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CRÉDITO PÚBLICO | DÍVIDA PÚBLICA 1. Natureza jurídica 1.1. Ato de soberania: derivaria da autodeterminação, sua satisfação não poderia ser exigida pela força. No plano internacional, surge com a Doutrina Drago (em 1902, quando Reino Unido, Alemanha e Itália impuseram bloqueio naval à Venezuela, em resposta à dívida enorme que seu presidente Cipriano Castro se recusara a pagar, e diante da exceção americana à Doutrina Monroe, tal teoria surgiu como um protesto contra os EUA por parte do chanceler argentino Luís Maria Drago). 1.2. Ato legislativo: deriva da legislação que o cria e o vincula, cabendo ao mutuante apenas aderir ao que legalmente esteja estabelecido. Porém, não explica os empréstimos internacionais. 1.3. Contrato: tese majoritária, diverge sobre ser tal contrato similar aos privados (espécie de mútuo) ou se seria um tipo de contrato público. Alguns elementos na realidade nacional apontam para a segunda espécie: Exigência de disposição legal específica; Autorização e controle do Senado; Necessidade de finalidade pública; Possível alteração unilateral das cláusulas, com prévia previsão legal; Sujeição à prestação de contas; Possibilidade de rescisão unilateral (resgate antecipado). 2. Classificação 2.1. Crédito adicional: instrumento de ajuste orçamentário para corrigir distorções durante a execução do orçamento. Divide-se em: 2.1.1. Crédito suplementar: destinado a reforço de dotação orçamentária já existente no orçamento; deve ser autorizado por lei e aberto por decreto do Poder Executivo. 2.1.2. Crédito especial: destinado para despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica; deve ser autorizado por lei e aberto por decreto do Poder Executivo. 2.1.3. Crédito extraordinário: destinado ao atendimento de despesas urgentes e imprevisíveis, como em caso de guerra, comoção interna ou calamidade pública; é autorizado e aberto por medida provisória 2.2. Dívida pública flutuante e dívida pública fundada 2.2.1. Dívida pública fundada: montante assumido para amortização em prazo superior a doze meses (LRF, art. 29, I). O não-pagamento de dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, sem motivo de força maior, enseja intervenção federal nos Estados e intervenção estadual nos municípios (CF, art. 34, V, a; art. 35, I). 2.2.2. Dívida pública flutuante: montante assumido para amortização em prazo inferior a doze meses. 2.3. Operações de crédito por antecipação de receita e operações de crédito em geral 2.3.1. ARO (Antecipação de receitas orçamentárias): serve para atender insuficiência de caixa durante o exercício financeiro (LRF, art. 38); excepciona o princípio da vedação de vinculação do produto da arrecadação, permitindo a utilização de receitas futuras como garantia (CF, art. 167, IV) – garantia interpretada restritiva: apenas determina a estimação da ARO. 2.3.2. Operações de crédito em geral: empréstimos de longo prazo que objetivam atender, normalmente, despesas de capital. 2.4. Crédito interno e crédito externo 2.4.1. Crédito interno: obtido pelo Estado no âmbito de seu espaço territorial. É uma dívida com menor risco pois pode ser paga com moeda corrente. 2.4.2. Crédito externo: obtido pelo Estado, em moeda estrangeira, com uma pessoa não nacional. 2.5. Crédito forçado e crédito voluntário 2.5.1. Formas de crédito forçado: 2.5.1.1. Depósito compulsório: volume de depósitos que os bancos comerciais são obrigados a deixar no Banco Central, como forma de dar segurança dos clientes dos bancos e limitar a oferta de moeda. 2.5.1.2. Papel moeda: a princípio, ao emprestar ouro ao Estado, os bancos ganhavam o direito de emitir papel-moeda, cujo curso se tornava obrigatório pelo próprio Estado; atualmente, o curso forçado do papel- moeda tem caráter definitivo. 2.5.1.3. Inflação sistemática: constante emissão dirigidas de moeda pode ser entendido como obtenção de crédito em momentos específicos. 2.5.2. Formas de crédito voluntário: 2.5.2.1. Prêmio de reembolso: diferença entre o valor de face e o valor de venda de um título público. Comum até a II Guerra Mundial, depois do que passaram a ser combinados com juros compostos. 2.5.2.2. Títulos públicos: os principais emitidos pelo Tesouro Nacional são (i) Letras do Tesouro Nacional (LTN): rentabilidade definida (taxa fixa) no momento da compra e pagos no vencimento. (ii) Letras Financeiras do Tesouro (LFT): rentabilidade diária vinculada à taxa de juros básica da economia (taxa Selic) e pagos no vencimento. (iii) Notas do Tesouro Nacional, série B (NTN-B): rentabilidade vinculada à variação do IPCA, acrescida de juros definidos no momento da compra. Os juros são pagos semestralmente e o principal no vencimento. (iv) Notas do Tesouro Nacional, série F (NTN-F): rentabilidade prefixada, acrescida de juros definidos no momento da compra. Os juros são pagos semestralmente e o principal no vencimento. 2.5.2.3. Conversão voluntária: troca de títulos baseada no oferecimento de novos termos contratuais aos credores. 3. Vedações constitucionais 3.1. CF, art. 167, III: realização de operações de crédito que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta. 3.2. CF, art. 167, V: abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação dos recursos correspondentes. 3.3. CF, art. 167, VII: concessão ou utilização de créditos ilimitados. 4. Indicadores fiscais 4.1. Resultado nominal: diferença entre o fluxo agregado de receitas totais (inclusive de aplicações financeiras) e de despesas totais (inclusive despesas com juros) em determinado período. Tal diferença corresponde à NFSP (Necessidade de Financiamento do Setor Público). 4.2. Resultado operacional: é o resultado nominal excluída a parcela referente à atualização monetária da dívida líquida. Busca calcular a NFSP sem o impacto da inflação. 4.3. Resultado primário: corresponde ao resultado nominal excluída a parcela referente aos juros nominais (juros reais mais atualização monetária) incidentes sobre a dívida líquida; pode ser calculado de outro modo, considerando o resultado operacional excluindo-se a parcela referente aos juros reais incidentes sobre a dívida líquida. 5. Apuração dos resultados fiscais: 5.1. Acima da linha: utiliza os indicadores de fluxo (receita e despesa) e corresponde à diferença entre receitas e despesas do setor público. Permite um melhor acompanhamento da execução orçamentária. Calculado pelo Tesouro Nacional e restringe-se ao Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central do Brasil). 5.2. Abaixo da linha: utiliza os indicadores de estoque (endividamento e crédito) e corresponde à variação da dívida líquida total. Calculado pelo Banco Central e aplica-se ao setor público consolidado (incluindo também Estados, DF, municípios e estatais). 5.3. Dados (i) 2012 Meta de resultado primário: superávit de R$ 139,8 bilhões Resultado primário: superávit de R$ 105 bilhões Total de juros nominais: R$ 213,9 bilhões Resultado nominal: déficit de R$ 108,9 bilhões (valor da NFSP) (ii) 2013 Meta de resultado primário: superávit de R$ 139,8 bilhões
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