilly, negro de cabelos crespos, e
Mason, branco de cabelos lisos. “Que-
remos diversidade, fazer comquemais
crianças sejam representadas”, diz.
BONECA TAMBÉM
É COISA DE MENINO
Reveja seus conceitos, parça: garotos que
brincam com bonecas se tornam crianças
mais carinhosas e empáticas — PORC.C.
NÃOMINTANO FACEBOOK
É fácil fingir ser outra pessoa nas redes sociais. Mas a ciência garante: não vale a pena. Só vai causar sofrimento e estresse —PORCAROLCASTRO
NO FIM DOS ANOS 1990, quando a internet ainda
engatinhava, William Swann, da Universidade do
Texas, descobriu que funcionários com baixa au-
toestima costumam se demitir depois de receber
aumento salarial. Essas pessoas enfrentam um
conflito interno: pensam que o chefe não conse-
gue vê-los como realmente são. Eles se sentem
desconectados e perdidos, com um nó na cabeça.
Vinteanosdepois, doispsicólogosaustralianos,Ra-
chelGrieveeJarrahWatkinson, decidiram investigar
se a internet causa omesmo efeito de incompatibili-
dade. Afinal, nada mais fácil do que ser uma pessoa
navida real e outra bemdiferente nomundovirtual.
Para tirar a prova, eles entregaram a 164 pes-
soas dois testes de personalidade: um deveria ser
respondido de acordo com o perfil do Facebook e o
outro teria de sermais sincero, com base em como
pensame agemquando estão offline, semninguém
porperto. Perguntaram, então, quão satisfeitos es-
tavam com a vida. Por mais populares que fossem
nas redes sociais, quando o perfil virtual destoava
muito da personalidade real, essas pessoas se sen-
tiam da mesma forma que aqueles trabalhadores
entrevistados porWilliamSwann: desconectados de
tudo e todos. E erammuitomais tristes em relação
aos entrevistados que não tinhamuma “vida dupla”.
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FIG. 05 - EB
FIG. 06 - BM
O pesquisador Philip Fearnside, do Instituto
Nacional de Pesquisas daAmazônia, publica artigo
na revistaNature para denunciarmudanças nas
leis ambientais— PORFELIPE FLORESTI
GOLPECONTRA
ANATUREZA
QUAIS SÃO OS PROJETOS DE LEI EM TRA-
MITAÇÃONOCONGRESSOQUEMAIS PREO-
CUPAM OS AMBIENTALISTAS?
Omais famoso é a PEC (Proposta de Emenda
à Constituição) 65, de 2012, que ressurgiu
enquanto todos prestavam atenção no im-
peachment de Dilma Rousseff. Ele acaba
com a necessidade de licenciamento am-
biental para obras. Há ainda o Projeto de Lei
654/2015, que determina umprazo impossí-
vel para o Ibama aprovar licenças (umprazo
sete vezes mais curto que o atual). Depois
desse período, o licenciamento sairia auto-
maticamente. Já pela PEC 215, passariam
para o Poder Legislativo, que é controlado
por ruralistas, a criação de áreas de conser-
vação e a demarcação de terras indígenas.
Não teríamos novas áreas demarcadas e as
terras já existentes estariam ameaçadas.
ESSESPROJETOSPODEMSERAPROVADOS?
Veja o caso do Novo Código Florestal:
85%dapopulaçãodizia sercontra,masele foi
aprovado mesmo assim. Isso mostra a força
do dinheiro, que vem da soja. E o grupo que
empurraessesprojetos fazpartedogoverno,
como Blairo Maggi (ministro da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento) e Romero Jucá
(senador pelo PMDB). É grande o risco.
COMO AVALIA A LEGISLAÇÃO ATUAL?
Temmuito amelhorar.O licenciamentodeve-
ria ser independente, não feito pela empresa
querealizaaobra (aempreiteiracontratauma
consultoria eenviao relatórioambiental para
o Ibama). Isso forma um sistema enviesado.
O desastre emMariana aconteceu por falhas
nomodelo atual. Imagine sem a necessidade
de um licenciamento, como propõe a PEC 65.
NOME: Mariana Bittencourt
NACIONALIDADE: Brasileira
IDADE: 31 anos
PROFISSÃO: Arquiteta
FEITO: Ganhou uma competição
de startups na França
A ARQUITETA MARIANA Bitten-
court, de 31 anos, nunca pensou
em abrir o próprio negócio. Um
curso de verão na Universidade
Paris Saclay, onde atualmente
cursa pós-graduação emEconomia
Ecológica, a fez mudar de ideia.
Há dois anos, ela conheceu
o cientista francês Emmanuel
Thiéry, que viria a se tornar seu sócio na
startup Cophenol, criada para dar um fim
sustentável aos resíduos agrícolas. Com um
processo chamado pirólise — combustão em
alta temperatura —, eles transformam os
compostos em biogás, combustível renovável
e biocarvão, responsável por equilibrar a aci-
dez dos solos e que pode até virar fertilizante.
Agora, Bittencourt quer atuar no cerrado de
MinasGerais, transformandoos restosdaprodu-
çãode café embiocarvão. “Encontramos empre-
sas que trabalham com pirólise na Europa, mas
no Brasil ainda não. Queremos desenvolver um
produto que funcione como compostomineral e
reduzaos custosdas cooperativas locais”, explica.
A Cophenol tem feito sucesso na França. No
ano passado, eles faturaram a primeira tem-
porada do French Tech Ticket, uma competição
entre startups. Commais de 700 concorrentes,
o projeto ficou entre os 23melhores. Ganharam
umfinanciamentode45mil euros.Desde janeiro,
Bittencourt e Thiéry participam de aulas, even-
tos e encontros para acelerar o crescimento da
empresa: “É um processo de tentativa e erro.
O principal é acreditar no que desenvolvemos.”
CAFÉ RECICLÁVEL
Startup franco-brasileira transforma resíduos de
produção agrícola em fertilizantes sustentáveis
POR ISABELAMOREIRA
NOTÁVEIS
QUAL É O COMPUTADOR
MAIS POTENTE DO MUNDO?
Rafael Zanatto, via e-mail
Omais poderoso computadorficanaChina.
Inaugurado em junho, oSunwayTaihu-
Light temmais de 10milhões denúcleos e
realiza 93quadrilhões de cálculos porsegundo. É o
equivalente a 50,5mil PlayStations deúltimageração
trabalhando juntos. Ele precisa deumaenergia
incrível para funcionar: 15,37megawatts—similar
à energia de umacidadede 75mil habitantes.
O alto consumodeenergia, aliás, é justamente apedra
no sapatodomaior computadordaAmérica Latina.
LocalizadonoLaboratórioNacional deComputação
Científica, emPetrópolis (RJ), o supercomputador
SantosDumont temcapacidadede
1,1 quadrilhão
de cálculos porsegundo. E geramensalmente uma
despesaR$500mil comenergia elétrica. Inaugu-
rado em janeiro, corre o riscode serdesligado.
R:
SEM
DÚVIDA
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FIG. 07 - ZK
inco anos de seca no oeste
norte-americano fizeram
muito bem aos besouros.
Agora, eles não precisam
mais se esconder durante a chuva e so-
bra tempo para se reproduzirem. Mas há
um problema: com tanto besouro solto,
as florestas do país correm perigo. Além
de comerem as árvores e deixá-las mais
fracas, esses insetos espalham doenças
pelas matas nativas. “Não há nada que
você possa fazer para pará-los, a não
ser que eles matem tudo e fiquem sem
comida”, afirmou Diana Six, entomolo-
gista da Universidade de Montana, ao
jornal britânico The Guardian.
No Havaí acontece a mesma coisa.
Quatro espécies de besouros se espalha-
ram por lá. Eles se alimentam da árvore
ohi’a, uma espécie do arquipélago, que
compõe 80% da mata nativa. Para pio-
rar, um novo fungo, o Ceratocystis fim-
briata, que chegou a bordo de plantas
ornamentais, se aproveitou domomento.
Eles causam uma doença chamada “ohi’a
morte rápida” e se espalharam por essas
árvores. Ao todo, já exterminaram mais
de 20 mil hectares de floresta.
Enquanto isso, na Califórnia, outro
bicho parecido com um fungo propa-
gou uma doença batizada de “carva-
lho morte súbita”: mais de 66 milhões
de árvores morreram desde 2010 na
Serra Nevada. Todo esse estrago, cau-
sado principalmente pelas mudanças
climáticas, alterará todo o ecossiste-
ma. Árvores sequestram carbono da
atmosfera e abrigam uma infinidade
de vida. E, quanto menor a floresta,
menor será a diversidade da vida.
Brasileiro só não trabalhamais
do que habitantes de Índia
e Cingapura.Veja quantas
horas semanais trabalhamos
cidadãos de outros países
CARGA
PESADA
O ATRASO NOS LICENCIAMENTOS NÃO
TRAZ PREJUÍZOS FINANCEIROS?
O problema é que os proponentes nunca
cumprem as determinações e o licencia-
mento fica parado. As empresas culpam o
Ibama, mas não fazem sua parte. Além dis-
so, existem poucas pessoas para fazer o li-
cenciamento e centenas de projetos na fila.
E a tendência é piorar. Mas é de propósito:
se existe um prazo para liberar as obras,
e não tem gente para fazer, a aprovação
acaba saindo automaticamente.
POR QUE DECIDIU PUBLICAR ESSE ALERTA
EMUMAREVISTACIENTÍFICAESTRANGEIRA?
É importante que as pessoas saibam o que
está acontecendo aqui. Teve uma boa reper-
cussão lá fora. Mas ainda é preciso que isso
seja bastante divulgado por aqui também.
INVASÕESBÁRBARAS
Mudançasclimáticasespalhampragasedoençasque
ameaçamflorestasdosEstadosUnidos— PORF.F.
C
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44 HORAS
42
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P. 1311.2016
304AMamazoniaFLORESTASnotaveis.indd 13 18/10/2016 12:20:51
LU-
NE-
TA
PONTE AÉREA PLANETÁRIA
ATÉMARTEEALÉM
SISTEMADETRANSPORTE INTERPLANETÁRIO (ITS)
PODERÁLEVARHUMANOSATÉOSGIGANTESGASOSOS
A CONQUISTA
DO ESPAÇO
PESOMUITOPESADO
TENTAR A VIDA EMMARTE
Preçodeumapassagemparaoplanetavermelho
Toneladasdecargaqueos foguetes levamàórbitaterrestrebaixa (até2.000km)
*Altura total é cincometrosmenor que a soma das duas partes
pois osmotores da nave se alojam dentro do primeiro estágio
FONTE:Making Humans aMultiplanetary Species (ElonMusk)
*Inclui amortização, combustível e manutenção
COMSÉRIE DE ÊXITOSNA
ÚLTIMADÉCADA, A SPACEX
DE ELONMUSKHOJE VALE
SINGELOSUS$ 12 BILHÕES
Primeiro
lançamento
do foguete
Falcon 1:
sim, Musk
ama muito
Star Wars.
Explodem
o veículo e
sua carga,
um satélite
de US$
800 mil da
Força Aérea
dos EUA
Após três
tentativas
falhadas,
o Falcon 1
entra em
órbita. É
a primeira
companhia
privada a
conseguir.
Contrato
de US$ 1,6
bilhão é
firmado
com a Nasa
Primeiro
foguete
Falcon 9
é lançado,
podendo
levar dez
toneladas
à órbita
baixa.
Cápsula
Dragon
chega ao
espaço e re-
torna com
sucesso
Com a
Dragon,
a SpaceX
se torna a
primeira
empresa
privada
a acoplar
cápsula na
ISS. Carga
é entregue
com
sucesso na
Estação
Espacial
Versão
melhorada
do Falcon 9
é lançada,
capaz de
levar 22
toneladas
à órbita
baixa.
Primeiro
estágio do
foguete
retorna
à base de
lançamento
GSLV
ÍNDIA
5
H-IIB
JAPÃO
19
DELPROTON-M
RÚSSIA
22
SOYUZ2-1B
RÚSSIA
8,2
ARIANE5
EUROPA
20
ATLASV551
EUA
18,8
LONGMARCH7
CHINA
13,5
FALCON9
EUA
22,8
PORANDRÉJORGEDEOLIVEIRA
20
06
20
08
20
12
20
10
20
15
77
,5
m
et
ro
s
12
2
m
et
ro
s*
Humano
17 metros
de diâmetro
9 motores
ESPAÇONAVE
• Capacidade: até
450toneladas
paraMarte
• Tripulação: 100
pessoas oumais
•Material:
Fibra de carbono
VIDAÚTILDECADAPARTEDOITS
• Primeiro estágio: 1.000 usos
• Nave-tanque: 100 usos
• Espaçonave: 12 usos
• Métodos tradicionais →US$ 10 bilhões (só ida)
• ITS → US$ 200 mil = valor de uma casa (ida e volta)
12 metros
de diâmetro
MOTORES RAPTOR
• Total: 42
• Anel exterior: 21
• Anel interior: 14
• Centro: 7
PRIMEIROESTÁGIO
• Massa:
275 toneladas
• Combustível:
6,7mil toneladas
• Consumo:
7% do propelente
p/voltar e pousar
• Velocidade:
8,65mil km/h
49
,5
m
et
ro
s
ATÉ A ÚLTIMA GOTA
NA PONTA DO LÁPIS
OTIMIZAÇÃODE
5.000.000% NOCUSTO
PORTONELADA
1
2
3
Primeiro estágio lança
espaçonave em órbita
e retorna ao planeta
para levar nave-
-tanque ao espaço
Espaçonave recebe
combustível em
órbita por meio
da nave-tanque
Nave-tanque e
primeiro estágio
retornam à Terra
para usos futuros
• Total por missão: US$ 62 milhões
• Total por tonelada: US$ 140 mil
Partes Fabricação Por viagem*
1º estágio 230 11
Espaçonave 200 43
Nave-tanque 130 8
•
Frota
pode chegar
amil naves
viajando
ao mesmo
tempo
CUSTOSEMMILHÕESDEDÓLARES
Outros projetos
Sistema deTransporte
Interplanetário (ITS)
P. 14 11.2016
304AMluneta.indd 14 18/10/2016 13:03:51
Emeventoaeroespacial, o bilionário ElonMuskapresentouosplanosdaSpaceX
decolonizarMarte já napróximadécadapara salvar ahumanidadedaextinção
melhorada
on 9
stágio do
amento
Depois
de fazer
história
pousando
em terra
firme, a
SpaceX
traz o
primeiro
estágio de
volta do es-
paço e o faz
pousar em
um navio
no oceano
Meta é
lançar o
poderoso
foguete
Falcon
Heavy
até o fim
deste ano
Primeira
cápsula
tripulada,
a Crew
Dragon
deve levar
astronau-
tas à ISS
Dragon
pousará
em Marte
para fazer
testes
DELTAIVHEAVY
EUA
28,7
SATURNV
EUA
135
FALCONHEAVY
EUA
54,4
ITS
EUA
550
Janela de
lançamento
paraMarte
Janela de
lançamento
paraMarte
Janela de
lançamento
paraMarte
Janela de
lançamento
paraMarte
TESTESORBITAIS
VOOSDOITSPARAMARTE
DESENVOLVERCREWDRAGON
DESENVOLVIMENTODEPROPULSÃO
MISSÕESREDDRAGON
TESTESDANAVE
DESENVOLVIMENTODEESTRUTURAS
FALCONHEAVY
POSTODEGASOLINAEMMARTE
Será preciso produzir o propelente
das naves (metano e oxigênio) em
Marte, pormeio de reações entre
elementos químicos coletados lá
VIVENDOCOMOHOBBITS
Deixar o planeta habitável
leva tempo e o confinamento
emmódulos pode ser um
pouco sufocante. Alternativa
a curto prazo é instalar
domos em crateras e vales,
criando “estufas” habitáveis
20
16
20
16
20
17
20
18
20
19
20
20
20
21
20
22
20
23
20
24
20
25
20
26
DOCE LAR
AZUL É A CORMAIS QUENTE
NADA DE PETRÓLEO
TERRAFORMANDOMARTE
Projetos de geoengenharia podem
deixar o planeta vermelho com a
cara da Terra. Explosões nucleares
nos polos engrossariam a
atmosfera
e aumentariam a temperatura,
graças à liberação do CO2 congelado
6
5
4
ebe
Nave volta à Terra para
levar mais pessoas até
a colônia marciana
Aerodinâmica
desacelera a nave
e motores centrais
são acionados
para o pouso
Espaçonave segue
rumo a Marte com entre-
tenimento a bordo e jeitão
de “cruzeiro espacial”
DIAS CONTADOS
TEMPODEVIAGEMPORJANELADE
LANÇAMENTO(ACADA26MESES)
•2020: 90 dias
•2022: 120 dias
•2024: 140 dias
Média: 115 dias →Meta: 30 dias
Água
dióxido de carbono
Oxigênio Metano
•
Nave
atinge até
100mil
km/h
•
Colonos
podem voltar
“de carona”
a bordo
das naves
•
Meta:
criar colônia
autossuficiente
com 1 milhão de
pessoas em
cem anos
•
Reentrada
na atmosfera
marciana:
temperatura
de 1.700° C
2H2O+CO2 → 2O2+CH4
COMBUSTÍVELMARCIANO
INFOGRÁFICO:MP | ÌCONES:EB
TESTESDOPRIMEIROESTÁGIO
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304AMluneta.indd 15 18/10/2016 13:03:52
FIG. 14 - EB
FIG. 15 - BM
PRESENTE
DEGREGO
PARAO
COLESTEROL
Cápsulas de remédio com anticorpos
dão mãozinha ao sistema imunoló-
gico no combate ao colesterol ruim
POR BRUNOVAIANO
NAS ARTÉRIAS, células do sistema
imunológico chamadas macrófagos
travam uma batalha silenciosa contra
o LDL, o famoso mau colesterol. Um
macrófago é uma célula de defesa roliça
que realiza a fagocitose — ou seja, que
come substâncias nocivas. Sua missão
é evitar o acúmulo de uma placa de
gordura nas paredes das artérias. Se
o “cano” entope, o resultado é um in-
farto do miocárdio ou um AVC.
AcontecequeháumavariaçãodoLDL
que, quando engolida por macrófagos,
destrói essas células por dentro. Elas
se tornam inúteis e morrem. Pior: seus
resíduos estreitam ainda mais as arté-
rias. Quempoderá nos defender, então?
Dulcineia SaesAbdalla, da Faculdadede
Ciências Farmacêuticas daUniversidade
de São Paulo, lidera a batalha contra o
mau colesterol. Sua equipe criou an-
ticorpos capazes de identificar o LDL
modificado e tirá-lo da circulação.
Oproblemaéqueosmacrófagos con-
tinuavam engolindo o colesterol, agora
com tempero de anticorpos. A solução
foi retirar a “aderência” do anticorpo
espião, o que evitava que ele também
virasse refeição.Mas issootornavamais
frágil: para protegê-lo, foi criada uma
nanocápsula, carregada de remédios
quevãodireto ao LDL.Naprática, a téc-
nica, testada emratos, diminuiu em74%
o tamanho da inflamação na artéria. Os
humanos aguardam— e agradecem.
uhannad e Noor seguiram
todas as tradições islâmicas
na cerimônia de casamento,
arranjado pelo avô do noivo.
Teve leitura do Alcorão, sermão e festa.
Mas Muhannad era um homem diferente
para os padrões tradicionais do Oriente
Médio. O jovem não se casou virgem — já
tinha engravidado uma mulher antes de
se comprometer com Noor. Além disso,
depois do casório, Muhannad encheu a es-
posa de carinho e respeito e a incentivou a
seguir carreira de designer de moda.
As cenas de amor de Muhannad e Noor,
dois personagens de uma novela turca, che-
garam às telas de 85 milhões de muçulma-
nos em 2008. Sírios, iraquianos, jordania-
nos e libaneses se renderam à história, e
mais produções semelhantes não param de
chegar aos países do Oriente Médio.
Agora, essas novelas estão causando um
alvoroço na família tradicional muçulmana.
O respeito e o amor dos casais da ficção
mostram uma novidade às mulheres: re-
lacionamentos igualitários são possíveis e
divórcios, bem-aceitos. Encorajadas, elas
começaram a exigir mais respeito dos ma-
ridos — e a optar pela separação. Enciu-
mados, eles também preferem colocar um
fim no casamento. Um site sírio contou a
história de quatro casais que se separaram
no embalo de amor de Noor e Muhannad.
Na Jordânia, um portal local no-
ticiou a ira domarido ao flagrar
uma foto do galã Muhannad
no celular da esposa — o amor
acabou ali. Para se ter noção, o
número de divórcios no Iraque
quase dobrou nos últimos dez anos.
Mas amotivação não vem só das telas de
televisão. Em contraponto às ideias liber-
tadoras das novelas, as leis impostas por
grupos islâmicos radicais têm ficado cada
vez mais rígidas. Sexo antes do casamento
pode render punições pesadas. Daí, o único
jeito de transar é casando. E é o que os
muçulmanos têm feito. Só que a lei deixa
uma brecha: recém-casados podem facil-
mente se separar. Alguns casais, então, se
unem em busca apenas de sexo. E, depois
de algumas noitadas, pedem o divórcio.
Além de tudo isso, no entanto, os con-
flitos na região deixam cada vez mais pes-
soas na miséria — sem ter como bancar
a família, os maridos abandonam suas
casas. Um motivo bem menos românti-
co e libertador do que as emocionantes
cenas de amor das novelas turcas.
NOVELAS TURCAS
AFUNDAM
CASAMENTOS
Pobreza e regras mais rígidas do islamismo
também contribuem para o aumento dos
divórcios em países do Oriente Médio
PORCAROL CASTRO
M
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304AMperseguicaoNOVELAquente.indd 16 18/10/2016 13:05:54
A SEMENTE PARA
O CONHECIMENTO
É A EDUCAÇÃO.
EDUCAÇÃO:
ALIMENTOPARAAVIDA.
PARCEIROSMANTENEDORES
FIG. 09 - BM
FIG. 10 - EB
ANICOTINAPRECISADEVOCÊ. Sem a sua crença, seu cérebro não libera dopamina— substância
química que dá sensação de prazer e bem-estar. Parte do sistema de recompensa do cérebro, a
dopamina faz você sentir vontade de procurar outra vez aquela fonte de satisfação. É ela quem
torna o cigarro tão viciante. Mas isso tudo só acontece se você botar fé na nicotina.
A descoberta é de psiquiatras ingleses e norte-americanos. Os cientistas deram cigarros a 24
fumantes crônicose, emseguida, pediramquefizessemumexamede ressonânciamagnética. Sóque
avisaram: nem todos os cigarros tinham nicotina. Cada participante sabia o que fumava— com ou
sem a substância. Quer dizer, mais oumenos. Os pesquisadores nem sempre contaram averdade.
Ao conferir as imagens, eles perceberam que o cérebro só libera dopamina quando o volun-
tário acredita ter fumado um cigarro com nicotina. Mesmo que a substância esteja presente, se
o fumante não souber disso, o cérebro não produz a sensação de prazer. O contrário também
funciona. Ou seja, no fim da história, a verdade é que o vício está apenas na sua cabeça.
NICOTINADA FÉ
Seu cérebro só libera dopamina se você acreditar no poder do cigarro,
mostra nova pesquisa de psiquiatras ingleses e norte-americanos — PORC.C.
Ao menos é o que parece.
Pesquisadores não encontra-
ram vestígios de armas nos
40 sítios arqueológicos des-
cobertos até agora — em cem
anos de estudo. Também não
há desenhos representando ba-
talhas. Entre os escombros, ao
contrário de todas as civiliza-
ções já estudadas, não há templos, palácios
ou qualquer sinal de hierarquia e classes
sociais. Só o desenho de um homem barbu-
do, parecido com sacerdotes hindus e mon-
ges budistas, remete à imagem de um rei.
Ninguém sabe como os indos acabaram.
A teoria mais forte é que o clima mudou e
os rios secaram. Mas ainda há muito a ser
descoberto. Arqueólogos querem desven-
dar as escrituras para dar o veredito final
sobre como viviam e se organizavam. Até
lá, dá para sonhar com a ideia de que pelo
menos um povo conseguiu prosperar em
uma sociedade justa e sem guerra.
á mais de 5 mil anos, cerca
de 35 mil pessoas se espalha-
ram ao longo do Rio Indo, na
Ásia. Dominaram toda a re-
gião do Paquistão, metade do Afeganistão
e parte do oeste da Índia. E viveram bem
por 700 anos. Aprenderam a desenhar e
escrever, drenavam água do rio para os
campos, criavam galinhas e ainda desen-
volveram o primeiro sistema de sanea-
mento básico da história — o esgoto era
despejado em drenos cobertos. A civiliza-
ção do Vale do Indo só deixou duas coisas
de lado: guerras e desigualdade.
CIVILIZAÇÃO
DA UTOPIA
Os indos viveram por 700 anos sem guerras e
sem desigualdade — PORCAROLCASTRO
H
“NUNCA SABEREI
O TAMANHO REAL
DO SOFRIMENTO
DELE. MAS SEI QUE
VI O HOMEM MAIS
VALENTE DO MUNDO
ENCARANDO O
PAPEL MAIS DIFÍCIL
DE SUA VIDA”
Susan Schneider, viúva do ator
Robin Williams, que se matou
em 2014. A autópsia mostrou
que ele tinha demência com
corpos de Lewy, uma doença
neurodegenerativa.
P. 18 11.2016
304AMcivilizacaoNICOTINAoficina.indd 18 18/10/2016 13:10:06
FIG. 11 - ZK
FIG. 12 - EB
O CANADÁ VIVE UMA epidemia
de overdoses. Só na província da
Colúmbia Britânica, os casos au-
mentaram 61% entre janeiro e agos-
to deste ano, em comparação com
o mesmo período de 2015. Até ago-
ra, 488 mortes foram registradas.
Culpa do fentanil, um opiáceo usa-
do em analgésicos e que, por ser ba-
rato, tem tomado o lugar da heroína.
Porém, essa droga é quase cem ve-
zes mais forte e muito mais mortal.
Preocupado, o primeiro-ministro,
Justin Trudeau, liberou o uso de he-
roína para viciados. Mas não para
todos. Médicos só poderão prescre-
ver diacetilmorfina, o princípio ativo
da heroína, para pacientes que não
respondem ao tratamento conven-
cional, com metadona e buprenor-
fina, outros dois opiáceos.
A ideia, que provavelmente se-
ria apelidada de “bolsa-droga” por
aqui, segue os moldes do que já é
realizado em países europeus, como
Alemanha, Suíça e Holanda. Na clíni-
ca Crosstown, em Vancouver, depen-
dentes recebem injeções por até três
vezes ao dia. A clínica mantémmédia
de uma overdose a cada 6 mil doses.
Nenhuma delas foi fatal, já que todos
foram atendidos sem demora.
É a lógica da redução de danos
substituindo a política de guerra às
drogas. Além de salvar vidas e ti-
rar a necessidade de os dependen-
tes químicos recorrerem a trafican-
tes, faz sentido economicamente.
Em média, cada usuário custa ao
Estado US$ 16 mil por ano, con-
tra US$ 23 mil se fossem deixados
por conta própria, seja no sistema
de saúde, seja nas penitenciárias.
CONTRA
OVERDOSE,
USE HEROÍNA
Canadá aprova uso da droga
para tratar viciados. Amedida
tenta acabar com os casos de
overdose, que aumentaram
mais de 60% neste ano
PORFELIPEFLORESTI
Commais vinho,
acredite! Coloque
umpouco de
vinho branco
imediatamente
sobre amancha e
pressione comum
pano. Outra saída é
aplicar sal e suco de
limão. Passar gelo
também funciona,
evitando que o teci-
do absorva ovinho.
O importante é
correr: mancha
seca dificulta tudo.
COMO TIRARMANCHA DE VINHO TINTO?
Sim. O ideal é que
seja um tênis de
solado baixo e
sem sistema de
amortecimento.
Encoste o fundo da
garrafa dentro do
calçado, onde fica o
calcanhar, e bata-o
contra uma parede
diversas vezes.Aos
poucos, a rolha vai
semovimentando
emdireção ao gar-
galo, até se soltar
completamente.
DÁ PARA SACAR A ROLHA COMUMSAPATO?
Parapreservar
as características
dabebida, existe
uma ferramenta
conhecida como
“salva-vinho” ou
“vacuvin”, umkit
compostopor
uma rolha euma
bombinha.Arolha
deve ser colocada
nagarrafa edepois,
comabomba, o
oxigênio lá deden-
tro é removidoo
máximo possível.
COMOCONSERVARUMAGARRAFAABERTA?
COMABÊNÇÃO
DODEUSBACO
OFICINA
PORPABLOPERINI,SOMMELIER
Não adianta chorar sobre o
vinho derramado. Aprenda a
limpá-lo, guardá-lo e— por que
não?— abri-lo com um sapato
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304AMcivilizacaoNICOTINAoficina.indd 19 18/10/2016 13:10:07
FIG. 13 - ZK
EM HARYANA, um estado no norte da
Índia, policiais da Comissão de Serviço
à Vaca (sim, isso existe por lá) passaram
a vasculhar as despensas dos restauran-
tes. Há suspeitas de que alguns lugares
estejam vendendo bir-
yani — arroz indiano
vegetariano ou com
cordeiro — mistura-
do com carne bovina.
Como naquela região
a matança de vacas é
proibida, os policiais
intensificaram a fis-
calização: apreendem
o material suspeito e
levam para análise.
Essa veneração às
vacas surgiu por volta
TEMPORADA DE CAÇA
AOS COMEDORES DE VACA
Polícia indiana inspeciona restaurantes locais para
averiguar vestígios de carne bovina — PORCAROLCASTRO
de 1500 antes de Cristo, quando hinduís-
tas escreveram textos sagrados sobre a
relação do animal com a fertilidade e com
Krishna, um dos deuses indianos. Mas a
proibição não acontece em todo o país,
ainda que 80% dos cidadãos sejam adep-
tos do hinduísmo. Cada estado tem a pró-
pria legislação — e pode ou não autorizar
o abate de carne bovina. O consumo de
outros tipos de carne é liberado.
No estado de Haryana, a população
local até arranja brigas quando suspeita
que vizinhos tenhammatado vacas ou feito
um despretensioso churrasquinho. Mas as
práticas policiais têm gerado polêmica: al-
guns comerciantes dizem ter perdido todo
o estoque de comida, confiscado pela po-
lícia. E garantem que jamais venderam ou
comeram um bifezinho sequer da mimosa.
Sua família acaba de ficar menor. Três es-
tudos genéticos simultâneos conduzidos
por pesquisadores de diferentes institui-
ções do mundo concluíram que toda a
população do planeta se originou de uma
única migração, que deixou o continente
africano entre 50 mil e 80 mil anos atrás.
A descoberta foi quase um esforço di-
plomático. A equipe de Luca Pagani, do
Biocentro da Estônia, analisou 148 povos.
Entre eles, alguns da região de Papua-Nova
Guiné, país próximo à Austrália, em que
98% da população vêm de um único gru-
po migratório. Já Swapan Mallick e David
Reich, da Escola de Medicina de Harvard,
deram uma olhada em 142 populações, e
comprovaram que os aborígenes australia-
nos e outras civilizações da Oceania têm a
mesma origem que os demais povos não
africanos. Por sua vez, Anna-Sapfo
Malaspinas, do Museu de História
Natural de Copenhague, fez algo pa-
recido com 108 genomas da região, e
as conclusões foram as mesmas.
“Não é uma coincidência”, afirma
Serena Tucci, especialista em genéti-
ca e demografia pela Universidade de
Washington. “São colaborações internacio-
nais que unem instituições de vários luga-
res do mundo há anos. Alguns participan-
tes, inclusive, estão emmais de um estudo.”
Na genética, a união faz a força. Afinal,
mais do que recursos financeiros, é neces-
sário um pequeno exército de cientistas
para dar conta de analisar o mundo todo.
VOU-ME
EMBORAPARA
A EURÁSIA
Pesquisas simultâneas revelam que
todos os seres humanos se originaram
de ummesmo grupo que saiu daÁfrica
há 50mil anos— PORBRUNOVAIANO
“Fazer a análise de populações é muito di-
fícil por questões éticas, logísticas e eco-
nômicas”, explica Tucci. “Imagine como é
para um pesquisador ir à savana africana
ou a ilhas remotas no Pacífico para coletar
sangue e saliva, e então levar as amostras
de volta aos Estados Unidos ou à Europa.”
Apesar das dificuldades, uma boa olhada
nos genes ainda é ométodomais confiável
para responder àmais clichê das perguntas:
de onde viemos? “Há alterações aleatórias
que surgem e se acumulam no genoma de
populações diferentes”, afirma Tucci. São
essas diferenças e semelhanças que permi-
tem, pormeio de truques estatísticos, traçar
o mapa da migração humana pelo mundo.
E por que o Homo sapiens decidiu que
dominar o mundo era um plano razoável?
Bem, isso é mais complicado. “Migrações
costumam ser motivadas pelas condições
climáticas ou por disponibilidade de comi-
da e água”, diz Tucci. “Mas pode ser que
o desejo de explorar seja intrínseco ao ser
humano, e isso já é assunto para a filosofia.”
P.20 11.2016
304AMinfomaniaVAQUINHAquente.indd 20 18/10/2016 18:56:11
ALTOS E BAIXOS
Haja fitamétrica: pesquisa inédita compara a alturamédia da
população de todos os países domundo por um século—PORB.V.
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1896 1916 19361906 1926 1946 1966 19861956 1976 1996
Um grupo internacional de cientistas chamado NCD Risk Fac-
tor Collaboration analisou 1.472 pesquisas do último século
em busca de informações sobre a altura média da população
de 200 países. Na Coreia do Sul, as mulheres cresceram
20 cm. Já no Timor-Leste, os homens não saíram do 1,60 m.
100 cm
100 cm
100 cm
100 cm
100 cm
100 cm
100 cm
100 cm
150 cm
150 cm
150 cm
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150 cm
150 cm
150 cm
50 cm
50 cm
50 cm
50 cm
50 cm
50 cm
50 cm
50 cm
169,4 cm
155,5 cm
157,1 cm
142,2 cm
153 cm
140,3 cm
163,2 cm
150,2 cm
171,2
157,3
159,4
144,7
154,5
142
164,2
151,3
173,2
159
161,8
147,2
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165,2
152,5
175
160,7
164,4
149,9
157,2
145,5
166,3
153,8
176,8
162,3
166,4
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161,2
149,2
170,4
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168,1
172,6
160,5
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182,6
168,9
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161,5
160,6
149,2
172,7
159,7
182,5
169,8
173,6
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160,9
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SEGREDOSREVELADOS
Candidato do Brasil ao Oscar reflete sobre
HIV, preconceitos e amor. Mas sem ser
brega — PORNATHAN FERNANDES
MANUAL
DA JOGATINA
Dos arcades instalados no bar da esquina
aos apps viciantes, o recém-lançado
Almanaque dos Games (Panda Books)
traz fatos e curiosidades a respeito da
história dos jogos de videogame.
Para saber se você manja tudo sobre
games, associe quem são as pessoas
reais da primeira coluna que serviram de
inspiração aos personagens virtuais:
or mais de dez anos, a famí-
lia Schurmann guardou uma
informação que não era com-
partilhada com ninguém que
acompanhava suas expedições — várias
delas noticiadas em programas como o
Fantástico. Por medo do preconceito, a
primeira família brasileira a dar a volta ao
mundo em um veleiromanteve em segredo
a condição de saúde da filha adotiva Kat:
ela era portadora do HIV — vírus que ma-
tou seus pais biológicos, em uma época na
qual o tratamento para a AIDS era precário.
A história foi contada em detalhes,
em 2013, no livro escrito por Heloisa
Schurmann, Pequeno Segredo — A Lição
de Vida de Kat para a Família Schurmann,
e agora poderá ser vista nos cinemas.
Segundo o diretor David Schurmann, filho
do casal Vilfredo e Heloisa e que já regis-
trou várias das aventuras em documentá-
rios, o filme Pequeno Segredo, que estreia
no dia 10, não é uma adaptação do livro
damãe. “Os dois foram feitos em paralelo”,
afirma David à GALILEU. “Meus pais só
irão ver o filme na estreia, eles não tiveram
nenhum contato com o roteiro. E, sincera-
mente, acho que minha mãe só vai conse-
guir vê-lo uma vez.” A previsão faz sentido,
dada a intensidade da história.
Em umamensagem de 2006, os pais es-
creveram: “A luta de uma criança contra
essa doença é inglória. Mas nada é pior do
que o preconceito e a falta de amor”. E é
justamente disso que trata o filme. “Hoje,
parece que o ódio está chegando com cada
vez mais força e o amor está ficando para
trás”, diz David. “A ideia é trazer o amor de
volta, mas não aquele amor brega.”
Na narrativa, quemistura histórias e per-
sonagens, a preocupação do diretor era não
enaltecer demais a família, tarefa em que
teve apoio do roteirista Marcos Bernstein,
de Central do Brasil. O elenco, que conta
com Julia Lemmertz eMarcello Antony, tem
ainda a irlandesa Fionnula Flanagan, que
participou de séries como Lost e Star Trek.
O filme foi indicado pelo Ministério da
Cultura para representar o Brasil no Oscar
na categoria demelhor filme estrangeiro. A
escolha gerou polêmica: Pequeno Segredo
concorria com Aquarius, que disputou a
Palma de Ouro no Festival de Cinema de
Cannes. No tapete vermelho da premiação,
atores e diretores do filme protestaram con-
tra o impeachment de Dilma Rousseff.
Questões políticas à parte, o diretor
David Schurmann acredita que a história
de Kat deixará uma mensagem positiva
em tempos difíceis. “Isso cria uma rever-
beração do bem, que inspira e nos faz ver
o lado positivo das coisas”, afirma.
P
LEIA A ENTREVISTA COMPLETA COM DAVID
SCHURMANN NO SITE DA GALILEU
RESPOSTAS:
BRUCE LEE CHELL
(Portal)
ALÉSIA
GLIDWELL
SONIC
MICHAEL
MANDO
KING BOHAN
(Heavenly Sword)
ANDY SERKIS FEI LONG
(Street Fighter)
FRANCISCO
RANDEZ
VAASMONTENEGRO
(Far Cry 3)
JOHNNY KNOX-
VILLE +
HARRISSON FORD
SHEVA ALOMAR
(Resident Evil 5)
MICHAEL JACKSON
(sapatos)
+BILL CLINTON
(personalidade)
DESMOND
MILES
(Assassin’s Creed)
MICHELLE VAN
DERWATER
NATHAN DRAKE
(Uncharted)
1 A
2
3
4
5
B
C
D
E
F
G
H
6
7
8
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A HISTÓRIA DO FILME MY ENTIRE HIGH
SCHOOL SINKING INTO THE SEA (MEU ENSINO
MÉDIO INTEIRO AFUNDANDO NO MAR, EM
TRADUÇÃO LIVRE) É AUTOBIOGRÁFICA?
Eu diria que é uma autobiografia dramatizada.
Usei elementos verdadeiros, é claro, mas procurei
alterá-los um pouco para chegar mais perto do
sentimento dos personagens. Um verdadeiro
êxtase! Procurei captar o espírito do ensino
médio em vez de apenas retratar os fatos como
eles são. Acredito que seja esse o meu papel
como artista: injetar drama e sentimento no
que faço, e não simplesmente fazer um relato.
O QUE ACHOU DA EXPERIÊNCIA DE DIRIGIR A
ADAPTAÇÃO DOS QUADRINHOS PARA O CINEMA?
Se tivesse que descrevê-la numa única palavra,
eu diria que foi incrível! Escrevi o roteiro,
montei a escaleta e desenhei boa parte do
filme. Na medida do possível, procurei partici-
par de todas as etapas da produção. Mas devo
confessar que a animadora principal é Jane
Samborski. Ela ficou com as cenas mais difíceis.
Além disso, outros profissionais — a maioria
deles desenhistas — deram sua contribuição.
DE ONDE VOCÊ TIRA INSPIRAÇÃO PARA
ESCREVER SEUS QUADRINHOS? DE ONDE
VIERAM AS REFERÊNCIAS PARA SEU NOVO
TRABALHO, COSPLAYERS, POR EXEMPLO?
A inspiração vem dos mais diferentes lugares.
No caso de Cosplayers, fui buscar referên-
cias na minha juventude, no final dos anos
1990. Eu frequentava convenções de anime e
conhecia muitos cosplayers. Pensei: “Por que
não criar uma história sobre esse universo?”.
HÁ QUEM DIGA QUE O QUE VOCÊ FAZ NÃO
É QUADRINHO, É LITERATURA. QUAL SUA
OPINIÃO A RESPEITO DESSA COMPARAÇÃO?
Não sabia que as pessoas diziam isso a
respeito do meu trabalho. Bem, o que faço
são quadrinhos. Quando alguém pergunta
o que faço, respondo que sou cartunista.
Ou, ainda, romancista gráfico, quando julgo
que isso poderá ajudar a entender melhor
o meu trabalho. Às vezes, até chamo de
“quadrinho literário”, apenas para distinguir
os meus quadrinhos daqueles de super-he-
róis. No entanto, não me importa muito
como as pessoas chamam o que eu faço...
QUAIS SÃO AS DICAS PARA AS PESSOAS QUE
GOSTARIAM DE SE TORNAR QUADRINISTAS?
Deixa eu ver... Vá em frente. Conte as his-
tórias que só você pode contar. Por favor,
não me dê o mesmo de sempre. E siga
adiante. Tenha foco e seja engajado.
EM ÁGUAS
PROFUNDAS
O quadrinista Dash Shaw estreia como diretor de animação
emfilme com vozes de Susan Sarandon e Lena Dunham,
e lança HQ sobre cosplayers— PORANDRÉ BERNARDO
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304AMcultura.indd 23 18/10/2016 17:15:49
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14/10/16 14:14
DINHEIRONAMÃOÉ...
... basicamente ferro e cobre. Saiba do que são feitas as
moedasquepesamnoseubolso —PORSHANASUDBRACK*
ogo que a Olimpíada aca-
bou, começou a circular a
informação de que a moe-
da comemorativa de R$ 1 criada para
os Jogos estava sendo vendida por até
R$ 100 no mercado negro. O material usa-
do na fabricação damoeda especial, no en-
tanto, era igualzinho ao da moeda comum:
muito ferro e algum cromo (veja ao lado).
A fabricação de moedas e cédulas bra-
sileiras é responsabilidade da Casa da
Moeda desde 1694, quando a entidade
foi criada pelos portugueses que admi-
nistravam a Colônia a distância. O pro-
cesso é sigiloso por questão de seguran-
ça nacional (no caso, para que você não
faça seu próprio dinheiro em casa), então
ninguém sabe exatamente como funcio-
na. Mas algumas etapas são conhecidas.
Em relação à moeda de R$ 1, por exem-
plo, tanto o aço inoxidável dos núcleos
quanto o aço de carbono dos anéis são
produzidos por diferentes fornecedores.
Quando os núcleos e os anéis chegam à
Casa da Moeda, eles são unidos e passam
pelo processo de cunhagem. Depois, equi-
pamentos alemães unem e travam as duas
partes das peças e estampam as imagens
em ambas as faces da moeda. Tudo isso
acontece em frações de segundo: a prensa
produz 650 moedas por minuto.
No final, as moedas são contadas,
embaladas e passam por um rigoroso
controle de peso feito por funcionários.
Robôs, então, colocam os sacos em cai-
xas, que são organizadas em paletes e
enviadas ao cofre, onde esperam até fi-
nalmente serem retiradas pelo Banco
Central e colocadas em circulação.
L
AmoedadeR$0,05,
revestida de cobre,
é a quemais sofre
coma corrosão
Si
14
S
16
P
15
Fe
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C
6
Mn
25
Cr
24
MOEDADE R$ 1
NÚCLEO
Cromo entre 16% e 18%
Carbono aprox. 0,12%
Silício aprox. 1%
Manganês aprox. 1%
Enxofre aprox. 0,030%
Fósforo aprox. 0,040%
Ferro entre 80% e 82%
Cr
C
Si
Mn
S
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29
S
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P
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Fe
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C
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25
Sn
50
MOEDADE R$ 1
ANEL
Ferromais de 99%
Carbono entre 0,06% e 0,08%
Manganês 0,35%
Fósforo 0,03%
Enxofre 0,05%
Revestimento de bronze:
Cobre entre 86% e 89%
Estanho de 11% a 14%
Cu
Sn
C
Mn
Fe
S
P
*Com reportagem de Cartola Agência de Conteúdo Foto: Tomás Arthuzzi Fontes:Banco Central do Brasil e Casa da Moeda
MOEDASDER$0,10ER$0,25
Ferromais de 99%
Carbono entre 0,06% e0,08%
Manganês 0,35%
Fósforo 0,03%
Enxofre 0,05%
Revestimento de bronze:
Cobre entre 86% e 89%
Estanho de 11% a 14%
S
16
Sn
50
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15
Fe
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Manganês 0,35%
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Enxofre 0,05%
Revestimento de cobre
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Cromo entre 16% e 18%
Carbono aprox. 0,12%
Silício aprox. 1%
Manganês aprox. 1%
Enxofre aprox. 0,030%
Fósforo aprox. 0,040%
Ferro entre 80% e 82%
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26
ELEMENTAR
MOEDAS
304ELEMENTAR.indd 26 18/10/2016 11:57:54
MARRAKESH
PARALÁDE
DOSSIÊ MUDANÇAS CLIMÁTICAS
PORGIULIANADE TOLEDO DESIGN FEU
Oanode2016 seencaminhapara seromais quentedahistória, e a concentração
dedióxidodecarbononaatmosferanunca foi tãoalta. É comesseclimãoquea
Conferência doClimanoMarrocosdiscutenestemêso futurodoplaneta
NÃO QUE CONSEGUIR erguer
349 quilos não mereça comemo-
ração com rodopios e rebolados,
mas o motivo pelo qual o levan-
tador de peso David Katoatau
mostrou seu gingado após pro-
va na Olimpíada do Rio foi muito
diferente do que se poderia pen-
sar. Apesar do sorriso no rosto
enquanto dançava, ele, que ficou
em sexto lugar, queria chamar a
atenção da mídia internacional
para um problema sério. Seu país,
Kiribati, está condenado a desa-
parecer. Por culpa das mudanças
climáticas, o Oceano Pacífico co-
bre ano a ano um pouco mais as
ilhas e os atóis que formam a na-
ção. Em décadas, os 100 mil ha-
bitantes vão precisar de um novo
lugar para viver. “Nós não temos
recursos para nos salvar”, disse
ele, que conhece o problema de
perto, já que a família mora em
uma área sujeita a alagamentos.
O futuro de Kiribati — e de todo
o planeta — está em discussão
neste mês, entre os dias 7 e 18, em
Marrakesh, no Marrocos. A COP-
22 é a primeira Cúpula do Clima
após a entrada em vigor do Acordo
de Paris. Criado em dezembro de
2015, o documento conseguiu só
no mês passado adesões suficien-
tes para passar a valer. De lá para
cá, as notícias sobre o clima só pio-
raram. O ano de 2016 se encami-
nha para ser o mais quente de que
se tem notícia desde 1880, quan-
do a Nasa passou a monitorar
as temperaturas de toda a Terra
— o recorde anterior foi de 2015, e
antes ainda, de 2014. Quinze dos
16 anos mais quentes ocorreram
no século 21. Vamos dançar?
27
304DOSSIEclimatico.indd 27 17/10/2016 22:16:30
NÓSSEMPRE TEREMOSP
ESPIRAL DOCALOR
Estamos perto do aumento de 1,5°C na temperatura média
global. Para mostrar o problema, o cientista inglês Ed Hawkins
criou gráficos em espiral com dados desde o século 19
81 PAÍSESJÁRATIFICARAMOACORDO
* Países que ratificaram até a conclusão desta edição | **Dados até março de 2016 | ***Números até agosto de 2016
A
humanidade se supe-
ra. Neste ano, o nível
de dióxido de carbono
na atmosfera atingiu o
recorde de quase 410
partes pormilhão—medida de
CO2 no ar em relação a outros
gases. O nível seguro seria
de 350 partes pormilhão. Isso
significa que será mais difícil
cumprir a meta do Acordo de
Paris, de conter o aquecimento
da Terra em até 2°C (de pre-
ferência em 1,5°C) acima dos
níveis pré-industriais.
O esforço oficialmente co-
meça agora. No total, o acordo
já foi ratificado por 81 países,
responsáveis por 60% das
emissões globais. Para que ele
entrasse em vigor, era neces-
sária a adesão de ao menos
55 países que representassem
55% das emissões. Então já
podemos ficar tranquilos? Na
verdade, não. “Se a meta não
for adaptada para o nível
local,
o acordo não vai ser cumprido”,
diz Andrea Santos, secretária
-executiva do Painel Brasileiro
de Mudanças Climáticas.
OACORDODEPARIS ENTRA EMVIGORNESTEMÊS, APÓSOSPAÍSES-MEMBROSDA UNIÃ
0°
191 PAÍSESJÁASSINARAMOACORDO
60% DASEMISSÕESGLOBAISVÊMDESSES81PAÍSES
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2016**
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Argentina
Bolívia
Mauritânia
Estados Unidos
México
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Jamaica
Belize
Rep. Dominicana
Portugal
Irlanda
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Groenlândia
Equador
Uruguai
Peru
Venezuela
Colômbia
El Salvador
Panamá
Canadá
Alasca
BLOCO DOMAL
Veja quem lidera as emissões de
gases de efeito estufa no planeta
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304DOSSIEclimatico.indd 28 17/10/2016 22:16:34
NÓSSEMPRE TEREMOSPARIS
ESTUFA EMCONSTRUÇÃO
Nos últimos dez anos, as emissões
de dióxido de carbono crescerammuito
TERRA COM FEBRE
Quase todo o planeta esquentou em relação
à temperatura média dos últimos cinco anos
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PEQUENOSNOTÁVEIS
Países pouco populosos, mas com grande
produção de petróleo, lideram emissões per capita
A UNIÃO EUROPEIA TEREMRATIFICADOODOCUMENTO. VEJAQUEMJÁADERIU*
80Toneladas de CO2 1°C = 1,8°F405 Partes pormilhão
400
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390
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Níger
Chade
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Malásia
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Síria
Cazaquistão
Irã
Austrália
Papua-Nova
Guiné
Assinaramoacordo
Ratificaramoacordo
Indefinidos
29
304DOSSIEclimatico.indd 29 17/10/2016 22:16:36
O ANTROPOCENO, a Era do Homem —
nomenclatura defendida por geólogos para
definir os tempos em que vivemos, com grandes
mudanças naturais provocadas pela ação
humana —, é a hora de a Groenlândia poder
prosperar, após anos e anos com território
quase inteiramente coberto de gelo, pouco
favorável a atividades econômicas. Ao menos
é nisso que acreditam políticos e empresários
animados com o fato de que o país não só
não vai afundar como ainda vai se erguer
Com cerca de 600 habitantes, o povoado
de Shishmaref, no Alasca, provavelmente
nunca viraria notícia mundo afora
se não fosse pelo risco que corre de
desaparecer em breve. Em agosto deste
ano, os moradores aprovaram nas urnas
a realocação do vilarejo, já que a área
onde estão hoje, em uma ilha no Estreito
de Bering, encolhe dia a dia por um
processo de erosão da costa, acelerado
pelo aumento do nível do oceano. Além
de Shishmaref, outras 30 cidadezinhas
do estado norte-americano têm de dez a
20 anos para fazerem as malas antes que
fiquem debaixo d’água, estima a ONG The
Arctic Institute. Trocar de território, no
entanto, não é tão simples quanto votar
e simplesmente ir arrumar as trouxas.
São necessários US$ 180 milhões para
a mudança — verba que ainda não foi
liberada. Haja grana: para a realocação
dos considerados primeiros refugiados
climáticos dos EUA, da Isle de Jean
Charles, na Louisiana, já foram investidos
US$ 48 milhões no início do ano.
QUEM GANHA
Oaquecimentoglobalnãoénecessariamenteruimparatodos;
empresasjáencontramoportunidadesdenovosnegócios
uem disse que as mu-
danças climáticas pre-
cisam ser só um pro-
blema? Para alguns
setores, são oportunidade de negó-
cios, como mostra McKenzie Funk
no livro Caiu do Céu — O Promissor
Negócio do Aquecimento Global (Três
Estrelas), recém-lançado no Brasil.
“A mudança climática costuma
ser formulada como uma questão
científica, econômica ou ambiental,
e não como uma questão de justi-
ça humana, como deveria ser com
mais frequência. Isso também preci-
sa mudar. A partir deste momento,
muitos podem ficar ricos”, escreve o
jornalista norte-americano, que visi-
tou de fábricas de neve a segurado-
ras de áreas sujeitas a queimadas.
Para Mariana Nicolletti, gesto-
ra da Plataforma Empresas pelo
Clima do GVces (Centro de Estudos
em Sustentabilidade) da Fundação
Getulio Vargas, também no Brasil
empresas estão atentas a novos ne-
gócios, principalmente em biocom-
bustíveis e no setor florestal. “Elas
têm se voltado cada vez mais para
essa agenda positiva, como a gente
fala, de oportunidades de negócios
no cenário de emissões restritas”, diz.
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MUDANÇA
MILIONÁRIA
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PROJETABONANÇAAPÓSGELEIRASDERRETEREM
POR ÁGUA ABAIXO
Área da banquisa do Ártico diminui emmédia 13,4% a cada década
CADÊ O GELO?
Banquisa do Ártico, porção de água congelada no oceano, está menor; 2012 foi o pior em 30 anos
TERRA CONDENADA
Povoado de Shishmaref, no Alasca, fica próximo ao
Estreito de Bering, entre os oceanos Pacífico e Ártico
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Sarichef
304DOSSIEclimatico.indd 30 17/10/2016 22:16:37
S
abe aqueles sites com final “.tv”? Usado prin-
cipalmente por páginas de vídeos, o domínio
originalmente faz referência ao arquipélago
de Tuvalu. Sejamos francos: acessar páginas
“.tv” deve ser o maior contato que você já
teve com esse país do meio do Pacífico, um dos
mais sujeitos a sumir do mapa em breve. Para
Tuvalu e outras pequenas nações, o problema é
justamente esse: poucos se importam com o seu
futuro. Nas cúpulas do clima, a Aliança dos Peque-
nos Estados Insulares, que tem 44 países-mem-
bros, é uma das vozes que tentam gritar mais alto.
Até nos países mais ricos, não é fácil nem ba-
rato realocar cidades que vão desaparecer (leia
à esquerda sobre o Alasca). Mas o custo, claro,
é uma questão relativa. O programa da Holanda
para reacomodação de populações tem orçamento
de US$ 3 bilhões, escreve o jornalista McKenzie
Funk no livro Caiu do Céu, “mais do que a soma
de tudo o que já foi gasto por

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